Primeiros Passos

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Especial

Primeiros passos CÉLULAS-TRONCO POR RODRIGO MARTINS corrida de obstáculos imposta

A

Dias após o Supremo Tribunal Federal

aprovar a continuidade dos estudos com células extraídas de embriões humanos, no fim de maio, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou a liberação de 21 milhões de reais para financiar pesquisas e estruturar uma Rede Nacional de Terapia Celular. O projeto, abastecido com recursos dos

REFORÇO Os investimentos de 21 milhões de reais prometidos pelo governo federal darão um fôlego de dois anos às pesquisas conduzidas no Brasil 12

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às pesquisas com células-tronco no Brasil ainda reserva um longo – e talvez tortuoso – caminho pela frente. Mas os pesquisadores ligados à medicina regenerativa conseguiram transpor grandes barreiras ao longo do último ano. As boas notícias não vêm apenas dos satisfatórios resultados verificados em laboratórios, como o desenvolvimento da primeira linhagem de células-tronco embrionáBUROCRACIA. rias produzida no País, A dificuldade anunciada pela equipe da geneticista Lygia da de importação Veiga Pereira, da Uni- de reagentes é versidade de São Paulo entrave, diz Lygia (USP), há pouco menos de um mês. Importantes conquistas também foram obtidas no campo jurídico e com a recente ampliação dos investimentos públicos no setor.

Depois da decisão do STF a favor das pesquisas, os geneticistas anunciam avanços e o País começa a estruturar uma rede nacional de terapia celular


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ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, prevê a criação de seis centros tecnológicos, destinados a produzir diferentes linhagens de célulastronco para os estudos. Dos mais de 150 trabalhos científicos inscritos, ao menos 40 devem ser contemplados ainda neste ano com bolsas de 100 mil a 500 mil reais. Até lá, a pré-seleção das equipes interessadas em montar os centros de tecnologia celular, em parceria com o governo, pode estar concluída. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também pretende investir nas pesquisas. A diretoria da instituição financeira estuda a possibilidade de injetar mais 9 milhões de reais no financiamento de estudos na área. Muitos pesquisadores com trânsito livre pelos corredores do Ministério da Saúde dão o aporte como

certo, embora a assessoria de comunicação do banco estatal não confirme a avaliação da proposta. Independentemente disso, a rede de colaboradores envolvidos no projeto tende a crescer, inclusive para além das fronteiras nacionais. Pesquisadores e autoridades argentinas,

engajados na estruturação de sua própria rede nacional, estão interessados em se associar aos brasileiros. A idéia, vista com bons olhos pelo governo federal, é unir esforços e ampliar o projeto para todos os países do Mercosul no futuro próximo. O primeiro encontro entre especialistas dos dois países deve acontecer até o fim de novembro, num congresso em Porto Alegre. A informação é de Antonio Carlos Campos de Carvalho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador de Pesquisa do

Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, ligado ao governo federal. Dedicado às pesquisas com célulastronco desde o início dos anos 2000, Carvalho é um dos principais articuladores da proposta de criação da rede nacional brasileira. “A idéia é melhorar a comunicação entre os grupos de pesquisa, além de evitar a dispersão de esforços e recursos em projetos que caminham para a mesma direção”, explica o especialista. “Em vez de competirem entre si, as equipes passariam a atuar conjuntamente.” A proposta não se resume a estimular uma sinergia entre os grupos, o que já existe, de alguma maneira, em universidades e institutos públicos de pesquisa. Parte do princípio de que é necessário superar alguns dos gargalos que emperram o prosseguimento dos estudos no País. Um dos principais é a burocracia na importação

COOPERAÇÃO Os argentinos demonstram interesse em se associar aos centros de estudos nacionais, que, no futuro, pode ser expandido aos países do Mercosul CARTACAPITAL 29 DE OUTUBRO DE 2008

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de equipamentos e reagentes indispensáveis para a continuidade das pesquisas. “Hoje, perdemos meses para cumprir todos os trâmites de importação até obter o material, enquanto os americanos e europeus têm isso na mão em menos de 24 horas”, lamenta Lygia Pereira. Com uma rede estruturada, o Brasil poderia criar um estoque nacional de insumos, o que permitiria, inclusive, negociar preços melhores na compra de grandes lotes. Além de cultivar diferentes linhagens de células-tronco para abastecer os grupos de CAUTELA. pesquisa brasileiros, os Mayana Zatz centros de tecnologia ce- alerta que ainda lular devem, no futuro, não há terapias irrigar a rede pública de disponíveis, saúde com os insumos e sim charlatões necessários à terapia de doenças degenerativas, quando as pesquisas evoluírem para tratamentos clínicos. Lygia Pereira faz uma analogia para explicar a importância da iniciativa: “Você é capaz de produzir um bolo num forno simples, mas precisará de uma cozinha industrial para preparar 200 por dia. É a mesma coisa no laboratório. Nós conseguimos chegar à primeira linhagem de células-tronco embrionárias, sobre uma Placa de Petri (recipiente de vidro utilizado para abrigar as culturas de células). Para produzir isso em escala, é necessária outra estrutura”. O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las na recuperação de

tecidos danificados por doenças ou traumas. Também conhecidas como célulasmãe ou estaminais, elas são divididas em dois grandes grupos. As adultas, presentes em várias partes do corpo humano, são mais especializadas e costumam formar um tipo específico de tecido. Já as embrionárias, que podem ser extraídas da placenta ou de embriões humanos, são consideradas pluripotentes. Isto é, são capazes de gerar qualquer tipo de tecido. O Brasil já desenvolveu centenas de linhagens de células-tronco adultas. Apenas no Centro de Estudos do Genoma Humano, da USP, há mais de 200 tipos

diferentes. Até pouco tempo, o País dependia, porém, de grupos estrangeiros para desenvolver estudos com linhagens de células embrionárias. Com dez anos de atraso em relação aos Estados Unidos, pioneiros na técnica, os pesquisadores da USP só chegaram a uma linhagem de células-tronco embrionárias no fim de setembro de 2008, após dois anos de estudo. É a primeira descoberta do tipo na América Latina. A equipe ousou investir no estudo mesmo quando o Supremo Tribunal Federal ainda não havia decidido pela continuidade das pesquisas com embriões humanos, a principal matéria-prima dessas células.

DIFERENCIAÇÃO. As células embrionárias têm a capacidade de formar qualquer tipo de tecido, até mesmo os complexos neurônios funcionais

VANGUARDA No fim de setembro, uma equipe da USP anunciou a descoberta da primeira linhagem de células-tronco embrionárias da América Latina 14

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Embora não se curem completamente, muitas cobaias recuperaram movimentos que haviam perdido. “Quando não era feita essa pré-diferenciação da célula, era comum o aparecimento de teratomas (tumores). Isso porque a célula embrionária poderia se transformar em qualquer coisa. Com os estímulos prévios de diferenciação, esse risco é quase

de uma empresa de biotecnologia nos Estados Unidos, a Geron Corporation, que solicitou autorização para esses testes à Food and Drug Administration (FDA), a agência americana que regulamenta novos medicamentos e tratamentos. “A FDA exigiu mais testes em cobaias antes de liberar a aplicação da técnica em humanos. Se a experiência for bem-sucedida, a Geron deve obter o aval do governo no ano que vem. Os testes

De acordo com Reinaldo Guimarães, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, a idéia de organizar as equipes de pesquisa em rede não é uma invenção nativa. Cita o exemplo do California Institute for Regenerative Medicine, um conglomerado de empresas e universidades americanas, criado em 2005. A iniciativa surgiu como resposta do estado da Califórnia às restrições de financiamento impostas pelo presidente George W. Bush às pesquisas com células-tronco embrionárias. Após promover um referendo, o governador Arnold Schwarzenegger criou um fundo de 3 bilhões de dólares. O magro orçamento de 21 milhões de reais reservado à rede brasileira deve alimentar as pesquisas por dois anos,

em humanos podem tranqüilizar a comunidade científica em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil”, afirma Rehen. De toda maneira, o cientista aplaude a iniciativa de se criar uma rede nacional de pesquisas sobre o tema. “A competição em ciência é sempre saudável. Mas atuar em parceria, formando um consórcio de institutos de pesquisa e universidades, pode ser um diferencial. Eu perdi dois anos para saber como acelerar a produção de células embrionárias e posso compartilhar os resultados. Em troca, outros colegas podem trazer novidades que me ajudem.”

garante o secretário Guimarães. “Depois disso, novos aportes serão feitos.” No Brasil, o primeiro edital de pesquisas específico para células-tronco foi lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2005, no valor de 11 milhões de reais. De acordo com o presidente do CNPq, Marco Antonio Zago, os 21 milhões anunciados pelo governo federal estão apropriados à dimensão da comunidade científica do País. “Nós não temos a mesma estrutura nem tantos pesquisadores habilitados para esse tipo de estudo, como na Califórnia. E há outras

nulo”, diz o neurocientista. Na avaliação dele, ainda é preciso avançar mais nos estudos de pesquisa básica para compreender o mecanismo que leva à regeneração dos tecidos antes de fazer testes clínicos com humanos. Mas o pesquisador destaca a existência

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O custo de importação das células embrionárias não chega a ser proibitivo. Hoje, cada ampola custa cerca de 500 dólares. Há dez anos, custava 5 mil. Além disso, muitas instituições estrangeiras, a exemplo da universidade americana Harvard, fornecem o material gratuitamente a pesquisadores brasileiros. Mesmo assim, o domínio da técnica é considerado estratégico. “A cooperação com as universidades estrangeiras será mantida, mas não dependemos mais de ninguém para seguir por esse caminho de pesquisa”, comenta Lygia. “Com essa nova rede de pesquisas, o Brasil tem plenas condições de produzir todas as linhagens de células-tronco que necessitar.” Enquanto a rede não se consolida, as linhagens de células embrionárias produzidas pela equipe de Lygia têm destino certo, o laboratório do neurocientista Stevens Rehen, da UFRJ. O pesquisador estuda a diferenciação de célulastronco embrionárias em neurônios funcionais, que podem, no futuro, ser aplicados no tratamento de pacientes com lesões e doenças que comprometem o funcionamento do cérebro, como o mal de Parkinson. “A receita da diferenciação varia para cada tipo de célula. Para obter um neurônio responsável pela coordenação motora, por exemplo, separamos a célula embrionária da PROMESSA. colônia e estimula- O impasse jurídico mos essa diferencia- ficou para trás. ção com ácido retinói- A expectativa co e outros reagentes”, de cura persiste explica Rehen. Testes feitos em camundongos com algum tipo de lesão na medula, responsável pela paralisia de membros, indicam que a técnica pode ser aplicada com segurança, sem o aparecimento de tumores.

VELHOS PROBLEMAS Por conta dos baixos salários, os centros de pesquisa nas universidades têm dificuldade em reter a mão-de-obra mais qualificada CARTACAPITAL 29 DE OUTUBRO DE 2008

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fontes alternativas de financiamento. Acabamos de encerrar as inscrições para um edital de 460 milhões de reais, voltado para a criação de 60 redes de pesquisa dos mais variados temas. Muito provavelmente também existem propostas direcionadas para as células-tronco. Se serão aprovadas ou não, depende da avaliação dos 25 especialistas estrangeiros contratados para analisar os projetos.” Zago também mantém vínculos com uma

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equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, que se SINERGIA. dedica ao estudo de Para Carvalho, terapias com células- a rede de pesquisa tronco adultas. Um evitará a dispersão dos trabalhos, coor- de recursos denados pelo imunologista Júlio Voltarelli, demonstrou em cobaias a possibilidade de tratar o diabete com a técnica, regenerando as estruturas responsáveis pela produção de insulina. Segundo o presidente do CNPq, esse é apenas um dos numerosos resultados positivos apresentados por pesquisadores nacionais que investiram em pesquisas com células-tronco

TEMPORÃO. O ministro da Saúde criou os primeiros editais específicos para a área

adultas. “Hoje são raros os profissionais brasileiros habilitados a mexer com células embrionárias, que exigem outra metodologia e apresenta dilemas éticos diferentes. A maioria dos estudos se concentra nas células adultas”, explica Zago. A geneticista Mayana Zatz, talvez a mais aguerrida defensora das pesquisas com células-tronco embrionárias à época do julgamento no Supremo, curiosamente focou os próprios estudos em células adultas para propor terapias que possam regenerar músculos atrofiados. “Chega a parecer irônico, não é? Mas eu defendi as pesquisas com células embrionárias porque o Brasil não pode se dar ao luxo de abolir essa possibilidade de pesquisa”, diz Mayana. Coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP e pró-reitora de pesquisas da universidade, a geneticista publicou nove trabalhos no exterior ao longo do último ano. Um

deles, apresentado na revista americana Stem Cells, revela que as células mesenquimais, encontradas no cordão umbilical e na gordura, podem regenerar músculos. “Os camundongos com distrofia muscular que tiveram essas células implantadas apresentaram uma sensível melhora do quadro clínico, recuperando movimentos.” Dentro de dois anos, Mayana acredita

ser possível testar a técnica em humanos. Mas alerta: “É preciso esclarecer à população que isso vai demorar muito para chegar aos hospitais. Existem muitos charlatões oferecendo cura com células-tronco, mas, até agora, não existe nenhum tratamento confiável ou mesmo aprovado pela comunidade científica em todo o mundo”. Uma prova disso seriam as quadrilhas de médicos brasileiros que, após vender injeções de “células-tronco em pó”, acabaram nas páginas policiais. Um problema, ao que parece, não restrito às fronteiras nativas. “Também há na China um médico tratando todo tipo de moléstia com injeções de células-tronco, sem nenhum trabalho reconhecido pela comunidade internacional”, diz Mayana. “Ele posa para as câmeras de tevê vendendo milagres, mostra pacientes com paralisia levantando de cadeiras de rodas com um dia de tratamento. Isso é impossível. A população precisa ter muita cautela.”

EXPERIMENTOS Diversos estudos comprovaram a eficácia das células-tronco adultas na regeneração de tecidos doentes ou lesionados em cobaias 16

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Somente após comprovar em cobaias a eficácia de terapias com células-tronco adultas, um grupo de pesquisadores chefiados pelo professor Antonio Carlos Campos Carvalho, da UFRJ, obteve autorização para testes clínicos em humanos, a serem aplicados em 1,2 mil pacientes. Testes, cabe ressaltar. Nada que possa ser oferecido numa clínica qualquer. “Até agora, as pesquisas no Brasil se concentraram nas fases 1 e 2, para aferir a segurança e a viabilidade do método. Agora, estamos avançando para a parte 3, que é verificar a eficácia do método.” Pela rede, pesquisadores do Insti-

tuto do Coração, em São Paulo, investigam o potencial das célulastronco para criar novos vasos sanguíneos no coração, em áreas que uma cirurgia de revascularização (com pontes de safena) não pode alcançar. Uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz, em Salvador, debruça-se sobre o tratamento de complicações cardíacas provocadas pela Doença de Chagas. Um grupo da UFRJ está envolvido com a recuperação de danos provocados pelo infarto. Por fim, profissionais do Instituto Nacional de Cardiologia investem em uma terapia para tratar a cardiomiopatia dilatada, responsável pela inflamação do tecido cardíaco e pela atrofia de alguns músculos. Os testes clínicos utilizam uma metodologia conhecida como “duplo-cego”. Nem os pacientes sabem se, de fato, receberam doses de células-tronco nem os médicos que os avaliam sabem quem foi ou não tratado pela técnica. “Até o fim de 2009, pretendemos abrir os resultados e aferir a eficácia da técnica”, comenta Carvalho. O responsável pelos testes clínicos na Bahia, Ricardo Ribeiro dos Santos, professor da Fundação Oswaldo Cruz e coordenador científico do hospital São Rafael, acredita que a rede nacional dará novo impulso às pesquisas com cé-

lulas-tronco. Mesmo assim, destaca ser necessário atacar outros gargalos que dificultam os estudos no Brasil. Além da excessiva burocracia para importar reagentes, ele aponta dificuldades de atrair e manter profissionais qualificados para dar suporte aos estudos. “As bolsas de pós-doutorado pagam menos de 4 mil reais aos pesquisadores. E a legislação trabalhista impede que eles fiquem mais de dois anos na equipe, o que caracterizaria um vínculo funcional com a instituição”, explica o pesquisador.

“O Brasil certamente ESPERANÇA. não está na rabeira No futuro, cirurgias dos estudos com célu- cardíacas podem las-tronco, mas pode- ser evitadas com ria sair da periferia e terapia celular competir com nações desenvolvidas, como Estados Unidos e Inglaterra, sem esses entraves burocráticos.” Será que a rede nacional de pesquisas conseguirá remover tantos obstáculos? É uma pergunta tão sem resposta quanto as várias linhas de pesquisa dedicadas às células-tronco, ao menos por enquanto. ■

OUTRA FASE No Brasil já há testes clínicos em humanos para verificar o potencial terapêutico da técnica, mas os tratamentos não chegarão tão cedo aos hospitais CARTACAPITAL 29 DE OUTUBRO DE 2008

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