Transformações na Vida Camponesa: O Sudoeste Paranaense

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164 FONTE: BRDE – A INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS NO PARANÁ, SETEMBRO/80 – GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO. CURITIBA. RELATÓRIO Nº 17/80. In Ipardes, 1980. *Inclusive capacidade de empresa em implantação, expansão e em andamento. É em função de toda esta situação que “existe oligopsônio na comercialização da soja...” (Ipardes, 1981, p. 162). Com efeito, na safra de 1979/80, de um total de 5,6 milhões de toneladas produzidas, a indústria (setor monopolizado, como vimos). Adquiriu, 4,86 milhões, o que equivale a 86,2% do total (Ipardes, 1981, p. 163). Os lucros no setor de esmagamento de soja não têm por fonte apenas a captação de uma parte da mais-valia produzida no meio rural e do excedente camponês. Eles se baseiam também na exploração dos trabalhadores que operam nas unidades industriais de transformação do produto. Como mostra Muller (1979, p. 196) os salários reais na indústria de esmagamento de soja conheceram uma queda acentuada entre 1960 e 1974, em que pese o aumento na produtividade que se verificou neste período. ABATE DE ANIMAIS O abate de animais no Paraná era assegurado, em 1975, por 120 empresas, das quais duas geravam 40,2% do valor adicionado pelo grupo,”... que apresenta também características oligopsônicas” (Ipardes, 1981, p. 166). Este é um setor que interfere de maneira particularmente intensa na vida dos pequenos agricultores das regiões Sudoeste e Oeste, onde está localizada a Sadia. No município de Dois Vizinhos, a Sadia implantou uma unidade de industrialização de marrecos para exportação que funciona em esquema de integração contratual. E além da Sadia, as próprias cooperativas que atuam no ramo já começam a funcionar sob o regime dos integrados. Ao contrário do que ocorre no setor de esmagamento de soja, a concentração monopolista no abate de animais foi correlativa a uma perda de influência do capital estrangeiro no ramo. Com efeito, em 1970 este cotava com uma participação, em termos nacionais, de 37,2%, passando em 1977 a 19,2%, de patrimônio líquido do grupo (cf. Muller, 1979, p. 82). FUMO “O complexo agroindustrial fumageiro distingue-se dos anteriormente analisados pelo fato de, na etapa industrial, três grandes grupos econômicos internacionais monopolizarem a produção e comercialização do fumo preparado, dos cigarros, charutos e cigarrilhas e, na etapa rural, esses três mesmos grupos controlarem toda a agricultura nacional do fumo em folha” (Muller, 1979, p. 235). O cultivo de fumo no Estado do Paraná é pouco expressivo em termos nacionais. Mesmo no Sudoeste Paranaense, o fumo concentra-se basicamente em dois municípios (Salto do Lontra e Planalto) não atingindo mais que 1.000 produtores. Estes produzem em regime de integração contratual para a Souza Cruz, principalmente, e, numa menor proporção para a Tabec e a Santa Cruz. Além de fornecer o galpão, as mudas os fertilizantes e os defensivos, a companhia dispões de técnicos que fazem uma visita mensal às propriedades para acompanhar o desenvolvimento da planta e orientar os tratos culturais. Pelo que pude constatar em entrevistas com plantadores de


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