Revista Semanal

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lorida chega a roçar o deprimente. Mas há mais Cuba para além de Havana e Varadero, Viñales e Trinidad, que possa interessar ao forasteiro? Sim, há. Lugares possíveis de visitar numa curta estadia de oito dias? Sim. Vamos então a isso, com uma sugestão, apenas, no centro do país, para que cada viajante se sinta instigado a partir à descoberta da “sua” própria Cuba. Sejam pois bem-vindos a Remédios. PARRANDAS DE REMÉDIOS, AS MAIS CONCORRIDAS DE CUBA Local praticamente desconhecido das rotas turísticas internacionais, Remédios é uma espécie de Trinidad em ponto pequeno mas com personalidade muito própria. É uma povoação acolhedora, com uma praça

Viagem

tocarro a partir de Varadero até ao centro histórico de Trinidad, a pérola colonial de Cuba classificada Património Mundial pela UNESCO, périplo que inclui uma rápida paragem para fotografar o memorial a Che Guevara, em Santa Clara, e o inevitável show nocturno na escadaria da Casa da Música de Trinidad que, de tão orientado para o turista da pulseirinha co-

central agradável chamada Parque Martí onde gente de todas as idades repousa nos bancos de jardim, e uma catedral lindíssima - a Paróquia de São João Batista de Remédios - que possui no seu interior uma curiosa figura da Imaculada Conceição grávida; para além da Igreja da Nossa Senhora da Boa Viagem, dedicada a todos os que arriscam a vida nos mares. Remédios é a típica cidadezinha de interior, pequena e bem cuidada e cujos habitantes, sempre simpáticos e prestáveis, não regateiam um sorriso aos forasteiros durante as tardes quentes passadas nas arcadas do café El Louvre. Mas não se pense que tão pacato lugar seja uma pasmaceira. Quanto a animação, as Parrandas de Remédios estão no topo da lista de festas populares do país. Na noite de 24 de Dezembro, os dois bairros da povoação - San Salvador e El Colme - disputam uma encarniçada e barulhenta “guerra” na malha urbana, com epicentro na praça central, lugar que divide geograficamente Remédios em duas facções. O objectivo é fazer o mais ensurdecedor barulho que for

possível, com recurso a foguetes. O aspecto visual não tem muita relevância na contenda - o importante são mesmo os decibéis. “Quando são os de San Salvador a lançar os foguetes, correm todos para este lado; quando são os de El Colme corre tudo para San Salvador”, contou, a propósito, entre dois golos de um mojito caseiro, Alberto Molina, simpaticíssimo anfitrião em Remédios e cuja casa fica no “lado” de El Colme. “É uma festa bonita, só é preciso ter cuidado para não se queimar com os foguetes”, avisa, em jeito de alerta a algum turista mais incauto. Para além da pólvora queimada, há também uma

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