Revista Pontos de Vista Edição 108

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Pontos de Vista Nº 108 | JANEIRO 2022 (MENSAL) | 4 Euros (CONT.)

CLIMEX

Inovação e Robótica

NORAUTO

e a Sustentabilidade

CORONA KILLER

em Destaque

PEDRO PEREIRA DE CARVALHO “Vamos começar 2022 a renovar os Valores que nos caracterizam”

FOTO: RUI BANDEIRA

CHAIRMAN DO GRUPO TECLA




PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação Departamento Gráfico Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 | NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14 Distribuição Vasp - Distribuidora de Publicações, SA

TEMA DE CAPA

14 A 17 ENTREVISTA

APÓS 63 ANOS DE HISTÓRIA, A TECLA CARACTERIZA-SE COMO UM VERDADEIRO «SABER» COM FUTURO. ALIADA À FORMAÇÃO PROFISSIONAL, A MARCA DEDICA-SE HOJE AINDA À CONSULTORIA ORGANIZACIONAL E SISTEMAS DE GESTÃO, COM O OBJETIVO DE ASSEGURAR UMA MAIOR ADEQUAÇÃO DE CADA ÁREA DE NEGÓCIO ÀS NECESSIDADES DOS SEGMENTOS DE MERCADO. PEDRO PEREIRA DE CARVALHO, CHAIRMAN DO GRUPO, CONTA-LHE TUDO.

DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade Beatriz Quintal Ana Rita Paiva PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela www.dianaquintela.com Rui Bandeira www.ruibandeirafotografia.com Tiragem: 10.000 exemplares Detentores do Capital Social: Jorge Fernando de Oliveira Antunes: 100% Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt

NOMAD CAPITAL EM DESTAQUE

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NA QUALIDADE DE CEO DA NOMAD CAPITAL, ALEXANDRE MANSOUR ABORDOU EM ENTREVISTA DE QUE FORMA A MARCA IRÁ CONTINUAR A PROMOVER A EXCELÊNCIA DO MERCADO PORTUGUÊS E DO SEU ESTILO DE VIDA NO MUNDO. CONHEÇA OS PROJETOS QUE ESTÃO JÁ EM ANDAMENTO E AS NOVIDADES QUE SURGIRÃO NO ANO QUE AGORA COMEÇA.

Preço de capa: 4,00 euros (Cont.)

Assinatura anual (11 edições): Portugal Continental: 44 euros

CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão.

18 A 19

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

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PAULA FRANCO, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS (OCC), DEU A CONHECER OS GRANDES DESAFIOS E OPORTUNIDADES QUE O SETOR ENFRENTA, NUMA ALTURA EM QUE SE CAMINHA A PASSOS LARGOS PARA A TRANSIÇÃO DIGITAL.


PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

A IMPORTÂNCIA DOS PARQUES EMPRESARIAIS EM PORTUGAL

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OS PARQUES EMPRESARIAIS SÃO «LOCAIS» QUE OFERECEM AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A INSTALAÇÃO RÁPIDA, EFICIENTE E SEGURA DE PROJETOS DE INVESTIMENTO NACIONAL E ESTRANGEIRO. NESTE SENTIDO, EURICO BRILHANTE DIAS, SECRETÁRIO DE ESTADO DA INTERNACIONALIZAÇÃO, REVELOU A IMPORTÂNCIA DOS MESMOS NO FUTURO QUE SERÁ, CADA VEZ MAIS, COMPETITIVO.

INOVAÇÃO E ROBÓTICA

38 A 41

A CLIMEX É UMA MARCA PIONEIRA NO QUE CONCERNE A SERVIÇOS DE DESINFEÇÃO TECNOLÓGICOS, O QUE FAZ COM QUE A MESMA TENHA UM PAPEL PREPONDERANTE NUM MUNDO ONDE A HIGIENIZAÇÃO DOS ESPAÇOS É CADA VEZ MAIS IMPORTANTE. SARA HIPÓLITO, DIRETORA DE MARKETING E INOVAÇÃO, REVELA TODOS OS DETALHES.

CORONA KILLER NO COMBATE À COVID-19

30 A 31

MATTHIAS SCHMELZ, CRIADOR DAS LÂMPADAS FAR UVC, GARANTE QUE ESTA SOLUÇÃO INOVADORA IRÁ ERRADICAR O VÍRUS DA COVID-19. SAIBA TUDO.

PONTOS DE VISTA NO FEMININO

60 A 89 MISSÃO NORAUTO: SUSTENTABILIDADE

42 A 44

NUMA SOCIEDADE EM QUE A SUSTENTABILIDADE PARECE ESTAR A GANHAR FORÇA E CONSCIENCIALIZAÇÃO, A NORAUTO ASSUMIU ESTE COMPROMISSO E TORNOU-O NUM DOS SEUS OBJETIVOS PRIMORDIAIS: A PRÓXIMA META É, EM 2022, REDUZIR A SUA PEGADA DE CARBONO EM 30%. CONHEÇA TUDO O QUE TEM VINDO A SER REALIZADO NESTE SENTIDO.

DESFRUTE DE TESTEMUNHOS INSPIRADORES DE MULHERES QUE ABRAÇAM DIARIAMENTE A CONQUISTA E CAMINHAM LADO A LADO COM O SUCESSO PESSOAL E PROFISSIONAL.

Pontos de

Vista NO

Feminino

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PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

“Estamos muito confiantes de que o Mercado Português se manterá positivo em 2022” Inspirada em empreendimentos e resorts de todo o mundo, a Nomad Capital chegou a Portugal para revolucionar o mercado nacional. Com a missão bem assente na promoção do país e do seu estilo de vida, a marca reflete agora sobre abrir portas a novos projetos que, como sempre, irão elevar o bom nome português e a qualidade do seu mercado no mundo. Alexandre Mansour, CEO da empresa, contou-nos os passos seguintes no trajeto da mesma para o futuro próximo.

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ALEXANDRE MANSOUR

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FOTO: DIANA QUINTELA

tualmente com uma forte presença em Portugal e na Holanda, a Nomad Capital foi criada com o objetivo de adquirir, conceber e desenvolver projetos residenciais e resorts com serviços de luxo. Acompanhando a tendência recente das cadeiras hoteleiras usarem Portugal como mercado de teste para uma futura expansão europeia, a Nomad Capital está a desenvolver a Nomad Bay, no Algarve, que será, com toda a certeza, o próximo marco residencial da zona sul do país, abrindo portas no verão de 2023. Debruçada sobre o mar e situada no concelho de Carvoeiro, esta é uma construção nova, desenhada de raiz, e que conta com 74 apartamentos de alto padrão com paisagens de «cortar a respiração». Como residência principal, casa de férias ou investimento, existe um imóvel à espera de todos os que pretendem usufruir desta experiência. Com características únicas e, dificilmente, antes vistas em Portugal, a Nomad Capital e as suas residências de luxo têm evoluído exponencialmente no mercado sendo que, o CEO – através da sua experiência e know-how adquirido em vários pontos do mundo - considera que “existe um potencial muito grande na Europa para estas residências de marca ditando, por isso, um crescimento rápido na próxima década. Portugal foi o país que eu escolhi para viver e apostar, não estou a promover porque acredito nisso, nem porque venho de lá”. O IMPACTO DOS DESAFIOS DE 2021 NO MERCADO PORTUGUÊS É do conhecimento geral que as adversidades da pandemia que (ainda) vivemos assoberbou vários países e as suas atividades. Portugal enfren-


PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

FOTO: DIANA QUINTELA

“EXISTE UM POTENCIAL MUITO GRANDE NA EUROPA PARA ESTAS RESIDÊNCIAS DE MARCA DITANDO, POR ISSO, UM CRESCIMENTO RÁPIDO NA PRÓXIMA DÉCADA”

tou neste ano que agora acaba um conjunto de desafios que, caso não tenham sido devidamente geridos, poderão levar a uma estagnação da economia. Contudo, e sendo Alexandre Mansour positivo por natureza – e acreditando na qualidade e potencial enorme do país – assume que “o mercado imobiliário em Portugal é um setor muito resiliente acabando, até, por beneficiar efetivamente de toda esta situação. Desde o início da pandemia, Portugal ficou conhecido mundialmente como um ótimo lugar para se viver e um paraíso seguro para os nómadas digitais, jovens aposentados e até empreendedores. Tem sido uma sensação muito boa ver o impacto positivo que o setor e o país têm recebido”. Assim, e sempre a pensar no futuro, a Nomad Capital rapidamente ajustou as suas práticas e hoje está a tornar-se totalmente digital, utilizando as redes sociais e o marketing, sendo que, e graças a isso mesmo, está mais próxima do seu público, podendo, portanto, comunicar diretamente com ele e receber feedback em tempo real de investidores, da equipa e dos compradores finais das residências. Desta forma, e contra todas as adversidades, a Nomad Capital está mais resiliente do que nunca. Importa ainda compreender se, esta perceção otimista, se irá manter no ano que se avizinha. “Estamos muito confiantes de que o mercado português se manterá positivo em 2022. Apesar, claro está, de todas as mudanças que estão a chegar, como é o exemplo dos Golden Visa. A partir do dia 1 de janeiro de 2022, o Governo português irá introduzir alterações ao regulamento do programa, que deixará de abranger as zonas

costeiras de Portugal, nomeadamente Lisboa, Porto e Algarve, de forma a atrair maior investimento para o interior do país. Penso que janeiro e fevereiro serão meses essenciais uma vez que nos darão uma ideia mais firme de como o mercado está a reagir a estas mudanças”. Ainda que os desafios sejam, certamente, rigorosos, a Nomad Capital acredita que Portugal, e o seu carisma diferenciador, estará mais do que preparado para acompanhar as tendências que surgirão. OLHOS POSTOS NO FUTURO O mercado, a população e os clientes já estão cientes do que esperar para 2023: o sucesso do projeto Nomad Bay. Contudo, a marca, não fica por aqui. A Nomad Capital espera nos próximos meses anunciar mais dois prestigiados projetos, ambos localizados no Algarve. “Estamos muito confiantes de que o mercado reagirá positivamente. Posso, desde já, assumir que ambos terão um conceito semelhante ao Nomad Bay", garante Alexandre Mansour. Com inúmeras ideias prontas para serem desenvolvidas, o objetivo primordial da Nomad Capital, a curto prazo, será expandir ainda mais as suas operações no Algarve. Já a longo prazo, existe um potencial imenso para que estes produtos e serviços sejam integrados em vários locais da Europa – assim deseja o nosso entrevistado. Certo é, o mesmo, garante que estarão “sempre no topo das tendências das residências de marca. Para já em Portugal e na Holanda, mas, em breve, nos restantes pontos da Europa”, termina. ▪

“DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA, PORTUGAL FICOU CONHECIDO MUNDIALMENTE COMO UM ÓTIMO LUGAR PARA SE VIVER E UM PARAÍSO SEGURO PARA OS NÓMADAS DIGITAIS, JOVENS APOSENTADOS E ATÉ EMPREENDEDORES. TEM SIDO UMA SENSAÇÃO MUITO BOA VER O IMPACTO POSITIVO QUE O SETOR E O PAÍS TÊM RECEBIDO”

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PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

“A HRV tem evoluído graças aos Parceiros, Clientes, Fornecedores e à Resiliência dos nossos Colaboradores” A HRV iniciou o seu caminho em 1981 como fabricante de peças simples para as fábricas de alimentos compostos para animais. 40 anos depois – com um portefólio de soluções mais completo - a par dos clientes, fornecedores e parceiros, a marca evolui no mercado português, angolano e brasileiro, devido ao seu know-how característico e resiliência comprovada em tempos mais controversos. Pedro Veríssimo, Administrador da empresa, contou à Revista Pontos de Vista, entre outros assuntos, as ambições que se esperam para o ano que agora começa.

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Grupo HRV conta já com quase 40 anos de existência e sabemos que tem vindo cada vez mais a afirmar-se no mercado fruto de todo o know-how e competências adquiridas. Como descreve a evolução da marca nos setores onde atua? Qual o segredo para tamanho sucesso? A HRV tem evoluído graças aos parceiros, clientes, fornecedores e à resiliência dos nossos colaboradores. A exigência dos nossos clientes, as soluções apresentadas pelos nossos fornecedores e a nossa equipa técnica têm sido os pilares da nossa evolução. Esta exigência dos clientes implicou a viajar pelo mundo a conhecer diversas realidades, a visitar muitas feiras e congressos para nos mantermos atualizados na melhor solução tecnológica a apresentar. As parcerias feitas com os fornecedores obrigam-nos a investimento contínuo em maquinaria, materiais, know-how, em métodos e processos produtivos. Dentro do mesmo grupo foram concebidas outras duas empresas: a HRV Elétrica S.A e a VERISTEEL Laser S.A. Quais os motivos que fomentaram esta criação? A HRV Elétrica foi criada para permitir à HRV (Processo) fornecer a solução completa. Já fazíamos a parte do desenvolvimento tecnológico (Projeto) já

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fazíamos a parte da construção e montagem mecânica de máquinas (Engenharia), faltava-nos a componente elétrica das mesmas. Assim os clientes possuem um só correspondente, uma só interface, caminho muito mais simples e fácil, não só na componente projeto, como na própria montagem e assemblagem, como no start-up e claramente um serviço muito mais integrado e mais eficiente no pós-venda e assistências técnicas. Tenha a máquina/linha de processo uma avaria, o cliente fala com um interlocutor HRV, que tem assim a capacidade e know-how de dar resposta, de saber definir se avaria mecânica, se avaria elétrica. A HRV Elétrica permite-nos também, dentro de portas desenvolver, testar, otimizar os equipamentos e ou processos de fabrico. Na HRV Elétrica já fazemos o desenvolvimento de Softwares de produção, verdadeiros “Big Brothers” no setor industrial, que permitem não só aos empresários de obter deles todas as informações para custeio de operações, como permite aos operadores fabris perceber e otimizar a produção com a finalidade de um funcionamento de excelência. A VERISTEEL (Corte Laser) autonomia, excelência nos produtos e facilidade nas assemblagens. Autonomia, pois partimos de chapas em aço e paramos na montagem integral de um a linha de processo. Controlamos melhor os custos e gerimos melhor as prioridades sem estar a depender de fornecimento desse serviço de terceiros. Tendo sido 2021 um ano bastante atribulado quer na

“PARA ALÉM DAS FUNÇÕES MAIS ADMINISTRATIVAS CONSIDEROU-SE RELEVANTE ATUAR NA GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL E MOTIVAR AS EQUIPAS. COM UMA PESSOA RESPONSÁVEL DE RH SEMPRE PRESENTE, DISPONÍVEL, INTERVENTIVA E A SERVIR DE ELO DE LIGAÇÃO COM A ADMINISTRAÇÃO”


PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

vida profissional, bem como na vida pessoal de toda a sociedade, como é que enquanto “empresa familiar” lidaram com a pandemia? Que aspetos negativos esta acarretou? E positivos? “Esquecemos” os objetivos financeiros (lucro) e mantivemos os objetivos estruturais e de postura anteriormente deliberada. Dois anos de pandemia, em Portugal com projetos Agroindustriais a serem cancelados ou adiados, projetos cancelados em Angola e no Brasil, objetivos financeiros de manter a empresa a laborar. Tivemos de investir em meios humanos, para dar resposta à maior solicitação para reparações de equipamentos (que devido à pandemia os clientes não substituíram por novos). Capacitámos as empresas com mais meios informáticos para ser possível o teletrabalho. Investimentos nas instalações, criando mais e melhores gabinetes, para que todos os gabinetes fossem separados e arejados. Investimentos em formação. Investimos em reorganização. O confinamento permitiu-nos ter mais tempo para pensar a empresa internamente. Com a ajuda de um parceiro (com experiência relevante na área) delineámos um novo modelo de gestão, cuja implementação está atualmente a ser finalizada. Em resumo, na HRV aproveitámos este período para dar mais alguns passos na melhoria de processos internos. Estávamos a meio de uma transição acionista de pais para filhos. Tudo está assim a ser feito e mantido. Acredita que promover constantemente um espírito de resiliência nos colaboradores, faz com as empresas estejam mais bem preparadas para lidar com eventuais imprevistos? Neste sentido, de que forma é motivado este conceito no seio do Grupo HRV?

É uma característica cuja importância tem sido relevada no âmbito da pandemia, e bem. Mais do que nunca, o espírito de equipa foi essencial. Nesse campo, a gestão de equipas e a comunicação entre as mesmas ganhou uma especial relevância. Percebemos que a multidisciplinaridade que cultivávamos nos trouxe vantagens; e que o equilíbrio entre experiência e a jovialidade das equipas permitiu, por exemplo, a rápida adaptação às novas formas de trabalho. Resiliência nos colaboradores, com o incentivo à formação, com a procura de melhoria de meios de proteção e segurança e ambiente do trabalho, com a criação de alguns eventos festivos. Foi criado um Departamento de Recursos Humanos, com uma colaboradora afeta exclusivamente aos assuntos relacionados com os colaboradores. Para além das funções mais administrativas considerou-se relevante atuar na gestão do clima organizacional e motivar as equipas. Com uma pessoa responsável de RH sempre presente, disponível, interventiva e a servir de elo de ligação com a Administração. Com a tentativa de também dar as melhores “ferramentas” de trabalho (sejam um torno de CNC, seja o melhor Software/Hardware, entre outras). Ter assim melhores profissionais e garantir a saúde e bem-estar de cada um dos nossos colaboradores.

completas para alimentos compostos para animais (Ração Gado, Ração PET, Ração Peixe), instalámos também fábricas completas de transformação de biomassa, unidades completas de produção de fertilizante, composto orgânico e projetos completos para a indústria química em alguns setores. Quais as perspetivas que o Pedro Veríssimo tem para o próximo ano enquanto Administrador de uma empresa desta dimensão? Grupo de empresas pequeno, de

80 pessoas, enquanto administrador e responsável comercial, gostaria de no próximo ano terminar todas estas alterações estruturais e financeiras e conseguir retomar os mercados, o Nacional, o Angolano e o Brasileiro. Gostaria de ver os valores das matérias-primas estáveis, sejam os cereais e a biomassa para que os nossos clientes possam fazer uma gestão longo prazo e investimentos de longo prazo, sejam das matérias-primas ferro, componentes, para que a HRV possa conseguir orçamentação convenientemente.▪

Foi uma marca que começou com produção de peças metálicas e de alimento composto para animais, mas hoje em dia já produz também “pellets” de biomassa, o que nos leva a afirmar que é uma empresa multifuncional. Assim, o que podemos esperar do Grupo HRV em 2022? A HRV iniciou em 1981 como fabricante de peças simples, de desgaste, para as fábricas de alimentos compostos para animais (vulgo fábricas de rações). Hoje, além de fábricas

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PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

“Não há dúvidas de que o ano que agora acaba também foi um ano de muitas Oportunidades” Se dúvidas ainda existiam da transformação exponencial com que o mundo se depara, a pandemia da Covid-19 veio acabar com elas, isto porque, no seio das empresas vários foram os objetivos a serem reformulados no ano que agora acaba. A Revista Pontos de Vista conversou com Tânia Castro, Diretora Geral da TPMc, que confirmou que 2021 “aumentou a velocidade de desenvolvimento de várias tecnologias”, confidenciando ainda que 2022 será – certamente – um ano positivo para a marca.

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TÂNIA CASTRO

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TPMc tem como foco as soluções de gestão internacional. Para melhor compreender, o que é a TPMc? A TPMc começou como uma empresa de contabilidade e fiscalidade virada para o desenvolvimento do mercado internacional. Com o passar dos anos, à semelhança de muitas outras, teve de se adaptar às constantes mudanças no mercado. Se há 20 anos se contavam pelos dedos os empresários estrangeiros que investiam em Portugal e os empresários portugueses que optavam por internacionalizar, hoje em dia tal não acontece. Temos muitos clientes portugueses a expandir os negócios para fora do país e muitos não residentes a investir em Portugal e na Madeira. Ao longo destes anos adaptámos os nossos departamentos à necessidade do mercado. Neste momento temos mais e variados departamentos - além da contabilidade e fiscalidade - na área do: legal, recursos humanos, administrativo, representação fiscal e marítimas, estudos e projetos e informático. Neste momento estamos a implementar e desenvolver o departamento de vistos/residência.


PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

“A PANDEMIA AUMENTOU A VELOCIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE VÁRIAS TECNOLOGIAS, FEZ COM QUE AS PESSOAS VOLTASSEM A REEQUACIONAR O PAÍS E O MODELO EM QUE VIVEM, MAS TAMBÉM A DAR IMPORTÂNCIA À QUALIDADE DE VIDA, DOS SERVIÇOS DE SAÚDE E ATÉ DO SISTEMA POLÍTICO ONDE ESTÃO INSERIDOS” sidades estão permanentemente em mudança. E só quem se consegue adaptar vai conseguir sobreviver.

É uma marca que oferece serviços que vão desde mudanças de residência, registos de navios e iate, entre outros. Qual é o papel da Tânia Castro no seio da empresa tendo em conta os serviços que prestam? A Tânia Castro, na prática, gere e coordena todos os departamentos e as equipas inseridas no seio deles. O facto de ter iniciado o meu percurso profissional há 28 anos na área da contabilidade, passando depois para o jurídico, fez com que a flexibilidade fosse uma constante. Num mundo em que cada vez mais as pessoas acham que a especialização é a chave, eu permito-me discordar – se há uma coisa que a pandemia da Covid-19 veio demonstrar é que cada vez mais é preciso flexibilizar. Tornar as pessoas e as empresas flexíveis e moldáveis, pois o único facto constante é de que o mercado e as neces-

De que forma a empresa tem consolidado a sua presença internacionalmente, de modo a dar uma resposta eficaz nos setores onde atuam? A TPMC sendo uma Management Company - Estatuto reconhecido pela SDM e Governo Regional – tem vários setores operacionais de apoio a clientes e investidores nacionais e internacionais, nomeadamente: departamento legal, departamento de estudos e projetos comunitários, departamento de salários e recursos humanos, departamento administrativo, departamento de fiscalidade internacional e departamento de contabilidade. São estas as razões que nos levam a acreditar sermos uma mais valia no apoio a possíveis investidores Nacionais que queiram utilizar a Madeira como plataforma para a Internacionalização e a investidores Estrangeiros que queiram penetrar no Mercado Europeu e Mundial, via Portugal. A TPMc é uma empresa do Grupo PREVISÃO (presente no mer-

cado regional há 40 anos), e já existe no mercado regional há 25 anos. É Presidente da Mesa do CINM na ACIF – Associação Comercial e Industrial do Funchal; da APCINM – Associação dos Profissionais do Centro Internacional de Negócios da Madeira; é Corporate Member da Portuguese Chamber no UK, da CCILF – Câmara de Comércio e Industria Luso-Francesa e da CCILR – Câmara Luso - Russa; e está inserida na lista de Managements reconhecidas e certificadas pela SDM – Sociedade de Desenvolvimento da Madeira. Somos uma das únicas Management na Madeira com a totalidade do capital detida por portugueses e anualmente envidamos várias ações promocionais em parceria com a SDM, adicionalmente às conferência e palestras que realizamos anualmente. Estamos agora em tempo de fechar mais um capítulo. Assim, importa abordar os grandes desafios que persistiram ao longo deste 2021 – ano em que a complexidade da pandemia trouxe, em qualquer setor de atividade, adversidades distintas. Para a TPMc, quais foram os principais desafios no seio da sua atividade?

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PONTOS DE VISTA PERSPETIVAS 2022

“NESTE MOMENTO TEMOS MAIS E VARIADOS DEPARTAMENTOS - ALÉM DA CONTABILIDADE E FISCALIDADE - NA ÁREA DO: LEGAL, RECURSOS HUMANOS, ADMINISTRATIVO, REPRESENTAÇÃO FISCAL E MARÍTIMAS, ESTUDOS E PROJETOS E INFORMÁTICO”

Os desafios foram vários e nas mais diversas áreas. Nomeadamente, e apesar de em termos operacionais nunca termos fechado os serviços, tivemos de reformular toda a parte operacional e de equipamento para as equipas poderem continuar em teletrabalho. Aliado a isso, a maior parte dos nossos serviços prendem-se com questões jurídicas junto dos registos, do SEF e das várias instituições publicas. Instituições estas que estavam a trabalhar em formato reduzido, prejudicando em muito a eficiência dos processos, que por si só já são burocráticos. As viagens profissionais deixaram de existir, começámos a utilizar cada vez mais as plataformas digitais: o ZOOM, GoogleTeams, Skype, WhatsApp, entre outros. Todo o ano de 2021 foi um ano de reinvenção – em todas as áreas. Falemos também das oportunidades que se ergueram. Considera que, para a TPMc das adversidades surgiram, de facto, oportunidades? O que acredita ter sido o melhor do ano que agora acaba? Não há dúvidas de que o ano que agora acaba também foi um ano de muitas oportunidades. A pandemia aumentou a velocidade de desenvolvimento de várias tecnologias, fez com que as pessoas voltassem a reequacionar o país e

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o modelo em que vivem, mas também a dar importância à qualidade de vida, dos serviços de saúde e até do sistema político onde estão inseridos. Prova disso é que cada vez mais recebemos contactos de possíveis clientes interessados em viver em Portugal/Madeira e em trabalhar a partir do sítio onde decidem viver. Querem conhecer as condições de vida, o custo económico, o sistema fiscal e apostar em sítios mais calmos, com mais qualidade, com potencial para desenvolver negócio e com segurança para criarem as suas famílias. Enquanto Diretora Geral da TPMc, que mensagem de final de ano lhe apraz deixar a todos os leitores e, em particular, aos parceiros e clientes da empresa? Como Madeirense e Portuguesa que sou, penso que o nosso grande objetivo deve passar por, internamente, gostarmos e valorizarmos cada vez mais o que nós – Portugueses - temos e conseguimos fazer. Estamos cada vez mais a receber o reconhecimento internacional da nossa qualidade e capacidade de trabalho e organização. Falta-nos a capacidade de o reconhecermos para que possamos fazer mais, melhor e mais longe. Que 2022 nos traga mais desafios, mas também mais capacidade de os ultrapassar. ▪

Com os olhos postos no que se avizinha, qual foi o plano estratégico que a TPMc desenhou na sua atuação para 2022? Que projetos e novidades nos pode confidenciar? Adaptar, adaptar, adaptar. Estarmos prontos para todas e quaisquer necessidades do cliente. Conhecermos o nosso mercado. Este vai ser o nosso ano de 2022. Continuar a apostar num serviço completo, em que ao lado fiscal aliamos tudo o que seja necessário para os clientes deslocalizarem as suas atividades, as suas famílias e tornarem a Madeira/Portugal o centro de interesses do seu núcleo. Diversificar o nosso leque de serviços, formar as equipas para que possam continuar a prestar um serviço de qualidade acima da média. E acima de tudo manter todas as equipas e, quiçá, aumentar o número de colaboradores.



PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

“PERCEBEMOS QUE, PARA DARMOS RESPOSTA AO QUE NOS ERA PEDIDO, TÍNHAMOS DE EVOLUIR. ENTÃO RUMÁMOS, TAMBÉM, POR CAMINHOS DIFERENTES. HOJE, NO TERRITÓRIO NACIONAL, ESTAMOS PRESENTES ATÉ AO ALGARVE, INCLUINDO OS AÇORES E A MADEIRA, ONDE SE ESTÃO A DESENVOLVER INÚMERAS NOVIDADES”

FOTO: RUI BANDEIRA

PEDRO PEREIRA DE CARVALHO CHAIRMAN DO GRUPO TECLA

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PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

Grupo Tecla

“Faz parte dos nossos planos o Crescimento, mas o Crescimento Sustentado” Do sonho de Consuelo Costa, a Tecla começou a trilhar o seu caminho em 1958, com o objetivo de se tornar na primeira entidade formadora profissional no norte de Portugal. 63 anos depois, com um portefólio vasto, dinâmico e promissor, é Pedro Pereira de Carvalho, Chairman do Grupo, que «veste a camisola» em prol da capacidade e inteligência humana e da formação de profissionais competentes e bem-sucedidos. Conheça as conquistas sucessivas que, orgulhosamente, pertencem à cronologia desta marca que hoje, mais do que nunca, ambiciona cruzar-se com a excelência – caminho esse que nunca termina.

FOTO: RUI BANDEIRA

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rimeiramente vocacionada para o desenvolvimento de ações de formação profissional nos domínios da Informática e Multimédia, Secretariado, Marketing, entre outros, foi precisamente no dia 13 de maio de 1958 que a Tecla nasceu – inúmeras foram as razões para que, há 63 anos, se acreditasse que o prestígio e a qualidade nos serviços que ofereciam estavam, e continuariam a estar por mais seis décadas, na base da confiança e do reconhecimento que os seus clientes e parceiros ali depositavam. Com a experiência e o know-how angariado ao longo dos tempos, o Grupo Tecla coordenou e executou vários projetos em organizações dos setores público e privado, formou mais de meio milhão de profissionais e ministrou mais de um milhão de horas de formação. Com (mais do que) provas dadas no seu meio, é exatamente neste quadro de valores que se posiciona a marca, orgulhando-se de contribuir para o aperfeiçoamento e a modernização da formação profissional inicial e contínua, bem como para a prestação de serviços, num campo diversificado de atividades. Consciente de que não basta fazer – e de que a comodidade não é solução – Pedro Pereira de Carvalho, anteriormente Diretor Pedagógico e atualmente Chairman do Grupo, compromete-se fortemente com a inovação proporcionando, desta forma, um «saber» com futuro. Assim, e mantendo, claro está, a área da formação profissional vinculada – não fosse esta uma das suas principais áreas de atuação, hoje com 26 áreas distintas –, o nosso entrevistado abrangeu o leque de serviços e soluções. “Percebemos que, para darmos resposta ao que nos era pedido, tínhamos de evoluir. Então rumámos, também, por caminhos diferentes. Hoje, no território nacional, estamos presentes até ao Algarve, incluindo os Açores e a Madeira, onde se estão a desenvolver inúmeras novidades. No que diz respeito às áreas de negócio, temos projetos a decorrer no setor do turismo, têxtil e ainda na esfera

“SINTO QUE O COLABORADOR TEM MUITO O (PRE)CONCEITO DE QUE A FORMAÇÃO QUE A EMPRESA LHE ESTÁ A PROPORCIONAR É PARA A ORGANIZAÇÃO E NÃO PARA SI PRÓPRIO E PARA O SEU CRESCIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL. QUANDO AS PESSOAS, POR ALGUM MOTIVO, SAEM DESSA MESMA EMPRESA, O CERTIFICADO “ACOMPANHA-AS”, NÃO FICA LÁ”

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FOTO: RUI BANDEIRA

PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

da saúde, com uma cadeia de clínicas que irão abrir portas no início de 2022”, confidenciou-nos. O Grupo Tecla é ainda diligente e utiliza métodos de gestão e organização que respeitam o ambiente e os valores sociais. A preocupação em promover e coadjuvar no desenvolvimento das comunidades onde se insere tem sido uma premissa constante, que se manifesta de diversas formas, desde investimento em infraestruturas que colmatam as precariedades sociais existentes, elaboração de planos de formação adequados, com ações e percursos ajustados à realidade de cada lugar e, não obstante – e igualmente relevante – pela promoção da igualdade de oportunidades para todos os cursos interempresa. Com formações intra e inter-empresas, o Grupo Tecla é certificado pela Direção Geral do Emprego e Relações de Trabalho e entidade formadora externa do Instituto do Emprego e Formação Profissional, entre outras certificações. OS GRANDES DESAFIOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL Igualmente a tantas outras áreas de negócio, a formação profissional tem sofrido, ao longo dos tempos, alguns dissabores. Pedro Pereira de Car-

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valho admite que “não queríamos ficar «reféns» desta área porque, atualmente, a mentalidade das pessoas que a frequenta, prioriza os subsídios envolvidos e não propriamente o conhecimento que irá adquirir com ela. Muitas pessoas esqueceram-se que a formação profissional é um veículo potenciador do crescimento profissional e pessoal de cada um e, consequentemente, da organização onde está – ou poderá vir a estar – envolvido”. Importa referir que – e segundo o nosso entrevistado – os últimos dois Quadros Comunitários de Apoio em Portugal, englobaram medidas de apoio a aspetos como o desenvolvimento de infraestruturas económicas, o investimento produtivo, o desenvolvimento das competências dos recursos humanos, entre outros. “Nos últimos 20 anos houve uma oferta muito alargada de formação financiada, isto é, as pessoas foram sendo habituadas a que existisse um “rendimento”. Mesmo na nossa oferta de formação não financiada, ou seja, em que a pessoa tem de pagar o serviço, nós sentimos exatamente a falta de reconhecimento na importância da mesma”, assegura o Chairman do Grupo Tecla. Assim sendo, com o tempo, a ideia do que é a formação profissional dissociou-se daquilo que

“FAZ PARTE DOS NOSSOS PLANOS O CRESCIMENTO, MAS O CRESCIMENTO SUSTENTADO. ESSA É META. QUEREMOS FAZER CRESCER AS NOSSAS ÁREAS DE NEGÓCIO, TERMINAR OS PROJETOS QUE COMEÇÁMOS EM 2021, NOMEADAMENTE A NOSSA SEDE NA TERCEIRA E A CLÍNICA QUE ESTAMOS A UM PASSO DE ABRIR NO ALGARVE COM VÁRIAS ESPECIALIDADES E MEIOS DE DIAGNÓSTICO, MAS QUEREMOS DESENVOLVER OUTRAS”

realmente significa, existindo por isso, uma necessidade grande de credibilizar a formação. Para tal, o grupo Tecla organiza seminários e workshops destinados à consciencialização do tema, em que são reunidas pessoas da área, particularmente Professores Universitários, Formadores, Consultores, entre outros. “O maior constrangimento é, efetivamente, não conseguirmos fazê-lo com a regularidade que gostaríamos. A sensibilização de que a formação é importante torna-se fundamental para promover a mudança de paradigma, mas um seminário não chega para que esta se torne efetiva e permanente”, afirma Pedro Pereira de Carvalho. Do outro lado da moeda, hoje em dia, e pelas sucessivas alterações no que respeita ao valor/hora, entre outras questões, é também cada vez mais complexo encontrar formadores com gosto em exercer este tipo de funções. NO QUE DIZ RESPEITO À FORMAÇÃO INTRAEMPRESA… “Sinto que o colaborador tem muito o (pre)conceito de que a formação que a empresa lhe está a proporcionar é para a organização e não para si próprio e para o seu crescimento pessoal e profissional. Quando as pessoas, por algum motivo, saem dessa mesma empresa, o certificado “acompanha-as”, não fica lá. Não se apercebem de que é uma mais-valia imensa para o seu futuro”, revela o nosso entrevistado, acrescentando ainda que “desde janeiro que temos vindo a promover formação


PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

PROMOÇÃO DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES Sendo um tema bem assente na sociedade moderna, a igualdade de oportunidades tem a ver com uma visão justa das pessoas e das organizações, sem preconceitos, e com a criação de condições do local de trabalho e na sociedade que incentivem e valorizem a diversidade e promovam a dignidade. Neste sentido, e sendo o Grupo Tecla de causas e compromissos, é um forte defensor de que existe porque acredita que a qualidade dos serviços está ao alcance de todos. “Nos últimos anos penso que assistimos a um retrocesso de algumas conquistas passadas, nomeadamente no alcance de uma maior igualdade no acesso ao mercado de trabalho. Faz falta compreender, antes de sensibilizar para a mudança, para o que é que a mesma vai contribuir. As pessoas têm de perceber o propósito e que todos ficam a ganhar com a promoção da igualdade dentro da empresa. Os colaboradores têm de sentir que o seu bem-estar é tido em conta”, defende o Chairman do Grupo Tecla, exemplificando: “Veja-se o caso do Rui Nabeiro (Fundador e Presidente Executivo da Delta Cafés). Eu gosto de olhar para ele como um exemplo de um líder. Compreendo que muitos outros talvez não tenham feito melhor por falta de condições. Mas a realidade é que ele tinha e fez”. Certo é, os Recursos Humanos são cada vez mais «olhados» como a peça essencial de muitas organizações de sucesso. No Grupo Tecla, a equipa é há 63 anos valorizada e o resultado está à vista de todos: pessoas empenhadas em vestir a camisola, conduzem as vitórias organizacionais. NOVOS PROJETOS EM TEMPOS DE PANDEMIA Pedro Pereira de Carvalho é dono de um olhar atento e realista, porém, extremamente positivo. Para si não existem problemas, mas sim constrangimentos de percurso. «O copo meio cheio» é o

seu lema de vida e segue-o, mesmo que o mundo atravesse uma problemática complexa, como a pandemia. Já ouviu falar de que das adversidades surgem as oportunidades? Nós explicamos. O Grupo Tecla manteve guardados na sua caixinha dos pensamentos diversos projetos durante os últimos anos – e foi precisamente em anos de pandemia que os deixou «voar». “No que diz respeito à área de saúde, era algo que

FOTO: RUI BANDEIRA

nos Açores, no âmbito da medida Qualifica+ e, entretanto, através de um segundo projeto no âmbito da medida Form.Açores e é curioso como uma das perguntas mais frequentes é «a formação é remunerada?». Estamos a falar de projetos que abrangem pessoas que vivem na Terceira, Pico e Faial e em ilhas onde não há tanta oferta como é o caso da Graciosa, São Jorge ou Flores e que, pela primeira vez, em anos, estão a ter formação gratuita”. É percetível de que é cada vez mais uma prioridade, tanto para as empresas, como para os colaboradores, e hipotéticos candidatos a emprego, credibilizar a formação. O desenvolvimento pessoal é significativo, tanto como profissional, ou seja, para conseguirmos o sucesso na sua plenitude, é preciso investir em ambos – nem que seja tempo e dedicação. E é exatamente neste rumo que o Grupo Tecla – na imensidão dos seus planos – pretende focar a sua atenção e relembrar de que formação significa mais conhecimento, aumento de produtividade, diferenciação no mercado e maior probabilidade de inserção no universo profissional.

já ambicionávamos há muito, mas nunca foi oportuno, até que passou a ser. No último meio ano fizemos um levantamento de requisitos técnicos, estudámos possibilidades, e é um orgulho poder dizer que, atualmente, está praticamente desenvolvido e preparado para abrir as suas portas no Algarve o primeiro projeto nesta área”, assegura o nosso interlocutor. Apesar de, para o mesmo, o sul de Portugal, estar «aprisionado» ao setor hoteleiro, tem em si um grande potencial sendo que, este projeto promete fazer a diferença na força motriz de qualquer organização: os recursos humanos. Além disso, e neste seguimento, de forma a criar uma força conjunta, o Grupo Tecla voltou novamente a pertencer às Bolsas de Entidades Formadoras Externas, na zona do Algarve, claro está, e na área da saúde. Não ficando por aqui, o Grupo Tecla está agora comprometido em marcar a sua posição nas Ilhas. Recentemente foi adquirida uma nova sede para instalação do Grupo da marca, na Ilha da Terceira, nos Açores, onde as parcerias e os objetivos propostos diariamente têm estado a funcionar de forma excecional, “seja com a Agência de Emprego, ou até da própria Direção Regional de Qualificação e Formação Profissional”, confirma o nosso entrevistado. Já na Madeira, e na área têxtil, a empresa adquiriu parte da sociedade que tem a representação exclusiva de três marcas, com uma loja no Funchal, estando a equacionar a abertura de uma segunda bem como a abertura da sua primeira loja na Ilha Terceira, nos Açores. ▪

A COMEÇAR O ANO DE 2022 COM UMA MENSAGEM ESPECIAL É agora o momento de uma reflexão mais profunda, e com isso todos os desejos e ambições para os meses que se avizinham. Assim, para o Grupo Tecla “faz parte dos nossos planos o crescimento, mas o crescimento sustentado. Essa é meta. Queremos fazer crescer as nossas áreas de negócio, terminar os projetos que começámos em 2021, nomeadamente a nossa sede na Terceira e a clínica que estamos a um passo de abrir no Algarve com várias especialidades e meios de diagnóstico, mas queremos desenvolver outras. Ambicionamos fazer a diferença e primar pela proximidade com todos os que nos rodeiam. É importante olharmos para os próximos meses com uma perspetiva positiva e, mais uma vez, «vestir a camisola»”. Pedro Pereira de Carvalho deixa ainda uma mensagem especial a todos os que, consigo, têm potenciado o Grupo Tecla e

remado para o lugar privilegiado que hoje ocupa: “À equipa, primeiramente, quero dizer que estarei com eles em qualquer momento, como estive até agora, como estarei em 2022 e em todos os anos que nos esperam. Com o entusiasmo e a disponibilidade de sempre em resolver todos os constrangimentos que poderão surgir no nosso caminho, sempre com o mesmo objetivo – o de estar cada vez mais próximos da perfeição, porque sabemos que podemos sempre melhorar. Desejo que todos os seus sonhos possam ser concretizados com a ajuda do Grupo. Estaremos sempre do seu lado”. No que respeita aos parceiros e alunos, “podem contar connosco para alcançar as vossas ambições. Não tenham medo de sonhar, porque o Grupo Tecla não terá medo de vos ajudar a conseguir o que pretendem. Vamos começar 2022 a renovar os valores que nos caracterizam”, termina.

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PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

“A era digital não é o futuro, é o presente” Num ano marcado por desafios nos mais diversos setores, provocados pela pandemia da Covid-19, Paulo Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, revelou, em conversa com a Revista Pontos de Vista, que em momento algum se desviou daqueles que são os seus objetivos: “aperfeiçoar o calendário fiscal, reduzir ao máximo as redundâncias fiscais e tributárias e pugnar por honorários mais justos”. Entre este e outros detalhes, afirmou ainda como a Transformação Digital é uma problemática de extrema importância. Fique a par.

PAULA FRANCO

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Paula Franco foi reeleita bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) para o quadriénio 2022-2025. Quão gratificante é assumir novamente este cargo? O que se pode continuar a esperar de si nos próximos anos? Antes de mais, gostaria de destacar que é um orgulho e uma responsabilidade servir esta instituição e os cerca de 68 mil profissionais que nela estão inscritos. E essa responsabilidade foi substancialmente acrescida com a concludente vitória da lista por mim liderada nas eleições realizadas a 18 de novembro. Obter uma votação a rondar os 89% é revelador do respaldo que a esmagadora maioria dos 23600 contabilistas certificados deram ao projeto deste conselho diretivo. A responsabilidade para os próximos quatro anos é, por isso, aumentada. Construídas as bases

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e reforçada a nossa posição social, teremos agora de partir à conquista de novos patamares no ciclo dos próximos quatro anos, agora iniciado, com a tomada de posse dos órgãos sociais para o quadriénio 2022-2025. A OCC é atualmente a maior ordem profissional portuguesa e conta com cerca de 68 mil membros. Assim, enquanto bastonária da mesma, como descreve o seu papel e o da entidade que “lidera”? A prioridade absoluta continuará a ser prestar toda a ajuda e acudir às necessidades diárias dos membros. Iremos até qualquer recanto do país e, se for preciso, do mundo para auxiliar um profissional em apuros. Numa primeira análise até pode parecer paradoxal, mas a pandemia de Covid-19, declarada em março de 2020 pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), reforçou o papel dos contabilistas certificados em Portugal e no mundo. Quando o conselho diretivo, por mim liderado, assumiu funções, dois anos antes, estávamos longe de imaginar a distópica situação que todos tivemos de enfrentar, para a qual ninguém tinha a mínima preparação. A profissão e os seus profissionais deram sucessivas provas de resistência, rigor e inigualável competência, afirmando-se como os agentes económicos mais qualificados para, sempre na primeira linha, apoiarem todas as necessidades e emergências do tecido empresarial. Aquando da sua tomada de posse em 2018, referiu a importância de delinear novos objetivos de modo a erradicar as condições de trabalho precárias, a concorrência desleal, as avenças baixas, entre outros. Que caminho tem vindo a ser


PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

traçado neste sentido? Como se encontra atualmente o panorama da OCC? As prioridades estão identificadas: aperfeiçoar o calendário fiscal, reduzir ao máximo as redundâncias fiscais e tributárias, e pugnar por honorários mais justos e apropriados ao trabalho dos contabilistas certificados são pilares nucleares da linha de ação traçada para o último mandato dos órgãos sociais. Como foi feito no primeiro mandato, queremos continuar a manter um diálogo permanente com o governo e muito em particular com os deputados da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças. Não podemos esquecer que foi em sede do Parlamento que foi atingido o histórico objetivo das férias fiscais. Na conferência “Perspetiva macro”, organizada pela OCC, confidenciou que num período pós-pandemia as expetativas por parte das empresas eram outras em relação ao Orçamento de Estado (OE). De que expetativas estamos a falar? De que forma o OE 2022 foi “pouco virado para as empresas”? Entendo que a proposta apresentada defraudou as expetativas das empresas e dos empresários. Tratava-se de um documento demasiado focado no IRS e no que podia trazer às famílias, descurando medidas específicas e cirúrgicas que se aguardavam para as empresas, num ano (2022) que se espera que seja de retoma económica e dos negócios. Em termos legislativos, esta proposta de Orçamento introduzia ainda o diferimento de todas as obrigações tributárias durante o mês de agosto, o que seria mais um passo no aprofundamento da conquista alcançada este ano com as chamadas “férias fiscais”. Contudo, com o chumbo do OE 2022 e a marcação de eleições para final de janeiro, esta possibilidade gorou-se. Esperemos que possa ser recuperada pelo próximo governo, assim como um ambicioso pacote de incentivos para as empresas e os empresários. Sabemos que o processo da Certificação de Qualidade consiste na implementação de um Sistema da Qualidade. Quais são as vantagens que este certificado acarreta? Uma das primeiras medidas deste conselho diretivo, em 2018, foi suspender a comissão de controlo de qualidade e as equipas de controladores destacados para desenvolver ações no terreno, nos gabinetes de contabilidade. Decidiu-se dar um compasso de espera, de modo a conceber um novo modelo de certificação de qualidade completamente diferente do que existia no passado. Como em muitos outros dossiês, também aqui a pandemia trocou-nos as voltas e aguardamos que a situação sanitária esteja completamente estabilizada para avançarmos, em definitivo, neste processo. O que parece fundamental é retirar a carga de «polícia» associada aos controladores da Ordem e dotar este processo de uma componente mais pedagógica.

“A ERA DIGITAL NÃO É O FUTURO, É O PRESENTE. OS CONTABILISTAS CERTIFICADOS DEVEM ACOMPANHAR AS NOVAS TENDÊNCIAS, COM UM PERFIL DIGITAL E GLOBAL, TRANSVERSAL E MULTIDISCIPLINAR” Certo é que o mundo caminha a passos largos na direção da Transformação Digital, em praticamente todos os setores. Na área da contabilidade, quais são os maiores desafios e ameaças? A era digital não é o futuro, é o presente. Os contabilistas certificados devem acompanhar as novas tendências, com um perfil digital e global, transversal e multidisciplinar. Cabe à Ordem fornecer aos seus membros as ferramentas necessárias para que os profissionais estejam capacitados e apetrechados com conhecimento e valências e, deste modo, enfrentar este enorme desafio. Um marco importante neste domínio foi a organização, em 2019, do nosso VI Congresso, no Altice Arena, em Lisboa, subordinado ao lema «Liderar a profissão digital». Durante três dias foi possível antecipar, debater e perspetivar os aspetos negativos e positivos decorrentes da era digital. Mas continuo a pensar que as vantagens superam largamente as desvantagens. Positivamente, o que a Transição Digital traz à OCC? Neste sentido, como é que os contabilistas certificados preveem o seu futuro? Os equipamentos e os sistemas contabilísticos mais automatizados permitem libertar os contabilistas de tarefas repetitivas, deixando-os exclusivamente focados em contribuir com o seu valor acrescentado e o seu papel de conselheiros dos empresários na tomada de decisão no processo de gestão. Este novo enquadramento permite aos contabilistas certificados aportarem novidades para o modelo de negócio, fornecendo informação mais atempada e rigorosa para o acompanhamento das atividades dos empresários. Em suma, estão reunidas as condições para

que esta seja uma profissão com futuro. Estou convicta que a nova geração de profissionais será capaz de agarrar as oportunidades, até porque neste novo contexto a profissão será também mais aliciante para os novos contabilistas certificados. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é um programa de aplicação nacional com um período de execução até 2026, que visa implementar algumas mudanças com o propósito de repor o crescimento económico e de reforçar a junção com a Europa. Assim, e com os olhos postos no futuro, que oportunidades se avizinham no ano de 2022? O PRR é uma grande oportunidade, cuja execução não deve ser desaproveitada, sob pena de estarmos a prejudicar seriamente o futuro do país. E também aqui os contabilistas certificados podem ter um papel fundamental. Nesse sentido, a Ordem dos Contabilistas Certificados e a Estrutura de Missão «Recuperar Portugal» assinaram a 6 de dezembro um protocolo de cooperação com o objetivo de ter o apoio dos profissionais nas ações administrativas de controlo interno e nas ações de acompanhamento junto dos beneficiários intermediários e beneficiários finais das verbas provenientes do plano. Este protocolo pretende assim garantir que a execução dos fundos “NextGeneration EU”, num curto espaço de tempo, se processa com rigor e transparência e insere-se na estratégia de controlo interno e eficácia nos procedimentos de execução dos investimentos financiados pelo PRR, de forma a garantir a cumprimento das legislações nacional e europeia. ▪

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PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

Qualidade, Profissionalismo e Rigor Palavras de Ordem na Domingos Salvador

A Domingos Salvador começou o seu caminho na área da contabilidade há mais de 40 anos, fundada – tal como o nome indica – por Domingos Salvador, que desde sempre teve como visão a qualidade e rigor do trabalho. Todo este know-how e profissionalismo, confere hoje à marca um posicionamento incomparável no mercado. Ângela Silva, Contabilista Certificada e Gerente da empresa, revelou à Revista Pontos de Vista, a resiliência com que a equipa lidou com a Covid-19 e de que forma esta pandemia ajudou na evolução da Transformação Digital, um fenómeno cada vez mais presente no seio de qualquer instituição.

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Domingos Salvador é uma organização competente nas áreas da contabilidade, consultoria fiscal e gestão de recursos humanos, totalmente comprometida com a qualidade. Com mais de 40 anos de experiência, de que forma esta marca tem vindo a reforçar a sua posição no mercado? Na nossa empresa, desde o primeiro dia – e já lá vão 45 anos - que o seu fundador, Domingos Salvador, abraçou estas áreas com uma característica que nos define até hoje: Trabalho. Trabalho com profissionalismo, rigor e qualidade. Na verdade, é colocar todo o nosso empenho naquilo que fazemos no dia a dia. Só assim conseguimos a prestação de serviços com qualidade, que nos permite reforçar a nossa posição no mercado, particularmente nos nossos clientes, o que nos tem permitido atingir um crescimento de forma orgânica. No seio da empresa, acredita-se, sobretudo, que a prestação de um serviço de excelência assenta no profissionalismo e rigor, em que a proteção da informação dos seus clientes é pedra basilar. Num mundo em constante evolução, de que forma a Domingos Salvador tem inovado e adaptado os seus serviços no sentido de acompanhar as novas tendências? A Domingos Salvador aposta num serviço personalizado, assente na qualidade, atendendo ao tecido empresarial e às necessidades de cada cliente, que nos faz estar em constante aprendizagem. Para isso, apostamos fortemente na formação contínua da nossa equipa, bem como na especialização de equipas de trabalho, consoante as diversas áreas de atuação, contabilidade, consultoria fiscal e gestão de recursos humanos, dotando os nossos colaboradores de conhecimento técnico especializado em matérias específicas, consoante o departamento a que estão associados, permitindo dar uma resposta célere e mais eficaz aos nossos clientes.

ÂNGELA SILVA

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Em 2019, o Gabinete de Contabilidade Domingos Salvador obteve a Certificação da Qualidade com sistema de gestão em conformidade com a ISO 9001:2015, pela AENOR. Em que medida tal facto se traduziu num marco histórico para a empresa? A obtenção em 2019 da Certificação da Qualidade com um sistema de gestão em conformidade com a ISO 9001:2015, pela AENOR, era uma vontade da Domingos


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Salvador que já existia há alguns anos. Sentíamos que tínhamos internamente um sistema de gestão adequado à Certificação da Qualidade e, por isso, desafiámo-nos a comprovar isso mesmo. É um facto que conseguimos, e que ficará como um marco histórico para a empresa mas, mais do que isso, é a vontade de sermos, efetivamente, qualidade. Contudo, estes processos, para serem eficazes, necessitam de um verdadeiro comprometimento por parte da administração da Domingos Salvador, conseguindo assim entusiasmar, envolver e responsabilizar toda a nossa equipa na manutenção deste sistema. A prova disso é que, no passado mês de novembro, obtivemos a Renovação da Certificação da Qualidade UNE-EN ISO 9001:2015, reforçando a prática efetiva de um sistema de gestão em conformidade, mais do que a obtenção do marco em si mesmo. A transição digital é um dos grandes impactos da pandemia que atravessamos há vários meses. Para melhor entender – e após inúmeras consequências da mesma –, de que forma o setor da contabilidade, e em particular a Domingos Salvador, se adaptou a esta realidade? De facto a pandemia veio acelerar a predisposição de muitos empresários a acederem à era digital. A contabilidade não foi exceção e, também, este setor teve a necessidade de acompanhar o processo de adaptação na transformação digital. Na nossa área foi importante a utilização de todos os programas de forma remota. Uma imposição inerente à adoção do

regime de teletrabalho com o qual fomos confrontados. Se bem que, antes da pandemia, a Domingos Salvador tinha como preocupação a aquisição de diversos softwares que possibilitassem um processo contabilístico mais célere e eficaz. Esta preocupação mantém-se, no sentido de podermos continuar a acompanhar as tendências de mercado. Toda e qualquer mudança acarreta adaptação. Assim, quais os grandes desafios com que o setor se tem vindo a deparar? Do ponto de vista dos clientes, que vantagens são percecionadas com os serviços de contabilidade digitais? Nas nossas áreas de intervenção a mudança é uma realidade que nos impõe uma adaptação constante. Mas isso, também é uma consequência inata a quem tem por princípio base a qualidade, pois sabemos que podemos fazer sempre mais e melhor: estarmos atentos às oportunidades de melhoria. Este é o princípio da melhoria constante. No caso dos serviços associados à “contabilidade digital” os nossos clientes dispõem de uma área reservada onde conseguem aceder mais rapidamente e de forma remota a diversa informação em tempo útil e real. Por fim, e com os olhos postos em 2022, de que forma a Domingos Salvador vai aliar a inovação dos seus serviços à qualidade dos mesmos? Que novidades e projetos estão a chegar?

Considera que o Plano de Recuperação e Resiliência será uma estratégica eficaz no caminho de tornar o setor da contabilidade o mais moderno e digital possível? De que forma este setor foi abrangido? Em primeiro lugar, aquilo que posso referir é que os Contabilistas Certificados irão ter um papel fundamental na execução do Plano de Recuperação e Resiliência nas empresas. Quanto à digitalização associada ao setor da contabilidade, esta transformação já está a acontecer e, posso acrescentar, que a um ritmo acelerado, fruto também da pandemia que obrigou a classe dos Contabilistas Certificados a se reinventar. Entre outras coisas, nomeadamente, a dotar-se de capacidade de resiliência, para fazer face às dificuldades que surgiram e para as quais o Contabilista Certificado foi imprescindível no apoio às empresas.

Quando um processo é uma constante, a inovação não pode ser dissociada. A inovação dos nossos serviços aliada à qualidade dos mesmos é a busca permanente da melhoria constante. Conforme já referi, a Domingos Salvador acredita que podemos fazer sempre mais e melhor. E por isso, está sempre atenta e aberta a sugestões de melhoria internas e externas, que nos surjam, quer por parte da nossa equipa de trabalho, quer por parte dos nossos clientes. Só assim, conseguimos prestar um serviço de excelência. Por outro lado, vamos continuar apostar na valorização do Contabilista Certificado, uma profissão cada vez mais virada para o interesse público. Neste momento em que o tecido empresarial vive numa incerteza provocada não só pela pandemia, mas também pela não aprovação do Orçamento do Estado, a Domingos Salvador vai continuar a manter o foco nos seus clientes e nos potenciais, apostando fortemente no seu departamento de marketing e comunicação, uma aposta da Domingos Salvador. ▪

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Transformação Digital: uma Ambição TCAGest Com um percurso de já 31 anos na área da contabilidade, a visão da TCAGest é, - e sempre será - realizar um acompanhamento exímio das tecnologias, sem nunca descurar da mão humana. Quem nos revelou todos os detalhes acerca desta trajetória, que em 2022 muitas novidades trará, foi o CEO da marca, Paulo Luz. Saiba tudo.

“A UTILIZAÇÃO DOS MEIOS DIGITAIS DEVE TER COMO OBJETIVO A VALORIZAÇÃO DA FIGURA DO PROFISSIONAL E A SUA VALIOSA CONTRIBUIÇÃO INTELECTUAL NA ANÁLISE E ORIENTAÇÃO COM RESPEITO PELOS CLIENTES”

CARLA LUZ E PAULO LUZ

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TCAGest é uma organização global que conta já com uma experiência de 31 anos na área da contabilidade. O propósito passa por proporcionar aos clientes os melhores elementos de apoio à tomada de uma decisão, o que conferiu um bom posicionamento da empresa no mercado onde atua. Assim, enquanto CEO da marca, como descreve a sua evolução ao longo dos anos? Consciente de que as necessidades das organizações em matéria de contabilidade e de gestão variam consoante a sua atividade e dimensão, a TCAGest criou um conjunto de soluções que permitem disponibilizar serviços adaptados e customizados às reais necessidades de cada empresa. Em 2002 afirmou-se como uma empresa inovadora, lançando o conceito de Gestão On-line. Com esta moderna ferramenta de gestão, a TCAGest imprimiu transparência nos seus processos, dando aos clientes a possibilidade de acompanhar a execução da contabilidade à distância, podendo visualizar com detalhe todas as operações. No início de 2007 criamos o primeiro portal da empresa com o

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objetivo de disponibilizar “Just in Time” o acesso à informação contabilística, financeira e de recursos humanos. E, desta forma, democratizamos o acesso online às pequenas e médias empresas. Ao mesmo tempo, alargamos o âmbito territorial de atuação, conquistando novos clientes nos mercados internacionais com a abertura de escritórios em Madrid e Barcelona.

cadores financeiros que permitem aos gestores maior segurança e rapidez na decisão. Este conceito possibilitou a criação de KPI adaptados a cada empresa independentemente do país ou do modelo de análise utilizado, bem como o envio mensal de informação contabilística e de gestão, para a Ásia, América Latina, Central e do Norte. Países nórdicos e da europa de leste e central

Sabemos que são uma organização pioneira no que diz respeito a Transição Digital – uma realidade cada vez mais presente no seio de todas as empresas – ao lançarem o conceito de Gestão Online. Porquê a criação deste conceito? A atividade da prestação de serviços de contabilidade e assessoria está no centro do processo económico, porque cuida da saúde das empresas alimentando-as com informações imprescindíveis para a gestão, e adicionalmente fornece-lhe as indicações de liquidação de impostos e contribuições sociais. O conceito de Gestão Online, permitiu disponibilizar “Just in Time” aos nossos clientes, informações económicas e indi-

Assim, qual a importância desta contínua aposta nas tecnologias para uma marca como a TCAGest? Quando a pandemia chegou ao mercado, e o teletrabalho se tornou obrigatório, o isolamento social, foi uma das preocupações das organizações. Em pouco tempo, implementaram-se novas formas de comunicação interna, de atendimento ao cliente, e de prestação de serviços. Os meios digitais tornaram-se fundamentais para a sobrevivência dos negócios, nomeadamente: Comunicação e relacionamento. A TCAGest aproveitou estes novos tempos para aumentar os processos tecnológicos, nomeadamente a desmaterialização documental e o


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relacionamento com os clientes. O ano de 2021, foi um ano de viragem com a implementação do Portal de Gestão Documental. Esta decisão veio facilitar o trabalho interno. Os documentos são partilhados pelos clientes com as equipas de trabalho, num portal de gestão documental certificada, desmaterializando totalmente o processo de assessoria. Esta tecnologia, permite aos clientes acederem em tempo real aos documentos, ligados ao sistema contabilístico. Desta forma, deixou de ser um problema o local físico onde estamos e agilizou o tempo e qualidade de resposta ao cliente. O Plano de Recuperação e Resiliência é um programa de aplicação nacional com um período de execução até 2026, que visa implementar algumas mudanças com o propósito de repor o crescimento económico. O que significa este plano para a TCAGest? O PRR é essencialmente um instrumento estratégico de política pública nacional no valor de 16,6 mil M€. Para a Transição Digital a dotação é de apenas 650 M€, que visa reforçar a digitalização das empresas, o que denota bem a falta de financiamento para a totalidade do tecido empresarial. A TCAGest já tem o seu processo de digitalização totalmente concluído, o qual será colocado ao serviço do cliente juntamente com um CRM desenvolvido à medida. Desta forma, apenas podemos beneficiar na parte formativa das equipas e na disponibilização do nosso apoio aos clientes para a apresentação de candidaturas.

futuro, que oportunidades se avizinham no ano de 2022? O perfil dos gestores e das empresas tem mudado muito nos últimos anos, e por isso, a presença digital é uma das principais tendências para o futuro da consultoria. Desta forma, estamos fortemente empenhados em estar presentes no meio digital para não perdermos espaço no mercado. A contabilidade digital é uma tendência que vai continuar a crescer muito nos próximos anos. Com ela, escritórios de consultoria vão prestar um serviço mais rápido, prático, moderno e eficaz aos seus clientes. A tecnologia no digital não veio para substituir o trabalho humano, mas para otimizá-lo. Em outras palavras, trata-se

Certo é que o mundo cada vez mais caminha na direção da Transformação Digital. Neste sentido, na área da contabilidade, quais são os maiores impactos (positivos e negativos) que esta realidade acarreta? A transformação digital chegou para qualquer área e a contabilidade não pode ser diferente. Esta transformação era aguardada por aqueles que lutam pela modernidade de seu setor e temida pelos restantes. Eu defendo que a contabilidade é uma prática social pautada em informações para diferentes utilizadores, que são também produtores dessas informa-

de um investimento em serviços online que auxiliam na gestão, organização e armazenamento de dados utilizando a automação para que as equipas possam usar o seu tempo e energia em atividades realmente importantes. Um bom sistema de gestão é capaz de automatizar processos burocráticos e repetitivos. A utilização dos meios digitais deve ter como objetivo a valorização da figura do profissional e a sua valiosa contribuição intelectual na análise e orientação com respeito pelos clientes.

ções. Quem utiliza o modelo tradicional de contabilidade focado na divulgação de informação sem se preocupar com o processo de accountability, falhou claramente e será ultrapassado no modelo de negócio. Por outro lado, é preciso ter uma mentalidade digital dentro da empresa e não perder o foco na confidencialidade e integridade. Isso possibilita que os profissionais modernos não fiquem sobrecarregados com tarefas manuais e repetitivas, mas em vez disso, evoluam para um perfil de consultor de negócios, fornecendo um suporte mais qualificado e abrangente para o sucesso do cliente.

A terminar, enquanto CEO da TCAGest que novos projetos os clientes podem esperar num futuro a médio e longo prazo? Estamos focados em agregar tecnologia à profissão e não substituir pessoas por inteligência artificial! Este é o futuro. A inteligência artificial, em particular, irá mudar a forma como o mundo trabalha e é nessa medida que continuaremos a antecipar e a inovar, porque “não é o mais forte quem sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” (Leon C. Megginson). ▪

Assim, e com os olhos postos no

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PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

ELISABETE OLIVEIRA MARTINS E FERNANDO JORGE MARTINS

Qualidade como Agente Diferenciador no setor da Contabilidade Com uma estreita ligação à contabilidade, consultoria e mais recentemente à fiscalidade, foi pelas mãos de Elisabete Oliveira Martins e Fernando Jorge Martins, que em 2017 nasceu a SRS Consulting. No seio desta instituição a palavra de ordem é só uma: Qualidade. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, os empreendedores revelaram a importância da Transição Digital no setor e de que forma a empresa se manteve firme face às adversidades impostas pela pandemia da Covid-19.

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oi em 2012 que a CEO, Elisabete OIiveira Martins, com a ajuda do companheiro, Fernando Jorge Martins, decidiu desbravar este caminho da contabilidade. Um projeto que começou em casa e em nome individual, rapidamente se tornou numa função a tempo inteiro quando em 2015 o casal comprou a primeira carteira de clientes. “Aí começámos a crescer efetivamente e em 2017 constituímos uma empresa porque já estávamos num patamar acima. Portanto a SRS Consulting enquanto empresa só existe desde 2017, o que acabou por ser o produto do trabalho de vários anos”, confessa a interlocutora. Hoje em dia a prestigiada SRS Consulting é uma empresa de contabilidade e consultoria que todos os dias procura garantir um serviço de excelência.

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SRS CONSULTING E O COMPROMISSO COM A QUALIDADE Quatro anos se passaram e a realidade é que a SRS Consulting ainda não estagnou a sua evolução no mercado, - atualmente contam já com oito funcionários e a caminho de um novo espaço de trabalho. Nunca contentes com o seu posicionamento e donos de uma ambição saudável em realizar sempre mais e melhor, os fundadores da empresa têm já um novo projeto em mente. “No próximo patamar, queremos ter um novo espaço com a parte jurídica, que será assegurado pelo Fernando Jorge Martins”, revelam os entrevistados. Isto porque segundo os mesmos “é uma necessidade que existe por parte dos clientes. Termos este setor dentro da empresa acaba também por ser uma mais-valia nos serviços que oferecemos”.

Ao presenciar tamanho sucesso num mercado que todos sabemos ser competitivo, rapidamente se percebe que neste caso, o fator-chave é só um: Qualidade. A verdade é que o setor da contabilidade requer a devida importância, e a SRS Consulting, não descura nem por um segundo de oferecer um serviço digno de ser recomendado. Aquando da pandemia da Covid-19 e sem mãos a medir com a numerosa procura pelos serviços, Elisabete Oliveira Martins e Fernando Jorge Martins admitem mesmo que se viram obrigados a recusar clientes. Isto porque, mais uma vez, a qualidade do serviço está em primeiro lugar. “Tivemos que salvaguardar a qualidade dos nossos serviços, porque ao aceitarmos todos os clientes, iria existir uma maior pressão e isso iria desviar-nos daquele


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que é o nosso foco: trabalhar com qualidade”, sustentam. Esta primazia por serviços de excelência confere obviamente um posicionamento com valor acrescido à organização, uma vez que a publicidade que lhes é concebida passa pela recomendação dos próprios clientes. Segundo a CEO, “isso para nós tem sido ótimo e a nível de mercado temos visibilidade porque nos recomendam, somos uma referência. Os nossos próprios colegas procuram a nossa ajuda para esclarecimento de dúvidas”. Certo é que o desenvolvimento de uma cultura baseada na qualidade de diferenciação e competitividade de serviços abre caminho à eficácia organizacional. Por esse motivo, para os nossos entrevistados, é fundamental que no setor da contabilidade se aposte firmemente na Certificação de Qualidade. “O próximo patamar que queremos atingir é precisamente obter uma Certificação de Qualidade. Porque é uma salvaguarda para os nossos clientes e cada vez mais aquilo que nos acrescenta valor é apostar na qualidade. Cada vez mais a nível de gestão, é necessário que a contabilidade tenha padrões de qualidade. Se primarmos sempre por um trabalho exímio, estaremos preparados para lidar com qualquer adversidade sem nunca deixar qualquer cliente desamparado”, garantem. A IMPORTÂNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL A verdade é que o mundo se encontra em constante evolução no que diz respeito à Transição Digital – que cada vez mais é um fator-chave no seio de qualquer empresa. As mais-valias de acompanhar esta tendência são inúmeras e

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PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

para a SRS Consulting é imprescindível investir nesta ordem, e por isso têm “procurado sempre ter o equipamento mais moderno possível e que facilite uma rápida e eficaz resposta”. “Efetivamente sabemos que o digital é o futuro”, garantem Elisabete Oliveira Martins e Fernando Jorge Martins. Mas tal como em todas as mudanças, existe sempre quem ofereça alguma resistência, “não conseguimos ter todas as empresas no digital, porque há clientes que não são recetivos. Mas temos tentado mostrar da melhor forma as vantagens que o digital tem para o cliente”, asseguram. Mais uma vez, o foco nesta adaptação à era digital, prende-se com a continuidade de uma oferta de serviços com particular cuidado. “Todo o equipamento que temos é de forma a diminuir o erro humano, porque isso na nossa área é o mais problemático. Essa possibilidade de erro pode efetivamente levar a um prejuízo

“CADA VEZ MAIS A NÍVEL DE GESTÃO, É NECESSÁRIO QUE A CONTABILIDADE TENHA PADRÕES DE QUALIDADE. SE PRIMARMOS SEMPRE POR UM TRABALHO EXÍMIO, ESTAREMOS PREPARADOS PARA LIDAR COM QUALQUER ADVERSIDADE SEM NUNCA DEIXAR QUALQUER CLIENTE DESAMPARADO”

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PONTOS DE VISTA CONTABILIDADE E TRANSIÇÃO DIGITAL

“TODO O EQUIPAMENTO QUE TEMOS É DE FORMA A DIMINUIR O ERRO HUMANO, PORQUE ISSO NA NOSSA ÁREA É O MAIS PROBLEMÁTICO. ESSA POSSIBILIDADE DE ERRO PODE EFETIVAMENTE LEVAR A UM PREJUÍZO QUE SERÁ SEMPRE NOSSO” que será sempre nosso. Por isso temos vindo a investir bastante nesta parte, para diminuir esta possibilidade de erro, mas também para fazer com que os nossos colaboradores sintam que o trabalho é muito mais fácil e eficiente”, sustentam. E se muitos foram os dissabores que a pandemia da Covid-19 acarretou, no reverso da moeda está a transição digital – um dos grandes impactos positivos da mesma. Entre a adaptação a esta nova realidade e os entraves colocados às empresas, a SRS Consulting já se encontrava preparada para enfrentar todas as adversidades. “No ano anterior nós já tínhamos investido num sistema que nos permitia ter a equipa toda em teletrabalho. Fomos fazendo investimentos parcelarmente que nos permitiram dar uma resposta muito eficiente aquando desta pandemia. Nunca deixámos de trabalhar, e conseguimos dar uma resposta bastante positiva. Sem nunca esperar, acabámos por preparar a equipa e a empresa de uma forma muito boa para todo o caos que surgiu a seguir”, revelam os interlocutores. E se dúvidas existiam no que concerne à importância da transformação digital a que cada vez mais se assiste, a Covid-19 veio acabar com elas, quem o garante é Elisabete Oliveira Martins, “a pandemia veio mostrar-nos todas as mais-valias que o digital tem. E temos vindo a ganhar clientes por causa disso também, porque os clientes sabem que numa eventualidade

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nós vamos estar aqui prontos para dar resposta da melhor forma”. Apesar de toda a facilidade de trabalho que as tecnologias oferecem, no outro lado está a impessoalidade que esta transformação acarreta. Para a SRS Consulting, o maior problema foi mesmo manter a equipa motivada, principalmente no período de pandemia. “Tivemos que fazer uma gestão de expetativas e tentar que as coisas fossem o mais normais possível. A nossa maior dificuldade foi mesmo passar o enorme e constante fluxo de informação à equipa e aos clientes, numa situação em que todos estávamos esgotados e saturados, e as alterações legislativas eram constantes. Basta ver o número de diplomas aprovados e publicados, neste período”, confessam os donos da empresa Além do cansaço mental que a Covid-19 trouxe a todos, existe também quem ainda ofereça alguma resistência quando confrontado com a nova realidade digital, e no mundo da contabilidade não é diferente. Elisabete Oliveira Martins afirma que “os obstáculos prendem-se por uma certa oposição que alguns clientes oferecerem quando confrontados com este novo método de trabalho digital. O serviço 100% digital sabemos que não é possível para todos os clientes. E nós temos que ter a sensibilidade de perceber com que clientes o podemos fazer ou não. Nós sabemos que o digital é o futuro, no entanto, temos que ter a salvaguarda de que há clientes, nomeadamente de faixas etárias mais avança-

das, que não vão querer os serviços dessa forma. É muito importante respeitar essa escolha do cliente, até porque temos que ser uma mais-valia ao cliente”. Já todos sentimos a certa altura da vida a complexidade que existe em ter que gerir uma montanha de papel, desde faturas a declarações. Hoje em dia, - felizmente - isso já não é uma realidade para a maioria das pessoas, e essa é precisamente a maior vantagem que a SRS Consulting sente nos clientes: não existir documentação em papel. Esta solução de os serviços serem realizados e entregues digitalmente aumenta a eficiência do trabalho. Além disso, os interlocutores garantem que “outra coisa muito interessante para o cliente é o facto de que tendo tudo anexado digitalmente, não correm riscos de perder nada. Torna todos os processos e a gestão mais fácil para ambos os lados. Para nós, enquanto empresa, também é ótimo porque também facilita bastante o nosso trabalho”. PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA NO FUTURO DA SRS CONSULTING Sabemos que o Plano de Recuperação e Resiliência é um programa de âmbito nacional, com um período de execução até 2026. Várias medidas e investimentos serão implementadas com o propósito de impulsionar ao país um crescimento económico, primando pelo conceito de sustentabilidade. A questão que se impõe é: será esta uma estratégia eficaz para tornar o setor da contabilidade mais moderno e digital? Para os nossos entrevistados não há dúvidas de que será. “Cada vez mais, para dar uma boa resposta, as empresas precisam de poder aceder aos fundos europeus. Estamos numa ótima fase para quem quer investir de uma forma diferente e inovadora, mais sustentável. Portanto o Plano de Recuperação e Resiliência vai ser fundamental agora, e deve ser aproveitado”, sustentam. Para a SRS Consulting, estes fundos serão aproveitados para colocar em prática um projeto que já se encontra em andamento, onde oferecem um serviço mais inovador. Sem nunca descurar de quem mais valor lhes dá, para os interlocutores, é fundamental que os seus clientes também seja contemplados com esta ajuda. Com os olhos postos no futuro, o foco da SRS Consulting será sempre o seu crescimento enquanto empresa com serviços exímios. Para isso, “vamos adquirir um novo espaço para conseguirmos dar uma melhor resposta e queremos fazer um novo serviço que passe pela ajuda às pessoas a conseguirem colocar em prática as suas ideias e começar o seu próprio negócio. Ou seja, inserir novos empresários no mercado”. Para terminar, se Elisabete Oliveira Martins e Fernando Jorge Martins pudessem descrever a SRS Consulting seria: “uma empresa a desenvolver-se com mente jovem”. ▪



PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO

“A Cultura da Inovação é fulcral para que o País possa continuar a ter uma Indústria Competitiva no Mundo” Num mundo em constante transformação e uma necessidade de resposta rápida por parte das empresas, o Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, conversou com a Revista Pontos de Vista, acerca da importância dos Parques Empresariais em Portugal no futuro da internacionalização e da Associação Portuguesa dos Parques Empresariais (APPE), revelando ainda os fortes impactos provocados pela pandemia – que ainda atravessamos – da Covid-19.

EURICO BRILHANTE DIAS

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s Parques Empresariais são “localizações” que oferecem as condições necessárias para a instalação rápida, eficiente e segura de projetos de investimento nacional e estrangeiro de qualquer atividade industrial, logística e de serviços. Estes são, portanto, zonas de extrema importância para a economia portuguesa, até porque para além dos Parques Empresariais – que são de facto as zonas de instalação empresarial mais conhecidas – existem também outras realidades diversas como é o caso dos tecnopolos,

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mais centrados nas áreas de serviço, tecnologias de informação e comunicação, sendo, portanto, segundo o nosso entrevistado “uma zona aberta”. “Os Parques Empresariais representam do ponto de vista da angariação e instalação, um elemento central de competitividade dos territórios porque são o espaço de acolhimento que permite que um investimento aterre literalmente no território e se instale da forma mais eficiente, não apenas por uma questão de rapidez, mas também para garantirmos que naque-

la localização em concreto, estão presentes as infraestruturas que tornam eficiente uma localização naquele território, que são: infraestruturas de transportes rodoviários e ferroviários, infraestruturas energéticas como o gás, natural e também o abastecimento elétrico, – cada vez mais importante”, inicia o Secretário de Estado da Internacionalização. Do ponto de vista económico e evolutivo para um país como o nosso, os Parques Empresarias são o que permite ter uma economia de aglomeração, uma vez que junta as empresas e os trabalhadores, ao mesmo


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tempo que são uma espécie de “via verde” para aqueles que querem investir. Efetivamente, mais do que investidores portugueses, é fundamental o investimento estrangeiro – para que cada vez mais se dê uma internacionalização – e para isso é necessário que o nosso país se encontre bem posicionado e suficientemente atrativo de forma a captar o investimento estrangeiro que irá elevar Portugal a um novo paradigma. Portanto, segundo Eurico Brilhante Dias, “para o investidor português que conhece bem o território, os Parques Empresarias são a solução mais eficiente para relocalizar e expandir, mas o investidor estrangeiro não conhece em detalhe as realidades, mas sabe à partida, que uma localização que é um parque empresarial, ou um tecnopolo, ou uma zona industrial, é um espaço que é adequado para a instalação. Portanto, para nós, que trabalhamos na angariação de investimento estrangeiro, a qualificação dos parques empresariais e das áreas de acolhimento empresarial, é um aspeto muito importante”. Assim, sabemos, portanto, que é fulcral dar visibilidade aos Parques Empresariais, melhorar a qualidade de serviço dos mesmos, empreender um esforço para que possam de alguma forma distinguir a sua oferta dos restantes e ainda permitir que essa oferta seja vista como uma janela para o mundo. ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PARQUES EMPRESARIAIS Foi no dia 9 de dezembro o lançamento da Associação Portuguesa de Parques Empresariais (APPE), que visa qualificar os Parques Empresariais. Mas porque é que a APPE é um fator-chave para os mesmos? O nosso entrevistado revela que, “a APPE é um instrumento que junta os parques privados e os públicos o que permite construir um entendimento comum, criar boas práticas e partilhar experiências de serviços prestados a empresas em diferentes áreas”. O resultado espera-se positivo, uma vez que, a visão primordial é construir uma base de oferta ao mesmo tempo que se desbrava um caminho comum de qualificação da mesma, o que de facto, é importantíssimo no ponto de vista da melhoria da atratividade do território português para desenvolver investimento. “Permitir angariar mais investimento estrangeiro e também fazer mais desenvolvimento do investimento nacional. O objetivo é que com este conjunto de parques e com os que se venham a somar, ter uma oferta qualificada para oferecer aos investidores estrangeiros de norte a sul do país”, sustenta o interlocutor. Esta será, portanto, uma estratégia eficaz na promoção de Portugal como destino de investimento, quem o garante é Eurico Brilhante Dias, acrescentando ainda que “vamos mostrar ao exterior que temos mais-valias no nosso território, caso queiram vir instalar-se em Portugal, com os serviços mais eficientes”. Mas mais importante do que momento de investimento, é ter a capacidade de antecipá-lo, isto porque

“VAMOS MOSTRAR AO EXTERIOR QUE TEMOS MAIS-VALIAS NO NOSSO TERRITÓRIO, CASO QUEIRAM VIR INSTALAR-SE EM PORTUGAL, COM OS SERVIÇOS MAIS EFICIENTES” “quem consegue instalar com rapidez e eficiência, consegue transformar um projeto que pode demorar um ano a instalar-se, num projeto que pode demorar apenas seis meses. Estes seis meses permitem aos investidores começar a oferecer aos clientes mais cedo os seus produtos. Porque pode ter-se um impacto verdadeiramente significativo na economia do projeto se formos mais rápidos”. COVID-19: A PORTA ABERTA PARA A INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE Sabemos que a internacionalização é um passo fundamental que a maioria das empresas tem que dar para que se possam relacionar com mercados mais promissores, mas para isso existem dois fatores centrais a cumprir: inovação e modernização. Além deles, também a pandemia da Covid-19 tem vindo a ser crucial, isto porque, apesar das fases de confinamento e do fecho de fronteiras – que levou a várias incertezas no mercado da exportação afetando assim a economia nacional e estrangeira – obrigou vários modelos negócio a adaptarem-se e a adotarem novos hábitos, enraizando o conceito de inovar. “A crise pandémica gerou grandes restrições, mas também gerou um grande movimento que em algumas áreas pode ser aproveitado para o futuro. Por exemplo, houve uma diminuição de vendas muito severa no setor têxtil. Isto fez com que essas empresas se vissem obrigadas a desbravar um novo caminho: produzir máscaras e fatos de proteção num movimento absolutamente extraordinário. Portanto, o setor têxtil gerou uma nova área de negócio que resulta da necessidade urgente que tivemos todos de responder”, afirma Euri-

co Brilhante Dias. No setor da saúde, deu-se também um aceleramento da digitalização relacionado com a telemedicina. Segundo o entrevistador, “existe uma grande necessidade, perante esta pandemia, de ter camas nos hospitais, portanto é uma vantagem, nesse sentido, este acompanhamento de doentes de forma remota. Isto são tudo oportunidades criadas a partir de um contexto muito severo de resposta a pandemia, que resultou num conjunto de aprendizagens acumuladas que geraram negócios novos”. No reverso da moeda, estão os impactos negativos que não escaparam a nenhuma área de atividade. Para o Secretário de Estado da Internacionalização, a primeira contrapartida sentida foi “o adiamento de decisões”, também a interrupção de algumas cadeias de abastecimento afetou o setor “o que nos deixou sob um stress da qual ainda não saímos. Há uma pressão sob o preço das matérias-primas e sob o preço do transporte marítimo, que esta a levar a uma rarefação de oferta em alguns casos e a um aumento de preços”, afirma. Além destes, e muito devido às fases de confinamento a que toda a sociedade se viu imposta, estão as questões da mobilidade. Quando falamos em inovação não se trata apenas do desenvolvimento de novos produtos, mas também da promoção de novos modelos de negócios, onde são oferecidos serviços inovadores que melhoram a vida das pessoas. No entanto, para que cada vez mais esse “fenómeno” aconteça, é importante que a inovação seja entendida como um investimento. Neste sentido, a modernização está cada vez mais presente no seio de todas as empresas porque efetivamente acrescenta valor e aumenta a competitividade, tornando-se, portanto, num valor central. Segundo Eurico Brilhante Dias, “as empresas que concorrem no mundo global, sabem que se não forem capazes de continuamente lançar novos produtos e serviços, terão grandes dificuldades em garantir que os seus clientes permanecem fiéis. A inovação é a âncora central para continuar a estar num mercado que é muito competitivo e que tem oferta gerada em todo o mundo, portanto aquilo em que temos vindo a investir fortemente é numa política que reforce a investigação e desenvolvimento, a inovação dentro das empresas e na ligação das empresas às universidades. Portanto, a cultura da inovação é fulcral para que o país possa continuar a ter uma indústria competitiva no mundo”. Com o aproximar do final do ano de 2021, e perante uma altura de reflexão para todos, o Secretário de Estado da Internacionalização quis deixar uma mensagem de alento onde assinala que “o combate à pandemia ainda não terminou. É muito importante olhar para 2022 com a esperança de que vamos ser capazes de construir a solução que permita ter a estabilidade que responda a estas grandes desafios que temos que enfrentar”, termina. ▪

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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO

Corona Killer:

Um avanço no combate à Covid-19 “O uso de máscaras e a desinfeção das mãos com álcool vai deixar de ser necessário”, quem o garante é Matthias Schmelz, criador das lâmpadas FAR UVC, que prometem erradicar o vírus que assombra toda a sociedade há mais de dois anos. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, revelou todos os detalhes acerca deste produto inovador. Saiba tudo.

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oi há cerca de um ano que se dedicou a desenvolver produtos FAR UVC que matam o Coronavírus e todos os patógenos transportados pelo ar de forma rápida e eficiente. Como surgiu esta ideia pioneira de produzir algo tão inovador? A ideia de produzir lâmpadas que matam o coronavírus surgiu depois de ter visto duas ‘TED TALKS’ do Dr. Brenner da Universidade Colombia nos Estados Unidos com os títulos “A new weapon against super bugs” e “Can light stop the corona virus?”.

MATTHIAS SCHMELZ

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Acredita que o facto de ser Engenheiro Ambiental tem peso e benefício na produção de produtos deste cariz? Sim o facto de ser Engenheiro ajuda bastante na análise técnica e ambiental dos produtos em questão e aumenta a minha credibilidade como porta-voz para esta nova tecnologia.

Para melhor entender, de que produtos estamos a falar? Estamos a falar de lâmpadas que emitem uma luz invisível para o olho humano (222nm) que destrói o material genético do coronavírus e de qualquer outro vírus (novas variantes) eficazmente dentro de poucos segundos. Para além da erradicação do Coronavírus, que outros objetivos pretende alcançar com a criação do Corona Killer? Pretendo criar oportunidades de negócio para pessoas em empresas que se querem dedicar a divulgação e comercialização destes produtos em Portugal. Quais os maiores desafios/obstáculos que encontrou na hora de criar produtos como estes? O nosso maior desafio é o facto de se tratar de produtos pouco conhecidos no mercado. A grande maioria dos nossos potenciais clientes


PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO

“A LUZ ULTRAVIOLETA MATA QUALQUER VÍRUS EFICAZMENTE DENTRO DE POUCOS SEGUNDOS. ISSO NAO É NENHUMA NOVIDADE PORQUE A LUZ UV JÁ ESTÁ A SER USADA PARA FINS DE DESINFEÇÃO E ESTERILIZAÇÃO HÁ MAIS DE 100 ANOS”

produzidas por poucas empresas. Existem apenas meia dúzia de fabricantes nos Estados Unidos, na China e no Japão. Todos eles vendem os seus produtos por preços muito elevados e nenhum deles consegue satisfazer a grande procura por estes produtos que está a surgir a nível mundial. Mas eu consegui identificar uma empresa que monta os mesmos produtos com uma qualidade superior e com preços muito mais acessíveis do que todas as outras empresas no mercado.

como por exemplo médicos, clínicas, hospitais, universidades, escolas, hotéis, restaurantes, bares, ginásios, spas, supermercados, táxis, ubers, entre outros, nunca ouviram falar das lâmpadas FAR UVC. Sabemos que a luz ultravioleta está no cerne daquilo que desenvolve. Porquê? Desenvolvemos e apostamos nas luzes ultravioletas de 222nm (FAR UVC) porque são armas naturais para combater o coronavírus de forma completamente segura para seres humanos. De que forma é que a luz ultravioleta é capaz de matar um vírus?

Quais as capacidades da mesma contra a Covid-19? A luz ultravioleta mata qualquer vírus eficazmente dentro de poucos segundos. Isso não é nenhuma novidade porque a luz UV já está a ser usada para fins de desinfeção e esterilização há mais de 100 anos. A grande novidade agora é que a luz FAR UVC (com um comprimento de onda mais pequeno) consegue fazer isso sem prejudicar a pele humana ou o olho humano. Descreva todo o processo desde o início da criação do Corona Killer, até a colocação do mesmo em prática. As lâmpadas FAR UVC estão a ser

Certo é, que estes são produtos inovadores. Qual a importância desta criação para a pandemia que atualmente vivemos? Esta inovação vai reduzir os casos e o risco de infeção significativamente assim que as lâmpadas forem instaladas em todos os lugares onde as pessoas se movimentam. O uso de máscaras e a desinfeção das mãos com álcool vai deixar de ser necessário.

antes e acharam que estas lâmpadas FAR UVC ja deviam ter sido instaladas há muito tempo. Num futuro próximo, o que podemos esperar deste produto pioneiro onde a inovação impera? Num futuro próximo vamos ver as lâmpadas FAR UVC em todos os espaços onde as pessoas vivem, estudam e trabalham. Principalmente nos hospitais, clínicas, lares, hóteis, restaurantes, escolas, universidades, centros comerciais, aeroportos e transportes públicos. Por isso mesmo existe agora e nos próximos anos uma enorme oportunidade de negócio para todas as pessoas que se querem dedicar a divulgação e a comercialização destes produtos salva-vidas. ▪

Assim, como está a ser a receção aos produtos por parte do público-alvo (hospitais, aeroportos, escolas, entre outros)? Já fizemos vários projetos piloto onde instalámos as lâmpadas FAR UVC (por exemplo num centro comercial) onde recolhemos as opiniões de milhares de clientes que experimentaram esta nova forma de prevenção pela primeira vez. As reações destes clientes foram unanimamente positivas. Eles sentiram-se muito mais seguros e mais protegidos, mas muitos perguntaram porque é que nunca ouviram falar disso

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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO

“Trabalhamos com os Melhores produtores de frutos secos nacionais e internacionais” Com mais de 30 anos de história, a Frutorra conta com uma grande variedade de Frutos Secos, Snacks, Sementes e Frutas desidratadas. Cuidadosamente selecionados sob um rigoroso controlo de qualidade, a marca coloca a inovação no desenvolvimento dos seus processos e negócio, sem descurar da confiança e tradição que lhe é característica. Quem o garante é João Fernandes, CEO da empresa. Saiba tudo.

“HOJE EM DIA, E JÁ NA TERCEIRA GERAÇÃO, OPERAMOS NA IMPORTAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS MAIS DIVERSOS E SABOROSOS APERITIVOS E FRUTOS SECOS. DOS DIVERSOS PONTOS DO GLOBO CHEGA A NOSSA MATÉRIA-PRIMA, QUE SELECIONAMOS CUIDADOSAMENTE, PARA ASSEGURAR OS PRODUTOS COM A MAIOR QUALIDADE”

JOÃO FERNANDES

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undada em 1988, a Frutorra opera no setor da importação, transformação e distribuição dos mais diversos aperitivos, frutos e legumes secos. Com mais de 30 anos no mercado, como nos pode descrever a evolução da empresa até ao momento? Tudo começou como uma brincadeira nos anos 80: das idas constantes ao Algarve, na zona de Aljezur, João Pimenta, o meu avô, teve a ideia de começar a levar para o centro do país o amendoim torrado com casca. No início, foi na padaria de um amigo que mandava torrar este fruto seco. Mais tarde começou a fazê-lo na sua própria fábrica. Com a evolução do próprio país e a procura

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por produtos diversificados, a Frutorra começou igualmente a crescer. Hoje em dia, e já na terceira geração, operamos na importação, transformação e distribuição dos mais diversos e saborosos aperitivos e frutos secos. Dos diversos pontos do globo chega a nossa matéria-prima, que selecionamos cuidadosamente, para assegurar os produtos com a maior qualidade. Temos o orgulho de partilhar desde 1988, confiança, tradição e boas memórias, mas estamos com os olhos postos no futuro e no desenvolvimento dos nossos processos e negócio. Desde o início, o posicionamento da marca centrou-se na qualidade e processo de trans-

formação dos seus produtos. Quais são as mais elevadas exigências na certificação alimentar que a Frutorra possui e que, assim, a diferencia e destaca no setor? Trabalhamos com os melhores produtores de frutos secos nacionais e internacionais e todos os dias passam pela nossa fábrica toneladas de frutos secos, que são posteriormente selecionados pelas mãos hábeis e experientes dos nossos trabalhadores. A qualidade para nós é um assunto sério, por isso estamos dotados de meios


PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO

sultados, quais são as perspetivas da Frutorra para o ano de 2022? Com que novidades e projetos podemos contar? Como empresa certificada há sete anos com a norma IFS Food, queremos continuar a garantir essa segurança aos nossos consumidores e clientes. A ambição é melhorar processos e continuar a arriscar lançar novos artigos, alinhados com as tendências de mercado e que surpreendam pelo seu sabor. Temos algumas novidades para 2022, que a seu tempo divulgaremos.

técnicos de qualidade, com HACCP e certificação IFS devidamente implementados, para dar resposta às mais avançadas exigências na certificação alimentar. No nosso Laboratório de Qualidade é feito um controlo rigoroso a todos os produtos e processos, sendo que anualmente somos auditados, tendo sempre em vista a melhoria contínua. Sempre um passo à frente na modernidade, a empresa assume inúmeras vezes uma estratégica inovadora, que vai muito além da linha Frutorra original, para chegar a novos públicos e mercados. Que outras marcas próprias diferenciadas hoje podemos encontrar? A nossa estratégia está em fazer crescer a marca Frutorra transversalmente aos nossos distintos segmentos, em termos de Notoriedade. Temos algumas subcategorias, como é o caso da nossa gama de produtos nacionais, a qual destacamos não só pela origem dos produtos ser portuguesa, como pelo maior investimento ao nível de packaging, exatamente para elevar aquilo que é “nosso”. Mas não só, criámos uma gama, além dos produtos Naturais e de Aperitivos, dedicada à Culinária, exatamente pela crescente tendência de utilização de frutos secos e sementes para cozinhar. Mais recentemente, lançámos os nossos Mixes Funcionais, Energy, Veggie e Focus, que complementam a nossa oferta, ao trazer benefícios para a alimentação do consumidor, tendo um maior aporte nutricional. Sabemos que a sociedade e as necessidades dos consumidores estão em constante mudança e evolução – daí a aposta frutífera, por parte da Frutorra, na inovação. Quão importante é, no setor alimentar, haver uma renovação persistente, seja dos produtos, como na forma de atuação? Como líderes de mercado, acreditamos que um dos nossos grandes desafios é procurarmos continuamente surpreender o consumidor, através da identificação de tendências de consumo. Estas inovações podem passar por trazer

diferentes sabores, momentos de consumo, packaging inovador ou dar primazia a determinados processos, de forma a estarmos um passo à frente. Mantemos a aposta no nosso forte portefólio de base, mas temos procurado lançar continuamente novidades, que nos mantenham presentes na mente do consumidor e auxiliem a marca a continuamente crescer. Ainda assim, é essencial para a marca, continuar o crescimento estruturado nas suas linhas fundadoras, ainda que se ajuste frequentemente às novas tendências do mercado. É legitimo afirmar que as «raízes», misturadas com a modernidade, é o que torna a marca única? É sempre possível inovar, sem descurar do papel que se assumia há 30 anos? Acreditamos que a nossa base é sólida e é o que nos permite continuamente crescer e inovar, pois minimiza fatores de risco e permite-nos um crescimento sustentado. Afirmamo-nos como especialistas em frutos secos e é toda a experiência acumulada nestes mais de 33 anos, que permitiu criar o espaço necessário para agora podermos continuamente inovar e aventurar-nos em novos produtos e categorias.

Enquanto CEO da Frutorra gostaria, por fim, de deixar uma mensagem a todos os clientes e parceiros que têm caminhado lado a lado com o sucesso da marca? É com grande satisfação que vemos que os nossos clientes e parceiros já nos acompanham há largos anos, e outros, felizmente tivemos a oportunidade de conquistar, através do trabalho transversal da nossa organização e das suas pessoas. Queremos continuamente continuar a garantir esse voto de confiança e sermos merecedores do mesmo, com humildade, mas também com vontade de fazer mais e melhor. ▪

Benefícios dos

frutos secos Contêm uma quantidade extraordinária de vitaminas, fibras e minerais, tais como o cálcio, magnésio, potássio e sódio. São também ricos em hidratos de carbono, constituindo, assim, uma imensa fonte de energia.

Sempre à procura de novos e melhores re-

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PONTOS DE VISTA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Visor.ai na Vanguarda da Inteligência Artificial Cada vez mais as organizações recorrem à utilização da Inteligência Artificial de forma a potencializar a qualidade dos seus serviços. No caso da Visor.ai, pode mesmo afirmar-se que foi a empresa pioneira deste desenvolvimento. Quem o sustenta é o Cofundador, Gonçalo Consiglieri: “vamos também garantir que Portugal é visto como um dos países pioneiros em desenvolver este tipo de inteligência artificial, ao contribuir o máximo que conseguimos para iniciativas que apoiem esta evolução”.

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riada em 2016, a Visor.ai ajuda as empresas a melhorar o seu apoio ao cliente, tendo como foco alcançar e fornecer uma estratégia omnicanal. Após cinco anos de atividade, como descreve a consolidação e o sucesso desta estratégia? De que forma evoluiu no mercado? Apesar da Visor.ai ter sido criada há cinco anos, já tínhamos passado pelo processo de criação de uma startup anteriormente. Esta, apesar de não ter sido bem-sucedida, permitiu-nos aprender bastante, lições que, sem dúvida, utilizamos hoje em dia na Visor.ai. Em cinco anos conseguimos conquistar clientes de uma dimensão significativa como o Millennium BCP, o grupo Generali e a Fidelidade, por exemplo. Tem sido uma aventura que consideramos bastante bem-sucedida e não temos qualquer intenção de abrandar o ritmo, vamos continuar a investir no crescimento da Visor.ai e na melhoria da nossa solução para que cada vez mais Contact Centers recorram à inteligência artificial para tornar as suas operações mais eficientes. Acredita que todos devem usufruir de um excelente serviço cada vez que interagem com uma empresa – motivo pela qual a Visor. ai nasceu. Assim, a marca automatiza as interações com os consumidores e/ou a sua rede interna através de diferentes canais. Para melhor entender, como se dá o processo da vossa solução? A nossa solução passa pelo desenvolvimento de um agente de conversação inteligente, 100% personalizável por parte das equipas de contact center, que cumpra os objetivos de desempenho dos nossos clientes. Nesta fase de desenvolvimento inicial queremos sempre garantir que a solução oferecida é personalizada tendo em conta o setor do cliente. Implementamos soluções que permitem automatizar processos e interações repetitivas na comunicação interna e no atendimento ao cliente final. Neste sentido, conseguimos que as empresas trabalhem a eficiência das suas equipas através da nossa solução. Por último, o utilizador final recebe uma experiência rápida que, 70% das vezes, não necessita de interação de um assistente humano, logo o tempo de espera é altamente reduzido.

GONÇALO CONSIGLIERI

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A dinâmica que os mercados estão a viver e a diversidade das necessidades dos consumidores modernos evidencia a importância de um atendimento ao cliente natural, intuitivo e proativo, além de rápido e fácil. Em que medida, a solução da Visor.ai e a produtividade e competitividade das empresas se relacionam? A nossa solução tem resultados bastante positivos relacionados com a produtividade dos nossos clientes. Isto é, aumentamos a eficiência das equipas ao garantir que cada assistente de Contact Center apenas intervém em interações mais complexas que realmente necessitam da sua assistência. Por exemplo, o tempo que um assistente de Contact Center de uma seguradora ganha ao não ter de realizar a triagem dos e-mails de pedidos de segunda via da Carta Verde é brutal, pois este é um dos pedidos mais comuns neste setor. Neste sentido, ao implementar um agente de conversação inteligente como o nosso,


PONTOS DE VISTA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A Visor.ai trabalha com Inteligência Artificial e aplica-a para fortalecer as empresas a automatizar as suas interações. Considera que, por experiência, a Inteligência Artificial é olhada como a base da nova era de atendimento ao cliente? Sem dúvida que sim. Contudo, esta passagem não pode ser feita de uma forma 100% automatizada, devemos sempre zelar pela implementação de inteligência artificial human centered, ou seja, cumpra com os princípios do Responsible AI. Considero isto fundamental. O futuro deste setor depende da incorporação de soluções que não procurem uma automatização total, mas sim uma parceria harmoniosa entre os assistentes de Contact Centers e as soluções de conversação inteligente. as empresas estão a melhorar a sua posição no mercado, tornando a sua oferta mais competitiva face à concorrência que não adira a este tipo de soluções. Hoje em dia, as empresas compreendem cada vez melhor a importância do cliente, da sua satisfação e, acima de tudo, do valor que recebem no atendimento, no produto e no serviço de determinada marca. Quão relevante tem sido o papel dos Contact Centers neste sentido? Apesar de trabalharmos numa base B2B, temos sempre como objetivo garantir que o cliente tenha a melhor experiência possível. Neste sentido, quando fornecemos uma resposta rápida a um problema que estes expõem através de um dos canais que disponibilizamos, e-mail, chat ou voz, estamos a trabalhar a sua satisfação. Como sabemos, um cliente satisfeito recomenda o produto a uma ou duas pessoas, enquanto que um insatisfeito, passa essa mensagem negativa a nove ou dez, por isso queremos sempre melhorar a nossa solução com este objetivo em mente. Sem dúvida que os Contact Centers têm contribuído para um melhor atendimento ao cliente final, o que revela a crescente importância de iniciativas focadas no utilizador final. A inovação tem marcado o antes e o depois nos Contact Centers, tornando o vínculo entre empresas e clientes muito mais próximo e consistente. Assim, e tendo em conta o mercado que é cada vez mais competitivo, porque devemos optar por escolher a Visor.ai neste processo evolutivo? De que forma a inovação está – e estará nos anos vindouros – no centro da vossa atividade? Como uma startup tecnológica, a inovação está no centro do nosso trabalho. Queremos sempre acompanhar as tendências do setor e ajustar a nossa oferta às necessidades do mesmo. Por isso, contamos com vários colaboradores focados no desenvolvimento de melhorias nos nossos produtos. Com a nossa solução inovadora trazemos vários benefícios em toda a cadeia de valor: aju-

damos o nosso cliente a tornar o seu atendimento ao cliente mais eficiente, valorizamos o trabalho do assistente de Contact Center ao garantir que este não tem que realizar tarefas repetitivas e fornecemos ao cliente final uma experiência rápida e eficiente. Como perspetiva o ano de 2022 para a Visor.ai bem como as tendências que marcarão o setor dos Contact Centers? Que novidades e desafios podemos aguardar? Em 2022 queremos crescer. No final do dia somos uma startup com ambição internacional e por isso contamos investir na entrada no mercado espanhol. Para além disto, com o aumento da tendência de desenvolvimento de IA responsável, vamos também garantir que Portugal é visto como um dos países pioneiros em desenvolver este tipo de inteligência artificial, ao contribuir o máximo que conseguimos para iniciativas que apoiem esta evolução. ▪

EQUIPA DA VISOR.AI

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

Digitalização do Projeto

‘Garrafita Verallia vai às Escolas’ A Verallia constrói e difunde de forma contínua e integrada boas práticas e ações de sensibilização para a sustentabilidade que se estendem desde a unidade industrial até ao espaço comunitário. Assim, nasceu em 2017, o projeto “Garrafita Verallia vai às escolas” com foco na Responsabilidade Social e Ambiental, nos valores e missão da Verallia de acordo com o novo propósito de ‘Reimaginar o vidro para um futuro sustentável’, onde são transmitidos às crianças valores essenciais como a necessidade de preservar os ecossistemas, a segurança individual e interpessoal.

O

projeto começou com a sensibilização das crianças desde o pré-escolar para o tema da proteção ambiental e dando a conhecer a Verallia ao público mais novo. Um sonho que fez o seu caminho, tendo já conquistado, em 2018, a distinção de “Melhor Prática Ibérica” no âmbito do programa “Verallia Industrial Management” (VIM)*. Em 2018 e 2019, tornou-se uma referência na zona centro do país, pois as mascotes “Garrafita” e “Boião” chegaram a largas centenas de crianças do pré-escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico (1º CEB). *Com o objetivo de operacionalizar toda a orgânica da empresa, a Verallia implantou, em 2011, o projeto Verallia Industrial Model (VIM), um programa de excelência industrial cujo objetivo foi de otimizar a eficiência industrial e eliminar todo o tipo de perdas (energia, qualidade, tempo e gastos diversos) tanto a nível industrial como administrativo. Em 2017, o VIM passou a designar-se Verallia Industrial Management, o que significa que o programa chegou a um patamar tal que neste momento o VIM já não é apenas um modelo, mas sim uma autêntica ferramenta de gestão. Para tal, foi necessária uma mudança de mentalidades e comportamentos que conduziu a um envolvimento, espírito de equipa e iniciativa de todos os colaboradores, com partilha de boas práticas e aposta na inovação.

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Face à situação pandémica vivida em 2020 e 2021, o projeto teve a oportunidade de ganhar uma nova forma e de se preparar para um novo desafio. A Verallia estende os seus conhecimentos de sensibilização ecológica a um novo segmento de alunos. O alargamento é feito aos alunos do 2º Ciclo do Ensino Básico e conta com uma componente fortemente digital, assente numa plataforma online de acesso comum e outra de acesso reservado aos professores com conteúdos diferenciados e exclusivos em: http://verallia.garrafita.pt/. Este website reúne informação essencial para conhecer a Verallia, o vidro e através da parceria da Sociedade Ponto Verde (SPV): https://www. pontoverde.pt/, os vídeos apresentados abordam as boas práticas de reciclagem para a proteção do Planeta. Todas as crianças do pré-escolar até ao 2º CEB têm, através das suas escolas, a possibilidade de participar em atividades de descobertas e aprendizagens desafiantes e divertidas. Para tal, cada professor deverá fazer o registo na ‘área reservada’ onde terá acesso a conteúdos exclusivos. As novidades não ficam por aqui, o projeto tem, igualmente, uma canção/hino, um vídeo: https:// www.youtube.com/watch?v=W5X9Y4Nreug e uma história! O cantor Filipe Pinto, aceitou o desafio da Verallia e dá voz ao hino deste projeto. Toda a música aborda a essência da Verallia e o seu cuidado para com o meio ambiente. A sonoridade e encanto deste hino tem como base os instrumentos musicais

que são as garrafas e os boiões de vidro, com o acompanhamento do ukelele e guitarra. Canta-se o vidro enquanto material saudável e 100% reciclável até ao infinito. Este hino apela à colaboração de todas as crianças para a Proteção Ambiental. Após a participação nas atividades propostas, na área reservada, as escolas poderão receber o e-book da história pedagógica e mágica deste projeto que remete o leitor para o mundo imaginário de uma conversa da personagem principal, uma criança, com a ‘Garrafita’ e o ‘Boião’, as duas mascotes. Nesta bela história escrita pelo Filipe Pinto e Cristina Nobre, é identificada a essência do novo propósito da Verallia “Reimaginar o vidro para um futuro sustentável” abordando de uma forma educativa os diferentes pontos do propósito percorrendo os ensinamentos da Verallia, indústria vidreira. ▪

Convidamos todas as crianças, encarregados de educação e professores a descobrirem todo este projeto cheio de descobertas, magia e criatividade. http://verallia.garrafita.pt/ https://www.youtube.com/watch?v=W5X9Y4Nreug


PONTOS DE VISTA XXXXX

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PONTOS DE VISTA HOUVEXXXXXXX UM

“SE PONTO POSITIVO QUE PODEMOS RECONHECER QUE A PANDEMIA TROUXE AO MUNDO, FOI O CRESCIMENTO EXPONENCIAL DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E TECNOLOGIA ASSENTE EM DADOS”

FOTO: DIANA QUINTELA

SARA HIPÓLITO DIRETORA DE MARKETING E INOVAÇÃO DA CLIMEX

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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E ROBÓTICA

“Inovação como pilar da criação de Valor para os Clientes” A pandemia da Covid-19 veio alertar o mundo para a importância da higienização dos espaços onde nos inserimos, e esse é precisamente o foco da Climex, a marca pioneira no que diz respeito a serviços de desinfeção tecnológicos, elevando a transformação deste serviço para “um novo paradigma”. Foi em conversa com a Revista Pontos de Vista que a Diretora de Marketing e Inovação da Climex, Sara Hipólito, confidenciou como a inovação é um fator-chave no mercado onde atuam, bem como algumas novidades para o ano que se avizinha. Conheça-as.

A

Climex é uma empresa de serviços de higiene e limpeza, líder em criação de valor, inovação e sustentabilidade. Como descreve a evolução da marca no setor onde atua? A história da Climex nasce da inspiração. Com o propósito de proporcionar aos clientes um ambiente melhor. Desde 1967 já passámos por todo o tipo de desafios e a constante que nos permite superá-los é a implementação de novas tendências no setor. Com a inovação como pilar da criação de valor para os clientes.

“Climex Mobile System – Intellingent Cleaning”, é uma aplicação que permite gerir, organizar e monitorizar os serviços de limpeza.

FOTO: DIANA QUINTELA

Sabemos que é uma marca que disponibiliza um ecossistema de serviços inteligentes, uma vez que aplica a inovação tecnológica e a robótica às soluções de limpeza. Porquê a criação deste conceito? Mais do que a criação de um conceito, foi a evolução natural na forma como prestamos os nossos serviços. A necessidade de adequação às expetativas dos clientes. Existe uma simbiose entre as necessidades sentidas pelas diversas atividades do mercado e a capacidade de resposta oferecida pelos serviços Climex. A capacidade de inovação e a aplicação de tecnologia e inteligência artificial em todo o nosso ecossistema de serviços permite-nos oferecer relações de parceria win-win aos clientes. O valor que este tipo de relações aporta permite, em simultâneo, que o mercado cresça na procura e na oferta de soluções inteligentes, inovadoras e tecnologicamente mais desenvolvidas. O setor de facilities services em Portugal ainda tem muito por onde crescer quando comparado por exemplo com outras áreas de atividade ou com outros países. Onde a realidade da inteligência artificial e IOT já está envolvida em todos os pontos ao longo dos processos. Permite empoderar as operações, o que as torna mais eficientes e inegavelmente mais inteligentes de todos os pontos de vista.


FOTO: DIANA QUINTELA

De que forma se dá este processo? Que vantagens oferece esta aplicação aos clientes? Rastreamento e transparência. Se houve um ponto positivo que podemos reconhecer que a pandemia trouxe ao mundo, foi o crescimento exponencial da transformação digital e tecnologia assente em dados. O mundo passou a depender da análise rápida de dados e de resposta das tecnologias para implementar soluções on time em quase todas as áreas do mercado e a nível mundial. O cliente necessita de serviços que lhe dê um suporte efetivo, em tempo real, na sua tomada de decisão e na informação que transmite aos seus colaboradores internos. O mundo que resulta da transformação pandémica, vai necessitar de maior capacidade de relação e de adaptação às micro necessidades de cada ambiente de trabalho. É isto que já hoje o Climex Mobile System permite. A transformação do serviço para um novo paradigma.

FOTO: DIANA QUINTELA

“A ADEQUADA HIGIENIZAÇÃO DOS ESPAÇOS TORNAOS MAIS EFICAZES PORQUE PROMOVE A QUALIDADE DE AR INTERIOR E AMBIENTES MAIS SAUDÁVEIS”

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Acredita que o destaque dado a esta inovação de ponta e tecnologia de vanguarda, contribui para uma melhoria significativa da saúde em Portugal? Em que medida? É necessário pensar cada espaço como único e assegurar o reajuste da limpeza e desinfeção. Permite-nos atuar de forma preventiva e não tanto reativa na prestação dos nossos serviços. Ao conseguirmos antecipar conseguimos dar uma resposta mais rápida e mais oportuna. A adequada higienização dos espaços torna-os mais eficazes porque promove a qualidade de ar interior e ambientes mais saudáveis. Ter colaboradores doentes, com momentos de paragem não planeados, pode sair mais caro do que o investimento na limpeza e desinfeção adequada das instalações. Aqui a tecnologia e robótica disponíveis assumem um papel fundamental, com uma gestão assente em dados analíticos.

Recentemente a Climex lançou um produto inovador que afirmam ser “o mais avançado robot autónomo com desinfeção por UVC”. De que produto estamos a falar? O que o diferencia? O poder de desinfeção da luz UV-C permite atingir um menor risco para a saúde e menos danos nas superfícies. O robot de desinfeção UV-C da Climex, é um robot autónomo, criando uma desinfeção consistente e fiável a 360º. Com uma base robótica da OMRON, amplamente testada ao nível de circulação e segurança dos espaços. Permite quatro horas de desinfeção contínua. O poderoso sistema de radiação desinfeta, em minutos, qualquer espaço, eliminando em 99,9% a presença de bactérias, vírus, germes e outros microrganismos, através de 16 lâmpadas UV-C. Agora imaginemos que este robot funciona dentro do hipermercado onde faz compras, em escolas ou nas unidades de saúde onde todos vamos a consultas regulares. A atual pandemia da Covid-19 tem contribuído (e muito) para a emergência de uma realidade automatizada, nomeadamente com a utilização robótica. Assim, como nos pode descrever a relação que existe hoje entre o robot de desinfeção desenvolvido pela Climex e a higienização que eficazmente resulta da sua utilização? A pandemia veio amplificar a nossa necessidade de segurança e da garantia da qualidade do ambiente nos espaços onde circulamos. O que acelerou a necessidade de intervenções rápidas e eficazes ao nível de limpeza e desinfeção. Com baixos tempos de deployment nas soluções implementadas, nomeadamente, nas várias soluções da linha de desinfeção Climex BioSafety, onde se inclui também o robot UV-C. Este robot está a revolucionar a forma como


PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E ROBÓTICA

mantemos o ar limpo e saudável. Toda a metodologia da linha de desinfeção Climex BioSatefy, é garantida com métodos e técnicas desenvolvidos com base científica e resultados confiáveis.

Neste sentido, qual a relevância deste produto no atual panorama da Covid-19 no nosso país? Esta é exatamente a questão, o robot de UV-C não é apenas essencial em contexto de pandemia nem em específico da COVID-19. O robot dá resposta a outros tipos de ameaças que envolvam várias tipologias de microrganismos, nomeadamente na eliminação eficaz de bactérias multirresistentes por exemplo em ambientes hospitalares ou unidades de saúde. Outra questão relevante prende-se também com o que se verifica em Portugal ao nível da falta de mão-de-obra, na generalidade das áreas. O robot de UV-C tornou-se assim mais um elemento disponível na equipa, que permite cobrir a desinfeção de grandes áreas de forma segura e sistemática.

FOTO: DIANA QUINTELA

A terminar, que novidades podemos esperar da Climex no ano que se avizinha? Em 2022 a Climex vai lançar uma novidade “gamechanger”. Uma inovação portuguesa, que vai revolucionar o mercado mundial da robótica aplicada à limpeza. Este projeto “i-RoCS – Research and Development of an Intelligent Robotic Cleaning System” é promovido pela Climex em parceria com a Atena e Universidade de Aveiro. Contamos ainda com o apoio do parceiro Renault/Cacia, num projeto aprovado pelo programa Compete do Portugal 2020. Em breve daremos mais detalhes ao mercado. ▪

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

Junte-se à Norauto e conduza por um Planeta mais Verde

JOSÉ BARBAJOSA

“A Norauto procura ativamente consciencializar os seus clientes e colaboradores para as preocupações ambientais, apostando fortemente e regularmente na comunicação”, revela José Barbajosa, Diretor Geral da Norauto Portugal, que numa extensa entrevista à Revista Pontos de Vista, nos deu a conhecer os desafios, os projetos e iniciativas da marca no que concerne à proteção do planeta. Conheça mais de uma entidade de referência neste domínio.

A

Norauto pretende ser reconhecida como uma plataforma de soluções para o automobilista, caracterizando-se como um centro auto com uma loja e uma oficina, onde disponibiliza aos consumidores uma gama de produtos, tanto para o automóvel como soluções de mobilidade para o quotidiano. Quais os fatores que fomentam a ideia de que esta marca é, de facto, pioneira e inovadora no seu setor? O conceito de centros auto surgiu em França há 50 anos e foi introduzido no mercado português em 1996, com a abertura do primeiro centro Norauto em Vila Nova de Gaia, sendo o primeiro centro auto no país com o conceito inovador,

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uma loja e uma oficina multimarca, que dispõe de equipamentos inovadores e de profissionais que estão em constante formação para acompanhar as evoluções do mercado automóvel. Durante estes 25 anos, atenta às transformações e aos comportamentos dos consumidores, foi pioneira e inovadora no lançamento de novos serviços e modelos de negócio, tais como: a venda online de produtos e serviços em norauto.pt, a Oficina Móvel que vai até ao cliente, o SOS Baterias em que fazemos a substituição da bateria onde o cliente necessitar, o Norauto Drive IPO na qual a viatura do cliente é levada por condutores profissionais a realizar a Inspeção Periódica. Paralelamente, atenta às

novas tendências de mobilidade sustentável, temos alargado a nossa oferta em equipamentos elétricos, sendo a Norauto um dos primeiros players a disponibilizar no mercado nacional uma scooter elétrica E1, em 2014. Também a nossa rede de parceiros contribuem para o desenvolvimento da Norauto, tais como a parceria com a Carglass em que identificamos a quebra do vidro e fazemos o encaminhamento para o parceiro e outras parcerias e parceiros que estão em desenvolvimento, pelo que, em breve haverá mais novidades. Os prémios Escolha do Consumidor, Cinco Estrelas, Marca de Confiança e Marktest Reputation Index, recebidos ao longo dos últimos


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

“A NORAUTO CONDUZ POR UM PLANETA MAIS VERDE, E ESTAMOS ATENTOS ÀS TENDÊNCIAS DO SETOR, PELO QUE JÁ TEMOS PREPARADOS VÁRIOS PROJETOS E AÇÕES LIGADOS À SUSTENTABILIDADE"

Com a ajuda de avaliações anuais de gases com efeito de estufa (GHG), medimos o nosso impacto e encontramos alavancas eficazes de melhoria, pelo que, acreditamos que através destas soluções e produtos propostos pela Norauto, estamos no bom caminho para a concretização do nosso objetivo.

cinco anos, refletem a confiança dos consumidores Portugueses na Norauto. Vivemos num mundo em constante mudança e evolução sendo que, consequentemente, as empresas e organizações têm de adaptar a sua estratégia firmemente. Assim, de que forma a Norauto tem reforçado a sua posição no mercado português nos últimos anos? Para a Norauto a transformação cultural e digital é o principal eixo estratégico da empresa e pretende responder a uma estratégia Client e Employee Centric. Por isso mesmo, em 2019 iniciámos a nossa transformação interna com o objetivo de criar uma organização mais ágil, sempre com o foco no colaborador e no cliente. Através da metodologia agile, os colaboradores estão organizados de forma multidisciplinar, em prol de um objetivo comum: proporcionar a cada cliente uma experiência diferenciadora, que vá de encontro às suas necessidades e expetativas. Desta forma, conseguimos de forma preventiva responder às necessidades dos consumidores e avançar com novas soluções, seja através de parceiros estratégicos ou através de inovações do nosso grupo internacional. Numa sociedade em que a sustentabilidade parece estar a ganhar força e consciencialização pelas mais variadas entidades, a Norauto assume o compromisso com o clima e a segurança, tendo como objetivo reduzir a sua pegada de carbono em 30% até 2022. Estando agora a entrar neste ano, podemos afirmar que esta missão foi – ou está quase a ser – concretizada? Neste sentido, o que mudou? Como empresa do Grupo Mobivia, assumimos como fundamental o nosso compromisso com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e é por este compromisso que nos empenhamos e nos reinventamos.

Estamos comprometidos em melhorar o nosso desempenho utilizando para isso os recursos de forma mais eficiente e sendo proativos na procura de soluções que nos permitam criar valor em três eixos fundamentais: Pessoas, Mobilidade e Planeta. Ao longo dos últimos anos a Norauto tem apostado fortemente numa gama de mobilidade elétrica nos seus centros Norauto, em norauto.pt e junto dos seus parceiros. Temos procurado também comercializar produtos com embalagens eco-friendly e apostado no eco-design dos nossos produtos. Durante o ano de 2021 disponibilizamos as primeiras Recycling Wall, um espaço dedicado à reciclagem de produtos com uma dupla missão, por um lado sensibilizar para as questões ambientais e por outro recolher os produtos que normalmente o cliente colocaria no lixo, como tapetes ou escovas. Mais recentemente lançamos o novo serviço Eco Revisão que permite fazer um diagnóstico das emissões de gases poluentes e reduzir até 20% as suas emissões e ainda a diminuição do consumo de combustível até 10%.

Certo é, como resultado dos seus compromissos, a Norauto apoia todos os consumidores, fornecedores e colaboradores, na sua transição para uma mobilidade mais sustentável. Este facto é percetível em que sentido? A Norauto procura ativamente consciencializar os seus clientes e colaboradores para as preocupações ambientais, apostando fortemente e regularmente na comunicação, no seu mix de meios e respetivos parceiros, ligando a sustentabilidade aos seus produtos e serviços e através de dicas ecológicas para o automobilista, promovemos a reciclagem dos resíduos através do espaço de reciclagem existente nos centros e oferecendo ainda um vale de 10€ pela retoma da bateria usada. Ainda, de forma a promovermos a utilização das duas rodas, a Norauto participa regularmente em eventos ligados à mobilidade sustentável dando a conhecer as suas soluções de duas rodas, como as bicicletas de assistência elétrica e trotinetes. Paralelamente incentivamos os nossos clientes e colaboradores ao uso deste veículo através de passatempos internos e externos e ainda através de influencers que defendem a mesma causa e tem a mesma preocupação para com o meio ambiente. Estamos comprometidos em melhorar o nosso desempenho utilizando para isso os recursos de forma mais eficiente e sendo proativos na procura de soluções que nos permitam fomentar a economia circular, oferecendo peças reutilizáveis e produtos de conceção ecológica (redução do consumo de plástico nas nossas

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE

embalagens e integração de materiais sustentáveis). Paralelamente procuramos fontes locais de abastecimento para os nossos produtos, por exemplo o novo Pneu Prevensys 4 da Norauto é 100% fabricado na Europa. Consciente da poluição causada pelo seu setor de atividade, a marca tem estado também empenhada em reduzir o seu impacto ambiental, particularmente através da criação de canais de reciclagem. Como funciona atualmente o canal de triagem, recolha e reciclagem da Norauto? A Norauto tem estado empenhada em reduzir o seu impacto ambiental, particularmente através da criação de canais de reciclagem, para cada tipo de resíduo, quer seja perigoso ou não, criámos um canal específico de triagem, recolha e reciclagem, sendo que atualmente temos 24 canais de reciclagem. Como parte da nossa melhoria contínua, criámos um roteiro de “economia circular” cujo objetivo é produzir bens e serviços de forma sustentável, limitando o consumo e desperdício de recursos (matérias-primas, água, energia), bem como a produção de resíduos. Isto representa, no ano fiscal de 2020, mais de 785 toneladas de resíduos reciclados nos centros. Um exemplo muito claro do compromisso que a marca assume é o mais recente serviço de eco-revisão. No que consiste esta solução e que mais-valia aporta no mercado? Para a Norauto é muito importante que os seus clientes possam ter uma condução segura e com o menor impacto ambiental possível. Como tal, lançou recentemente o serviço Eco Revisão. Este novo serviço para além da revisão faz um diagnóstico de emissões de gases poluentes, onde o profissional da Norauto coloca uma sonda no tubo de escape do veículo para fazer a análise dos gases, conseguindo perceber se os níveis de emissões estão adequados para o veículo e se a mesma está em conformidade para passar na

inspeção periódica. É simples, rápido e permite, no caso das emissões estarem elevadas, realizar uma descarbonização do motor com hidrogénio, garantindo e contribuindo de forma ativa para a redução das emissões poluentes sem a utilização de produtos químicos, possibilitando menores emissões, um consumo de combustível mais baixo e com impacto direto na saúde de todos. A sustentabilidade não é apenas uma questão de clima. Assim, a Norauto está também dedicada na saúde e bem-estar dos seus clientes e colaboradores. Tendo como objetivo zero acidentes de trabalho, o que tem vindo a ser concretizado? Porque no nosso ADN somos uma empresa que coloca as pessoas no centro da organização, trabalhamos para proporcionar sempre as melhores condições a nível de bem-estar e segurança. Como tal, levamos a cabo um conjunto de iniciativas no âmbito da Segurança e Saúde no Trabalho, que visam a proteção e o bem-estar de todas as nossas pessoas, como por exemplo a campanha de vacinação gratuita contra a gripe sazonal e os regulares rastreios de saúde. São ainda disponibilizados inúmeros equipamentos individuais de segurança e levadas a cabo, regularmente, campanhas e desafios de segurança. Mas esta preocupação vai além do local de trabalho nomeadamente através da atribuição de um seguro de saúde a todos os colaboradores e agregado familiar, este último mediante a comparticipação de 50% do valor. Recentemente oferecemos também a subscrição de uma APP que combate o sedentarismo através de desafios, transformando o movimento dos colaboradores em valor financeiro que é depois doado pela empresa a cinco ONG ‘s. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável contam com 17 passos estabelecidos pelas Nações Unidas que respondem aos desafios globais que enfrentamos. Tendo em conta a

2022 SEGURO E MAIS SUSTENTÁVEL A entrar em 2022 – sendo agora tempo de reflexão e consciencialização para temas como a sustentabilidade – que mensagem de final de ano gostaria de deixar a todos os clientes, fornecedores e colaboradores da Norauto? Quilómetro após quilómetro, viagem após viagem, a Norauto continuará ao lado de todos os automobilistas, proporcionando felicidade, conforto e segurança em duas ou quatro rodas, com a confiança e o desejo de um 2022 seguro e mais sustentável. Estes são os votos da Norauto para todos os seus colaboradores, clientes, parceiros e stakeholders

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aos quais, deixamos um desafio como resolução para 2022: “Mova-se por uma mobilidade mais sustentável e responsável”. Junte-se à Norauto e conduza por um planeta mais verde.

atividade da Norauto, é legítimo afirmar que se assume como prioritária nesta missão. Considera que, olhando para o setor, Portugal está na linha da frente no que diz respeito a assegurar que estas metas sejam cumpridas até 2030? O setor oficinal é tipicamente considerado um setor poluente, nomeadamente a nível da produção de resíduos e de resíduos perigosos. Como tal, é fundamental impedir a sua contaminação de forma a garantir o seu posterior tratamento e contribuindo assim para a redução da pegada ambiental. Acreditamos que o setor em Portugal começa a olhar para estas questões e a tomar algumas medidas, mas talvez não sejam ainda suficientes para cumprir as metas estabelecidas. Para nós estas metas são claras desde que abrimos portas em Portugal há 25 anos e nos dispusemos a recolher e reciclar todas as baterias usadas. Não nos limitamos a cumprir as obrigações legais mas fazemos questão de estar mais à frente quando se trata de preservar recursos, sendo proactivos na procura de soluções que nos permitam fomentar a economia circular, exemplo disso é a diversidade de resíduos que são triados nas nossas oficinas e centros auto e o forte investimento em formação para que esta triagem seja efetiva. Por outro lado, enquanto players no setor da mobilidade, nomeadamente o automóvel, sentimos que é nosso papel a promoção e incentivo de formas de mobilidade mais sustentáveis. É por este compromisso que nos estamos a transformar e a preparar as nossas equipas e oficinas para receber veículos elétricos, disponibilizamos uma vasta gama de bicicletas, trotinetas e scooters elétricas e dispomos já de duas oficinas de mobilidade. Estando sempre a par das novas tendências, que novidades e projetos (amigos do ambiente) podemos contar para o futuro da marca? A Norauto conduz por um planeta mais verde, e estamos atentos às tendências do setor, pelo que já temos preparados vários projetos e ações ligados à sustentabilidade. A instalação de postos de carregamento elétrico nos nossos Centros é um projeto que já iniciou e que se vai manter, tal como os parques de estacionamento para bicicletas, incentivando clientes e colaboradores a optarem por uma forma de mobilidade mais sustentável. Vamos continuar a reduzir o nosso consumo de recursos, nomeadamente através do autoconsumo de energia. A nível de economia circular temos em curso também vários projetos, desde a reciclagem de paletes e cartão transformando-os em novos produtos, como a nível de pneus, nomeadamente na sua reutilização. Na Norauto, o compromisso com a sustentabilidade é um tema transversal e assumido por todos pelo que em cada projeto desenvolvido é seguro afirmar que tem sempre como objetivo a eficiência, a redução de recursos, a reutilização de matérias ou a sensibilização de clientes, colaboradores e stakeholders. Para breve existem outros projetos já em testes, mas que terão que aguardar por novidades! ▪


“NOS MOMENTOS ÁUREOS DA ECONOMIA A QUALQUER UM É FÁCIL TER SORTE E SUCESSO, NO ENTANTO É NAS FASES DIFÍCEIS QUE A SORTE É TROCADA POR TRABALHO, SÓLIDOS CONHECIMENTOS E A CONFIANÇA AJUDA A ALCANÇAR O SUCESSO”

FOTO: DIANA QUINTELA

SARA MACIAS


PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA

Investimento Estrangeiro em Portugal O que o Ano de 2022 nos vai trazer de novo?

A Macias Y Associados, doravante apenas designada por MyA – congratula-se por ter crescido nos dois últimos anos, não obstante os condicionalismos económicos e consequentes desta Pandemia que a todos nos atingiu, ao nível da consultoria jurídica, ao mercado internacional, acompanhando quer projetos societários e financeiros de investimento estrangeiro em Portugal, quer ao nível de cidadãos que optaram pela qualidade de vida que temos para oferecer.

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FOTO: DIANA QUINTELA

Macias y Associados tem como missão – além de aportar as suas valências jurídicas na defesa dos interesses dos seus clientes – ser parceira, consultora e conselheira de confiança. Há seis anos em atividade, como analisa os desafios «sólidos e triunfantes» que têm feito parte da história deste Law Boutique? Esta Law Boutique discreta mas dedicada em aportar soluções e definição de estratégias aos seus clientes, tem sustentado o seu crescimento, quer pelo elevado padrão de conhecimento jurídico das áreas a que se dedica, quer pela confiança que os nossos queridos clientes e parceiros têm depositado em nós, bem como na referenciação que fazem de nós aos seus pares. A MyA de forma a dar melhor assessoria aos seus clientes alargou os seus escritórios no ano passado para a Comporta, pois a sua atividade relacionada com investimentos | investidores do sector imobiliário, seja em due diligencies nas compras e vendas, seja na criação de empreendimentos turísticos seja no licenciamento de projetos camarários, impulsionou a que estivéssemos mais perto deste centro de negócios. Este ano, por força também de investimentos ao nível societário, alargou as suas parcerias para Luanda, pois bem conhecedora deste mercado pelos anos que aqui viveu, foi convidada para estar presente em projetos quer financeiros quer relacionados com Direito bancário, área em que muito se orgulham pelas provas já prestadas e bem reconhecidas. Curiosamente, e quase em última mão, a MyA por necessidade de expandir os seus espaços e a sua equipa de advogados, durante o ano de 2022, irá mudar as suas instalações de Lisboa, muito agradecendo aos seus colaboradores, e clientes e parceiros pelo desenvolvimento in crescendo dos últimos tempos.

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Sabe-se que o mercado e, consequentemente, os inúmeros setores de atividade, estão em constante evolução. Assim, e com uma visão centrada na Advocacia atual, quais foram, para si, as transformações que mais impactaram o universo do Direito em Portugal? As diversas alterações legislativas referentes ao Direito Imobiliário bem como as do Direito do Ambiente e Energia criaram as condições que permitiram a renovação de um parque imobiliário em todas as regiões (não obstante as urbanas terem sido as mais beneficiadas) quer através de reabilitação de edifícios urbanos, criação de empreendimentos turísticos, desenvolvimento de múltiplos projetos de eco turismo, desenvolvimento de projetos sensíveis às energias renováveis.


PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA

o novo regime «não prejudica a possibilidade de renovação das autorizações de residência», nem «a possibilidade de concessão ou renovação de autorizações de residência para reagrupamento familiar», quando a ARI tenha sido concedida ao abrigo do regime legal aplicável até à data de entrada em vigor do novo regime. FOTO: DIANA QUINTELA

Uma das áreas de atuação da Macias y Associados, e com forte incidência, diz respeito ao Golden Visa. Para melhor entender, o que tem representado este programa para Portugal nos últimos anos? Nos últimos dez anos, desde a data de criação do regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), em vigor desde o dia 8 de outubro de 2012, permitiu que cidadãos nacionais de Estados Terceiros tenham obtido uma autorização de residência temporária para atividade de investimento com a dispensa de visto de residência para entrar em território nacional. Esta possibilidade de entrada de cidadãos estrageiros fora do espaço Europeu, com vista ao investimento permitiu a revitalização do sector da construção, da reabilitação urbana, da criação de unidades de turismo não necessariamente hoteleiras que abriu as nossas cidades a um turismo multicultural. A estes investidores e beneficiários do regime especifico ARI / Golden Visa, foi-lhes concedida a possibilidade de entrar em Portugal com dispensa de visto de residência; residir e trabalhar em Portugal, bastando para tal permanecer por um período não inferir a sete dias no primeiro ano e não inferior a 14 dias nos anos subsequentes; circular pelo espaço Schengen, sem necessidade de visto; bem como beneficiar de reagrupamento familiar, e ainda solicitar a concessão de Autorização de Residência Permanente nos termos da Lei de Estrangeiros (Lei n.º23/2007, de 4 julho, com a atual redação). Aos cidadãos titulares de autorização de residência para atividade de investimento e seus familiares, que cumpram os requisitos previstos no artigo 80.º do REPSAE e tenham requerido a concessão de autorização de residência permanente, foram emitidas autorizações de residência para atividade de investimento permanente, excecionando a este regime o previsto na alínea b) do n.º 2 e n.ºs 3 e 4 do artigo 85.º do mesmo diploma (cancelamento do direito por ausências do território nacional, cf. artigo 65º-K do Dec. Reg. 84/07 de 5/11, na sua atual redação). Creio que Portugal também através do NHR – Residente Não Habitual previsto no Código Fiscal do Investimento, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 249/2009, de 23 de setembro, criou o regime fiscal para o residente não habitual em sede do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), tendo em vista atrair para Portugal profissionais não residentes qualificados em atividades de elevado valor acrescentado ou da propriedade intelectual, industrial ou know-how, bem como beneficiários de pensões obtidas no estrangeiro, ou para os chamados “nómadas digitais” que podem operar em qualquer lado do mundo e que pelas fantásticas condições de vida que Portugal oferece têm vindo a instalar-se e a dinamizar a nossa economia com os seus conhecimentos polivalentes e enriquecidos em multiculturalidade. A MyA tem assessorado vários ou inúmeros projetos quer de Golden Visa quer de NHR, e pode assegurar que todos os beneficiários criaram ligações económicas com Portugal e com parceiros portu-

gueses, que em muito beneficiam a nossa economia e que espero se mantenham como instrumentos quer de investimento quer de globalização da nossa economia. Não sendo exceção às naturais alterações do mercado, a partir do dia 1 de janeiro de 2022 o Governo português fará modificações nas regulamentações do Golden Visa. Para melhor entender, o que irá mudar? O Decreto-Lei n.º 14/2021, de 12 de fevereiro altera o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional. Esta alteração vem limitar a concessão das Autorizações de Residência para Investimento (ARI), mais conhecidas por ‘Vistos Gold’, nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e nos territórios das Comunidades Intermunicipais (CIM´s) do litoral que ficam excluídas do âmbito de aplicação do regime no caso dos investimentos em imobiliário para habitação, no entanto nestas zonas manter-se-ão os investimentos em imobiliário para turismo, comércio e serviços. A aquisição de imóveis, de valor igual ou superior a € 500,000, e a aquisição e realização de obras de reabilitação urbana, em montante global igual ou superior a € 350,000, que se destinem a habitação, continuam a permitir o acesso a este regime, mas apenas quando se situem nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou nos territórios do interior, identificados no anexo à Portaria n.º 208/2017, de 13 de julho. Com esta alteração há também um aumento dos valores que envolvem ‘atividade de investimento’. Assim, passam a ser considerados os seguintes valores: transferência de capitais no montante igual ou superior a € 1,5 milhões; transferência de capitais no montante igual ou superior a € 500 000, que seja aplicado em atividades de investigação desenvolvidas por instituições públicas ou privadas de investigação científica, integradas no sistema científico e tecnológico nacional; transferência de capitais no montante igual ou superior a € 500 000, destinados à aquisição de unidades de participação em fundos de investimento; transferência de capitais no montante igual ou superior a € 500 000, destinados à constituição de uma sociedade comercial com sede em território nacional. O novo regime entra em vigor a 1 de janeiro de 2022 e é aplicável a todos os pedidos de Autorização de Residência para Investimento (ARI) requeridos após a sua entrada em vigor. Fica claro que

As renovações nas regras do Golden Visa têm como objetivo impulsionar o investimento nas áreas de baixa densidade populacional de Portugal, aliviando a pressão das regiões metropolitanas. Neste sentido, tendo em conta a sua experiência, quais são as expetativas para o mercado em 2022? Se estamos a referenciar as mudanças geográficas para o investimento imobiliário, vale ressaltar que isto só ocorre para imóveis residenciais. Com uma panóplia de cidades no Interior com excelente qualidade de vida, elevada segurança e reconhecida capacidade de reabilitação imoveis em zonas históricas, entendo que não será difícil escolher um bom lugar para viver em Portugal. Saliente-se que para os que pretendem investir em imóveis para turismo ou hotelaria, todo o território português é elegível, sem nenhuma restrição. Ou seja, para essa modalidade não há novas regras para o Visto Gold Portugal. A partir de 1 de janeiro de 2022, será apenas possível obter a concessão de um Visto Gold através de investimento em imóvel com destino a habitação se este for realizado nos Territórios do Interior e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, tendo esta restrição incidência nos concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto (neste caso, com exceção do Concelho de Arouca e das freguesias de Arões e Junqueira do Concelho de Vale de Cambra). Os investidores poderão continuar a obter um Visto Gold através da compra de imóveis comerciais, tais como escritórios ou espaços de retalho, que continuam abrangidos pelo programa, podendo continuar a investir-se em qualquer zona do país, nomeadamente em Lisboa e no Porto. ▪

A terminar, e porque estamos agora em momento de reflexão e de «esperança» por um ano melhor, enquanto representante da Macias y Associados, que mensagem especial gostaria de deixar a todos os amigos, clientes e parceiros que têm caminhado lado a lado com o sucesso da empresa? Nos momentos áureos da economia a qualquer um é fácil ter sorte e sucesso, no entanto é nas fases difíceis que a sorte é trocada por trabalho, sólidos conhecimentos e a confiança ajuda a alcançar o sucesso.

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“IN THE GOLDEN MOMENTS OF THE ECONOMY IT IS EASY FOR ANYONE TO BE LUCKY AND SUCCESSFUL, HOWEVER IT IS IN THE DIFFICULT PHASES THAT LUCK IS EXCHANGED FOR HARD WORK, SOLID KNOWLEDGE AND CONFIDENCE HELPS TO ACHIEVE SUCCESS”

PHOTO: DIANA QUINTELA

SARA MACIAS


PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA

Foreign Investment in Portugal What will 2022 bring us again?

Macias Y Associados, hereinafter referred to as MyA - is pleased to have grown in the last two years, despite the economic constraints and the consequences of this Pandemic that hit us all, at the level of legal advice, to the international market, accompanying both corporate and financial projects of foreign investment in Portugal, as well as citizens who opted for the quality of life we have to offer.

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PHOTO: DIANA QUINTELA

acias y Associados’ mission is - in addition to providing its legal expertise in the defence of its clients’ interests - to be a trusted partner, consultant and advisor. Having been in business for six years, how do you analyse the “solid and triumphant” challenges that have been part of the history of this Law Boutique? This discreet but dedicated Law Boutique, which provides solutions and defines strategies for its clients, has sustained its growth both because of the high standard of legal knowledge in the areas to which it is dedicated and because of the trust that our dear clients and partners have placed in us, as well as the reference that they make of us to their peers. In order to provide better advice to its clients, MyA extended its offices last year to Comporta, as its activity related to investments in the real estate sector, whether in due diligence in purchases and sales, the creation of tourist resorts or the licensing of municipal projects, led us to be closer to this business centre. This year, also due to investments at the corporate level, it has extended its partnerships to Luanda, as it knows this market well through the years it has lived here, and was invited to be present in projects related to both financial and banking law, an area in which it is very proud of the evidence already provided and well recognised. Curiously, and almost last but not least, MyA due to the need to expand its spaces and its team of lawyers, will be moving its premises to Lisbon in 2022, and is very grate- ful to its employees, clients and partners for the growing development of recent times.

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We know that the market and, consequently, the countless activity sectors, are in constant evolution. Therefore, and with a view focused on the current legal practice, what were, for you, the transformations that most impacted the legal universe in Portugal? The various legislative changes relating to Real Estate Law as well as those relating to Environmental and Energy Law have created the conditions that have enabled the renewal of a real estate park in all regions (although urban areas have benefited the most) either through the rehabilitation of urban buildings, the creation of tourist developments, the development of multiple eco-tourism projects, the development of projects sensitive to renewable energy. One of the areas of expertise of Macias y Associados, and with strong incidence, concerns the Golden Visa.


PONTOS DE VISTA GOLDEN VISA

ARI has been granted under the legal regime applicable until the date of entry into force of the new regime.

PHOTO: DIANA QUINTELA

To better understand, what has this program represented to Portugal in the last years? In the last ten years, since the date of creation of the Residence Permit for Investment Activity (ARI) scheme, in force since 8 October 2012, it has allowed nationals of Third States to obtain a temporary residence permit for investment activity with the exemption of a residence visa to enter national territory. This possibility of entry of foreign citizens from outside the European area, with a view to investment, allowed the revitalization of the construction sector, urban rehabilitation, the creation of tourism units not necessarily hotels that opened our cities to multicultural tourism. These investors and beneficiaries of the specific ARI / Golden Visa scheme have been granted the possibility to enter Portugal without a residence visa; to reside and work in Portugal, simply staying for a period of no less than seven days in the first year and no less than 14 days in subsequent years; to circulate within the Schengen area without a visa; to benefit from family reunification, and also to apply for the granting of a Permanent Residence Authorisation under the Foreigners’ Law (Law no. 23/2007, of 4 July, as amended). Residence permits for investment activity were issued to citizens who hold a residence permit for investment activity and their family members, who meet the requirements foreseen in article 80 of the REPSAE and have requested the granting of a permanent residence permit, with the exception of the regime foreseen in paragraph b) of no. 2 and nos. 3 and 4 of article 85 of the same diploma (cancellation of the right to permanent residence due to absence from national territory, cf. article 65-K of Decree Reg. 84/07 of 5/11, in its current wording). I believe that Portugal also through the NHR - Non Habitual Resident provided for in the Investment Tax Code, approved by Decree-Law no. o 249/2009, of September 23, created the tax regime for the non-habitual resident under the Personal Income Tax (IRS), in order to attract to Portugal qualified non-resident professionals in high added value activities or intellectual property, industrial or know-how, as well as beneficiaries of pensions obtained abroad, or for the so-called “digital nomads” who can operate anywhere in the world and that by the fantastic living conditions that Portugal offers have been settling and boosting our economy with their polyvalent knowledge and enriched in multiculturality. MyA has assisted several or numerous Golden Visa and NHR projects, and can assure you that all beneficiaries have created economic links with Portugal and with Portuguese partners, which greatly benefit our economy and which I hope will remain as instruments of investment and globalization of our economy.

Being no exception to the natural changes in the market, as of 1 January 2022 the Portuguese Government will make changes to the Golden Visa regulations. To better understand, what will change? Decree-Law no. 14/2021, of 12 February changes the legal regime for the entry, stay, exit and expulsion of foreigners from the national territory. This alteration limits the concession of Residence Permits for Investment (ARI), better known as ‘Gold Visas’, in the metropolitan areas of Lisbon and Porto and in the territories of the Intermunicipal Communities (CIM’s) of the coast, which are excluded from the scope of application of the regime in the case of investments in residential real estate. The acquisition of real estate, with a value equal to or greater than € 500,000, and the acquisition and execution of urban rehabilitation works, in an overall amount equal to or greater than € 350,000, which are intended for housing, continue to allow access to this scheme, but only when located in the Autonomous Regions of the Azores and Madeira or in inland territories, identified in the Annex to Ministerial Order No. 208/2017, of 13 July. With this change there is also an increase of the values involving ‘investment activity’. Thus, the following values are now considered: capital transfers in an amount equal to or greater than € 1.5 million; capital transfers in an amount equal to or greater than € 500 000, which is applied in research activities developed by public or private scientific research institutions, integrated in the national scientific and technological system; capital transfers in an amount equal to or greater than € 500 000, for the acquisition of participation units in investment funds; capital transfers in an amount equal to or greater than € 500 000, for the incorporation of a commercial company with registered office in national territory. The new regime enters into force on 1 January 2022 and is applicable to all applications for an Investment Residence Permit (ARI) requested after its entry into force. It is made clear that the new regime “does not affect the possibility of renewal of residence permits”, nor “the possibility of granting or renewing residence permits for family reunification”, when the

The renovations in the Golden Visa rules aim to boost investment in low population density areas in Portugal, relieving the pressure on metropolitan regions. In this sense, taking into account your experience, what are the expectations for the market in 2022? If we are referencing geographical changes for real estate investment, it is worth pointing out that this is only for residential properties. With a panoply of cities in the Interior with excellent quality of life, high security and recognised capacity to rehabilitate properties in historical areas, I understand that it will not be difficult to choose a good place to live in Portugal. It should be noted that for those who intend to invest in property for tourism or hotel management, the whole Portuguese territory is eligible, without any restriction. That is, for this modality there are no new rules for the Gold Visa Portugal. As of 1 January 2022, it will only be possible to obtain a Gold Visa through investment in property for residential purposes if this is carried out in the Interior Territories and in the Autonomous Regions of the Azores and Madeira, with this restriction affecting the municipalities of the metropolitan areas of Lisbon and Porto (in this case, with the exception of the Municipality of Arouca and the parishes of Arões and Junqueira of the Municipality of Vale de Cambra). Investors may continue to obtain a Gold Visa through the purchase of commercial real estate, such as offices or retail spaces, which are still covered by the programme, and may continue to invest in any area of the country, namely in Lisbon and Porto. ▪

To conclude, and because we are now in a moment of reflection and “hope” for a better year, as a representative of Macias y Associados, what special message would you like to leave to all friends, clients and partners who have walked side by side with the success of the company? In the golden moments of the economy it is easy for anyone to be lucky and successful, however it is in the difficult phases that luck is exchanged for work, solid knowledge and confidence helps to achieve success.

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PONTOS DE VISTA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

ANA BANDEIRA, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETIVO DO INPI, INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jovens e Propriedade Industrial estarão “numa relação” em 2022?

A Comissão Europeia (CE) propôs a designação de 2022 como Ano Europeu da Juventude. Com esta proposta os jovens europeus irão poder usufruir de muitas oportunidades para adquirir conhecimento, desenvolver novas aptidões e ganhar competências para o seu desenvolvimento profissional e para reforçar a sua participação cívica no futuro da Europa.

E

como será, no futuro, a relação dos jovens com a Propriedade Industrial (PI)? Ao longo de 2021, assistimos, no seio das instituições europeias e mundiais, a um crescente esforço por parte das organizações relevantes na área da PI para uma aproximação aos jovens, na expetativa de transformar a “juventude” nos futuros embaixadores da PI. Senão vejamos. A Organização Mundial da Propriedade Industrial (OMPI) apostou, no final de 2021, num programa de formação em PI - Programa de Jovens Peritos (Young Experts Program - YEP) - destinado a jovens (abaixo dos 35 anos), particularmente pensado para jovens oriundos de países em desenvolvimento, menos desenvolvidos ou em transição. O objetivo é proporcionar aos candidatos selecionados uma experiência formativa, baseada no modelo de formação on-the-job em diferentes setores da Organização. No total, concorreram 4.000 jovens! O Instituto Europeu de Patentes (IEP), atualmente dirigido por um português, António Campinos, lançou o Prémio Jovens Inventores (Young Inventors Prize) destinado a jovens com 30 anos ou menos, que apresentassem projetos que utilizassem a tecnologia para desenvolver soluções no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas - como erradicar a pobreza e fome ou proteger a vida marinha. Também o Instituto da Propriedade Intelectual da UE (EUIPO) encara os jovens com especial atenção. Já realizou dois estudos, um em 2016 e outro em 2019, destinados a jovens entre os 15 e 24 anos, dos 28 Estados membros. O objetivo é conhecer as suas atitudes e comportamentos em relação ao acesso de conteúdo digital, aquisição de produtos e compreensão geral sobre questões de PI. De acordo com o Presidente do EUIPO “o que motiva este estudo é a necessidade de “entender o que motiva os jovens hoje, quando elaboramos políticas e programas para proteger a PI no futuro”. 2022 será seguramente um ano de viragem, na aproximação das Instituições aos jovens. E o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) não é exceção. Pelo contrário, ao longo dos últimos anos temos vindo a fazer este caminho de reconexão com os mais novos, sabendo de antemão que é na próxima geração que estão os principais consumidores de produtos protegidos por Direitos de

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PONTOS DE VISTA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

2022 Propriedade Industrial (DPI). Se, por um lado, encaramos uma geração de jovens ávidos de consumo, por outro, é em muitos deles que a luta por um planeta mais verde e sustentável encontra lugar. No INPI, as atividades especialmente dedicadas às faixas etárias mais jovens estão previstas no pilar estratégico “D - Incentivar e apoiar a inovação em Portugal” do Plano estratégico do Instituto para o período 2020-2023. Mais concretamente, no objetivo D.5 - Assegurar, com regularidade, a associação do INPI com as ações de sensibilização a crianças e jovens. No ano que passou, o INPI desenvolveu várias iniciativas que marcam esta aproximação. A comunicação com os jovens tomou um novo fôlego, através da criação de uma área dedicada no site do INPI – PI para + jovens, com conteúdos especialmente dedicado às faixas etárias mais jovens, incluindo as crianças, com a disponibilização de um conto infantil que versa o papel dos mais novos no combate à contrafação. Nos canais digitais, a presença nas redes socias, com especial destaque para o Instagram, é também um claro indicador do rumo que o Instituto pretende tomar. A nível institucional, um destaque para o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com os Gabinetes de Apoio à Propriedade Industrial (GAPI), atores fundamentais no desenvolvimento de estratégias de apoio à inovação, no fomento do processo de patenteamento e de proteção de outros DPI como marcas/design, no estabelecimento de parcerias entre o meio académico e empresarial e na transferência de tecnologia. Os GAPI atuam como unidades operacionais, a nível nacional, sediados em associações empresariais, universidades, centros tecnológicos, parques de ciência e tecnologia e outras instituições do Sistema Científico e Tecnológico. A presença destas unidades nos Institutos Politécnicos, como é o caso de Portalegre, representa, sem dúvida, um passo em frente que queremos continuar a dar, num esforço de redinamização desta rede.

Conectar os jovens à PI é, de facto, um desígnio do INPI para este ano que agora começa. Como primeira pedra, iremos associar-nos às forças de segurança, no âmbito do projeto Escola Segura, com o desenvolvimento de sessões de esclarecimento junto dos mais novos, nas salas de aula, sobre a importância da proteção dos DPI e o combate à contrafação. Aliás, sobre este tema, o INPI espera, no futuro, poder ver incluída nos programas curriculares a temática da PI, à semelhança de boas práticas já levadas a cabo noutros Estados-Membros da UE. A contrafação assume-se como um flagelo na sociedade atual e que é nas camadas mais jovens que podemos encontrar os futuros defensores e consumidores de produtos originais e autênticos. No entanto, reconhecemos que o trabalho vai muito para além de campanhas de sensibilização. Sabemos também que é na juventude que estão os futuros inventores, os novos empreendedores, com quem queremos partilhar conhecimento e objetivos. A falta de disponibilidade financeira é muitas vezes motivo de recuo para os jovens empresários, quando há DPI em jogo. A proteção dos chamados “ativos intangíveis” é vista, normalmente, como uma despesa e não como um investimento. Pois é no espírito empreendedor dos mais jovens que acreditamos estar o reverso desta realidade. Em 2022, o EUIPO irá lançar um novo fundo de apoio aos DPI das Pequenas e Médias Empresas (PME) da UE, que irá reembolsar parte das despesas tidas com o pagamento de taxas de registo de marcas e design (nacionais, comunitários ou internacionais) e, pela primeira vez, das taxas relativas a pedidos de patente nacionais. E ainda das despesas tidas com Diagnósticos de PI (IP Scan). Contamos, como temos feito até aqui, com a colaboração inestimável dos Agentes Oficiais de Propriedade Industrial e de outros profissionais de PI que irão, seguramente, guiar as PME para tirarem o máximo de partido deste apoio. Mas acreditamos que podemos contar também com a literacia digital das camadas mais jovens.

“2022 SERÁ UM ANO PARA NOS REINVENTARMOS, ENQUANTO ORGANISMO PÚBLICO, ENQUANTO INSTITUIÇÃO AO SERVIÇO DA SOCIEDADE. SERÁ CERTAMENTE UM ANO DEDICADO À CRIAÇÃO DE NOVAS RELAÇÕES, COM BASE NOS DOMÍNIOS-CHAVE JÁ PREVISTOS NA ESTRATÉGIA DA UE PARA A JUVENTUDE (2019-2021) – ENVOLVER, LIGAR E CAPACITAR”

Um inquérito online lançado em outubro de 2021 pela CE revela que a maioria dos inquiridos (58,8%) afirmou que gostaria de contribuir ativamente para o Ano Europeu da Juventude. Paralelamente, uma das conclusões da análise da Estratégia da UE para a Juventude 20212027, revela que a “UE também parece ser uma fonte de inspiração para outras regiões do mundo no que diz respeito à elaboração de políticas, programas e iniciativas destinados aos jovens.” É neste contexto que o INPI quer também marcar a diferença, na aproximação a camadas mais jovens além-fronteiras, nomeadamente no seio da Lusofonia. 2022 será o ano de realização das Jornadas Lusófonas de Propriedade Industrial numa coorganização com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com o objetivo de promover o aumento de conhecimento entre todos os organismos do espaço lusófono e facilitar a partilha de experiências. 2022 será um ano para nos reinventarmos, enquanto organismo público, enquanto instituição ao serviço da sociedade. Será certamente um ano dedicado à criação de novas relações, com base nos domínios-chave já previstos na Estratégia da UE para a Juventude (2019-2021) – Envolver, Ligar e Capacitar. ▪

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PONTOS DE VISTA COMPLIANCE

“Confiança e Integridade são essenciais para dar suporte à atividade Económica Sustentável” Com uma visão futurista, o NOVA Compliance Lab (NCL) pretende criar dinâmicas que melhor identifiquem os erros operacionais que contribuem para a corrupção. Para melhor entendermos acerca de uma problemática tão necessária a todos, Julia Gracia e Izabel De Albuquerque Pereira, fundadoras do NCL, conversaram com a Revista Pontos de Vista, onde revelaram quais as maiores lacunas existentes e ainda a melhor forma de combatê-las. Fique a par.

JULIA GRACIA E IZABEL DE ALBUQUERQUE PEREIRA

O

NOVA Compliance Lab (NCL) nasce em 2019 com o propósito de desenvolver conhecimento para melhor se diagnosticar as falhas institucionais e operacionais que favorecem a corrupção. Assim, de que forma o NCL tem consolidado a sua presença em Portugal de modo a dar resposta às maiores preocupações nos setores onde atua? Julia Gracia: O NCL tem desenvolvido atividades académicas com o objetivo de disseminar conhecimento (cursos de formação, workshops, publicações académicas e no blog). Também preparou uma ferramenta de autoavaliação de um Programa de Ética e Compliance, totalmente gratuita (disponível no site), fruto

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de uma colaboração entre o NOVA Compliance Lab/CEDIS/NOVA Direito e a FUTURA. Sabemos que o NCL procura conectar a academia, os setores público e privado, e a sociedade civil num contexto de transmissão de conhecimento relativo à realidade portuguesa, brasileira e espanhola. De que conhecimentos estamos a falar? Quais os maiores desafios neste sentido? Izabel Albuquerque Pereira: Fundamentalmente estamos a falar do conhecimento sobre o Compliance Anticorrupção. Entendemos que é de extrema relevância aprendermos com as diferentes visões e experiências da academia, dos setores público e privado e da sociedade

civil acerca do tema. Ainda, as realidades de Portugal, do Brasil e da Espanha (e não só) são diferentes, e a riqueza do debate está justamente nestas diferenças e como podemos aprender com elas. Os principais desafios seriam conciliar as visões teórica e prática sobre o Compliance Anticorrupção e compreender os distintos aspetos culturais dos ambientes corporativos português, brasileiro e espanhol, bem como as diferentes nuances legais destes três ordenamentos jurídicos no que se refere ao tema da corrupção. Todas as empresas devem possuir um código de conduta que deixe claras as práticas que são aceitáveis de forma a minimizar proble-


PONTOS DE VISTA COMPLIANCE

“DIVERSAS PESQUISAS DEMONSTRAM QUE IMPLEMENTAR UM PROGRAMA DE ÉTICA E COMPLIANCE PODE CONTRIBUIR DIRETAMENTE PARA O SUCESSO DA ORGANIZAÇÃO, A SUA PERENIDADE E O SEU CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL” mas. No entanto, para melhor se protegerem existe a necessidade de criar uma verdadeira cultura de Compliance. Neste sentido, o que ganha uma empresa ao investir em Compliance? Que oportunidades traz? JG: Diversas pesquisas demonstram que implementar um programa de ética e Compliance pode contribuir diretamente para o sucesso da organização, a sua perenidade e o seu crescimento sustentável. Por exemplo, a avaliação dos riscos, seguida do ajuste dos processos internos da organização, pode impactar positivamente a sua efetividade, o que se traduz em ganhos económicos. Investir em estruturas de ética e Compliance deve ser visto além de uma obrigação legal, uma oportunidade para tornar as empresas mais resilientes e impulsionar o seu valor. Certo é que o estudo de Compliance se encontra em expansão em Portugal. Sendo este um bom presságio, de que forma é que estas práticas aliadas a boas práticas de gestão melhoram as estratégias e ajudam a evitar problemas futuros dentro das instituições? IAP: Os benefícios da implementação de programas de Compliance vão muito além da redução dos riscos de as organizações incorrerem em multas pela prática de condutas inadequadas. Pesquisas demonstram que, ao implementarem estes programas, as organizações, além de reduzirem os riscos de se envolverem em escândalos de corrupção (que impactam diretamente na sua reputação), verificam: o aumento da competitividade e da confiança em nível nacional e internacional; a atração de investidores; o aumento do seu valor financeiro e a atração dos melhores talentos para compor o seu quadro de funcionários. O Compliance

deve ser considerado como um investimento e não como um custo. Assim, e vivendo cada vez mais num mundo digital, porque é que a tecnologia e inovação são importantes para o Compliance? JG: A função de Compliance deve estar a par das tecnologias emergentes que se aplicam a toda a empresa, bem como ao próprio programa. É necessário analisar o risco potencial e os benefícios de tecnologias novas para poder orientar adequadamente a empresa na tomada de decisões éticas. Mas a tecnologia pode supor uma grande aliada, aumentando a eficácia e eficiência do próprio programa de Compliance. Por exemplo, ajuda a agilizar o processo formal de avaliação de risco, centralizando dados, conduzindo análises e facilitando a priorização. Outro exemplo são as soluções tecnológicas para os canais de denúncia, que além de garantir a confidencialidade dos reportes, permitem rastrear os incidentes e gerenciar os casos. Sabendo de antemão que o panorama de Compliance não é homogéneo em todo o país, quais consideram que serão as tendências para 2022 neste âmbito? Como o perspetivam? IAP: Durante este ano de 2021 testemunhamos importantes iniciativas de prevenção à corrupção aqui em Portugal. A aprovação da Estratégia Nacional Anticorrupção foi uma delas. A recentíssima publicação do Decreto-Lei n. 109E/2021, que cria o Mecanismo Nacional Anticorrupção e aprova o Regime Geral da Prevenção da Corrupção, estabelecendo a obrigatoriedade de implementação de programas de Compliance às pessoas coletivas com sede em Portugal (e às sucursais em território nacional de empresas com sede no estrangeiro) que empreguem

De que forma é que cumprir este conjunto de disciplinas e normais legais no seio das atividades das empresas acarreta uma maior confiança e reputação comercial às mesmas? JG: Confiança e integridade são essenciais para dar suporte à atividade económica sustentável. Empresas com conduta responsável geram confiança nas diversas partes interessadas. Isto impacta na capacidade de reter e de atrair empregados, investidores, parceiros de negócios e clientes. Assim, manter uma estrutura de ética e Compliance sólida e efetiva traz não só ganho reputacional, como também se traduz em criação de valor.

50 ou mais trabalhadores. Dito isto, é notável o protagonismo que o tema do Compliance Anticorrupção passa a exercer no país e acreditamos que 2022 será um ano marcado pela sua consolidação e pela sensibilização por parte das organizações públicas e privadas quanto à relevância de se implementar esses Programas, em razão não só da obrigação legal, mas dos diversos benefícios que os mesmos proporcionam para as organizações. Com os olhos postos no ano que se avizinha, como é que o NCL idealiza a sua atividade? Para além de seminários, palestras, workshops, o que mais se pode esperar? IAP: O ano de 2021 foi marcado pelo crescente interesse demonstrado por diversos profissionais, tanto do mundo académico quanto do mundo empresarial, no que se refere às atividades do NCL. Alguns, inclusive, com o genuíno interesse de colaborar ativamente com as nossas iniciativas que, além de seminários, palestras e workshops, incluem um Curso especialmente dedicado ao tema do Compliance para a Prevenção da Corrupção (que, em outubro de 2021, teve a sua 3ª edição). Diante desse crescente interesse, em 2022, pretendemos organizar duas novas edições do nosso Curso, ciclos de webinários e workshops, e, ainda publicar numa editora espanhola de relevo, uma obra coletiva sobre o Compliance em Portugal e Espanha. ▪

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PONTOS DE VISTA COMPLIANCE

POR ALICE VITÓRIA BRITO, CHIEF COMPLIANCE OFFICER DA MAZARS EM PORTUGAL

Compliance:

uma Oportunidade para entregar Valor O contexto atual, marcado por uma crescente exigência do mercado e dos reguladores e por uma diversidade de normas e leis, cuja compreensão e aplicabilidade nem sempre é clara, apresenta um desafio às organizações, obrigando a repensar a gestão global do risco.

N

este âmbito, as organizações procuram cumprir com um conjunto de regras e regulamentos mais rígidos, ao mesmo tempo que se esforçam por responder às exigências de clientes e acionistas e adaptar-se a novos modelos de negócio. Garantir o cumprimento de um conjunto normativo e legislativo que se encontra permanentemente em evolução é oneroso, consome recursos e exige conhecimentos sobre todas as condicionantes das realidades locais onde a organização possa desenvolver a sua atividade. O tratamento bem-sucedido destas obrigações, a nível nacional e internacional, é fundamental, mas, frequentemente, difícil de gerir. A visão primária e restrita do compliance, como ferramenta para prevenção de incumprimentos e consequente prejuízo – reputacional e/ou financeiro – e mitigação de riscos, evoluiu. No presente contexto empresarial, um compliance robusto é cada vez mais assumido como uma oportunidade e ferramenta para reforço da confiança de investidores e clientes, contribuindo para a imagem positiva da entidade e, a nível mais global, para o desenvolvimento de um mercado justo. O estudo da Mazars “Unlocking trust: why global compliance is on the business agenda”, baseado num questionário realizado a profissionais seniores em organizações multinacionais

“A VISÃO PRIMÁRIA E RESTRITA DO COMPLIANCE, COMO FERRAMENTA PARA PREVENÇÃO DE INCUMPRIMENTOS E CONSEQUENTE PREJUÍZO – REPUTACIONAL E/OU FINANCEIRO – E MITIGAÇÃO DE RISCOS, EVOLUIU” 56 | PONTOS DE VISTA |

de 25 países, destaca as oportunidades e os riscos, atuais e futuros, associados ao compliance. A maioria destes responsáveis tende a encarar hoje o compliance como um elemento de criação de oportunidades, e não apenas como uma obrigação, sendo que as vantagens são notórias: aumentar a confiança, reforçar a segurança e construir reputação. Esta visão comprometida é patente no nível crescente de envolvimento de dirigentes de topo e no investimento realizado pelas organizações, orientados a cumprir o principal desafio de gerir e acompanhar um ambiente empresarial e regulatório em transformação acelerada e cada vez mais exigente, que requer constante reapreciação e adaptação. A aplicação desta visão da liderança depreende, contudo, uma mudança da cultura corporativa. Não é suficiente assegurar a adesão da equipa executiva a metas de compliance, estas devem contar com promotores em várias áreas e níveis hierárquicos, que possam trabalhar em conjunto para apoiar uma mudança de mentalidade e a implementação de processos necessários a uma estratégia eficaz. Embora o compliance seja tradicionalmente percebido como uma tarefa de implementação morosa, exigente e complexa, o custo da não conformidade parece superar em larga medida qualquer custo que lhe esteja associado. Esta maior preocupação com o tema surge como forma de reduzir o impacto ou eliminar os riscos significativos de fracassar na implementação deste tipo de mecanismos, que podem resultar em danos à reputação, ações disciplinares e multas. Apesar de a maioria estar segura que se encon-


PONTOS DE VISTA COMPLIANCE

“EMBORA O COMPLIANCE SEJA TRADICIONALMENTE PERCEBIDO COMO UMA TAREFA DE IMPLEMENTAÇÃO MOROSA, EXIGENTE E COMPLEXA, O CUSTO DA NÃO CONFORMIDADE PARECE SUPERAR EM LARGA MEDIDA QUALQUER CUSTO QUE LHE ESTEJA ASSOCIADO”

COMPLEXIDADE SEM PRECEDENTES À medida que as organizações enfrentam uma complexidade sem precedentes, a proliferação de canais e dados digitais e a diversificação de stakeholders, estas têm de repensar o compliance e reavaliar o objetivo de cumprir as exigências legislativas e regulamentares no ambiente corporativo em que atuam, bem como as regras e códigos de conduta internos. Isto, sob pena de perderem um dos mais significativos elementos de atratividade e posicionamento no mercado: a confiança.

tra a cumprir de forma bem-sucedida os requisitos atuais e que os irão continuar a cumprir no futuro, mais de metade esperam que o compliance se torne mais exigente nos próximos cinco anos. As necessidades relacionadas com o compliance vão tornar-se mais complexas, espera-se a introdução de nova legislação e os efeitos da pandemia Covid-19 apresentam-se como um obstáculo adicional a ser superado nos próximos tempos. Paralelamente, a dimensão tecnológica do compliance vai aumentar de importância, face à relevância de assegurar ferramentas tecnológicas que simplifiquem e automatizem processos, o que aliado a recursos humanos adequados definirão um compliance global de sucesso. ▪

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PONTOS DE VISTA BREVES

As pessoas que usam óculos têm (quase) todas esta característica É a Ciência que o diz. Um novo estudo da Universidade de Edimburgo descobriu que as pessoas que usam óculos são, de facto, mais inteligentes. Aquilo que era, até aqui, um estereótipo comum – das representações sociais dos chamados ‘nerds’ à tradicional imagem do professor inteligente – acaba de ganhar uma nova dimensão, desta vez baseada em indicadores científicos. De acordo com os resultados desta investigação, a responsável pela ligação entre a necessidade de usar óculos e uma maior inteligência é mesmo a genética. Depois de realizada uma análise pormenorizada a mais de 40 mil indivíduos, ficou clara a existência de uma ligação entre ambos os indicadores: aqueles classificados como ‘inteligentes’ apresentam uma probabilidade três vezes superior de possuir genes relacionados com os problemas oculares que exigem o uso de óculos. CAIXA DE ÓCULOS? ‘NA BOA’!

“A descoberta de efeitos genéticos na saúde e estrutura cerebral representa a construção de uma base de exploração muito importante que nos permitirá perceber de que forma as capacidades cognitivas são influenciadas ao longo da vida”, revelou Gail Davies, um dos principais autores do estudo ao The Telegraph. Por explicar, fica o motivo pelo qual esta ligação existe. Contudo, foi ainda descoberto que aqueles com genes representativos de uma maior capacidade cognitiva possuem uma melhor saúde cardiovascular.

dicas

para prevenir o envelhecimento da pele Beber bastante água, usar protetor solar o ano inteiro e ingerir alimentos ricos em colagénio são algumas das dicas. O envelhecimento da pele é um processo natural, com diferentes manifestações no corpo. O rosto é uma zona exposta a agressões constantes, e, por isso, apresenta um envelhecimento mais notório. Contudo, existem diversos hábitos que contribuem para atenuar esse processo. 1. BEBER BASTANTE ÁGUA PARA TER UMA PELE MAIS SAUDÁVEL

Beber água regularmente é fundamental para a saúde do corpo todo, e a quantidade de água deve ser ingerida de acordo com o seu peso corporal. A hidratação ajuda a melhorar o funcionamento do metabolismo e ajuda a prevenir problemas de pele, como rugas e eczemas. 2. USAR PROTETOR SOLAR DIARIAMENTE, INCLUSIVE NO INVERNO

No verão e no inverno, usar protetor solar é imprescindível para manter uma pele jovem, e protegida dos raios UVA e UVB que desidratam e ressecam a pele. O ideal é usar produtos com uma proteção FPS acima de 30. Para além de que a exposição solar prolongada, sem qualquer proteção, pode causar doenças como o cancro da pele. 3. MANTER A PELE LIMPA

Higienizar bem a pele é muito importante. Inclusive, a pele do rosto necessita de ser lavada

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no mínimo duas vezes ao dia com um gel de limpeza, tendo cuidados de limpeza adequados ao seu tipo de pele. Dormir com maquilhagem é também um dos hábitos que acelera o envelhecimento da pele. 4. BOA ALIMENTAÇÃO, PRATICAR EXERCÍCIO FÍSICO E DORMIR BEM

Não é por acaso que um corpo saudável se reflete numa aparência saudável. Manter uma alimentação saudável que beneficie alimentos leves e com um bom nível nutricional, ajuda na saúde em geral e também na saúde da nossa pele. Praticar exercício físico é igualmente imprescindível, e por exemplo, basta uma caminhada de 30 minutos, para gerirmos esta atividade corporal. Para terminar o dia, é à noite que as células do corpo se renovam, incluindo as da pele, reforçando a importância de ter uma boa noite de sono, aliado a um estilo de vida saudável. 5. INGERIR ALIMENTOS COM COLAGÉNIO

O colagénio é um elemento presente no nosso organismo que é responsável pela elasticidade e viscosidade da pele. Mas, apesar de este elemento estar presente no nosso organismo não é suficiente, temos de incluir na nossa alimentação, alimentos que estimulem esta produção, como por exemplo ovos, carnes, peixes, lentilhas, feijão, soja e frutas com alta concentração de vitamina C.


PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

Pontos de

Vista NO

Feminino Não é novidade que o mercado de trabalho se vai adaptando aos novos tempos. Assim, acontecimentos que eram comuns no passado, hoje pertencem a uma realidade longínqua. Nos mais diversos campos de atuação e em todos os âmbitos sociais, as mulheres têm vindo a lutar, ano após ano, por um espaço equitativo, deixando para trás preconceitos e convenções. Atualmente, ainda que exista um longo caminho a percorrer na plenitude da igualdade de género, valoriza-se cada vez mais o mérito enquanto característica fundamental para uma carreira de sucesso. Com orgulho, observamos testemunhos inspiradores – e dignos de serem apresentados - de líderes que assumem a sua posição resiliente no mercado e atingem inúmeras conquistas pessoais, profissionais e sociais.


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“As Sociedades Progressistas e Desenvolvidas só acontecem com níveis de Igualdade Efetiva”

FOTO: RICARDO LOPES

A Revista Pontos de Vista conversou com Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade na República Portuguesa, uma mulher que desde sempre se dedicou – com uma garra sem igual – à paridade de género na sociedade. Revelou-nos detalhes acerca do seu percurso profissional e ainda como este tem sido um caminho de resiliência, que continuará, com toda a certeza, a desbravar. Desfrute deste inspirador testemunho.

ROSA MONTEIRO

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osa Monteiro possui uma vasta experiência profissional pautada pela luta da igualdade de género, o que lhe confere, atualmente, o cargo de Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade na República Portuguesa. A sua trajetória iniciou-se como professora de Ensino Superior e Investigadora nas áreas das Políticas Públicas de Igualdade – não fosse o seu doutoramento centrado nesse tema. No ano de 2013 foi quando começou o seu percurso dentro da política, ao ser convidada a participar na elaboração do programa do Partido Socialista em Viseu. Mais tarde, segundo a interlocutora, “fui convidada pelo Ministro Adjunto, a vir para Lisboa para ser sua adjunta e coordenar os temas das Políticas de Igualdade que era um tema onde eu tinha expertise. Portanto, coordenei o projeto da educação para a cidadania e criei a agenda para a igualdade no mercado de trabalho e nas empresas”. Consciente de que este é um caminho longo, foi em 2017 que passou a assumir o cargo que ainda hoje ocupa, fruto

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do trabalho exímio realizado até à data. “Sendo independente sempre tive um posicionamento de bastante cooperação na política, mas mantendo-me sempre mais com perfil técnico. Enquanto Secretária de Estado aquilo que faço é a promoção de uma abordagem das Políticas Públicas de Igualdade muito rigorosa em informação, competências técnico-científicas, indicadores, entre outros”, afirma Rosa Monteiro. Obviamente que dentro de uma temática tão necessária a toda a sociedade, os desafios são acrescidos, o que no fundo é o que motiva a nossa entrevistada a adotar práticas inovadoras diariamente, “políticas que influenciem e que nos proporcionem fazer o mainstreaming de género, ou seja colocarmos as necessidades de igualdade entre as mulheres e os homens, as questões de combate à violência, as questões do LGBTI, do racismo, em todos os setores de política”. Aqui a verdadeira luta prende-se com a adoção – por parte de todos – das medidas, não apenas consenti-las, mas colocá-las em prática, quem o afirma é a nossa interlocutora acres-

centando que “precisamos de investimento, criar soluções concretas para os problemas das pessoas porque é assim que depois se abrem os caminhos para desconstruirmos aquilo que está na base das desigualdades que são os estereótipos de género, porque as pessoas não veem a olho nu os estereótipos de género, as pessoas sentem-nos nas suas vidas, nas suas empresas, pelos vários indicadores de desigualdade, mas levar as pessoas a trabalhar efetivamente na desconstrução destes modelos assimétricos de ser homem e ser mulher - onde a parte penalizada são as mulheres - evidentemente que exige um esforço de rigor e profissionalismo, portanto não basta exigir que a sociedade mude, temos que fazer tudo para que ela mude e temos que criar as orientações para que isso aconteça”. A realidade é que ocupando um cargo de tamanho peso como é o da nossa entrevistada, leva a que muitas vezes se torne difícil a conciliação entre a vida pessoal e profissional, bem como conseguir separar a Rosa Monteiro profissional da Rosa Monteiro mulher. “Vejo-me como


uma mulher profissional, mas também como uma profissional mulher, o que dificulta a conciliação dos dois mundos. O meu trabalho sempre foi muito importante para mim, sou muito centrada no trabalho, onde sou muito exigente comigo própria, e com quem trabalha comigo, porque acho mesmo que deve ser assim, nunca descurando o facto de ser mulher e portanto, existe aqui também um conjunto de constrangimentos, que vão condicionando a disponibilidade, e dificultando mais o arranjo destas várias esferas da vida e de facto na política, essas dificuldades de articulação são acrescidas, e o foco no trabalho que é permanente nas responsabilidades políticas, é muito mais intenso. Portanto tudo se mistura mais, mas no geral e naquilo que é o normal da minha vida, procuro não prejudicar aquilo que sou enquanto mulher pelo meu trabalho e vice-versa”, sustenta a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade. LUTA PELA IGUALDADE: MULHERES E HOMENS É muito comum, quando se fala em igualdade de género, que esta seja uma temática associada ao público feminino, precisamente por isso, é fundamental definir que a paridade é de ambos: homens e mulheres. Segundo a nossa interlocutora, este realmente é um caminho a ser feito, e mais do que isso, feito com consciência. Até porque, segundo a mesma, “as sociedades progressistas e desenvolvidas só acontecem com níveis de igualdade efetiva, não apenas na lei, mas concretizar e tornar essa realidade presente na vida. Dentro da luta pelas políticas feministas e de igualdade de género, e de combate a discriminação, as normas têm um significado muito amplo, porque não se dirigem apenas às mulheres enquanto benificiárias, mas sim a toda a sociedade. Inclusivamente aos homens, porque os homens também são vítimas de discriminação e desigualdade de género, quando por exemplo falamos das dificuldades de acesso a licenças de paternidade, porque os seus colegas ou os seus patrões, entendem que essa é uma tarefa que eles devem delegar na mãe da criança e não assumirem aquilo que é um direito consagrado na nossa legislação. Portanto temos vindo a ampliar dos direitos dos pais, homens, isto para sublinhar que não é apenas uma luta pelas mulheres mas por toda a sociedade”. Ainda acerca desta problemática que tanto respeito diz a toda a sociedade, a nossa interlocutora confidenciou que o nosso país – segundo os dados do Instituto Europeu para a Igualdade de Género - se encontra no quarto pior lugar na União Europeia, no que concerne à participação dos homens nas tarefas domésticas e familiares, o que implica que a já antiga mentalidade de a “mulher dona de casa”, é ainda predominante em Portugal. “Só 19% dos homens em Portugal diz fazer nem que seja só uma tarefa doméstica por dia. Isto tem de nos fazer pensar que aqui

FOTO: RICARDO LOPES

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“PRECISAMOS DE INVESTIMENTO, CRIAR SOLUÇÕES CONCRETAS PARA OS PROBLEMAS DAS PESSOAS PORQUE É ASSIM QUE DEPOIS SE ABREM OS CAMINHOS PARA DESCONSTRUIRMOS AQUILO QUE ESTÁ NA BASE DAS DESIGUALDADES QUE SÃO OS ESTEREÓTIPOS DE GÉNERO” o problema não é só as exigências da carreira profissional, e nós temos as mulheres a competirem no mercado profissional, aliás, as mulheres são mais diplomadas no ensino superior. Mas realmente o problema não está aqui. As mulheres portuguesas trabalham a tempo inteiro, são das que mais trabalham a tempo inteiro em toda a Europa, fora de casa, e depois ainda têm a dupla e a tripla jornada das tarefas domésticas porque, como disse, os homens em Portugal participam muito pouco nessa esfera de responsabilidade familiar e doméstica. Mas como dizia, a raiz do problema e desta tensão resulta muito nesta ideia de que a tarefa é uma dificuldade apenas das mulheres. E que as responsabilidades familiares são essencialmente das mulheres. E isto é muitas vezes também reproduzido na forma como as próprias organizações de trabalho estão estabelecidas e a própria organização da vida social”.

ROSA MONTEIRO: A FILOSOFIA DE UMA ATIVISTA AMBICIOSA Honestidade e coerência são os valores da qual a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade não prescinde, isto porque trilha o seu caminho sempre muito focada em fazer um trabalho rigoroso e empenhado, nunca descurando – obviamente – daquilo que mais a realiza enquanto mulher: as relações saudáveis e os afetos com as pessoas. Com um percurso marcado pela ascensão e aprendizagem enquanto ativista, muitas são as memórias que prevalecem, por esse motivo, confidenciou-nos uma que garante nunca mais esquecer: “Em 2000 quando coordenava um projeto destinado a mulheres que não trabalhavam e que tinham poucas qualificações num certo território, uma das atividades era um programa de formação financiado, portanto pagava a estas mulheres para fazerem uma pré formação inicial que depois lhes desse acesso a formação para o mercado de trabalho e para uma inclusão e integração no mesmo. Toda a equipa estava muito contente achando que de facto iria ter imensa adesão porque naquele território estava diagnosticada uma imensa necessidade deste projeto e deste apoio para as famílias e as mulheres. Quando se lançou a publicação de candidaturas, na verdade elas não surgiram e a equipa das técnicas estava muito perplexa e sem perceber. Perante isto, aquilo a que nos propusemos foi então sair do gabinete e ir ao terreno perguntar-lhes porque é que elas não se vêm inscrever. E quando de facto se fez essa abordagem direta percebemos que essas mulheres não tinham autorização sequer para frequentarem um programa de formação financiada. Tinham de ter autorização dos pais ou dos maridos. Caso fossem ou não solteiras. E isso foi uma revelação que foi muito violenta no ano de 2000”. Uma história marcante que acabou por se tornar numa lição de vida da qual a interlocutora se orgulha, uma vez que as mulheres que conseguiram ir, formaram-se e trilharam um caminho de sucesso. Rosa Monteiro é, de facto, um poderoso exemplo de que uma mulher não se deve – em momento algum – cingir à passividade, nem se colocar numa posição discriminatória, mas para isso garante que é necessária “muita paciência, persistência e competência”. Como mensagem de força a todo o público feminino que tanto defende, termina ao afirmar que “temos de ter consciência das nossas capacidades, temos de nos apoiar umas às outras, temos de valorizar também os nossos percursos, sendo certo que não há aqui heroínas. Temos de ter a coragem para perceber, para reconhecer que estamos a ser vítimas de fenómenos de discriminação. Esse é um caminho que também não se faz sozinha. É olhar um pouco para o lado, termos esta atitude de bondade e de compreensão”. ▪

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“Quanto mais falantes de Português no Mundo, mais destacada será a Presença de Portugal numa escala Global” Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas afirma que a sua missão é a de “sedimentar o sentimento de pertença mas também de apoiar e garantir igualdade de acesso aos serviços de Estado e proteção a todos os portugueses no exterior”. Neste sentido, abordámos em entrevista tudo o que tem vindo a ser realizado e o importante papel que a língua portuguesa tem tido na projeção de Portugal no mundo. uma luta sempre presente na minha atividade profissional e na minha militância política. E ser Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas não se desvia desta linha: por um lado, porque muitos dos nossos emigrantes partiram do interior do país por falta de oportunidades, por outro, porque eles são também uma parte da população portuguesa que não podemos correr o risco de esquecer apenas porque está menos visível. É preciso aumentar a visibilidade destas comunidades nas duas situações: os que vivem no interior do país e os que vivem no estrangeiro. Todos somos Portugal! De resto, tenho tentado manter um percurso coerente, sobretudo respeitando aquilo que são os meus valores e a minha postura na política, que é de servir a comunidade e contribuir para um melhor futuro para Portugal porque apesar do muito já feito, há sempre muito a fazer.

BERTA NUNES

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atural de Santa Maria de Lamas, Berta Nunes é Licenciada em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina do Porto, tendo recebido o prémio Engenheiro António de Almeida, por ser a aluna com a classificação mais alta a nível nacional no ano de 1980, em medicina. Gostaríamos de a conhecer melhor – o que nos pode contar mais sobre o seu percurso vasto e repleto de sabedoria? O meu percurso profissional começou numa região do interior, quando fui trabalhar como médica para Alfândega da Fé. Este facto condicionou a minha forma de estar na vida e na política. Acabei por me dedicar a conhecer melhor a comunidade onde vivo há mais de 30 anos,

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particularmente na perspetiva da medicina e da antropologia, o que viria a resultar na minha tese de doutoramento, que acabou por ser publicada em livro com o título “O saber médico do povo”. A este meu contacto com uma cultura diferente num Portugal tão diverso apesar de pequeno em território, que me levou a integrar, a dada altura, a Wonca Rural (um grupo de médicos rurais a nível mundial que estuda e investiga as especificidades dos problemas de saúde nas zonas rurais) e a direção da Euripa (uma associação europeia de médicos rurais), com certeza não são alheias a minha consciência e a minha preocupação e ação relativamente às dificuldades e constrangimentos particulares das zonas mais interiores do nosso país. Esta tem sido

O Ministério dos Negócios Estrangeiros tem por missão formular, conduzir, executar e avaliar a política externa e europeia do país. Como nos pode descrever a concretização deste objetivo, em particular a partir do momento em que, também Berta Nunes, o abraçou? Neste sentido, o que tem vindo a ser realizado? Prefiro falar em concreto da missão da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, que é a de sedimentar o sentimento de pertença mas também de apoiar e garantir igualdade de acesso aos serviços do Estado e proteção a todos os portugueses no exterior. E é com esse horizonte presente que temos vindo a trabalhar. Temos visitado as nossas comunidades nos diferentes países de acolhimento e trazemos registadas as suas preocupações, os seus anseios e as suas expetativas, para podermos continuar a traçar políticas que vão ao encontro das suas expetativas e necessidades. Incentivamos e apoiamos o seu regresso, se essa for a sua


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“NUM MUNDO ONDE AS DISTÂNCIAS FÍSICAS SÃO MITIGADAS PELA GLOBALIZAÇÃO, A LÍNGUA PORTUGUESA É UMA FERRAMENTA DE TRABALHO E UM FATOR DE VALORIZAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL PRECIOSO, QUE A NOSSA DIÁSPORA MAIS QUALIFICADA JÁ VAI USANDO MAIS A SEU FAVOR” vontade, mas também nos congratulamos com a sua integração nos países onde vivem, acompanhando atentamente as respetivas políticas e articulando ações com as autoridades locais por forma a garantir a salvaguarda dos seus direitos. Foi o que fizemos recentemente, por exemplo, no Canadá, onde reunimos com as autoridades locais para debater a melhor forma de resolver a situação dos indocumentados. Queremos criar pontes e redes que permitam uma ligação mais consistente com os nossos emigrantes e lusodescendentes. Nesta linha de ação, criámos, com a Secretária de Estado da Valorização do Interior, o Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora, que se propõe apoiar o investimento dos nossos emigrantes e lusodescendentes, em especial no interior do país, bem como as exportações e a internacionalização das pequenas e médias empresas nacionais através da diáspora. Tendo em conta o papel que assume enquanto Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, de que forma a promoção da Língua Portuguesa atinge uma posição preponderante na projeção de Portugal no mundo? O ensino da língua portuguesa no estrangei-

ro é uma das nossas prioridades. É importante que a Rede EPE possa garantir a modalidade de ensino mais adequada para cada caso. Por exemplo, temos de considerar que o ensino do português como língua materna pode não ser a melhor solução para um aluno lusodescendente que não fale ou compreenda a língua. Este trabalho minucioso e cuidado deve ser feito tendo sempre em vista duas metas: manter vivo o português entre os portugueses e lusodescendentes no estrangeiro e conquistar mais falantes fora das comunidades portuguesas, contribuindo para a sua valorização com uma das línguas mais faladas em todo o mundo. Num mundo onde as distâncias físicas são mitigadas pela globalização, a língua portuguesa é uma ferramenta de trabalho e um fator de valorização pessoal e profissional precioso, que a nossa diáspora mais qualificada já vai usando mais a seu favor. Simultaneamente, sem dúvida que a língua é, e pode ser cada vez mais, um fator de maior visibilidade do nosso país. Quanto mais falantes de português no mundo, mais destacada será a presença de Portugal numa escala global. Em que medida as comunidades portuguesas podem contribuir para as relações exter-

nas de Portugal nos planos da cultura e da economia? Neste âmbito as nossas comunidades têm tido um papel muito importante. São inúmeros os exemplos de empresários na diáspora que importam e comercializam os produtos portugueses nos países onde residem, levando para lá a marca de Portugal. É também esta dinâmica que o PNAID (Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora) se propõe potenciar. Por outro lado, destaco, também, o papel dos movimentos associativos das comunidades portuguesas que nos seus países de acolhimento fazem um trabalho valioso de afirmação e preservação da nossa cultura e da nossa língua. E sendo certo que vivemos tempos de globalização, é pela diferenciação que podemos marcar uma posição mais destacada no mundo. Temos uma riqueza cultural inigualável, somos um país que é por si muito diverso, com um património invejável, e os nossos emigrantes têm sabido dar a conhecer o nosso país ao mundo. Não será por acaso que a maior percentagem de turistas que nos visitam são oriundos de países onde também temos grandes comunidades de emigrantes e de lusodescendentes. Quão gratificante é para si olhar para o seu percurso e percecionar tudo aquilo que já conquistou? Sinto-me agradecida pelas oportunidades que tive ao longo da vida e pela forma como sempre me empenhei em fazer o meu melhor, mas não me contento com o trabalho feito, há muitos projetos pela frente. Não podemos acomodar-nos no conforto das conquistas, porque há sempre mais para fazer, e deve ser isso a mover-nos, o que está para a frente, não o que ficou para trás. A terminar, tendo uma «voz» importante de todo o esforço, sério e sustentado que Portugal está a realizar no sentido de restaurar a união e credibilidade internacional – e a um passo de 2022 - que mensagem de confiança gostaria de deixar às Comunidades Portuguesa? Sobretudo uma mensagem positiva e de esperança. Portugal não é hoje o país que muitos emigrantes deixaram há décadas, é um país desenvolvido económica e socialmente, um país na vanguarda da tecnologia e da investigação em muitas áreas, e que quer continuar a evoluir. Nesse processo, queremos contar com todos os portugueses, os dez milhões que vivem no continente e nas ilhas, mais os cinco milhões que se encontram um pouco por todo o mundo. Portugal orgulha-se desses portugueses, e estará sempre de braços abertos para os receber e para valorizar e dar visibilidade ao seu trabalho dentro do nosso país. ▪

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Feira Internacional de Cabo Verde

e o Culto Rigoroso do Profissionalismo

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FIC, S.A. tem como missão ser uma empresa de referência nacional no domínio de organização de eventos empresariais, temáticos ou multissetoriais de dimensão regional, nacional ou internacional. Com mais de 20 anos de atividade, como analisa a concretização deste objetivo ao longo dos tempos? A FIC desenvolveu-se de acordo com as possibilidades, potencialidades e dificuldades do nosso país. Penso, no entanto, que traduz um bom aproveitamento dos meios que lhe foram disponibilizados.

ANGÉLICA FORTES

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Competência, qualidade, credibilidade e transparência são algumas das características que descrevem a FIC. Assim, quais são, de facto, os fatores que diferenciam as suas


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“AS FEIRAS SÃO, ESSENCIALMENTE, UM MEIO DE COMUNICAÇÃO: DE EXPOSITORES/FORNECEDORES COM O PÚBLICO/CONSUMIDOR, DE EXPOSITORES ENTRE SI E ATÉ DE EXPOSITORES COM AS AUTORIDADES. E TUDO ISSO FAVORECE E FOMENTA O DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL” Feiras e Eventos no mercado? O que distingue esta marca? O tipo de eventos que a FIC desenvolve não tem, no mercado nacional, semelhanças. Em relação às virtudes que nos atribui, poderei dizer que elas são, efetivamente, nossos objetivos. Os fatores que poderão favorecer o nosso desempenho resumem-se, a meu ver, num só: o culto rigoroso do profissionalismo. Certo é, a FIC pretende, sobretudo, acrescentar valor. Que vantagens as empresas podem retirar destes Eventos? As feiras são, essencialmente, um meio de comunicação: de expositores/fornecedores com o público/consumidor, de expositores entre si e até de expositores com as autoridades. E tudo isso favorece e fomenta o desenvolvimento empresarial. A Angélica Fortes é, atualmente, Administradora Delegada da FIC. Com mais de 20 anos de experiência na área dos eventos empresa-

riais, que mais-valias as competências adquiridas com esta prática trouxeram à sua carreira profissional? A mais-valia da Experiência com todas as suas componentes. Licenciada em Administração e Controlo Financeiro e Mestre em Gestão de Empresas, já trabalhou em várias áreas de atividade. Após todo este tempo, quem é hoje a Angélica Fortes, enquanto pessoa, mulher e profissional? Cada vez mais consciente de que a vida é uma escada de cordas que se sobe a pulso! Quão gratificante é, para si, percecionar o seu papel importante de reorganizar, reforço e projetar outras empresas? É legítimo afirmar que vive, hoje, com o sentimento de dever cumprido? Longe disso. Sem complexos de incumprimento, sei que cumprir todo o dever, sendo realizável, levar-me-á muito mais tempo. ▪

Por fim, e uma vez que estamos agora a terminar o presente ano, que novidades e projetos estão desenhados para a FIC e a sua atividade em 2022? Os projetos serão, obviamente, semelhantes aos do passado: a feira genérica, internacional em novembro, seguindo a tradição de alternância, em S. Vicente e feiras temáticas conforme a expetativa de viabilidade que cada tema despertar. Todavia, em tempos de pandemia todos as realizações terão de ser equacionadas e implementadas com muita cautela.

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“PARA MIM O MAIS IMPORTANTE ENQUANTO PESSOA É FAZER A DIFERENÇA PARA O FUTURO DAS PESSOAS: OS QUE TRABALHAM COMIGO, OS CONSUMIDORES, OS MEUS FILHOS E OS JOVENS EM GERAL” ANA CLÁUDIA SÁ

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“É fundamental sermos Leais e Verdadeiros com as nossas Convicções” Foi há precisamente 100 anos que o Grupo Bel registou a emblemática marca que até aos dias de hoje é por todos acarinhada: A Vaca que Ri. Sabendo de antemão que o Fundador, Jules Bel, era uma personalidade positiva por natureza, a missão foi sempre a de partilhar sorrisos. Num discurso inspirador, a Diretora Geral da Bel Benelux, Ana Cláudia Sá, revelou as características que ditaram o sucesso da marca, bem como toda a sua trajetória enquanto profissional e mulher. Desfrute deste testemunho.

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ormada em Engenharia Química e tendo começado a sua carreira na área da logística, seguida da lideranca em Vendas, foi há 13 anos que o destino deixou nas mãos de Ana Cláudia Sá o cargo de Diretora Geral da Bel Portugal - desafio encarado com uma vontade enorme em fazer a diferença. Em 2019 foi convidada a assumir um cargo de Direcao Geral Global no centro do grupo em Paris, e hoje lidera o Cluster Benelux. A Bel é uma empresa líder em vários países, sendo que, para a nossa entrevistada, o sucesso do negócio prende-se com a missão em fazer o bem: pelas pessoas, pelos animais e pelo meio-ambiente. Facto é que ocupar cargos de liderança a todos traz dissabores, resta saber lidar com eles da melhor forma possível e quem o admite é Ana Cláudia Sá: “obstáculos existem em todas as vidas pessoais e profissionais, mas temos de conseguir ter a capacidade e a clareza para ir com eles ou ir contra eles”.

ADN BEL: BONDADE, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE O Grupo Bel nasce em França em 1865, tendo sido registada como a simbólica “A Vaca que Ri” 56 anos mais tarde. É hoje em dia uma marca por todos conhecida e, mais do que isso, é adorada. Apesar de todas as outras marcas que o grupo possui, a nossa entrevistada admite que “este é realmente o grande ícone do grupo Bel”. Atualmente é marca líder em vários países, sucesso este que se prende em algumas razões: a porção, uma vez que o famoso triângulo é uma quantidade nutricionalmente equilibrada e que se conserva bastante tempo, o que na época era fundamental uma vez que poucos frigoríficos existiam. Também o humor característico da publicidade feita já na altura ditou muito do mérito que hoje em dia tem, isto porque “o Fundador do grupo era o tipo de

“DEPAREI-ME MUITAS VEZES NUMA ENCRUZILHADA PORQUE TINHA OBJETIVOS PARA ATINGIR E NÃO TINHA MEIOS PARA O CONSEGUIR. E COMO CONTORNAR ESSES OBSTÁCULOS TAMBÉM FAZ PARTE DA APRENDIZAGEM, MUITAS VEZES TIVE QUE IR À LUTA E PEDIR AJUDA” pessoa bem disposta que, apesar das vicissitudes da vida, foi resiliente e foi isso que se traduziu no trabalho que ele desenvolveu, inclusive nos cartazes da altura que eram muito divertidos”, revela a nossa interlocutora. Que se desengane quem ainda mantém as suas dúvidas - é indispensável que a inovação faça parte do ADN de qualquer empresa. “A marca acabou por progredir muito fruto da inovação, a fórmula mudou e está cada vez mais natural, sem aditivos”, revela a Diretora Geral. Certo é que esta foi uma marca que rapidamente se expandiu e hoje ainda prima por uma evolução contínua, fruto da forte aposta na renovação, e da missão principal da qual a equipa nunca descura: “o sorriso das crianças, uma alimentação saudável

e nutricionalmente equilibrada, a porção certa e o prazer”, afirma orgulhosamente Ana Cláudia Sá. Também a bondade é um fator-chave, ela que não deve estar presente apenas dentro de cada ser humano, mas também no seio de uma empresa que tal como a Bel pretendam trilhar um caminho de sucesso. Segundo a entrevistada, “a bondade é algo muito importante no grupo também, fazer as coisas por bem e para o bem. E transmitir esta mensagem de geração em geração”. Quando há 13 anos Ana Cláudia Sá aceitou caminhar de mãos dadas com o Grupo Bel, a bondade e a positividade já faziam parte do leque de particularidades fundamentais da empresa, e, portanto, o propósito da mesma passou por “dar um salto em direção da sustentabilidade e responsabilidade social”. Determinada a desbravar este percurso rumo à sustentabilidade, foi já sob a liderança da mesma que o grupo evoluiu, e tem vindo a evoluir cada vez mais nesse sentido, o que não podia deixar mais orgulhosa a nossa interlocutora, tal como a própria garante: “fazer parte de um grupo que tem estes valores e que os vive no dia a dia é algo que me dá muito orgulho, especialmente em Portugal”. Assumidamente uma marca amiga do ambiente, a Bel tem uma equipa global e local focada na sustentabilidade onde trabalham a agricultura sustentável. A entrevistada assume que “a utilização do solo, das águas e dos alimentos das vacas são produzidos com práticas sustentáveis, uma adequada gestão do solo, a não utilização de pesticidas mas antes de práticas de agricultura regenerativas, com pastagens com equilíbrio de plantas para que o solo seja protegido tudo com menor impacto ambiental”, são algumas das condutas que levam com muita seriedade nesta luta por um ambiente mais equilibrado, conforme podemos observar com Terra Nostra e as suas vacas Felizes nos Açores. A verdade é que o mundo se encontra em cons-

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“SEJAM MUITO CONSCIENTES DO VOSSO VALOR, E APRENDAM A GOSTAR MUITO DE VOCÊS PRÓPRIAS, APESAR DE TODAS AS DIFICULDADES. E SOBRETUDO EM TER A CORAGEM DE IR ‘EM FRENTE’!” tante mudança e para um grupo como a Bel é fundamental ouvir os consumidores e entender as suas necessidades. E é precisamente por isso que mais recentemente foi lançada uma linha de produtos 100% vegetais, uma vez que “sabemos que há muita procura nesse sentido, e nós como líderes de mercado, temos a obrigação de responder e estar à frente na inovação”, sustenta a Diretora Geral. E como todos bem sabemos, esta é uma luta que nunca termina, principalmente para a Bel, que agora conta com um novo e entusiasmante slogan “Bel: For All. For Good”. A PROFISSIONAL E MULHER QUE VIVE PELA MISSÃO Sabemos que Ana Cláudia Sá possui já uma vasta experiência profissional e académica, tendo obviamente uma trajetória que hoje lhe confere um cargo de liderança. Entre muitas particularidades que a possam descrever, a líder define-se como ‘missionária’. Afirma que vive pela missão e que adora fazer a diferença. Tal é a veracidade da sua postura que garante que “é fundamental sermos leais e verdadeiros com as nossas convicções. Quando assim é, uma pessoa inspira as outras que também o querem ser”. Acima de uma líder de excelência, está uma mulher de uma generosidade sem igual, porque no fundo o mais importante para Ana Cláudia é saber que está a lutar por um futuro mais risonho, para ela e para quem a rodeia. “Para mim o mais importante enquanto pessoa é fazer a diferença para o futuro das pessoas: os que trabalham comigo, os consumidores, os meus filhos e os jovens em geral”, assegura. A verdade é que os dias difíceis também existem para a nossa interlocutora bem como para toda a sociedade, mas é nesses momentos que devemos encontrar a força de reerguer e aprender “sem nunca perder de vista aquilo que é essencial”. E se o cargo de liderança concede a Ana Cláudia uma felicidade inexplicável, ao mesmo tempo exige uma coragem de outro mundo, uma vez que a igualdade de género continua a ser um tema bastante debatido, sendo que nesta problemática a líder sustenta que “todas as mulheres ainda enfrentam obstáculos pelo simples facto de o serem. Hoje em dia cada vez mais vemos mulheres

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a dirigir e a evoluir. Já há muito mais respeito pela comunidade feminina nas suas funções, no seu trabalho, e mesmo na vida pessoal. Existe uma grande evolução nesse sentido, mas ainda não é o ideal. O ideal seria que não existissem diferenças nenhumas. Porque ainda existem situações inaceitáveis”. Neste caso em particular e de forma a deixar o seu testemunho, Ana Cláudia confessa que se sentiu várias vezes discriminada ao longo da sua carreira. “Tive que ser muitas vezes melhor na inteligência emocional e intelectual, porque existem preconceitos contra as mulheres que temos de saber lidar de uma forma muito inteligente”, confessa. Certo é que mulheres unidas, são muito mais bem-sucedidas, e é precisamente neste lema que se prende a obrigatoriedade de o género feminino nunca deixar de se apoiar. Nunca foi tão importante estar alerta para o apoio e incentivo das mulheres, apostando na comunicação, de forma a que cada vez mais as mesmas possam ocupar cargos de liderança sem que lhes seja exigido mais do que a outra pessoa do sexo oposto. No século XXI é ainda “exigido à mulher uma capacidade de serviço que é desumana, no sentido de que ainda existe muita falta de compreensão para o facto de que a mulher também é mãe, e tem as suas necessidades pessoais. E que não podem estar disponíveis 100% do tempo, como muitas

vezes lhes é exigido. É inaceitável, porque as mulheres deviam poder ter todas as oportunidades sabendo que têm tempo para serem mães e para serem elas mesmas”, defende Ana Cláudia Sá. Segundo a líder, o mundo precisa de entender que “as mulheres devem ajudar-se a serem mulheres e a terem orgulho em sê-lo. Temos que aprender a aceitar que o ser feminino é extremamente rico para as organizações, porque efetivamente as mulheres têm uma maneira de pensar muito holística”. E se muitas vezes um cargo de liderança leva uma pessoa a ser vencida pelo cansaço, no reverso da moeda temos a falta de recursos, que acabam também por ser dos maiores obstáculos ao progresso da carreira. Com Ana Cláudia Sá não foi diferente, uma vez que a mesma se viu muitas vezes obrigada a recuar nas suas ideias. “Deparei-me muitas vezes numa encruzilhada porque tinha objetivos para atingir e não tinha meios para o conseguir. E como contornar esses obstáculos também faz parte da aprendizagem, muitas vezes tive que ir à luta e pedir ajuda”, confessa. Muitos afirmam que é precisamente com estes obstáculos que o ser humano evolui. O importante aqui é ter a resiliência para ir com eles ou ir contra eles, o que para a nossa interlocutora faz todo o sentido ao confessar que “às vezes eu própria tenho que me relembrar de qual é o meu objetivo maior, e muitas vezes tenho de ter a assertividade necessária para saber dizer que não. Mais vale um não hoje e, posteriormente, um grande sim retribuído pela vida, do que ir a todo custo por um caminho que não me pertence”. E sendo Ana Cláudia Sá uma fonte de inspiração e uma motivadora nata para todos os que a rodeiam, os papéis invertem-se quando questionada acerca das suas maiores inspirações, que admite serem: a leitura, a fé e os exercícios de autoconhecimento, o que lhe concerne uma visão muito positiva acerca do mundo e lhe dá uma perspetiva muito mais clara daquilo que é a vida. Em tom de conclusão, para todas as mulheres que, tal como a Diretora Geral da Bel Benelux, desejam trilhar um caminho de sucesso rumo aos seus desejos e objetivos, a mensagem da mesma é só uma: “Sejam muito conscientes do vosso valor, e aprendam a gostar muito de vocês próprias, apesar de todas as dificuldades. E sobretudo em ter a coragem de ir ‘em frente’!”. ▪


“AO CIDADÃO, CONSUMIDOR OU UTILIZADOR DE SERVIÇOS DEVE SER DISPONIBILIZADA INFORMAÇÃO TRANSPARENTE SOBRE O CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS AO LONGO DA CADEIA, QUE PERMITA A RASTREABILIDADE QUANTO À ORIGEM E TIPO DE MATERIAIS, PROCESSOS E ASPETOS SOCIAIS” PAULA POLICARPO


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“Nada se Cria, nada se Perde, tudo se Transforma” Com o foco na sustentabilidade ambiental, a DARiACORDAR/ZERO DESPERDÍCIO procura continuamente aumentar a consciencialização para a mudança de paradigma e comportamentos, alertando e explicando cada vez mais esta necessidade e o seu impacto no futuro. Entre este e outros assuntos extremamente importantes para a sociedade, Paula Policarpo, Presidente da organização, garante que “estamos a falar da sobrevivência da nossa espécie e da vida na terra”.

PAULA POLICARPO

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DARiACORDAR/ZERO DESPERDÍCIO é uma organização social e ambiental portuguesa, sem fins lucrativos fundada em 2011. Após 11 anos de atividade, quais foram as conquistas que esta associação reuniu e que são, com toda a certeza, um grande motivo de orgulho? A DA/ZD é uma associação sem fins lucrativos da economia social que tem por finalidade promover e contribuir para a prevenção e redução dos excedentes/produção (evitando o resíduo) e, caso existam, promover a sua manutenção na cadeia de valor/RRR, de um modo geral, e, nomeadamente, de sobras alimentares confecionadas, e/ou perecíveis em perfeitas condições de segurança e higiene alimentar construídas e validadas com a ASAE e pela DGAV e CE, bem como de têxteis lar e vestuário, sem prejuízo de outros bens (tangíveis e intangíveis) nos quais já estamos a trabalhar e pretendemos

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vir a integrar na nossa atividade (aparelhos elétricos e eletrónicos, plástico, livros, embalagens, entre outros). Para isso gerimos redes de operações no terreno de escala nacional, com o intuito de evitar a geração de resíduos têxteis e alimentares, mas atuamos em toda a pirâmide hierárquica de resíduos começando na prevenção. Promovemos e praticamos a consciencialização, educação e informação no sentido de mudar comportamentos, atitudes do atual paradigma insustentável. Recentemente, a DA desenvolveu a plataforma digital circular de economia colaborativa e inclusiva ZERO DESPERDÍCIO 360º que garante a recuperação total de bens e produtos, já implementada em toda a sua rede nacional. Atualmente, esta plataforma tem a capacidade de rastrear doações, em especial de alimentos e têxteis, e também cadastrar doadores e des-

tinatários, bem como cada transação. Também apresenta, em tempo real, os principais indicadores de impacto ambiental, económico e social. A sua infraestrutura está preparada para ser dimensionada para qualquer fluxo (por exemplo, plásticos, equipamentos EEE, entre outros) e para rastrear potenciais resíduos ao longo da cadeia de valor, dando-lhes uma segunda e terceira vida. Considera que, atualmente, a «tarefa» de mobilizar a sociedade para acabar com o desperdício alimentar por meio da consciencialização e educação é bem-recebida? Ou, pelo contrário, continua a ser um grande desafio? Continua a ser um enormíssimo, permanente e constante desafio, seja no desperdício alimentar, seja de outro tipo. Ontem participei num evento da APEMETA que terminou com uma intervenção do Pre-


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sidente da APA. por este ficámos a saber que, de acordo com o relatório que será publicado nos próximos dias não só divergimos ainda das metas europeias para os resíduos, como se verificou em Portugal um aumento geral destes nos últimos anos, o que não são boas notícias. Precisamos de aliviar a pressão da quantidade resíduos que produzimos, nomeadamente dos resíduos alimentares e Equipamentos elétricos e eletrónicos (EEE), começando em cada um de nós enquanto cidadãos e consumidores, bem como as entidades e organizações privadas ou públicas. A aposta tem que ser na prevenção, sensibilização e consciencialização atuando no início da hierarquia do resíduo (prevenção da sua geração), porque menos resíduo é mais valor e menos impacto. Na base da hierarquia é só correr atrás do prejuízo (aterro ou incineração). “Nada se perde, tudo se transforma”, é o mote da DARiACORDAR/ZERO DESPERDÍCIO. Na sua perspetiva, de que forma a população em geral pode (e deve) iniciar ou dar continuidade à implementação de boas práticas corporativas em prol do ambiente? A população em geral, somos todos nós nas nossas diversas qualidades e facetas, pelo que em todas as áreas e domínios em que atuamos temos que pensar, ser, agir e consumir conscientemente e ajustado às nossas necessidades, reaproveitar e reutilizar, bem como colocar em redes de recuperação e distribuição e recanalização de sobras; prolongar o uso que damos aos EEE e reparar em vez de deitar fora, são boas práticas e exemplos que devem ser promovidas e replicadas. A ideia de que o “menos é mais” é um bom mote e ilustra bem o que é lógico e sustentável. Relativamente aos processos e modelos produtivos têm que ser pensados, desenhados e concebidos circulares, do princípio (by design) ao fim (by default) do ciclo de vida, de forma a que tenham segundas e terceiras vidas ou possam ser reintroduzidos no processo produtivo. Ao cidadão, consumidor ou utilizador de serviços deve ser disponibilizada informação transparente sobre o ciclo de vida dos produtos ao longo da cadeia, que permita a rastreabilidade quanto à origem e tipo de materiais, processos e aspetos sociais. Temos que distinguir o que é greenwashing e mero marketing sob o lema de “eco, bio, neutro em carbono, entre outros” do que é realmente sustentável. Quanto ao resíduo tem que ser percebido e abordado pelos operadores que o tratam sempre como um RECURSO, evitar a todo o custo o aterro (não temos superfície terrestre para aterrar o resíduo crescente ao ritmo atual) e a incineração. Escalar e adaptar as boas práticas e soluções já testadas, partilhar conhecimento, tecnologia e investimento para soluções sustentáveis e diversificadas e não por fileiras. Trabalhar em complementaridade para evitar

"ACREDITO QUE TODOS NÓS SOMOS AGENTES DE MUDANÇA COM UM PAPEL NA CRISE CLIMÁTICA. TODOS NÓS FAZEMOS PARTE DA SOLUÇÃO" duplicar ou triplicar esforços e recursos. Por outro lado, é urgente harmonizar e estabilizar as métricas para quantificar e medir, recolher e tratar dados para que se possa conhecer o estado da arte, fazer o diagnóstico e trabalhar para alcançar as metas que devem ser um desígnio de todos porque só com o envolvimento de todos serão alcançáveis. Todos somos parte do problema e por isso da solução. Quão longo é o caminho para que as pessoas reconheçam, na sua plenitude, que os impactos da recuperação dos excedentes alimentares beneficiam as empresas e a comunidade onde se inserem? É urgente recuperar a Lei: "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Atualmente, criamos produtos e consumimos, coisas, bens e serviços vorazmente, utilizando os nossos recursos planetários comuns, que descartamos sem critério e não dando tempo à Natureza para transformá-los ou regenerá-los. Por outro lado, esquecemos que todos contam e não devemos deixar ninguém para trás. Acredito que todos nós somos agentes de mudança com um papel na crise climática. Todos nós fazemos parte da solução. Relativamente ao desperdício alimentar especificamente, é um conceito diretamente relacionado com a produtividade e uso ineficiente de recursos e da relação entre o alimento e o fim para que foi produzido/transformado. Tem enormes custos económicos, ambientais (responsável por 10% de emissão de gases de efeito de estufa pela poluição, aterro ou incineração que implicam) e sociais. Mas é a produção e a subsequente cadeia de valor dos alimentos que mais impacta recursos: 20% de terrenos, 32% da energia que produzimos e 70% da água potável, recursos humanos, transformados (embalagens, publicidade, transportes, venda, entre outros). Todavia e apesar de sabermos, em teoria tudo isto, mantemos níveis de DA muito altos, logo, temos que concluir e admitir que não estamos a ser eficazes nas mensagens. É crucial investir na educação e consciencialização adequada aos públicos para que se quer falar. Nomeadamen-

te às crianças e jovens, pois são estes o futuro e urge mudarem comportamentos e atitudes insustentáveis. Enquanto Presidente da DARiACORDAR/ ZERO DESPERDÍCIO, a Paula Policarpo é voz da união dos esforços pela promoção de atitudes, comportamentos, atividades, ações e iniciativas estratégicas que garantam o desenvolvimento de boas práticas ambientais. Em que momento percebeu que a sua missão de vida era ajudar a criar um mundo melhor para as futuras gerações? Eu diria que sou uma voz entre várias. A minha missão é ser melhor pessoa, profissional, cidadã, mãe e agir de forma sustentável, o que reconheço ser difícil e ter ainda muitos obstáculos no nosso dia a dia. Penso que se todos fizermos a nossa parte e tentarmos ser um pouco a mudança que queremos ver no mundo (como Gandhi) conseguirmos alcançar os ODS e, consequentemente garantir aos nossos filhos, netos e descendentes um planeta mais equilibrado, justo e regenerado e não os condenar a um futuro incerto, hostil e muito ameaçado. Assim, como caracteriza o seu percurso até aos dias de hoje? Quão gratificante é, para si, olhar para trás e percecionar tudo aquilo que construiu – e que construiu a pensar no meio ambiente e nas pessoas que nele habitam? O meu percurso é algo de que nem me dou conta, vai acontecendo por vários acasos e coincidências. O caminho faz-se caminhando dizem e no meu caso aplica-se muito bem. Não gosto de estar parada e acredito em causas ainda. Valorizo mais o todo que a parte e mais o bem comum do que o individual. Custa-me pensar e aceitar que em 2021 quase metade da polução mundial viva em escassez alimentar, cerca de um terço sem acesso a eletricidade, e a escassez de água aumente assustadoramente. A sustentabilidade implica não deixarmos ninguém para trás. Que mensagem lhe apraz deixar à comunidade sobre a importância de lutar até ao fim pelos princípios da economia circular? Vou usar um apelo de António Guterres: “Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório de hoje indica claramente, não há tempo e não há lugar para desculpas” a propósito do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que estima que o limiar do aquecimento global (de mais 1,5 graus centígrados) em comparação com o da era pré-industrial vai ser atingido em 2030, dez anos antes do que tinha sido projetado anteriormente, “ameaçando a humanidade com novos desastres sem precedentes”. Estamos, pois, a falar da sobrevivência da nossa espécie e da vida na terra. ▪

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As Pessoas: o Segredo do Sucesso da A Whirpool tem, há mais de 100 anos, o consumidor no centro da sua estratégia, a par da inovação dos seus produtos e da missão que pretende alcançar: atingir zero emissões até 2030. Sandra Rodrigues, Head of Sales Portugal, uma referência na arte de liderar pessoas rumo à sua melhor versão, tem sido uma das chaves principais do sucesso e história deste grupo que apoia a igualdade e a diversidade. Saiba os motivos que cimentam esta ideia.

SANDRA RODRIGUES

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á mais de 100 anos que a Whirlpool proporciona uma experiência única, através de produtos que sentem e se adaptam às necessidades do consumidor. Sendo um grupo líder de mercado como nos pode descrever a evolução que o mesmo tem tido no mundo e, em particular, em Portugal? O grupo Whirlpool apesar de ter o seu berço em Michigan, nos Estados Unidos, no ano de 1911, cedo cimentou a sua estratégia de penetração nos restantes continentes entrando na Europa pela aquisição do setor de grandes domésticos da marca Philips na década de 80, e, por conseguinte, também em Portugal. Durante vários anos o grupo foi adquirindo outras marcas e enriquecendo o portfólio de produ-

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tos para ter uma gama ampla que conseguisse abranger todos os tipos de consumidor do mercado, desde o mais trend, ao mais inovador e ao mais prático. Neste momento, do grupo em Portugal, fazem parte quatro marcas, Kitchen Aid, Whirlpool, Hotpoint e Indesit e a missão do grupo Whirlpool que é partilhado por todas estas marcas é uma, “oferecer tempo” aos nossos consumidores através de produtos que se adaptem às necessidades do seu dia a dia, para que possam aproveitar ao máximo cada minuto “Making the most of moments that matter”. As gamas da Whirlpool apoiam os «sonhos» dos seus clientes através de tecnologia de ponta, características intuitivas e design elegante – o gosto pela estética de cada um é,

em cada projeto, a inspiração. Assim, e tendo em conta as constantes transformações da sociedade, quão importante é focar na inovação? Acompanhar as tendências do mercado tem sido um verdadeiro mindset a seguir com rigor e persistência? O nosso grupo tem o consumidor no centro da sua estratégia, e quer acima de tudo, corresponder às suas necessidades e preocupações, pelo que cada produto é desenvolvido tendo em conta esta realidade. Nos últimos anos temos assistido a uma maior preocupação por todos os temas ambientais, quer de poupança de recursos diária, mas também no que se refere à nossa pegada ambiental pela herança de planeta que deixamos às gerações vindouras, património de todos. Na verdade, esta é uma preocupação de longa data do nosso grupo, cada vez mais presente nos seus produtos, como é exemplo a nova gama Supreme Silence de máquinas de lavar roupa da marca Whirlpool lançada este ano que poupa água, energia, detergente, mas também é composta por mais de 87% de componentes que podem ser reciclados após o uso. Esta nossa preocupação ambiental, não se esgota nos produtos, mas inclui também todo o processo de fabricação, sendo a meta do nosso grupo atingir zero emissões até 2030. Sabemos que, apesar de uma trajetória interrompida, a Whirlpool já faz parte da vida da Sandra Rodrigues há longos anos. Assim, como é para si, poder pertencer a uma marca com mais de dez décadas de história? O que a fez retomar este caminho? Todos nós somos feitos de experiências e aprendizagens que nos enriquecem, e nos moldam enquanto pessoas, e todo o percurso e os lugares por onde passei foram determinantes para a minha carreira e quem sou hoje. A Whirlpool foi e continua a ser uma empresa com valores sólidos, como a igualdade e a diversidade, e que ouve e aprecia a opinião de


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todos e acredita acima de tudo no empreendedorismo de cada indivíduo, mas sempre inserido numa lógica de trabalho de equipa em que o que conta é a soma das partes. Eu acho que foi a admiração por esta filosofia, da qual partilho e me revejo e o forte sentido de união deste grupo que justifica esta retoma. Enquanto Head of Sales Portugal, assume um cargo de liderança e de extrema responsabilidade. Ser líder implica, muitas vezes, guiar pessoas e ajudá-las no processo de se transformarem, enquanto profissionais, o melhor que podem ser. Neste sentido, para si, o que é mais gratificante na arte de liderar? Acho que a frase que melhor me poderia definir é a de ser extremamente positiva, mas acima de tudo muito racional. Sempre acreditei no melhor do ser humano, e numa equipa é essencial perceber as qualidades e os pontos de melhoria de todos os elementos, valorizá-las, mas acima de tudo, fazê-las crescer no bom sentido para que se sintam parte essencial no grupo e reconhecidos no seu trabalho. Enquanto líderes de grupos tão heterogéneos temos que nos adaptar a cada elemento, sendo na forma de comunicar como de fazer crescer. Na verdade, todos somos diferentes, mas todos queremos ser ouvidos e respeitados e valorizados enquanto profissionais e acima de tudo pessoas. A Whirlpool é, claramente, (re) conhecida pela qualidade dos seus produtos, mas não só. Os Recursos Humanos são também imensamente valorizados. Considera que este é também um forte impulsionador do sucesso do grupo? Tendo em conta a sua liderança, porque é tão importante preservar a equipa? Diria que este é o verdadeiro segredo do nosso grupo, as pessoas. Somos uma empresa de pessoas para pessoas, com um grupo unido e resiliente que quer ganhar nos resultados, mas com honestidade e humildade, e isto está presente em todas as suas relações seja com clientes, fornecedores, parceiros, consumidores e concorrentes no dia-a-dia. Apesar da evolução positiva do

tema, a igualdade de género é – ainda nos dias de hoje – uma problemática discutida e que merece toda a atenção. No seio da Whirlpool e da sua equipa, de que forma se promove esta questão? Sempre tentei ao máximo promover a igualdade de género durante a minha carreira profissional, sendo que faço parte atualmente do grupo Women’s Network que a nível Emea na Whirlpool acredita que fomentar oportunidades para as mulheres garantirem maior representação nos cargos de topo internacionais, ainda maioritariamente representados por homens, é essencial para o bem-estar do grupo devido à sua marcante inteligência emocional. Assim, a voz das mulheres deve ser ouvida. Sendo mulher e uma profissional bem-sucedida, é um poderoso exemplo de que o género não é uma questão quando se trata de uma carreira de sucesso. Acredita que esta poderá ser uma das suas grandes missões, não só na Whirlpool como na sociedade? Em que medida? Eu acho que o mais importante, é continuar a contribuir para a mudança do papel da mulher na nossa sociedade que se iniciou há décadas. As mulheres devem poder ter uma carreira de topo internacional, ser mães e construir uma família, sem ter que optar por uma das opções. Tudo tem haver com flexibilidade e criação de oportunidades nas empresas, mas acima de tudo com o acreditar que é possível pela própria mulher e também pelos líderes que as representam nas empresas.

Por fim, e sendo agora tempo de uma reflexão mais profunda, quais foram, para a Whirlpool, os pontos positivos deste ano que termina e que novidades podemos esperar para os meses que se avizinham? O que nos pode confidenciar? Este ano foi um ano de consolidação em termos de estabilidade na equipa depois de algumas mudanças internas na organização que fizemos, e um ano em que conseguimos alcançar marcos importantes como foi o caso de atingirmos o melhor mês de sempre em vendas/resultado na história da Whirlpool em Portugal, apesar de todos as dificuldades de disponibilidade de stock que enfrentamos fruto das condicionantes internacionais. Para 2022, esperamos que apesar da instabilidade internacional em termos de custos de matérias primas, transporte, disponibilidade de componentes e incerteza económica em Portugal, continuemos a crescer em resultado interno, mas também ganhar cada vez mais espaço no coração dos consumidores e estimular o sell out através da gama e da inovação dos lançamentos, para reforçar a nossa liderança em volume e valor no nosso país.

Que mensagem lhe apraz deixar a todas as mulheres que, tal como a Sandra Rodrigues, gostariam de trilhar um caminho de sucesso e alcançar todos os sonhos e objetivos? Acreditar sempre que é possível, ter confiança em nós mesmos enquanto pessoas e no que somos capazes, por mais que dificuldades que nos apareçam no caminho, pois são as dificuldades que nos fazem crescer. A confiança, no entanto, tem que estar sempre de mãos dadas com a humildade, e com a vontade de aprendermos até ao fim das nossas vidas e nos tornarmos cada vez melhores pessoas e profissionais. ▪

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“SEMPRE QUE POSSO E TENHO OPORTUNIDADE DE INTERAGIR COM AS NOVAS GERAÇÕES PROMOVO UMA FORMA DE DIALOGAR MUITO ABERTA, DESCONTRAÍDA, MAS ASSERTIVA E PRÁTICA COM FOCO NOS RESULTADOS” SILVIA RODRIGUEZ

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Vida Pessoal ou Profissional? A necessidade do Equilíbrio Silvia Rodriguez, Diretora Executiva das Conferências do Estoril pelas mãos da Nova SBE, é assumidamente uma líder focada em inspirar os mais jovens para a ação – o que confere a este projeto uma riqueza enorme. Com uma trajetória profissional exímia, garante que em momento algum descurou da vida pessoal, a que para ela está em primeiro lugar. Fique a conhecer este e outros detalhes tão importantes para a sociedade dos dias de hoje.

A

s Conferências do Estoril são eventos que promovem diálogos abertos acerca dos desafios globais com o objetivo de criar ligações eficazes e inovadoras de forma a evoluir no sentido de um futuro sustentável e inclusivo. Porquê a criação deste conceito? Porque acreditamos que um diálogo aberto, inclusivo e internacional permite contribuir com soluções e trazer novas perspetivas para os desafios mais urgentes que o futuro antecipa. Sabemos hoje, mais do que nunca, que o mundo precisa de mudança e de novos líderes capazes de inspirar as novas gerações a terem um papel mais de ativo na sociedade, num futuro que é comum a todos. Desde 2009 as Conferências do Estoril trouxeram a Portugal alguns dos maiores líderes mundiais e nacionais para debater os temas globais. Este tem sido o modelo das Conferências que iremos manter, agora nas mãos da Nova SBE. A Silvia Rodriguez é atualmente a Diretora Executiva das Conferências do Estoril pela Nova SBE cuja 7ª edição realizar-se-á nos dias 1 e 2 de setembro do próximo ano. Assim, qual será o mote desta efeméride? O tema central desta 7ª edição é “The Purpose Generation: Becoming the Changemakers of Tomorrow” que tem como objetivo trazer as novas gerações lado a lado com os grandes líderes nacionais e mundiais, unidos por um propósito comum de criar impacto e transformar as nossas sociedades nas mais diversas áreas. Serão debatidos temas como o desenvolvimento sustentável, o futuro do trabalho e o papel das universidades na formação dos futuros líderes, abrangendo a inclusão e o acesso igual à educação, mas também a economia do propósito, política, saúde e cooperação mundial, e a ética no uso das novas tecnologias. Sabemos que durante todo o seu percurso profissional sempre assumiu cargos de liderança, nos mais variados setores do mercado. Neste sentido, que peso tem para si, e na sua carreira assumir esta responsabilidade?

Quando decidi aceitar este desafio o que mais me motivou foi a oportunidade de reposicionar estrategicamente as Conferências do Estoril, tendo a oportunidade de trabalhar de perto com as novas gerações, envolvendo-os no desenho do programa, como forma de os inspirar à ação. Também o poder liderar um projeto com ambição internacional, interagindo com pessoas muito interessantes que trazem sempre novas perspetivas e ideias numa constante evolução. Por sempre ter sido uma mulher ativa e dedicada à carreira, em algum momento se viu obrigada a descurar da vida pessoal em detrimento da profissional ou vice-versa? A verdade é que nunca descurei a minha vida pessoal, tenho três filhos ainda pequenos que exigem muita atenção e acompanhamento, e sempre quis estar presente. Adoro ter uma vida profissional ativa, mas sempre escolhi projetos ou organizações que me permitissem ter autonomia com responsabilidade na apresentação de resultados, num modelo de trabalho flexível. Claro que houve alturas em que tive de dar mais atenção à vida profissional, principalmente antes de grandes eventos que realizei, mas sempre consegui ter um grande equilíbrio. O estilo de liderança da Silvia Rodriguez tem a missão de inspirar os mais jovens para a ação. De que forma, enquanto Diretora Executiva, passa esta mensagem? Sempre que posso e tenho oportunidade de interagir com as novas gerações promovo uma forma de dialogar muito aberta, descontraída, mas assertiva e prática com foco nos resultados. Acredito que é dando o exemplo que se inspiram os outros a seguir um modelo de atuação que queremos provocar. Dando a oportunidade de participarem de forma activa com as suas ideias e visões, envolvendo-os nas decisões e estratégia a seguir, fazendo parte do projeto. A pandemia que ainda atravessamos obrigou a que todas as pessoas – e empresas – ti-

vessem que reformular os seus objetivos. Para a Silvia Rodriguez, enquanto líder e enquanto mulher, o que é que mudou? Sinto que mudou a minha forma de ver a vida, com um foco maior no propósito, e relativizando os problemas e dificuldades que vivemos no dia a dia, onde hoje encaro mais como desafios de aprendizagem e evolução. Também o sermos mais humanos e disponíveis ao outro, tanto nas empresas como na vida pessoal. Certo é, que se tem vindo a assistir cada vez mais a uma paridade de género dentro das organizações, sendo que atualmente já muitas mulheres ocupam cargos de liderança. Acredita que a igualdade de género ainda continua a ser uma transformação social necessária? Porquê? Sim, apesar de já existir cada vez mais um equilíbrio nas organizações e nos boards, acredito que ainda há espaço para evoluirmos em Portugal neste tema da paridade. Nas multinacionais temos visto isto a acontecer, mas ainda existem muitas empresas e instituições nacionais onde os homens ocupam na sua grande maioria os cargos de topo, onde as mulheres não têm oportunidade de fazer parte do desenho da estratégia, surgindo mais em áreas operacionais, ainda que com cargos de liderança. ▪

A terminar, qual o segredo para trilhar um caminho de sucesso tanto a nível profissional como pessoal? Diria que ser fiel a si próprio, com todos os defeitos e qualidades, numa missão de vida clara e objetiva onde nunca podemos parar de crescer e evoluir. O segredo poderá estar em nos conhecermos bem enquanto pessoa que somos, respeitando os nossos limites, para encontrarmos um equilíbrio em ambas as áreas profissional e pessoal.

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A Importância da Saúde Ocupacional para as Organizações Da licenciatura em Fisioterapia, ao doutoramento em Atividade Física e Saúde na vertente da Saúde Ocupacional e à investigação diária que desenvolve na área da Saúde Ocupacional em parceria com dois centros de investigação do Porto, Isabel Moreira de Silva assumiu que tem como missão de vida aplicar o seu conhecimento em prol da saúde e bem-estar dos Recursos Humanos. Neste sentido, em 2019, fundou a Moreira & Moreira da Silva (MDS), cujos serviços estão ligados a esta temática cada vez mais importante. Conheça tudo.

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ISABEL MOREIRA DA SILVA

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o âmbito da Saúde Ocupacional, o percurso de Isabel Moreira da Silva iniciou-se quando, ainda a frequentar a licenciatura em Fisioterapia, desenvolveu um projeto pioneiro que tinha como objetivo verificar o efeito das alterações nos postos de trabalho, introduzindo atividades físicas para as lesões musculares associadas ao mesmo. Certo é, não tendo especial interesse pela prática clínica da área, a nossa entrevistada assume que sempre foi adepta de desenvolver a profissão no terreno e, assim, encontrar soluções que promovam a saúde e o bem-estar dos colaboradores. Após inúmeros projetos bem-sucedidos, e sempre à procura dos mais claros conhecimentos sobre a área, ingressou no doutoramento em Atividade Física e Saúde pela Faculdade de Desporto da Universidade de Porto. Tendo sido esta a sua grande «rampa de lançamento» para todas as oportunidades que viriam a seguir. O início da sua ligação ao mundo empresarial surge com o reconhecimento do seu trabalho pelo gigante alemão de BOSCH TERMOTECNOLOGIA recrutando-a para a integrar a gestão e supervisão de Projetos de Saúde Ocupacional e a gestão do serviço de Reabilitação Física da empresa. A par disso, Isabel Moreira da Silva estreou-se no universo do Ensino Superior, desta vez na qualidade de Professora Universitária. Com um trajeto preenchido por merecidas oportunidades, o trabalho foi acumulando, acabando por sentir, naturalmente, uma necessidade maior em criar a sua própria empresa e recrutar profissionais da área que a ajudassem a concretizar a missão que tinha – e ainda tem – em mãos: promover atividades de saúde humana. Assim surgiu a Moreira & Moreira da Silva, a marca que fez nascer, crescer e brilhar. Atualmente, entre outras, desempenha funções de consultora externa na THE NAVIGATOR COMPANY onde tem a responsabilidade de coordenar os Programas Horizonte Seguro 2020 e de Saúde Ocupacional na dependência direta da função de Corporativa de Segurança e Saúde da THE NAVIGATOR COMPANY, com resultados reconhecidos pela organização e seus colaboradores. O projeto desenvolvido na NAVIGATOR é de extrema importância para a MDS, pela notoriedade da empresa, e porque revela o interesse e oportunidade do desenvolvimento deste tipo de serviços em empresas que revelam forte preocupação social com o bem-estar e qualidade dos seus colaboradores, servindo de exemplo para as demais organizações independentemente da sua dimensão. Além de desenvolver atividade através da sua empresa, continua a ser docente no Ensino Superior na Universidade Fernando Pessoa, realiza Formações em escolas e empresas para a promoção da saúde e é ainda Investigadora Principal


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em alguns projetos de dois centros de investigação da Universidade do Porto e Universidade Fernando Pessoa. PROJETO MOREIRA & MOREIRA DA SILVA Sabe-se que a Saúde Ocupacional é uma área de intervenção prioritária que valoriza o local de trabalho como espaço privilegiado para a prevenção primária dos riscos ocupacionais, a proteção e promoção da saúde e para o acesso aos serviços de saúde aos colaboradores. E é precisamente neste objetivo que a MSD se foca. “Não tendo capacidade de responder a todas as minhas atividades comecei a pedir suporte a colegas acabando por recrutar pessoas para me ajudarem a aplicar a Saúde Ocupacional. Ou seja, nós desenvolvemos soluções que consistem em promover pausas ativas, em que o colaborador possa alterar a sua postura de trabalho, e onde ensinamos o gesto laboral. Por exemplo, se são pessoas que estão sentadas à frente de um computador o dia todo, nós ajudamo-las a terem uma postura mais favorável para a sua saúde e produtividade”, afirma Isabel Moreira da Silva. Estes programas são extremamente benéficos, seja para a empresa, como para o colaborador. Mas será que, atualmente, são encarados de forma positiva? Haverá hoje uma consciencialização de que, por vezes, é necessário parar uns minutos e recomeçar para que o trabalho deseja desenvolvido com maior eficiência? A nossa interlocutora assume que esta “é uma área muito pouco explorada em Portugal, o que é uma pena”, acrescentando ainda que “tenho publicados inúmeros artigos em que estão identificadas as vantagens cientificas destes programas. Ter uma equipa multidisciplinar dentro de uma empresa, com um Fisioterapeuta, um Psicólogo ou um Nutricionista é, sem dúvida, muito bom. O colaborador tem de ter boas condições, não somente salariais, mas também físicas e psicológicas para desenvolver, com eficácia, o seu trabalho”. Para a Fundadora da Moreira & Moreira da Silva “bastam apenas 15 minutos de pausa para os colaboradores realizarem a atividade física laboral, sendo que, esta, tem várias formas: pode ser uma formação, uma avaliação do posto de

trabalho ou, simplesmente, falar com eles sobre o que se poderia melhorar”. “A SOCIEDADE EM GERAL AINDA NÃO ESTÁ SUFICIENTEMENTE CONSCIENCIALIZADA PARA OS BENEFÍCIOS DA SAÚDE OCUPACIONAL” Modificar o «modus operandi» de qualquer área de atividade é algo que requer tempo, conhecimento e, muitas vezes, paciência. Assim, por muito que, inicialmente, se estranhe qualquer mudança, tem de existir a preocupação de compreender o seu significado. Isabel Moreira da Silva garante que “a sociedade em geral ainda não está suficientemente consciencializada para os benefícios da Saúde Ocupacional. Quando batemos à porta de uma empresa para sugerir este programa, a resposta imediata, na maioria das vezes, é não. Só depois de me ouvirem, é que começam a entender a minha perspetiva. Os próprios colaboradores precisam, muitas vezes, de perceber que estamos lá para os ajudar nas suas condições físicas e psicossociais”. Claramente, mudar de hábitos é uma tarefa complexa, porém, neste caso, quando aplicada, surtem efeitos extraordinariamente positivos para todos os envolventes. É por saber deste facto que a nossa entrevistada gostaria que, daqui a uns anos, a Saúde Ocupacional – e tudo o que a mesma envolve – pudesse fazer parte da política das empresas e da sua essência. “Se começarmos a cuidar dos colaboradores desde o início, se implementarmos desde logo medidas preventivas, as empresas como a MSD não têm de atuar apenas na parte da reabilitação. É preciso prevenir os problemas, quer sejam físicos, psicológicos ou sociais. É necessário desmistificar a ideia de que, por exemplo, as pessoas só produzem no trabalho físico. Percebemos agora que, apesar de ter sido forçado, o teletrabalho é um ótimo impulsionador de produtividade, sabendo geri-lo, claro está”, garante. Assim, e daqui a cinco anos, o ideal seria que, em vez de ser a MSD a ir ter com as empresas e apresentar o projeto, que fossem as organizações a perceberem que é vantajoso para todos, e que fizessem da Saúde Ocupacional uma política natural. ▪

A marca que ainda agora começou Com apenas três anos de história, a Moreira & Moreira da Silva está a construir o seu caminho, tendo como vantagem o rosto que se encontra por detrás. Não fosse esta uma empresa onde os colaboradores são a premissa e o valor acrescentado das conquistas, a mesma, pretende nos próximos anos contratar mais profissionais e fomentar tudo aquilo que Isabel Moreira da Silva sempre acreditou. “Tenho tentado mostrar cientificamente que é possível transformar colaboradores felizes – e com as devidas condições - em produtividade e eficácia, mas o objetivo é, claro está, fazê-lo na prática”, garante, por fim, a nossa entrevistada. Ainda que a Saúde Ocupacional se encontre longe da meta pretendida, a MSD tudo fará para cimentar o seu significado e alavanca-lo para ser, dignamente, aplicado nos domínios de qualquer organização.

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“Tenho a Sorte de poder dizer que tenho um Trabalho de Paixão, numa Empresa de Coração” Cátia Nunes, Business Partner e Export, com a gerência do Sul da Europa, de África, dos Emirates e da Turquia da marca Burger & Cie, abordou em entrevista tudo aquilo que tem vindo a conquistar para e com a marca que orgulhosamente lidera. Conheça os fatores que têm destacado a mesma no mercado e os produtos inovadores que estão por detrás de todo o sucesso.

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marca Burger democratiza o design da madeira para o benefício de todos, com conceitos inovadores em decoração. De grades elegantes a escadarias brilhantes, todos os produtos são projetados para serem fáceis de montar. Que fatores diria que, ao longo dos tempos, têm trazido a empresa ao reconhecimento no mercado? A empresa Burger é uma empresa familiar que existe desde 1847, e que continua com a 6ª geração. Para poder continuar a existir, a desenvolver, e a crescer, a solução foi adaptar-se. Adaptar-se ao mercado, claro, mas também à evolução das expectativas do cliente. E sobretudo, o que tem trazido a Burger ao reconhecimento no mercado, é ter feito sempre o necessário para ter um passo à frente e propor produtos inovadores. A inovação e a antecipação são as chaves desta empresa. Tendo um compromisso com a acessibilidade, a Burger dispõe tudo o que é necessário para decoração, do estilo clássico ao moderno. Quais são as gamas que a marca oferece e que se orgulha por serem um destaque tremendo pela sua qualidade? A Burger tem a vantagem de poder propor várias gamas de produtos para o interior e o exterior da casa. As gamas principais são sem dúvida a de jardim “Jardipolys” com produtos de madeira tal como jardineiras, hortas, pérgulas. Mas também a gama “Burger” de corrimãos, resguardos e escadarias de madeira e alumínio. E sobretudo a gama “grad” que é um sistema de instalação de deck, de fachada, teto e cobertura, por simples encaixe. Esta última gama, é a mais destacada nos últimos anos. O que faz a força destas gamas, é que são desenhadas, desenvolvidas e fabricadas por nós, tendo serviço de design, de desenvolvimento e de produção integrados na própria empresa. Graças a isso, podemos responder a todo o tipo de projeto.

CÁTIA NUNES

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Antecipar o consumidor e as tendências de decoração é um dos grandes trunfos da Burger. Assim, sempre na vanguarda da inovação, quão


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importante é, para o setor onde a mesma se insere, esta aposta constante na «novidade»? O facto de estarmos sempre a inovar e a desenvolver novos produtos e a melhorar as nossas gamas, é de verdade a grande força da Burger. Podemos responder a todo o tipo de projeto, e propomos solução a cada problema. E muito importante, criamos a possibilidade de propor produtos não só inovadores, mas únicos e patenteados. Isto faz da Burger uma empresa inovadora, que continua a crescer e a propor novidades, que unicamente se encontram na Burger. A Cátia Nunes já caminha lado a lado com a Burger há cerca de seis anos. Atualmente, assumindo o papel de Business Partner, que mais-valias este cargo de extrema relevância trouxe à sua carreira profissional? O meu caminho já se cruzou com a Burger há dez anos. Comecei como assistente comercial de exportação, e fui subindo de cargo no serviço comercial. De facto, faz seis anos que assumo o posto de Business Manager, e mais precisamente de Export pois tenho a gerência do Sul da Europa, da Africa, dos Emirates e da Turquia. Este cargo tem uma grande importância na minha vida pois sempre foi o trabalho que desejei fazer desde os meus 14 anos. Tenho a sorte de poder dizer que tenho um trabalho de paixão, numa empresa de coração. Todos nós somos movidos diariamente por algo que nos fascina, por querer fazer mais e melhor, ou por um objetivo concreto que desejamos alcançar. No caso da Cátia Nunes – e tendo em conta o exemplo que é, no que diz respeito à liderança feminina – qual tem vindo a ser o estímulo diário ao longo dos anos? O meu estímulo diário é o mesmo desde o prin-

“O MEU ESTÍMULO DIÁRIO É O MESMO DESDE O PRINCÍPIO E CONTINUA A SER, DE TER ORGULHO NO QUE FAÇO, E NO QUE SOU. E SEMPRE FAZER O QUE ME FAZ FELIZ. E O MEU TRABALHO FAZ-ME FELIZ” cípio e continua a ser, de ter orgulho no que faço, e no que sou. E sempre fazer o que me faz feliz. E o meu trabalho faz-me feliz. Mas também ver o orgulho nos olhos das pessoas que me são queridas, pois os meus pais batalharam para me dar a possibilidade de estar onde estou hoje, e deram-me as armas para eu ser quem sou. O facto de avançar, de poder ser um exemplo, e de continuar o meu desenvolvimento profissional, é a minha maneira de lhes agradecer. E também, espero, poder ser o orgulho da minha filha, que hoje tem três anos, mas que amanhã será uma mulher. Mostrar-lhe que tudo é possível quando se tem a motivação e que se acredita que somos capazes. De acordo com o seu know-how e a experiência obtida em várias áreas de atividade, que características diria serem fulcrais para se singrar no mundo dos negócios? Em particular, qual tem sido o segredo que tem trilhado o caminho do seu sucesso? Ter prazer no que fazemos e sermos nos próprios. Para mim é o fundamental. A honestidade, o respeito e a transparência com os meus clientes e parceiros, é o que sempre pus em primeiro lugar. Ser um apoio, estar disponível, à escuta, e sempre com um sorriso. Os meus clientes e parceiros

sabem que podem contar comigo, no bom como no menos bom. É esse o segredo. É como um casamento. Há altos e baixos, mas juntos somos sempre mais fortes. E é isso que eu veiculo com quem trabalho. Para terminar – e para o ano de 2022 que está prestes a começar -, qual continuará a ser o seu papel na Burger, dando seguimento à qualidade e inovação tão características da empresa? O meu papel continuará a ser de desenvolver os mercados que gerencio, ajudar no crescimento da empresa nesses países. Nomeadamente em Portugal, onde novos parceiros vão começar a trabalhar conosco com o sistema grad, e pelo qual sabemos que há bastantes possibilidades de crescimento e oportunidades no nosso país. Acredito que hoje, é só o princípio de um longo casamento. O ano 2022 será o ano do desenvolvimento da gama grad mais particularmente, pela qual temos grandes expectativas! É um sistema que tem de ser mostrado, apresentado e tem de ser dado a conhecer porque não há mais inovador hoje no mercado da instalação do deck, da fachada, do teto e da cobertura. 1 sistema = 4 possibilidades. O meu papel vai ser esse mesmo, com o mesmo prazer e paixão. ▪

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O melhor dos dois mundos:

Advocacia e Ballet Chama-se Maria Ana Real Geraldo Dias, é fundadora do escritório de advocacia “Real Avocats à la Cour”, e surpreendentemente da escola de dança “Real Academy of Dance”. Com um percurso académico desde sempre ligado ao Direito, a nossa entrevistada é assumidamente uma apaixonada pelo Ballet. Por esse motivo, em 2014 decidiu que ao contrário daquilo que a sociedade pensa, uma mulher pode sim, fazer e ser o que ela quiser. Conheça este mundo da Advocacia complementado pelo amor à dança clássica.

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MARIA ANA REAL GERALDO DIAS

asceu em Lisboa, a 14 de setembro de 1981, e atualmente reside no Luxemburgo onde exerce a sua profissão de advogada, ao mesmo tempo que dança profissionalmente e ensina ballet àqueles que tal como ela, o veem como uma paixão. Mas não se trata apenas do amor ao trabalho, a nossa entrevistada – apesar de ser difícil conciliar – não descura da sua vida pessoal. “Não importa só a vida profissional, a vida familiar é para mim fundamental”, inicia. Conta com uma vasta formação académica na área do Direito, uma vez que se licenciou em Direito, tendo-se especializado em 2005 em Direito Europeu pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e pela Universidade de Bremen, na Alemanha. Em 2006 adquiriu o grau de Mestre em Europa Recht pela Universidade de Saarbrücken, Europa-Institut. Em 2007, na capital do Reino Unido recebeu o certificado em Direito da União Europeia pelo King’s College, e já no Luxemburgo trabalhou no Tribunal de Justiça da União Europeia e num Escritório de Advocacia de renome durante vários anos. Em 2009, formou-se em Direito Luxemburguês. EXPERIÊNCIA E KNOW-HOW: O FATOR-CHAVE DA DIFERENCIAÇÃO Possuidora de um inigualável espírito aventureiro e empreendedor, foi em 2015 que fundou o escritório de advocacia Real Avocats à la Cour, atualmente um escritório composto

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por jovens e dinâmicos advogados associados, localizado no coração da cidade do Luxemburgo. Este é um escritório onde a equipa – altamente competente – é especializada no contencioso geral, que tem como foco principal a matéria civil e comercial, direito da família, direito imobiliário, direito penal, direito do trabalho e direito da União Europeia. Assim, oferece serviços de assessoria jurídica e representação legal na justiça a uma vasta gama de clientes diversificados, através de uma rede variada de escritórios de advocacia internacionais. Toda essa excelência profissional, é – claro está – proporcionada pelo excelente ambiente de trabalho que se vive entre a equipa. Por outro lado, existe também o fator-chave no seio de qualquer empresa: os clientes. No escritório Real Avocats é fundamental que se faça um acompanhamento personalizado a todos os clientes, criar um elo de ligação sólido, para que se cumpra com a palavra de ordem – o trabalho de excelência. Em território português, é um escritório que presta apoio jurídico tanto na perspetiva de investimento nacional como internacional. Qualidade, eficiência e positivismo são a chave fundamental deste escritório de advogados liderado por Maria Ana Real Geraldo Dias, que diariamente motiva a equipa a alcançar a satisfação total dos clientes. E para que esses alicerces nunca falhem – não fosse a líder possuidora de um know-how inigualável – todos os advogados estão aptos a trabalhar com


clientes em inglês, alemão, francês, português e luxemburguês. No entanto, e sendo orgulhosamente portuguesa, Maria Ana Real Geraldo Dias não é só “advogada dos portugueses”, tendo uma vasta clientela internacional. Como se não bastasse o cargo de liderança que ocupa, a nossa interlocutora nunca descurou daquela que é a atividade que mais entusiasmo lhe dá: o Ballet. Amante desta prática, estudou ballet no Conservatório Nacional de Dança de Lisboa, tendo vindo a fundar em 2014 a escola de dança “Real Academy of Dance”, no centro da cidade do Luxemburgo. Nesta área, a nossa interlocutora é professora certificada em Ballet Teaching Studies e em Progressing Ballet Technique. Como de mérito – merecido – se tratasse, é uma professora qualificada da Royal Academy Of Dance, uma organização de ensino e formação em dança com sede em Londres, permitindo aos seus alunos que participem em variados exames a nível internacional. Na Real Academy of Dance (anteriormente Workout Ballet School), para além de professora titular, é também gestora. Esta é uma escola que oferece uma variedade de aulas de condicionamento físico e ballet para crianças e adultos. Estamos efetivamente a falar de uma academia que em muito se diferencia das restantes. Desde os certificados que Maria Ana Real Geraldo Dias possui, até ao amor que coloca naquilo que ensina, este é o sítio onde os apaixonados pela dança podem realmente sentir-se felizes e realizados.

O PODER DA MULTIPLICAÇÃO DA MULHER Muitos são os benefícios que um cargo de liderança acarreta, mas a verdade é que as mulheres ainda hoje se vêm obrigadas a lidar com alguns obstáculos, e com a nossa entrevistada não foi diferente. Garante que sentiu preconceitos algumas vezes que apenas foram superados porque efetivamente tinha um percurso pautado por diversas formações, o que lhe confere conhecimentos além do expectável. Para além das vastíssimas funções da interlocutora, uma das que maior valor aporta para a mesma é ser advogada de crianças. É nomeada pelo próprio tribunal para defendê-las, o que lhe confere uma ligação muito vincada com os mais novos. Maria Ana Real Geraldo Dias é um poderoso exemplo de que a mulher não é – nem deve ser – condicionada apenas a uma atividade. Ainda que o tema tenha evoluído positivamente nos últimos anos, importa dar exemplos práticos de pessoas, mulheres e profissionais que desfrutam da sua vida em prol daquilo que lhes faz “brilhar os olhos”. Neste caso, a Advocacia e o Ballet são temas que, embora díspares, se unem num só traço e elevam a sua verdadeira missão de vida. E para todas as mulheres que tal como a nossa entrevistada desejam trilhar um caminho de sucesso rumo aos seus objetivos, o segredo é “nunca desistir, as mulheres conseguem tudo com vontade, motivação, trabalho e amor. Basta isso. Lutar, ter garra e nunca desistir. Ter muita força”, termina Maria Ana Real Geraldo Dias. ▪

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The best of both worlds:

Law and Ballet

Her name is Maria Ana Real Geraldo Dias, she is the founder of the law firm “Real Avocats à la Cour”, and surprisingly of the dance school “Real Academy of Dance”. With an academic path that has always been linked to Law, our interviewee is admittedly passionate about Ballet. For this reason, in 2014 she decided that contrary to what society thinks, a woman can, yes, do and be whatever she wants. Discover this world of law practice combined with the love of classical dance.

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MARIA ANA REAL GERALDO DIAS

aria Ana was born in Lisbon, on September 14, 1981, and currently resides in Luxembourg where she works as an attorney, while professionally dancing and teaching ballet to those who, like her, see ballet as a passion. But it’s not just about work. Maria Ana does not neglect her personal life even if it is difficult to reconcile family life and career. “It’s not just about professional life, family life is fundamental for me”, she says. She has extensive academic training in the field of Law: Since her graduation, she specialized in European Law in 2005 at the Faculty of Law of Universidade Nova de Lisboa and at the University of Bremen, Germany. In 2006 she acquired a Master’s degree in European Law from the Europa-Institut at the University of Saarbrücken. In 2007 she received a certificate in European Union Law from King’s College, and being already in Luxembourg, she worked at the European Court of Justice and in a first tier Luxembourg law firm for many years. In 2009, she graduated in Luxembourg Law. EXPERIENCE AND KNOW-HOW: THE KEY FACTOR OF DIFFERENTIATION Possessing an unequaled adventurous and entrepreneurial spirit, it was in 2015 that she founded the law firm Real Avocats à la Cour, staffed by young and dynamic as-

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sociate lawyers and located in the heart of Luxembourg City. The highly competent team is specialized in general litigation, with main focus on civil and commercial matters, family law, real estate law, criminal law, labor law and European Union law. The firm offers legal advisory services and legal representation in court to a wide range of clients through an expansive network of international law firms. The professional excellence is nurtured by the excellent working environment. On the other hand, there is also the key factor for any service company: customers. At Real Avocats it is essential that a personalized follow-up is provided to all clients, thus creating solid client relationships and maintaining the standard of excellence. In Portugal, the firm provides legal support from both the national and international investment perspective. Quality, efficiency and positive attitude are fundamentals for this law firm and they daily motivate the team to achieve total client satisfaction. In addition to the unrivaled know-how of the founder, all lawyers are able to work with clients in English, German, French, Portuguese and Luxembourgish. Despite being proudly Portuguese, Maria Ana Real Geraldo Dias is not just a “lawyer for the Portuguese”, but has a vast international clientele.


As if the legal leadership position she occupies were not enough, our interlocutor never neglected the activity that gives her the most enthusiasm: Ballet. A lover of this practice, she studied ballet at the National Dance Conservatory of Lisbon. In 2014, Maria Ana founded the dance school “Real Academy of Dance”, located in the center of Luxembourg city. Maria Ana is a certified teacher in Ballet Teaching Studies and in Progressing Ballet Technique. Because of her merit – deserved – she is a qualified teacher at the Royal Academy Of Dance, a dance education and training organization based in London, enabling its students to participate in various examinations internationally. In addition to being a full professor at the Real Academy of Dance (formerly Workout Ballet School), Maria Ana is also the manager of the school. The school offers a variety of fitness and ballet classes for children and adults. We are effectively talking about an academy that is very different from the rest. From the certification the school provides to the love Maria Ana puts in what she teaches, this is the place where dance lovers can really feel happy and fulfilled. THE POWER OF WOMEN’S MULTIPLICATION There are many benefits that a leadership

role brings, but the truth is that women still have to deal with several obstacles today, and our interviewee is no different. She assures that she sometimes felt prejudices that were only overcome because she effectively had a path formed by different backgrounds, which gave her knowledge beyond what was expected. In addition to the many other roles Maria Ana has one of the most valuable to her is being a lawyer for children. She is appointed by the court itself to defend them, which gives her also a very strong connection with children and younger clients. Maria Ana Real Geraldo Dias is a powerful example that women are not – and should not be – conditioned to just one activity. Although the matter has evolved positively in recent years, it is important to give practical examples of people, women and professionals who enjoy their lives by doing what makes their eyes “sparkle”. In this case, Law and Ballet are themes that, although different, are united in a single line and elevate their true mission in life. And for all women who, like our interviewee, wish to take a successful path towards their goals, the secret is “never give up, women achieve everything with desire, motivation, work and love. That’s enough. Fight, be brave and never give up. Have a lot of strength”, finishes Maria Ana Real Geraldo Dias. ▪

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“A NADIVA JÁ ESTÁ NO MERCADO DESDE 2008, COM PROVAS DADAS E COM FOCO NA ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EVENTOS CORPORATIVOS, SERVIÇOS E CONSULTORIA DE DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS” JUDITE DIAS

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NADIVA

CAPACIDADE E RIGOR Partilhar a sua experiência com as novas gerações, não potenciar as adversidades, mas sim solucioná-las e aproveitar as oportunidades de crescimento, seja pessoal ou profissional, é o que predomina e preenche a história de Judite Dias, Fundadora da NADIVA – Eventos, Serviços e Consultoria. Conheça as vantagens e soluções que esta empresa tem vindo a promover em Angola desde 2008 – ano da sua criação.

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NADIVA é uma empresa especializada em consultoria, organização e produção de eventos corporativos, convenções, seminários, congressos, team building, entre outras. De que forma a empresa oferece uma assistência personalizada na idealização, gestão e organização global de cada evento? A NADIVA já está no mercado desde 2008, com provas dadas e com foco na organização e gestão de eventos corporativos, serviços e consultoria de desenvolvimento de negócios. Nós concentramo-nos num nicho específico oferecendo serviços de excelência ao cliente. As múltiplas variáveis que devem ser levadas em conta são o serviço personalizado e a sua complexidade, que está ligada ao nível de experiência das nossas equipas, networking, e as ferramentas utilizadas para o sucesso das nossas atividades e plena satisfação dos nossos clientes. A marca apresenta-se com uma equipa de experiência reconhecida, pautada no profissionalismo, qualidade e alta performance e por uma estrutura empresarial dinamizada. Considera que é exatamente a equipa a força motriz da NADIVA? Em que medida? Sim, o trabalho em equipa é o que permite alcançar os objetivos. Procuramos inovação no nosso dia a dia, procuramos trabalhar com uma equipa composta de profissionais inteligentes, colaborativos e informativos. O nosso slogan é “Capacidade e rigor”. A marca agiliza ainda todos os procedimentos e etapas de organização de eventos, estendendo

todos os serviços a todas as províncias de Luanda. Tendo parcerias estratégicas a nível mundial com reputadas empresas nos mais diversos setores, é legítimo afirmar que a NADIVA tem promovido o seu país e as empresas que nele «habitam»? O contacto diário com os nossos parceiros permitem promover Angola, a sua cultura e potencialidades além-fronteiras. Há muito interesse de investimento em Angola, e nós, NADIVA, temos servido de elo para aproximar as partes interessadas.

ção da NADIVA, foi também este o seu objetivo? O nosso principal objetivo é ser uma marca que seja reconhecida pela boa performance e integridade. Olhando para trás – e vendo tudo o que conquistou em Angola e na Lusofonia – qual é o sentimento que, enquanto pessoa, mulher e profissional, predomina? O que está ainda por realizar? Como mulher e profissional o meu sentimento é o de não

potencializar os problemas, mas sim ter a capacidade de solucioná-los, partilhar a minha experiência com a nova geração, e aproveitar as oportunidades de crescimento que me permitam melhor posicionamento no mercado. Eu penso que temos que explorar melhor as potencialidades, oportunidades de parcerias e negócios entre os países lusófonos, numa perspetiva win/win e tirar melhor proveito dos acordos de livre circulação na CPLP. ▪

Certo é, os eventos empresariais são a imagem do sucesso da organização da própria empresa que promove o evento. Assim, quais diria que são as vantagens para se realizar um evento corporativo com o auxilio da NADIVA? As vantagens de usar os nossos serviços prendem-se com um serviço especializado com profissionais experientes, onde o cliente não se preocupa com os detalhes, tanto na organização de um evento, como na criação e condução do desenvolvimento dos seus negócios. Falemos agora um pouco sobre a Judite Dias. Sabendo que é a Fundadora da NADIVA, como surgiu este projeto na sua vida? Sempre ambicionou ter uma marca onde pudesse ajudar as organizações a promover as suas mais-valias? Há ainda muito por realizar quando olho para trás, evidentemente agradecendo as conquistas e reavaliando os erros do passado. Considera que este setor da consultoria, organização e produção de eventos, é extremamente benéfico para a união e promoção da Lusofonia? Aquando da cria-

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“Autoconhecimento, Humildade e Coragem são fundamentais para um Caminho de Sucesso” Assumidamente uma sonhadora que perpetua um estilo de liderança empático, a nossa entrevistada, Rita Rocha, Fundadora e CEO da RR&NP Business Development, entidade com poucos anos de vida, - mas um sucesso inigualável – abriu o véu à Revista Pontos de Vista, onde revelou os detalhes que mais marcaram a sua vida pessoal e profissional. Num mundo onde a liderança feminina ainda é alvo de olhares duvidosos, esta é a mulher que tem a missão de evidenciar como a chefia não é mesmo uma questão de género.

“O MEU PILAR SOCIAL MUITAS VEZES FOI A MINHA PEDRA NO SAPATO, PORQUE EU QUERIA TER TEMPO PARA TER MAIS QUALIDADE DE VIDA E UMA MELHOR VIDA SOCIAL, E EU NÃO TINHA PORQUE FIZ A ESCOLHA DE VENCER PROFISSIONALMENTE” RITA ROCHA

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ita Rocha é empresária há duas décadas, mas foi apenas há quatro anos que consentiu, - pelas palavras de um amigo – que era o momento certo de investir naquilo com que sempre sonhou: o seu próprio negócio. Amante de viagens e da conexão natural que, com Portugal, solidificou, foi em 2017 que deixou de olhar para o nosso país como um ótimo sítio para passar férias e lhe foi proporcionada uma visão muito mais além do expectável: fazer um investimento. “Comprei uma casa em Portugal, e o consultor imobiliário foi o meu primeiro cliente de consultoria e aconselhou-me a abrir uma empresa de investimento imobiliário. Eu segui o conselho dele e em sua homenagem criei a RR & NP, porque apesar de ele nunca ter sido sócio da empresa, eu achei que fazia sentido”, iniciou a nossa interlocutora. Já no final de 2019, com uma evolução exponencial no mercado, a fundadora quis efetivamente concretizar o desejo de viver em Portugal – não fosse ela uma aventureira nata. Isto porque, “depois de 20 anos a viver em África, e a trabalhar com 14 países, quis recomeçar em Portugal, por escolha própria: qualidade de vida, cenário profissional diferente e desafio”, sustenta. E como “quem sai aos seus não degenera”, o filho de Rita Rocha, tornou-se também sócio da RR&NP, e no mesmo ano começaram a planear o futuro promissor da marca em todos os ramos onde tinham know-how: petrolífero, consultoria imobiliária, gestão, marketing e análises de risco. Este seria efetivamente o core business da empresa que agora era familiar. O que acontece é que nem sempre as expetativas que depositamos no trabalho são correspondidas na altura que achamos ser a correta, e em 2020 – como todos sabemos – o mundo parou. Felizmente, o que não se esgotou foi a vontade de fazer mais e melhor, fruto de uma resiliência característica de Rita Rocha, que não baixou os braços e perante uma pandemia decidiu rees-


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truturar o plano que estava alinhado. Hoje, orgulhosamente, afirma que “essa reestruturação fez com que a empresa crescesse 300% em 2020, o que é ótimo”. O DESAFIO DA MULHER ENQUANTO LÍDER Já todos, enquanto crianças, respondemos à questão “o que queres ser quando cresceres?”. Ainda que muitos não tenham resposta, a nossa entrevistada sempre soube que ser empresária seria o seu caminho. “Sempre quis trabalhar com algo que me levasse para o mundo inteiro. Porque queria - e quero - viajar para todo o lado. Portanto sempre sonhei ter uma empresa que me possibilitasse isso”, garante. Muito se tem debatido acerca de uma problemática que a todos diz respeito, e que é, cada vez mais, merecedora de toda a atenção: a igualdade de género. Os séculos passam, mas o preconceito para com as mulheres que trilham uma carreira louvável, ainda prevalece. O que torna, a trajetória de Rita Rocha muito mais marcante, quem o garante que é a mesma, ao afirmar que “por ser mulher, todos estes desafios são ainda mais marcantes, e o mercado onde lidero é ainda visto como masculino”. No reverso da moeda, está o peso que este cargo tem, tanto dentro do seio de cada empresa, bem como nas relações externas da mesma. Enquanto líder, a nossa interlocutora defende que acima de tudo, este deve ser um servidor. E é precisamente por valores como esse que a sua liderança se rege, isto porque Rita Rocha gosta de “estar aberta para ouvir a equipa e a empatia é mesmo muito importante. Acima de líder sou, também, um ombro amigo. Preocuparmo-nos com o bem-estar do outro é fundamental”. E com todas as adversidades que um cargo com tamanha importância acarreta, a maior delas prende-se com a – difícil – conjugação da vida pessoal com a profissional. Será que é mesmo necessário descurar de uma em detrimento da outra? A CEO da RR&NP confessa que “hoje em dia já consigo gerir, antes era muito difícil. Quando não temos todos os lados da nossa vida em equilíbrio, algum lado vai ficar em decadência, e muitas vezes esse lado é o lado familiar, a vida pessoal ou a saúde”.

para poder ser não só a Rita empreendedora, mas a Rita mulher. E isso é muito importante para a nossa qualidade de vida. Acabei por descobrir em mim uma mulher que não conhecia”. Tendo como nome do meio “lutadora”, a nossa entrevistada aprendeu a dedicar parte dos seus dias a si mesma, e a encorajar outras mulheres a conseguirem com a clareza necessária, valorizar-se. Portanto, para todas as mulheres, que tal como a Rita Rocha desejam trilhar um caminho de sucesso rumo aos seus sonhos, o fator-chave é só um: autoconhecimento e muita coragem. “Gostava de dizer a todas que sejam conscientes, que se preparem para tudo na vida delas. Porque tudo está na nossa preparação para o sucesso. Saber ouvir também é muito importan“Sempre quis te, porque é a ouvir trabalhar com algo que aprendemos. QUEM É A que me levasse para o Uma mulher que RITA ROCHA mundo inteiro. se conhece proENQUANTO fundamente sabe MULHER E Porque queria - e quero quando é a hora PROFISSIONAL? viajar para todo o lado. de se sentar para Com uma trajetória Portanto sempre sonhei ter ouvir, ou para falar. de vida inspiradora e uma empresa que me Autoconhecimento, pautada por uma série possibilitasse isso” humildade e coragem de acontecimentos digsão fundamentais para nos, a nossa entrevistada um caminho de sucesso. assume-se como “uma apaiSe hoje não der certo amanhã xonada pela vida”. E acrescenta, vamos arranjar forma de que dê. “eu sou viva e muito intensa. Viciada Até acertarmos, não vamos desistir. Porem conhecimento. Já passei por muitas fases que a mulher não desiste”, sustenta. difíceis e tive que me reconstruir como mulher. Para finalizar, a nossa interlocutora quis ainda Já me senti sozinha por ser empreendedora deixar uma mensagem de força para o público demais, porque algumas vezes, acreditei tanto feminino que a lê: “há algo muito importante no meu sonho que acabei por me esquecer que todas as mulheres devem ter consciência: que os restantes pilares da minha vida também o amor próprio. O amor sem dependência, o existiam. O meu pilar social muitas vezes foi a amor que ama o corpo da forma que ele é, o minha pedra no sapato, porque eu queria ter amor que se aceita. Só assim as mulheres vão tempo para ter mais qualidade de vida e uma encontrar a liberdade emocional para terem melhor vida social, e eu não tinha porque fiz a capacidade intelectual de chegar ao caminho escolha de vencer profissionalmente. Portanto, do sucesso. Eu quero que as mulheres sejam em algum momento da minha vida, eu entendi amadas em primeiro lugar, por elas mesmas. que o vencer não é apenas sobre ganhar diPorque a verdade é que eu só percebi que nheiro, e senti um despertar muito grande para podia ter sucesso na vida, quando comecei a saber mais sobre mim. Descobri-me uma muconhecer-me” ▪ lher muito inteligente e comecei a educar-me

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PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

Feng Shui

A Arte que organiza a Vida Sendo o Feng Shui a arte que estuda as relações entre o ser humano e o espaço, mostrando como os ambientes afetam o estado físico e mental em todas as vertentes da vida, importa compreender de que forma, este conceito, influencia positivamente cada uma delas. Assim, Sofia Lobo Cera, dedicada a esta área há mais de 20 anos, contou em entrevista os motivos que fomentam a ideia de que as casas e as empresas que tiverem o Feng Shui implementado estão, de facto, mais bem protegidas.

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se vivêssemos num mundo onde as pessoas se sentem mais felizes e saudáveis? Onde existisse um equilíbrio no âmbito da saúde, da família e do sucesso profissional? Sabia que é extremamente viável as empresas e os seus negócios serem mais prósperos? As respostas existem e estão ligadas ao Feng Shui. Os diversos métodos clássicos foram desenvolvidos por mestres desta arte há muitos séculos, tendo chegado à sociedade moderna através da transmissão de mestre para discípulo que, após várias gerações, originam as denominadas linhagens. Um consultor de Feng Shui clássico deve ter uma linhagem bem definida, identificada e ligada às suas próprias origens. E é exatamente neste ponto que se encontra Sofia Lobo Cera. Tendo a sua própria organização virada para esta prática, dedica-se a cada cliente, acompanhando-o em todas as fases do seu processo. Com consultas completas e pormenorizadas, oferece um serviço diferenciado, garantindo, assim, o alcance de todos os objetivos dos que a contactam. Mas mais do que isso, a marca Sofia Lobo Cera, destaca-se, sobretudo, pelo rosto que se encontra por detrás da mesma: uma consultora profissional de Feng Shui, reconhecida internacionalmente, com centenas de consultas realizadas e inúmeros projetos bem-sucedidos.

SOFIA LOBO CERA

A EVOLUÇÃO DO FENG SHUI EM PORTUGAL Ainda que, atualmente, este conceito seja já maioritariamente conhecido, poucos o entendem na sua plenitude. “O Feng Shui é muito mais do que dicas básicas para harmonizar um espaço consoante os objetivos de cada um. Tem uma profundidade muito maior. Por exemplo, quando entramos em casa, todos temos comportamentos distintos: uns vão diretos ao quarto deixar a mala, outros à sala. A forma como circulamos pela habitação, o sítio onde temos os móveis expostos, aquilo que se vê pela janela, a forma como o vento bate, tudo isso influencia na vida de cada um”, esclarece Sofia Lobo Cera. Então, de que forma se procedem as consultas de Feng Shui? Com uma base em cálculos matemáticos, “há banalidades que poderão desde logo saltar à vista,

alguns detalhes superficiais, mas só após estes mesmos cálculos é que podemos analisar como é que a energia está a fluir naquele espaço. Costumo dizer que um bom consultor qualificado é como se fosse um médico, mas dos espaços. Quando temos de emitir uma opinião, analisamos a habitação ou a empesa, tal como o médico tem de analisar o corpo humano”, afirma a nossa entrevistada. Por norma é analisado o espaço no seu todo, ou seja, no caso das habitações, todos as divisões contam. Assim, raramente, só uma delas é averiguada uma vez que, segundo Sofia Lobo Cera, a patologia pode não estar nesse espaço, mas sim noutro da casa. Importa referir que, para que a solução e a cura do problema se concretize, nem sempre é necessário alterar toda a habitação, nem fazer um investimento abrupto em obras. Muitas vezes, basta modificar pequenos obje-


PONTOS DE VISTA PONTOS DE VISTA NO FEMININO

tos, que farão toda a diferença no seguimento e no sucesso da vida que ali habita. Certo é, embora estas consultas possam ser realizadas em qualquer espaço, mesmo que já esteja habitado e decorado, a preferência recai nos projetos de raiz. “Não há casas perfeitas, obviamente, mas um projeto que tenha sido pensado desde início – em parceria com o arquiteto e toda a equipa – vai ter um fluxo de energia muito mais auspicioso. Por vezes acontece, em projetos já construídos, não haver soluções viáveis”, assegura a nossa interlocutora, acrescentando ainda “lembro-me muitas vezes de uma loja por onde passo diariamente: há mais de 20 anos que naquele espaço abrem diversos negócios. Parece que não há nenhum que vingue, mas a verdade é que a sua energia não é favorável. Pode ter a ver com o sítio onde se coloca a caixa registadora, com a direção da porta principal, ou outros. Outro exemplo que posso referir é o Estádio José Alvalade: num projeto com o meu mestre verificámos uma série de patologias a nível do Feng Shui e posso garantir que sempre que o clube não atinge o seu objetivo, pode ter a ver com o facto, por exemplo, da porta por onde entram os jogadores, ter uma energia nociva. Corta o crescimento e o desenvolvimento da equipa”. Assim, quando os espaços apoiam energeticamente os seus habitantes, a vida flui mais harmoniosamente e as pessoas tornam-se mais felizes, íntegras, saudáveis e financeiramente estáveis. O CONCEITO APLICADO NO SEIO DAS EMPRESAS Numa altura em que alguns negócios se desequilibraram devido às consequências da pandemia que ainda atravessamos, é tempo de refletir sobre outros métodos que poderão restaurar o que se perdeu. Com factos comprovados em como o Feng Shui protege, também, as empresas que se regem pelo conceito, a nossa entrevistada afirma que “nos últimos meses, tenho vindo a acompanhar organizações que, após o implementarem – e relembro, numa altura de pandemia – os seus negócios entraram em ascensão

e outros consolidaram-se. Claro que, se o CEO tomar regularmente más decisões, o Feng Shui não reverte a situação. Mas a verdade é que, dependendo do seu objetivo, ajuda e muito a torná-lo numa realidade efetiva”. Para a percentagem da população que foi, forçosamente, para teletrabalho, é possível que se sintam ainda produtivos e mais leves ao final do dia. Se, por exemplo, sentir falta da agitação do dia a dia, no espaço da casa onde desenvolve o trabalho, com a ajuda do Feng Shui poderá incluir elementos que incutam essa energia e bem-estar. Apesar de haver diversas soluções que comprometam positivamente as energias de cada um, Sofia Lobo Cera afirma que é, também, de extrema importância, atentar ao estado emocional da pessoa: caso se sinta desmotivada, por vezes, basta refletir sobre se é, ou não, este o caminho a seguir. Caso seja, o Feng Shui pode trabalhar energias que irão estimular a coragem, a determinação, e poderão orientá-lo no rumo certo. SOFIA LOBO CERA, ENQUANTO CONSULTORA PROFISSIONAL DE FENG SHUI “O sucesso não se mede pelo dinheiro que se ganha, mas sim pelo número de vidas que conseguimos transformar”, é a frase que Sofia Lobo Cera mais admira porque, de facto, não há recompensa maior do que a de permitir que outros se sintam bem. E a prova disso mesmo são os inúmeros feedbacks que advêm, precisamente, das pessoas que, devido ao Feng Shui, são felizes e abraçam conquistas e oportunidades diversas. Sendo uma pessoa ambiciosa, ainda assim, a nossa entrevistada gostaria que esta área fosse reconhecida pelo seu valor e pelas vantagens que, ainda, tantas pessoas desconhecem. “Eu acredito que quando o aluno – neste caso, as empresas ou as pessoas – está preparado, o mestre aparece. Sinto-me muito grata pelo desenvolvimento que se tem vindo a fazer em Portugal, mas ainda não é suficiente. Nós podemos construir uma sociedade mais feliz.”, garante, por fim, Sofia Lobo Cera. ▪

Não sendo fã de partilhar os seus maiores sonhos e ambições, podemos assegurar que, Sofia Lobo Cera os tem – e que tudo fará para os cumprir. Em 2022 espera-se, assim, da sua parte e da organização que lidera, uma evolução contínua e um desenvolvimento fruto do conhecimento que possui, passando por continuar a oferecer o melhor de si a todos os níveis e em todos os patamares da vida.

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PONTOS DE VISTA SAÚDE

POR ADÃO ARTUR M. ROCHA PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA APTAS

APTAS

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS TÉCNICOS AUXILIARES DE SAÚDE (Queria ainda salientar que temos ainda menos Auxiliares de Ação Médica e que não temos sequer uma carreira especifica para os Auxiliares. Temos muito medo das carreiras especiais e depois acabamos por ser mais ineficientes do que gostaríamos).

A

passagem do século XX, para o século XXI, não agoirou boas notícias para os Auxiliares de Ação Médica, após oito anos do início do mesmo (2008), estes profissionais, viram a sua carreira esfumar-se, e serem atirados para uma situação de meros indiferenciados, os vulgos Assistentes Operacionais. Poderíamos expor detalhadamente que, a destruição desta carreira, provocou sérios prejuízos aos seus profissionais, mas acima de tudo ao Serviço Nacional de Saúde, contudo expressarei resumidamente a importância destes profissionais nas várias instituições onde estão inseridos, por certo não esgotaria o tema, nem repetiria o mesmo. O nosso trabalho, desenvolvido nas instituições onde é abrangente a nossa existência, profissão essa, com mais de 40 anos, com provas dadas da sua importância para o bom funcionamento das mesmas, vem mudando a sua raiz de atuação, ao longo destes quase quinze anos, após a famosa Lei 12-A.

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O reconhecimento da importância desta profissão, está explicita na diretiva de 2013/55/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de novembro de 2013, que altera a diretiva 2005/36/ CE, relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais e o regulamento (UE), no 1024/2012. Podemos afirmar que Portugal é o único estado membro da EU, que permite que entrem para estas instituições de suma importância no nosso Serviço Nacional de Saúde e também o Social, pessoas sem qualificações ou certificação, para prestar um serviço de extrema responsabilidade para com seres humanos. Algo incompreensível, irresponsável, e podemos afirmar transgressora das diretrizes comunitárias, pois essa formação é ministrada pelo próprio estado, o mesmo que defende a qualificação do capital humano, onde se gastam milhões de euros, sejam eles provenientes dos nossos impostos, ou dos fundos Europeus, e acabam por não serem aproveitados a 100%, pois contratam pessoas sem


PONTOS DE VISTA SAÚDE

qualquer qualificação, para o exercício da profissão. Na verdade, em nosso entendimento, o estado querendo retificar um pouco o erro cometido pelo anterior Governo, e pelos que sucederam, em 2013 através da ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde IP, emanou uma circular normativa, com as prioridades formativas e de qualificação, que enviou para todos os Hospitais do SNS, visando a formação específica para os Assistentes Operacionais, (ex. Auxiliares de Ação Médica), numa perspetiva da formação continua, de acordo com o Referencial de Qualificação dirigido ao Técnico Auxiliar de Saúde, publicado no Catálogo Nacional de Qualificações da Agência Nacional para a Qualificação, I.P.”. Normativa essa, que nunca chegou a ser cumprida na integra por nenhuma Unidade Hospitalar. Dentro desta temática, os profissionais de saúde nunca se calaram e nunca se calarão, desde esse fatídico ano de 2008, alguns profissionais a título particular, iniciaram uma luta, que culminou com duas petições na Assembleia da República, das quais resultaram sempre em projetos Lei, sendo todos rejeitados pelo PS. É neste sentido que a APTAS foi formada, tendo na sua génese a persecução de um objetivo primordial, que é reposição de uma profissão, que é de suma importância para a sociedade, dando aos profissionais, que todos os dias dão de si em prol dos outros, o digno reconhecimento da sua missão e serem inseridos como profissionais nas equipas especiais da saúde, dando-lhe um bem-estar pessoal, que vai muito além de qualquer questão monetária. Dentro deste pressuposto, a APTAS detém na sua raiz de existência, uma visão holística sobre o Técnico Auxiliar de Saúde, e o que ele representa dentro do Serviço Nacional de Saúde, sabendo que será um trabalho árduo, pois vencer dogmas dos vários quadrantes, e em especial no seio dos profissionais inseridos nesta profissão, será uma cruzada, entendimento esse, que nos levou a elaborar o nosso Código Deontológico. Como disse Fernando Pessoa, "Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso". Esta é sem sombra de dúvida a frase que nos define, a APTAS nasceu de um sonho, sonho esse tornado realidade, mas não se estingue o ónus do sonho após a realização do mesmo, sonhamos elevar a nossa profissão a patamares de excelência, onde os objetivos primordiais sejam, educar, formar e qualificar todos aqueles que estejam abertos a serem Técnicos Auxiliares de Saúde, na sua excelência da profissão. Assim sendo, o que perspetivamos como base fundamental para esta nobre profissão, numa visão presente/futura, é qualificar todos os Assistentes Operacionais, que se encontrem a prestar serviços dentro das funções exigidas pelo referencial de Técnico Auxiliar de Saúde, sendo esse o documento usado e aprovado pela ANQEP – Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, e que dentro desta mesma profissão, se enquadre as

acrescido para os profissionais de saúde, e para o Serviço Nacional de Saúde. Em plena pandemia que, assolou o mundo inteiro, foram estes profissionais que mantiveram as instituições a funcionar, deram de si, mais do que podiam, para que outras classes profissionais, se focassem nas terapêuticas, mas na hora dos agradecimentos foram esquecidos. As estatísticas, só referem stress nos médicos e enfermeiros, nós passamos ao lado, mas somos o terceiro maior grupo do SNS, e o que mais contraiu o covid-19, se contabilizarmos o setor privado e social, talvez sejamos o primeiro grupo de profissionais, com funções de apoio e ajuda aos que mais necessitam. Com este intuito, a APTAS, foca o seu objetivo em dar voz a estes profissionais, tendo como visão, querer preparar “A procura melhor os Técnicos Auda excelência nos xiliares de Saúde, sejam cuidados, sejam eles os atuais, Assistentes quais forem tendo como Operacionais, bem várias especificidades como os que se estão da mesma, pois desde pedra basilar a humanização, a formar. O saber-sade; Auxiliares de Enferé sem sombra de dúvida magem, alimentação, ber, o saber-fazer e em a nossa bússola, e Limpezas, descontamiespecial o saber-ser/ um dos objetivos da estar, são fundamentais nação e desinfeções, esAPTAS” para a persecução de um tão descritas no referido Serviço Nacional de Saúde referencial. de excelência. Contudo queremos que essa A procura da excelência nos cuiformação seja ministrada por profissionais do setor, sejam eles endados, sejam eles quais forem tendo como pedra basilar a humanização, é sem fermeiros e ou Técnicos Auxiliares de Saúde, sombra de dúvida a nossa bússola, e um dos obpois sabemos que em várias entidades formativas e escolares temos pessoas a dar formação em jetivos da APTAS, queremos ser parceiros ativos na áreas tão sensíveis, que de nada entendem ou resolução dos constrangimentos das instituições, percebem sobre o que é ser TAS (Não se pode por mas nunca descurando a nossa principal orientaum professor de ciências, a explicar como se presta ção e doutrina, que é a defesa dos profissionais, cuidados de higiene a um doente). Técnicos Auxiliares de Saúde. Demograficamente, Portugal está a ficar cada As instituições devem em nosso entender adovez mais envelhecido, a família, que a umas tar políticas de contratação orientadas para prodécadas atrás era ainda alargada, passou rapifissionais que preencham estes requisitos. Ter um SNS, que preconiza a humanização como regra damente para uma família nuclear, o suporte fafundamental, é o esperado para que toda a sociemiliar modificou-se completamente nos últimos 20 anos, isso reflete nos internamentos mais londade saia a ganhar, na realidade a humanização, só existirá, se a mesma for praticada com os prógos e esgotando a capacidade das Unidades de Cuidados Continuados ou mesmo os Lares, mas prios profissionais de saúde, só assim eles estarão também será uma população muito mais esclaem condições de a prestar a 100% aos que derecida sobre os seus direitos, isso traz um desafio pendem deles. ▪

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PONTOS DE VISTA ARTE

Projeto A2

Uma homenagem à Tradição e Cultura Portuguesa «Fazedores inquietos» é a expressão que melhor define Cristina Vilarinho e Alberto Azevedo. Com um percurso já quase delineado, a vida mostroulhes o que caminho que, para ambos, só fazia sentido ao passar pela arte da cerâmica. Assim nasceu o Projeto A2 – um atelier em Guimarães que mantém vivas as tradições e a cultura portuguesa, a natureza e as histórias de amor que se perpetuam no tempo. Conheça as coleções destes mentores e ainda as ambições que preenchem o seu coração artístico.

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ara começar, quando se iniciou a v/ história com a cerâmica? O que mais vos encantou neste encontro? Existimos como atelier Projeto A2 desde 2005, em Lordelo, freguesia limítrofe de Guimarães. Tanto eu como o Alberto somos de origem portuense e não temos artesão algum na família, embora, ambos tivéssemos tios que

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com certeza nos influenciaram, pois criavam peças em madeira, têxteis e bordados maravilhosos. As nossas profissões anteriores e áreas de ensino também não eram ligadas às artes (eu sou de ciências e andei a deambular, o Alberto ligado às vendas) mas ambos gostávamos de trabalhar com as mãos e os dois tínhamos uma apetência pela educação visual. Lembro-me do

fascínio que era para mim visitar uma feira de artesanato nos anos 80. Uma vontade de me encontrar permanecia. Desisti do meu curso de Ciências da Nutrição, despedi-me de escriturária do Hospital Santo António e lá fui eu para o Cearte, fazer um curso de azulejaria intensivo. O Alberto fez o mesmo uns anos mais tarde, na área de modelação e


PONTOS DE VISTA ARTE

AEQUILIBRIUM BRANCO - PROJETO A2

PAINEL AZULEJO CRISTINA

olaria, fazendo durante um ano e meio Porto-Coimbra. (Entretanto licenciei-me em design gráfico na ESAD, Matosinhos). Depois de várias experiências em ateliers de outros, decidimos montar o nosso projeto, juntar as nossas valências que se completavam e assim criámos o estúdio Projeto A2. Começámos pela pintura de painéis de azulejo, mas hoje é a conjugalidade feliz entre um modelador e uma pintora, que origina peças singulares, feitas essencialmente em porcelana e desenhadas a lápis cerâmico. A Cristina Vilarinho e o Alberto Azevedo afirmam ser - além de artistas, artífices e designers – “fazedores inquietos”. Características essas transportadas para o Projeto A2, do qual são mentores. Como nos podem descrever os fatores que mais destacam este atelier no seu meio? A nossa versatilidade, persistência e abertura talvez nos caracterize enquanto pessoas e profissionais. Gostamos de aprender, fazer e ensinar. O nosso saber-fazer vem do Cearte, e de uma panóplia de formações ao longo da vida, que nos permitem criar ligações e abrangência. Somos ambos formadores profissionais há mais de duas décadas, mas é a experiência, e todas as vivências acumuladas, a chave mestra para a sabedoria. Aliás, foram as aprendizagens que

“COMEÇÁMOS PELA PINTURA DE PAINÉIS DE AZULEJO, MAS HOJE É A CONJUGALIDADE FELIZ ENTRE UM MODELADOR E UMA PINTORA, QUE ORIGINA PEÇAS SINGULARES, FEITAS ESSENCIALMENTE EM PORCELANA E DESENHADAS A LÁPIS CERÂMICO”

AEQUILIBRIUM - PROJETO A2

ASAS SOBRE O MUNDO - CAMÕES - PROJETO A2

tivemos em projetos de design, tendências, marketing que condicionaram a necessidade de procurar um caminho mais dignificante para a palavra “artesanato”, pejorativamente considerada. Tivemos desde sempre consciência da enorme riqueza deste país, do saber-fazer tão maltratado, de que aprender-fazendo é tão válido como outra aprendizagem qualquer. O que nos motiva neste momento é criar, religar, ser exemplo de qualidade e inovação, dar sentido ao que fazemos, para que se comece a ver, a agir para o artesanato como cultura que é. (Basta atentar a que o artesanato está contemplado no ministério da economia e não no da cultura!). O Projeto A2 foi precursor e contribuiu para a memória-viva de tradições e da cultura portuguesa, como é o caso da coleção “Asas sobre o mundo” sob a forma de pratos em azul cobalto, entre muitos outros. O desígnio do Projeto A2 é propor objetos com alma, mantendo vivas as palavras, o património material ou imaterial, ou as histórias da cultura portuguesa – que tantos detalhes possui. De que forma, assim, se desenvolve o processo criativo das peças de cerâmica deste atelier? Mostrámos desde 2005 que é possível incorporar as tradições nas criações e devolvê-las sob a

forma de objetos contemporâneos com mensagem. É o caso das peças icónicas deste atelier a dois, “Bordar A Vida”, em porcelana, um hino à mulher, aos bordados e à liberdade. Faz todo o sentido partir do local para o global, conhecer o que está próximo de nós, pesquisar, estudar, experimentar, desenvolver e mostrar. Talvez seja por fazer sentido para as pessoas que esta figura tem tanto sucesso. Também a natureza é a «fiel companheira» do Projeto A2, sendo por isso, extremamente versátil. Que tipo de coleção podemos encontrar neste momento no atelier? Salientámos Aequilibrium, um bule delicado de porcelana baseado no melro de água que habita águas não poluídas do Zêzere. Este objeto ligado às Aldeias do Xisto pertence à coleção Água Musa. Um belo projeto de que nos orgulhamos de ter participado, envolvendo uma grande equipa. Tendo como fito a promoção e revitalização de uma região, refletiu a preocupação ecológica, o frágil equilíbrio habitat-seres-homem. Destaco também – Isto não é um fóssil, ainda – os azulejos de porcelana hexagonais, que incorporam espécies em perigo de Portugal. Uma das formas de o Projeto A2 demonstrar

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PONTOS DE VISTA ARTE ALTER - PROJETO A2

CANTARINHA V - EXP FAZERES DE AMOR - PROJETO A2

CANTARINHA III -EXP FAZERES DE AMOR - PROJETO A2

“MOSTRÁMOS DESDE 2005 QUE É POSSÍVEL INCORPORAR AS TRADIÇÕES NAS CRIAÇÕES E DEVOLVÊ-LAS SOB A FORMA DE OBJETOS CONTEMPORÂNEOS COM MENSAGEM”

BORDAR A VIDA - PROJETO A2

ANDORINHAS - PROJETO A2

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aquilo que possui e de partilhar conhecimento, é através de oficinas e exposições, sendo que, a mais recente encontra-se em Guimarães e tem como nome “Fazeres de Amor”. Uma vez que esta exposição é o reflexo da vontade da Cristina Vilarinho e do Alberto Azevedo preservarem as artes e ofícios tradicionais vimaranenses, o que podemos esperar da mesma? A cantarinha dos namorados de Guimarães encerra em si histórias de amor que queremos perpetuar no tempo. Ela é símbolo de tradições e amor à cidade, mas principalmente contentor de promessas de compromisso e cumplicidades a dois. Quisemos trazer a sua riqueza intrínseca, simbólica e ou material para o exterior. Valorizá-la ao criar ligações entre velhos saberes e novos fazeres, celebrar o património cultural, o saber-fazer, a vida! Construímo-la em porcelana, um material nobre que lhe confere candura e contemporaneidade; apuramos a sua forma curvilínea e feminina numa estética mais depurada e cuidada; revestimo-la a flores estilizadas que incorporam frescura e, alegria; pontilhamo-la a ouro [Au], esse elemento tão manifestamente presente na cultura do Minho e que traduz o tesouro cultural que este objeto é. Afinal, existe tesouro mais precioso do que encontrar o amor? Muitos afirmam que a cerâmica artística e escultural está a ter um grande sucesso noutros países, nomeadamente nos EUA. Consideram que, em Portugal, ainda se trata de uma arte desvalorizada? Quais os motivos? Se por um lado persistem dicotomias artes maiores/artes menores, por outro esbatem-se fronteiras e a transdisciplinaridade acontece. Existir uma formação incisiva em educação visual e saber-fazer nas escolas permitiria mais tarde distinguir o trigo do joio; a vulgarização das feiras de artesanato e falta de qualidade contribuiu também para a banalização do artesanato.

WORKSHOP TAÇAS-RAKU - JARDIM A2

Certo é, quando as pessoas percebem a arte da cerâmica ficam fascinadas. Assim, gostariam de deixar um convite aos leitores para conhecerem e visitarem a arte desenvolvida pelo Projeto A2? Em Guimarães, trocam-se sardões e passarinhas, um ritual religioso-pagão que acontece à porta das igrejas, em dezembro. As vendedeiras de doces de massa de centeio cobertos a calda de açúcar incentivam quem passa, com pregões, apelando à troca destes seres com conotações sexuais e promessas de futuros relacionamentos ou incrementam o manter a “chama acesa” aos casados. Pretendemos dar continuidade a esta festa do amor, tão pertinente nos nossos dias em que a conexão entre pessoas parece esmorecer e os relacionamentos amorosos se fazem virtuais e asséticos. Por isso lançamos um desa-


PONTOS DE VISTA ARTE ATELIER NO EXTERIOR PROJETO A2

fio à vossa imaginação, tornando-vos cúmplices e participantes neste projeto em construção. Mas têm de ir! https://www.aoficina.pt/ detail-eventos/20211208-fazeres-de-amor/.

JARDIM PROJETO A2

A terminar, e tendo em conta a experiência adquirida de ambos, qual o conselho que dariam a quem está a começar nesta atividade? Fala-se muito de sustentabilidade, empreendedorismo, economia circular, palavras bonitas que têm sentido e são aplicáveis a nós, mas é necessário persistir para que elas tenham tradução prática. Conquistamos alguma liberdade, criatividade e gestão do nosso tempo, mas a falta de segurança é uma ameaça, a começar pela falta de proteção social. Mas não quero ser desmotivadora, essencialmente: conhecer-se bem, acreditar em si próprio, ser bom naquilo que se faz, ter pensamento crítico, capacidade de comunicar, gerir bem o tempo, experimentar e fazer perguntas. Mas são já muitos conselhos! ▪ LITTLE BIRDS - PROJETO A2

LIBERDADE VIRTUAL PROJETO A2

www.projetoa2.pt https://www.facebook.com/ProjectoA2 FAMILIA FORA DA CAIXA - PROJETO A2

https://www.instagram.com/projectoa2/

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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

O AUMENTO DAS TRANSAÇÕES DIGITAIS E A NECESSIDADE DAS EMPRESAS EM APROVEITAR AS OPORTUNIDADES QUE SURGEM, TORNANDO-SE MAIS VULNERÁVEIS, TÊM RESULTADO NUM AUMENTO DAS SITUAÇÕES DE FRAUDE COMERCIAL ACÁCIO FERREIRA DIRETOR DE CREDIT AND SURETY

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PONTOS DE VISTA INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Conheça as três Principais Fraudes Comerciais no Mercado Português Existe um crescimento significativo destas situações, que visam enganar fornecedores e clientes.

O

aumento das transações digitais e a necessidade das empresas em aproveitar as oportunidades que surgem, tornando-se mais vulneráveis, têm resultado num aumento das situações de fraude comercial, alerta a Willis Towers Watson (NASDAQ: WLTW), empresa global líder em consulto-

ria, corretagem e soluções, que apoia clientes em todo o mundo. No webinar ‘Principais Dificuldades e Mitos na Gestão do Risco de Crédito’, Acácio Ferreira, Diretor de Credit and Surety, deu a conhecer os três principais tipos de fraude detetados no mercado português e deixou alguns dos sinais de alerta.

O responsável alertou para o facto de “existirem inúmeras pessoas e agentes no mercado a aproveitar-se da necessidade das empresas em vender” e sublinhou a importância de se questionar fornecedores e clientes para evitar fraudes. Porém, reconheceu que estas são “cada vez mais sofisticadas e profissionais, dificultando a sua deteção”.

▶ Conheça os principais tipos de fraude comercial ◀

USURPAÇÃO DE IDENTIDADE Acontece quando alguém faz uma encomenda em nome de outra empresa ou pessoa, não efetua o pagamento e desaparece. É a fraude mais frequente no mercado português, onde os falsificadores têm usado grandes nomes principalmente da área do retalho e lesado os fornecedores em valores avultados. “É fundamental que um fornecedor faça perguntas. As empresas não devem ter receio de colocar questões. Quantas mais fizermos, mais facilmente desmobilizamos os criminosos. Se efetuarmos muitas perguntas, quem estiver de má-fé deixa de ter capacidade de resposta e não quer envolver-se mais para não ser identificado”, afirmou Acácio Ferreira. Sinais de Alerta: - É a primeira vez que efetua transações com este cliente? - A morada de entrega coincide com a da empresa? - Na véspera pedem a alteração da morada de entrega? - É alguma P.O. Box? - O cliente manifesta muita urgência na entrega? - Não discute preço? - Utilização de endereços públicos, como o gmail.com, icloud.com ou outros. Pequenas diferenças nos endereços, como: manuel.silva@empresa.pt passa a msilva@empresa.com - Erros de gramática e ortográficos.

MUDANÇA DE TITULARIDADE É, também, uma situação muito típica e acontece quando, por exemplo, alguém compra uma empresa antiga, com prestígio, normalmente de pequena dimensão e que está em fim de vida ou em mudança de gerações. Após a alteração de titularidade, o falsificador faz um volume elevado de compras em simultâneo, muitas vezes em diferentes setores de atividade, e desaparece após a receção do material. Sinais de alerta: - Encomendas de empresas que alteraram recentemente a sua gestão ou cujo setor de atividade não é compatível. - Encomendas de valor elevado a crédito após a realização de pequenas encomendas pagas a pronto. Cuidados a ter: ▶ Questionar a empresa sobre a dimensão da encomenda e/ou o porquê do produto ser diverso da atividade normal do cliente. ▶ Procurar informações sobre a mudança de gestão e o porquê da mesma.

HACKING Esta é uma situação que “tem crescido enormemente nos últimos tempos”, alerta o responsável da Willis Towers Watson, e acontece quando um cliente é induzido a fazer um pagamento a um fornecedor para uma conta diferente da indicada inicialmente. Sinais de alerta: - Receção de um email do fornecedor a pedir que faça um pagamento para uma conta diferente. Cuidados a ter: ▶ Verificação da operação comercial/ financeira através de um contacto com a empresa. Se for um cliente antigo, através da pessoa de ligação. Se for um cliente novo, utilizando os contactos gerais das empresas. ▶ Envio de um comprovativo de titularidade da conta bancária aos compradores para confirmar que a mesma é a única para onde deverão ser efetuados os pagamentos.

Cuidados a ter: ▶ Comparar o endereço de email fornecido com os disponíveis nos sites oficiais das empresas. ▶ Questionar o cliente sobre os diversos pormenores da encomenda e da sua situação.

JANEIRO 2022 | 97





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