Localidade: Sendim
Lenda do Bom Jardim dos Coelhos
A casa de Sergude, mais conhecida como o Solar dos Coelhos, em Sendim, pertenceu em tempos a Pêro Esteves Coelho, um dos responsáveis pela morte de D. Inês de Castro, a 7 de janeiro de 1355, que carinhosamente a apelidada de “o bom jardim dos coelhos”. No entanto, após a morte de El-Rei D. Afonso IV, o seu filho, D. Pedro I de Portugal, prometeu vingar-se de todos aqueles que tinham contribuído para a morte da sua amada, D. Inês, fazendo com que Pêro Coelho fugisse para Castela e desta forma, perdesse todos os títulos e bens que possuía em Portugal, entre eles, a casa de Sergude, e fosse ainda, em 1361 brutalmente assassinado. Assim sendo, apenas a 1 de maio de 1394, o “bom jardim” regressou novamente à família Coelho, mais propriamente a Gonçalo Pires Coelho (primogénito de Pêro Coelho) após uma doação de D. João I, Rei de Portugal. Reza a lenda que, num solarengo 7 de janeiro, estando Gonçalo Pires Coelho a passear pelos jardins do Solar dos Coelhos, enquanto pensa na tragédia que abateu a sua família e nas saudades que tem de seu pai, avista uma senhora envolta num espesso e cinzento véu a chorar encostada a uma árvore. Após um curto diálogo com esta, o fidalgo apercebe-se que a donzela é na realidade D. Inês de Castro que pediu que todos os anos, naquele dia, a deixassem ficar ali com pena que, se não o permitissem, o Solar dos Coelhos apelidado de “bom jardim dos coelhos” se transformasse no “mau jardim dos Coelhos”. E a verdade é que o povo das redondezas, no seu tagarelar infantil, contou durante muito tempo, de geração em geração, que os senhores do solar dos Coelhos deixavam isolado certo recanto do parque no dia 7 de Janeiro de cada ano, para que o solar nunca deixasse de ser o Bom Jardim dos Coelhos e que, se nesse dia passarem por lá e virem uma senhora muito bem vestida, que esconde o rosto por detrás de um véu, esta pode ser D. Inês! Atualmente, após a morte de Dr. Luís Gonzaga da Fonseca Moreira (último morador do Solar), Sergude foi deixado para fins públicos e comunitários, albergando assim a Estação Experimental de Fruticultura e Vitivinicultura da Direção Regional da Agricultura de Entre-Douro-eMinho.
Texto: Alunos do 1.º ciclo da Escola Básica de Estradinha, Sendim Fotografia: Alunos do 1.º ciclo da Escola Básica de Estradinha, Sendim
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