r e v i s t a
[ CAPA ]
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fotografia feita por amadores, tecnologia e tratamento de imagem. “Tem que ter o mínimo de noção. E depois, hoje é tudo tão fácil. Tem faculdade de fotografia, mas há também cursos rápidos que podem ensinar um pouco da técnica”, declara. Para ele, as fotos têm valor histórico e sentimental. “Você fotografa uma festinha de aniversario da família e ali tem bisavô, avô, pai e todo mundo junto. Com o passar dos anos, esse encontro não é mais possível. Pensa no que isso significa”, exemplifica. Para ele, a evolução foi benéfica principalmente para o fotojornalismo, pela rapidez com que se processa a imagem e pode-se publicá-la em menos de uma hora depois do fato acontecido. Antes, esse processo não era concluído em menos de 4 ou 5 horas. O inconveniente vem da preocupação com o futuro, visto que, segundo ele, as imagens estão sendo produzidas em grande número, e armazenadas em mídias que
possuem tempo incerto de vida útil, e podem se perder e levar parte da história. Dárcio defende o arquivo físico, mesmo com toda tecnologia. “Um negativo não se perdia e nem se perde até hoje”, justifica. Segundo ele, no Brasil não se tem a cultura de entender a fotografia como obra de arte. Ao passo que, no exterior, esse pensamento é diferente. “Vik Muniz e Sebastião Salgado são brasileiros conhecidos mundialmente por suas fotos expostas nos maiores museus do mundo, e vendidas a preços consideráveis”, pontua. Quanto às técnicas de tratamento de imagem, ele diz que dar acabamento melhor na imagem é até tolerável, ao passo que a alteração de dados é inadmissível. “Fazer retoques é diferente da manipulação que tira a essência do foi captado. Se você interferiu, mudando um aspecto da fotografia na parte do instantâneo, você está interferindo na história e, no meu ponto de vista, isso não é nada ético”, desabafa.