Revista Weekend - Edição 134

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[ CAPA ]

/// MEU CARRO, MINHA VIDA

Odair e seu Furgão Chevrolet 1951 (Boca de sapo)

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Chevrolet Bel Air de luxe 1950

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DKW Vemag 1964

Se “antigomobilismo” é a arte de preservar a história dos carros, o empresário Odair Stamboni, 63 anos, resolveu reconstruir e contar sua própria história por meio de sua coleção de 20 carros antigos. Em suas peças, exemplares fabricados entre 1933 a 1970. Ele sempre gostou de guardar os carros da família como, por exemplo, o primeiro carro que deu aos filhos. Quando os pais faleceram, resolveu ficar com os carros do pai e da mãe. Em uma reunião de família, contou para os filhos que começou a carreira profissional como taxista dirigindo um DKW 1964, que era de seu pai desde a infância. “Depois disso, meus filhos acharam um DKW e me deram de presente no dia dos pais. Achei a ideia muito legal e reacendeu em mim muitas histórias. Eu estava em fase de recuperação de saúde e meio nostálgico. Esse presente me levou de volta à minha mocidade, ao começo da minha história. Comecei a buscar outros carros que fizeram parte da minha vida”. Hoje, em meio às vinte relíquias que “seo” Odair mantém com muito zelo, há quatro DKWs. Entre eles, um modelo 1964, exatamente igual ao táxi que trabalhou por dois anos ao lado do pai, inclusive com o luminoso de identificação e a catraca de bandeirada. Ele também recuperou um Furgão 1951, igual ao da primeira empresa que trabalhou após deixar o táxi. Agora ele está à procura de um Kaiser 1952, quatro portas, que foi usado na sua lua de mel. Sobre o valor dos carros, ele diz que é difícil dimensionar ou estipular cifras. “O mercado é oscilante e, para nós, o valor maior é sentimental. Depende da raridade. Esse furgão, por exemplo, é difícil encontrar porque na época eles eram usados para trabalhar e se acabaram”, diz o colecionador. Para preservar esse inestimável patrimônio material e principalmente sentimental, Odair fala que, além dos cuidados diários com a manutenção, não há muito mais a ser feito. Ainda assim, revela que funciona o motor de todos os carros, religiosamente, respeitando os “macetes” de cada um, duas vezes por semana, a fim de garantir a vida útil de sua coleção. “Mesmo sem seguro, o risco de roubo é pequeno. Com um carro desses ninguém passa despercebido. O acidente pode acontecer e aí sim o prejuízo é total”, pondera, lembrando que a principal “dor de cabeça” de um colecionador é a manutenção do carro, com qualidade e originalidade. O DKW 1964 e o Furgão 1951 já renderam homenagens a Odair, como carros de destaque nos encontros de São Roque/2011 e São Pedro/2012, respectivamente. O colecionador diz que adora tirar suas preciosidades da garagem e passear pelas ruas e os encontros entre colecionadores são boas oportunidades para isso. “Funciona como uma terapia. É um prazer poder andar em um carro desses ainda hoje. No calor é complicado porque não têm ar condicionado ou direção hidráulica. A gente, assim como eles, vai ficando velho e meio manhoso”, diz, bem humorado, completando que os encontros aproximam as pessoas, é uma atração diferente e motiva os jovens a preservar a história. E, manifesta o desejo de que o evento possa ser realizado mais vezes e incluso, definitivamente, no calendário oficial de festividades da cidade. “Quero que Guarulhos se destaque porque temos todas as condições para isso”.


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