LUMI

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Viva o frescor da liberdade

No ritmo acelerado da vida moderna, a construção de um vínculo sólido entre pais e filhos tornou-se mais desafiadora do que nunca. Com tantas demandas profissionais, acadêmicas e tecnológicas competindo por atenção, encontrar tempo de qualidade para fortalecer o vínculo entre pais e filhos pode parecer uma tarefa árdua.

Benefícios emocionais

Fortalecer o vínculo entre pais e filhos não é apenas um gesto de carinho, mas uma necessidade fundamental para o desenvolvimento emocional e psicológico de ambas as partes.

Para as crianças, essa conexão proporciona um senso de segurança, essencial para explorar o mundo e enfrentar desafios com confiança. Elas se sentem valorizadas e amadas, o que contribui para uma autoimagem positiva, além de apresentar menos problemas de comportamento e maior capacidade de autorregulação. Um vínculo forte ensina os filhos a lidar melhor com frustrações e dificuldades, além de trazerem uma sensação de realização e felicidade para os pais, reduzindo o estresse e aumentando a empatia.

Portanto, investir na construção e manutenção de um vínculo afetivo sólido entre pais e filhos é essencial para o bem-estar emocional de toda a família. Esse laço fortalece a base para uma convivência harmoniosa, promove o desenvolvimento saudável das crianças e proporciona aos pais uma experiência de parentalidade mais gratificante e equilibrada.

Atividades juntos

Incorporar atividades que ajudam a fortalecer o vínculo entre pais e filhos na rotina diária pode parecer desafiador, mas com um pouco de organização e flexibilidade, é possível torná-las parte natural do dia a dia.

Essas atividades não são como tarefas, mas momentos prazerosos, é essencial incorporá-las gradualmente e com leveza, para então poder se tornar um hábito. Algumas atividades que podem fortalecer vínculos são por exemplo caminhada, piquenique, praticar ou criar algum hobby, criar tradições familiares, filmes e jogos, além de ajudar em atividades ecolares.

É importante destacar que o mais valioso não é o tipo de atividade em si, mas a qualidade do tempo compartilhado. Estar presente, ouvir com atenção, respeitar as individualidades e demonstrar afeto são atitudes essenciais para fortalecer os laços familiares, onde todos se sentem valorizados e seguros, contribuindo para o bem-estar emocional de cada membro da família.

Toda liberdade começa com um empurrão

Bill

A juíza da Vara da Infância e Juventude do TJRJ, Vanessa Cavalieri, alertou sobre os graves impactos do uso excessivo de celulares por crianças e adolescentes. Em entrevista à CNN, a magistrada destacou que a falta de regras no uso desses dispositivos está gerando problemas significativos para a saúde e para o desenvolvimento dos jovens.

Quantas horas, em média, os adolescentes brasileiros passam diante das telas?

Em média, sete horas por dia. É como se eles tivessem um segundo turno, além da escola. Essa carga horária é maior do que a de um estágio, por exemplo, e o pior: gasta-se esse tempo vendo vídeos curtos, de 15 segundos, que não acrescentam nada e só enfraquecem a capacidade de concentração e reflexão. Estamos falando de uma rotina que ocupa praticamente metade do dia acordado. E não é algo produtivo. São conteúdos rasos, repetitivos, que não estimulam o pensamento crítico. É como se o cérebro estivesse em um consumo constante de “fast content" , e isso tem um custo alto para o desenvolvimento cognitivo.

Quais são os impactos mais graves desse hábito?

Um dos mais sérios é a privação crônica do sono. E isso não é só um problema do Brasil, está acontecendo no mundo todo. Crianças e adolescentes estão dormindo cada vez menos e cada vez pior, justamente porque o uso dos dispositivos eletrônicos invade o momento de descanso.

É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança, todos devem se envolver

Como isso afeta o corpo das crianças?

O impacto é direto. A curva de crescimento das crianças está diminuindo globalmente. Isso significa que, pela primeira vez em muito tempo, a população mundial está ficando mais baixa. O sono é essencial para o crescimento físico, e quando ele é interrompido ou encurtado com frequência, isso prejudica o desenvolvimento de forma muito clara. O sono insuficiente está ligado ao aumento de casos de depressão, ansiedade, dificuldades de aprendizagem, obesidade infantil, diabetes e até hipertensão. Ou seja, os efeitos não são apenas mentais, são também físicos, metabólicos, e de longo prazo.

O que os pais podem fazer diante dessa situação?

É essencial impor limites claros com comunicação. O celular tem que sair do quarto das crianças à noite. É uma regra básica. Bloquear o acesso no horário de dormir é uma medida de cuidado especial, não de punição. Não é algo do tipo que se pode negociar ou barganhar. É como colocar o cinto de segurança: faz parte da proteção das crianças, por bem ou mal, é necessário.

Por fim, que você diria sobre a relação entre escola e família hoje?

A escola precisa estar alinhada com a família. Nenhuma das duas consegue educar sozinha. O ambiente escolar deve reforçar hábitos saudáveis e colaborar com os pais nesse processo de formação. Uma frase muito sábia de origem africana: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Ou seja, todos precisam se envolver, pais, professores, comunidade, todos aqueles que façam parte do desenvolvimento educacional do adolescente. Não dá para deixar a responsabilidade nas costas de uma pessoa só.

Ao longo da entrevista, trouxe reflexões profundas sobre os impactos do uso excessivo de telas, especialmente durante a noite. Ela destacou a privação do sono como um problema global que afeta diretamente o crescimento, a aprendizagem e a saúde emocional dos jovens. Vanessa também faz um chamado ao fortalecimento da parceria entre família e escola, apontando que a confiança entre essas duas instituições precisa ser restaurada e nutrida. Quando família e escola atuam juntas, os resultados são mais eficazes e duradouros. Se coloca como alguém comprometida com o futuro. Seu recado é claro: educar não é apenas ensinar conteúdos, mas criar condições para que crianças cresçam com estrutura. E isso começa em casa, se estendendo à escola e reverberando por toda a comunidade.

O uso do celular tem mudado a forma que as relações ocorrem (imagem 1 e 2)

Como auxiliar o bom uso da tecnologia pela geração Z

om a rotina cada vez mais acelerada, muitos pais têm delegado parte da educação dos filhos à escola e à tecnologia. Crianças e adolescentes da chamada geração Z – nativos digitais – crescem imersos em celulares, redes sociais e jogos online, muitas vezes sem supervisão adequada. Isso torna ainda mais importante o acompanhamento ativo dos pais.

Segundo especialistas, o uso da tecnologia não é necessariamente negativo, mas pode ser prejudicial se for desorientado. Crianças pequenas já acessam redes sociais para jogar, sem consciência dos riscos que envolvem o ambiente digital – como o contato com desconhecidos mal-intencionados. A supervisão, portanto, é fundamental para ensinar o que é seguro e como identificar informações confiáveis na internet.

Além de orientar, os pais devem buscar equilíbrio: oferecer também experiências fora do mundo digital, como brincadeiras e tempo de qualidade em família. Proibir o uso de tecnologia raramente funciona – como no caso citado de uma criança que, após ter o comutador retirado, passou a jogar escondido dentro do armário. O ideal é ensinar limites com afeto e presença, promovendo um relacionamento próximo que ajude os filhos a lidar com o mundo real e virtual. Assim, a autoridade se equilibra com o cuidado, criando um ambiente seguro.

As expectivas e pressões do vínculo entre pais e filhos

relação entre pais e filhos é, muitas vezes, marcada por expectativas silenciosas e padrões transmitidos de geração em geração. Desde cedo, somos inseridos em uma teia de crenças familiares que moldam nossa identidade, valores e até decisões. Ainda que a lealdade familiar seja um elo importante de afeto e pertencimento, ela pode se tornar um peso quando nos obriga a seguir caminhos que não escolhemos.

Na busca por aprovação, muitos filhos acabam anulando sua individualidade para corresponder aos ideais dos pais, o que pode gerar sofrimento emocional e dificuldade de se afirmar no mundo. É preciso compreender que o amor verdadeiro não exige obediência cega, mas permite a divergência com respeito. Pertencer a uma família não deve significar abrir mão de quem se é.

Por isso, refletir sobre os vínculos familiares e as influências recebidas é um passo importante para conquistar autonomia emocional. Ser fiel a si mesmo, ainda que isso desagrade ou decepcione quem amamos, é um ato de coragem e maturidade. No fim, o que fortalece os laços é o amor consciente, que acolhe as diferenças e permite que cada um viva sua própria verdade. É esse amor, livre de imposições, que torna possível pertencer sem se perder de si mesmo. Nele, há espaço para ser. Um lugar onde a autenticidade é acolhida e a liberdade, celebrada.

Dicas de Filmes para assistir em família

Filmes aclamados pela crítica que são ideais para assistir entre pais e filhos

O Clube dos Cinco

Cinco estudantes de diferentes grupos sociais são forçados a passar um sábado juntos e acabam descobrindo mais sobre si mesmos e uns sobre os outros.

"Uma mistura perfeita de humor, drama e reflexão sobre a adolescência!"

A Viagem de Chihiro

Uma animação de Hayao Miyazaki que encanta com a jornada de Chihiro em um mundo cheio de espíritos e criaturas fantásticas trata de temas como coragem, amadurecimento e identidade.

"Uma jornada surreal e emocionante, com uma animação deslumbrante e uma história profunda"

Kings of the World

Um drama de aventura que segue um grupo de adolescentes que tentam escapar das dificuldades de suas vidas.

"Uma jornada intensa de amizade, que explora com profundidade a luta dos jovens por um futuro melhor"

As Vantagens de Ser Invisível

Baseado no livro de Stephen Chbosky, este filme é uma jornada emocional sobre a vida de um adolescente introvertido que começa a se abrir para novas experiências.

"Uma história linda sobre amizade, amor e encontrar seu lugar no mundo"

Psicanalistas e psicólogos entendem as fontes de sofrimento dos jovens

por Marian Branches

A mente exausta consome a energia pessoal, gerando instabilidade emocional

esta reportagem dedicada à saúde mental, focamos no cuidado profissional do sofrimento na adolescência – um período da vida tipicamente marcado por transformações numerosas e significativas, essenciais para a passagem à vida adulta. Algumas delas, porém, podem gerar preocupação e disparar o alarme de que algo não vai bem.

O tema tem sido amplamente debatido depois da estreia da série Adolescência, da Netflix. A história de Jaime, de 13 anos, acusado de esfaquear uma garota, virou o centro do debate sobre os fatores que poderiam tê-lo levado a se tornar um assassino. Fora das telas, muitas questões levam os adolescentes a frequentarem um divã, e o amor entra como elemento comum em muitas delas, afirma a psicanalista Diana Lichtenstein Corso, coautora do livro Adolescência em cartaz: psicanálise e filmes para entendê-la (Artmed).

Os adultos não subestimem, pois amor é coisa séria já no começo da vida: “toda conquista é uma odisseia, toda ruptura é uma catástrofe”, ela exemplifica.

Conflitos nas amizades e o tema da lealdade também aparecem, especialmente nos dilemas éticos que têm. Assim como a timidez, considerada pelo adolescente como um defeito terrível, explica Diana.

“Neste cenário de hiperexposição, qualquer freio necessário parecerá uma falha pessoa. Por isso, é fundamental debater as exigências de aparecer e expor-se, além da ‘estupidez de certos padrões’, sem zombar dos ídolos juvenis da internet.”

As situações de sofrimento variam, mas em todos os contextos vigora o drama da

inadequação, da solidão, da autoaceitação inatingível e da incerteza sobre o futuro, contextualiza Diana. É como se o adolescente se cobrasse de corresponder com o ideal social que ele tem, se manifestando em um grande ódio de si, julgando ser incapaz de fazer qualquer coisa que preste. Não raro observa-se depressões abastecidas desses sentimentos.

Dificuldades nas relações familiares, pressões escolares, episódios de racismo, LGBTfobia e sexismo são outras fontes de sofrimento que levam o adolescente a buscar cuidado em saúde mental, explica o psicólogo Marcos Amaral, doutor em Psicologia da Educação pela PUC-SP e coordenador executivo e de incidência política e institucional da Amma Psique e Negritude. As incertezas quanto ao futuro muitas vezes dão lugar à desesperança.

Muitos adolescentes relatam ansiedade, tristeza profunda ou comportamentos impulsivos, mas nem sempre identificam

A escola como refúgio

Muitas vezes o sofrimento tem a escola como participante, direta ou indiretamente, o que evidencia o papel fundamental dela na vida dos adolescentes, ressalta Amaral.

“Longe de ser um ambiente neutro, a escola carrega as contradições sociais, sendo, ao mesmo tempo, um espaço de aprendizado e de (re)produção da desigualdade social. Pressões acadêmicas, exclusão social e violência, como o racismo, a misoginia e a LGBTfobia, intensificam o sofrimento dos adolescentes”, exemplifica o coordenador da Amma.

O psicanalista Alexandre Patrício de Almeida, doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP e autor de dois volumes de Por uma ética do cuidado (editora Blucher), sugere que as escolas recebam preparo para poder lidar com as questões de saúde mental dos alunos.

Isso significa um treinamento ou orientação que passem pelas bases da psicanálise para que os professores possam ter recursos de atuação, especialmente quando estiverem falando com os alunos. Mas é fundamental que os docentes também recebam cuidados. “A gente precisa cuidar dos cuidadores. Ajuda muito se a escola puder oferecer uma rede de escuta, ainda que seja em grupo, uma vez por mês, com um psicanalista presente lá”, recomenda Almeida.

A lógica da performance também invadiu a educação. Para o psicanalista Mário Corso, pais escolhem escolas competitivas por acreditarem que elas garantem sucesso futuro aos filhos. Como muitas atendem às expectativas dos pais, esses valores acabam dominando a sala de aula. “A escola deveria ser um escudo contra demandas excessivas”, defende.

Quando a mente se sobrecarrega, fica mais difícil nomear a dor que  se sente (imagem 1)

Se afogar na própria mente é muito fácil (imagem 2)

Em termos práticos, trata-se de focar no presente do aluno, não no que ele vai ser: “criar um ambiente menos ansiogênico quanto ao desempenho e investir na socialização dos alunos entre si, para que não se criem círculos fechados. Um adolescente não encaixado em seu grupo dificilmente terá bom desempenho; ele gastará seu tempo em ser aceito, ou com fantasias de vingança contra o grupo e a escola”, alerta Corso

Nomear as dores

Segundo o psicólogo Marcos Amaral, quando os adolescentes chegam ao consultório/instituição de saúde mental, o trabalho começa com a nomeação do que os fazem sofrer.

“É um processo conjunto, em que o adolescente gradualmente identifica, reflete e compreende aquilo o que sente”, diz o coordenador da Amma.

“Além disso, os espaços de saúde mental devem permitir ao paciente refletir sobre maneiras de enfrentar tudo aquilo o que produz seu sofrimento, principalmente de forma coletiva. Mesmo quando o cuidado é individual, é fundamental que o profissional costure com os jovens e as jovens saídas coletivas e solidárias, que envolvam a família, a escola e sua comunidade”, diz Amaral.

“Para tanto, é fundamental que a sociedade brasileira fortaleça espaços de cuidado coletivos, em liberdade e territorializados, vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), como os Centros de Apoio Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPS)”.

Imune à expectativas

Se as brincadeiras dão acesso ao que se passa com as crianças, com os adolescentes este canal vem pelas narrativas, como os diários, ou redes sociais como o Tik Tok, que funcionam como diários imagéticos, explica a psicanalista Rosa Maria Marini, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento pela USP e organizadora dos livros “Gênero e sexualidade na infância e adolescência: reflexões psicanalíticas” e “A vivência da morte e do luto na infância e adolescência”.

“Cabe ao analista ajudar o paciente a construir sua narrativa de si e do mundo a sua volta a partir desses elementos”, afirma Marini sobre a situação.

Apesar de ser um espaço exclusivo para o adolescente, o tratamento é alvo de expectativas e receios dos pais, pontua a psicóloga Louise Madeira, especialista em Terapia Familiar e de Casais pela PUC-SP.

“Há o medo de que esse novo adulto subverta o controle dos pais, contrariando regras ou criando laços fortes com um filho afetivamente distante”, diz Madeira.

Um adolescente não encaixado

dificilmente terá bom desempenho; ele gastará seu tempo em ser aceito, ou com fantasias de vingança contra os que oprimiram

Já as expectativas seguem o que ela chama de “lógica liberal”: “que o processo apresente resultados concretos e que seja produtivo para aquela família, em termos de quantidade de adesões aos comandos parentais, de aumento de notas na escola, que haja um incremento do desejo de convivência próxima com a família, e por aí vai”, descreve Madeira.

Só que não funciona assim.

A psicanalista Adela Stoppel de Gueller, doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP e coordenadora do Departamento de Psicanálise com Crianças no Instituto Sedes Sapientiae, explica que a adolescência é um tempo importante de separação dos pais e de criação de uma intimidade própria.

“Os psicanalistas frequentemente tem essa função de ser o interlocutor adulto que não são os pais e para quem os adolescentes podem endereçar questões sabendo que o sigilo será preservado; ou seja, o psicanalista é um adulto não familiar com quem o jovem pode conversar e se interrogar.” O trabalho realizado consiste em construir saídas para os problemas, o que só é possível com sigilo e confiança no profissional.

Muitos pensamentos não conseguem ser propriamente organizados pelo excesso de informação no cérebro (imagem 1)

Não se deve deixar levar pelos pensamentos ruins gerados de sobrecarga  emocional (imagem 2)

Aborrecidos com lero-lero ou mentiras à sua volta, o que os adolescentes querem do tratamento são soluções, identifica a psicanalista Diana Lichtenstein Corso. “Pensar saídas não quer dizer que daremos conselhos com atitudes práticas a tomar, mas, sim, que iremos mapear juntos os problemas e elencar os caminhos possíveis que eles apontam”.

“Não significa que vamos restringir qualquer cenário complexo a abordagens banais, mas, sim, que vamos assegurar ao paciente de que haverá saídas. Na adolescência, os problemas são paralisantes”, assinala Diana.

Desafio digital

Na clínica com crianças, o atendimento de adolescentes traz à tona a sintomática influência das redes sociais sobre o modo de viver dos pacientes. Mexem, sobretudo, com

as identificações, ou seja, as maneiras como eles se reconhecem e se veem no mundo. A constante exposição a padrões idealizados e comparações virtuais pode afetar diretamente a autoestima e o desenvolvimento emocional dos jovens.

“Formar um ‘eu’ é como montar uma colcha de patchwork: juntamos pedaços de influências diversas. A família é uma delas, mas também pesam a escola, a cidade, a arte, a religião e o ambiente ao redor”, diz Diana.. Como a internet entra nisso? “Pense que colocamos todas essas influências em um liquidificador, reduzindo-as a pedaços muito pequenos que se organizam provisoriamente, como as imagens de um caleidoscópio”, acrescenta. Para se criar o “eu”, é preciso pausar um pouco, processar essas referências. O que a internet faz é multiplicar elas e trocá-las

Josh Cochran

incessantemente, sem que haja espaço para a pessoa ancorar e lidar com as referências disponíveis, até para que decida quais ficam e quais podem ser descartadas

Organizar o pensamento torna-se, então, uma tarefa praticamente impossível, especialmente com o ritmo acelerado das imagens e ideias. Das redes sociais tem vindo grande parte das questões de saúde mental dos jovens, alerta Mário Corso.

Um exemplo é o bullying. Antes, quando chegava em casa e durante o fim de semana, o adolescente era poupado. Hoje, as ofensas chegam a qualquer instante. “Agora não tem hora para acabar o sofrimento”. Por isso, ele considera bem-vinda a recém-sancionada lei federal que proíbe o uso de aparelhos celulares por alunos nas escolas públicas e privadas de todo o Brasil

Stephen Graham, ator e criador da série Adolescência, disse em entrevista que, depois de saber de atos de violência entre pré-adolescentes, pensou em um ditado que diz algo como: “é preciso de uma vila inteira para criar uma criança”. E, então, desenvolveu a série para que todos possamos olhar juntos para um problema real da sociedade.

Não é apenas ele que propõe isso. Há um debate em curso para discutir como se formarão os jovens que crescem em um mundo cada vez mais diferente.

Como parte desse debate, foi publicado o livro As dores da adolescência: como entender, acolher e cuidar (Summus Editorial, R$ 58,40), da pedagoga e psicanalista Carolina Delboni. É uma leitura que auxilia a entender qual o papel dos responsáveis no desenvolvimento dos joven A autora concordou em conversar e responder algumas perguntas relacionadas ao seu livro, à série e outros tópicos.

Até que ponto interferimos ou deixamos as crianças e os adolescentes descobrirem a vida?

Devemos permitir, desde que não coloque o jovem em risco de vida. Nada que envolva perigo iminente deve ser permitido sob a justificativa de experiência a um jovem. Mas temos a tendência de preservar as crianças e os adolescentes de qualquer sofrimento. Um exemplo simples é quando, no parquinho, proibimos uma criança de subir em um brinquedo considerado arriscado, mas que, na verdade, é apenas desafiador para ela naquele momento. Ter desafios apresentados é importante para o desenvolvimento motor, psicológico e emocional, pois exigem que a criança controle suas emoções para conseguir se pendurar ou subir em uma altura maior, nesse caso.

Como a série Adolescência contribui para o debate público?

O grande ponto da série Adolescência é evidenciar o abismo geracional que existe hoje. Há uma clara desconexão entre as gerações. Quando não conhecemos o universo do outro, não conseguimos dialogar, acolher, orientar ou oferecer ferramentas para que ele enfrente seus desafios.

Seu livro discute questões levantadas pela série?

Sim, o livro fala das dores emocionais da adolescência. Esse é o cenário que a atual geração de adolescentes enfrenta: suas maiores angústias estão no campo das emoções.

O livro explora temas como ansiedade, depressão, transtornos alimentares, bullying e cyberbullying. Discute ainda questões de

autoestima, que é profundamente impactada pelo excesso de redes sociais. Não basta sentir que a violência está aumentando e não fazer nada. É preciso medir isso de forma direta e objetiva. A ciência é essencial para trazer embasamento às questões do dia a dia, permitindo não apenas a formulação de políticas públicas, mas também a implementação de movimentos educacionais, boas práticas dentro das escolas e mudanças sociais.

Pode falar um pouco do papel das redes sociais nesse contexto?

Famílias e educadores devem conhecer os ambientes digitais, entender quem circula por lá. No mundo físico, há normas que regulam as interações: prédios têm regras de convivência, cada família define seus próprios valores e limites, etc. É evidente que precisamos de regulamentações governamentais também para as plataformas. E no âmbito familiar e educacional, cabe a pais e responsáveis se informarem sobre esses espaços, acompanharem o que seus filhos fazem online e entender quem eles seguem e admiram.

No livro, você menciona a educação como um fator determinante para como crianças/adolescentes se comportam em seu desenvolvimento. O quanto a idade define o que é a adolescência e a infância? Do ponto de vista da psicologia, é possível perceber que a infância está sendo encurtada e a adolescência prolongada, em grande parte, devido ao contexto social. As crianças têm acesso cada vez mais cedo a códigos do universo adulto, especialmente por meio das plataformas digitais. Há muito conteúdo positivo nesses ambientes, mas o problema é que elas acessam esses espaços muito antes da idade recomendada.

Livro de Carolina
Delboni (imagem 1)
Série adolescência, da Netflix (imagem 2)

Como a ansiedade dos pais reflete nos seus filhos

ais são as principais referências para os filhos – e, sem perceber, acabam influenciando também seu bem-estar emocional. A ansiedade, cada vez mais comum após a pandemia da COVID-19, pode ser transmitida de forma silenciosa aos filhos, impactando seu desenvolvimento e até sua vida adulta.

Preocupações excessivas com o futuro, superproteção e medos cotidianos acabam sendo absorvidos pelas crianças e adolescentes. Jovens que crescem cercados por expectativas elevadas, como sucesso acadêmico ou profissional, podem desenvolver ansiedade e insegurança, especialmente quando sentem que precisam realizar os sonhos dos pais.

Além disso, pais ansiosos ou deprimidos tendem a adotar uma postura mais rígida ou emocionalmente distante, o que pode prejudicar o comportamento e a aprendizagem dos filhos dessa geração jovens.

Especialistas alertam que o caminho não é se afastar, mas sim olhar para si com mais atenção. É essencial que os pais façam uma gestão consciente de suas emoções, busquem ajuda profissional quando necessário e evitem projetar nos filhos expectativas irreais.

O foco, dizem os especialistas, deve ser no presente: apoiar os filhos em suas escolhas, estimular o autoconhecimento e oferecer um ambiente de acolhimento e respeito. Cuidar de si é, também, uma forma de cuidar dos filhos.

Escola em identificar a ansiedade em jovens

o dia 8 de abril, 26 alunos da escola Ageu Magalhães, no Recife, sofreram uma crise de ansiedade coletiva com sintomas como falta de ar, tremores e choro. Para o psiquiatra Guilherme Polanczyk, da USP, esse tipo de episódio é atípico, mas pode estar relacionado a um estresse extremo somado à fragilidade emocional pré-existente dos jovens.

Polanczyk explica que fatores como ambiente familiar, escolar e experiências traumáticas têm grande influência no desenvolvimento de quadros de ansiedade. Ele alerta para a importância de pais e professores estarem atentos a sinais comportamentais, como medo ou preocupação, que muitas vezes substituem verbalizações claras sobre o sofrimento emocional.

O especialista também ressalta o papel fundamental da escola na promoção da saúde mental e na identificação precoce de problemas. Ele lembra que o período mais crítico da pandemia da Covid-19 teve impacto direto no aumento de casos de ansiedade e depressão, especialmente entre jovens e mulheres. Segundo a OMS, houve um crescimento de 25% na prevalência global desses transtornos no primeiro ano da pandemia. Esse aumento expressivo evidencia como o isolamento, a incerteza e a ruptura na rotina afetaram profundamente a saúde mental, especialmente e principalmente de crianças e adolescentes.

A puberdade é um período de inúmeras transformações, sendo a primeira menstruação uma das mais importantes para as meninas. A menarca pode acontecer entre 10 e 14 anos de idade e depende de fatores hormonais, do histórico menstrual das mulheres na família, da alimentação e do estilo de vida. Contudo, embora seja um processo natural para qualquer jovem mulher, a menstruação é cercada de desinformação e tabus que podem levar a uma ausência de diálogo e reforçar desconfortos, especialmente durante os anos escolares. Segundo o relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos”, publicado pelo Unicef, mais de 4 milhões de estudantes brasileiras frequentam escolas sem infraestrutura adequada para realizar a higiene pessoal durante o período menstrual, ou seja, encontram banheiros sem papel higiênico ou sabonete para lavar as mãos. Além disso, uma em cada quatro meninas falta à escola enquanto está menstruada pela falta dessa infraestrutura básica, ou mesmo por não ter acesso a absorventes, segundo dados da ONU. E isso pode trazer prejuízos no processo de aprendizagem, visto que as faltas podem somar até 45 dias de aulas no ano letivo, segundo o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil, encomendado por uma marca de absorventes e feito pela consultoria Toluna. A falta de absorventes e de infraestrutura adequada nas escolas faz com que uma em cada quatro estudantes falte às aulas durante o período menstrual, resultando em até 45 dias letivos perdidos por ano. Assim, acaba prejudicando o aprendizado e dificultando o acesso dessas alunas à educação.

Primeiros sinais

Os sintomas da chegada da menstruação podem ser percebidos nos dias, semanas ou meses que antecedem a menarca. Devido às alterações hormonais, acontecem alterações corporais como por exemplo o aumento dos seios, quadris, ganho de peso, surgimento de espinhas e até alterações de humor leves. Após a primeira menstruação, é normal que as meninas tenham cólicas menstruais ou dores na região abdominal, que podem irradiar para as costas e pernas.

Menstruação precoce

A menarca antes dos 8 anos, chamada puberdade precoce, acelera o desenvolvimento físico e hormonal das meninas, causando mudanças como crescimento das mamas, pelos, acne e odor corporal. Além dos efeitos físicos, pode impactar a saúde emocional, aumentando o risco de depressão e comportamentos antissociais, devido à sensação de desajuste em relação às outras crianças. O contrário também pode acontecer. Meninas que começam a menstruar depois dos 15 anos podem sofrer de uma condição conhecida como amenorreia primária, que afeta meninas e mulheres que produzem estrogênio em níveis mais baixos.

Para quem veste confiança antes de qualquer roupa

Dicas de Séries para assistir em família

Séries aclamados pela crítica que são ideais para assistir entre pais e filhos

Bridgerton

Bridgerton acompanha os romances e escândalos da alta sociedade londrina, centrando-se na elegante família Bridgerton e nas fofocas de Lady Whistledown.

"é um romance de época vibrante com figurinos deslumbrantes e muito charme."

Adolescência

Adolescência acompanha a vida de jovens enfrentando os desafios da identidade e crescimento enquanto lidam com as pressões sociais e familiares dessa fase de transição.

"Uma série tocante, que captura perfeitamente os dilemas da adolescência com sensibilidade e realismo"

The Crown

The Crown retrata a vida da Rainha Elizabeth II e os bastidores da família real britânica, misturando drama histórico com questões pessoais e políticas.

"uma obra-prima do drama histórico com uma narrativa envolvente que humaniza a realeza de forma profunda e elegante."

Stranger Things

Stranger Things é uma série nostálgica dos anos 80 que mistura suspense, amizade e o sobrenatural, com crianças enfrentando criaturas de outro mundo.

"Mistura perfeita de nostalgia, mistério e aventura, com personagens cativantes e uma trama que só melhora a cada temporada."

Há uma tendência à permissividade e pode causar reflexos negativos

por Jhully Costa

Momentos de introspecção profunda e a busca por equilíbrio emocional

m que momento a educação positiva, sem violência ou autoritarismo, passa a ser permissiva? E quais os possíveis impactos na vida escolar de crianças e adolescentes? Essas podem ser dúvidas comuns aos pais e responsáveis, mas ganharam destaque nas redes sociais após o relato de uma professora de São Paulo sobre as dificuldades enfrentadas em sala de aula. Especialistas afirmam que realmente parece haver uma tendência à permissividade por parte dos adultos, o que pode causar reflexos negativos. No vídeo publicado, a professora Rebeca Café afirma que está difícil dar aula para os filhos de pais que aplicam a educação permissiva e aponta que o modelo acaba sendo adotado na tentativa de “evitar traumas” nas crianças. No entanto, conforme a docente, os responsáveis “perderam a mão”, tornando complicada a convivência com as crianças, que não obedecem e não têm “noção de autoridade”.

Dentro da escola não dá para a gente negociar com 30, 40 crianças ao mesmo tempo. Na escola, a hora do dever é a hora do dever, hora de acabar a brincadeira, ele tem que guardar o brinquedo dele, porque acabou a brincadeira – diz Rebeca. Especialistas consultados pela reportagem concordam que houve mudança no comportamento das crianças e adolescentes nos últimos anos. Apontam, entretanto, que as alterações não estão relacionadas apenas à permissividade dos pais, mas a fatores como o período de isolamento da pandemia e o uso excessivo de telas.

Na visão do diretor, muitos pais sentem necessidade de “compensar” os filhos, já que passam boa parte do tempo envolvidos com

o trabalho e as crianças ficam sonegadas de uma atenção mais qualificada. Isso ocorre quando aceitam atitudes e comportamentos que não aceitariam em outras circunstâncias, por exemplo.

Denise Armani, orientadora educacional da Escola Municipal de Ensino Fundamental Leocádia Felizardo Prestes, de Porto Alegre, observa que os pais perderam um pouco da posição de ser o adulto referência para os filhos com uma autoridade positiva. Ao conversar com os responsáveis, a pedagoga e psicóloga verifica que ocorre uma confusão de papéis, com os pais se colocando como amigos de crianças e adolescentes, sem estabelecer limites.

Positiva x permissiva

Priscila Cunha, psicóloga clínica e orientadora parental em educação positiva, explica que muitas pessoas questionam a parentalidade positiva porque entendem que esse modelo, que utiliza competência social e emocional, inteligência afetiva e trabalha com conexões sociais saudáveis, é permissivo. Contudo, para a educação positiva, a permissividade é a negligência – quando, por exemplo, os pais deixam os filhos no celular consumindo todos os conteúdos que querem, pelo tempo que desejam, sem nenhum tipo de supervisão prévia nem limitações.

A educação positiva tem como objetivo ensinar habilidades socioemocionais e validar os sentimentos

Na educação positiva, os pais criam formas de conexão para conseguir se relacionar com os filhos sem ou com o uso mínimo de telas – já que vivemos em uma realidade onde, às vezes, é preciso lançar mão desse recurso. Na educação positiva, os pais criam formas de conexão para conseguir se relacionar com os filhos sem ou com o uso mínimo de telas – já que vivemos em uma realidade onde, às vezes, é preciso lançar mão desse recurso.

Muitos pais pensam que educação positiva é deixar a criança fazer o que ela quiser. E a educação positiva é se relacionar com a criança com cuidado, com respeito, com amor e, principalmente, com significado. Ela vai imprimir um estilo de vida inclusivo, onde a criança e o adulto vivem em um meio saudável. Isso

Essas crianças ficaram um ano e meio fora da escola e isso vai deixar uma marca nessa geração que é de difícil correção. Há também uma superexposição a telas. As crianças passam de duas a três horas com telas depois que chegam em casa e, obviamente, isso interfere na capacidade de concentração, na prontidão e na paciência que elas têm de permanecer seguindo determinada orientação.

FABRÍCIO DOS SANTOS INDRUSIAK

Colégio Nave de Canoas

Gabriel Isak

vai gerando um ambiente de colaboração, de amor e de afeto – defende Priscila. Denise acrescenta que a educação positiva tem como principal objetivo ensinar habilidades socioemocionais. Por isso, há diálogo e conforto. Em sua função, a orientadora busca conversar com os alunos e entender o que ocorreu e o que estão sentindo diante de conflitos com professores e colegas. Denise acrescenta que a educação positiva tem como principal objetivo ensinar habilidades socioemocionais e validar os sentimentos das crianças. Por isso, há diálogo e conforto. Em sua função, a orientadora busca conversar com os alunos e entender o que ocorreu e o que estão sentindo diante de conflitos com professores e colegas.

A especialista reforça que as crianças e adolescentes precisam refletir e entender as consequências de seus comportamentos. Na visão de Denise, essa alternativa oferece um efeito positivo muito maior, porque as crianças aprendem a se posicionar e dialogar sem medo. Sendo assim, também vale para o ambiente escolar.

Tem que ter afeto, mas ser firme. Não adianta só dizer que algo está decidido e pronto, tem que explicar o motivo, explicar que existem combinados e regras. Não pode castigar, chantagear.

Outro ponto importante é que a educação positiva estimula o desenvolvimento da autonomia infantil. Ao invés de impor ordens de forma autoritária, os adultos convidam as crianças a participarem das decisões do cotidiano, o que fortalece o senso de responsabilidade e pertencimento. Isso não significa abrir mão da autoridade, mas sim exercê-la com empatia, equilíbrio e escuta ativa.

Impactos negativos

Para Priscila, a tendência à educação permissiva está muito relacionada às escolhas dos adultos. O problema é que esse modelo causa uma série de impactos negativos nas crianças e nos adolescentes, como desconexão com a família, falta de senso de coletividade e de competências emocionais e sociais. Para que os adultos possam fazer escolhas saudáveis na criação dos filhos, Priscila enfatiza a importância de contar com uma rede de apoio sólida, que envolva não apenas o núcleo familiar, mas também a escola e os profissionais de saúde. Essa rede oferece suporte emocional, orientação prática e diferentes perspectivas que ajudam os pais a lidar com os desafios cotidianos. Indrusiak acrescenta que um dos maiores desafios enfrentados pelas instituições de ensino atualmente é compreender que sua função vai além do ensino acadêmico, exigindo um envolvimento mais amplo com as questões socioemocionais dos alunos. Isso implica estabelecer um diálogo contínuo e colaborativo com as famílias, construindo juntos os limites e valores que irão

Gioeli
Fazzeri

Estar submerso em emoções desconhecidas (imagem 1)

Banhado por marés de aconchego frente a solidão (imagem 2)

nortear o desenvolvimento das crianças. Para que os adultos possam fazer escolhas saudáveis na criação dos filhos, Priscila enfatiza a importância de contar com uma rede de apoio sólida, que envolva não apenas o núcleo familiar, mas também a escola e os profissionais de saúde. Essa rede oferece suporte emocional, orientação prática e diferentes perspectivas que ajudam os pais a lidar com os desafios cotidianos. Indrusiak acrescenta que um dos maiores desafios enfrentados pelas instituições de ensino atualmente é compreender que sua função vai além do ensino acadêmico, exigindo um

envolvimento mais amplo com as questões socioemocionais dos alunos. Isso implica estabelecer um diálogo contínuo e colaborativo com as famílias, construindo juntos os limites e valores que irão nortear o desenvolvimento das crianças. Noto uma geração de pais que já começou a se conscientizar de que as coisas não estão bem e, mesmo que não saibam como fazer melhor, já têm uma escuta muito melhor. Temos recebido bastante pedidos de ajuda de manejo, de como educar os filhos, como estabelecer limites e como construir situações respeitosas. Acho que esse é um bom caminho – afirma. Isso mostra um movimento importante de abertura para o diálogo e para o aprendizado contínuo. Educar não é apenas impor regras, mas também desenvolver habilidades emocionais e relacionais em si mesmos.

É importante identificar quando os problemas de convivência passam do ponto e exigem um olhar mais cuidadoso

A sensação de estar perdido em pensamentos profundos e incontroláveis (imagem 1)

Mesmo em águas profundas, sempre haverá um caminho iluminado (imagem 2)

Diferentes educações

O documento O Cuidado Integral e a Parentalidade Positiva na Primeira Infância, desenvolvido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Brasil, apresenta quatro estilos parentais: permissivo, ausente, autoritário e participativo ou autoritativo.

• O permissivo está relacionado aos pais que são excessivamente tolerantes, um tanto negligentes e estabelecem poucas regras e limites aos filhos

• O autoritário é caracterizado por pais que são rígidos, controlam e avaliam o comportamento do filho conforme regras de conduta estabelecidas, demonstram muito pouco afeto e utilizam a punição como forma de controlar a criança acima de outras formas disciplinares

• Já o participativo ou autoritativo está relacionado aos responsáveis que estabelecem regras, orientam de forma clara os comportamentos, valorizam os esforços, respeitam a individualidade da criança, possuem uma comunicação aberta, compreensão e empatia, e oferecem suporte emocional

• O ausente refere-se aos responsáveis que se concentram mais em suas próprias necessidades do que nas de seus filhos e são considerados pouco presentes na vida das crianças, demonstrando baixo nível de suporte e disciplina

Josh Cochran
Frank Flores

Refeições em família trazem diversos benefícios para os filhos, como melhor desempenho escolar, vocabulário mais amplo, menos problemas de saúde mental e dietas mais saudáveis. Estudos feitos ao longo de mais de 20 anos comprovam esses efeitos positivos, que também se estendem à saúde física e emocional. Refeições em família também beneficiam os adultos, compartilhar refeições está ligado a uma alimentação mais saudável e a um melhor humor para todos os membros da família, em diferentes fases da vida.

Saúde para os pais

Pesquisadores descobriram que comer sozinho está associado a uma maior probabilidade de pular refeições e aos efeitos posteriores, como a menor ingestão de nutrientes, energia reduzida e saúde nutricional mais precária.

Adultos que fazem refeições com outras pessoas costumam ter uma alimentação mais saudável, com mais frutas e vegetais e menos fast food. Mesmo sem foco em comida saudável, comer em casa reduz o risco de obesidade, já que pratos preparados em casa tendem a ser menos calóricos e gordurosos do que os servidos em restaurantes. Quando os filhos estão presentes na hora das refeições, os pais podem comer de forma mais saudável, talvez para mostrar um bom comportamento e fornecer a melhor nutrição possível aos filhos.

Impulso para a saúde mental

Pode parecer contraintuitivo que um processo que exige tanto tempo e recursos – a energia para planejar a refeição, comprar, preparar, servir e limpar depois – também possa levar a melhorias na saúde mental. Porém, é óbvio como as crianças se beneficiariam se os pais demonstrassem seu amor e cuidado oferecendo jantares todas as noites. Em comparação com os pais que raramente faziam as refeições em família, aqueles que jantavam regularmente com os filhos relataram níveis mais elevados de funcionamento familiar, maior autoestima e níveis mais baixos de sintomas depressivos e estresse.

Assim como para as crianças, o jantar em família é a hora do dia mais confiável para os adultos desacelerarem e conversarem com outras pessoas. É o momento de se afastar de chamadas de vídeo, e-mails e listas de tarefas e, em vez disso, conectar-se cara a cara. A hora do jantar muitas vezes permite algumas risadas, um momento para descontrair e conversar sobre o dia a dia.

Cozinhar juntas é mais do que preparar comida, é fortalecer laços

Porque cada vez mais filhos cortam laços com pais por saúde mental

por Maddy Savage

É necessário oferecer acolhimento para os adolescentes

ma conversa acalorada no Skype sobre relações inter-raciais levou Scott a eliminar todo o contato com seus pais em 2019.Ele conta que sua mãe estava furiosa porque ele apoiou um ativista dos direitos civis nas redes sociais. Ela fez "uma série de afirmações racistas horríveis", segundo ele, e seu filho de sete anos de idade estava ouvindo a conversa.

"Tive um sentimento de pai muito forte, como 'você não pode dizer isso na frente das crianças, não é assim que vou criar meus filhos", explica Scott, que é pai de duas crianças e vive no norte da Europa. Ele afirma que a gota d'água veio quando seu pai tentou defender o ponto de vista da mãe por email, incluindo um link para um vídeo sobre supremacia branca.

Scott ficou perplexo porque seus pais não conseguiam compreender a realidade das pessoas que são vitimadas pelas suas origens, especialmente considerando o seu próprio histórico familiar. "Eu disse para eles: 'Isso é loucura, vocês são judeus. Muitas pessoas da nossa família morreram em Auschwitz.'"

Esta não havia sido a primeira vez que Scott enfrentava um conflito de valores com seus pais. Mas foi a última vez que ele viu ou falou com eles.

Não existem dados concretos, mas há uma percepção crescente entre terapeutas, psicólogos e sociólogos de que esse tipo de rompimento intencional entre pais e filhos vem crescendo nos países ocidentais.

Chamado formalmente de estrangement, expressão inglesa para uma situação na qual alguém se separa ou deixa de estar em bons termos com um grupo social, que poderia ser traduzida como "distanciamento", o

conceito é definido com leves variações pelos especialistas. É utilizado para situações nas quais alguém corta todas as comunicações com um ou mais parentes, em uma situação que perdura a longo prazo, mesmo quando membros do grupo do qual a pessoa se afastou tentam restabelecer o contato de diversas maneiras.

"A decisão de se distanciar definitivamente de um membro da família é um fenômeno único e poderoso", explica Karl Andrew Pillemer, professor de desenvolvimento humano da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. "É diferente de disputas familiares, de situações de alto conflito e de relações emocionalmente distantes, mas que ainda incluem contato."

Ao perceber que existem poucos estudos importantes sobre o distanciamento familiar, Pillemer realizou uma pesquisa

Os pais e professores de adolescentes devem reconhecer essa sensação de lidar com uma mente em

nacional para o seu livro Fault Lines: Fractured Families and How to Mend Them ("Falhas tectônicas: famílias fragmentadas e como reuni-las", em tradução livre), publicado em 2020. A pesquisa demonstrou que mais de um a cada quatro norte-americanos relata ter se distanciado de algum parente.

Uma pesquisa similar da organização britânica dedicada a distanciamento familiar Stand Alone sugere que este fenômeno atinge uma a cada cinco famílias no Reino Unido, enquanto pesquisadores acadêmicos e terapeutas na Austrália e no Canadá também afirmam que vêm observando uma "epidemia silenciosa" de rompimentos familiares diariamente.

Nas redes sociais, existe um enorme crescimento de grupos de apoio online para filhos adultos que decidiram se distanciar dos pais. Scott participa de um desses grupos, que congrega milhares de membros. "Os números do nosso grupo vêm crescendo continuamente", afirma ele. "Acho que isso está se tornando cada vez mais comum."

O fato de que o distanciamento entre os pais e seus filhos adultos parece estar aumentando, ou pelo menos mais discutido, aparentemente se deve a um complexo conjunto de fatores culturais e psicológicos. Essa tendência levanta questões sobre os seus impactos em indivíduos e na sociedade.

Passado e valores atuais

Embora as pesquisas sejam limitadas, a maioria dos rompimentos entre pais e filhos crescidos tende a ser iniciativa dos filhos, segundo Joshua Coleman, psicólogo e autor do livro The Rules of Estrangement: Why Adult Children Cut Ties and How to Heal the Conflict ("As regras do distanciamento: por que filhos adultos cortam os laços e como solucionar conflito").

Uma das razões mais comuns é o abuso dos pais, no passado ou no presente, seja ele emocional, verbal, físico ou sexual. O divórcio é outra influência frequente que traz consequências que variam desde o filho adulto "tomar um lado" até a chegada de novas pessoas à família, que podem alimentar divisões sobre "recursos financeiros e emocionais".

Marcos Camargo

Se acredita que disputas de valores, estejam cada vez mais presentes. Um estudo publicado em outubro por Coleman e pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, demonstrou que desavenças baseadas em valores foram mencionadas por mais de uma a cada três mães de filhos que se distanciaram.

As recentes conclusões de Karl Pillemer, também demonstraram que diferenças de valores são um "fator importante" nos distanciamentos, devido a conflitos resultantes de "questões como preferência pelo mesmo gênero, diferenças religiosas e adoção de estilos de vida diferentes".

Os dois especialistas acreditam que pelo menos parte desse contexto vem do aumento da polarização política e cultural ocorrida nos últimos anos. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do instituto Ipsos relatou aumento das divergências familiares após a eleição presidencial de 2016 naquele país. Pesquisas da Universidade Stanford em 2012 sugeriram que uma proporção bem maior de pais se mostrou descontente com a ideia de seus filhos se casarem com alguém que apoia um partido político oposto na comparação com uma pesquisa realizada uma década antes.

Um estudo recente no Reino Unido concluiu que uma a cada dez pessoas havia se distanciado de algum parente por questões relacionadas ao Brexit ( a saída do Reino Unido da União Europeia). "Esses estudos demonstram a forma

A identidade se tornou um fator importante nessa decisão (imagem 2)

Unsplash
União pelos mesmos ideais (imagem 1)
A identidade se tornou um fator mais importante para determinar quem decidimos manter por perto ou de quem nos afastamos

como a identidade se tornou um fator mais importante para determinar quem decidimos manter por perto ou de quem nos afastamos", afirma Coleman.

Scott afirma que nunca discutiu suas preferências eleitorais com seus pais. Mas sua decisão de se distanciar deles foi influenciada, em parte, por uma maior conscientização,dele e de sua esposa, sobre questões sociais, incluindo os movimentos Black Lives Matter e MeToo.

Ele afirma que outros filhos adultos do seu grupo de apoio online se distanciaram dos pais devido a discordâncias sobre valores relacionados à pandemia, que vão desde pais mais idosos que se recusam a ser vacinados até divergências relacionadas a teorias da conspiração sobre a origem do vírus.

Saúde mental como fator

Os especialistas acreditam que nossa crescente conscientização sobre saúde mental e sobre como relacionamentos familiares tóxicos ou abusivos podem afetar o nosso bem-estar também tem impactos sobre o distanciamento.

"Embora não haja nada de novo em conflitos familiares ou no desejo de se distanciar disso, ver o distanciamento de uma pessoa de sua família como uma expressão de crescimento pessoal, como se faz normalmente hoje em dia, é com certeza algo novo", afirma Coleman. "Decidir quais pessoas manter dentro ou fora da nossa vida tornou-se uma estratégia importante."

Sam, que tem pouco mais de 20 anos de idade e vive no Reino Unido, afirma que cresceu em um lar instável e que seus pais eram alcoólatras. Ela praticamente parou de falar com seus pais logo depois de sair de casa para a universidade e conta que cortou os laços para sempre depois de ver seu pai abusar verbalmente de sua prima de seis anos de idade em um funeral.

A terapia ajudou Sam a reconhecer sua experiência como "mais do que apenas falhas na criação dos filhos" e processar seu impacto psicológico. "Acabei entendendo que 'abuso' e 'negligência' eram palavras que descreviam a minha infância. O fato de não ter apanhado não significa que não fui afetada de forma prejudicial." jun 2025

Roxanne Lavínia

A desconstrução de estigmas e conflitos ajuda no crescimento pessoal dos adolescentes (imagem 1)

Acolhimento em momentos difíceis é uma das coisas mais importantes (imagem 2)

Ela concorda com Coleman que "está se tornando mais aceitável socialmente" cortar laços com membros da família. "Agora se fala mais sobre a saúde mental e é mais fácil dizer: 'essas pessoas fazem mal para minha saúde mental'. Também acho que as pessoas estão ficando mais confiantes para traçar seus próprios limites e dizer 'não' para as pessoas."

Superar os conflitos?

Com as divisões políticas em destaque em muitos países e o aumento do individualismo nas culturas ao redor do mundo, especialistas acreditam que os rompimentos entre pais e filhos continuarão ocorrendo. "Prevejo que permanecerá igual ou pior", afirma Coleman, destacando que os relacionamentos familiares tendem a ser cada vez mais em busca por felicidade e crescimento pessoal, e menos na ênfase em obrigações ou responsabilidades.

Já Pillemer argumenta que não deveríamos desistir de tentar superar conflitos, especialmente os ligados a diferenças políticas, profissionais ou de valores pessoais.

"Se o relacionamento anterior tiver sido relativamente próximo (ou pelo menos não conflituoso), acho que há evidências de que os membros da família podem restaurar esse relacionamento. E isso inclui, entretanto, definir uma 'zona desmilitarizada' na qual não se pode discutir sobre política", diz Pillemer.

Para seu livro, Pillemer entrevistou mais de 100 pessoas que se distanciaram de seus familiares e conseguiram se reconciliar. Ele concluiu que o processo realmente era definido por muitos como "motor para crescimento pessoal". "É claro que isso não é para todos, mas, para algumas pessoas, superar os conflitos, mesmo se o relacionamento resultante fosse imperfeito, era fonte de autoestima e orgulho pessoal."

Pillemer argumenta que são necessários estudos mais detalhados e atenção clínica para retirar o tema do distanciamento familiar "das sombras e levá-lo para a luz da discussão aberta". "Precisamos de pesquisadores para encontrar soluções melhores – tanto para as pessoas que querem se reconciliar, quanto para ajudar pessoas em distanciamento permanente."

Josh Cochran

sa Scott vê com bons olhos o crescente interesse no assunto. "Acho que ajudará muitas pessoas", comenta ele. "Existe ainda um grande estigma sobre o distanciamento familiar. Analisamos muito essas questões no grupo: 'O que você diz para as pessoas?', 'como você trata do assunto durante um encontro?'"

Ele reitera não estar disposto a se reconciliar com seus pais, a menos que eles reconheçam que foram racistas. "Isso dá importância dos laços familiares é muito bom se você tem uma família agradável, mas, se você estiver rodeado de pessoas tóxicas, não funciona", conclui Scott

Falar de sexo ainda é um tabu, principalmente quando o assunto surge em famílias cujos filhos estão na adolescência. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, menos da metade dos jovens brasileiros conversam com os pais sobre assuntos dessa natureza. Aqueles que falam com os pais sobre consumo de drogas são 47%, enquanto os que falam sobre problemas com seus namorados, 45%. Se o assunto é a vida sexual, o número cai para 40%.

Segundo a psicóloga e neuropsicóloga Juliana Gebrim, os pais devem escolher um momento tranquilo e sem pressa para iniciar a conversa com seus filhos.

“Eles podem usar uma linguagem clara e direta, adaptando a explicação ao nível de entendimento da criança. É importante responder às perguntas de forma honesta e sem tabu, mostrando-se disponíveis para futuras conversas”, ensina.

Educação sexual em casa

A especialista emenda que a educação sexual no ambiente familiar é essencial para estabelecer uma base sólida de conhecimento e valores saudáveis desde a infância. “Esse processo auxilia a criança a construir uma percepção positiva e saudável sobre seu próprio corpo, relacionamentos e sexualidade.”

Juliana também aponta que o diálogo aberto em casa fortalece a comunicação e a confiança entre pais e filhos, facilitando a discussão de temas sensíveis e evitando que busquem informações equivocadas em outras fontes.

“Além disso, uma orientação sexual adequada contribui significativamente para a prevenção de abusos, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez não planejada, promovendo a saúde e o bem- estar geral dos jovens”, desenvolveu a psicóloga.

A temida adolescência

Juliana expõe que naturalizar o assunto durante a adolescência é essencial criar um ambiente de confiança e abertura, em que os filhos se sintam seguros para discutir, perguntar e expressar suas preocupações.

“Os pais devem falar sobre o tema de forma franca e sem julgamento, destacando que sexo é uma parte natural da vida e que estar bem-informado é crucial para a saúde e o bem-estar”, acrescenta.

Quando falar sobre sexo?

A psicóloga aponta que não há uma idade específica para começar a falar sobre sexo, mas a recomendação é de que a educação sexual comece desde cedo, de forma gradual. As primeiras conversas podem começar já na infância, abordando conceitos básicos como as partes do corpo e suas funções.

Se conhecer é o primeiro passo para se libertar

Bullying pode ser um fator de risco, mas não significa que ele seja o único

Um adolescente tem muito passando por sua mente, é preciso estar atento ao que acontece na vida deles

ocê provavelmente já deve ter ouvido uma história de alguma criança ou adolescente que se suicidou e, quase que imediatamente, alguém veio com a suposição: "Ah, fez isso porque devia estar sofrendo bullying na escola". Quando um caso de suicídio desses vem a público ou vira manchete de jornal, comentários como esse são quase que inevitáveis. Mas, cada vez mais, especialistas vêm alertando: é preciso tomar muito cuidado ao fazer essa associação.

"Dizer que alguém cometeu suicídio só porque sofria bullying é perigosíssimo. O bullying é realmente um fator agravante que pode aumentar consideravelmente o risco, mas ele não é a única causa. Suicídio é uma questão multifatorial e precisamos vê-lo dessa forma para saber como agir", afirma o pedagogo Benjamim Horta.

Como explica o especialista, é preciso deixar claro que existe, sim, uma relação entre as duas coisas. Porém não é porque um adolescente se suicidou que ele, necessariamente, sofria bullying. E nem todo adolescente que está envolvido com bullying vai apresentar comportamentos suicidas. Apesar disso, não devemos fechar os olhos para o problema ou menosprezar a questão. Muito pelo contrário.

Mas o que é bullying?

Discussões, desentendimentos e falta de afinidade são comuns na infância e podem fazer parte do processo de desenvolvimento e de socialização com outros adolescentes. Mas é importante identificar quando esses "problemas" de convivência passam do ponto e exigem um olhar mais cuidadoso por parte dos adultos responsáveis.

Nesse sentido, pais, cuidadores e educadores devem estar atentos para entender quais comportamentos são pontuais e podem ser resolvidos facilmente e quais merecem intervenção, trazendo o risco de consequências mais graves para a saúde emocional dos pequenos.

"Houve uma hipérbole do termo 'bullying' e isso fez com que a gente perdesse o real significado da palavra. Para que a gente possa usá-la, temos de identificar três critérios: a repetição da ação, a intenção de causar mal-estar e o desequilíbrio de poder, já que quem está sofrendo normalmente não tem condições de se defender", afirma Benjamim Horta.

O papel da escola

Infelizmente, no Brasil a prática do bullying é mais comum do que parece. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico mostram que o número de casos de bullying é duas vezes maior do que a média internacional. Vinte e oito por cento dos diretores de escolas de Ensino Fundamental dizem ter de lidar todas as semanas com esses

É importante identificar quando os problemas de convivência passam do ponto e exigem um olhar mais cuidadoso

problemas; no Ensino Médio, esse número é de 18%. Nas escolas públicas, o cenário é ainda pior: os percentuais são de 35% e 23%.

Segundo Benjamim Horta, isso acontece porque a maioria dos casos de bullying ainda está relacionada ao ambiente escolar. "O pico dos casos de bullying acontece no terceiro, quarto e quinto ano do Ensino Fundamental, mas isso não torna menos preocupante o que acontece nas outras idades. O número de casos vai diminuindo à medida que vai chegando o Ensino Médio, aumentando o requinte de crueldade, sendo até mais nocivos", diz. "Mesmo quando vão para o virtual, os casos costumam nascer na escola. E isso, obviamente, vai repercutir na saúde mental do aluno."

O psiquiatra pediátrico Tyler Black, professor da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), fez uma análise mostrando que, em dias letivos, os índices de sofrimento psíquico e de risco de suicídio de adolescentes eram maiores. Ele chegou a essa conclusão depois de observar dados

do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Os números revelam que mortes infantis por suicídio diminuem justamente em meses de férias, quando os alunos estão longe do colégio.

"A escola vem com muitas coisas, boas e ruins. Ela pode ser maravilhosa, com experiências de aprendizado, interações sociais e uma sensação de pertencimento e de conexão com os outros. Mas também pode ser extremamente estressante por causa de diversos fatores, como as responsabilidades acadêmicas, bullying, questões de saúde, deficiência, discriminação…", escreveu.

Para Tyler, é fundamental que educadores, pais e alunos trabalhem juntos para fazer com que a experiência escolar possa ser encarada de uma forma mais leve. "Se você é alguém que trabalha com adolescentes em idade escolar, a cada começo de ano letivo, pergunte a si mesmo o que poderia estar fazendo para reduzir a pressão ou melhorar a qualidade de vida dos adolescentes que estão sob seus cuidados. Isso, sim, seria realmente prevenção de suicídio", finalizou.

Sentir-se sozinho e com pensamentos negativos pode distorcer a percepção (imagem 1)

É importante prestar atenção nos sinais (imagem 2)

Bullying x suicídio

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2021, pelo menos 23% dos alunos brasileiros foram vítimas de bullying. Dos 188 mil adolescentes entrevistados, um em cada 5 disse que a vida não valia a pena ser vivida. Acontece que, quando falamos em suicídio, muita coisa está em jogo. Não existem respostas prontas e nem verdades absolutas: cada caso é um caso. Não dá para encontrar uma só resposta que explique o porquê de tantos casos de suicídio entre adolescentes. É preciso pensar individualmente e avaliar a história da vida, a relação familiar, as experiências passadas, as amizades, a presença online, a relação com a escola...

"O suicídio é a linha final de uma série de situações, de acontecimentos que a pessoa foi experimentando ao longo da vida. Quando pensamos nos fatores de risco na adolescência, especificamente, é importante pensar em várias outras questões, como prevenção de bullying, respeito às diferenças, criação de

um ambiente acolhedor, a participação da família, políticas públicas...", explica a psicóloga Estela Ramires Lourenço, especialista em Intervenção na Autolesão, Prevenção e Posvenção do Suicídio (SP).

Uma cartilha publicada recentemente pelo CDC também defende justamente essa ideia. O bullying pode, sim, ser um fator de risco para o suicídio. Mas isso não significa que ele justifique sozinho o acontecido. Ele é apenas mais uma das muitas coisas que estão em jogo. "Reduzir essa questão como se o bullying fosse a única causa direta de suicídio é muito prejudicial, porque pode trazer uma falsa noção de que o suicídio é uma resposta natural ao bullying. Além disso, tira a atenção de outros fatores de risco importantes para o comportamento suicida, como doenças mentais, abuso de substâncias, famílias disfuncionais", diz o documento.

Em outras palavras, o bullying é como se fosse a última gota d'água responsável por fazer o copo transbordar. Ou, como diria a psicóloga Raquel Antoniassi, membro da diretoria da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS), ele funciona como uma bituca de cigarro. "Se você joga a bituca num gramado verde e saudável, até vai provocar algum dano, mas o fogo não vai se alastrar. Agora, se você joga essa mesma bituca num terreno que já estava seco e precisando de cuidados, o fogo se espalha quase que

Algustina Kim

na mesma hora. É como a saúde mental dos adolescentes. Se elas já estavam num contexto não saudável e sem acolhimento, a chance de o bullying tomar uma proporção maior é grande", explica.

O que fazer para proteger

Ainda que a família exerça um papel importante para identificar sinais de risco, também deveria ser uma responsabilidade da escola ajudar nessa missão. Segundo a psicóloga Estela Lourenço, é importante que a família, colégio e alunos trabalhem em equipe. "Os professores e funcionários precisam de preparo para saber como reconhecer alunos vulneráveis, para escutá-los e fazer, posteriormente e junto com a direção, o contato com as famílias e os encaminhamentos devidos", afirma. "Adolescentes estão gritando, alguns pela voz, alguns pelo silêncio, outros pelas marcas no corpo... E nós precisamos ouvi-los. O trabalho de prevenção ao suicídio precisa ser amplo, numa perspectiva intersetorial e multidisciplinar."

E se engana quem pensa que o olhar cuidadoso e a escuta atenta devem acontecer só com os alunos que são vítimas do bullying. Todos que estão envolvidos na situação podem sofrer as consequências, incluindo os agressores e os espectadores. "Os intimidados, os

O bullying é como se fosse a última gota d'água responsável por fazer o copo transbordar

agressores e os espectadores normalmente vêm de contextos semelhantes. A diferença é que, enquanto as vítimas tendem a ser internalizadores, os agressores são mais externalizadores", afirma o psiquiatra pediátrico Tyler Black. Nesse sentido, a escola também pode ser uma boa porta de entrada para introduzir o assunto do suicídio e do bullying com os pais e responsáveis, seja por meio de palestras ou rodas de conversa. O ideal é que isso seja feito de forma contínua e oferecendo suporte para que os adolescentes tenham

Algustina

O bullying pode fazer com que se perca a coragem de falar sobre o que sente (imagem 1)

Jovens sentem-se com outras se torna algo maior (imagem 2)

a quem recorrer e pedir ajuda, caso sintam necessidade. "Não adianta dar uma palestrinha aqui e outra ali e achar que resolvi o problema. Existe todo um organanograma do que precisa ser feito. É necessário capacitação da equipe escolar para detecção de risco e oferecer um suporte especializado dentro da escola, com, no mínimo, uma psicóloga e uma assistente social. Afinal, qual é o objetivo de eu ensinar os pais e os alunos a identificarem os sinais de risco, se eu não sou capaz de garantir esse acolhimento depois?", afirma Raquel Antoniassi.

Atenção aos sinais

Caso desconfie de que seu filho esteja sofrendo bullying ou pensando em suicídio, o melhor a se fazer é observar os sinais de alerta, promover um ambiente de acolhimento e

buscar ajuda. "Adolescentes sempre dão sinais de que algo não vai bem. Fique atento se ele disser que quer desistir de alguma coisa, se tinha um hobbie e não quer mais ter, se fica irritadiça por um tempo prolongado. Uma mudança de hábitos alimentares, também é um alerta. Preste atenção também se o seu filho evita certos lugares, se muda de amizades muitas vezes, se passa muito tempo trancado no quarto, imerso no computador, ou se só usa roupas compridas. Essa é uma forma de esconder cortes e lesões. É comum que os adultos não deem atenção aos dilemas emocionais dos filhos por acharem que é 'coisa da idade", afirma Robert Paris, presidente do CVV. Caso entenda que o adolescente realmente precise de ajuda, não hesite em procurar apoio profissional e especializado. "É o acolhimento que salva, que faz com que o

Amulya

adolescente se desenvolva e não se sinta sozinho. E o contrário também é verdadeiro. Quanto mais só, mais perdido e desamparado o adolescente fica, mais ele vai entrar em um nevoeiro perigoso. Mostre que você sabe ouvir qualquer coisa. Diga ao seu filho: 'Quero ouvir', 'Eu quero te escutar', finaliza Robert.

Onde buscar ajuda

Se você estiver enfrentando um momento difícil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e prevenção ao suicídio, disponível 24 horas por dia, todos os dias, por e-mail, chat ou pelo número 188. Em parceria com a UNICEF, o CVV também mantém o canal “Pode Falar”, voltado para adolescentes de 13 a 24 anos, com atendimento anônimo por chat online ou WhatsApp; os horários estão disponíveis no site

LAÇOS

Modo de preparo

• Em uma tigela grande, misture carne moída, cheiro-verde, cebola picada, ovo e sal até obter uma massa homogênea

• Divida a misture em 6 porções iguais e modele em formato de hambúrguer

• Aqueça 1 colher (sopa) de óleo em uma frigideira em fogo médio. Frite os hambúrgueres por cerca de 3 minutos cada lado, adicionando mais óleo

•Coloque uma fatia de queijo sobre cada hambúrguer e tampe a frigideira para derreter o queijo

• Passe o molho de sua preferência na parte interna das fatias de pão. Leveas à frigideira, com o lado do molho para baixo, e toste em fogo baixo por 2 minutos cada

• Coloque os hambúrgueres sobre as metades inferiores dos pães, adicione folhas de alface e rodelas de tomate. Finalize com as metades superiores dos pães e sirva-se!

Ingredientes

500 gramas de carne moída (recomendação: 300 gramas de acém moído e 200 gramas de patinho moído)

1 colher (sopa) de cheiro-verde picado

1 cebola pequena picada

1 ovo

1 colher (chá) de sal

2 colheres (sopa) de óleo

6 fatias de queijo prato (90 gramas)

6 pães de hambúrguer ao meio

6 folhas de alface crespa

1 tomate grande fatiado em rodelas

Molho de sua preferência

Modo de preparo

• Pré-aqueça o forno a 180°C

• Coloque no liquidificador os ovos, o óleo, o leite e o açúcar e bata até ficar uma mistura homogênea

• Adicione as paçocas e bata novamente

• Em uma tigela, adicione essa mistura e, aos poucos, coloque a farinha de trigo peneirada, incorporando à massa

• Por último, misture o fermento em pó

• Coloque a massa em uma forma de furo no meio untada e leve para assar por aproximadamente 45 minutos ou até que, ao fazer o teste do palito, ele saia limpo

• Aqueça o doce de leite para amolecer e usar como cobertura do bolo

• Espere o bolo amornar para desenformar e cubra com o doce de leite e uma farofinha de paçoca e sirva-se!

Ingredientes

1 e ½ xícara de chá de farinha de trigo

3 ovos

1 xícara de chá de açúcar

1 xícara de chá de leite integral 80 ml de óleo

5 paçocas

1 colher de sopa de fermento em pó

Doce de leite para a cobertura

Paçocas para a decoração

Nada industrial, tudo manual. Do jeito que o sabor pede e o coração entende

Nara Oliveira

Dicas de restaurantes em São Paulo

Restaurantes que valem a pena testar em conjunto em São Paulo.

Pastifício Di Cunto

MOOCA, SÃO PAULO

Oferece massas artesanais frescas com preços acessíveis e saboroso, uma ótima opção para quem gosta de comida italiana. R$ 20 a R$ 40 por pessoa.

Mercadão Municipal de São Paulo

Famoso pelos seus tradicionais sanduíches de mortadela e pastel de bacalhau. Excelente opção para quem quer uma refeição rápida e deliciosa. R$ 15 a R$ 40 por pessoa.

R. DA CANTAREIRA, 306 - CENTRO HISTÓRICO

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A psicóloga Terri Apter explica o fenômeno do cérebro adolescente

por David Robson

Por meio de estudos, é constatado que a dor que eles sentem é valida, não deve ser ridicularizada

s pais e professores de adolescentes devem reconhecer essa sensação de lidar com uma mente em constante ignição. A adolescência pode parecer uma transformação perturbadora uma reviravolta da mente e da alma, que faz com que aquela criança se torne alguém irreconhecível.

Existem as mudanças de humor difíceis de controlar, crises de identidade, desejo de aprovação social, um gosto recém-descoberto pelo risco e pela aventura e uma incapacidade aparentemente absoluta de pensar nas repercussões futuras das suas ações.

E, em meio a toda essa confusão, o potencial acadêmico dos adolescentes é determinado de forma consistente, com ramificações que podem influenciar uma vida inteira.

O destino de uma pessoa nunca é completamente definido aos 18 anos, mas um histórico escolar impecável certamente facilitará o ingresso em uma universidade de prestígio. E a montanha-russa emocional própria da idade pode tornar extremamente difícil atingir todo o seu potencial intelectual.

Nas últimas duas décadas, os cientistas conseguiram mapear as mudanças neurais verificadas ao longo desse período central do desenvolvimento humano e decodificar o cérebro dos adolescentes.

Isso ajuda a explicar os sentimentos dos adolescentes e a forma como eles agem. Mais do que isso, também demonstram que algumas das características que os adultos costumam achar difíceis ou desconcertantes nos adolescentes podem se transformar em potencial para adquirir técnicas e conhecimentos em uma época da vida em que o cérebro ainda é maleável.

Afinal, é na adolescência que também acontecem diversos saltos cognitivos. Os adolescentes se baseiam no que aprenderam quando crianças para desenvolver formas maduras e sofisticadas de pensar, incluindo o raciocínio mais abstrato e uma "teoria da mente" diferenciada.

"Cinquenta anos atrás, as escolas não consideravam necessário que os estudantes aprendessem sobre a puberdade", diz o psicólogo clínico John Coleman, autor de The Teacher and the Teenage Brain ("O professor e o cérebro adolescente", em tradução livre).

"E acho que, daqui a 20 ou 30 anos, perguntaremos por que não estávamos [hoje] ajudando os alunos a compreender o que se passava nos seus cérebros. Pode fazer toda a diferença."

Os pais e professores de adolescentes devem reconhecer essa sensação de lidar com uma mente em constante ignição

Compreender o cérebro

Não surpreende que muitos adolescentes, ao longo da história, tenham se queixado ou se sentido incompreendidos e desconsiderados por todos a sua volta.

Nossas explicações tradicionais sobre o comportamento dos adolescentes são grosseiras e frustrantes. Sua rebeldia, sua impulsividade e sua irritabilidade geral podem ser facilmente atribuídos a fatores como a ignorância e a imaturidade, aos seus hormônios "desenfreados" e ao aumento dos seus impulsos sexuais.

Muitas vezes, suas queixas de angústia emocional causam risadas. Como disse recentemente a neurocientista Sarah-Jayne Blakemore, autora de Inventing Ourselves: The Secret Life of the Teenage Brain ("Inventando a nós mesmos: a vida secreta do cérebro adolescente", em tradução livre): "Não é socialmente aceitável ridicularizar ou demonizar outros setores da sociedade... mas é estranhamente aceitável ridicularizar e demonizar os adolescentes".

Até as teorias mais científicas pintaram um quadro nada compreensivo da vida dos adolescentes, o que só aumentou seu senso de alienação. Nos anos 1950, por exemplo, a psicanalista Anna Freud propôs que os adolescentes estariam cortando seus laços de família, para seguir com suas vidas.

A ideia era que "o adolescente estava tentando expulsar os pais do seu mobiliário interno", afirma Apter, que também escreveu The Teen Interpreter: A Guide to the Challenges and Joys of Raising Adolescents ("O intérprete dos adolescentes: guia para os desafios e alegrias de criar adolescentes", tradução livre). Embora estas explicações possam ter um fundo de verdade, elas desconsideram as nuances das experiências dos adolescentes.

As entrevistas feitas por Apter indicam que os adolescentes buscam desesperadamente a aprovação e a aceitação dos pais e responsáveis. Por isso, eles certamente querem ter uma certa independência, mas não apenas a qualquer custo – uma conclusão não muito compatível com a teoria do divórcio antes apresentada.

Apter argumenta que, se quisermos realmente ajudar os adolescentes, precisamos prestar mais atenção às sutilezas dos desafios que eles enfrentam, incluindo as enormes dificuldades sociais que estão atravessando.

Isso inclui necessariamente reconhecer o constrangimento que pode surgir com as mudanças físicas do corpo e as expectativas sociais colocadas sobre eles. Estes fatores podem fazer com que os adolescentes comecem a sentir que eles próprios não se conhecem.

Ao mesmo tempo, precisamos reconhecer as mudanças anatômicas que estão ocorrendo no cérebro. E, com a invenção da ressonância magnética funcional, os cientistas agora podem examinar esta "caixa preta" ao longo de toda a vida.

Quais são as mudanças?

À medida que as crianças amadurecem para a idade adulta, o cérebro sofre enormes mudanças. Algumas das mais importantes de mencionar são:

• O córtex frontal constrói as redes e depois elimina algumas delas ao longo da adolescência, aumenta a eficiência do cérebro. Isso gera enorme expansão das habilidades.

• Nos lobos frontal e parietal, o cérebro reforça as conexões mais importantes de forma similar. Este reforço aparece nas imagens do cérebro como um aumento considerável da "massa branca".

• À medida que essas mudanças acontecem, as áreas do cérebro se desenvolvem com mais rapidez do que outras. As áreas associadas à recompensa, por exemplo, tendem a se desenvolver com mais rapidez do que aquelas ligadas ao autocontrole, o que pode incentivar a tomada de decisões impulsivas.

Naturalmente, o início da infância é o período de maiores mudanças da vida humana. É nos primeiros meses de vida que o cérebro constrói grandes quantidades de conexões entre os neurônios, para depois eliminar os caminhos neurais redundantes e assim criar redes mais eficientes. Essa reorganização intensa é guiada tanto pela genética quanto pelas experiências vividas nos primeiros anos. Esta "plasticidade" inata significa que o cérebro da criança mais nova é particularmente maleável, o que permite que ela deixe de ser um bebê chorão para se transformar em uma criança que fala, anda e pensa de maneira coerente.

Em muitas áreas do cérebro, como as envolvidas no processamento dos sentidos, essas redes tendem a se estabilizar muito antes da adolescência, o que dificulta o aprendizado de certas habilidades motoras ou perceptivas, como linguagem ou música, depois do "período sensível" inicial.

Mas o córtex frontal segue uma trajetória diferente e continua a se desenvolver e eliminar redes ao longo da puberdade e da adolescência, até o início da idade adulta.

A adolescência é um período com um processo profundo de conhecimento de si mesmo (imagem 1)

O cérebro inconstante de um adolescente continua se desenvolvendo, sentindo e aprendendo (imagem 2)

Nos lobos frontal e parietal, o cérebro também reforça as conexões mais importantes, acrescentando uma cobertura isolante de gordura, conhecida como mielina, que aumenta a transmissão dos sinais. Na ressonância magnética, ela aparece como um aumento considerável da "massa branca" do cérebro ao longo da adolescência.

Essas áreas em desenvolvimento no cérebro de um adolescente são importantes para uma série de habilidades, a regulação emocional, a manutenção da atenção, a solução de problemas e o raciocínio abstrato.

Embora o cérebro dos adolescentes possa já ter perdido parte da maleabilidade do início da infância, esse desenvolvimento contínuo significa que eles ainda são muito sensíveis aos estímulos intelectuais, e mantêm a capacidade de aprendizado.

Isso permite que eles acumulem o conhecimento e as habilidades acadêmicas que haviam começado a desenvolver quando crianças e desenvolvam formas mais sofisticadas de conhecer o mundo.

Infelizmente, todas estas mudanças neurológicas e psicológicas podem, às vezes, ser insuportáveis, o que ajuda muito a explicar alguns dos comportamentos que causam tantos transtornos na escola e em casa.

Cabeças dormentes

E, existe a famosa letargia. Ela é frequentemente confundida com apatia, preguiça ou até mesmo teimosia, quando os adolescentes se recusam a ir para a cama em um "horário razoável" (o que é outro exemplo da sua conhecida rebeldia).

Mas, a letargia é algo fora do seu controle. O relógio biológico deles está programado de uma forma que está simplesmente fora de sincronia com o ritmo dos adultos.

Nós sentimos sono quando os níveis de melatonina no cérebro aumentam à noite. E, pela manhã, despertamos quando esses níveis caem abaixo de uma certa medida.

Mas, para os adolescentes, a melatonina simplesmente aumenta e diminui mais tarde do que para os adultos, o que significa que eles estarão ativos e despertos quando seus pais

Se quisermos realmente ajudar, precisamos prestar mais atenção às sutilezas dos desafios que eles enfrentam, incluindo as enormes dificuldades sociais
Bhautik Patel

O cérebro adolescente está em formação e pronto para aflorar conhecimento (imagem 1)

A jornada de conhecimento próprio é longa e merece apoio (imagem 2)

estiverem prontos para ir para a cama – e vão ficar sonolentos de manhã cedo, quando seus pais já estiverem acordados há horas.

"Praticamente nenhum adulto terá melatonina no cérebro às 9h da manhã", diz Coleman. "Mas cerca de metade dos adolescentes, sim."

Estas lições podem ser particularmente importantes agora, quando os adolescentes estão aprendendo a se adaptar à sua vida normal depois das tensões da pandemia de covid-19.

Estabelecer a disciplina é um exemplo. A frustração com a rebeldia dos adolescentes é algo natural, mas sua extrema sensibilidade social e emocional significa que eles provavelmente não vão reagir bem à raiva.

"Gritar pode ser muito tentador, mas, na verdade, é contraproducente", afirma Terri Apter. "Eles estão tão atentos à mensagem emocional que não vão conseguir ouvir nada da lógica que você está tentando transmitir.

Para discipliná-los de forma mais eficaz, Apter sugere pedir ao adolescente para compensar suas ações. Se estiver frequentando festas e negligenciando seus estudos, por exemplo, os pais podem enfatizar como eles podem conquistar seu direito à socialização comprovando que seus estudos estão em dia, em vez de simplesmente chamá-los de preguiçosos ou colocá-los de castigo.

Considerando o aumento da atividade de dopamina nos circuitos de recompensa dos adolescentes, fazer elogios e dar um retorno positivo também devem ajudar, especialmente se forem feitos com rapidez após a realização. Em muitas escolas, os estudantes recebem suas notas apenas semanas depois das provas ou de entregarem seus trabalhos, o que, segundo John Coleman, reduz o entusiasmo e a satisfação com um bom resultado por seu trabalho.

"Quanto mais rápido você receber os resultados, maior será o impacto", afirma ele.

Por isso, simplesmente encurtar este processo, oferecendo mais oportunidades de enaltecer os alunos por seus estudos, pode dar resultado, diz Coleman.

E existe a questão do sono. Idealmente, as escolas deveriam alterar sua programação para que os adolescentes pudessem começar suas aulas mais tarde – e evitar fazer provas na primeira metade da manhã. "Acredito firmemente que as escolas precisam começar a pensar mais nesta questão, visto sua importância", afirma Coleman.

Pais e professores deveriam, pelo menos, dar um desconto para os adolescentes quando eles parecerem sonolentos de manhã. Eles estão sofrendo algo parecido com o jet lag – e a última coisa de que precisam é mais estresse para aumentar seu mal-estar.

Julien
Tromeur

Abrace as mudanças

Demonstrar interesse genuíno pelos sentimentos dos adolescentes e ajudá-los a compreender os desafios que enfrentam pode ter um impacto significativo. A pesquisadora Apter observou que adolescentes costumam reagir positivamente ao saber que seu cérebro pode ser moldado por suas próprias ações, especialmente por meio de práticas como o autocontrole e a regulação emocional. Com o apoio adequado, as intensas transformações dessa fase deixam de parecer caóticas e passam a ser vistas como algo belo, criativo e inspirador, como um espetáculo de fogos de artifício

É preciso que os pais se abram (imagem 1)

Conversar nessa fase se torna difícil (imagem 2)

Ana é professora de ensino médio, mas a proximidade que ela tem com os alunos adolescentes foi de pouca serventia para quando seu próprio filho entrou nessa fase da vida. O uso intenso de telas e os questionamentos comuns a essa faixa etária têm tornado muito difícil a convivência de mãe e filho, hoje com 14 anos. As mudanças sociais e hormonais típicas da adolescência, somadas ao isolamento da pandemia e aos efeitos das redes sociais, ampliaram as discussões sobre depressão e ansiedade nos adolescentes nos últimos anos. Mas o debate costuma deixar de lado um ponto crucial: os problemas de saúde mental que afetam também pais e mães desses jovens. E mais: como a saúde mental das duas faixas etárias está interconectada.

Ana, você é professora de ensino médio e tem uma boa proximidade com seus alunos adolescentes. Isso ajudou quando seu filho entrou na adolescência?

Não, de fato, foi de pouca serventia. Apesar de trabalhar com adolescentes e entender algumas questões dessa fase, a convivência com o meu filho foi muito difícil.

O uso intenso de telas e os questionamentos comuns dessa faixa etária têm tornado a nossa relação mais complicada.

O que te incomoda na relação com seu filho?

Vejo que ele está muito apegado aos jogos e cada vez menos sociável. Isso me incomoda bastante, pois sinto que ele está se afastando de mim. Antes, ele era mais presente e carinhoso, mas com a adolescência, parece que a relação mudou muito. Eu fui diagnosticada com depressão anos atrás, e desde que

Como a saúde mental de vocês tem evoluído durante essa fase?

meu filho entrou na adolescência, tanto a minha saúde mental quanto a dele pioraram. O relacionamento entre nós também ficou mais tenso, e isso tem me afetado.

Eu deixei de ser aquela mãe que brinca, que tem uma relação mais afetuosa e divertida. Agora, tenho um filho que se isola e se rebela. Ter os limites testados o tempo todo é algo que me esgota, física e emocionalmente. A gente vive um clima de tensão constante que não parece passar.

Como você tem lidado com esses sentimentos? Tem alguém com quem você possa desabafar?

Infelizmente, não tenho com quem compartilhar ou desabafar. O que mais me dói é sentir que, aos poucos, fui deixada de lado. Agora parece que sou apenas alguém que serve para pagar as contas, quando queria apenas ser uma mãe, vista como melhor amiga do meu filho.

Eduardo Ramos

Mas talvez surpreenda os pais saber que os próprios adolescentes desejam serem ouvidos. Dos jovens entrevistados na pesquisa de Harvard, 40% diziam ansiar por seus pais perguntarem mais como eles estão e realmente escutarem. Outras questões cruciais são, segundo especialistas, cuidar do sono, cujo déficit é fortemente associado a problemas de saúde mental e cultivar hábitos em família. Pais podem ajudar na ansiedade e depressão dos filhos ao engajá-los em atividades focadas neles mesmos ou em outras pessoas, atreladas a princípios e objetivos maiores que eles próprios algo que é uma fonte rica de significado e propósito

Portanto, tenhamos paciência ao lidar com nossos adolescentes. Eles podem ser difíceis, porém precisam passar por essa fase para descobrir um bom caminho de vida.

Agora, tenho um filho que se isola e se rebela. Ter os limites testados o tempo todo é algo que me esgota.
Alexandra Mahilton

Geração Z: as características de uma era conectada

m um mundo em constante transformação, a Geração Z – formada por jovens nascidos entre meados da década de 1995 e os anos 2010 – desponta como um grupo social que rompe paradigmas. Crescidos em meio à internet, redes sociais e avanços tecnológicos acelerados, esses jovens se destacam por sua capacidade de adaptação, senso crítico e engajamento com causas sociais. Mais do que apenas “nativos digitais”, os membros da Geração Z utilizam a tecnologia como extensão de sua identidade. São rápidos, visuais e autodidatas, preferindo vídeos curtos e plataformas como TikTok para aprender, comunicar e influenciar. Ao mesmo tempo, valorizam a diversidade, exigem inclusão e se posicionam politicamente com firmeza, desafiando padrões e estruturas tradicionais. Outro aspecto que os diferencia é a prioridade dada à saúde mental. Ao contrário de gerações anteriores, a Gen Z fala abertamente sobre ansiedade, depressão e bem-estar emocional – e não hesita em buscar ajuda. Essa abertura tem impulsionado mudanças no mercado de trabalho, na educação e até na forma como empresas se posicionam. A Geração Z não está apenas se adaptando ao presente – está construindo o futuro. Com senso de urgência, consciência social e domínio digital, esses jovens trazem à tona uma nova forma de viver, trabalhar e transformar o mundo. Não esperam o futuro, estão ocupados em construí-lo agora.

A importância da terapia para todas as idades

terapia é essencial em todas as fases da vida, promovendo saúde mental e bem-estar. Desde a infância até a terceira idade, ela auxilia no autoconhecimento, no enfrentamento de desafios emocionais e na melhoria da qualidade de vida.

Infância e adolescência: Períodos de intenso desenvolvimento emocional e social, onde a terapia ajuda a lidar com questões como ansiedade, bullying e dificuldades de aprendizado. Nessa fase, o apoio psicológico também fortalece a autoestima e a capacidade de lidar com as pressões sociais.

Vida adulta: Responsabilidades profissionais e familiares podem gerar estresse e ansiedade. A terapia oferece ferramentas para gerenciar essas pressões e melhorar os relacionamentos interpessoais.

Terceira idade: Mudanças físicas e sociais podem impactar a saúde mental dos idosos. A terapia auxilia no enfrentamento da solidão, depressão e busca por um novo propósito de vida.

Além de ajudar no tratamento de transtornos mentais, a terapia também é uma ferramenta de prevenção, fortale a capacidade de lidar com mudanças e desafios da vida. Com o avanço da psicologia e o aumento do diálogo sobre saúde mental, cuidar das emoções deixou de ser tabu e passou a ser parte fundamental de uma vida plena e consciente. Buscar ajuda representa coragem e autoconhecimento.

A autoestima desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dos adolescentes e em tudo o que integra o universo de equilíbrio dos jovens. Mas como podemos, enquanto pais, cultivar e fortalecer essa autoestima de maneira eficaz?

Ao combinar teoria e prática, esses profissionais estão capacitados para ajudar pais e cuidadores a compreenderem a mente dos adolescentes. Promover a autoestima dos adolescentes é um dos pilares da educação parental positiva. Durante a adolescência, os jovens enfrentam mudanças físicas, emocionais e sociais intensas, o que pode afetar sua autoconfiança. Pais e responsáveis desempenham um papel essencial nesse processo, criando um ambiente de apoio, escuta e valorização.

Importância da autoestima

A autoestima é essencial desde a infância, influenciando o desenvolvimento emocional e social. Na adolescência, período de intensas mudanças físicas e emocionais, sua importância se intensifica, pois os jovens buscam identidade e pertencimento. A falta de autoestima pode resultar em insegurança e comportamentos prejudiciais. Relações familiares, amizades e experiências escolares são cruciais na formação da autoimagem dos adolescentes. Durante essa fase, a pressão por aceitação social e padrões estabelecidos pode abalar a confiança, tornando fundamental o apoio e a validação por parte dos adultos.

Papel dos educadores

Os educadores parentais têm um papel fundamental no fortalecimento da autoestima dos adolescentes. Com conhecimento especializado, eles orientam os pais a criarem um ambiente doméstico de apoio e aceitação. Isso inclui ensinar sobre o desenvolvimento emocional dos jovens, promover uma comunicação empática e incentivar a autonomia e resiliência dos filhos.

Ao oferecer suporte contínuo e estratégias práticas, esses profissionais capacitam os pais a contribuírem ativamente para que seus filhos se tornem indivíduos confiantes e preparados para os desafios da vida.

Desafios e obstáculos

Adolescentes frequentemente enfrentam autocríticas intensas, exacerbadas por pressões sociais e padrões estéticos, o que pode afetar sua autoestima. Pais desempenham um papel crucial ao incentivar o autoconhecimento, a autenticidade e a resiliência emocional. Ao apoiar seus filhos a reconhecerem suas qualidades únicas e aprenderem com os desafios, contribuem para o fortalecimento da confiança e do amor-próprio.

Entre falhas e forças, escolho me amar inteira

Dicas de Viagens

Viagens de carro para passar as férias em família e descobrir lugares novos próximo à São Paulo.

Paraty, RJ

300 KM DE SÃO PAULO / 4H30 DE VIAGEM

Paraty é um destino encantador no litoral do Rio de Janeiro, conhecido por sua arquitetura colonial preservada, praias paradisíacas e rica história cultural.

Campos do Jordão, SP

170 KM DE SÃO PAULO / 2H30 DE VIAGEM

Campos do Jordão é um dos destinos mais charmosos do estado de São Paulo, perfeito para casais, famílias ou até uma viagem solo. A cidade mistura clima europeu, gastronomia, natureza e cultura.

Holambra, SP

300 KM DE SÃO PAULO / 4H30 DE VIAGEM

Holambra, conhecida como a "Cidade das Flores", é um destino encantador e ideal para um fim de semana. Com clima ameno, arquitetura inspirada nos Países Baixos e uma rica cultura de flores, há diversas atrações para explorar.

Ubatuba,

SP

220 KM DE SÃO PAULO / 3H30 DE VIAGEM

Ubatuba, localizada no litoral norte de São Paulo, é um destino imperdível para quem busca praias paradisíacas, natureza exuberante e atividades para todos os gostos. Com mais de 100 praias, a cidade oferece opções para relaxar, praticar esportes ou explorar a cultura local.

Horóscopo do mês: Junho

Capricórnio

Foca o trabalho e as responsabilidades. Lua Cheia em Capricórnio (22): colheitas profissionais. Solstício em Câncer (20): reflexões sobre objetivos a longo prazo.

Foco nas finanças e questões materiais. A Lua Nova (6): novas oportunidades financeiras. Lua Cheia traz revelações importantes sobre sua vida íntima e espiritual.

Gêmeos

Junho traz novas oportunidades. Lua Nova: ideal para explorar novas ideias e projetos. Conflitos podem surgir no relacionamento (10), por questões não resolvidas.

Peixes Touro Aquário

Explore novas formas de ganhar dinheiro e renovar projetos financeiros. Cuidado com conflitos (10) e aproveite a Lua Cheia para revisar finanças.

Apresenta expansão e aprendizagem. Lua Nova em Gêmeos (6): oportunidades para viagens e estudos. Lua Cheia em Sagitário (10): criatividade e expressão.

Câncer

Foco em introspecção no início do mês. A partir de (17), suas relações ficam mais harmônicas. Lua Cheia (22) ilumina parcerias e relacionamentos.

Foco na carreira e novas oportunidades profissionais. A Lua Nova em Gêmeos é ótima para estabelecer novas metas. No final do mês, novas colaborações surgem.

Virgem Libra Escorpião Leão Sagitário Áries

Favorável para viagens e estudos, juntamente com Júpiter ampliando horizontes. A Lua Cheia em Capricórnio traz boas colheitas, principalmente em sua vida familiar.

Transformações pessoais são importantes. A Lua Nova em Gêmeos pede revisão de finanças. Desafios podem surgir no dia (10), mas você tem força para superá-los.

Estar aberto para explorar novos conhecimentos e aventuras. A Lua Nova em Gêmeos favorece viagens e estudos. Tenha cuidado com a impulsividade (10).

As amizades e redes sociais estarão em destaque. Aproveite para se envolver em novos grupos e projetos. Solstício em Câncer traz momentos de reflexão individual.

Finalização de projetos. Júpiter favorece a comunicação e conexões. A Lua Cheia em Capricórnio, com assuntos da sua vida profissional, além da estabilidade.

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