Revista Sonorama Baby - Número 01

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Comportamento

Os corpos vibrantes dos pais Quando as vibrações e as sensações dizem muito mais que as palavras

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primeiro contato do feto com a mãe é rítmico, desde a fecundação até a pulsação do corpo. O batimento cardíaco da mãe, as sensações vibratórias, os ruídos das paredes intrauterinas, os ruídos intestinais e a respiração. Todos estes elementos sonoro-musicais são, durante a gestação, percebidos pelo feto como vibrações e não são só ouvidos pelo sistema auditivo. Toda esta “dança” entre mãe e bebê que começa na gestação vai desaguar na pulsação da criança em seu ritmo interno e na sua relação com a música e com a natureza. “O registro emocional ou todas as mensagens afetivas que a criança recebe dos pais são primeiramente ‘sonoras’, vibracionais e energéticas. O bebê ou a criança, ainda, não entendem o significado das palavras, mas sentem e registram as vibrações e as sensações da voz (e do corpo) da mãe/pai como mensagens carregadas de emoção e vibração. As crianças brincam com os sons e sentem a voz da mãe e do pai como um ‘banho melódico de amor”, explica Cláudia Lelis musicoterapeuta e psicoterapeuta corporal. As crianças naturalmente gostam e se entregam à música a desde pequeninos. Elas são musicais espontaneamente e precisam ser acolhidas, educadas e criadas com música. É natural uma criança pequena ouvir uma música e em seguida começar a dançar e se mostrar alegre e surpresa. “O velho costume de cantar e contar histórias para as crianças é excelente, pois desperta o interesse, a curiosidade, a alegria e o entusiasmo dos pequenos por tudo aquilo que é fantasioso e criativo, acionando as sensações puras pelos sons e timbres, criando descobertas do mundo interno e externo”. Ao sentirem e expressarem seus medos, sentimentos, fantasias e ao cantarem e tocarem instrumentos musicais, as crianças descobrem diferentes esquemas motores, sen-

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soriais, emocionais. A criança pequena fica fascinada pela própria voz e começa a reconhecer melodias, exibindo movimentos associados a elas, entrando em ressonância com ela mesma, com a mãe e com o ambiente através do som e da música. “Toda a identificação e preferências musicais na idade adulta estão ligadas a estas experiências afetivo-sonoros musicais da infância, refletindo o prazer e as sensações vividas na relação com a mãe, com o pai, com a natureza e com o ambiente”, explica Cláudia. A música e o canto são fontes de cura para crianças e adultos porque refletem nosso self, nosso interior. A nossa voz é a fonte mais pura que conservamos intacta e cheia de amor. É como uma fonte que jorra água limpa, expressando desejo mais puro de amor, desejo de dar e receber amor. Como diz o ditado popular, “os olhos são o espelho da alma”, podemos dizer que “a voz é o espelho do coração”. Segundo Ken Bruscia, musicoterapeuta inglês, fazer e criar música possibilita oportunidades de autoexpressão em diversos níveis. No nível mais primitivo, ela permite expressar os nossos corpos através do som – vibrar e ressoar suas várias partes de forma a poderem ser ouvidas. Quando se pratica o canto ou toca-se instrumentos musicais, liberase uma energia interna para o mundo externo, fazendo o corpo soar, dando forma aos impulsos, vocalizando o não dizível ou as ideias não pronunciáveis e destila as emoções em formas sonoras descritivas. “Hoje em dia é comum os pais introduzirem iPhones e iPpads para as crianças pequenas, contendo vídeos e historinhas, acreditando que este estímulo é positivo. Mas, posso lhes afirmar que não há estímulo maior para uma criança que o contato do calor da voz, dos olhos amorosos, do corpo vivo e vibrante de amor dos pais por seus filhos”, ressalta Cláudia Lelis.


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