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MAIS MÉDICOS EM AUDIÊNCIA DO SENADO
from REVISTA APM #28
Ele ainda destacou que, para implementar o Mais Médicos, o programa deve contar com uma boa estrutura de ensino e fornecer preceptoria e os mecanismos necessários àqueles que irão para regiões mais afastadas. “Ninguém pode ser contra oferecer Saúde para a nossa população, mas é qualidade que querermos. Queremos expandir e melhorar a desigualdade, mas queremos também manter a qualidade e estamos colocando as sociedades de especialidade e as nossas Federadas para ajudar nisto e fazer, então, um programa que seja realmente efetivo.”
O tempo de formação também foi um dos tópicos abordados pelo especialista, fomentando o esforço necessário para se colocar profissionais de relevância no mercado. “A formação médica depende de uma qualificação do professor, e não se formam professores de Medicina do dia para a noite. É preciso ter seis anos de graduação, entre dois e cinco de residência, dois de mestrado e mais quatro de doutorado. É uma formação longa, trabalhosa e extremamente importante. É isso o que não podemos abrir mão. Existe a necessidade de um cirurgião fazer 30 ou 40 cirurgias por ano de uma determinada doença para que ele se mantenha ativo e competente. Não precisamos formar mais médicos e cirurgiões, precisamos que eles sejam mais bem treinados.”
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Futuro
Atualmente, os estados com maior densidade médica são Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, enquanto as regiões Norte e Nordeste apresentam os menores índices. Se a tendência na abertura de escolas médicas continuar, até 2035, é esperado que o Brasil tenha mais de 1 milhão de médicos, levando à falta de oferta de emprego para todos esses profissionais e à desvalorização da profissão.

“Nós temos hoje 2,6 médicos a cada 1.000 habitantes. Serão profissionais mais jovens e há uma forte ascensão feminina no mercado, o que é bom porque humaniza a Medicina, porém, será uma distribuição desigual. Temos que ter uma política muito séria para que isso não seja perpetuado. Precisamos melhorar a qualidade, a preceptoria, ter hospitais adequados e equipamentos. Não adianta colocar o estetoscópio no pescoço e deixar o médico lá, precisa ter toda uma infraestrutura junto”, comentou.

Para Gonçalves, o exame de revalidação de diplomas médicos expedidos no exterior – popularmente conhecido como Revalida – e o exame de proficiência para os médicos formados no Brasil devem ser realizados por todos os profissionais que queiram trabalhar no Brasil. Além disso, o médico destacou que as normas do Ministério da Educação e da Associação Médica Brasileira são fundamentais para formar especialistas com capacitação.
“Nós não somos contrários ao programa Mais Médicos, mas precisamos aperfeiçoá-lo. Não adianta fazer como ele foi feito no passado e depois deixá-lo morrer, isso é muito ruim. Precisamos de melhores médicos, e iniciativas como o Revalida, Exame de Proficiência e Prova de Título são fundamentais para isso. A competência precisa ser comprovada e conferida, não pode ser presumida”, concluiu.





Atua O Importante
Em março deste ano, Antônio José Gonçalves participou de uma reunião com Camilo Santana, atual ministro da Educação, para debater os rumos da educação médica no País, colocando a AMB e demais entidades à disposição para ajudar a lidar com este problema e, assim, contribuir para a reestruturação e melhoria necessária para o setor.

Em abril, o especialista e outros representantes da classe se encontraram com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para uma reunião a fim de apresentar as demandas e preocupações dos profissionais em relação ao Mais Médicos e à abertura de novas faculdades.
Fotos: Divulgação