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RUA FÉLIX DA CUNHA, 12 – FLORESTA PORTO ALEGRE – RS – 90570-000 RUA FÉLIX DA CUNHA, 12 – FLORESTA IMPRESSO FECHADO – PODE SER ABERTO PELA ECT PORTO ALEGRE – RS – 90570-000

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR

PERFIL Presidente de Fetrabalho/RS, Margaret Garcia da Cunha ENTREVISTA Presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputada Silvana Covatti

#5 ANO 2 • 2016 JAN/FEV/MAR

IMPRESSO FECHADO – PODE SER ABERTO PELA ECT

Cooperativismo gaúcho anuncia investimentos de R$ 1,7 bilhão em 2016



N

VERGILIO FREDERICO PERIUS VERGILIO FREDERICO PERIUS PRESIDENTE DO SISTEMA PRESIDENTE DO SISTEMA OCERGS-SESCOOP/RS OCERGS-SESCOOP/RS

a contramão de um cenário de austeridade e recessão econômica, o sistema cooperativista gaúcho continua atuando como um agente propulsor de desenvolvimento socioeconômico do Estado. Em 2016, as cooperativas investirão R$ 1,7 bilhão em setores fundamentais da economia, contemplando investimentos em agroindústrias, tecnologia da informação, assistência técnica, comunicação, melhoria nos processos operacionais, capacitação (formação, orientação e inclusão) e ampliação da capacidade física de armazéns, silos, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), habitações, transporte e novos hospitais. Os investimentos realizados pelo cooperativismo gaúcho se refletem no aumento dos seus ingressos, no número de associados e na geração de empregos diretos, trabalho e renda que proporcionam nas comunidades em que atuam. Alinhado a esse contexto de crescimento das cooperativas, deve-se destacar nesse primeiro trimestre a realização da Expodireto, projeto extremamente inovador no campo do agronegócio. A edição deste ano cumpriu uma missão muito importante para os produtores rurais, que vai muito além do volume de negócios, meta essa que a Expodireto já atingiu há muito tempo. A feira é uma oportunidade, uma vitrine para a divulgação de inovações tecnológicas do agronegócio, que propicia ao produtor rural o acesso seletivo a informações que ampliam o seu conhecimento e auxiliam nas atividades do seu dia a dia. Por fim, destaco outra realização importante para o cooperativismo gaúcho, o Dia C. Pela segunda vez o Rio Grande do Sul participa do programa, cuja data de celebração ocorre junto ao Dia Internacional do Cooperativismo, em 2 de julho. Para nossa satisfação e orgulho, a primeira edição do Dia de Cooperar no Estado contou com a participação de 170 cooperativas e 77 municípios, com o envolvimento de mais de 4 mil voluntários e 108 mil beneficiados. Com diversas iniciativas de voluntariado inscritas, as cooperativas aderiram ao Dia C e a expectativa é que em 2016 possamos ampliar estes números e contar com a participação de mais cooperativas. O Dia C é uma oportunidade das pessoas se unirem para fazer o bem e proporcionar a transformação social nas comunidades em que atuam. A maior rede cooperativista de voluntariado do Brasil também possibilita que as pessoas, principalmente do setor urbano, conheçam mais sobre o modelo cooperativo e venham se agregar de forma mais coletiva e conjunta, obtendo informações sobre os benefícios e as possibilidades que o cooperativismo proporciona aos seus associados. Convido desde já todas as cooperativas para inscreverem os seus projetos e mostrarem para a sociedade gaúcha e as organizações governamentais a importância social e a pujança do cooperativismo. Vamos fazer no dia 2 de julho um grande evento, uma grande confraternização e celebração das ações e dos projetos desenvolvidos pelas cooperativas em suas comunidades.

PAL AVR A DO PR ESI DENTE

Cooperativismo investe no presente com olhos no futuro

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SUMÁRIO

6 12 18

ATUALIDADES

Cooperativas inauguram Hidrelétrica Cazuza Ferreira

PERFIL

Uma cooperativista incansável

ENTREVISTA

Uma mulher de fibra no comando do parlamento gaúcho

8

4

26 30 36

ESPAÇO SESCOOP/RS

Sistema Ocergs-Sescoop/RS apresenta programa de apoio às escolas técnicas agrícolas do RS

CAPA

Cooperativismo gaúcho anuncia investimentos de R$ 1,7 bilhão em 2016

ARTIGO

O cuidado cooperativo com a “Casa Comum”

41

ESPAÇO SESCOOP/RS

32

ESPAÇO ESCOOP

10

ESPAÇO SESCOOP/RS

34

ESPAÇO ESCOOP

42

SINDICATO

22

CASE

39

PARA RECORDAR

44

CONTABILIDADE

24

LEGISLAÇÃO

40

COOPERATIVISMO DIGITAL

46

MARKETING E COMUNICAÇÃO

Expodireto Cotrijal 2016

Cooperativas gaúchas unidas para transformar vidas Diversão que resulta em conhecimento

A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

Pesquisa aponta modelo de liderança para cooperativas

Aspectos Constitucionais e Legais Controvertidos do Funrural: Questões Tributárias Atuais

Aconteceu no Cooperativismo

Cérebro analógico, cérebro digital

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR

GERAÇÃO COOPERAÇÃO

Curiosidades sobre o Sescoop/RS

Participação do associado na vida da cooperativa

Potenciais da Autogestão Econômica - Uma concepção ampla aplicável às sociedades cooperativas

O fim do FM está cada vez mais próximo


O destaque especial nessa edição fica por conta dos investimentos que as cooperativas gaúchas farão em 2016 e o impacto que isso gera nas comunidades em que estão inseridas. O anúncio realizado durante a 17ª Expodireto Cotrijal projeta investimentos de R$ 1,7 bilhão em diversos setores da economia.

Rio Grande Cooperativo entrevista nessa edição a deputada estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Silvana Covatti, que trata de questões importantes como a participação da classe feminina na política, a importância da Frencoop/RS e a atuação da ALRS na condução de votações de projetos de ajustes fiscais do Estado.

EXPEDIENTE Rio Grande Cooperativo é uma publicação do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado do Rio Grande do Sul – Sescoop/RS Endereço: Rua Félix da Cunha, 12–Bairro Floresta – Porto Alegre CEP 90570-000 - Fone: (51)3323.0000 – email: rafaelli-minuzzi@sescooprs.coop.br site: www.sescooprs.coop.br Produção e edição de textos e imagens: Assessoria de Comunicação do Sistema Ocergs-Sescoop/RS (jornalistas Luiz Roberto de Oliveira Junior - 10.824, Rafaeli Drews Minuzzi - Reg. 16.359 e Leonardo Custodio Machado - Reg. 15.934) – Assessoria de imprensa de cooperativas. Os artigos são de responsabilidade de seus autores. Responsável: Rafaeli Drews Minuzzi Projeto Gráfico: Moove Comunicação Transmídia Capa: Aline Maya (Tikinet) Diagramação: Aline Maya (Tikinet) Impressão: Gráfica e Editora Relâmpago Tiragem: 8.625 Distribuição Gratuita

EDITORIAL

Cooperativismo gaúcho investirá R$ 1,7 bilhão em 2016

Esta edição da revista Rio Grande Cooperativo traz como reportagem principal os investimentos que as cooperativas gaúchas farão em 2016 e o impacto que isso gera nas comunidades em que estão inseridas. O anúncio realizado durante a 17ª Expodireto Cotrijal projeta investimentos de R$ 1,7 bilhão em diversos setores da economia, chamando a atenção de especialistas e ganhando grande repercussão na mídia. A publicação apresenta o perfil de liderança da nutricionista, presidente da Fetrabalho/RS e diretora da Ocergs, Margaret Garcia da Cunha. O perfil revela algumas curiosidades sobre sua mudança de Santa Cruz do Sul para a capital, sua persistência nos estudos, a identificação com a Cootravipa e o cooperativismo de Trabalho, sua trajetória na Fetrabalho/RS e história no movimento cooperativista. Rio Grande Cooperativo traz nesta edição uma entrevista exclusiva com a deputada estadual e primeira representante feminina da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS), Silvana Covatti. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, a entrevista trata de questões importantes que envolvem a participação da classe feminina na política, a importância da Frencoop/RS e a atuação da ALRS na condução de votações de projetos de ajustes fiscais do Estado. No Espaço Sescoop/RS, os destaques ficam por conta do programa de apoio às escolas técnicas agrícolas do RS, proposto pela entidade à Secretaria de Educação do Estado, o início do programa Aprendiz Cooperativo do Campo, a Agenda Institucional do Cooperativismo 2016 da OCB, a repercussão da Expodireto Cotrijal e o lançamento do Dia C no Estado. Na editoria Atualidades, a revista destaca a inauguração da Hidrelétrica Cazuza Ferreira, a presença de dez cooperativas na pesquisa Marcas de Quem Decide, a nova Unidade de Beneficiamentos de Sementes da Cotrijal e o saldo positivo das cooperativas de Crédito Sicredi e Unicred. A publicação também traz a discussão de pautas do cooperativismo de energia entre lideranças do setor e assuntos importantes ligados às cooperativas gaúchas. Nesta edição, a revista apresenta o case de sucesso da Coprel, que trata do projeto “Coprel na Escola”, uma iniciativa que conta com o apoio do Sescoop/RS e leva informações, conhecimentos e diversão para milhares de crianças e jovens. Boa leitura! 5


Luiz Junior

ESPAÇO SESCOOP/RS

Sistema Ocergs-Sescoop/RS apresenta programa de apoio às escolas técnicas agrícolas do RS

Secretário Vieira da Cunha recebeu o projeto do cooperativismo gaúcho

O

Sistema Ocergs-Sescoop/RS apresentou no dia

colas estaduais, comunidades e cooperativas dos

23 de fevereiro ao secretário da Educação do

municípios onde se localizam as escolas. Uma das

Rio Grande do Sul, Vieira da Cunha, programa que

áreas de atuação do Sistema Ocergs-Sescoop/RS,

busca promover a cultura da cooperação e disseminar

se implementado o projeto, será o de ampliar o co-

a doutrina, os valores e princípios do cooperativismo.

nhecimento e vivências sobre o cooperativismo, atra-

Um dos focos do programa é a implementação da educação cooperativista nas escolas técnicas agrí-

vés da criação de cooperativas-escola nas escolas técnicas agrícolas estaduais.

FRENCOOP/RS DEFINE PRIORIDADES PARA 2016 A Frencoop/RS realizou no dia 2 de março sua primeira reunião do ano. Na ocasião, o grupo decidiu que fará um trabalho de interiorização em eventos promovidos pelas cooperativas. De acordo com o presidente da Frencoop/RS, deputado Elton Weber, a intenção é fortalecer a relação com o segmento.

ACI DIVULGA TEMA DO DIA INTERNACIONAL DO COOPERATIVISMO Todo primeiro sábado de julho, cooperativas de todo o mundo celebram o Dia Internacional do Cooperativismo. Em 2016, a data que será celebrada no dia 2 de julho terá como slogan “Cooperativas: o poder de agir para um futuro sustentável”.

OCB PROMOVE ENCONTRO DO COMITÊ JURÍDICO Representantes da Ocergs participaram, no dia 16 de fevereiro, do primeiro encontro de 2016 do Comitê Jurídico da OCB, onde foram discutidos temas jurídicos da maior importância para as cooperativas de todo o País. O Comitê Jurídico foi instalado em 2013 e seu objetivo é ser um fórum de promoção de debates e de disseminação de conteúdos técnico-jurídicos, a fim de propiciar a transferência de informações, experiências e práticas bem-sucedidas entre seus integrantes. 6

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Tem início o Aprendiz Cooperativo do Campo promovido pelo Sescoop/RS A

granja do Colégio Teutônia foi a sede, no dia

ideia inovadora e inédita de formação diferenciada

26 de fevereiro, da aula inaugural de uma ini-

para nossos jovens”, disse o presidente do Sistema

ciativa inédita no Brasil, idealizada pelo Sescoop/RS,

Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius.

o Aprendiz Cooperativo do Campo. Autorizado pe-

A turma com aulas em Teutônia conta com 25

lo Ministério do Trabalho e Emprego em 2015, o pro-

estudantes, com jovens a partir de 14 anos de idade,

grama atenderá cooperativas agropecuárias com

todos cotizados pela Cooperativa Languiru, que jun-

cursos de aprendizagem em atividades dirigidas aos

to com o Colégio Teutônia e o Sescoop/RS, são par-

jovens filhos de associados, estimulando a perma-

ceiros na organização do programa no município. O

nência do jovem no campo e promovendo a suces-

curso possui mais de 1.100 horas/aula, em 18 meses

são familiar. Além da turma de 25 alunos cotizados

de atividades, divididas em aulas teóricas na estru-

pela Cooperativa Languiru, de Teutônia, outra turma

tura do Colégio Teutônia e práticas na Unidade Téc-

teve início no ano de 2016, em Não-Me-Toque, sob

nica e Pedagógica da Granja do Colégio Teutônia.

responsabilidade da Cotrijal, com aula inaugural realizada no dia 9 de março. “O programa Aprendiz Cooperativo do Campo é inédito no Brasil. É o lançamento nacional desta

Em Não-Me-Toque, na área de atuação da Cotrijal, a turma conta com a participação de 21 jovens, filhos de produtores associados da Cooperativa. O programa terá a duração de 15 meses.

O PROGRAMA APRENDIZ COOPERATIVO DO CAMPO O Programa Aprendiz Cooperativo do Campo conta com mais de 1.100 horas de formação e é destinado para estudantes entre 14 e 24 anos de idade. Está dividido em módulos teórico e prático, desenvolvidos ao longo de 18 meses. Tem por objetivo o estímulo à permanência nas atividades do campo, promovendo a sucessão rural e o incremento nos quadros sociais das cooperativas agropecuárias. O corpo docente possui habilitação técnica e pedagógica, reforçando o conceito e a prática do cooperativismo, sistemas de produção, gestão, crédito, meio ambiente e temas voltados e alinhados com a sustentabilidade das diferentes cadeias produtivas que permeiam o fazer das cooperativas agropecuárias.

Sistema OCB lança Agenda Institucional do Cooperativismo 2016 O Sistema OCB lançou no dia 16 de março, em Brasília (DF), a Agenda Institucional do Cooperativismo 2016, que chega em sua 10ª edição. A publicação apresenta as principais demandas do cooperativismo brasileiro relacionadas aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. O objetivo é trabalhar em todas as frentes para fomentar o crescimento do cooperativismo no País, que hoje reúne 12,7 milhões de associados e exerce um papel importante na economia brasileira e nos processos de inclusão social.

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Assessoria de Imprensa da Cotrijal

ESPAÇO SESCOOP/RS

ENTRE OS DIAS 7 E 11 DE MARÇO, O SISTEMA OCERGS-SESCOOP/RS ESTEVE PRESENTE NA 17ª EDIÇÃO DA EXPODIRETO COTRIJAL, EM NÃO-ME-TOQUE. CONFIRA OS EVENTOS E ATIVIDADES QUE TIVERAM A PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA NA FEIRA

Expodireto Cotrijal 2016 E

m sua 7ª edição, a tradicional entrega do Tro-

do a pesquisa. É o atestado de que o agronegócio é

féu Brasil Expodireto, na noite do dia 6 de

o motor da economia do Rio Grande do Sul e atrai os

março, em Carazinho, antecedeu a Expodireto Cotrijal, uma das maiores feiras do agronegócio da América Latina. No jantar de comemoração, foram premiadas 18 personalidades do setor no Brasil e no Estado, além de distinção para dois associados da Cotrijal e homenagem às mulheres, em alusão ao Dia Internacional, comemorado no dia 8 de março. No dia 7, o clima de otimismo marcou a abertura

olhares de todo o mundo”, enfatizou.

FÓRUM ESTADUAL DO LEITE No dia 9, aconteceu a 12ª edição do Fórum Estadual do Leite, realizado pela Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) e Cotrijal. O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, destacou que o objetivo do fórum é mostrar para a sociedade e cadeia produtiva a importância do segmento da produção de leite.

oficial da Feira, no Auditório Central, contando com a presença de inúmeras lideranças políticas e dos segmentos agroindustrial e da agricultura familiar. Na ocasião, o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, destacou e agradeceu a presença de grandes marcas, expositores e 70 países na Feira. “Estamos provando mais uma vez que a Expodireto é a feira da tecnologia, da inovação e da oportunidade de negócios. Aqui não tem crise. Não tem lugar para ela”, ressaltou. O governador José Ivo Sartori destacou o cenário que observou ao chegar ao parque. “A Expodireto é gigante, foi crescendo, gerando debates, incentivan8

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

FÓRUM INTERNACIONAL JOVEM COOPERATIVISTA O tradicional encontro promovido pela Cotrijal, que reúne jovens com gosto pela agricultura, aconteceu no dia 11. O consultor Bernardo de Lima Kieffer, apresentou uma série de questões voltadas à sucessão familiar nas empresas rurais. De acordo com o palestrante, em torno de 99% dos empreendimentos rurais são familiares, o que, ao contrário do que se imagina, não necessariamente facilita a entrada do jovem produtor.

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Luiz Junior

Encontro de Mulheres Cooperativistas N

o dia 7, o Mundo Cooperativo Gaúcho foi palco do Encontro de Mulheres Cooperativistas, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março. O evento, que reuniu 80 mulheres teve como objetivo debater o papel da mulher no cooperativismo, envolver representantes de cooperativas para discutir, propor ideias e ações com vista a estimular e desenvolver seus potenciais, ressaltando a intenção de promover iniciativas que desenvolvam o espírito de liderança e estimulem maior participação feminina no movimento cooperativista. Estiveram presentes o presidente do Sistema, Vergilio Perius, o superintendente da OCB, Renato Nobile, os diretores da Ocergs, Margaret da Cunha e Irno Pretto, o vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder, a primeira dama do Estado, Maria Hele-

na Sartori e a prefeita do município de Não-Me-Toque, Teodora Lüdtkemeyer. Em seguida, a presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputada estadual Silvana Covatti, incentivou as participantes, contando sua experiência, desafios, renúncias e trajetória como primeira mulher à frente da Assembleia. A vice-presidente da Cooperativa de Mineração de São Marcos (Coopermissam), Malvina Fandinho da Silva Amaral, na sequência, proferiu sua palestra sobre o tema “O papel da mulher no Cooperativismo”, onde descreveu seu início como missionária e trajetória no cooperativismo, exaltando o poder e a força do sistema. Malvina também lembrou de como envolveu e engajou as mulheres nas cooperativas e falou de sua experiência de dois anos como conselheira da Ocergs.

Formatura Aprendiz Cooperativo Durante a tarde do dia 10, no Mundo Cooperativo

Para o presidente do Sescoop/RS, Vergilio Perius,

Gaúcho, foi realizada a formatura da turma do curso

o currículo do curso aborda vários aspectos que têm

de Assistente Administrativo em Cooperativas do Pro-

impacto direto na formação dos alunos e permite a

grama Aprendiz Cooperativo. Ao todo, 36 jovens re-

eles que escolham o setor que preferem atuar pro-

ceberam os certificados de conclusão após 23 meses

fissionalmente. “O curso tem uma carga horária de

de aulas que envolveram matemática comercial fi-

500 horas e aulas teóricas e práticas. Se atualmente

nanceira, linguagem e comunicação, informática, for-

o mercado de trabalho é difícil mesmo para quem

mação humana e científica, dentre outras disciplinas.

tem qualificação, imagine se não tiver”, afirmou.

Em 2016, um público total de 210.800 pessoas passou pelo parque nos cinco dias de Feira. Do total de negócios, o montante de R$1.581.768.000 foi concretizado pelos expositores, cujo número teve um ganho de 5%, subindo de 530 em 2015 para 554 em 2016. Em 2017, a 18ª Expodireto Cotrijal acontecerá entre os dias 6 e 10 de março.

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Cooperativas gaúchas unidas para transformar vidas Rafaeli Minuzzi

ESPAÇO SESCOOP/RS

SESCOOP/RS REALIZOU O LANÇAMENTO DA CAMPANHA DIA DE COOPERAR 2016, QUE PROMETE BATER RECORDE DE BENEFICIADOS NO RIO GRANDE DO SUL

Em 2015, o Dia C no Rio Grande do Sul mobilizou mais de 4 mil voluntários e beneficiou 108 mil pessoas

F

oi dada a largada para o Dia de Cooperar – Dia C. O evento de lançamento no Estado aconte-

ceu no dia 30 de março, no Centro de Formação Profissional Cooperativista, em Porto Alegre e contou com a participação de representantes de diversas cooperativas gaúchas e entidades parceiras do projeto. Na ocasião, foi apresentado o Dia C, os números de 2015 e as estratégias de comunicação para 2016. A data comemorada no primeiro sábado de julho, nesse ano dia 2, é a maior ação de voluntariado do Brasil e marca o Dia Internacional do Cooperativismo. Em 2015, foram 280 mil voluntários, 1.300 cooperativas e 2,5 milhões de beneficiados com atividades educativas, de bem-estar, lazer e esporte. Em 2016, o evento promete ser ainda mais amplo no Estado. “Vamos ter mais espaço para as atividades e poderemos atender melhor o nosso público”, informa o gerente de Promoção Social do Sescoop/RS, José Zigomar Vieira dos Santos, que enxerga no Dia C uma forma de integração social entre a comunidade, resultando em mais confiança e cooperação social.

O gerente enfatizou que o Sescoop/RS foi surpreendido na primeira edição do evento, com o número de voluntários, mais de 4 mil, e cooperativas participantes, 170, chegando a 108 mil beneficiados no Rio Grande do Sul. “Queremos superar o número de 2015”, destaca. Outro objetivo do Dia C é que as atividades voluntárias desenvolvidas na data tornem-se permanentes. Para o gerente, as ações constroem e transformam vidas. A educadora ambiental e responsável pelo projeto “A Turminha da Reciclagem” no Rio Grande do Sul, Samara Arsego Guaragni, da Cooperativa Central Aurora Alimentos, concorda com o ponto de vista do gerente. A Cooperativa desenvolve o projeto para conscientizar as crianças sobre a importância de separar o lixo e de preservar a natureza. “Nós apostamos nas crianças para disseminar essa preocupação com a natureza. Elas levam as informações para a família e para a sociedade”. A ideia esteve presente no Dia C do ano passado e nessa próxima edição pretende retornar. As cooperativas interessadas em cadastrarem suas ações devem acessar o site http://diac.brasilcooperativo.coop.br/inscricao.

Confira todas as informações na página do Dia C: diac.brasilcooperativo.coop.br

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SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Shutterstock

BNDES amplia Procaminhoneiro e beneficia cooperativas de transporte de cargas

A

s cooperativas de transporte de cargas rece-

las associadas a cooperativas de transporte

beram uma boa notícia no mês de março: a

rodoviário de cargas, com renda anual ou anua-

possiblidade de inserção de seus associados como

lizada igual ou inferior a R$ 2,4 milhões, em

beneficiários da linha de financiamento Procaminho-

ambos os casos;

neiro no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvi-

–– Empresários individuais e microempresas, do

mento Econômico e Social (BNDES), por meio do

segmento de transporte rodoviário de cargas,

Finame. A notícia já foi comunicada pelo BNDES aos

com Receita Operacional Bruta (ROB) anual

agentes financeiros do País.

ou anualizada igual ou inferior a R$ 2,4 milhões;

Essa era uma demanda antiga do Conselho Con-

–– Sociedades de Arrendamento Mercantil ou Ban-

sultivo do ramo Transporte e o Sistema OCB, ao lon-

cos com Carteira de Arrendamento Mercantil,

go dos últimos meses, intensificou sua atuação jun-

devidamente registrados no Banco Central do

to à instituição financeira, a fim de contemplar as

Brasil e credenciados no BNDES.

cooperativas do segmento. De acordo com o docu-

Para efeito de enquadramento no segmento de

mento divulgado pelo BNDES, poderão ser benefi-

transporte rodoviário de cargas, será considerado

ciadas:

somente o código da atividade principal da benefi-

–– Pessoas físicas, residentes e domiciliadas no

ciária final conforme Classificação Nacional de Ati-

País, do segmento de transporte rodoviário de

vidades Econômicas (CNAE) do Instituto Brasileiro

cargas (transportadores autônomos), e aque-

de Geografia e Estatística (IBGE).

PLANO ENERGÉTICO É LANÇADO NO RIO GRANDE DO SUL Inédito no Rio Grande do Sul, foi lançado, no dia 17 de março, o Plano Energético com o propósito de garantir um abastecimento de energia com qualidade, que atenda às necessidades da população. A solenidade aconteceu no Palácio Piratini, com a presença do governador José Ivo Sartori; do secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker; do presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius; do presidente da Fecoergs, Jânio Stefanello, além de dirigentes de cooperativas do ramo Infraestrutura. CHEGA AO FIM O IMPASSE DOS 15% DO TOMADOR O Senado Federal promulgou no dia 31 de março a Resolução nº 10/2016, que suspende definitivamente a contribuição previdenciária a ser paga pelo tomador de serviço de cooperativas de Trabalho. A alíquota era de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação de serviços. AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR

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Luiz Junior

AT UA L I DA D E S

Cooperativas inauguram Hidrelétrica Cazuza Ferreira

Central hidrelétrica vai gerar energia limpa para mais de 30 mil pessoas

U

m passo importante para o desenvolvimento

reira repassará muitos benefícios a São Francisco de

da região das Hortênsias e o município de

Paula através da geração de Imposto sobre Circula-

São Francisco de Paula foi dado no dia 19 de feve-

ção de Mercadorias e Serviços (ICMS).

reiro, com a inauguração da Hidrelétrica Cazuza

A hidrelétrica também é certificada pela Organi-

Ferreira, localizada no Rio Lajeado Grande, no Dis-

zação das Nações Unidas (ONU) como Mecanismo

trito de Cazuza Ferreira, interior de São Francisco

de Desenvolvimento Limpo por compensar créditos

de Paula. O empreendimento é uma parceria entre

de carbono. Anualmente, serão compensadas

as cooperativas Certel, Coprel e a empresa Geopar.

12.504,72 toneladas de dióxido de carbono (CO2).

A solenidade de inauguração da hidrelétrica tam-

A solenidade de lançamento da central hidrelé-

bém marcou a celebração dos 60 anos de fundação

trica contou com a presença da secretária de Políti-

da Certel. A usina terá potência instalada de 9.100

cas Sociais, Maria Helena Sartori, que representou o

kilowatts (kW) e vai gerar energia limpa para mais

governador José Ivo Sartori; secretário de Minas e

de 30 mil pessoas.

Energia, Lucas Redecker; secretário de Desenvolvi-

A Hidrelétrica Cazuza Ferreira atende o padrão

mento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio

dos demais empreendimentos das cooperativas

Minetto; presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS,

Certel e Coprel, respeitando as normas e legislações

Vergilio Perius; presidentes das cooperativas Certel

ambientais vigentes. A prova disso é que uma das

e Coprel, Ireneo Hennemann e Jânio Stefanello, res-

prioridades é a manutenção do aspecto cênico da

pectivamente; deputada estadual Zilá Breitenbach;

cachoeira existente nas proximidades, com 87 me-

presidente do Badesul, Suzana Kakuta; prefeito de

tros de queda de água.

São Francisco de Paula, Juarez Hampel e diversas

Além de gerar energia limpa e renovável para mais de 30 mil pessoas, a Hidrelétrica Cazuza Fer-

autoridades municipais e estaduais, além de conselheiros e dirigentes das duas cooperativas.

Cooperativas auxiliam no restabelecimento da energia elétrica em Porto Alegre Em razão do temporal que assolou Porto Alegre no dia 29 de janeiro, 450 mil clientes da concessionária CEEE ficaram sem energia elétrica, gerando uma situação caótica na capital. Em virtude disso, a Secretaria de Minas e Energia solicitou o apoio da Fecoergs e das cooperativas para auxiliar nos trabalhos de restabelecimento da energia em Porto Alegre. As cooperativas Certaja e Certel atenderam o pedido solicitado e, entre os dias 1 e 3 de fevereiro enviaram equipes de trabalho para auxiliar a CEEE nos bairros Cidade Baixa e Petrópolis, onde realizaram serviços de podas, emendas de cabos, troca de condutores e manutenção. 12

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


O Projeto de Gerenciamento de Resíduos, mantido pela Unimed Missões/RS, contabilizou um total de 1.035.946 litros de resíduos recolhidos pela Cooperativa, desde agosto de 2008, quando foi lançado, até dezembro de 2015. Além dos resíduos de saúde gerados nos consultórios de médicos cooperados e nos serviços próprios, como Laboratório, Pronto Atendimento e Hospital Unimed, a Cooperativa também recolhe outros resíduos descartados pela comunidade, como pilhas, baterias, aparelhos celulares, cartões plásticos, remédios vencidos, blisters, eletrônicos, raio x e tonners. A Unimed também realiza a captação de lâmpadas fluorescentes domésticas.

Languiru certifica outras 17 propriedades que participam de programa de qualidade N

o dia 7 de janeiro, a Cooperativa Languiru certificou outras 17 propriedades rurais de associados que participam do programa Boas

Mais de 3.300 pessoas lotaram o pavilhão da Fenavinho, em Bento Gonçalves, no dia 26 de fevereiro, para celebrar os 85 anos da Cooperativa Vinícola Aurora, completados no dia 14 de fevereiro. A celebração marcou também o lançamento do livro que resgata a história da Cooperativa, escrito pelo associado Remy Valduga.

Práticas na Fazenda (BPF). Na ocasião foram reconhecidas proprieda-

O Hospital São João Batista, de Nova Bréscia, recebeu do Projeto Criança Dália, no dia 3 de março, a doação de equipamentos e mobília para a área pediátrica no valor de R$ 10 mil.

do assistente administrativo da Indústria de Laticínios, Tiago Weimer.

O Comitê de Sustentabilidade da Unimed Pelotas efetuou, no dia 22 de março, a doação de chocolates e doces ao Instituto de Menores Dom Antônio Zattera. Os produtos, em parte doados pela cooperativa de Saúde e também arrecadados entre seus colaboradores, integraram as cestas de Páscoa das crianças e jovens que frequentam a instituição, que atende 79 crianças e adolescentes, entre 6 e 16 anos.

des com produção de leite em Estrela, Westfália, Paverama, Mato Leitão, São Pedro da Serra, Colinas, Santa Cruz do Sul e Arroio do Meio. Com essas, já são 45 propriedades certificadas desde abril de 2015. A iniciativa da Cooperativa busca orientar os produtores de leite associados a adotarem procedimentos e controles que contribuem para aumentar a qualidade e a segurança do leite. A entrega de certificados às famílias de associados ocorreu em solenidade na sede administrativa da Languiru, em Teutônia, e contou com a presença do vice-presidente da Cooperativa, Renato Kreimeier, do coordenador do Setor de Leite do Departamento Técnico da Languiru, Fernando Staggemeier, e

Cosulati exporta 300 toneladas de leite em pó para a Venezuela Após a obtenção da habilita-

A negociação é fruto de uma

ção para a exportação de seus pro-

série de tratativas envolvendo ór-

dutos, a Cooperativa Sul-Rio-Gran-

gãos governamentais e de missões

dense de Laticínios (Cosulati) ini-

empresariais nacionais. A remessa

ciou o ano com o primeiro embar-

comercializada é de leite em pó

que internacional. A diretoria anun-

integral e chegará ao mercado da

ciou no dia 8 de janeiro o embar-

Venezuela em embalagens fracio-

que de 300 toneladas de leite em

nadas de um quilo, levando a mar-

pó para a Venezuela.

ca Danby. 13


AT UA L I DA D E S

Sicredi no Top 5 Anual do Banco Central Pelo quarto ano consecutivo, o Sicredi está no Top 5, prêmio anual do Banco Central do Brasil (BC). Em 2015, a instituição financeira cooperativa ficou na quinta colocação na projeção de curto prazo de inflação medida pela Taxa Over Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), com nota 9,6463, sendo a única representante do cooperativismo no ranking. Ao longo do ano, o Sicredi também figurou em diversas colocações do Top 5 mensal. A pesquisa de expectativas de mercado do BC destaca, mensalmente e anualmente, as cinco instituições financeiras que fizeram projeções econômicas mais consistentes.

Cotrijal inaugura nova unidade de beneficiamento de sementes A Cotrijal inaugurou no dia 23 de março sua nova Unidade de Beneficiamento de Sementes, em um investimento de R$ 48 milhões. A solenidade reuniu cerca de 1.100 pessoas, a maior parte produtores da Cooperativa. A nova unidade possui capacidade total de armazenagem de 628 mil sacos de 40kg e gerou um aumento de 20% em empregos.

Cermissões é homenageada na Assembleia por seus 55 anos Os 55 anos da Cooperativa de Geração e Distribuição de Energia das Missões (Cermissões) foram homenageados no dia 1° de março, no Grande Expediente da Assembleia Legislativa, pelo deputado Eduardo Loureiro. A melhor distribuidora de energia entre 2014 e 2015, de acordo com a Aneel, está presente em 27 municípios da região Noroeste do Estado.

14

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

Cooperativas são destaques na pesquisa Marcas de Quem Decide

A

s cooperativas estão entre as marcas mais lembradas e preferidas dos gaúchos. É o que apontou a 18a

edição da pesquisa Marcas de Quem Decide, organizada pelo Jornal do Comércio e a Qualidata Informações Estratégicas, que apresentou no dia 8 de março, no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, as cinco marcas mais lembradas e preferidas em 80 setores, além das três categorias especiais. Realizado anualmente no Rio Grande do Sul, o levantamento de 2016 incluiu 80 setores econômicos e três categorias especiais: Grande Marca Gaúcha, Apoio ao Empreendedor e Responsabilidade Social – todas marcas indicadas nas modalidades “lembrança” e “preferência”, por empresários, gestores e profissionais liberais. Como já é de praxe, as cooperativas gaúchas se destacaram novamente na pesquisa e aparecem em nove setores distintos, com destaque para a nova categoria “Cooperativa”. Além dessa, as sociedades cooperativas do Estado também aparecem em outras categorias: Energia, Laboratório Clínico, Plano de Saúde, Plano Odontológico, Produtos Lácteos, Queijo, Vinho e Espumante. Entre as marcas de cooperativas mais lembradas e preferidas pelo público gaúcho estão: Sicredi, Unimed, Santa Clara, Cotrijuí, Unicred, Cooperativa Vinícola Aurora, Coprel, Uniodonto, Cooperativa Piá e Cosulati (com a marca Danby). AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


O Sicredi encerrou 2015 no Rio Grande do Sul com um cenário diferenciado da realidade atual da economia brasileira. A operação acumulada do ano fechou com saldo positivo, somando ativos totais administrados acima de R$ 26,3 bilhões, que representam 21,59% de crescimento sobre igual período de 2014. Para 2016, a perspectiva é de cautela, mas otimista. “Justamente em situações onde a economia mostra dificuldades é que devemos ter olhos para perceber as oportunidades. Ou saber criá-las”, ressalta o diretor executivo da Central Sicredi Sul, Gerson Seefeld.

Também seguindo a tendência dos últimos anos, o Sistema Unicred RS apresentou um ritmo de desenvolvimento superior à média do mercado. Em 2015, o crescimento na carteira de crédito foi de 19%, chegando a R$ 1,2 bilhão. O resultado total obteve crescimento de 34% em comparação com 2014, ultrapassando R$ 74 milhões. “O sistema cooperativo seguirá sendo atrativo, pois é uma alternativa financeira moderna e inteligente”, destaca Rodrigo Borges, superintendente da Unicred Central RS.

Carina Marques

O Projeto Teatro na Escola, da Unimed Litoral Sul, aborda, em 2016, a prevenção do Aedes Aegypti. Durante o primeiro semestre letivo, a peça “Corra que o mosquito vem aí!” será apresentada a alunos de 1º ao 4º ano. O projeto, destinado a escolas das redes municipal, estadual e particular é gratuito e ocorre pelo 13º ano. Os agendamentos para esse ano podem ser feitos pelo telefone (53) 3036-9728.

UTI Neonatal do Hospital Estrela recebe Projeto Criança Dália O

s bebês recém-nascidos, prematuros e que necessitam de cuidados especiais, agora também contam com cuidados do Pro-

jeto Criança Dália. No dia 22 de março, representantes da Dália Alimentos estiveram no Hospital Estrela realizando a entrega dos equipamentos adquiridos com o recurso e alocados na UTI Neonatal. Parte do material também foi destinado à ala de pré-natal do hospital que é referência em gestantes de alto-risco no Estado. A comitiva da Cooperativa foi recebida pela diretora do hospital, Teresia Sonia Steffen. Para o presidente do Conselho de Administração da Dália Alimentos, Gilberto Antônio Piccinini, a cada entrega é possível enxergar a importância do projeto. “Poder ajudar a uma instituição em que se salvam vidas é muito valoroso para nós. Este recurso é fruto de um universo de aproximadamente sete mil famílias, entre associados e funcionários”, explicou. A UTI Neonatal do Hospital Estrela conta com dez leitos. Segundo a direção, são registrados cerca de 50 nascimentos por mês. Participaram da entrega do material delegados da Cooperativa, funcionários e corpo clínico do hospital.

Creral lança programa para levar internet ao meio rural Cerca de 900 associados da Creral em Sananduva e Ibiaçá participaram no dia 19 de fevereiro, do ato de lançamento do programa de internet para o meio rural, uma parceria da Creral com a Cresol Sananduva e o Sicredi Altos da Serra, que visa impulsionar a instalação de fibra óptica nas comunidades rurais e entregar serviços de internet aos associados da Cooperativa.

Na oportunidade, foi assinado um acordo de cooperação que possibilita o financiamento através de uma linha de crédito do Pronaf. Também foram assinados os primeiros cadastros de associados interessados nos serviços de internet nas suas comunidades, e um termo de prestação de serviços de internet gratuita com o corpo de bombeiros voluntários de Sananduva. 15


Divulgação Cotricampo

AT UA L I DA D E S

Cotricampo realiza primeira Expo Agro A

Cotricampo realizou, no dia 25 de fevereiro,

grande espaço de convivência com praça de ali-

em Campo Novo, a primeira edição Feira

mentação.

Agropecuária Cotricampo-Expo Agro. O objetivo

Neste primeiro ano, de acordo com o presidente

do evento foi oferecer maior interação entre o qua-

Gelson Bridi, a Cotricampo realizou um projeto piloto.

dro social, fornecedores do ramo do agronegócio

“A Expo Agro Cotricampo 2016 é a primeira edição

e demais empresas parceiras, além de agregar o

de uma feira que vai crescer com foco de atividades

dia de campo-soja.

pensadas não só ao nosso associado, mas também à

O conceito da organização do evento foi de

toda família dele e comunidade. O intuito da realiza-

reproduzir um ambiente destinado ao associado,

ção do evento não focou somente na exposição em

com várias opções de atividades oferecidas: visi-

si, foi além disso. A Expo Agro também proporcionou

tação aos experimentos, eventos técnicos e um

a troca de conhecimento e experiências”, destacou.

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS DA LANGUIRU RENOVA SELO AMBIENTAL

A Cooperativa Languiru é adepta de iniciativas que visam à sustentabilidade em várias frentes. O Programa Energia Verde em Harmonia Ambiental, gerenciado pela coirmã Certel e que tem por finalidade neutralizar a emissão de gases do efeito estufa, é um desses exemplos. No dia 23 de março ocorreu a entrega do certificado que oficializou a renovação do Selo Carbono Neutro à Indústria de Laticínios da Cooperativa, instalada no Bairro Teutônia. O período de neutralização da emissão de gases do efeito estufa iniciou no dia 23 de dezembro de 2015 e vai até o dia 22 de dezembro de 2016. A Indústria de Laticínios estima neutralizar neste período 508,16 toneladas equivalentes de Gás Carbônico (CO2), o que corresponde ao plantio de 2.542 árvores nativas. Por sua vez, será realizada a conservação de uma área com essa quantidade de vegetação nativa, localizada na Cabanha Genética, granja de suínos da Cooperativa localizada em Teutônia.

PAUTAS DO COOPERATIVISMO DE ENERGIA SÃO DISCUTIDAS ENTRE LIDERANÇAS DO SETOR

Seguindo o sexto princípio do cooperativismo, Intercooperação, as cooperativas de energia do Rio Grande do Sul trabalham temas importantes do setor através da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural - Fecoergs, e estiveram reunidas no dia 18 de março na sede da Coprel, em Ibirubá. Doze cooperativas estiveram representadas pelos seus presidentes e técnicos na reunião, discutindo os principais temas de interesse comum das Cooperativas. A principal demanda que tem envolvido o trabalho da Fecoergs atualmente é a nova metodologia tarifária. A Federação defende, junto ao governo e Aneel, propostas de compensação, visto que as cooperativas atuam em um mercado diferente das concessionárias. As cooperativas defendem a tarifa justa: sem onerar o cooperante e também permitindo o desenvolvimento das atividades e manutenção da prestação de serviços com qualidade. Participaram da reunião as cooperativas Cerfox, Cermissões, Ceriluz, Certaja, Certel, Certhil, Cooperluz, Coopernorte, Coopersul, Coprel, Creluz e Creral. 16

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Divulgação Coprel

Coprel lança livros comemorativos de seus 48 anos E

m 2016, a Coprel completa 48 anos.

te para associados, lideranças, instituições de ensino da região e comunidade em

A história da Cooperativa te-

ve início na década de 60, época em que a distribuição de energia estava restrita aos centros urbanos. No dia 14 de janeiro, dia do aniversário da Cooperativa, foram lançados dois livros de Olavo Stefanello, que contam a história da Coprel, em formato digital, para download gratuito no site da Cooperativa. Os livros impressos foram distribuídos gratuitamen-

geral. “Relembrar o passado é fundamental para compreender o presente e projetar o futuro. A trajetória dos primeiros anos da Coprel, vividos por Olavo Stefanello, mostra a evolução e o progresso da cooperativa que tem um compromisso muito forte com a sua missão hoje, que é levar renda e vida melhor para as famílias cooperantes”, salienta Jânio Vital Stefanello, presidente da Coprel. Para download dos livros acesse: www.coprel.com.br

COTRIROSA OFICIALIZA PARCERIA COM A CESA O presidente da Cotrirosa, Eduino Wilkomm, assinou no dia 16 de março, o contrato de arrendamento da estrutura da filial da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), de Santa Rosa, localizada ao lado do complexo de armazéns da Cooperativa, na Avenida Expedicionário Weber. O contrato, que tem validade de um ano, autoriza a Cotrirosa a usar a estrutura de armazenagem de aproximadamente 700 mil sacas, comportadas no espaço. Segundo o presidente da Cotrirosa, a Cooperativa planeja utilizar o espaço de armazenagem já para esta safra de soja. “Iremos organizar nosso espaço interno para agilizar o recebimento de grãos e o fluxo de caminhões, principalmente durante a safra”, destaca Wilkomm.

Creral INAUGURA NOVA REDE TRIFÁSICA A Creral inaugurou no dia 4 de março uma nova rede trifásica que vai atender a demanda por energia de cerca de 300 famílias de associados dos municípios de Jacutinga e Campinas do Sul. A Cooperativa investiu R$ 600 mil na construção da rede de 22 km e um novo ponto de recebimento de energia com a concessionária RGE. A nova rede começa na comunidade Lajeado Salto, em Jacutinga e vai até a Linha Três Serros, em Campinas do Sul. A região, juntamente com o município de Cruzaltense, atende 734 famílias. 17


CAPA

NÚMEROS FORAM APRESENTADOS DURANTE A 17ª EXPODIRETO COTRIJAL, EM NÃO-ME-TOQUE. ENTRE OS INVESTIMENTOS PREVISTOS, DESTAQUE PARA A AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE FÍSICA DAS INSTALAÇÕES DE ARMAZÉNS, SILOS, PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, HABITAÇÕES, TRANSPORTE E HOSPITAIS

Cooperativismo gaúcho anuncia investimentos de R$ 1,7 bilhão em 2016 O

nde tem união não tem chance para a crise. Dessa forma, o sistema cooperativista gaúcho anunciou durante a 17ª

Expodireto Cotrijal investimentos de R$ 1,7 bilhão em 2016. O potencial de aplicação de recursos financeiros passa por diversos setores da economia, incentiva o desenvolvimento socioeconômico e melhora a qualidade de vida da sociedade gaúcha. Entre os investimentos anunciados pelo presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, R$ 314 milhões são destinados às agroindústrias; R$ 905 milhões para a ampliação da capacidade física de diversas instalações (armazéns, silos, pequenas centrais hidrelétricas, habitações, transporte e novos hospitais); R$ 88 milhões em melhorias nos processos operacionais; R$ 55 milhões em formação, orientação e inclusão; R$ 276 milhões em tecnologia da informação; R$ 88 milhões destinados à assistência técnica e R$ 48 milhões em comunicação. O anúncio oficial, realizado no Mundo Cooperativo Gaúcho, sede do Sistema Ocergs-Sescoop/RS na Expodireto Cotrijal, contou com a

Luiz Junior

presença do governador do Estado, José Ivo Sartori. Em seu discurso,

Ampliação da Capacidade Física das Instalações Responsável por mais de 53% dos investimentos, a ampliação de armazéns, silos, PCHs, habitações, transporte e hospitais abrange diversos ramos do cooperativismo gaúcho.

Anúncio durante a 17ª Expodireto Cotrijal O anúncio oficial ocorreu no dia 7 de março, no Mundo Cooperativo Gaúcho, espaço do Sistema Ocergs-Sescoop/RS na Feira. Governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, destacou a importância do cooperativismo para o crescimento do Estado 18

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Luiz Junior

Vergilio Perius ressaltou o fator social dos investimentos realizados pelas cooperativas gaúchas e a geração de empregos, trabalho e renda que elas proporcionam

Sartori saudou a união das pessoas em cooperativas e lembrou de algumas dificuldades vividas anos atrás. “O fato maior é de que as pessoas representam muito para a vida de qualquer comunidade. Eu sei o quanto foi difícil há 20, 30 anos atrás. Hoje, a gente nota que o cooperativismo cumpre outro papel. As pessoas têm seriedade na gestão com honestidade, responsabilidade. Não tem outra maneira de fazer. Estou contente de estar vendo isso aqui”, salientou. O governador do Rio Grande do Sul ressaltou que o cooperativismo fixa o jovem no campo e destacou a cooperação entre as pessoas. “Aprendi desde jovem que o mundo só vai para a frente se a gente cooperar um com o outro. A dominação e a exploração têm que ser afastadas e superadas pela cooperação que temos que ter entre nós. Quem veio do meio rural sabe disso”, afirmou. Por fim, disse que hoje está vendo com alegria muitos jovens que podem ficar na colônia e estudar, permanecendo na agricultura. “Lá no meio rural a vida ainda é melhor. Tem muito sacrifício, mas é recompensante”, enfatizou. Ao discorrer sobre a participação do governo no anúncio dos investimentos, Sartori reforçou o apoio ao sistema cooperativista. “Nós do governo somos parceiros. Queremos estar juntos com essa tarefa de mudar o Rio Grande. E o cooperativismo tem um papel preponderante e muito importante nessa construção que queremos fazer. Muito obrigado ao

Luiz Junior

cooperativismo gaúcho”, finalizou.

Em seu discurso, Sartori reforçou o apoio do seu governo ao movimento cooperativista 19


CAPA

O presidente Vergilio Perius ressaltou o fator social dos investimentos realizados pelas cooperativas gaúchas e a geração de empregos, trabalho e renda que elas proporcionam. Ao mostrar os números para o público presente, Perius enumerou as riquezas que são geradas para o Estado do Rio Grande do Sul a partir dos investimentos das cooperativas, em seus treze ramos de atividades. Para o presidente da FecoAgro/RS e diretor-secretário da Ocergs, Paulo Pires, as cooperativas agropecuárias têm realizado muitos investimentos nos últimos anos e, em 2016, o cenário permanece o mesmo. “O crescimento que as safras do Rio Grande do Sul vêm tendo nos últimos anos se reflete na capacidade de investimentos que as cooperativas do ra20

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

mo disponibilizam em relação à ampliação e modernização da capacidade de recebimento e armazenagem de grãos e insumos, além da construção de novas unidades e avanços na questão da industrialização”, explicou o dirigente. Participaram do anúncio os diretores da Ocergs Irno Pretto e Margaret Garcia da Cunha; o superintendente da OCB, Renato Nobile; a prefeita de Não-Me-Toque, Teodora Lütkemeyer; o presidente e o vice da Cotrijal, Nei Mânica e Enio Schroeder; a primeira-dama do Rio Grande do Sul, Maria Helena Sartori; o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto; a presidente da Assembleia Legislativa do RS, deputada Silvana Covatti, acompanhada da deputada Zilá Breitenbach; e o presidente da Emater, Clair Kuhn.

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Moove

Ação Cooperativista para um Mundo Melhor

Os investimentos realizados pelo cooperativismo gaúcho se refletem no aumento dos seus ingressos, no número de associados e na geração de empregos diretos, trabalho e renda que proporcionam nas comunidades em que atuam.

Excelência em agricultura de precisão e assistência técnica Assessoria de Imprensa da Cotrijal

Referência em agricultura de precisão e assistência técnica ao produtor, a Cotrijal investe nessa área e oferece soluções personalizadas para o seu associado, para que ele desenvolva a sua atividade agrícola com sustentabilidade e rentabilidade. Segundo o presidente da Cooperativa, Nei César Mânica, somente na parte de assistência téc-

Renato Nobile; a prefeita de Não-Me-Toque, Teodora Lütkemeyer; o presidente e o vice da Cotrijal, Nei Mânica e Enio Schroeder; a primeira-dama do Rio Grande do Sul, Maria Helena Sartori; o secretário de De-

senvolvimento Rural, Pesca e

nica da Cotrijal são 51 agronômos e 10 veterinários. “Esse é o Rio Gran-

superintendente da OCB,

Cooperativismo, Tarcísio MiCotrijal, é do cooperativismo, é do

netto; a presidente da Assembleia Legislativa do RS, deputa-

evento conhecido internacionalmen-

Rio Grande do Sul”, do Brasil e hoje faz parte do mundo, destacou. Participaram do anúncio os diretores da Ocergs Irno Pretto

te. A Expodireto não é mais da

e Margaret Garcia da Cunha; o

Kuhn.

de que dá certo, é um Estado que tem investimento das cooperativas, como a Cotrijal que promove um

da Silvana Covatti, acompanhada da deputada Zilá Breitenbach; e o presidente da Emater, Clair

Confira o quadro de investimentos divulgados pelo Sistema Ocergs-Sescoop/RS Agroindústrias – R$ 314.446.516,00 Ampliação da Capacidade Física das Instalações - R$ 905.172.094,00 Assistência Técnica - R$ 88.000.000,00 Comunicação - R$ 48.200.000,00 Formação, Orientação e Inclusão- R$ 54.667.017,00 Melhoria nos Processos Operacionais - R$ 88.342.520,00 Tecnologia da Informação - R$ 276.311.400,00

Total – R$ 1,7 bilhão


CASE

COPREL NA ESCOLA ATENDE CRIANÇAS DO 1º AO 6º ANO, PROMOVE A EDUCAÇÃO COOPERATIVISTA E AJUDA A PREPARAR OS FUTUROS CIDADÃOS CONSCIENTES

Divulgação Coprel

Diversão que resulta em conhecimento

Umas das atrações da peça é o Coprelito, mascote da Coprel, que reforça os ensinamentos e interage com as crianças durante a apresentação

E

ducar, conscientizar e preparar o cidadão responsável, com princípios e valores coopera-

tivistas. Pensar no futuro com ações concretas que fazem diferença na sociedade e transformam a vida das pessoas. Tudo isso de maneira didática e com muita diversão. É com essa ideia que o projeto Coprel na Escola atende crianças do 1º ao 6º ano, com apresentação teatral, distribuição de materiais didáticos, integração, brincadeiras e ensino de noções de cidadania, cooperativismo, preservação do meio ambiente, uso eficiente da energia elétrica e cuidados com a eletricidade. Em 135 edições, o projeto que teve início em 2004 já percorreu 52 municípios da área de atuação da Coprel e reuniu mais de 61 mil pessoas, entre alunos e professores. Números que reforçam a importância de iniciativas que privilegiam a educação cooperativista como instrumento de formação e informação. “Acredito que um dos grandes diferenciais do sistema cooperativo é a preocupação e dedicação aos temas sociais, e a educação é um dos mais importantes instrumentos na construção de uma sociedade melhor. Por isso, incutir os valores do cooperativismo na educação das crianças traz resultados a longo prazo, 22

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

pois as novas gerações estão crescendo em um ambiente que estimula a comunicação, as relações em comunidade, a cooperação. Melhor se elas forem estimuladas a isso desde os primeiros anos na escola”, ressalta o presidente da Coprel, Jânio Vital Stefanello.

TEATRO A SERVIÇO DO COOPERATIVISMO Atento aos futuros agentes de transformação social, o projeto leva informações às crianças e jovens de escolas municipais, estaduais, particulares e de educação especial. As atividades são desenvolvidas através da peça teatral “Cuidado! A energia baixou em mim”, que apresenta a evolução das variadas formas de energia e trata da importância e dos perigos da eletricidade. A apresentação teatral também fornece dicas de consumo consciente, mostra a necessidade de preservar o meio ambiente e ter o cooperativismo presente nas ações diárias. Tudo de maneira didática e divertida, aliando conhecimento e alegria. “A didática, o público-alvo e a peça teatral do projeto foram estudadas para que, em meio às brincadeiras e toda a diversão que o projeto envolve, as crianças se sentissem realmente envolvidas com a

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Divulgação Coprel

região em nível estadual e nacional. Isto resulta em maior identificação da comunidade conosco e o reconhecimento dos valores do cooperativismo, mostrando o quanto as cooperativas são instrumentos para o desenvolvimento econômico e social da região onde estão inseridas”, afirma o presidente da Coprel. O projeto também destaca a importância do modelo cooperativo para o desenvolvimento da sociedade, e como se pode cooperar para ter um mundo melhor e mais justo. Para a secretária de Educação de Salto do Jacuí, Marisa Cunha, a peça teatral traz na sua essência o espírito da cooperação. “Esse senProjeto conta com o apoio do Sescoop/RS e das secretarias de Educação dos municípios participantes

importância dos ensinamentos do Coprel na Escola. Além das gargalhadas com as brincadeiras dos atores, vemos centenas de rostinhos atentos quando se alerta sobre os perigos da energia, da importância dos recursos naturais e do espírito cooperativo estar presente na vida das pessoas”, explica a orientadora

timento de cooperação nós trabalhamos na escola, de forma que os alunos também se sintam responsáveis por aquilo que eles estão fazendo na escola, por aquilo que eles vão fazer nas suas casas, responsáveis pela sustentabilidade do planeta, responsáveis pela economia de energia elétrica. Esse sentimento, se for cultivado, se for nutrido no espaço escolar, será um sentimento que vai estar presente no futuro cidadão do nosso município”, destaca Marisa.

de Comunicação da Coprel, Raquel Lazzarotto.

Raquel destaca o papel lúdico do trabalho e a re-

O espetáculo ressalta a importância da energia elétri-

percussão que ele tem nas famílias. “Além de diver-

ca para o desenvolvimento das comunidades, alerta

tir, o Coprel na Escola quer causar o impacto para

para a prevenção de acidentes, orienta sobre a utili-

que os pequenos falem sobre o projeto em casa

zação eficiente da energia elétrica e da água e, com

com a família, comecem a prestar atenção no tem-

a participação da plateia, destaca a importância de

po de banho, nos trabalhos em grupo e nos demais

cooperar para se ter um mundo melhor e mais justo.

ensinamentos do projeto”.

Umas das atrações da peça é o Coprelito, mascote da

A estudante Gabriela Rech Gobbi, do município de

Coprel, que reforça os ensinamentos e interage com

Colorado, resumiu o que aprendeu sobre os princípios

as crianças durante a apresentação. Ao final da peça,

e valores do cooperativismo. “Se cada um ajudar o ou-

são feitas perguntas para recapitular o que as crian-

tro, a gente consegue ter um mundo melhor”, afirmou.

ças aprenderam no encontro. A organização realiza um sorteio e a criança ou o professor sorteado tem a oportunidade de responder perguntas relacionadas à energia elétrica, cooperativismo e meio ambiente.

RECONHECIMENTO E CONQUISTAS Um case de sucesso, o Coprel na Escola coleciona conquistas importantes no cenário estadual e nacional. Em 2008, o projeto sagrou-se vencedor do Prêmio Cooperativa do Ano, na categoria Infraestrutura, promovido pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e revista Globo Rural, da Editora Globo. Em 2014, o presidente da Cooperativa, Jânio Vital Stefanello, recebeu o “Troféu Campeador” da RBS TV, na categoria “Comunidade e Lideranças”, pela atuação no projeto. “Esses prêmios proporcionam um sentimento de orgulho para os colaboradores e para toda a comunidade local, ao projetar o nome da cooperativa da

BANHO EFICIENTE É NOVIDADE DO PROJETO

Um desafio que une consciência ambiental com

educação financeira, mostrando a importância de atitudes simples, como a redução no tempo de banho e o impacto no orçamento da família. É com essa proposta que a Coprel implementou a partir de 2016 o desafio “Banho Eficiente”. Trata-se de uma dinâmica na qual cada turma recebe uma ampulheta para cálculo do tempo do banho. O instrumento é repassado de um aluno para outro e, após todos realizarem o registro, a professora auxilia a calcular o custo do tempo de banho de cada estudante e de toda turma. Os alunos recebem uma mochila contendo caderno em papel reciclado, que contém atividades didáticas, dicas de segurança e de cuidados com o meio ambiente, uma caneta personalizada da Cooperativa, lápis de escrever, um jogo de memória educativo e um imã de geladeira. Além disso, assistem um vídeo que apresenta a Coprel e o sistema cooperativo, com duração de 8 minutos. 23


LEGISLAÇÃO

A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos

(Montesquieu)

TIAGO MACHADO ADVOGADO, PÓS-GRADUADO EM RESPONSABILIDADE CIVIL, DIREITO IMOBILIÁRIO E CONTRATOS - IDC E COORDENADOR JURÍDICO DO SISTEMA OCERGS-SESCOOP/RS

R

24

ecentemente assisti uma palestra cujo título era

mais grave quando parte de órgãos e agentes pú-

“O Perigo de uma única história” proferida pe-

blicos – não todos, que generalizando o casuísmo,

la escritora nigeriana Chimamanda Adichie. Durante

inserem obstáculos ao desenvolvimento das coope-

sua exposição, a escritora apresentou os prejuízos cau-

rativas, como por exemplo, quando introduzem ve-

sados pelas histórias que contam apenas uma parcela

dações para participação de cooperativas de Traba-

do que é uma determinada sociedade como se refle-

lho em procedimentos licitatórios.

tisse a totalidade do que é aquele povo ou sociedade,

A argumentação em sentido contrário é afirmar

utilizando, no caso, o exemplo do que as pessoas pen-

que as cooperativas não estão vedadas de partici-

sam a respeito da Nigéria e o que de fato ela é.

par de procedimentos licitatórios, mas estariam im-

Trata-se, na verdade, da criação de estereóti-

pedidas tão somente “nos casos em que por sua na-

pos. Esse problema não é exclusivo da história da

tureza ou pelo modo como é usualmente executado

Nigéria, mas de forma ampla, em todas as esferas,

no mercado em geral, houver necessidade de subor-

pessoas ou instituições são definidas por uma par-

dinação jurídica entre o obreiro e o contratado”, in-

cela do que lhes caracteriza. Essa forma de pensa-

cluindo, muitas vezes, uma série de atividades que,

mento, hodiernamente, está acentuada e marcada,

subjetivamente, entendem ser incompatíveis com a

muitas vezes, pela radicalização do discurso, colo-

prestação de serviços através de cooperativas.

cando “em cheque” a totalidade de um grupo ou

A vedação, nesse caso, é velada, uma vez que

de instituições. Essa forma de expressão, radicali-

tal limitação impossibilita, em muitos casos, a par-

zada ou não, obviamente, é legítima e natural nu-

ticipação de cooperativas dado o grau de subjeti-

ma democracia. Entretanto, faz-se necessária al-

vidade com que determinadas atividades são inter-

guma consideração que possa produzir reflexão

pretadas, por parte do agente público, deduzindo-

quanto ao tema. Por exemplo, afirmar que todos

-se, sem análise da situação fática, que essa ativi-

os políticos são corruptos, não é uma história com-

dade é eminentemente caraterizada pela subordi-

pleta, pois quem atua próximo a parlamentares sa-

nação jurídica.

be que existem muitos comprometidos com causas

Caso a subordinação jurídica dependesse exclu-

importantes para a sociedade e que possuem atua-

sivamente da identificação da atividade realizada

ção ética.

para sua caracterização, a Justiça do Trabalho não

Trazendo para o contexto do cooperativismo, a

necessitaria de longos processos judiciais, contem-

realidade não é muito diferente. Embora o senso co-

plando pedido e contraditório, audiências, oitivas,

mum prejudique a imagem de instituições, isso fica

análise da situação fática e das provas, entre tantos

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


outros procedimentos, pois poderiam, por mero si-

pena de ferir princípios de extrema relevância para

logismo, reconhecer a existência de vínculo de em-

o Estado Democrático de Direito, que por sua vez

prego a partir da atividade.

instituiu, através da Constituição Federal de 1988,

Entretanto, como é sabido, a atuação da Justiça do Trabalho, nesse sentido, deve estar adstrita aos

os legitimados, as competências e os ritos para criação de qualquer lei.

direitos consagrados na Constituição, como do de-

Esta forma de agir em relação às cooperativas

vido processo legal, o contraditório e a ampla defe-

de Trabalho está em descompasso com as dispo-

sa, analisando a situação toda para, somente então,

sições constitucionais e infraconstitucionais. A

a partir do “contrato realidade” definir se no caso

manutenção de entendimento diverso, possibilita,

concreto há ou não subordinação jurídica.

por dedução lógica, reconhecer existência de su-

Não bastasse isso, seria (e é) uma ilegalidade re-

bordinação jurídica por antecipação e “por ata-

conhecer a existência de subordinação jurídica a par-

cado”, antes mesmo da existência da relação de

tir da atividade, por um motivo relativamente sim-

fato.

ples: Princípio da Legalidade, expresso no art. 5°, inciso II da Constituição Federal. Vejamos:

As cooperativas necessitam ter seus direitos respeitados, livres dos preconceitos que as circundam. A Constituição Federal e a Recomenda-

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis-

ção 193 da OIT determina o fomento às coopera-

tinção de qualquer natureza, garantindo-se

tivas. A legislação infraconstitucional permite a

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes

participação de cooperativas de Trabalho em li-

no País a inviolabilidade do direito à vida, à li-

citações e proíbe sua vedação. É necessário

berdade, à igualdade, à segurança e à pro-

conhecer todos os lados da história das cooperativas

priedade, nos termos seguintes:

de Trabalho, pois realizam inclusão social e

(...)

econômica, promovem o desenvolvimento da

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar

comunidade onde estão inseridas, investindo na

de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

profissionalização de seus associados, possibilitando trabalho e renda, além da distribuição de

Consequentemente a ideia de instituir atividades

seus resultados. O dever constitucional, que vin-

que por sua natureza seriam subordinadas não pas-

cula a todos, é de estímulo e apoio ao coopera-

sa pelo crivo da legalidade, pois decorre de inter-

tivismo, nos termos do art. 174, §2° da Constitui-

pretações subjetivas, sem embasamento legal, pois

ção Federal.

não há qualquer previsão legal que possibilite qual-

Não se trata, portanto, de defender os maus exem-

quer agente público ou privado fazer tal inferência.

plos, mas sim de proteger os bons exemplos, de-

Dito de outro modo, não existe uma legislação que

monstrando que a história das cooperativas é muito

estabeleça quais são as atividades que por sua na-

mais ampla e significativa do que eventuais percal-

tureza são subordinadas, não podendo o intérprete

ços cometidos por pessoas descomprometidas com

criá-las e torná-las de obrigatória observância, sob

o ideal do cooperativismo. 25


PERFIL Rafaeli Minuzzi

Reportagem/perfil sobre personagem que seja liderança no Presidente da ambiente cooperativista Fetrabalho/RS, Margaret Garcia da Cunha 26

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


A PRESIDENTE DA FETRABALHO/RS E DIRETORA DO RAMO TRABALHO DA OCERGS, MARGARET GARCIA DA CUNHA, É O PERFIL DE LIDERANÇA DESTA EDIÇÃO E CONTA SUA TRAJETÓRIA E VIVÊNCIAS NO COOPERATIVISMO

Uma cooperativista incansável Sou apaixonada pelo cooperativismo como sou pela minha família. Ele é a extensão da família porque transforma as espaço pessoas, se for aplicado dentro da doutrina a que se propõe. E sempre digo que o DNA do cooperativismo é o ramo Trabalho, porque dá ao cidadão em situação de vulnerabilidade a chance de fazer sua própria transformação, de ser protagonista da sua própria trajetória”.

A

presidente da Federação das Cooperativas de Trabalho do Estado do Rio Grande do Sul (Fetrabalho/RS) e diretora do ramo Trabalho da Ocergs, Margaret Garcia da Cunha, é oriunda de uma família urbana do município de Santa Cruz do Sul. Nascida no dia 24 de agosto de 1955, a terceira dos cinco filhos de seu Adão e dona Odete, carrega nas veias o sangue quente da origem espanhola do pai. Em seus “60 anos bem vividos”, Margaret sempre foi ousada e determinada a atingir seus objetivos. Conta que sua ‘rebeldia’ começou aos 14 anos, quando ainda estudante da Escola Goiás, decidiu trabalhar em uma agência de turismo de sua cidade para economizar dinheiro e estudar em Porto Alegre. Oriunda de uma família que incentivava o esporte, aos 15 anos Margaret representou a seleção gaúcha de vôlei em um campeonato no Rio de Janeiro. Seus primeiros passos como líder foram dados nessa mesma época quando, com um grupo de colegas,

organizou uma ocupação da escola, em reivindicação às mudanças realizadas na legislação da instituição. Aos 17 anos, sai de sua cidade, cursa pré-vestibular e passa para Nutrição na Unisinos. Nos três primeiros anos de faculdade, estudava e trabalhava no setor de folhas de pagamento do Banco Sulbrasileiro, no centro de Porto Alegre, onde já iniciava seus primeiros contatos com o cooperativismo, sendo associada da cooperativa de Consumo do Banco. Juntamente com a faculdade de Nutrição, cursava Psicologia e, faltando três semestres para as formaturas, desistiu da Psicologia e foi convidada para trabalhar no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, oferta que aceitou sem titubear, sem nem mesmo saber o salário que receberia. Nessa época, em meados de 1975, Margaret também era associada e prestava serviços a uma cooperativa de Estudantes de Porto Alegre. “Os livros eram comprados mais baratos. Ao retirar um livro, o associado doava uma tarde de trabalho na cooperativa”, lembra. Lá também conheceu o esposo Renato, com quem teve dois filhos, o Gustavo e a Paula. Após um ano de sua formatura, em 1983, quando Gustavo nasceu, Margaret decidiu largar o emprego, contrariando muitas opiniões, mais uma vez. E ela não se arrependeu. “Foi a melhor escolha da minha vida porque sentia que meus filhos precisavam de mim e, naquela época, as creches não davam o mesmo suporte de hoje em dia”.

PROTAGONISMO NO COOPERATIVISMO Após seis anos dedicados aos filhos, Margaret começou a construir seu caminho no cooperativismo (o qual faz questão de lembrar da contribuição do então professor da Unisinos, Vergilio Perius), associando-se à Cooperativa de Artesãos do Rio Grande do Sul (Cooparigs). Em 2002, enquanto ainda trabalhava na Cooparigs, foi consultora externa do Sebrae e associou-se à Cooperativa de Trabalhos Técnicos e Serviços Especializados (Cootrael). Em 2005 terminou o curso de Especialização em Cooperativismo pela Unisinos e começou a participar como voluntária de atividades da Fetrabalho/RS. 27


PERFIL

Nessa mesma época, convidada pela sócia fundadora da Cootravipa, Elisabeth dos Santos Freitas, inicia o suporte de Educação Cooperativista à Cooperativa, ministrando aulas sobre Gestão de Tempo, Empreendedorismo e Liderança. E, desde então vem trilhando seu caminho de lutas ferrenhas em defesa dos associados e trabalhadores das cooperativas de Trabalho no Estado e no País. “Sou apaixonada pelo cooperativismo como sou pela minha família. Ele é a extensão da família porque transforma as pessoas, se for aplicado dentro da doutrina a que se propõe. E sempre digo que o DNA do cooperativismo é o ramo Trabalho, porque dá ao cidadão em situação de vulnerabilidade a chance de fazer sua própria transformação, de ser protagonista da sua própria trajetória”.

FETRABALHO/RS Na Fetrabalho/RS, foi secretária, vice-presidente em 2009, presidente em 2013, reeleita em 2016. À frente da Federação, Margaret destaca que um dos seus maiores desafios foi aumentar o número de cooperativas associadas à Fetrabalho/RS, de cinco, em 2010, para 13, atualmente e ainda, mostrar que as cooperativas devem ser viáveis. “Cooperativa não deve ser assistencialista. O primeiro compromisso da cooperativa com o associado é o econômico. Porque se ela não for economicamente viável, vai deixar de atender o social. Isso não pode ser separado. Econômico e social devem andar juntos”. Nos últimos anos, destaca o trabalho significativo da Fetrabalho/RS de mostrar às cooperativas a importância da Lei 12.690, que trata das cooperativas de Trabalho. “A Lei veio para mostrar que as cooperativas de Trabalho precisavam olhar para dentro. Foi um passo difícil, mas o cooperativismo ganhou muito com a Lei”. Dentre as principais mudanças, Margaret destaca a inclusão dos valores sociais obrigatórios ao associado como repouso anual e semanal, insalubridade, e ainda, a exigência de uma Assembleia Especial no meio do ano. Defende com unhas e dentes o artigo que permite a exclusão do associado em caso de não participação nas Assembleias. “O associado que não participa da Assembleia, não merece ser associado. Esse é o segundo princípio do cooperativismo – Gestão democrática pelos associados”. Sempre em busca de conhecimento e para dar o exemplo como dirigente, em 2014 Margaret concluiu sua segunda especialização, MBA em Gestão de Cooperativas, pela Escoop. “Quando tu estás a frente de qualquer entidade, tu tens que se preocupar em transmitir as coisas de uma maneira mais eficiente, em transformar e participar de maneira efetiva na cooperativa. Desde que comecei a trabalhar com cooperativismo busco me aperfeiçoar para ajudar as pessoas que trabalham comigo a 28

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR• 2016

crescer. A especialização, a evolução é importantíssima. Terminei a pós-graduação com 50 e poucos anos. Quero fazer mestrado com 60 e doutorado com 80. Não vou parar por aqui”. Em 2014, foi eleita como diretora do ramo Trabalho na Ocergs, no novo modelo de Governança da entidade, o qual considera o melhor modelo de gestão. “É uma representação legítima. Essa diretoria foi eleita em suas federações para representarem seus ramos e o fazem muito bem. É um modelo novo, jovem, que necessita ainda de muitos ajustes, mas estamos no caminho certo”. Sobre a representação feminina no cooperativismo brasileiro e gaúcho, a conselheira da Ocergs acredita que a mulher ainda está muito aquém. “Elas são maioria na produção, mas dificilmente chegam a cargos de diretoria ou presidência. Ganharíamos mais espaço se nos uníssemos. Eu brigo, luto, estudo, leio, queimo as pestanas e estou fazendo a diferença. E é isso que as mulheres devem fazer”.

SOBRE O FUTURO Sobre o atual momento do cooperativismo gaúcho, Margaret acredita que muita coisa mudou, mas que ainda há muito o que evoluir. “Nos preocupamos com gestão, competitividade e qualidade de mercado, formamos novas lideranças na Escoop e temos hoje ótimas cooperativas. Mas temos que nos preocupar com os jovens, pensar em governança, questionar, refletir”. Preocupa-se também com a sucessão das federações e cooperativas. “Hoje somos nós que gerimos, mas amanhã serão outras pessoas que transformarão vidas. Os gestores precisam entender que a cooperativa não é deles, mas de todos os associados”. Os princípios do cooperativismo estão também presentes em sua casa, sua vida pessoal, sua família. “Não sei mais viver sozinha. Nunca soube! Desde que nasci vivo em uma família grande, onde todo mundo compartilha tudo e coopera um com o outro. Eu gosto de gente, preciso de integração, partilha, ajudar. E isso é cooperativismo. Cooperativismo é gente”. Margaret mostra constantemente sua paixão pelas pessoas e tenta praticar isso no seu dia a dia. “O ramo Trabalho é um ramo difícil pelas suas peculiaridades, pois congrega cooperativas de vários segmentos e os mais diversos tipos de serviços e pessoas. Temos pessoas com alto nível de instrução e pessoas analfabetas e todas elas são associadas e merecem igual tratamento. Essa diversidade é um desafio diário para os dirigentes do Ramo”. E é por isso que quer ser lembrada: “aquela doida que por onde passou, levou o cooperativismo e mudou a vida das pessoas. Todos merecem o mesmo tratamento e carinho”. E finaliza: “Eu não me vejo fora do cooperativismo. Somos incansáveis na luta por ele”.

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Não sei mais viver sozinha. Nunca soube! Desde que nasci vivo em uma família grande, onde todo mundo compartilha tudo e coopera um com o outro. Eu gosto de gente, preciso de integração, partilha, Fotos: Arquivo pessoal

ajudar. E isso é cooperativismo. Cooperativismo é gente”.

1955

Nasceu em Santa Cruz do Sul, em 24 de agosto

1982

Conclui a faculdade de Nutrição, na Unisinos, em São Leopoldo

1982 a 2005

Prestou serviços na Cooperativa de Artesãos do RS, Cooparigs

2002

Associa-se à Cootrael

2005

Associa-se à Cootravipa, onde inicia o suporte de Educação Cooperativista, Gestão de Tempo, Empreendedorismo e Liderança, que presta até hoje

2005

Inicia suas atividades na Fetrabalho/RS

2005

Conclui a Especialização em Cooperativismo pela Unisinos

2009

Eleita vice-presidente da Fetrabalho/RS

2013

Eleita presidente da Fetrabalho/RS, cargo que ocupa até hoje

2014

Conclui MBA em Gestão de Cooperativas pela Escoop

2014

Eleita diretora da Ocergs, representando o ramo Trabalho

2016

Reeleita presidente da Fetrabalho/RS 29


ARTIGO

O cuidado cooperativo com a “Casa Comum” JOSÉ ODELSO SCHNEIDER PROFESSOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNISINOS – PPGCS E DA COMISSÃO COORDENADORA DO CESCOOP, ATUALMENTE NA SUA 33ª PROMOÇÃO

E

30

is uma bela expressão para o PLANETA

vítimas, levadas à sua próxima e possível extinção.

TERRA, que abriga hoje 7,4 bilhões de pes-

Mas a ambição humana incontrolável está levando

soas, de raças, culturas, religiões, etnias, nações,

a própria humanidade a condições de vida que tam-

tecnologias e regimes político-sociais tão diferentes

bém a ameaçam de extinção. É bom nos lembrarmos

na “Casa Comum”. Este mundo tão diferenciado es-

que por milhões de anos o Planeta Terra conseguiu

tá convocando hoje seus habitantes, para serem

viver e evoluir, sem a espécie humana.

agentes ativos e responsáveis nos cuidados da nos-

Pois nesta fase de nossa história humana, expres-

sa “Casa Comum”. É uma conclamação a todos os

sivas lideranças atuais, como porta-vozes da huma-

habitantes , independentemente de credo ou ideo-

nidade nos advertem, nos previnem sobre o rumo

logia. Isto numa época em que a “Casa Comum”es-

dos acontecimentos futuros. Recentemente Ban-Ki

tá sendo cada vez mais agredida, dilapidada e ex-

Moon, secretário executivo das Nações Unidas, o

plorada até a sua exaustão. A ganância humana, o

Papa Francisco, em especial na sua grande Encíclica

impulso insaciável para extrair dela cada vez mais

Ecológica Laudato Si, outros relevantes líderes mun-

recursos, movidos pelo lucro cada vez maior no seu

diais, cientistas, profissionais da saúde e dos espor-

processo de concentração, nos leva lentamente aos

tes, nos advertem para um futuro de progressiva e

limites da suportabilidade da habitação comum. Es-

generalizada extinção, caso não mudemos nossas

pécies animais e vegetais estão sendo as primeiras

mentes, nossa cultura, nossos estilos de trabalho e

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


de consumo e nossos costumes em relação à Mãe

tenta e governa e produz variados frutos com flores

Natureza.

coloridas e verduras”.

Sugerem-se novas tecnologias de trabalho e de

Na Encíclica Ecológica do Papa Francisco, ao

produção, uma forma mais autocontrolável de con-

falar de nossa relação com a natureza, diz “cres-

sumo sóbrio, superando a atual cultura de consu-

cemos a pensar que éramos seus proprietários e

mismo insaciável.

dominadores, autorizados a saqueá-la. A violên-

E um dos elementos naturais mais preciosos que

cia, que está no coração humano ferido pelo mal,

hoje está ameaçado é a água doce. Hoje, entre 800

vislumbra-se nos sintomas de doença que nota-

a 900 milhões de pessoas já não têm acesso a uma

mos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por

boa água potável, com as inevitáveis consequências

isso, entre os pobres mais abandonados e mal-

para sua saúde e para suas condições de vida e de

tratados, conta-se a nossa terra oprimida e de-

trabalho. Cada vez mais se poluem as águas dos nos-

vastada, que “geme e sofre as dores do parto”

sos arroios, rios e lagoas, com dejetos industriais e

(Rm 8, 22).

de outra ordem, que provocam a mortandade de

Esquecemo-nos que nós mesmos somos terra

toneladas de peixes e de outros animais e seres que

(cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos ele-

vivem na água.

mentos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e

Como seria atual e indispensável a presença de

a sua água vivifica-nos e restaura-nos. Somos o re-

um São Francisco de Assis, que soube traduzir e ir-

sultado das sementes emergidas da poeira das es-

radiar a sua santidade, já no século XII, para uma

trelas e do Cosmos.

influência positiva sobre a natureza, chamando os

Neste contexto, qual a contribuição que o coo-

seres da natureza e do mundo animal de “irmãos”,

perativismo pode dar? Por força do seu sétimo prin-

tais como irmão Sol, irmã Lua, irmã chuva, irmãos

cípio, da preocupação pela comunidade, na pers-

pássaros e animais, etc. No seu grandioso cântico a

pectiva de um desenvolvimento sustentável, muito

Deus e à natureza , recordava-nos que a nossa Ca-

poderá contribuir para resgatar um maior respeito

sa Comum se pode comparar ora a uma irmã, com

para com o meio ambiente. Como se poderá dar is-

quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe,

so? Poderemos ver a forma e modalidade desta con-

que nos acolhe nos seus braços: “Louvado sejas, meu

tribuição do cooperativismo nos próximos artigos,

Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sus-

em continuidade ao presente tema.

31


Leonardo Machado

ESPAÇO ESCOOP

Pesquisa aponta modelo de liderança para cooperativas Nesse contexto, qual é o líder ideal para a governança cooperativa? Quais são as forças que levam a pessoa a decidir liderar no empreendimento cooperativo? Essas são questões que a pesquisa pretende elucidar.

SESCOOP/RS APOIA PROJETO DE PESQUISA Para isso, a pesquisa, que teve início em julho de 2015 e conta com o apoio do Sescoop/RS, foi aplicada com mais de 200 trabalhadores de cooperativas, incluindo executivos, dirigentes, assessores, con-

F

selheiros e associados. omentar a produção científica no campo do

O projeto ainda está na fase de análise de in-

cooperativismo e ser referência em ensino e

formações, mas de acordo com os dados prelimi-

pesquisa no setor. É com essa proposta que a

nares coletados, aponta a responsabilidade social

Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo - Escoop

como a motivação principal dos líderes de coope-

investe em projetos de pesquisa voltados para as

rativas.

necessidades da gestão moderna em cooperativas.

Para o professor da Escoop, a identificação dos

Uma das novidades fica por conta do estudo elaborado

fatores motivadores para liderar nas cooperativas

pelo professor da Instituição, Fernando Dewes, que

determina o impacto que isso causa no próprio pa-

busca construir um modelo de liderança específico

pel do líder e no seu desempenho.

para cooperativas, denominado de liderança

Dewes afirma que o trabalho complementa a for-

cooperacional. O propósito é subsidiar a formula-

mação técnica do gestor, além de inspirar a busca

ção de programas de desenvolvimento de lideran-

de novas lideranças no cooperativismo. “Futuramen-

ças para o setor.

te quero fazer um mestrado aqui e ajudar a desen-

De acordo com o professor, a organização coo-

volver o campo do cooperativismo dentro do Esta-

perativa possui particularidades que devem ser ob-

do e no Brasil, me formando como uma liderança

servadas em relação a empresas mercantis. “Geren-

cooperativa e ajudando a fomentar dentro do cam-

ciar e administrar um empreendimento cooperativo

po cooperativo novas lideranças. O cooperativismo

é diferente de administrar uma empresa mercantil,

foi o campo de trabalho que eu escolhi para a minha

pela própria natureza, a doutrina do cooperativismo,

vida. Na Escoop eu encontro espaço de aprendiza-

os princípios e valores, que impõem um líder com

do e de pesquisa”, afirma o sociólogo e graduando

um perfil diferente. E é nessa linha de pesquisa que

da Escoop, Marcelo Ximenes, que participa da pes-

o nosso projeto atua”, explica.

quisa junto com o professor.

Para saber mais sobre a pesquisa acesse http://goo.gl/62u5Ya 32

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Divulgação Sistema Ocergs-Sescoop/RS

Conselho Regional de Contabilidade do RS credencia Escoop

FULANO DE TAL Cargo ou posição que ocupa/exerce Instituição de ensino superior foi credenciada pelo CRCRS como entidade de capacitação em cursos a serem oferecidos a contadores

P

rimeira instituição de ensino superior do

continuada e manter seu registro ativo. Na prática, os

Brasil voltada exclusivamente ao ensino, pes-

cursos realizados pela Escoop, por preencherem os

quisa e extensão em cooperativismo, a Escoop passa

requisitos estabelecidos pelo Conselho, serão com-

a ser uma entidade reconhecida pelo Sistema do Con-

putados para esse efeito.

selho Federal de Contabilidade e pelo Conselho de

Segundo o gerente de Monitoramento do Sistema

Contabilidade do Rio Grande do Sul (CFC/CRCRS),

Ocergs-Sescoop/RS e membro do CRCRS, José

que credenciou a instituição como uma Instituição

Máximo Daronco, o credenciamento da Escoop como Ins-

Capacitadora, habilitada a promover para os profis-

tituição Capacitadora é importante para os profissionais

sionais de contabilidade atividades de Educação Pro-

da área que trabalham em cooperativas, representando

fissional Continuada como cursos, palestras, seminá-

uma conquista para o Sistema Ocergs-Sescoop/RS. “Pa-

rios, convenções e treinamentos internos.

ra o Sistema Ocergs-Sescoop/RS é fundamental a cons-

O reconhecimento possibilita à Faculdade atender

tante atualização e o aprimoramento dos profissionais

à Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) PG 12,

quanto às normas técnicas da profissão, à legislação fis-

aprovada pelo CFC, pela qual os contadores devem

cal e tributária e às demais legislações específicas da

alcançar a pontuação anual em eventos de educação

Contabilidade Cooperativa”, afirma Daronco.

ALUNO DA ESCOOP TEM ARTIGO PUBLICADO EM REVISTA DA UFSM ESPECIALIZADA EM COOPERATIVISMO Orientado pelo professor da Escoop, Carlos Alberto Oliveira de Oliveira, o aluno do curso de especialização em Gestão de Cooperativas da Escoop, Robson Rodrigo Pereira Konzen, teve seu artigo de conclusão de curso publicado na Revista do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), chamada RGC – Revista de Gestão e Organizações Cooperativas. Intercooperação entre cooperativas: barreiras e desafios a serem superados é o título do artigo escrito por Robson Konzen. O trabalho pode ser acessado através do link http://goo.gl/gV1YW1.

33


ESPAÇO ESCOOP

Aspectos Constitucionais e Legais Controvertidos do Funrural: Questões Tributárias Atuais ROGÉRIO A. FERNANDES DE CARVALHO MESTRE EM DIREITO PÚBLICO E ESPECIALISTA EM DIREITO TRIBUTÁRIO, PROFESSOR DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOOP E ADVOGADO TRIBUTARISTA

E

34

m que pese tratar-se de matéria amplamen-

sual que generaliza/estende a interpretação do Su-

te debatida no âmbito do cooperativismo

premo Tribunal Federal sobre determinado tema a

agropecuário, a questão da incidência da contri-

todos os processos que discutem a mesma matéria

buição previdenciária sobre o resultado da comer-

jurídica.

cialização da produção rural (Funrural) da pessoa

Há duas consequências jurídicas do julgamento

física ainda está sujeita a controvérsias jurídicas não

desses dois recursos: 1º) neles não foi declarada a

solucionadas, integralmente, pelo Poder Judiciário.

inconstitucionalidade do Funrural do segurado es-

Com fundamento no art. 195, inciso I, alínea ‘a’

pecial, mas, tão somente, do empregador rural pes-

e § 8º, da Constituição da República, a contribui-

soa física (limitação quanto ao aspecto pessoal); 2º)

ção, convencionalmente, denominada Funrural foi

a discussão sobre a constitucionalidade do Funrural

instituída pelo art. 25 da Lei 8.212/91, com incidên-

do empregador rural pessoa física persiste, pois tais

cia sobre o resultado da comercialização da pro-

decisões não enfrentaram a questão sob o enfoque

dução do segurado especial (trabalhadores rurais

das alterações promovidas pela Lei 10.256/2001 so-

em regime de economia familiar sem o auxílio de

bre o art. 25 da Lei 8.212/91; e, regra geral, a decla-

empregados permanentes); porém, esse disposi-

ração de inconstitucionalidade limita-se a reconhe-

tivo legal foi alterado pelas Leis 8.540/92 e 9.528/97,

cer a existência de vício (contrariedade da lei à Cons-

as quais acrescentaram o empregador rural pes-

tituição) na lei declarada nula; portanto, enquanto

soa física como contribuinte desta contribuição;

não reconhecido vício de inconstitucionalidade nas

e, depois, pela Lei 10.256/2001, a qual esclareceu

alterações promovidas pela Lei 10.256/2001 sobre

que o empregador rural pessoa física só é obri-

o art. 25 da Lei 8.212/91, este dispositivo continuará

gado a recolher a contribuição (Funrural) em subs-

produzindo efeitos, sendo exigível o Funrural do em-

tituição às contribuições previdenciárias de 20%

pregador rural pessoa física.

sobre a folha de salários e de 1% a 3% sobre as re-

Entretanto, a discussão sobre a constitucionalida-

munerações pagas aos seus empregados para fi-

de da contribuição (Funrural) a ser recolhida pelo em-

nanciar os benefícios do Risco de Acidente do Tra-

pregador rural pessoa física, prevista no art. 25 da

balho (RAT) .

Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 10.256/2001,

Não obstante, o Supremo Tribunal Federal de-

foi submetida, em 11/09/2013, ao regime de “reper-

clarou a inconstitucionalidade do Funrural do em-

cussão geral” pelo STF no Recurso Extraordinário

pregador rural pessoa física, em 03/02/2010, no

718.874/RS. E, em 14/05/2014, a discussão sobre a

Recurso Extraordinário 363.852/MG, decisão es-

constitucionalidade da contribuição (Funrural) a ser

ta restrita às modificações promovidas pelas Leis

recolhida pelos segurados especiais, prevista no art.

8.540/92 e 9.528/97 sobre o art. 25 da Lei 8.212/91.

25 da Lei 8.212/91, desde a sua redação originária, foi

Este entendimento foi confirmado no Recurso Ex-

submetida ao regime de “repercussão geral” pelo STF

traordinário 596.177/RS, o qual deverá ser aplica-

no Recurso Extraordinário 761.263/SC.

do aos casos semelhantes, pois submetido ao re-

Dessa forma, tem-se o seguinte panorama das

gime de “repercussão geral”, mecanismo proces-

questões judiciais já decididas e ainda pendentes de

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


Houve declaração, pelo STF, de inconstitucionalidade de legislação tributária anterior à Lei 10.256/01?

A constitucionalidade (validade) da legislação tributária do Funrural ainda está em discussão no STF?

Sim

Sim. Objeto: Alterações da Lei 10.256/2001 sobre o art. 25 da Lei 8.212/91 Recurso Extraordinário 718.874/RS

Não

Sim. Objeto: art. 25 da Lei 8.212/91 desde a origem Recurso Extraordinário 761.263/SC

Empregador Rural Pessoa Física Segurado Especial

decisão pelo STF em relação à constitucionalidade

econômico do tributo, o que deverá ser provado no

dos “dois” tipos de Funrural:

processo judicial através de notas fiscais e docu-

Diante desse cenário, conforme disposto no art.

mentação financeira e contábil capazes de demons-

30, inciso IV, da Lei 8.212/91, as cooperativas perma-

trar a ausência de retenção; 2) quando houver auto-

necem sujeitas à responsabilidade tributária de reter

rização expressa do contribuinte (produtor rural), a

e recolher a contribuição (Funrural) exigida, tanto

ser provada mediante autorização escrita dos con-

dos empregadores rurais pessoas jurídicas, quanto

tribuintes.

dos segurados especiais, enquanto não houver pro-

Por fim, relevante considerar em relação ao em-

nunciamento definitivo do Supremo Tribunal Federal

pregador rural pessoa física que, se o Supremo Tri-

sobre a constitucionalidade do tributo, exceto se de-

bunal Federal também declarar a inconstitucionali-

sobrigadas por decisão judicial.

dade do Funrural em discussão naquela – Cargo ou Corte posição

FULANO DE TAL

E a jurisprudência do Superior Tribunal de Justi-

que modificações da Lei 10.256/01 sobre o ocupa/exerce art. 25 da Lei

ça consolidou o entendimento de que a cooperati-

8.212/1991 –, haverá a repristinação (retorno de vi-

va tem legitimidade ativa para postular a declara-

gência da legislação anteriormente revogada) das

ção de inexigibilidade do Funrural, mas não para

regras de incidência substituídas pelo Funrural, ou

postular a restituição ou compensação do tributo,

seja, a tributação com base na folha de salário dos

pois seria mera retentora (responsável) da contri-

empregados dos produtores rurais (empregadores

buição incidente sobre a comercialização, eis que o

rurais pessoas físicas). Portanto, as cooperativas agro-

contribuinte é o produtor rural (o empregador rural

pecuárias devem se ater ao quadro jurisprudencial

pessoa física e o segurado especial). Todavia, en-

supramencionado na intepretação/aplicação da le-

tendemos que em duas hipóteses haverá legitimi-

gislação tributária pertinente ao Funrural, haja vista

dade ativa das cooperativas: 1) quando não retiver

a ausência de um posicionamento definitivo do Su-

a contribuição do contribuinte, assumindo o ônus

premo Tribunal Federal sobre esta temática.

35


Guerreiro

E N T R E V I S TA

E

leita a primeira mulher a presidir o parlamento do Rio Grande do Sul em 180 anos, Silvana Franciscatto Covatti sempre atuou como voluntária nos bastidores da política. Quando seu marido Vilson Covatti concorreu a deputado federal em 2006, Silvana elegeu-se pela primeira vez deputada estadual, sendo a mulher mais votada naquele ano das eleitas para a Assembleia. Antes, tinha sido a primeira presidente da Mulher Progressista (estância de representação feminina do Partido Progressista) do Rio Grande do Sul. Nascida em Frederico Westphalen, em 8 de dezembro de 1963, é casada com Vilson Covatti e mãe de Viviana, Franciele e Covatti Filho (deputado federal). Em 2016, ela encara seu maior desafio na vida política, presidir a Assembleia Legislativa do RS. Em seu terceiro mandato, conquistado pela confiança de 89.130 gaúchos e gaúchas, Silvana marcará um momento histórico no cenário político gaúcho.

DEPUTADA SILVANA COVATTI Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Uma mulher de fibra no comando do parlamento gaúcho A senhora é a primeira mulher a presidir o parlamento gaúcho. Como se sente fazendo parte da história da Assembleia Legislativa? Não há terreno fácil para as mulheres e isso vale para o dia a dia e para o ambiente político, onde os homens dominam, embora as mulheres sejam maioria na população e no eleitorado. O fato de ser a primeira mulher a presidir o parlamento gaúcho em 180 anos representa, na verdade, que terei um ano de grandes desafios e enormes responsabilidades. Agora em terceiro mandato considero-me mais preparada do que nunca para esses enfrentamentos. Nesta hora é importante lembrar o que disse a estadista chilena Michele Bachelett: “Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas mulheres entram na política, muda a política”. Por isso, aproveito para compartilhar com as outras oito companheiras deputadas a expectativa positiva de uma nova fase na nossa Assembleia, sem disputas de gênero, mas de afirmação do papel que devemos desempenhar para fazer a diferença na vida dos homens e mulheres do Rio Grande.

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AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


A maior riqueza do

são da dívida do Estado com a União. São questões

cooperativismo são as pessoas,

do povo gaúcho que sempre defenderemos.

que prezam por inovação, pessoas que juntas gostam de

Sua família tem conseguido votações expressivas e ocupado importantes funções públicas. A que se deve esse protagonismo?

trabalhar em equipe e inspiram

ao ser humano as condições necessárias para cres-

solidariedade e resultados,

A família é a base da sociedade. É ela que garante

confiança. Ser cooperativista é

cer e se tornar um cidadão de bem. É na família que

muito mais do que fazer parte de

Na nossa família, gostamos do que fazemos, e isso

aprendemos o valor do trabalho e da honestidade.

uma cooperativa. É quase um

nos une cada vez mais. Como vivemos a política em

estado de espírito, capaz de nos

que se gosta, se faz bem feito. Ensinamos que para

família, ensinamos aos nossos filhos que fazendo o

fazer enxergar o mundo de forma

fazer política com seriedade é necessária doação,

bastante particular”.

dado, que o compromisso deve ser feito olho no olho

renúncia. Ensinamos que o abraço deve ser bem e o aperto de mão deve ser firme. E através da formação religiosa que tivemos, aqui mesmo, em Fre-

Apesar de alguns avanços, o espaço da mulher na política ainda é tímido. A senhora destacou isso em seu discurso de posse. O que fazer para mudar essa realidade? Mesmo com tudo o que já conquistamos estamos como mulheres, ainda muito distantes da igualdade. Para que novos espaços sejam dados, precisamos

derico Westphalen, eu e o Vilson procuramos transmitir aos nossos filhos que sempre tenham respeito a Deus e amor ao próximo.

A senhora sempre foi integrante da Frencoop/RS. Nessa legislatura, os 55 deputados aderiram à Frente. Como vê esse trabalho de apoio ao cooperativismo?

ocupar cada vez mais os espaços estratégicos na sociedade. Assim, é fundamental nossa participação

Ser cooperativista é compartilhar desafios e solu-

política para termos vez e voz, e honrar a luta de to-

ções. É trabalhar em conjunto para superar obstá-

das as guerreiras que nos precederam. Se somos a

culos e partilhar os resultados e as vitórias alcança-

maioria, como eleitoras, para decidir, devemos dei-

das. A maior riqueza do cooperativismo são as pes-

xar de ser a minoria na representatividade.

soas, que prezam por inovação, solidariedade e resultados, pessoas que juntas gostam de trabalhar

Já foram votados projetos polêmicos e ainda serão enviados outros, especialmente no que diz respeito ao ajuste fiscal do Estado em função da precária situação financeira do RS. Como a senhora tem conduzido essas votações e qual a colaboração da Assembleia nesse processo?

em equipe e inspiram confiança. Ser cooperativista é muito mais do que fazer parte de uma cooperativa. É quase um estado de espírito, capaz de nos fazer enxergar o mundo de forma bastante particular. A Frencoop tem um papel muito importante para o segmento. É a segunda Frente mais antiga criada na Assembleia Legislativa e a primeira do País. É um grupo político, não ideológico, independente

Estamos aqui para atender aos interesses do povo

de sigla partidária, reunido para defender os interes-

gaúcho. Para isso, temos nossas comissões, frentes

ses do cooperativismo em todos os seus ramos.

parlamentares e debates promovidos pelo Legislativo.

tos ao momento atual do País, tanto político, quanto

As cooperativas desempenham importante função socioeconômica no Estado. Como a senhora vê a atuação das cooperativas gaúchas?

econômico. A Assembleia nunca se omitiu. Fomos

Tenho convicção de que as boas práticas de cente-

parceiros do governo na demanda que pedia a revi-

nas de cooperativas gaúchas são exemplos para o

Tenho que presidir em harmonia esta Casa, fazendo com que os trabalhos aconteçam da melhor maneira possível. Este é o papel do presidente. Estamos aten-

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Guerreiro

E N T R E V I S TA

É na família que aprendemos o valor do trabalho e da honestidade. Na nossa família, gostamos do que fazemos, e isso nos une cada vez mais. Como vivemos a política em família, ensinamos aos nossos filhos que fazendo o que se gosta, se faz bem feito. Ensinamos que para fazer política com seriedade é necessário doação, renúncia. Ensinamos que o abraço deve ser bem dado, que o compromisso deve ser feito olho no olho e o aperto de mão deve ser firme”. Rio Grande do Sul e para o Brasil de como o trabalho associado é capaz de unir e transformar realidades, gerando crescimento econômico e inclusão social. O cooperativismo gaúcho é o exemplo de um Rio Grande que dá certo. Temos que ter muito orgulho das nossas cooperativas.

E a atuação do Sistema Ocergs-Sescoop/RS nesse contexto? É neste contexto que ressalto o papel da Ocergs-Sescop/RS ao longo dos anos. Trata-se de um trabalho espetacular em termos de conscientização do cooperativismo. Um exemplo para o Brasil. Hoje, não podemos pensar no cooperativismo sem a Ocergs. A cooperativa é um órgão associativista, de produção por origem. Sua preocupação é produzir. O papel do Sistema Ocergs-Sescoop/RS é organizar o setor, unir, promover debates e reivindicar as demandas necessárias para tornar o cooperativismo um braço ainda mais forte para a economia gaúcha. Sem dúvida, um trabalho que vem sendo realizado com excelência e que merece a menção do nome de seu presidente, Vergilio Perius, que não mede esforços para tornar o sonho do cooperativismo possível.

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AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


R

io Grande Cooperativo a cada edição resgata e registra um fato histórico do coopera-

tivismo gaúcho, pesquisado no acervo da biblioteca da Escoop. Na reportagem desta edição, a Revista Nova Direção ano 1, n.2, p. 3-4, agosto de 1985, aprofundou o debate sobre a discussão da alteração da legislação e defesa constitucional do sistema cooperativista em sua matéria de abertura (página 3) e editorial (página 4). “... a Ocergs exige novas relações entre Estado e cooperativas, convoca os 705 mil cooperativados gaúchos para o lançamento da Assembléia Constituinte Gaúcha Pró-Cooperativismo”. O documento foi lançado pelo então presidente da Ocergs, Adelar da Cunha. O documento, que contou com o apoio da Frente Parlamentar do Cooperativismo, versou sobre dois temas: “A discussão em torno da conveniência ou não de se alterar a legislação cooperativista e a defesa constitucional do sistema. Ambas propostas exigem a efetiva participação dos associa-

PARA RECORDAR

Aconteceu no Cooperativismo dos, pois a alteração da lei e da constituição, antes de ser uma ação técnica, é um ato político a exigir o mais amplo debate”. A Assembleia Constituinte Gaúcha Pró-Cooperativismo foi lançada no dia 5 de julho de 1985, em almoço de confraternização promovido pela Ocergs para assinalar a passagem do Dia Internacional do Cooperativismo. No encontro, mais de 300 líderes cooperativistas, autoridades estaduais e federais, além do ministro da Agricultura, Pedro Simon estiveram presentes. “Não vamos colocar na Secretaria Nacional do Cooperativismo tecnocratas que se fecham numa sala para ditar normas”, destacou Simon. As decisões que a Senacoop tiver que tomar serão debatidas em reuniões como esta, numa constituinte de cooperativas”, afirmou Simon. Pesquisa realizada pela bibliotecária da Escoop, Raquel Reis dos Santos. A Nova Direção foi uma publicação da Ocerg s . Edições da década de 80 encontram-se na biblioteca à disposição para pesquisa.

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C O O P E R AT I V I S M O D I G I TA L

A ESCRITORA MARTHA GABRIEL DESTACA QUE O USO DE TECNOLOGIAS AMPLIA AS CAPACIDADES FÍSICAS E CEREBRAIS E TORNA OS SERES HUMANOS MAIS PODEROSOS

Cérebro analógico, cérebro digital MARTHA GABRIEL ESCRITORA, PROFESSORA, CONSULTORA E PALESTRANTE NAS ÁREAS DE MARKETING DIGITAL, INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO, PÓS-GRADUADA EM MARKETING (ESPM) E DESIGN (BELAS ARTES), MESTRE E PHD EM ARTES (ECA/USP) COM EDUCAÇÃO EXECUTIVA EM INOVAÇÃO PELO MIT SLOAN

S

omos cada vez mais homo digitalis, mistu-

seu computador, o processamento de texto, a busca

rando a natureza biológica individual com

digital, ampliam e distribuem o seu ser biológico em

o aparato tecnológico.

simbiose com o digital. Nosso cérebro tem incorpo-

O cérebro humano vem permitindo a nossa evo-

rado a busca digital de modo que não lembramos

lução ao longo do tempo devido à sua capacida-

mais das informações, mas onde encontrá-las: o

de de se adaptar às modificações do ambiente.

Google. Esse fenômeno é chamado de Google

Isso acontece desde o início da nossa existência

Effect (qual é a capital do Cazaquistão? Lembrou ou

— mas, nas últimas décadas, uma nova variável

buscou na internet?). Duas consequências principais

entrou nessa equação: o ritmo da mudança. Se

são decorrentes do cibridismo: 1) estamos vivendo

nos séculos passados ela era lenta, passou a so-

a segunda maior revolução cognitiva da história — a

frer uma aceleração vertiginosa por causa da tec-

primeira foi a causada pela prensa de Gutenberg e

nologia. A grande questão é: como isso impacta

a disseminação do livro; 2) dependemos cada vez

o nosso cérebro? Será que ele acompanha o novo

mais das tecnologias para viver.

passo para a evolução?

Somos cada vez mais homo digitalis, misturando

A mera existência de computadores, redes so-

a natureza biológica analógica individual com o apa-

ciais, sensores, busca, smartphones e apps não nos

rato tecnológico universal. Com isso, pavimentamos

torna mais inteligentes. Mas é provado que quando

o caminho não só para que o cérebro consiga acom-

incorporamos as tecnologias de forma a ampliar

panhar a escalada tecnológica exponencial, mas tam-

nossas capacidades físicas e cerebrais, nos tornamos,

bém para a construção de um neocórtex coletivo

sim, mais poderosos. No livro As Tecnologias da

global.

Inteligência, o filósofo francês Pierre Lévy mostra que lápis e papel permitem resolver problemas lógicos com mais profundidade do que usando apenas o cérebro. Quando usamos tecnologias para ampliar nossas capacidades físicas e cerebrais nos tornamos mais poderosos Conforme surgem as tecnologias digitais, nosso cérebro não apenas as utiliza, mas passa a se expandir para elas, tornando híbridos nosso corpo biológico e o ciberespaço. Esse processo é chamado de cibridismo. Se você tem uma conta de Gmail, por exemplo, provavelmente se sente incompleto, limitado e desconfortável quando está sem conexão. Os seus arquivos e fotos esparramados pela web e 40

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GERAÇÃO COOPERAÇÃO

CURIOSIDADES SOBRE O SESCOOP/RS No primeiro trimestre, a plataforma reuniu algumas informações para esclarecer dúvidas sobre as atividades realizadas pelo Sescoop/RS. O post explicou sobre a orientação prestada pela entidade às cooperativas, organização do Dia de Cooperar e ainda sobre a Escoop.

TURISTA COOPERATIVO Na série Turista Cooperativo, o Geração Cooperação destacou roteiros que valorizam o cooperativismo em diferentes regiões do Estado, como a Serra Gaúcha, a Zona Sul e a Costa Doce.

5 LIVROS PARA ENTENDER MELHOR O COOPERATIVISMO Com foco naqueles que querem entender e conhecer melhor o cooperativismo, o blog trouxe uma lista de leituras básicas sobre o cooperativismo. E ainda o link “Cooperativismo nas redes”, com uma lista de sites de organizações, instituições e outros conteúdos ligados ao cooperativismo e que dão uma “turbinada” no aprendizado.

Acompanhe e participe do Geração: Acesso o site e conheça mais projetos: geracaocooperacao.com.br Curta a fan page: facebook.com/Geracaocoop

Mais de 67 mil curtidas

Assista aos vídeos: youtube.com/Geracaocoop

Ajude a construir um futuro mais cooperativo!

41


ARTIGO

Participação do associado na vida da cooperativa* MÁRCIO PORT PPRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA SICREDI PIONEIRA RS

C

omo sociedade de pessoas, a vida de uma

Essa é a visão de uma cooperativa financeira vis-

cooperativa tem por base o processo demo-

ta pelo ângulo das oportunidades e benefícios. Mui-

crático, a participação e a tomada de decisões pela

tas são as pessoas que aderem à proposta do coo-

maioria do quadro social. Apesar disso, não seria

perativismo analisando apenas esse ponto de vista,

possível que os executivos consultassem a todos os

esquecendo-se das responsabilidades.

associados ou promovessem uma assembleia geral

Em uma cooperativa, o associado exerce três fun-

sempre que fosse necessária uma tomada de deci-

ções distintas: ele é ao mesmo tempo dono, investi-

são. É para isso que os associados devem escolher

dor e usuário da instituição.

seus representantes quando da eleição do conselho

Do ponto de vista das responsabilidades, é pos-

de administração, delegando a estes os poderes de-

sível elencar vários pontos que demandam maior

finidos no Estatuto Social em nome de todos os as-

atenção:

sociados.

1.

cooperativismo e assistencialismo não com-

Um dos grandes desafios do cooperativismo fi-

binam: uma cooperativa não existe para “aju-

nanceiro é fazer com que os associados realmente

dar” os associados; e sim, para fazer negó-

assumam a cooperativa como sendo sua, exercendo

cios com estes, garantindo que todos os as-

seus direitos e deveres na plenitude, e não apenas

sociados em igualdade de condições tenham

usufruindo dos produtos e serviços que lhes con-

acesso aos produtos e serviços nas mesmas

vêm.

condições de prazos e taxas (equidade). Os

Ao efetuar a movimentação na sua cooperativa, os associados fortalecem a empresa que foi criada

negócios devem ser benéficos e justos para a cooperativa e para os associados;

especificamente para suprir algumas necessidades

2. o associado, enquanto dono, não pode ter

que antes eram atendidas por outras pessoas ou

visão imediatista, mas sim, de longo prazo.

empresas, os chamados intermediários, e que tinham

Deve também pensar no bem comum de to-

como objetivo único auferir lucratividade sobre es-

dos. Deve estar claro para os associados que

ses negócios.

o fato de ser dono não lhes dá o direito de

A pergunta que deve ser feita é por que gerar

prejudicar os demais associados da entida-

lucros para outras pessoas físicas ou jurídicas (os

de. Uma cooperativa é uma sociedade de pes-

acionistas dos bancos), se é possível economizar

soas que tem como objetivo atender neces-

parte desse valor como dono da própria instituição

sidades comuns de todos;

financeira, por meio da associação a uma cooperativa financeira?

3. o associado, demonstrando visão negocial, deve compreender que a cooperativa deve

*Fonte: Trecho extraído da obra “Cooperativismo Financeiro, percurso histórico, perspectivas e desafios”. Editora Confebras, 2014. Autores Ênio Meinen e Márcio Port 42

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AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


buscar resultados positivos para poder evo-

àqueles que conduzem reuniões com asso-

luir e crescer, mantendo-se assim competiti-

ciados: não seria o caso de eliminar das

va diante dos grandes conglomerados eco-

reuniões a expressão “nós” (nós atingimos,

nômicos e financeiros. Nesse aspecto está inserida a necessidade de fortalecer os fundos sociais e estatutários da cooperativa;

nós inauguramos, nós…)? Será que, ao ouvir os relatos do presidente ou executivo, os as-

4. deve estar clara na mente do associado a res-

sociados entendem que o “nós” é “a coope-

posta para as seguintes perguntas: a quem

rativa”, e não apenas um pequeno grupo de

compete fazer a cooperativa crescer? Somen-

pessoas (conselheiros, diretoria e colabora-

te aos conselheiros e colaboradores? Como

dores)? Recomendável seria que “nós” fosse

o associado pode auxiliar no crescimento e desenvolvimento saudável da cooperativa? Na maioria dos casos os associados não per-

substituído por “a cooperativa”, deixando claro a respeito de quem está se falando e

cebem que o crescimento da cooperativa de-

com isso aproximando os associados das

ve ser de seu próprio interesse e não apenas

conquistas e realizações;

do conselho de administração, dos executivos e dos colaboradores;

7. e, para finalizar: o associado, ao demandar um produto ou serviço financeiro, dá prefe-

5. a cooperativa é uma empresa. Sendo assim,

rência para fazer a negociação com sua coo-

concorre com outras empresas do mesmo

perativa financeira em detrimento de um ban-

ramo. Essa é uma discussão interessante de ser promovida com os associados, visto que muitos demonstram não ter a real dimensão da importância de seu voto quando da eleição do conselho de administração e fiscal da cooperativa. Qual o perfil das pessoas que devem ser eleitas para administrar essa em-

co em que ele também possui movimentação? Usando uma analogia, se você, leitor, for proprietário de um supermercado, onde você costumeiramente fará suas compras, no seu próprio estabelecimento ou em uma grande rede de supermercados?

presa? Que conhecimentos e habilidades são

Todos esses pontos e reflexões são para cha-

necessários? Quais os requisitos mínimos a

mar a atenção para o tema “participação do as-

serem exigidos?

sociado na vida da cooperativa”, demonstrando

6. quando, em uma assembleia, os administra-

o universo de oportunidades que existem para

dores dizem que a cooperativa está bem e

serem trabalhadas junto ao quadro social. São pon-

que teve um montante de sobras recorde, a

tos que, provavelmente, foram bem trabalhados

quem eles estão se referindo? Quem é a coo-

quando da fundação da cooperativa, mas que, com

perativa na visão do associado/usuário? A

o passar do tempo e com o renovar de gerações

pergunta é: os associados de fato comemo-

foram ficando deixados de lado, sempre havendo

ram e se sentem inseridos na vida da coo-

ganhos de participação quando essas discussões

perativa? Talvez caiba aqui uma sugestão

são resgatadas nas conversas com os associados.

43


C O N TA B I L I DA D E

Potenciais da Autogestão Econômica – Uma concepção ampla aplicável às sociedades cooperativas JOSÉ MÁXIMO DARONCO MESTRE EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS – UNISINOS (2013); PÓS GRADUADO EM GESTÃO FINANCEIRA, CONTROLADORIA E AUDITORIA PELA FGV (2010); PÓS-GRADUADO EM AUDITORIA E FINANÇAS PELO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO (2004); BACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS PELO INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO (2002); GERENTE DE MONITORAMENTO DO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – SESCOOP/RS.

É

notável que as cooperativas passam a ser cada vez mais agentes e protagonistas do

desenvolvimento sustentável. Também é de se observar que a natureza das sociedades cooperativas está baseada na autonomia e na capacidade de decisão das pessoas. Apresento-lhes alguns elementos que reforçam essa afirmação, como a definição de cooperativa apresentada pela Aliança Cooperativa Internacional: “Uma cooperativa é uma associação autônoma de pessoas unidas voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns através de uma empresa de propriedade comum e democraticamente gerida.” Nessa mesma linha, o 4º principio cooperativo reforça a “Autonomia e independência”: “As cooperativas são organizações autônomas, de autoajuda, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo os gover-

a responsabilidade pela direção da cooperativa e pela prestação de contas da gestão.” Sob esta ótica, a autoadministração ou a autogestão pode ocorrer com diferentes graus de intensidade relacionadas com a capacidade de tomada de decisão dos associados em três dimensões: “participação na propriedade, participação em resultados e participação na gestão”. Diante dessas premissas iniciais, vamos abordar aspectos de uma concepção ampla da Autogestão Econômica, suas potencialidades e contribuições apontadas na obra Autogestión y Globalidad, dos autores SARASUA e UDAONDO (2004). 1.

O potencial de articular o equilíbrio entre a comunidade e o indivíduo ou experiências de harmonização dos interesses individuais e coletivos onde a propriedade cooperativa é algo que vai além da dicotomia da proprie-

nos, ou levantar capital de fontes externas, o fazem

dade individual privada ou propriedade do

em condições que assegurem o controle democrá-

Estado. É o grupo de trabalhadores ou

tico pelos seus membros e mantenham a autonomia

“comunidad laboral” que controla a proprie-

da cooperativa.”

dade, e neste ambiente, a autonomia pessoal

Alinhado a esse contexto, é preciso referir que o Sistema OCB na edição do Manual de Boas Práticas

44

representatividade e autoridade legítimos, assumem

tem seu espaço e pode construir a partir dessa autonomia um projeto coletivo.

de Governança Cooperativa incluiu a Autogestão

2. O potencial como instrumento de desenvol-

como princípio e o descreveu da seguinte forma: “É

vimento pessoal e comunitário. Pessoal, por-

o processo pelo qual os próprios cooperados, de

que uma sociedade autogerida, tem a carac-

forma democrática e por meio de organismos de

terística de dar especial atenção as pessoas,

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR


o que é demonstrado através de várias formas de ação: pela capacidade de tomada de decisão, que está nas mãos de pessoas que trabalham usando procedimentos democráticos de gestão, garantindo transparência da gestão e da informação, mantendo uma atenção especial à preparação e educação dos trabalhadores. Comunitário, porque a auto-gestão tende a responder às necessidades das comunidades e é capaz de criar ligações com outras experiências (social e cultural), bem como estar aberta para assimilar novas motivações (meio ambiente, gênero, modelos de desenvolvimento). 3. Potencial de assimilação, visto que as experiências de autogestão são geralmente enraizadas às comunidades de seu entorno e os seus trabalhadores são participantes ativos nos temas de interesse local, o que torna possível a sua participação em projetos de desenvolvimento local, ao passo que o modelo global de empresa tem caráter assimilado ao capital. 4. Potencial para criar e manter postos de trabalho, as empresas cooperativas autogeridas têm fortes compromissos sociais com este objetivo. E estes podem ser realizados em várias formas, mas provavelmente, à primeira vista, o compromisso de gerar oportunidades de trabalho é o mais notável e sua defesa tem sido fundamental. 5. Potencial para se aproximar da participação integral, uma vez que em experiências de autogestão, a participação dos trabalhadores na esfera institucional, ocorre através de órgãos democráticos e também na vida diária da cooperativa. A participação na vida diária da cooperativa nos dias de hoje é uma característica que tem como objetivo adotar modernas formas de gestão em qualquer tipo de empreendimento. Diante disso, através da autogestão tem-se a possibilidade de articular os dois espaços de participação e desenvolver um modelo completo e coerente de participação.

6. O potencial de estabelecer limites para a atividade econômica através de engajamento social, uma vez que existe um compromisso dessas experiências para os seus arredores e compromissos éticos, sociais e ecológicos são parte de seus valores. Esse compromisso pode ser refletido na determinação das estratégias econômicas, na determinação de produtos e processos, dando prioridade à fabricação de produtos que respondem às necessidades sociais e processos de produção que tenham em conta os cuidados com o meio ambiente, além de oferecer condições dignas de trabalho e estar preocupada com o desenvolvimento das pessoas, uma vez que o poder de decisão está nas mãos de pessoas que vivem na comunidade. 7. Potencial de intercooperação, a associação e ajuda mútua é uma das características das sociedades autogeridas. A intercooperação pode ser considerada uma estratégia para enfrentar os desafios do mercado, que oferece muitas possibilidades futuras. O que é fundamental sobre a intercooperação é o estabelecimento de laços que respeitem a autonomia e a identidade de cada organização: é uma questão de cooperação a outro nível entre cooperadores. A estrutura da rede é, naturalmente, o modo de associação de entidades autogeridas, um modelo descentralizado baseado em núcleos para tomada de decisão. O esforço de articular pequenos círculos em torno de círculos maiores é constante na autogestão. 8. Finalmente, a autogestão tem o potencial para ativar o mecanismo para a solidariedade global estabelecendo fluxos de cooperação de experiências entre os países que possuem m e l h o re s p a d rõ e s te c n o l ó g ico s e a s comunidades mais empobrecidas, que funcionaria como uma incubadora para possíveis respostas aos desafios políticos e sociais do mundo globalizado.

AZEVEDO, Alessandra; GITAHY, Leda. The cooperative movement, self-management, and competitiveness: the case of mondragón corporación cooperativa. The Journal of Labor and Society · 1089-7011 · Volume 13 · March 2010 · pp. 5–29 SISTEMA OCB, Manual de Boas Práticas de governança cooperativa. Disponível em: http://governancacoop. brasilcooperativo.coop.br/ SARASUA, J.; UDAONDO, A. 2004. Autogestión y Globalidad - situar la autogestión económica en el mundo actual. Escoriatza: LANKI - Instituto, de Estudios Cooperativos de Mondragón Unibertsitatea. 45


MARKETING & COMUNICAÇÃO

O fim do FM está cada vez mais próximo* HERÓDOTO BARBEIRO APRESENTADOR E EDITOR-CHEFE DO ‘JORNAL DA RECORD NEWS’

O

rádio de FM, a frequência modulada,

bal para todas. Sindicatos, igrejas, empresas,

vai acabar. Não é um erro de digita-

ONGs, associações de todo tipo, sites pes-

ção. A Noruega anunciou que vai desativar

soais, todos podem ter a sua emissora. Bas-

todas as emissoras de rádio em FM em ja-

ta clicar para ouvir. Muitas disponibilizam

neiro de 2017. Até lá as rádios vão se trans-

imagem, e a interatividade vai do e-mail ao

formar em digitais. Com novos transmisso-

Whatsapp e uma série de novos aplicativos

res, o sinal é comprimido, usa formatos co-

que surgem a cada dia. Assim, nenhum veí-

mo o MP2 e é distribuído em sinal digital.

culo de comunicação pode escapar das mu-

Segundo o governo norueguês a razão é

danças. Uns são conscientes e se adaptam,

econômica e tecnológica. A emissão em di-

outros resistem agarrados ao saudosismo ou

gital acrescenta outros serviços à emissora,

a falta de investimentos. Darwin já dizia que

hoje não disponíveis, e o rádio acompanha

os que sobrevivem não são os mais fortes,

as outras mídias que também se digitalizam.

mas os que se adaptam.

Na Grã-Bretanha o fim do FM está marcado

O Brasil tem aproximadamente 1.700 rádios

para 2022. Hoje a frequência modulada

AM. Segundo uma regulamentação do go-

standard vai de 87,5 a 108 megahertz. Ela

verno todas vão se transformar em FMs. Al-

já foi um avanço em relação as AM, ou am-

gumas até já iniciaram o processo de mu-

plitude modulada, que é medida em kilohertz

danças para novas faixas estendidas, infe-

e enfrenta sérios problemas técnicos de pro-

riores ao 87,5 onde estão todas as rádios

pagação e por isso é considerada uma tec-

comunitárias regulares. Isto se deve a falta

nologia ultrapassada. Contudo, essa migra-

de espaço para a migração de todas as emis-

ção para o FM está ameaçada com o avanço

soras interessadas em cada município. Con-

acelerado da tecnologia.

tudo, a maior parte delas não vai instalar

A internet multiplicou o número de emisso-

um processo de digitalização, irá ficar com

ras. Elas podem ser ouvidas em qualquer pla-

o sinal analógico. Ele foi uma boa ideia que

taforma que o público desejar e a propaga-

começou na década de 1920 e pelo jeito vai

ção se dá por wi-fi ou telefonia celular. Assim,

durar cem anos. Mas a válvula também foi

o aparelho de rádio hoje é qualquer gadget

uma boa ideia. Com todas as emissoras no

que tem acesso à internet. O número de emis-

FM a competição vai aumentar e pode che-

soras é infinito, haja vista que, qualquer site

gar ao canibalismo. Vale a pena investir em

pode ter a sua rádio, seja comunitária ou uma

uma tecnologia que já está condenada em

grande emissora comercial. A profusão de

alguns países do mundo? Esta é uma refle-

rádios via web provocou uma fragmentação

xão que os radiodifusores brasileiros têm

da audiência das grandes emissoras e, gra-

que fazer diante da enxurrada de novas pos-

ças a nova tecnologia, a competição é de igual

sibilidades de propagação do áudio. Eu mes-

para igual. Começa com o alcance que é glo-

mo só ouço rádio no meu smartphone.

* Publicado no site Comunique-se 46

SESCOOPRS.COOP.BR • JAN/FEV/MAR • 2016

AÇÃO COOPERATIVISTA PARA UM MUNDO MELHOR



@diadecooperar diac.brasilcooperativo.coop.br

O Dia de Cooperar 2015 foi um grande sucesso, ajudando a melhorar a vida de milhares de pessoas. Agora, o desafio ĂŠ fazer ainda mais. Acesse sescooprs.coop.br ou diac.brasilcooperativo.coop.br e saiba como participar. Juntos, formamos uma grande rede pelo bem das comunidades onde estamos inseridos.


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