Revista Super Sul

Page 42

42

03 Trabalhador organiza gôndola: conhecimento agregado

Revis ta

Super Sul

empresários e que muitas vezes os levam a optar pela terceirização de forma incipiente. O primeiro é o modismo. De acordo com o especialista, é comum no mundo corporativo surgirem novas teses e que o mercado em geral compra a ideia e a torna uma grande verdade “quando não temos certeza, aderimos rapidamente aos modismos”, comenta. Outro ponto destacado é a redução de custos. Ele observa que sempre que há um aperto no mercado, a terceirização se torna uma muleta e esse é um grande equívoco. Afirma que essa não pode ser uma ação somente tática, para resolver um problema pontual ou temporal e sim que seja um fato realmente assumido pela empresa. O terceiro fator apontado pelo consultor é a falta de um planejamento estratégico incorporado pela organização, e que ocorre com frequência nas empresas de médio e pequeno portes. “Por não terem um planejamento estratégico de médio prazo em que acreditar, as empresas aderem a qualquer moda e muitas vezes visam somente questões táticas para decidirem terceirizar, levando a ciclos intermináveis, com grandes perdas de investimentos no processo”, comenta. Apesar das críticas, Simonetti não se coloca contra a terceirização. Ele critica a opção por terceirizar sem o estudo e o planejamento necessários. Inclusive o consultor salienta que esta prática administrativa poder oferecer várias vantagens para as empresas, como agregar conhecimento, tecnologia, processos e agilidade. Taticamente, também pode ser uma ferramenta para redução de custos ou para solução de um problema imediato. “Quando mudamos nosso sistema de ERP (Enterprise Resource Planning), precisamos trazer, de forma rápida, pessoas que conheçam o processo” exemplifica. O diretor da Anima destaca que não se pode optar pela terceirização somente para reduzir despesas de forma rápida, pois o resultado a longo prazo pode não ser positivo. “Particularmente, não acredito em soluções de curto prazo, assim não acredito na terceirização como forma somente de reduzir custos”, salienta. Comenta ainda que o método muitas vezes pode significar um aumento nas despesas. Porém, se a empresa não tem competência para a atividade ou tempo para treinar pessoal e implementar o processo, terceirizar pode ser o caminho mais recomendado. A prática de terceirizar serviços pode ser adotada por qualquer empresa. Segundo Simonetti, a terceirização não está relacionada com o porte da empresa, mas sim com suas convicções e negócios de atuação. Ele explica que as atividades que não são estratégicas e que estão fora do foco da empresa podem e devem ser terceirizadas, mas para isso é preciso ter total controle da operação. “O controle é a palavra chave para se ter um serviço terceirizado com sucesso”, frisa. Em casos de companhias que têm vários contratos

{Abr/Mai de 2011}

ANDRÉ NETTO

Ponto-de-venda

03

terceirizados, ele aconselha a criação de um departamento para gerenciar os funcionários e contratos destas prestadoras.

{Atividade Legal} Sob o ponto de vista jurídico, a advogada Patricia Amaral, da Stifelman Advogados, de Porto Alegre, destaca que não há problemas na contratação de mão de obra terceirizada, mas é necessário se ter alguns cuidados. A especialista alerta que o supermercado deve fazer uma pesquisa junto a clientes apontados pela empresa a ser contratada, “pois é necessário avaliar se a empresa vem cumprindo com suas obrigações com os funcionários, e também como é a sua relação com os clientes”, orienta. Antes de efetivado o contrato, que deverá conter todas as obrigações que serão exigidas da empresa terceirizada, que sejam solicitadas as certidões negativas de débitos salariais, INSS, FGTS, Tributos Federais e de falência. A tomadora de serviços tem o dever de escolher uma empresa idônea e de controlar suas atividades. Em relação aos funcionários da empresa terceirizada que atuam no supermercado, Patricia Amaral orienta que o tomador deverá solicitar cópia do contrato de trabalho e do registro da CTPS e, regularmente, além de cópia dos recibos de pagamentos de salários, EPI’s, cartões ponto, exigir os comprovantes de recolhimento do FGTS, INSS, e demais obrigações acessórias. “Além disso, as condições laborais devem ser adequadas, e os riscos de acidentes do trabalho devem ser objeto de constante vigilância, evitando-se danos aos trabalhadores”, acrescenta. É preciso ficar claro que o tomador de serviços não é o empregador do funcionário da terceirizada, portanto, não deve dirigir pessoalmente a prestação de serviços. A relação do supermercado deve ser diretamente com a empresa contratada. Dessa forma, questões como treinamentos, reclamações, advertências, ordens, entre outros, devem ser de responsabilidade da empresa terceirizada, sob pena de formação de vínculo empregatício entre o supermercado e o trabalhador. Conforme a advogada, esses detalhes podem variar em cada contratação. Dessa forma, ela orienta que o tomador de serviços consulte um advogado de sua confiança para orientação caso a caso e, inclusive, para elaboração do contrato com a empresa terceirizada.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.