Teologia para vida - v. III, nº 1

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Teologia

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V i d a – V o l u m e III –

número

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Entretanto há uma mudança em 1537. Calvino não mais estava na França, mas em Genebra. Não mais na academia, mas agora em contato direto com pessoas: era agora pastor de uma igreja genebrina. Ele tinha o compromisso de trabalhar para que os corações e as mentes das pessoas fossem mudados, pessoas essas que não queriam necessariamente mudanças. Pensando nessa sua nova função Calvino escreveu os “Artigos para a Organização da Igreja e do seu Culto em Genebra”, a 16 de janeiro de 1537. Nesses artigos, instituiu vários passos para as pessoas “viverem de acordo com o evangelho e a Palavra de Deus” (In: GARSIDE, op. cit., p. 7, tradução nossa). Os essenciais incluem: primeiro, o cântico de salmos no culto público; segundo, catequizar crianças na doutrina bíblica para a manutenção do pacto; e terceiro, o esboço das ordenanças para o casamento. Agora Calvino deixou muito claro que a questão do canto congregacional era fundamental para a reforma da igreja. Ele escreveu o seguinte (apud GARSIDE, op.cit., p. 7-8, tradução nossa): É de suma importância para a edificação da igreja, o cântico de alguns salmos na forma de orações públicas nos quais se pode orar a Deus ou cantar orações a ele, de forma que todos os corações sejam despertados e estimulados para fazerem orações similares e render louvores a Deus em comunhão de amor.

Aqui algo começa a mudar. O que Calvino agora diz é que o cântico de salmos “é de suma importância para a edificação da Igreja”! É o verdadeiro início do seu desejo de ver o cântico de salmos como parte da vida dos fiéis. Ao insistir na sua importância, acrescenta (apud GARSIDE, op.cit., p. 10, tradução nossa): Os salmos podem nos estimular para elevarmos nossos corações a Deus e despertar nosso ardor ao invocarmos ou exaltarmos com orações a glória do seu nome. Além disso, dessa forma poderá se perceber de quantas vantagens e consolo o papa e suas criaturas privaram a igreja, pois ele distorceu os salmos, que deveriam ser verdadeiras canções espirituais, em um murmúrio entre eles mesmos, sem que ninguém os entendesse.

Sua crítica à liturgia romana, bem como a maneira com que utilizava o cântico congregacional no culto, o põe em total sintonia com Lutero – ao menos nesse aspecto: os salmos deveriam ser cantados por toda a congregação,


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