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O Poder da Imagem ou a Imagem do Poder? A Política no Telejornalismo.

Dentro da rotina produtiva situam-se ainda outras questões específicas da prática telejornalística, em que elementos informacionais atuam em conjunto produzindo significados e sentidos. Imagens, textos, falas dos agentes (repórter e entrevistado), efeitos, luzes, movimentos de câmera, ângulos escolhidos, entre outros, determinam a estruturação do material produzido, bem como as significações pretendidas. A imagem, considerada muitas vezes como o que há de mais importante na matéria jornalística, segundo Barros Filho, é o elemento “informativo com maior grau de aparência de objetividade, estando ou não associado a um texto escrito ou falado”. Para o autor, esta “aparência de objetividade provém da relação mantida com o espectador, pelo tipo de percepção que enseja, e da relação mantida com o real”. (BARROS FILHO, 1995, p. 82). Torna-se relevante, a partir dessas constatações, refletirmos sobre os mecanismos de produção intencional no telejornalismo, até porque a televisão ocupa uma posição privilegiada na dinâmica das relações entre os segmentos que interagem socialmente. Este posicionamento garante ao telejornalismo a condição de importante instrumento para circulação de informações, idéias, valores, atuando na mediação comunicacional e em certa medida funcionando também como instaurador de relações de poder. Não há como deixar de levar em conta, em conseqüência, a forte ligação entre o telejornalismo e o estabelecimento, e desenvolvimento, dessas relações de poder no âmbito da sociedade, como focaliza Lage: ...a produção de informações numa sociedade é algo mais complicado do que a feitura de um jornal, a edição de um programa de rádio ou televisão, a concepção de um clip de 30 segundos; de fato, confunde-se com a própria estrutura de poder, na medida em que sociedades são conjuntos ordenados por hierarquias. Jornalistas devem transformar, processar, codificar informações segundo padrões técnicos consensuais (sem o que as mensagens correriam o risco de não ser aceiras ou compreendidas) e obedecendo a valores éticos admitidos pela sociedade, embora não necessariamente por todos os grupos que a compõem. (LAGE, 1998, p. 230).

A complexidade do funcionamento social influencia diretamente a maneira pela qual se faz a produção jornalística em televisão que, igual como em outros meios, passa por condicionantes ligadas ao modo como se estruturam as relações de poder. Do mesmo modo, há uma permanente e indissociável ligação entre a forma como se desenvolve e se produz o telejornalismo e as condições socioeconômicas e culturais presentes na sociedade capitalista contemporânea. O processo de globalização econômica, vivenciado na atualidade, vai além das questões econômicas entre países, e se enraíza nos meandros das formas de hegemonia vigentes na ordem mundial. E o telejornalismo está integrado a este contexto refletido em sua forma e conteúdos. Desse modo, o fazer telejornalístico instaurado se realiza no interior de um contexto socioeconômico, no qual a própria televisão em sua condição empresarial está inserida. Estão presentes aí, também, necessidades de mercado, que se unem a normatizações de caráter político institucional no plano global. Esta situação dá origem a várias fórmulas de produção no telejornalismo praticadas com a finalidade principal de cativar e atrair cada vez mais público. O modelo que contém estas fórmulas é 26 | COMUNICAÇÃO - REFLEXÕES, EXPERIÊNCIAS, ENSINO |Curitiba | v. 2| n.2|p.19-30| 1° Semestre 2009


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