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Lenda “São Brás”
Localidade: Torrados
Lenda “Fonte da Boca”
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Torrados era uma freguesia com muita vegetação e arvoredo. Como a população necessitava de terrenos livres para praticar agricultura, pois era o seu sustento, procediam de forma sistemática à desbravação da vegetação robusta e bravia através do fogo. Em todo o lado se viam fogueiras, o que dava uma sensação de calor. Então as pessoas diziam que parecia que iam “Torrar”. Estas queimadas eram realizadas pelas pessoas de forma consciente e não para destruir. Esta sensação de calor, que parecia torrar ou ressequir pelo calor, deu origem ao nome da freguesia de Torrados. Nesta freguesia viveram várias famílias importantes: Sousãos, Lanhoso, Bartolomeu de Faria Freire Ribeiro e Farias de Andrade. Também possui vários edifícios importantes, tais como, as casas do Souto, do Cachiz e a casa de Torrados, a igreja Paroquial e o Cruzeiro.
Nesta freguesia temos a fonte do lugar da Boca que traz consigo uma história lendária contada pelo Francisco da Fonseca Henriques. Conta a lenda que esta fonte só tem uma veia de água e que corre com tanta força e abundância que, logo que esta água nasceu, fez rodar um moinho. Em todas as estações do ano, esta fonte brota a mesma quantidade de água, mesmo no verão. Reza a lenda que já bebeu da fonte muitas, muitas pessoas e não consta que a pessoa alguma fizesse dano, ou seja, nunca fez mal a ninguém que a tivesse bebido.

Testemunho recolhido
A D. Maria da Glória de Oliveira Pereira, com 71 anos idade, residente na freguesia de Torrados, informou-nos que a água desta fonte vem do lugar do Calvário (poça da Macieira), e vinha antigamente guiada em tubos de cimento para a poça da Boca, onde havia uma biquinha. A água caía numa poça pequenina com pedras, que serviam para lavar a roupa e desta poça passava para outra em terra e enorme, com cerca de três metros de altura. Esta poça grande tinha um tufe (círculo feito de madeira com um arame comprido que estava preso ao meio do círculo e que servia para vedar a saída da água da poça). Depois esta água seguia para os consortes no dia de S. João (24 de junho) até 15 de agosto. Os consortes, no dia deles, tomavam conta da água ao sol posto (noite) e de manhã ao sol nado (amanhecer). Se o consorte anterior se atrasava no horário, o consorte seguinte abria a poça para ele. Daí em diante era distribuída pelos lavradores. Ia para a Eira Velha e daí seguia para a Devesa da Cachada, onde havia uma poça grande de terra e regava a quinta da Devesa. Esta fonte tem vários quilómetros de percurso e vários consortes. Atualmente vão muitas pessoas buscar água à fonte, porque é muito “leve” e não faz mal a ninguém. A Câmara Municipal de Felgueiras fez obras na bica em 1966.



Texto: Alunos de 1.º ciclo da Escola Básica de Torrados Fotografias: Alunos da Escola Básica de Torrados Ilustrações: Pré-escolar da Escola Básica de Torrados Fonte: GOMES, Paulino - Felgueiras : tradição com futuro. Paços de Ferreira: Anégia Editores, 1996