Refrigério 6ª edição.

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O QUE DIGO AOS ATEUS? Amado irmão em Cristo, Caio Fábio: Graça e Paz! Que resposta você teria sobre a existência de Deus para alguém que se declara ateu, apóia suas convicções nos livros de filosofias humanas e acredita ter neles as respostas para suas crises existenciais? A Bíblia não discute a questão da existência de Deus (pelo menos no meu precário entender) e os seus ensinamentos partem do princípio da inquestionável existência de Deus, se direcionando àqueles que crêem na existência Dele. Como conversar com quem não crê, a respeito da fé? Ou não devemos conversar sobre Deus com essas pessoas? Naquele em Quem cremos existir, Flavia Resposta: Querida Flavia: Graça e Paz! Deus não existe. Deus é. O que existe vem do que é. Deus é. Eu existo. O que existe e sabe que existe, deveria saber que vem Daquele que é. De fato, deveria pelo menos intuir que Dele se deriva. Entretanto, não tem como provar para outros que Aquele que é, existe; visto que Aquele que é, só é porque não existe como existente entre os que existem; pois, se assim fosse, Ele não seria, mas apenas existiria; e por isso, apenas seria. O que existe -, primeiro se torna existente, para então ser. O que é, porque é, é; e cria o que existe. Assim, o que existe sabe 26 Refrigério

de si e pode conhecer Aquele é, mas não tem como prová-Lo a outros que apenas existem, pois, Aquele que é, não habita a existência como objeto de prova. Então, discutir a existência de Deus seria algo tão fútil e pálido quanto discutir se você existe. Quem olha para você e diz que você não existe, equivale àquele que olha para a Criação, para si mesmo, e para tudo o que a Existência implica, e não vê Deus. Deus é, mas a criação existe. E existe maior do que qualquer indivíduo existente. Portanto, aquele que olha para o Existente Criado (Cosmos) e nada vê e nada sente, é como aquele que fica diante de você e convoca uma conferência para decidir se você existe ou não. É loucura? Sim! É! Tanto num caso como no outro! Ora, em tal caso, quem assim o fizesse, não estaria de fato discutindo a sua (tua) existência, mas sim a sua (tua) aceitação ou não como existente por esse (o individuo discutidor) que se julga o validador do que existe ou não existe. Nesse sentido a gente vê o sentimento que gera o ateísmo, vestindo-se de antipatia, implicância, raiva, revolta, amargura, arrogância, vaidade, soberba (ou seja: de supremas burrices!) — no trato com o próximo. Sim! Há ateus de Deus e há os ateus de homens — os chamaríamos de a - homens?! Negar que o próximo exista e seja, é equivalente a dizer: Deus não é; Deus não existe! — e ainda assim se desviar do individuo que não existe como se ele

existisse. Sim! Porque nunca vi um ateu viver até o fim às implicações filosóficas do ateísmo. Um ateu que se satisfaz com filosofias é um ateu querente, um ateu crente, e crente do tipo obscurantista, posto que ainda é capaz de se satisfazer com as lendas de existência da Filosofia. De fato, direi rapidamente a você como deveria ser a vida de um ateu engajado e crente (vida curta, porém sincera!): Um ateu não deve chorar jamais, amar jamais, beijar com sinceridade jamais; se preocupar com justiça, verdade, carinho, amizade, amor, e ódio, jamais; e jamais deveria ter ciúmes, e nem se enciumar de nada; menos ainda se importar com a vida e a morte; e, sob hipótese alguma deveria ter dor de consciência; e jamais sentir-se devendo nada aos céus, à terra e menos ainda aos homens; e sem esquecer-se de que tanto faz qualquer coisa, pois, se não há Deus, não há sentido, não há razão, não há porquê; pois, se não há Deus, o que quer que pela força ou pela inteligência ou mesmo pela maldade se fizer impor (caso assim alguém deseje e consiga) — em nada está sendo melhor ou pior do que qualquer coisa ou qualquer um. Sim! Sem falar que filhos nada mais são, em tal caso, que o produto de nós e para o nosso melhor uso e conforto (afinal, somos inteligentes!), não importando o uso. Sem Deus, com tudo e com nada; e sem sentido para tudo ou nada; mas, ha-


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