EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
Entrevista a Helena Oliveira, Diretora do CINFU
Valorizar o setor da fundição através da formação O CINFU – Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição foi criado em 1981 através de um protocolo assinado entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Associação Portuguesa de Fundição (APF). O objetivo do centro é, desde o início, valorizar o setor da fundição, nomeadamente através da formação profissional dos seus ativos e daqueles que nele pretendam integrar. Helena Oliveira, Diretora do Centro, em entrevista à Revista Pontos de Vista, explica de que forma se têm empenhado nessa missão ao longo de 32 anos, respondendo aos desafios crescentes que têm surgido e adaptando o próprio enquadramento legal àquilo que são as necessidades dos formandos e das empresas.
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Este ano, o CINFU completa 32 anos. Que balanço faz destas três décadas e de que forma se tem afirmado na valorização do setor de fundição? O CINFU iniciou a sua atividade com a missão de valorizar o setor de fundição, nomeadamente através da formação profissional dos seus recursos humanos. Ao longo destes quase 32 anos muitas têm sido as mudanças nas respostas que podem ser proporcionadas, quer seja aos ativos do setor, quer seja aos que nele pretendem ingressar, jovens ou desempregados que encarem uma reconversão das suas qualificações para a área da fundição ou afins. Acresce o facto de ser a única instituição no país que promove formação não superior na área da fundição, tendo um conjunto de oficinas e laboratórios que permitem uma formação compatível com os requisitos das empresas onde se pretende integrar os formandos no final da sua qualificação. Nestas últimas 3 décadas o CINFU tem sabido responder aos desafios que se lhe têm vindo a colocar, adaptando o enquadramento legal vigente àquilo que são as necessidades dos formandos e das empresas. Assim pretendemos continuar. Como avalia a evolução do setor de fundição ao longo deste trinta anos e quais os principais desafios que atualmente se colocam? Tecnologicamente o setor evoluiu muitíssimo, temos empresas que fabricam para clientes de elevada exigência em termos de qualidade, como é o caso do setor automóvel, ferroviário, máquinas-ferramenta, etc. Mas não só a evolução tecnológica merece relevância, as melhorias ao nível da resposta às exigências dos clientes no cumprimento de prazos de entrega, no desenvolvimento do produto, nas
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o objetivo de melhorar a formação dos seus colaboradores, o CINFU propõe-se desenvolver cursos elaborados à medida das suas necessidades?
Helena Oliveira condições de segurança do trabalho ou ambientais, em suma, a evolução para um setor altamente competitivo a nível global, é uma realidade absoluta, que só peca por não ter conseguido passar para a sociedade essa imagem, traduzida na deficiente apetência para cativar jovens para este tipo de indústria. É nessa batalha, também, que o CINFU está diariamente envolvido, constituindo um dos seus principais desafios, dignificar a formação profissional dirigida ao setor. A oferta formativa do Centro tem evoluído de acordo com os desafios que se têm vindo a impor ao setor? O CINFU promove uma oferta formativa de longa duração, no âmbito do sistema de aprendizagem (dual) destinado a jovens que pretendam terminar o nível secundário de ensino, concomitantemente com uma qualificação profissional, e ingressar no setor e no âmbito dos cursos de educação e formação de adultos (EFA), em que promovemos os cursos de Técnico de Programação e Maquinação CNC, de CAD/CAM, de Projeto
Acresce o facto de ser a única instituição no país que promove formação não superior na área da fundição, tendo um conjunto de oficinas e laboratórios que permitem uma formação compatível com os requisitos das empresas onde se pretende integrar os formandos no final da sua qualificação”
de Moldes e Modelos, de Laboratório ou de Segurança no Trabalho ou, ainda, os cursos de Operador de Fundição ou de Fundição Injetada, para adultos que pretendam completar o nível básico de ensino e uma qualificação profissional. Para além desta oferta de longa duração, o Centro promove, também, uma diversificada oferta destinada a ativos das empresas, não só nas áreas técnicas e tecnológicas, mas também em áreas transversais como a qualidade, o ambiente, a segurança no trabalho, passando pela gestão, informática, línguas, até à área comportamental. Esta formação é na sua esmagadora maioria levada a cabo nas empresas, com formadores de reconhecida competência previamente aprovados por elas.
Adaptar os projetos educativos à realidade do mercado de trabalho é um dos grandes desafios. O que é que o CINFU tem feito no sentido de se adaptar a essa realidade? A formação profissional faz sentido se a aplicabilidade das aprendizagens dos formandos, sejam eles colaboradores atuais da empresa ou novos colaboradores, resultar em proveito para a eficiência dos processos e para a competitividade global da empresa. A experiência do CINFU na formação dos ativos em estreita articulação com as empresas e com as necessidades demonstradas e, por outro lado, a permanente atualização de equipamentos e de formadores são a chave do sucesso. Se uma empresa recorre ao CINFU com
O CINFU é reconhecido junto dos seus clientes pela flexibilidade e pela qualidade dos projetos formativos que lhes proporciona. É determinante, por um lado, o conhecimento do contexto legal em que a formação profissional pode ser colocada ao serviço do desenvolvimento das empresas e, por outro lado, um sólido conhecimento do setor e dos conteúdos formativos de que elas necessitam. Nesse sentido, o CINFU oferece às empresas a gestão do seu plano de formação interno, nomeadamente através da gestão de todo o processo de candidatura e execução de projetos formativos financiados pelo POPH.
Que tipo de serviços o CINFU disponibiliza nos seus laboratórios? Para além da formação profissional, o CINFU disponibiliza um vasto leque de serviços, desde a promoção do desenvolvimento de novos processos ou novos materiais até ensaios laboratoriais, muitos deles acreditados, que incluem as análises químicas ou metalográficas, ensaios mecânicos, ensaios de corrosão, ensaios não-destrutivos, avaliação das condições de exposição dos trabalhadores em matéria de segurança no trabalho ou a determinação das emissões gasosas de chaminés industriais. São igualmente desenvolvidos, em parceria com os clientes, ensaios à medida de necessidades específicas.
Quais os objetivos e expectativas do CINFU para 2013? Para além da resposta às necessidades de formação dos ativos das empresas que o CINFU sempre privilegia, o grande desafio coloca-se ao nível do desenvolvimento dos cursos no âmbito do já referido sistema de aprendizagem, objetivo de política do ministério da economia e do emprego, estando a efetivar todos os esforços para cativar jovens que farão um percurso que conjuga a formação no Centro com a prática em contexto de trabalho na empresa ao longo de cerca de dois anos e meio. Pretende-se, desta forma, uma preparação preferencial dos jovens para um ingresso rápido e qualificado no mercado de trabalho.