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Identidade em debate

Clube do livro "Leia Mulheres" terá obra de Nella Larsen no mês de maio

EMMANUELLY BIANCA E GABRIELA COUTO

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No dia 27 de maio, às 16 horas, a Sala Geralda Guimarães, localizada na Oficina Cultural, bairro Fundinho, vai sediar mais um evento de valorização da escrita feminina. A discussão será mediada pela graduanda em história e professora de inglês, Samita Barbosa, juntamente com a historiadora e professora, Geane Cristina. Com participação aberta ao público, os encontros acontecem mensalmente. Desde a sua chegada na cidade, já foram lidos 62 livros.

"A iniciativa de trazer o Leia Mulheres para Uberlândia veio de uma inquietação minha ao perceber que eu estudava e lia só autores homens", afirma Samita. Essa observação aponta para a desigualdade de gênero no mercado editorial brasileiro. De acordo com a pesquisa realizada pela escritora Regina Dalcastagnè, no ano de 2019, dentre os 20 autores mais vendidos do Brasil, havia apenas uma mulher.

O livro discutido na edição de maio narra a vida de duas mulheres negras, que se conheceram na infância, mas acabaram perdendo o contato com o passar do tempo. Já adultas, coincidentemente, se reencontram em uma cafeteria, porém, em diferentes circunstâncias de vida. Uma delas se passava por branca, escondendo a ancestralidade, pois precisou sair da vizinhança negra em que vivia após a morte de seu pai. Publicada em 1928, a obra foi escrita por Nella Larsen, uma mulher estadunidense de herança afrocaribenha.

ANA LOPES, PROFESSORA DE INGLÊS LENDO UMA DE SUAS OBRAS PREFERIDAS, ESCRITA POR UMA MULHER. FOTO: GABRIELA COUTO

O “Leia Mulheres" é uma iniciativa nacional que acontece há oito anos. O primeiro encontro foi realizado em São Paulo e hoje está presente em muitas cidades pelo Brasil. A fundadora do clube, Juliana Gomes, se inspirou no projeto “#readwomen2014”, em que a jornalista inglesa Joanna Walsh passou um ano lendo apenas escritoras mulheres.

Em março de 2023, o clube do livro completou seis anos de atuação em Uberlândia. A obra escolhida para a data comemorativa foi “A falência” (1901) de Júlia Lopes Almeida, a primeira mulher a participar da Academia Brasileira de Letras. A programação é divulgada semestralmente, e procura ser ampla nas temáticas. “Gostamos sempre de diversificar as leituras em questões étnico-raciais, localização geográfica, período histórico, além de variar os gêneros literários também”, afirma o participante Kássio Alexandre, que está no clube há 5 anos e também é museólogo no Museu do Índio da UFU. 