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No MetaveRso

Com vocês, o Rotary Club do metaverso (distrito 2203), da espanha

no ano passado, Tana Serrano Marín decidiu entrar no metaverso. Morando no sudeste da Espanha, a advogada de direito da família não parava de ouvir falar das vastas possibilidades do mundo online imersivo em 3D, onde todos, desde jogadores de videogames experientes até pais estressados procurando um escape, interagem por meio de avatares.

Tudo começou quando, numa reunião do Rotary Club do marido de Tana, um orador convidado exaltou as virtudes do metaverso. Pouco depois, um integrante da Comissão de Desenvolvimento do Quadro Associativo também abordou o tema. A advogada observou com interesse como as marcas e empresas adotaram a tecnologia para cativar os clientes. Será que ela conseguiria alcançar os rotarianos dessa forma? Tana Serrano e o marido decidiram descobrir.

Eles começaram explorando o Spatial, uma plataforma de criação de espaços virtuais. Com o assunto se tornando cada vez mais interessante, eles levaram a ideia para os representantes do distrito e recrutaram dirigentes de clubes. Na sequência, eles participaram de uma sessão de treinamento presencial e o Rotary Club do Metaverso foi fundado em 28 de novembro último com um quadro associativo de 14 mulheres e seis homens. Assim como Tana Serrano, a maioria dos associados é da cidade de Múrcia, próxima à costa mediterrânea da Espanha.

“O que torna essa plataforma tão imersiva é que depois de apenas algumas sessões as pessoas se identificam com seus avatares e as experiências se tornam pessoais”, explica a rotariana.

“É bem diferente de apenas participar de uma videoconferência.”

Mas, afinal, como é uma reunião de um Rotary Club no metaverso? Para descobrir, planejei uma visita em janeiro e comecei a trabalhar na criação de um avatar no Spatial. Você pode escolher um avatar que seja realista ou experimentar algum visual diferente, como fez um associado, que apareceu como Elvis no espaço da reunião. Escolhi o primeiro caminho.

Quando o dia da reunião chegou, vi meu avatar cair em uma sala corde-rosa e roxa com uma atmosfera de videogame. Fui saudada pelo rotariano Antonio Carrión Serrano, que atuou como meu guia e intérprete, já que o idioma do clube é o espanhol. No computador, os toques no teclado permitem que você se mova, mas a habilidade pode exigir algum refinamento. Em minhas primeiras tentativas, meu avatar parecia caminhar através dos outros. Outro toque o mandou flutuar no ar com movimentos estranhos que pareciam de natação.

Uma outra peculiaridade do espaço de reuniões do clube é que não há conversas particulares, todos podem ouvi-lo. Mas isso me permitiu conhecer outro recém-chegado ao metaverso que ingressou na reunião como convidado: Michel Jazzar, um ex-governador distrital do Líbano. “Essa é minha primeira vez”, confessou Jazzar. “É algo novo e, como dizemos em Beirute, novo é bonito.”

O fato de as pessoas poderem comparecer facilmente de qualquer lugar e encaixar as reuniões em agendas lotadas é um ponto forte da plataforma. Juanjo Morales Aragón, por exemplo, relata que já tinha ouvido falar do Rotary, mas não pôde se associar antes porque o cronograma de trabalho o impedia de frequentar uma reunião presencial todas as semanas. “É um formato com uma enorme capacidade de dar maior visibilidade e sem limites, tornando a experiência no Rotary disponível a todos”, declara.

Outra vantagem é o fato de ele ser mais imersivo do que uma videoconferência, avalia Carrión Serrano, um estudante de direito de 20 anos de idade e filho da fundadora do clube. “Esse é um conceito novo, bastante atrativo para os jovens.”

Ele é categórico em afirmar que o metaverso não é uma moda, e lembra que a Nike tem um espaço em uma plataforma chamada Roblox, onde os participantes podem jogar e vestir seus avatares com roupas da Nike. “Há muitos grandes projetos envolvendo o metaverso, os negócios estão aqui”, considera. “É uma maneira diferente de ver a vida, e é espetacular para o Rotary estar aqui.”

Carrión me conduziu à Sala da Paz, onde cartazes nas paredes debatem o Plano de Ação, a missão e as causas do Rotary. No final desse longo espaço retangular, uma passarela se estendia sobre um mar de água magenta. O céu estava repleto de nuvens índigo. Sabia que nada daquilo era real, mas não pude evitar a sensação de que um movimento em falso me faria mergulhar de cabeça em uma piscina de lava.

Um sino virtual no palco tocou para iniciar a reunião. Entrei na Sala Paul Harris, um auditório salpicado de tons de um púrpura intenso. Na parede à frente, uma grande tela permitia que as pessoas compartilhassem apresentações. O auditório inclinava-se para baixo com filas de assentos quadrados curtos dos dois lados de um corredor central. Casualmente, descobri como clicar em um assento e me sentar. Um especialista debatia o tema mediação de conflitos e a busca de soluções pacíficas. De vez em quando, aplausos irrompiam, enviando correntes de corações vermelhos para o alto.

Tana Serrano informa que o clube planeja reuniões presenciais, além das reuniões virtuais regulares. Como em qualquer clube, os associados realizam projetos de serviço no mundo real. Um de seus primeiros projetos solicitou a contribuição de 17 empresas, que, em contrapartida, receberam espaço publicitário em uma das salas. O aporte recebido foi utilizado na compra de casacos para 17 crianças de El

Palmar, uma vila perto de Múrcia. Os associados também planejam explorar causas que podem ser abordadas no espaço virtual.

Pelo menos um outro clube se reúne nesse novo domínio: o Rotary Club Metaverso de Taipei, fundado em junho do ano passado em Taiwan com quase 40 integrantes. A ideia parece ter apelo, a julgar pelos comentários entusiasmados mundo afora para um artigo do blog Rotary Voices, escrito em janeiro por Tana Serrano. Enquanto isso, o ex-governador Jazzar anuncia que o seu distrito está debatendo a ideia de um clube semelhante. “O metaverso é o futuro”, defende a rotariana. “O Rotary precisa estar lá”. (Matéria de Arnold Grahl para a edição deste mês da revista Rotary) RB

e aÍ, voCê está PRonto

Pelo menos dois Rotary Clubs estão se reunindo no metaverso, construídos em um formato de reunião flexível e inovador com potencial para atrair um quadro associativo jovem e diversificado. Mas como exatamente se entra no metaverso?

Escolha seu avatar

Você pode criar seu visual em uma plataforma como a Spatial, escolhendo um eu virtual que se pareça... bem, com você. Alguns sistemas permitem carregar uma foto pessoal para gerar uma semelhança. Ou você pode se aventurar e mudar seu visual completamente.

Não se preocupe com equipamentos sofisticados

Essa plataforma imersiva é mais bem experimentada com um fone de ouvido de realidade virtual, mas não há necessidade de comprar um, ou qualquer equipamento sofisticado. Você ainda pode ter uma ótima percepção desse universo na tela do seu computador ou smartphone.

Mantenha uma mente aberta

Desde a pandemia da Covid-19, muitos de nós nos familiarizamos com o Zoom. Além disso, os rotarianos vêm lançando e-clubes. O metaverso, explicam seus proponentes, é apenas mais um passo para um reino virtual com o poder de conectar associados de todo o mundo.