Twinpine(s)

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ÁUDIO O Twinpine(s) está na ativa há 13 anos, não é? Mas vocês não parecem ser o tipo de banda que tem aquela noia de lançar coisas o tempo todo... BRUNO PALMA (GUITARRA) Claro que a gente gosta de pensar muito bem as músicas, os arranjos e tal, mas não diria que isso seja o grande causador desse espaço que existe entre um lançamento e outro. Isso se deve muito mais à vida que a gente leva. A banda não é nossa fonte de renda, o que faz com que não tenhamos o tempo e o dinheiro que gostaríamos de ter para dar mais dedicação a ela. MAGOO FELIX (BATERIA) Acho que todo esse tempo de experiência acabou causando também essa preocupação com a qualidade. Talvez não pensássemos assim algum tempo atrás por sermos mais desencanados e termos nossos trampos, mas com o tempo fomos aprendendo a tomar certos cuidados com nossos materiais.

Na época em que o Twinpine(s) surgiu, todos na banda já eram amigos de milianos e tinham os mesmos interesses musicais? BRUNO Estudei com o Leo em 94. O Leo foi da mesma escola do Alê, acho que em 2002. E o Magoo é amigo de longa data dos irmãos mais velhos do Leo. Ou seja, a conexão é antiga mesmo e as influências musicais são bem próximas também. MAGOO A banda começou como um trio em 2003. Apenas eu, Leo e Renato, nosso antigo guitarrista e primo do Leo. Com a saída do Renato em 2009 foi natural a entrada do Bruno, que já fazia participações em alguns shows da gente. No ano passado, pra completar o time, veio o Alê. É uma banda de amigos. Ninguém fez teste pra entrar; foi tudo na brodagem.

Como a proposta de som evoluiu desde que vocês começaram? E NTR EVISTA

TWINPINE(S)

ÁLBUM NOVO A CAMINHO TEXTO EDUARDO RIBEIRO

// FOTO CAIO AUGUSTO

COM RECÉM-COMPLETOS 13 ANOS DEDICADOS AO ROCK ALTERNATIVO, O QUARTETO PAULISTANO TWINPINE(S) SE PREPARA PARA MAIS UMA GUINADA EM SUA TRAJETÓRIA. ELES ACABARAM DE LANÇAR O CLIPE DA NOVÍSSIMA FAIXA “HOLIDAY OUT”, O PRIMEIRO REGISTRO DA BANDA COM A NOVA FORMAÇÃO – AGORA SÃO TRÊS GUITARRAS. O SOM É UMA AMOSTRA DO ÁLBUM QUE CHEGA EM 2017 PELA HEARTS BLEED BLUE.

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apesar de ter sua conexão com o indie, tem também gostos completamente diferentes em outros gêneros musicais e de alguma forma isso se reflete na hora de compor. Acho que isso também dá uma cara pro nosso som.

Houve um tempo em que o som que a galera ouvia na cena do skate, nas trilhas, era bem mais punk/hc, alternativo e rockão anos 70. Hoje, porém, a gente percebe que estão botando até EDM e trap music... BRUNO As bandas que a molecada conhece como indie hoje em dia, por exemplo, as que tocam no Lollapalooza, não são o que a gente teve como referência de indie. Mas hoje é assim. Existe ainda essa forte relação do skate com o punk e o guitar, onde a gente meio que tá inserido, mas é super natural que outros gêneros entrem aí pra somar. Acho bom. MAGOO Cara, eu comecei a andar de skate ainda nos anos 80, quando a trilha sonora das sessions era o hardcore e o punk. Vi isso mudar nos anos 90, com a entrada de sons indies nos vídeos, e na metade dessa mesma década ainda teve a inclusão do ska, do hip hop e tal. Hoje em dia tá mais individual, cada skatista tem seu gosto pessoal e os vídeos são mais democráticos. Você pode escutar Sonic Youth

ABSORVEMOS NOVAS COISAS, INSPIRAÇÕES, E ISSO VAI SE REFLETINDO NAS MÚSICAS.

BRUNO Absorvemos novas coisas, novas inspirações, e isso vai se refletindo nas músicas. Ano passado, com a entrada do Alê, viramos um quarteto e isso já deu uma cara bem diferente pras músicas, com mais opções de vozes e arranjos de guitarra.

numa parte de um atleta e de repente ouvir um Emicida e até uma Björk mandando um som mais sintetizado. Acho sadia essa mistura. Faz o skate ser mais aberto.

Quando vocês compuseram a trilha sonora do documentário Dirty Money, as músicas foram feitas sob encomenda mesmo?

Por que o “s”, de Twinpine(s), é colocado entre parênteses na grafia do nome da banda? Vocês acreditam em numerologia, essas coisas?

BRUNO Foram feitas sob encomenda, do zero. Pensamos no tema e procuramos desenvolver sons que entrassem na sintonia que a gente achava que precisava. MAGOO Além dessas inéditas, também regravamos para o filme uma versão instrumental da música “Soda Springs”, faixa do nosso disco de estreia, o Niagara Falls.

BRUNO Não, não. É por causa do De Volta Para o Futuro [nota do repórter: “Twin Pines Mall” é o nome do shopping onde Marty McFly encontra Doc Brown antes da viagem no tempo]. Ninguém é muito esotérico na banda. MAGOO Existem muitas respostas pra isso, desde ser apenas um jeito diferenciado de escrever até citações e acontecimentos do filme. No final das contas, podemos dizer que é apenas um detalhe visual mesmo.

O Twinpine(s) pode ser considerada uma banda nostálgica ou de revival de um tipo de som, pegando aí as similaridades com nomes como Nirvana, Lemonheads, Dinosaur Jr... BRUNO Temos essa ligação com referências noventistas, mas gostamos de muitas outras coisas, de muitos outros gêneros. E é difícil falar em revival também porque essas coisas vivem voltando, né? Até o Milkybar voltou a chamar Lolo. MAGOO As referências principais obviamente nos levam a esse tipo de sons alternativos dos anos 90, mas, como o Bruno disse, nós ouvimos de tudo. Cada um na banda,

"Holiday Out", o som do recém-lançado clipe de vocês, traduz legal o clima do próximo álbum? BRUNO "Holiday Out" foi gravada como trio, então acho que vai vir um pouco diferente. Estamos finalizando as composições, vamos começar a gravar ainda esse ano.

→ OUÇA: TWINPINESMUSIC.BANDCAMP.COM TRIBO SKATE • 77


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