EDUCOMUNICA - 01

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#ANO I - Nº 1 - NOVEMBRO/DEZEMBRO - 2009

UFU realiza parceria com a UFMG para capacitar docentes do Estado Em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o programa de Pós-Graduação da FACED/UFU implementou neste ano o Programa Mineiro de Capacitação dos Docentes (PMCD). O Programa trata de capacitar docentes com o objetivo de suprir o número escasso de educadores bem-formados no estado. O primeiro processo seletivo de doutorado aconteceu em setembro. #Página 5

Disciplina de Libras integra currículo da UFU #Página 12 Novo curso deve atender professores de escolas públicas #Página 3

Semana nacional mobiliza debate sobre acessibilidade na FACED “Garantir acessibilidade não significa apenas fazer mudanças na estrutura física dos prédios, exige um movimento de adequação cultural e educacional da sociedade”. Essa é a análise do coordenador de pós-graduação em Educação, professor Carlos Henrique de Carvalho, um dos entrevistados para analisar a acessibilidade de pessoas com deficiência na FACED. O tema esteve na pauta de discussão em todo o Brasil na Semana da Acessibilidade, de 21 a 26 de setembro. #Página 10

FACED desenvolve iniciativa em prol da conscientização socioambiental Os cursos de Comunicação Social - Jornalismo e Pedagogia se uniram com o intuito de implantar o Programa de Extensão Meios, que prevê diferentes ações de educomunicação voltadas para o meio ambiente. #Página 8

Ampliação define novas prioridades para LAPED A articulação entre educação e cultura é uma das prioridades do Laboratório Pedagógico (LAPED) dentro do programa de investimento na qualidade do ensino de graduação da UFU. Em setembro, a Pró-Reitoria de Planejamento aprovou edital para ampliação do laboratório, que, vinculado à FACED, tem como uma de suas propostas oferecer oficinas temáticas e mostras de filmes para todos os alunos da UFU. #Página 10

Proposta pedagógica estimula formação plural de jornalista

Alunas de Jornalismo participam #Página 2 com trabalhos em Congresso de Comemorações marcam Comunicação #Página 4 FACED em 2010 #Página 11


Comunicação e Educação: uma via de mão dupla A união das áreas é recente, mas garante a formação de profissionais diferenciados Natália Santana Faria - Melina Paixão Franco - Gabrielle Carolina Silva - Brunno Peixoto Resende - Suzana Rosa Arantes O curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo – integra a Faculdade de Educação (FACED), antes constituída apenas pelo curso de Pedagogia, desde o primeiro semestre de 2009, quando foi implantado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O curso pretende, em suas diretrizes, a formação específica dos discentes e a interdisciplinaridade com a educação, seguindo a linha das novas propostas encaminhadas ao Ministério da Educação (MEC), por uma comissão presidida pelo professor José Marques de Melo, que visam à formação do profissional com olhar mais plural, incluindo a perspectiva ética, técnica, estética e, acima de tudo, educacional para uma nova compreensão do jornalismo. A proposta é valorizada por Adriana Omena dos Santos, doutora em Comunicação e coordenadora do curso de Jornalismo. Ela defende que “não dá para trabalhar a educação sem usar a comunicação e seus meios”. Adriana acredita que a relação pode não ser predeterminada, mas afirma que “essa aproximação depende de que um dos dois faça uma busca, que não aconteceria facilmente, mas é imprescindível que um tenha o olhar do outro”. Felipe Gustavo G. Saldanha, 18, aluno de Jornalismo, enxerga uma relação promissora entre os cursos: “Uma via de mão dupla”, comenta. Para ele, se por um lado, o Jornalismo pode contribuir para a inserção de mídias na educação, a Pedagogia oferece aos futuros jornalistas o conhecimento necessário para a formação de educomunicadores e comunicólogos. O estudante ressalta a importância dos projetos científicos e de extensão que podem abranger os dois cursos e acredita que, com o tempo, a convivência entre as áreas será natural. Desconhecimento Alguns dos futuros pedagogos não conseguiram estabelecer de imediato alguma ligação entre as graduações e afirmam que não sabiam que o curso de Jornalismo iria fazer parte da FACED. “Acho

que todos só ficaram sabendo quando as aulas começaram mesmo”, diz Mariana Santiago, 21, aluna do último ano de Pedagogia. Caso semelhante ao de Jaqueline Nascimento Gonçalves, 19, caloura do curso, que ficou sabendo da existência da nova graduação no momento da entrevista. Para ela, o Jornalismo, na FACED, serviria como divulgador dos projetos educativos. Já Juliana Cristina Silva, 18, tinha conhecimento da criação do curso de Jornalismo na UFU, no entanto, não estabeleceu uma relação entre Comunicação e FACED e defende que os professores poderiam esclarecer melhor esse vínculo. Em contrapartida, Mara Rúbia Alves Marques, professora do curso de Pedagogia e diretora da FACED, explica que este é um desconhecimento que não se justifica: “Nós sabemos que hoje a educação é muito influenciada pelos meios de comunicação. Tem tudo a ver com educação e a relação é direta.” #

#Experiências educomunicativas A relação entre Comunicação e Educação pode ser considerada inovadora, pois somente a Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e a Universidade de São Paulo (USP) tiveram iniciativas nesse sentido. O curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo – da UNEB foi criado em 2003 e também apresenta nas diretrizes do curso a proposta de interlocução das áreas discutidas. Já na USP, o resultado provém de outro processo. Desde 2006, a Universidade oferece o curso de extensão “Educomunicação” e, em 2008, essa extensão foi aprovada como graduação sob regime de Licenciatura, embora não haja previsão para implantação do vestibular.

#EXPEDIENTE O jornal #EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação da Profa. Dra. Mirna Tonus. Editoração: Victor Barão, Felipe Saldanha e Ricardo F. de Carvalho. Coordenadora do curso de Comunicação Social: Profa. Dra. Adriana Cristina Omena dos Santos. Diretora da FACED: Profa. Dra. Mara Rúbia Alves Marques. Tiragem: 250 exemplares. Impressão: LOP’S Soluções Gráficas.

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FACED inova com curso de Pedagogia à distância O vestibular foi mais concorrido do que o presencial oferecido pela faculdade Lucas Lemos Bonon Filho - Eric Dayson de Oliveira da Silva Karine Ramos Albuquerque - Vítor Carvalho Ferolla - Laura Laís Alves Souza O projeto para o curso de licenciatura em pedagogia à distância foi aprovado pelo CONSUN (Conselho Universitário) e já está em andamento. O processo seletivo especial ocorreu em 13 de setembro. A inauguração ocorreu dia 17, e as aulas iniciaram no dia 20 de Outubro, com previsão de duração de oito semestres. Mais de 1.800 candidatos fizeram o vestibular para concorrer a uma das 410 vagas no curso, uma concorrência superior à do curso presencial da UFU, o que foi justificado pelo membro da Comissão de Avaliação e Revisão Curricular do curso de Pedagogia, Paulo Celso Costa, pelo fato de o campo de atuação ser bem maior. O professor julga que o curso será mais acessível a todos, alcançando regiões sem recursos para oferta no pólo de apoio presencial, como em Carneirinho, município do Triângulo Mineiro, abrangendo também Araxá, Patos de Minas, Uberaba e Uberlândia. Um novo ambiente

Costa afirma que “é um projeto idêntico ao do curso de pedagogia presencial, a única diferença é o encaminhamento, nessa modalidade à distância“. As aulas serão ministradas por meio de um ambiente virtual, com um formato adequado ao curso à distância. Além do “moodle” convencional, serão utilizadas outras mídias, como cds, dvds e materiais de apoio impressos, contando também com algumas aulas presenciais para avaliação de cada matéria, que é o mínimo exigido pela legislação brasileira. As datas de entrega para as atividades ocorrerão aos Domingos, dando um dia de prazo para a correção dos tutores. Em relação às expectativas a aluna Andréia Toneli, já aprovada no Vestibular espera que não seja um curso repetitivo, pois em suas palavras, disse: “já estou cansada dos mesmos cursos, falas e teorias lindas e maravilhosas, mas que na prática não funcionam”. #

A prioridade do curso será atender professores da educação infantil ou dos primeiros anos do ensino fundamental de escolas públicas, que já atuam efetivamente no cargo, mas não possuem formação superior. Por isso, 50% das vagas foram destinadas prioritariamente a esses profissionais.

Polos presenciais previstos pelo projeto do novo curso de Pedagogia à distância Imagem: Laura Laís

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Alunos de Jornalismo da UFU participam do INTERCOM 2009 O evento contou com apresentação de trabalhos em GP e colóquio internacional Eugênia Granha Vasconcellos - Marina Luísa Laini Gonçalves Martins Mayra Cabrera Costa - Paula Arantes Martins Alunos do curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) participaram do XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (INTERCOM 2009) durante a primeira semana de setembro, em Curitiba, PR. Entre os inscritos, alguns enviaram trabalhos e os aprovados foram apresentados durante o evento, como relataram as alunas Carolina Tomaz, Natália Santos e Raíssa Caixeta, orientadas por Adriana Omena dos Santos, doutora em Comunicação e coordenadora do curso.

Carolina e Natália apresentam trabalho sobre visibilidade nos processos políticos de Uberlândia Foto: Arquivo pessoal

Parceria Dentro do INTERCOM 2009, aconteceram eventos como o Colóquio Brasil-França, que possibilitou a parceria entre a UFU e a Sorbonne – Universidade de Paris. Segundo Adriana Omena, “as parcerias são importantes para viabilizar pesquisa em conjunto”. Ela também diz que já foi levado um modelo do convênio da UFU para que a universidade francesa analise. O estudante Danilo Nascimento, que auxiliou na interação com os franceses, afirma que “eles estão bastante interessados e responderam positivamente” e conclui: “A importância está na troca de informações e experiências. As universidades de lá estão bem desenvolvidas na área de Comunicação e têm vários ramos de pesquisa. Esse intercâmbio de conhecimento é importante para o crescimento do curso e dos alunos”.

Programação e informativos distribuídos no Intercom 2009 Foto: Paula Arantes

“Num primeiro momento, eu fiquei assustada, porque estava no meio de doutores e pesquisadores”, diz Raíssa, que apresentou o trabalho “TV digital e o apagão tecnológico no Brasil e na França” no Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação – mesa “Avanços da pesquisa em Comunicação no Brasil e na França: Estudos de mídia, jornalismo e comunicação organizacional”. O estudo relata os resultados de uma pesquisa sobre os televisores e conversores, e as informações que os vendedores conseguem, ou não, oferecer às pessoas sobre os equipamentos.

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De modo geral, todos os estudantes da UFU que foram ao Congresso elogiaram a organização e a estrutura do evento. Alguns tiveram a oportunidade de conhecer a RPC TV e o jornal Gazeta do Povo, o que contribuiu para entenderem como é ampla a área que escolheram para trabalhar. As expectativas dos alunos do curso de Jornalismo concentram-se para o INTERCOM 2010, que acontecerá em Caxias do Sul, RS. A exemplo do que aconteceu na edição deste ano, são esperadas cerca de quatro mil pessoas, entre estudantes, professores e pesquisadores. #

#O que é o INTERCOM? Intercom é o nome dado à Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação que visa a contribuir para a reflexão pluralista sobre os problemas emergentes da comunicação, desenvolvendo e patrocinando pesquisas e atividades de Comunicação que representem uma contribuição para o progresso da ciência, cultura, arte e informação. (www.intercom.org.br)


FACED oferece doutorado a professores de Minas Segundo coordenador, área da educação é precursora do programa devido à falta de bons educadores Luiz Fernando Motta Barbosa - Danilo Mendes Nascimento A Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e seu Programa de Pós-Graduação (PPGED), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), implementou, neste ano, o primeiro Programa Mineiro de Capacitação de Docentes, o PMCD, que se constitui em um doutorado direcionado aos docentes do estado. O PPGED, criado no final dos anos 1980 e recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no início dos anos 1990, não possuía doutorado até 2004. Nesse mesmo ano, teve um projeto aprovado, e, já no ano seguinte, obteve a recomendação da CAPES. Mesmo recente, o doutorado do PPGED recebeu nota cinco – a escala vai de um a sete – na avaliação trienal da CAPES de 2004-2006, permitindo à unidade acadêmica oferecer o recém-criado PMCD. Graduado em Pedagogia e Direito pela UFU, Guilherme Saramago defendeu sua tese na primeira turma de doutorado da FACED, neste ano de 2009. Há 17 anos trabalhando na unidade acadêmica, integra o atual quadro de professores do curso de Pedagogia. Saramago conta que teve a oportunidade de cursar seu doutorado em Piracicaba e São Paulo, mas escolheu a UFU. “Eu já tinha conhecimento do trabalho dos professores daqui e também do projeto pedagógico. Acabei escolhendo a UFU prioritariamente pela qualidade”, diz. Sobre os conhecimentos desenvolvidos durante a pós-graduação, algumas disciplinas do Doutorado foram marcantes para o professor, “mesmo que porventura não tivessem ligação direta com a tese". “Tivemos a oportunidade de estudar os conhecimentos epistemológicos da educação e os fundamentos filosóficos e psicológicos da prática docente, tanto na educação básica quanto na educação superior”, completa. Saramago ressalta que a FACED é uma grande produtora de pesquisa, que existe uma produção constante na área da educação. Segundo ele, o ambiente de pesquisa é bastante favorável.

Reconhecimento O PMCD, que integra o PPGED, é um projeto pioneiro no estado de Minas Gerais, e financiado por duas grandes instituições de fomento à pesquisa, a CAPES e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Trata-se de uma capacitação de docentes desenvolvida com intuito de suprir uma grande carência do estado, o número escasso de educadores bem-formados, como informa o coordenador da Pós-Graduação da FACED, Carlos Henrique Carvalho, doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo. pós-doutor em Educação pela Universidade de Lisboa. "Esse é um programa de demanda induzida, no qual já se estabelece no convênio quais instituições serão contempladas. No caso do PMCD só podem participar profissionais com mestrado de uma das seguintes instituições mineiras: Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG)", informa o coordenador. Ele ressalta que profissionais das instituições que oferecem o programa, UFU e UFMG, não poderiam participar do processo de seleção. Essas duas últimas instituições são as duas únicas aptas a essa oferta em todo o estado, por terem respectivamente notas 5 e 6 na avaliação da pós-graduação em Educação do Ministério da Educação (MEC). O primeiro processo seletivo do PMCD foi realizado em setembro deste ano e o coordenador destaca que, das dez vagas oferecidas pela UFU, somente seis foram preenchidas; a UFMG também não preencheu todas as vagas, restando três das dez. Quanto aos retornos que o programa poderá proporcionar à FACED e à UFU, Carvalho observa que “a intenção é que esse projeto passe para outras áreas, como engenharias e a biologia, por exemplo. A UFU será uma referência, por ser pioneira no oferecimento desse programa. Além disso, é um programa que tem um grande investimento, então, a universidade terá um bom retorno financeiro.”. #

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Oscari fala sobre vida pessoal e profissional Secretário do curso de Jornalismo conta como veio trabalhar na FACED e o que faz quando não está na UFU Anna Paula Castro Alves - Francklin Vinícius de Barros Tannús - Anna Bernardes - Diélen Borges - Talita Martins Há quanto tempo você trabalha na UFU? Há um ano e meio. O que você fazia antes de trabalhar aqui? Trabalhei num escritório de contabilidade junto com o meu pai, fiz estágio administrativo na Supergasbras, trabalhei na Advocacia Regional do Estado, depois, vim para a UFU. Qual é a sua formação acadêmica? Contábeis.

Funcionário afirma que UFU é uma etapa de sua carreira no serviço público Foto: Talita Martins

Oscari Borges conquistou o carinho e a admiração dos alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desde os primeiros dias de aula. Seu comportamento gentil e prestativo chamou a atenção de todos, embora a timidez e a discrição também o caracterizem. Conta-se nos corredores que, além das atividades concernentes ao curso, Oscari já atendeu pedidos como matar escorpião, conseguir curativo para aluna machucada, emprestar saco plástico para que outra guardasse o material em dia de chuva, entre outros favores que só alguém bastante cordial faria. Por tudo isso, alunos, professores e outros funcionários da Faculdade de Educação (FACED) querem saber mais sobre Oscari. Ele aceitou o convite do #EDUCOMUNICA para contar sobre sua vida.

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Por que você escolheu trabalhar na UFU, no funcionalismo público? Eu acho que é uma área muito interessante em que, normalmente, se vê muita coisa errada. Eu penso o seguinte: é uma forma tão boa de trabalhar para as pessoas, mas há quem use disso para facilitar a vida, vamos dizer assim. E por que UFU? Eu acredito que UFU, para mim, é um momento imediato, não vejo a UFU como algo eterno, “vou ficar aqui e vou aposentar aqui!”. Não, eu acho que é um degrau. Eu estava [trabalhando] no Estado, passei no concurso e, por ser uma instituição federal, eu achei viável tomar posse na UFU.

E como é sua rotina de trabalho? Eu posso dizer que não tem muita rotina no meu trabalho. Desde que entrei na UFU, estou envolvido com as atividades e processos da graduação de Jornalismo. Trabalhei junto à revista da Educação e com a FACED, até que fui nomeado oficialmente secretário do curso.

O que me tira do sério é o Corinthians perder! E o Uberlândia perder (risos)” Como é seu relacionamento com os colegas de trabalho? O ambiente é muito bom. Vejo dificuldade em relação a ruídos, essas coisas. São dez pessoas trabalhando ao mesmo tempo, na mesma sala... Vejo mais dificuldades para aquelas que estavam há mais tempo trabalhando em suas salas específicas, e depois se juntaram. São pessoas boas, de bom caráter, e a gente vai se adaptando.

Mirna e Adriana são dois “furacões hiperativos”, já você é bastante calmo. Já que trabalhar na UFU é só uma etapa, Como é a relação entre vocês? quais são seus planos para o futuro? Olha, muito tranquilas as duas. Elas São outras áreas no funcionalismo público. realmente são dois “furacões” [risos]. Elas são pró-ativas e eu as admiro porque, Aliás, você foi “flagrado” numa sala de quando elas querem, elas fazem, e isso é cursinho para concurso, numa muito bom para o curso. reportagem que passou na TV (risos). Como você lida com o estigma de que Quais são os concursos que você todo funcionário público é preguiçoso e pretende prestar? Eu procuro mais na área fiscal do estado, mal-educado, sendo que se encontra isso, inclusive, dentro da universidade? fiscal federal e na área de auditoria.


Infelizmente, é a imagem que a sociedade já tem. Mas existe isso mesmo. Mas, a meu ver, há uma mudança, existem pessoas querendo mudar isso. Inclusive, nós escolhemos falar com você porque sua gentileza chama muito a atenção, os alunos comentam sobre isso. Essa gentileza sempre foi sua marca registrada? Eu nunca tentei desagradar uma pessoa. Não vejo sentido nisso. Se eu posso tratar uma pessoa bem, por que não vou tratá-la?

Isso é um elogio? É um elogio, vamos dizer assim. Pode-se dizer que “agitados” está na área de “ativos”, que vocês não são acomodados, estão sempre buscando as coisas. O curso envolve muito isso, traz atividade e faz com que vocês procurem as coisas. Agora, se fosse para definir “o Oscari”, como você definiria? O Oscari é uma pessoa calma e estudiosa, até certo ponto. Uma pessoa, vamos dizer assim, fiel a tudo em que acredita.

E o que tira você do sério? Olha... O que me tira do sério... Estou ... se Deus quiser tentando buscar algo que me tire do sério... vou deixar vocês O que me tira do sério é o Corinthians sim (risos)” perder! E o Uberlândia perder (risos). Falar coisas nas costas, isso me tira do sério. Mentira, falar alguma coisa que eu não O que você gosta de fazer nas horas concorde, falar algo de mim que não seja vagas? verdade. Eu gosto de jogar bola, de assistir ao futebol, de esporte e de estar com a minha Você, como um funcionário da Faculdade namorada. de Educação, como vê a situação do Ensino Superior no Brasil, atualmente? Como é o nome da sua namorada? Isso é muito complexo, porque são muitos Fabiana. fatores e pontos de vistas sobre o Ensino Ela é daqui da Universidade? Superior público. Eu acredito que ainda é a melhor opção para quem quer a graduação, Ela é do Instituto de Biologia, faz Doutorado. pelo menos. Eu acredito que é uma E você é uma pessoa de muitos amigos? instituição ainda superior às privadas, E a família? fazendo um comparativo entre privado e Eu me dou bem com as pessoas. Não sou público. Eu vejo a UFU como uma instituição uma pessoa de muito fácil acesso, não muito boa, muito desenvolvida e que vem gosto muito de me abrir, assim. Sou tímido crescendo. e sou bem família também, bem caseiro.

O que significa o Jornalismo para você? Eu nunca tive nenhuma experiência ou alguma opinião sobre o jornalismo, mas gosto muito de ler e assistir jornal, gosto muito de notícias. Sou uma pessoa que está sempre procurando informações. E quanto aos alunos do curso de jornalismo? Se fosse para defini-los em uma frase, como você definiria? Agitados. Muito agitados (muitos risos).

Um defeito? A timidez eu acho que é um defeito. E... Tenho vários, mas não lembro agora. Você tem vontade de conhecer algum lugar em especial? Bariloche. Por quê? Porque eu gosto da cultura argentina, eu fiz espanhol, eu tenho muitas fotos porque fiz

um trabalho sobre Bariloche e, por ser frio, eu acho interessante. Tem vontade de aprender a dançar tango? Ou já sabe? Eu já fiz aula de dança de salão, aí eu vi um pouco de tango, mas eu não aprendi a dançar nada, não. Então, de acordo com seus planos futuros, poderemos ser abandonados em breve? Olha, não me interpretem mal, mas se Deus quiser vou deixar vocês sim (risos). #

Nome: Oscari Bruno Izaias Rosa Borges Idade: 26 anos Estado Civil: Solteiro Naturalidade: Uberlândia , MG Aniversário: 30/06 Religião: Católica Comida predileta: Tudo Time de futebol: Corinthians e Uberlândia Uma frase: Nossa! Ídolo: Meu pai Programa de TV: CQC Livro: O Monge e o Executivo Um(a) jornalista: Nenhum

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FACED lança mais um programa de extensão Jornalismo e Pedagogia se unem em ações de educomunicação pelo meio ambiente Tatiana Oliveira Lima - Stella Silva Ribeiro Vieira - Aline de Sá e Silva - Felipe Gustavo Guimarães Saldanha

Crianças foram envolvidas em blitz ecológica e plantio de árvores Foto: Felipe Saldanha

A Faculdade de Educação, com a proposta de melhorar o sistema de ensino público e conscientizar a sociedade quanto aos problemas ambientais, inseriu recentemente, no âmbito da extensão, o Programa Meios, que surgiu da proposta da FACED de abordar a educação ambiental e promover eventos do gênero com professores e alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, abrangendo também a sociedade uberlandense como um todo. No Programa, os cursos de Pedagogia e Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo se uniram para dar continuidade ao Projeto Jogo Limpo, do qual Felipe Saldanha, aluno da FACED, foi um dos idealizadores, e que surgiu em 2006 com o intuito de envolver crianças e jovens na causa socioambiental, em parceria com escolas, empresas, ONGs e a comunidade.A empreitada se lançou publicamente em 21 de setembro, Dia da Árvore, às margens do Rio Uberabinha, tendo em vista a causa da sustentabilidade. A comemoração contou com a participação de universitários colaboradores, professores, autoridades e 30 alunos da Escola Municipal Professor Luís Rocha e Silva. As crianças se divertiram plantando mudas de Ingá, Embaúba, Jatobá, Aroeira, Cedro, Ipêbranco e Pequi, à margem esquerda do Parque Linear do rio. Também foi realizada uma Blitz Ecológica com a distribuição de kits de semente de Ipê Amarelo aos motoristas que trafegavam pela Avenida Getulio Vargas. Próximas ações Com o intuito de otimizar os resultados do Jogo Limpo, foi criado um curso de formação de líderes, o “Projeto Multiplicadores”, como tem sido chamado, voltado especificamente para a capacitação dos professores que futuramente ensinarão aos educandos como agir

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corretamente diante de questões ambientais. “Entraremos em contato com algumas escolas em busca de 30 profissionais em média que trabalhem com 3ª e 4ª séries dispostos a participarem de um treinamento e, posteriormente, forneceremos a eles kits como materiais que facilitem a abordagem do assunto com os alunos”, diz Lucas Bonon, 19, estudante de Jornalismo e colaborador do Multiplicadores. O Programa Meios já está organizando, para dezembro, uma mesa redonda com a temática “Comunicação e educação”. O evento terá a presença das professoras Adriana Omena dos Santos e Mirna Tonus, do curso de Jornalismo da UFU, e autoridades, além de debate com o público. Jogo Limpo: educação ambiental para crianças A história do Projeto surge com o livro-gibi “A Turma dos 5 Jovens: Temos que Fazer Algo!”, distribuído a escolas públicas de Uberlândia, que conta as histórias de personagens que aprendem com seus erros e desenvolvem o amor pela natureza e a vontade de construir um mundo melhor. A necessidade de acompanhamento desse material foi o ponto de partida para a realização de um trabalho mais amplo, com o intuito de preparar os educadores para o trabalho com o livro, sensibilizar os alunos com noções de preservação da natureza, buscar impacto positivo na sociedade e mensurar os resultados. Assim, com o apoio da Organização para a Proteção Ambiental (OPA) e mantendo parcerias com empresas da região e o poder público, um projeto-piloto foi desenhado em uma escola estadual, direcionado para o Ensino Fundamental. O movimento causou impacto na comunidade escolar, com ações de resultado concreto,


proporcionando uma melhora significativa na convivência harmônica entre os alunos e o espaço escolar. Posteriormente, em outubro do mesmo ano, foi apresentado a todas as escolas estaduais da região como uma experiência bem-sucedida. Cerca de 4,5 mil estudantes foram envolvidos. No dia 5 de junho de 2007, Dia Mundial do Meio Ambiente, foi organizado o Encontro em prol do Meio Ambiente (EMA), marcando o primeiro aniversário do Projeto Jogo Limpo. O encontro contou com a presença de 600 crianças e jovens, professores, 100 empresários e autoridades, permitindo a troca de experiências entre todos os envolvidos no Projeto.

#OPINIÃO

Acessibilidade à Comunicação na Educação Cindhi Vieira Belafonte Barros Eric Dayson de Oliveira da Silva Francklin Vinicius de Barros Tannús Gabrielle Carolina Silva Paula Arantes Martins

Em 2008, foi realizado um curso de capacitação para professores e a expansão para a rede municipal de ensino foi efetivada, com o apoio da Prefeitura de Uberlândia e da Caixa Econômica Federal, abrangendo 3ª e 4ª séries. As experiências realizadas pelo Projeto são compartilhadas na internet (www.opa.org.br/jogolimpo) e já foram apresentadas em outras cidades. #

Ainda que tenha uma das melhores legislações referentes às pessoas com deficiência, o Brasil encontra dificuldades em tratálas como cidadãos, inclusive no que tange ao acesso à comunicação.

#Professora da FACED desenvolve programa de extensão desde 2005

Isso ocorre, em grande parte, porque a maioria do conteúdo produzido nos e pelos veículos de comunicação não é adaptado às necessidades dos deficientes. Assim, a “invisibilidade” que os afeta na sociedade também os atinge nos processos comunicativos cotidianos.

Além do Meios, outras iniciativas já existiam na FACED com ações extensionistas, como o Programa de Formação Continuada com Profissionais do Ensino Básico em Exercício nas Redes Educacionais Públicas, coordenado pela Professora Doutora Sônia Santos. Este programa é destinado à formação de professores que atuam nas redes públicas de ensino, funcionando desde 2005 com financiamento do Programa de Extensão Universitária (PROEXT) e de emenda parlamentar, por meio de PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Sua coordenação é colegiada, tendo professores da UFU, da rede pública e alunos de licenciaturas. Sônia também coordena um projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Diversidade, modalidade à distância, financiado pelo Ministério da Educação e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, tendo professores como público-alvo.

E, na educação, não é diferente. A falta de profissionais qualificados e de material pedagógico adequado em braille, LIBRAS e audiodescrição exclui o portador de deficiência da educação formal. Essa realidade pode ser verificada na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (FACED - UFU) que, embora possua estrutura física minimamente adaptada ao deficiente, não possibilita a sua inclusão no processo educacional. A Faculdade não possui tradutores em LIBRAS para as aulas regulares, apesar de tê-los à disposição para palestras e grandes eventos. Materiais em braille também são um sonho muito distante. Além disso, embora seja obrigatório o oferecimento de uma disciplina em LIBRAS, ela é, ainda, facultativa aos alunos de pedagogia. A solução para tal problemática passa, em primeira instância, por uma mudança estrutural na educação, a partir da capacitação de estudantes e professores e da adaptação dos materiais educativos e, em segunda instância, por uma mudança cultural, com o fomento de uma mentalidade de abrangência, constituindo uma sociedade verdadeiramente acessível. Enfim, o exercício pleno da cidadania passa, obrigatoriamente, pelo acesso a todas as esferas da sociedade. Uma educação inclusiva faz parte desse processo.

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Acessibilidade na Faculdade de Educação é limitada Apesar de reforma, bloco não atende todas as necessidades de pessoas com deficiência Melissa Barbosa de Paiva - Victor Masson da Rocha Neves - Adriano Cardoso - Laís Castro Pinto Ortiz de Oliveira A Semana da Acessibilidade ocorreu em todo o Brasil de 21 a 26 de setembro, período em que aconteceram várias palestras e eventos acerca da necessidade de inclusão das pessoas com deficiência. Embora o tema seja relevante, não é devidamente abordado na mídia. Assim, a semana configurou um importante alerta e um apelo às autoridades e à população para a necessidade de garantir equiparação de oportunidades na sociedade para pessoas com deficiência. “Se apenas a lei fosse cumprida, já seria uma vitória, mas, se já temos a tecnologia necessária para criar essa equiparação, porque não efetivá-la?”, reivindica a advogada Ana Paula Crosara. Ao ser questionado sobre a acessibilidade no bloco 1G, que engloba os cursos de Pedagogia e Jornalismo, da Faculdade de Educação (FACED), e de Letras da UFU, o prefeito do Campus Santa Mônica, professor Renato Alves, disse não haver problema quanto à acessibilidade na infra-estrutura no bloco. Já para o professor Carlos Henrique Carvalho, pós-doutor em Educação pela Universidade de Lisboa, professor e coordenador da Pós-Graduação em Educação, “as coisas não são assim”. Ele garante: “Embora as administrações que assumiram tentaram

melhorar, ainda faltam reformas, pois garantir acessibilidade é dar acesso irrestrito, não apenas a um lugar, ou seja, se pensarmos que eu posso me locomover do térreo ao primeiro piso pelo elevador, é lógico que melhorou muito, mas não tenho acesso à utilização do banheiro, por exemplo”. FACED, ao alcance de todos? Giuliano Micheloto, 25, ex-aluno do curso de Letras, reforça a opinião de Carvalho,quando diz que o problema maior é o relacionamento das pessoas ditas "normais" com os deficientes “Fui eu que lutei para instalar os elevadores da UFU, os profissionais não estão preparados para trabalhar com os alunos com deficiência, principalmente pela falta de respeito e aceitação”. Os freqüentadores com deficiência do bloco 1G asseguram que, apesar dos esforços das sucessivas administrações, ainda faltam a efetiva inclusão e o cumprimento da lei, que determina que garantir acessibilidade significa dar a possibilidade ou condição às pessoas com deficiência para o acesso, com segurança e autonomia, a espaços de uso público ou coletivo. #

Expansão prevê melhorias ao Laboratório Pedagógico Interdisciplinaridade é o foco do projeto aprovado pela Pró-Reitoria de Planejamento Cindhi Vieira Belafonte Barros - Carolina Tomaz Batista - Natália de Oliveira Santos - Raíssa Fernanda Caixeta O Laboratório Pedagógico (LAPED), criado em 1988, tem como tarefa primordial o desenvolvimento de ações que servem de suporte para disciplinas ministradas na Faculdade de Educação (FACED), como a de Metodologias de Ensino, particularmente. Diretamente ligado à unidade acadêmica, que foi ampliada, o laboratório foi adaptado e adquiriu outras funções, como o apoio a projetos de pesquisa e extensão. Em agosto deste ano, o Laboratório Pedagógico concorreu com um projeto de expansão no edital de Apoio à Melhoria do Ensino de Graduação da Pró-Reitoria de Planejamento, que previa melhorias na infra-estrutura dos laboratórios de ensino de graduação da UFU. Com a aprovação, em setembro, o laboratório passou a ter como uma de suas atividades prioritárias a colaboração nos eventos organizados pela Faculdade de Educação, bem como o suporte a projetos de extensão vinculados a outras unidades da Universidade. Uma das propostas, inserida em projetos que abrangem as mais diversas áreas da educação, visa à articulação entre educação e cultura, na qual são oferecidas oficinas temáticas e mostras de filmes, voltadas para todos os alunos da UFU.

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Segundo Elenita Pinheiro, professora da Faculdade de Pedagogia, o projeto de expansão trará contribuições tanto para as pesquisas já existentes, quanto para as futuras, que envolvem parcerias de outros cursos. O recém-implantado curso de Comunicação Social contribuirá com a expansão, oferecendo disciplinas direcionadas às áreas de educação e metodologias de ensino para alunos e alunas do curso de Pedagogia, acrescentou Elenita. Além das melhorias no aspecto da produção de conhecimento, a expansão prevê a compra de materiais permanentes e a estruturação do espaço físico do laboratório, afirmou ainda a professora. #

Sala do LAPED no bloco U Foto: Raíssa Fernanda Caixeta


Pedagogia e FACED festejam longa história Comissão organizadora é composta por alunos, professores e coordenadores Arthur Franco - Elisa Chueiri - Lucas Felipe - Mariana Lima O próximo ano será um período de muitas festividades para a Faculdade de Educação (FACED). Além de serem celebrados os dez anos desde sua implantação na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), um de seus cursos de graduação a Pedagogia comemora meio século de existência. Mara Rúbia Alves Marques, doutora em Educação, professora da Pedagogia e diretora da Faculdade de Educação, contou que foi montada uma comissão que fará uma série de ações comemorativas durante 2010. “São pequenos projetos que vão compor um projeto maior”, define. Fazem parte dessas ações lançamentos de livros, concursos de poesia, a criação de um selo de correspondência institucional comemorativo, um projeto de editoração, dentre outras propostas. Para encerrar as festividades,

está previsto um jantar dançante. Para a aluna de Pedagogia e membro do Diretório Acadêmico do curso Pâmella Reis, 23, “o acontecimento é uma data importante que merece ser lembrada. Entretanto, mudanças são necessárias, como o desenvolvimento da infra-estrutura e melhorias nos laboratórios”.

Mara Rúbia, diretora da FACED Foto: Laura Laís

Maria Irene Miranda, coordenadora do curso de Pedagogia da UFU, sente-se feliz por ocupar esse cargo durante as comemorações, principalmente por ter sido aluna do curso entre 1986 e 1990. “A história do curso de Pedagogia acaba se confundindo com a história da UFU, de Uberlândia”, comenta. Questionada sobre o que os 50 anos da Pedagogia representam para a FACED, Mara Rúbia diz que o curso de Pedagogia ajudou a constituir o início da UFU, que completou 30 anos em 2007. #

#Os pilares da educação na UFU O curso de Pedagogia foi criado em 1959 e reconhecido em 1964. Em 1977, a então recém-criada Universidade Federal de Uberlândia foi estruturada em torno de três centros: Ciências Humanas, Letras e Artes (CEHAR), Ciências Exatas e Tecnologia (CETEC) e Ciências Biomédicas (CEBIM), que reuniam departamentos de subáreas correspondentes. No início, a Faculdade de Educação era composta por dois departamentos: o Departamento de Fundamentos da Educação (DEPFE) e o Departamento de Organização da Prática Pedagógica (DEPOP). Somente em janeiro de 2000, após longas discussões no âmbito da Universidade, foi implantado o Estatuto e Regimento Geral em vigor, com o qual se extinguiram os Centros, formando-se, então, novas Unidades Acadêmicas, na forma de Institutos, Faculdades ou Escolas. A FACED foi criada por uma resolução do Conselho Universitário de 21 de dezembro de 1999. Atualmente, oferece dois cursos de graduação: Pedagogia e Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo, além de ser responsável pela condução de disciplinas

de formação pedagógica nos demais cursos de licenciatura. Também conta com um laboratório pedagógico, o LAPED, que auxilia alunos de diversos cursos da UFU na formação acadêmica e profissional. A Faculdade ainda produz algumas publicações periódicas, como Cadernos de História da Educação e a Revista Educação e Filosofia, que buscam maior integração entre alunos e sociedade, contribuindo com a consolidação da educação no campo do ensino, da pesquisa e da extensão.

FACED está instalada no bloco 1G Foto: Laura Laís

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Libras chega à Universidade Demora para oferecimento da disciplina ocorreu devido à falta de profissionais qualificados Júlia Siqueira Costa - Dayane Nogueira de Almeida - Paula Graziela de Oliveira

quadro docente da FACED. Foi necessária a contratação de uma intérprete, Keli Maria de Souza Costa e Silva, para apoiar e acompanhar as atividades da professora. Inclusão A lei e o decreto são um marco na luta pela inclusão de pessoas surdas e/ou mudas no processo da aprendizagem, visto que essa disciplina possibilita que futuros professores sejam capazes de se comunicar com qualquer aluno. Segundo Flaviane, esse feito “abre as portas” e “quebra as barreiras” para a comunidade surda. No entanto, em sua opinião, há ainda muito que lutar diante do número reduzido de professores para ensinar Libras, Jéssica Bessa, aluna de Libras I, expõe o que tem aprendido Foto: Paula Graziela de Oliveira

A Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) disponibiliza a seus alunos a disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) desde o primeiro semestre de 2009, em atendimento à Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002 e ao Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. De acordo com a legislação, os sistemas educacionais federais, estaduais e municipais devem garantir o ensino de Libras como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) nos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia e Magistério, em seus níveis médio e superior. O decreto que regulamentou a lei determinava o prazo de um ano após sua publicação 2006 para que os sistemas educacionais incluíssem um professor de Libras em seu quadro de magistério. Na UFU, porém, não foi possível cumprir esse prazo devido à dificuldade de encontrar profissionais qualificados para o cargo. A Universidade precisou realizar três concursos públicos para o preenchimento da vaga de professor de Libras, visto que, no primeiro, nenhum candidato foi aprovado e, no segundo, a candidata aprovada não tomou posse na instituição. Já no terceiro, Flaviane Reis, mestre em Educação, foi aprovada e atualmente faz parte do

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Nas aulas, a professora utiliza textos teóricos e atividades práticas como método didático e sempre ressalta que o contexto é fundamental para a compreensão dos sinais. Jéssica Dias Bessa, 20, estudante de Pedagogia que cursa Libras I, diz que gosta muito das aulas. Ela explica que, em um dia da semana, a disciplina é ministrada pela intérprete Keli Souza. Nesse dia, a aula é voltada para a história, a cultura e a atual realidade dos surdos. Em outro dia, a aula é conduzida por Flaviane, somente em sinais. De acordo com a aluna, é necessário ter bastante atenção para acompanhar a professora, mas ela afirma não ter nenhuma dificuldade. No entanto, ressalta que “poderia ser mais aprofundado”. Jéssica acredita que apenas dois semestres não são suficientes para aprender a língua, principalmente quando não se tem convívio com alguém para praticar. Apesar de a lei garantir a qualificação dos professores, há ainda o outro lado, os alunos. Muitos surdos aprendem tardiamente Libras, como foi o caso de Flaviane, o que dificulta o convívio social e a vida escolar. Segundo Keli Souza, esse contato tardio com a língua de sinais ocorre por vários motivos, entre eles, a falta de incentivo familiar, o preconceito e a vergonha. Além da preparação dos professores, a intérprete diz que é imprescindível que os surdos saibam utilizar a língua dos sinais. #


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