Revista Pitoresca - 01ª edição

Page 1


edição 1 | especial gratuita | novembro de 2024

O online cansou?

Apesar de indispensável, algumas pessoas tentam se afastar da tecnologia e cultivar conexões reais

edição

1

| novembro de 2024

Editora-chefe

Thaynara Goes

Ilustração

Larissa Satiko

Direção de Arte

Lívia Berbel

Comercial

José Souza

Repórteres

José Souza | Julia Sobkowiak Lívia Berbel | Thaynara Goes

Ficha Técnica

Comunicação

Julia Sobkowiak

Colunistas

Lia Perini

Lívia Berbel

Projeto experimental do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade

Católica do Paraná (PUCPR), feito entre setembro e novembro de 2024

Colaboradores

Denerah Berbel | Emanuel Perpetuo Limonti | Ingrid Vitória Oliveira | José Ademir

Garlet | Luiz Alberto Vivan | Maria Geneceuda | Maria Aparecida do Amaral | Paulo

Augusto Lemos | Rodolfo Stancki | Tami Taketani Utrabo | Thayne Cristina Goes Orientadores

Profa.Ma. Ivana Shizue Imayuki Duarte Mechailech| Profa.Ma. Lenise Klenk

Prof, Dr. Luiz Alberto Vivan | Prof, Dr. Paulo Roberto Ferreira de Camargo

Prof. Dr. Renan Colombo | Prof. Dr. Rodolfo Stancki Silva Coordenadores Multicom/Jornalismo

Prof. Dr. Fabio Henrique Feltrin

Profa. Dra. Suyanne Tolentino de Souza

Decana da Escola de Belas Artes

Profa. Dra. Angela Leitao

Pro reitora de Operações Acadê micas

Profa. Dra. Andréia Malucelli

Pro reitor de Desenvolvimento Educacional

Prof. Dr. Ericson Falabretti

Reitor

Irmão Rogério Renato Mateucci

sumário

06 os detalhes dignos de serem contados

nosso manifesto

07 a vida nos detalhes nosso editorial

08 o online cansou?

como as pessoas estão voltando à ‘vida’ presencial

12 o canvas urbano

16 quando tudo era mais fácil

Curitiba ainda busca entender a arte comunitária os confortos da adolescência

18 do nosso amor a gente é que sabe cansamos de amar?

22 cuidar, ou ser cuidado

além do bem-estar

24 celebrar porque, sim, há motivos coluna “Lugar no Mundo”

26 papéis invertidos

filhos se tornam pais dos próprios pais

30 sem planejar que tal um turismo com vinho?

32 a sustentabilidade passa pelo cor(ação)

coluna “Do conceito à ação”

34 multiverso de experiências um “passeio” por Curitiba

os detalhes dignos de serem contados

Em tempos em que tudo é efêmero e carregado de apatia, como você celebra os detalhes da vida?

Numa sociedade onde se valoriza a hiper produtividade, o consumo exacerbado e o ritmo acelerado, a Pitoresca surge como um momento de respiro em meio ao caos cotidiano. Olhando para as raízes etimológicas dapalavra, pitoresco tem origem no italiano e significa “digno de ser pintado”. Queremos traduzir este significado nas páginas da revista: aqui, você vai encontrar reflexões sobre bem-estar,relacionamentos, turismo e culturamas não de um jeito convencional.

Vamos falar de tudo aquilo que acontece entre o expediente e os compromissos diários, como as conversas e preocupações que você teve com sua família, o rolê de última hora com seus amigos, aquele desenho bonito que você viu no caminho para casa.

Para nós, tudo isso é digno de ser contado. Estamos tão presos à rotina profissional e aos frutos que todo esse esforço pode - ou não - trazer, que você talvez não valorize esses outros momentos como deveria. No fim do dia, são eles que valem a pena a vida ser vivida.

Se você quer desacelerar e refletir sobre as pinceladas que compõem o grande quadro que é a vida, a Pitoresca será uma grande companheira nesta jornada. Vem caminhar com a Pitoresca!

a vida no meio

Desde o momento em que desenvolvi uma visão mais crítica das coisas, percebi que quase tudo na vida girava em torno da nossa carreira profissional. Começou com o clássico “o que você quer ser quando crescer?” na infância, evoluiu para as feiras de profissão na adolescência e finalmente, no seu auge, se tornou o cadastro no LinkedIn na idade adulta. Com a ascensão das redes sociais, isso piorou: hoje existe até um nicho de looks corporativos - que não são nada práticos - para você se inspirar.

Essa ideia não é apenas de observação dos meios e das pessoas com as quais convivo. Há um processo implantado nas instituições que permite que essa cultura se permeie: a profissionalização do ensino médio, que faz com que os alunos já “saiam” do colégio com uma profissão (que muitas vezes está desvalorizada ou saturada no mercado) e o incentivo agressivo ao empreendedorismo. A crítica aqui não está no ensino profissionalizante e ao ato de empreender por si próprios. Afinal, são meios que permitem que cada vez mais pessoas cheguem a um nível maior de educação e tenham a chance de acessarem os frutos do próprio trabalho. Mas sim ao que isso representa: são sintomas de uma sociedade criada para ser produtiva o tempo todo.

Por isso, para a primeira edição da Pitoresca, queremos apresentar para você o nosso conceito de “a vida no meio”. Essa expressão surgiu enquanto tentamos explicar sobre o que a revista falava. Bem, fala sobre a vida no meio: tudo o que acontece entre seus deveres diários, principalmente profissionais.

E olhe: você vai se surpreender com o tanto de coisa que dá para falar sem ser sobre o trabalho. Nessas páginas, você vai encontrar formação de comunidades fora do ambiente digital, a produção de arte urbana, reflexões sobre relacionamentos amorosos (ou a falta deles) e entre pais e filhos, e muito mais! Aproveite a leitura.

O online cansou?

Apesar de indispensável, algumas pessoas tentam se afastar da tecnologia e cultivar conexões reais

Fotos: Julia Sobkowiak

Em uma rua de paralelepípedo no

Centro de Curitiba, um grupo de 24 pessoas está sentado em banquinhos, cadeiras de praia e até mesmo no meio-fio. Todos olham para baixo, mas ninguém está com celular nas mãos. Munidos de papel, lápis, caneta e aquarela, eles desenham o Teatro Novelas Curitibanas com seus tons amarelos e azuis em um sábado ensolarado.

Esse grupo é formado por integrantes do Urban Sketchers (USK), uma comunidade global de artistas que se reúne para desenhar a paisagem urbana. Em Curitiba, eles se encontram todos os sábados, exceto os chuvosos, para retratar os mais diferentes lugares da capital paranaense.

Formado por arquitetos, fotógrafos, desenhistas amadores e profissionais, além de engenheiros, dentistas, médicos e estudantes, o USK reúne pessoas com diferentes idades e motivos para estar ali. “Eu venho para passar o tempo”, “Gosto de vir para conversar, veja só, eu nem desenho: fico aqui lendo”, contam duas senhoras sentadas na sombra, entre risadas.

Formada em 2015, a comunidade tem encontros regulares todos os sábados, e já se reuniu cerca de 440 vezes. Simon Taylor, um dos fundadores do USK, explica como funciona o agendamento dos encontros:

— A gente se comunica com todo mundo pelo Facebook e pelo Instagram. Então, ali pela quarta ou quinta-feira, a gente anuncia onde será o ponto de encontro do próximo sábado, conta.

Apesar de o grupo conversar e marcar seus encontros pelas redes sociais, durante o momento em que

estão juntos, o celular é raramente visto na mão dos integrantes. As exceções ficam por conta do final das reuniões, quando os desenhistas começam a buscar a padaria mais próxima para encerrar o encontro com um cafezinho.

Naquele sábado, no dia 12 de outubro, mesmo com 24 pessoas sentadas desenhando, o grupo estava menos volumoso que o habitual. Isso porque, nos dias mais movimentados, o USK chega a reunir cerca de 80 membros: — A interação é muito bacana. Tem muita gente que vai porque gosta de desenho, mas também gosta do nosso clima de amizade. Durante aquelas duas horas, a gente desenha um do lado do outro, então é natural a gente conversar. Vão se formando amizades que estão ali há 10 anos, sabe, de pessoas que não iriam se encontrar nessa vida.

A rotina segue a mesma desde que a comunidade começou. Os encontros acontecem sempre aos sábados, das 15h às 17h, e só são cancelados devido ao mau tempo. Às 15h, os integrantes começam a chegar e se posicionar em frente ao ambiente que será retratado e escolhem os ângulos favoritos para ilustrar a paisagem como preferirem. Por volta das 16h50, os desenhos são finalizados. Um pouco depois, lá pelas 17h, é feita uma exposição com todas as ilustrações. No final, eles fazem um registro fotográfico do dia e cada um segue seu caminho. Além de reunir pessoas, os encontros também servem como uma fuga da previsibilidade do cotidiano:

— É uma espécie de detox do mundo digital. Percebo que muitas pessoas no mundo moderno estão voltando a atividades analógicas como mexer

com a mão, tinta, papel e artesanato, justamente para dar um tempo da rotina e do mundo digital que nos absorve durante a semana, afirma.

A rotina no ambiente digital faz parte da vida dos mais de 160 milhões de brasileiros, que, de acordo com dados

“É uma espécie de detox do mundo digital”

- Simon Taylor

de 2024 do IBGE, possuem um aparelho de telefone celular. Isso inclui, em média, 9 horas e 32 minutos de uso do telefone ao longo do dia, o que representa quase 60% do tempo em que os brasileiros estão acordados, conforme o Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGVcia).

Para o doutor em psiquiatria e ciências do comportamento, Thiago Henrique Roza, as pessoas, gradualmente, começam a sentir esgotamento devido à exposição excessiva ao digital:

— Muitos pacientes que atendo no consultório estão cansados do mundo digital. É quase como um burnout desse mundo e, por isso, há uma procura por atividades presenciais, trazendo uma série de benefícios para

a saúde mental e até para as relações humanas, explica.

O psiquiatra ainda revela que, embora existam grupos interessados em se desconectar, ainda há resistência ao abandono momentâneo do uso dos aparelhos telefônicos:

— Existe uma tendência chamada de ‘fear of missing out’, que significa o medo de perder algo. Por conta desse medo, é comum ficarmos checando o telefone com a expectativa de saber de tudo, dificultando a desconexão, especialmente com as mídias sociais, afirma.

Esse medo de perder acontecimentos do dia a dia também está relacionado à conectividade e disponibilidade das pessoas. Em tempos pré-internet, o mundo operava em horários bem definidos. Quando o dia de trabalho terminava, por exemplo, os imprevistos eram resolvidos apenas no dia seguinte. No entanto, hoje, é comum receber mensagens fora do expediente, podendo gerar um sentimento de ansiedade. É claro: essa acessibilidade facilitou a comunicação, principalmente no que diz respeito a marcar encontros ou conversar com familiares e amigos que moram longe. Mas toda essa conectividade cobra um preço.

Vanessa e as amigas em uma das reuniões feitas esse ano. Foto: Acervo Pessoal

É preciso desconectar

A chamada “fadiga da disponibilidade” está associada ao uso excessivo do celular e é definida pelo estado de cansaço, esgotamento mental e pela necessidade de estar sempre disponível. Estamos tão conectados que, para muitos, a primeira e a última coisa que fazemos no dia é checar o telefone. Para minimizar os efeitos da ‘fadiga da disponibilidade’, é preciso se desconectar:

— As tecnologias não são boas nem ruins. A questão é que atualmente elas se tornaram parte da nossa vida. Benefícios como a interação com pessoas de diferentes lugares e o teletrabalho são inegáveis, mas deve haver um uso higiênico das tecnologias, como diminuir o uso quando possível, evitar o uso durante atividades físicas e limitar o uso às necessidades do trabalho, explica.

É justamente este equilíbrio que um grupo de amigas de Curitiba busca. Elas se reúnem uma vez a cada dois meses e, durante esses encontros, ficam totalmente offline. Vanessa Costa, estudante de direito, faz parte desse grupo e conta como funciona a dinâmica:

reuniões são chamadas, permite aprofundar as relações:

— Marcamos encontros com uma certa frequência, mas mesmo assim não abrimos mão da noite das meninas. Nos encontramos na igreja, mas as conversas são mais de corredor, é um contato rápido. Já na noite das meninas, aprofundamos nossas conversas. Falamos de futilidades, como qual protetor solar é melhor, mas também dividimos nossas conquistas e problemas, revela.

— Quando estamos juntas, a gente nem fica no celular e isso é natural. Tanto que o vídeo da noite das meninas é a Anne - uma das amigas do grupo - que faz. A gente até fala ‘vai, Anne, faz o vídeo e depois marca a gente’ e, se ela não faz, a gente esquece e acaba não tendo nenhum registro do nosso encontro, diz.

As amigas fazem parte da mesma igreja e se encontram com frequência durante os cultos da sua comunidade. Mas a noite das meninas, como essas

Assim como a maioria dos grupos de amigos, Vanessa e suas amigas têm um grupo no WhatsApp. Mas, ao contrário do esperado, elas não conversam muito por lá, e a noite das meninas costuma ser o evento mais aguardado para contar as atualizações da vida:

— A gente volta dos encontros com aquela sensação de: ‘putz, uma amiga conquistou aquilo, ou que legal que aconteceu isso na vida da outra’ e é muito gratificante. E quando contamos algo triste, é um momento de oração, mas também um momento de fortalecermos nosso vínculo e de alguma forma termos empatia e fortalecermos umas às outras, afirma.

Para Roza, as interações presenciais proporcionam uma profundidade nas relações que é difícil de alcançar apenas por meio de mensagens de texto:

— O que acontece é que algumas pessoas notam que só o digital não consegue preencher suas vidas. Então existem pessoas que buscam uma vida mais orgânica. E, neste sentido, a tecnologia aproxima as pessoas com gostos similares, principalmente através do uso das redes sociais, evidencia.

O Canvas Urbano

Com uma grande comunidade artística, Curitiba ainda busca compreender a arte comunitária e seus efeitos sociais

Fotos: José de Souza

Quando você pensa em arte, o que vem à mente? Na nossa rotina, são raras as vezes em que se pode apreciar arte de forma mais tradicional, frequentando galerias ou museus. No entanto, há um movimento artístico que valoriza a versatilidade e a ocupação dos espaços-comuns.

A arte urbana, como conhecemos, pode ser tanto plástica (com pinturas, esculturas e grafites) quanto performática (com apresentações teatrais e musicais). Um aspecto pouco comentado sobre esses movimentos é a característica comunitária e a capacidade de impacto social, emocional e urbano que possui, podendo ser extraído de algo tão simples quanto um banco ou uma praça.

Arte cotidiana

De acordo com dados da Prefeitura de Curitiba, a cidade possui 75 museus espalhados pela cidade. Referência em atrações artísticas, a capital possui um amplo leque cultural para os mais variados gostos. Porém, no dia-a-dia, a população não consegue adequar o acesso a esses ambientes à sua rotina diária, seja pelo deslocamento, valor, entre outros motivos. Sob este prisma, a arte comunitária é a mais acessível por estar inserida nos ambientes urbanos, onde a população tem fácil acesso. A arte comunitária envolve participação da comunidade e é de propriedade comunitária. E, na maioria das vezes, está fora da responsabilidade do poder público e é menos rastreável.

Desde a infância, Pedro Martinazzo, 25, percebe a presença da arte comunitária no bairro do Bigorrilho:

— Eu lembro dos grafites das “Batatas Assassinos” que pintaram por cima e depois colocaram outras artes, outro grafite, diz.

Agora, próximo à Rua Padre Anchieta, uma região com forte atividade comercial e empresarial, uma nova obra desponta no horizonte. Um grafite colorido, janelas sem sala e um calmo banco de praça. Este local não tem nome, mas tem seus apreciadores. O estudante conta que a adição da paisagem é um dos fatores que torna seu dia mais leve. Por viver na região do Bigorrilho e conviver com os grafites desde que se entende por gente, ele considera a arte urbana parte intrínseca da cidade e critica as atitudes do governo municipal em relação à produção de arte comunitária:

— A relação de Curitiba com a arte de rua é complicada. A prefeitura antagoniza, desincentiva ou negligencia o movimento. Isso se contrapõe com a característica da cidade que, por ser uma capital, tem uma cena de arte urbana forte, afirma.

O direito à cidade

Para além das ruas, o impacto da arte urbana também adentrou o ambiente acadêmico, gerando estudos, debates e literatura teórica. Segundo a professora do departamento de artes da UFPR, Tânia Bittencourt, o interesse da cidade por esse tipo de arte é recente:

— Quando eu comecei, em 1998, o ambiente artístico estava mais preocupado com arte de galeria e trabalhos que iam para museus do que com a street art, isso foi mudando em Curitiba, explica.

Outro aspecto estudado neste tema são as relações do espaço geográfico com os grupos sociais. Para a especialista, as pessoas buscam tornar seus ambientes mais próximos e agradáveis à sua própria visão de mundo:

— O lugar é um espaço que se configura por uma relação afetiva ou de repulsa, a territorialidade envolve relações de poder. Pode ser poder político, administrativo ou simbólico. E a paisagem é sempre subjetiva, recortada conforme a subjetividade das pessoas, explica.

Os artistas da vez

Inserida neste universo, Tatiane Oleinik, 24, é auxiliar no Atelier do Artista e tem formação em Belas Artes pela UNESPAR. Residente em São José dos Pinhais há cinco

anos, ela trabalhou com performance e arte performática, algo que para ela é pessoal, em um ambiente comunitário:

— Eu sempre faço uma certa autorrepresentação na minha arte, expressão, conhecimentos, conexões, sentimentos, coisas que nos moldam. Isso é algo que me traz um sentimento de relaxamento, conta.

Recém-formada e membro de coletivos da UNESPAR, agora ela tem a sua parcela de experiência no mundo da arte em performance, ações na cidade e em coletivos. Uma das dificuldades é o impasse que enfrentam com o público e a burocracia das instituições para tornar os projetos viáveis.

A colega de Oleinik no Laboratório de Performance da UNESPAR, Tatiane Amaral, 36, compartilha

Fotos: José de Souza

a mesma paixão de sua colega. Tatiane tem uma visão similar à sua xará, mas ainda possui uma perspectiva positiva:

A arte de rua curitibana pode ser vista pelas obras espalhadas pela cidade (como murais, grafites e esculturas) e os eventos artísticos gratuitos, como as peças de teatro, que dão acesso e aproximam os cidadãos da arte, diz.

Ela participou de diversas ações de arte performática: individuais, coletivas e intervenções, e considera uma forma que leva a arte para além das instituições. A artista afirma que esse tipo de demonstração pode envolver um certo grau de burocracia conforme o local e o que será feito, apesar de ser baseada no direito de ir e vir.

Muitas das pessoas que veem o tra balho de Tatiane e de seu coletivo a princípio não entendem ou deslegitimam a manifestação. Mas, após algum tempo, acabam apreciando e mudam suas visões:

“As pessoas deveriam tentar se sentir mais parte desses espaços artísticos, porque é uma forma de apreciação gratuita da arte”
- Tatiane Amaral

- Acho que as pessoas deveriam tentar se sentir mais parte desses espaços artísticos, porque é uma forma de apreciação gratuita da arte, conclui.

Quando tudo era mais fácil

No caos da vida adulta, buscamos por confortos da adolescência para manter o coração aquecido

Por Thaynara Goes

— Não acredito que você tá aqui!

Em meio à ansiedade, veio o primeiro reencontro em anos daquela noite. Naquela ocasião, Polyana Debiasi, 39, não sabia que iria rever tantos rostos do passado, mas pensando bem, já era de se esperar. A ocasião era super propícia: era o show de retorno dos Backstreet Boys, sua banda favorita da adolescência - e de suas amigas da época da escola também.

Naquele momento, Polyana estava saindo do Uber com sua filha Julia em direção à Pedreira, quando trombou com sua amiga do ensino médio. Depois de vários cumprimentos entusiasmados e meio desajeitados, o trio subiu a rua em direção à Pedreira Paulo Leminski para aquela que seria uma noite carregada de memórias - novas e antigas. Para ela, o show se tornou apenas um pano de fundo para evocar outro sentimento:

- Era tão bom, porque naquela época (na adolescência) a gente não tinha preocupação, era outra realidade, né? Traz uma coisa boa, um quentinho no coração, afirma.

A criança interior

Quando os ex-integrantes do RBD anun-

ciaram que iriam fazer uma turnê de reencontro e despedida no fim de 2023, Rafaela Manicka, 31, ficou eufórica. Ela e os amigos planejaram tudo: compraram passagens antecipadas para o Rio de Janeiro e marcaram a hospedagem. Dias depois, o desespero veio: a data do show no Rio foi alterada, e ela não conseguiu reembolso - nem do voo, tampouco do hotel.

Um tempo depois, as datas das apresentações se aproximavam, e Rafaela já estava conformada: não tinha ingresso para nenhuma das datas. Em todas as redes sociais que ela abria, era sempre o mesmo tipo de post: pessoas montando “look” para ir para os shows, os integrantes da banda empunhando a bandeira do Brasil. Não teve jeito: em suaves 12 parcelas no cartão de crédito, ela comprou o ingresso para uma das apresentações em São Paulo.

Não era o primeiro show do RBD que ela foi. Aos 13 anos, ela foi em uma apresentação do grupo acompanhada de um amigo. Na época, o concerto foi na Arena da Baixada, em Curitiba. Para ela, o resgate desses afetos antigos podem ser agridoces:

— Nostalgia para mim é um sentimento muito dúbio. Porque, ao mesmo tempo que eu

fico feliz em pensar que tive uma adolescência legal, conheci pessoas bacanas, aproveitei bastante, fico triste porque é uma época que não vai voltar, desabafa.

De acordo com a professora de psicologia da USP Leila Tardivo, a nostalgia chega em dois pesos:

— Não é saudosismo. É valorizar a própria vida em momentos marcantes. Claro, quanto mais se vive, também há mais sofrimento, porque há ganhos e perdas. Então, muitas

“Me recuso a acreditar

que

a criança que existiu

em mim ainda

não exista”
- Rafaela Manicka

vezes, as pessoas ficam lembrando de momentos tristes, explica.

Frequentadora assídua de shows, Rafaela ainda reitera como essas experiências são importantes para ela:

— Acho que ter esse contato de novo hoje é

meio que resgatar essa criança que existe em mim. Me recuso a acreditar que a criança que existiu em mim ainda não exista, finaliza.

Passado para viver o presente

Segundo uma pesquisa sobre nostalgia realizada pelo Guia dos Melhores em 2023, 83% dos brasileiros sentem nostalgia dos anos 80, 90 e 2000. A pesquisa ainda destaca: os anos 2000 são os mais saudosos, aparecendo com 36% das respostas. Para Tardivo, a sensação da nostalgia pode se tornar negativa:

— Pode fazer mal quando aprisiona.Quando é exagerada. Já vai para a melancolia, quando tem um tom depressivo e uma sensação de que não dá mais para viver o hoje e o futuro. Mas o passado é importante, ele nos ajuda a viver o presente.

Fotos: Thaynara Goes

Do nosso amor a gente é que sabe

O papel que o amor romântico desempenha nas nossas vidas e outras formas de amar

Por Lívia Berbel

Não foi amor à primeira vista. Juliana Bello e Everton Souza se casaram em 2025, mas a história deles começou muito antes disso. E também não foi como nos filmes. Os dois se conheceram em um grupo de amigos da igreja e não se envolveram logo de cara. A admiração, no entanto, surgiu logo cedo. Juliana ficou admirada com o comprometimento e cuidado de Everton, que desde muito cedo demonstrou sua preocupação pela amiga e agora, noiva: - Quando ainda estávamos nos conhecendo melhor, passamos por algumas situações em que pude ver ele cuidando de mim. Ele cuidava muito das coisas que ele se propunha a fazer, era comprometido e compromissado, especialmente com as coisas da igreja, que pra mim era muito importante, diz.

Everton, por outro lado, sempre achou “a beleza de Juliana muito bonita” e se encantou pelo seu jeito não tão reservado, mas não tão extravagante, nas palavras dele. Mesmo com os encantos iniciais, o casal conta que foi a escolha de permanecerem juntos que manteve o relacionamento, que completa cinco anos agora.

Luciana Maruo, por outro lado, leva a vida de forma diferente. Aos 29 anos, a arquiteta paulista de sangue e curitibana de coração descobriu no amor uma forma de se libertar, viver o coletivo e se encontrar. Após alguns relacionamentos amorosos, “Lu”, como é conhecida, percebeu que se perdia quando se relacionava. Deixava tudo de lado, inclusive a si mesma, para agradar ao amor do momento. Foi com o fim de um namoro de quase um ano que a Lu se reencontrou - se percebeu amando os coletivos, a vida com a bike, seus afilhados, amigos e afetos. Mesmo assim, em contextos diferentes, ela concorda com o casal sobre a escolha de amar:

- Acho legal a gente lembrar da Bell Hooks.

Ela fala que amor é ação, amor é construção. E eu acho que o amor é a vontade, a escolha de construir, afirma.

A verdade é que, ao longo dos anos, muitas pessoas já tentaram responder o que é o amor. Alguns filósofos e poetas encontraram suas próprias respostas. Mas compreendê-lo e senti-lo pode ser desgastante. Não surpreende, então, que tantas pessoas optem por desistir ou evitar esse afeto quando a realidade não corresponde à idealização. Mas será que é do amor que estamos cansados?

O amor em xeque

Segundo dados do IBGE de 2022, o número de divórcios no Brasil atingiu 420.039, um aumento de 8,6% em relação ao ano anterior.

Este é o maior número registrado desde 2007. O tempo médio entre o casamento e o divórcio caiu de 15,9 anos em 2010 para 13,8 anos em 2022. Além disso, quase metade dos casamentos que terminam em divórcio dura menos de 10 anos.

O psicólogo Fidel Padilha, em contraponto, ressalta que analisar separações apenas pelos números faz perder de vista o contexto. A Lei do Divórcio no Brasil passou por modificações desde 2010 que facilitaram o processo para os casais, principalmente para que mulheres se separassem sem o consentimento de seus maridos. A facilidade do processo, portanto, é um dos aspectos que impactam nos números. Há de se reconhecer também que a vida no online aumenta a possibilidade de criar conflitos dentro dos relacionamentos. Seja por

“Ela fala que amor é ação, amor é construção. E eu acho que o amor é a vontade, a escolha de construir algo”
- Luciana Maruo

ciúmes, má comunicação ou novos desafios. As redes sociais desempenham um papel central nas nossas vidas e moldam nossas expectativas de relacionamento, assim como as comédias românticas dos anos 2000 também moldaram.

Segundo Padilha, as redes ampliam tanto aspectos positivos quanto negativos do relacionamento humano. Ele observa que, de forma benéfica, as redes facilitam o acesso à informação sobre saúde mental e relacionamentos, promovendo um senso de comunidade e acolhimento. Porém, há um lado prejudicial: as mídias sociais tendem a intensificar problemas que já existiam em relacionamentos anteriores, mas que agora se tornaram mais visíveis:

- É comum ver vigilância e cobranças sobre curtidas, respostas aos stories e novos seguidores, amplificando a insegurança. Normalmente, você teria ciúmes na rua, ou qualquer interação que você soubesse desse parceiro com outra pessoa. Nas redes sociais, essa vigilância costuma se repetir e de forma amplificada, explica.

Para quem se relaciona, além de dificuldades com as ações do outro, o verdadeiro desafio é lidar com suas próprias expectativas. Segundo uma pesquisa do eHarmony, 70% dos millennials afirmam que o amor verdadeiro precisa atender expectativas como compreensão completa, apoio incondicional e capacidade de fazer o parceiro se sentir “completo”. Porém, quando essas expectativas não são atendidas, muitos optam por encerrar a relação rapidamente em vez de trabalhar nas questões. Por vezes, o “cansaço do amor” é fruto dos castelos de princesas construídos culturalmente, como explica Padilha:

- A nossa cultura molda em nós expectativas irrealistas e muito disfuncionais de relacionamentos. E isso prejudica as pessoas ao se relacionarem. Esse movimento romântico não é algo só de agora, ele é uma herança do romantismo desde o século XVIII. Enquanto a gente olha tanto para expectativas a serem cumpridas, a gente não consegue olhar dentro da gente as verdadeiras necessidades emocionais. O romance não é ruim, o ruim é o romance idealizado, que não considera dificuldades e realidades na nossa vida, afirma.

Com essas reflexões, a tendência é que a conclusão seja simples: o amor não é como antes. Mas não é bem assim. Para além do divórcio, muitos dos casais que escolheram continuar juntos estão satisfeitos com suas vidas amorosas. Uma pesquisa global feita pela Better Help constatou que pelo menos 83% dos adultos estão felizes com seu parceiro. E entre os millennials o número fica ainda mais evidente, já que 67% se consideram felizes. Padilha pontua que os relacionamentos que continuam não são perfeitos, mas talvez tenha preferido olhar para o “bônus” de amar:

Se relacionar sempre foi e sempre vai ser difícil. Mas isso vai sempre valer a pena. (...) Mas o resultado, a consequência de você construir um relacionamento com alguém é uma das sensações mais gratificantes que a gente tem na nossa vida, diz.

Um amor que é nosso, no nosso tempo

Juliana e Everton, lá do começo, preferiram continuar juntos e construir o seu próprio amor, baseado na escolha, que é como os dois enxergam o ato de amar. Para Juliana, manter um relacionamento saudável não significa abdicar da individualidade, e exige diálogo, suporte e respeito:

- É muito importante a conversa sobre problemas, sobre dificuldades, sobre o que a pessoa gosta, o que a pessoa não gosta. A todo momento, a gente está ali conversando um com o outro, aparando as arestas, resolvendo as coisas, para nada evoluir de uma maneira ruim. Se você está num relacionamento, você se compromete a estar ali com aquela pessoa de forma leal e fiel, observa.

Para além do amor romântico, Lu Maruo nutre e escolhe outros amores. Andar de bike, viver em comunidades, se conectar com amigos. Sem família na cidade, ela construiu a sua própria. Além disso, ela percebe no amor uma força que dá “pulsão ao viver”:

- Acho que o amor move as áreas da minha vida! Percebi no meu término que existe amor depois do amor. Entender que o amor é muito maior. E ele não é sobre posse, ele não é sobre controle, ele é sobre aumentar outro ser humano. As conexões que te dão um impulso de vida. A troca que a gente tá tendo me aumenta de tamanho, completa.

A verdade, no fim, é que se relacionar é cansativo mesmo. Exige vontade, ação e escolha, muito além de sentir (ou não). Amar exige autoconhecimento e uma disposição para transformar o cotidiano em algo significativo. Mas a boa notícia é que vale a pena e não precisa ser da forma como ensinam nos filmes, nas redes sociais. Precisamos do amor, das pessoas, dessa pulsão de vida. Cada um do seu jeito, no seu tempo e com o seu amor.

Cuidar ou ser cuidado?

Praticar atividades físicas e cuidar da saúde mental são formas de cuidar de si, mas será que o autocuidado se resume a essas práticas?

Julia Sobkowiak

Foto: Julia Sobkowiak

Manter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e cuidar da saúde mental são hábitos frequentemente associados à rotina de autocuidado. Mas cuidar de si se limita a essas ações? O cuidado pode morar nas pequenas atividades cotidianas, como sair com os amigos, assistir a filme de comédia dos anos 2000 ou apreciar um docinho de banca de jornal após o almoço?

De modo geral, o autocuidado é definido pela prática de atividades com o intuito de zelar por si próprio. Essas ações são orientadas pelo objetivo de promover a saúde, prevenir doenças e manter o bem-estar do corpo e da mente. Ou seja: é um espectro que pode incluir diversas atividades, desde que tenha como objetivo a manutenção da vida equilibrada e saudável.

Para o professor Deivisson Vianna Dantas dos Santos, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o autocuidado também está relacionado ao autoconhecimento:

— Para ter autonomia do cuidado, você precisa ter conhecimento de si e das informações do seu entorno. O que quero dizer com isso? Para eu ter autocuidado, preciso conhecer as coisas que fazem bem para mim e as coisas que não fazem, afirma.

Quando pensamos neste fenômeno, associamos o cuidado às práticas individuais, feitas por nós e para nós. No entanto, essa ideia pode estar um pouco equivocada:

— O autocuidado acaba tendo relação ao conceito de autonomia (…) Então, o processo de autonomia tem a ver com esse conhecimento do que faço por mim, mas também com o entendimento de quem pode me apoiar. O autocuidado também está na esfera coletiva do fortalecimento dos ciclos sociais, para haver um empoderamento na hora de pedir ajuda ou solicitar apoio no meu processo de cuidado, explica.

Ser cuidado

Quando atribuído às relações humanas, o autocuidado ganha nova camada: para algumas pessoas, pode ser difícil estar na posição de ser cuidado. É o caso de Noah Goes, 23. Em seu relacionamento atual, ele percebeu a importância de olhar com mais carinho para si para poder se doar aos outros:

— Eu tinha uma grande dificuldade em ser cuidado. Justamente pelo fato de eu sempre querer ter autonomia e independência, não deixava os outros cuidarem de mim. Mas uma coisa que aprendi é que não devemos somente cuidar da pessoa que a gente está, mas sim se cuidar pela pessoa que a gente está, conta.

Outra ideia recorrente no imaginário coletivo é de que as práticas de autocuidado se restringem a uma boa alimentação, prática de exercícios físicos e manutenção de cuidados na área da beleza. Embora essas sejam, de fato, práticas saudáveis, elas não são as únicas responsáveis pelo cuidado do corpo e da mente. Um levantamento feito pelo IBOPE em 2020 revelou que 84% dos brasileiros buscam manter hábitos de autocuidado, mas apenas um terço deles consegue colocar em prática.

Outro dado é que a maioria das pessoas que respondeu à pesquisa não associa atividades como cuidar do corpo e da higiene ao hábito de autocuidado.

— Eu gosto de tomar um banho bem relaxado, cuidar de mim, da minha aparência, da minha pele, do meu cabelo. E agora, para relaxar, eu ando fazendo bastante crochê, que é uma atividade relaxante que faço exclusivamente para mim, conta. No fim do dia, o autocuidado não precisa se limitar a uma única prática ou hábito.

Por se tratar de um processo de autoconhecimento, é preciso fazer dessas atividades práticas flexíveis e adaptáveis, dependendo da rotina de cada um. Se o que fez bem ontem, já não faz mais sentido hoje, esse hábito pode ser revisto.

Celebrar porque, sim, há motivos o suficiente

Coluna Lugar no Mundo: reflexões sobre os detalhes da vida e estórias de uma recém adulta

Por Lívia Berbel

Quando eu quis muito entrar na faculdade, as coisas não foram como imaginei. Os mais bonitos castelos de uma pequena Lívia acabaram ficando meio tortos – mas eu entrei, mudei de cidade… e, de algum jeito, nunca consegui realmente comemorar. Agora, quase formada, as coisas parecem se repetir. A vaga sonhada no trabalho rolou e a casa própria também. Mesmo assim, não comemorei. A vida adulta, por acaso, é tão entediante assim?

No ritmo da vida, celebramos o quê, exatamente? A psicóloga Ingrid Vitória me ajudou a entender um pouco de onde vem o desejo por sempre conquistar alguma coisa. A conquista é ela mesma ambivalente:

- A conquista, ela vai estar sempre ligada a uma realização, né? O que a gente pode atrelar na psicanálise é o desejo, explica. É prazeroso conquistar e conseguir aquilo que, de alguma forma, julgamos essencial.

Historicamente, a conquista era vital à sobrevivência: caçar, cultivar e construir um lugar no mundo. Hoje, os tempos mudaram, e nos cobramos muito mais neste quesito: Não basta somente sobreviver, né? Tenho que sobreviver e ainda ser o melhor da sobrevivência. Porque a gente tem muito essa competição, afirma.

E as exigências se tornaram imensas, mesmo. Por vezes, deixei de comemorar minhas conquistas por falta de tempo, porque não eram prioridades. A verdade é que ignoramos o básico, as simples conquistas, porque nos é ensinado que sempre podemos - e devemos - conquistar mais. Mas cá entre nós, isso é fora da realidade.

No Brasil, por exemplo, enquanto alguns lidam com a expectativa de conquistar cada vez mais, outros lutam para assegurar o essencial, seja alimentação, seja uma chance justa para competir. Na psicanálise, essa

sensação de conquista descompassada gera, como a psicóloga coloca, um “processo alienante de que tá tudo bem você conquistar tudo, porque é fácil, é o mundo que a gente vive.” Mas qual mundo é esse, e para quem ele funciona?

Celebrar talvez seja justamente lembrar dos pequenos esforços diários que nos sustentam. É enxergar as conquistas mais íntimas e reais, aquelas que trazem prazer genuíno e não dependem de aplausos. Viver e prosperar, compreendendo o que desejamos de verdade:

- O prazer na vida não está no iPhone, nem no tênis. Está no quanto conseguimos olhar para a nossa realidade, ver o que conquistamos para nós: quanto eu consigo olhar para a realidade do outro e olhar para minha própria realidade, o que eu estou conquistando?, diz.

“Se eu olhar ao redor, já tenho motivos de sobra para celebrar – e talvez isso já seja, em si, a maior conquista.”

Agora, já me formando, decidi que vou comemorar a entrada na faculdade. Vou comemorar o trabalho, comemorar a nova casinhaque mesmo sendo alugada, é o meu primeiro lar em Curitiba. Mas também me dei conta de que quero comemorar tudo isso com as verdadeiras conquistas da minha vida. Os afetos que me acolhem no choro e caminham comigo até “o sonhado pódio”. É uma verdadeira conquista - e um grande privilégio - poder celebrar as minhas alegrias e compartilhar as minhas dores com as pessoas que mais amo na vida. Seja com um brownie depois do almoço, um café depois do trabalho, uma caminhada sem um destino em mente. Se eu olhar ao redor, já tenho motivos de sobra para celebrar – e talvez isso já seja, em si, a maior conquista.

Fotos: Lívia Berbel

Papéis invertidos

A relação de cuidado que se inverte ao longo da vida e os filhos se tornam pais dos próprios pais

Por Thaynara Goes

Fotos:Thaynara Goes

Quando Rejane entrou no aeroporto Afonso Pena, o clima estava diferente. Além de estar mais quente que o habitual para um início de primavera, um sentimento de incerteza também pairava no ar. Desta vez, com passagens de ida e volta com destino a Portugal para auxiliar nos cuidados pós-parto de sua filha única, ela pensa em como vão ser as coisas quando retornar.

Não é como se ela já não estivesse acostumada com o arrumar e desarrumar de malas. Há pelo menos três anos, sua rotina é composta por conversas com os chefes sobre sua ausência de pelo menos dois meses, readaptação em uma nova cidade, marcar datas e comprar passagens de avião. Essa mudança começou em 2020, quando Rejane e sua irmã, Jailma, perceberam alguns sinais de que Oselita - a mãe delas - estava com perda de memória.

Um ano antes do início da pandemia de COVID-19, em 2019, Jailma e Oselita se mudaram de Curitiba para Salvador, devido à oportunidade de emprego que a filha recebeu. Nesta época, a rotina da mãe era independente: aos 67 anos e morando só, ela tomava conta da casa, marcava consultas de rotina e cuidava do cachorro, sem precisar de maiores auxílios. Isso mudou quando Jailma percebeu que a mãe começou a ter lapsos de memória cada vez mais intensos, afetando as tarefas mais básicas do dia a dia. Em um ano entre idas e vindas em médicos, exames laboratoriais e de imagem, veio o baque do diagnóstico: dona Oselita havia desenvolvido Alzheimer. A doença progrediu rapidamente e, em 2022, ela não tinha mais autonomia para viver sozinha, e foi morar com sua filha Jailma em Fortaleza.

A partir deste momento, as duas irmãs reorganizaram suas vidas para conseguir oferecer todos os cuidados necessários para a mãe, que vão desde os procedimen-

tos médicos até auxiliar na higiene pessoal. Apesar de terem outros quatro irmãos, Rejane e Jailma - as únicas filhas mulheres da família - tomaram todas as responsabilidades do trabalho de cuidado para si.

Estrutura do cuidado

O estudo Outras Formas de Trabalho, realizado com os dados da PNAD Contínua de 2022, mostra que as mulheres dedicavam 9,6 horas a mais do que os homens aos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas. Naquele mesmo ano, cerca de 50,8 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram algum trabalho de cuidado de parentes moradores do domicílio, ou de não moradores. Entre as mulheres ouvidas, 34,9% afirmaram ter realizado alguma atividade do tipo. Já entre os homens, essa taxa cai para 23,3%. Para a cientista social e professora da UFPR Marlene Tamanini, a constituição do trabalho de cuidado na sociedade foi um processo feminilizado desde a sua concepção até a criação de políticas públicas:

— Se pensa, por exemplo, em uma cuidadora de uma casa-lar como mãe. Não se pensa como uma profissional (…) Se acha que é mãe, que sabe fazer automaticamente, e sendo uma mulher que foi mãe ou que cuidou de alguém, pode efetuar esse trabalho, explica.

Outro fator essencial para ser pautado é o envelhecimento populacional. Em Curitiba, de acordo com dados do censo de 2022, o número de idosos com 65 anos ou mais era de 223.657 mil, representando cerca de 12,6% da população total da cidade. O número de crianças de até 14 anos, por sua vez, era de 287.405 mil, por volta de 16,2% do número total. De acordo com Tamanini, a inversão da pirâmide etária é um dos grandes desafios para a criação de políticas públicas específicas de cuidado e para idosos no país:

— Temos um processo acelerado de envelhecimento e nós não temos gente para cuidar. E quando temos, será a filha, a mãe, a neta, uma sobrinha, ou é alguém que está envelhecendo também, que está em condições de saúde melhores, mas que é idosa (...) Ninguém consegue cuidar individualmente de uma pessoa o tempo todo. Ninguém consegue oferecer qualidade de cuidado, reitera.

A filha mulher

Transplantada há 12 anos e aposentada desde então, Kátia Kmiecik, 44, tem uma rotina diária dedicada ao cuidado com os pais, Ilse e Gilberto, de 73 e 74 anos respectivamente. Nenhum deles possui doenças incapacitantes, permitindo a autonomia de ambos. Apesar disso, Kátia relata que sua mãe possui problemas com ansiedade e que tem crises de tempos em tempos, que podem perdurar por dias. Quando elas surgem, acompanhadas da pressão alta, é sempre ela que toma as providências para oferecer algum apoio, seja em acalmar a mãe ou levá-la até o hospital. Mesmo com um irmão mais velho, ela conta que foi pegando para si esta responsabilidade à medida que foi se tornando adulta. Hoje, Kátia é a figura central quando se trata de cuidados dentro da sua família:

— Quando eu era criança, claro que o meu pai sempre ajudou, levou nos médicos, tudo. Mas conforme a gente vai crescendo, a gente que é mulher vai se apegando mais aos cuidados, diz.

Após levar essa rotina por anos, Kátia revela que começou a apresentar indícios de esgotamento físico e mental. Há um ano, os sintomas pioraram e ela consultou médicos e psicólogos especialistas, que afirmaram que ela estava em um episódio depressivo.

Neste período, os papéis se inverteram novamente, e quem cuidou dela foi a mãe.

Para a professora de psicologia da UEM Daniele Ferrazza, a sociedade impõe práticas sociais desde à infância que afetam no desenvolvimento das mulheres:

— Colocam a condição de que as meninas, desde a tenra infância, devem assumir esse papel de cuidadoras (...) Então, a gente vai vendo como vai se constituindo, por meio de discursos e práticas que atravessam gerações, como nós, mulheres e meninas, devemos nos constituir, muito formatadas e moldadas nessa perspectiva do cuidar e do maternar, explica.

Ao falar sobre a relação com seus pais - especialmente com sua mãe -, Kátia ressalta que sua criação estrita deixou cicatrizes, deixando seus próprios desejos em segundo plano:

— Eu queria ter casado, queria ter filhos. Não posso dizer que a culpa é deles… Na verdade, acredito que um pouco. Anulei muitas coisas da vida e hoje sofro por causa disso, porque eu queria ter mais coisas, só que, ao mesmo tempo, hoje atribuo essa responsabilidade a mim, desabafa.

Natural do Rio Grande do Norte e filha mais velha de uma família com outros cinco irmãos, Rejane Cardoso relembra dos momentos de infância e adolescência. Aos 45 anos, ela reflete que está na posição de cuidadora desde a infância:

— Parece que eu já nasci com papéis invertidos. Eu cuido, desde a infância mesmo, da minha mãe. No momento da minha vida de criança, no lugar onde nasci, era muito comum os filhos mais velhos assumirem responsabilidades com a casa, com os outros irmãos, com a própria rotina do dia a dia, por necessidade. Fui educada para ter

esse tipo de responsabilidade. Então, cuidei um pouco da minha família inteira, conta.

Geração sanduíche

Pegando a definição do artigo “Geração sanduíche no Brasil: realidade ou mito?”, das autoras, Jordana Cristina de Jesus e Simone Wajnman, a geração sanduíche é a faixa que abrange os adultos comprimidos por demandas de filhos e de pais, sendo predominantemente composta por mulheres. No Brasil, segundo dados da PNADC tratados pela FGV, havia quase um milhão de adultos entre 35 e 49 anos que convivem com filhos e idosos no lar. A maioria desta fatia é composta por mulheres, com 60,2% do total. Além disso, 34% delas estão fora do mercado de trabalho.

“Parece que eu já nasci com papéis invertidos. Eu cuido, desde a infância mesmo, da minha mãe.
Fui educada para ter esse tipo de responsabilidade.
Então, cuidei um pouco da minha família inteira”
- Rejane Cardoso

Há quase dois meses em Portugal, Rejane parou de fazer planos a longo prazo. Com o diagnóstico da mãe e as viagens frequentes para auxiliar nos cuidados, sua vida se tornou inconstante nos últimos anos. Agora, com a gravidez de Laura, sua filha, ela precisou dividir a atenção em três partes: mãe, filha e carreira profissional.

De acordo com Ferrazza, as duplas e até triplas jornadas que recaem sobre as figuras femininas favorecem a sobrecarga e o adoecimento mental dessas mulheres: — Não são raras as mulheres que relatam essa sobrecarga, (…) em duplas e triplas jornadas, que são mulheres que comumente trabalham em empregos

remunerados, formais ou informais, mas que também exercem esse trabalho reprodutivo, sendo referente ao cuidado com filhas, com pais idosos, com defi cientes, além dos afazeres domésticos, afirma.

Quando terminar sua estadia em Portugal, Rejane retornará para Curitiba para participar das festas de fim de ano da empresa onde trabalha. Após, viajará para Fortaleza, para retomar os cuidados com a mãe. Depois disso, nem ela sabe:

- Não tenho mais casa em Curitiba. Decidi em três dias que eu ia entregar meu apartamento e fiz isso. E aí joguei as minhas coisas num depósito. Muitas mudanças em um espaço de três anos. Quero descansar. Estou cansada, encerra.

Sem planejar

Procurar menos e arriscar mais podem ser uma boa opção quando se trata do turismo em regiões próximas

Por Redação | Conteúdo Pago

Arotina diária de trabalho e cuidados com a casa pede que o fim de semana seja mais relaxante. Quando bate aquela vontade de viajar, sempre buscamos as mesmas alternativas: casa dos familiares no interior, pousada no litoral ou visitar aquele amigo que mora logo ali. Mas às vezes, o destino ideal pode estar a apenas algumas paradas de ônibus de você.

Para quem deseja ares bucólicos e tranquilidade, mas não dispõe de tanto tempo, uma boa alternativa pode estar na Região Metropolitana de Curitiba, que conta com opções que vão de bufês de cafés da manhã, almoços generosos e paisagens contemplativas. Um exemplo disso é a Vinícola Legado, que fica apenas a 30 quilômetros de Curitiba e promove a experiência do turismo das vinícolas italianas.

Localizado em Campo Largo, o estabelecimento conta com diversas experiências diferentes, como conta a fundadora da vinícola

Heloise Merolli:

- Aqui, as pessoas podem ir para o jardim ou estender uma toalha no gramado com a sua taça de vinho. Elas também podem passear pelos vinhedos, tirar fotos e curtir esse momento com suas famílias. No sábado à tarde, a partir do meio-dia até o pôr do sol, a gente tem serviço de wine bar. Aos domingos, temos os almoços e os clientes podem passar o dia, afirma.

Quando se trata de viagens, às vezes a melhor alternativa é só ir. O processo de planejamento pode ser tão estressante que você pode desistir no meio do caminho. Por isso, experimente visitar sem planejar.

Fotos: Julia Sobkowiak

Sustentabilidade começa no cor(ação)

Coluna Do conceito à ação: Provocações sobre práticas sustentáveis do cotidiano com bom humor e irreverência

Por Lia Perini

Ninguém parece mais aguentar ouvir falar em “sustentabilidade”, “ser sustentável” e todos os derivados dessa palavra. Mas, afinal: o que é essa tal de sustentabilidade de que o mundo tanto fala e agora todos queremos ser?

Perguntei ao ChatGPT e ele me enviou a seguinte definição:

“Sustentabilidade é o conceito de desenvolvimento que visa equilibrar a preservação do meio ambiente e o atendimento às necessidades humanas, sem comprometer as gerações futuras.”

Porém, como podemos sair do mundo dos conceitos, entender como isso impacta na nossa vida e colocar tudo em prática? Eu, como bióloga, dona de um brechó e ser vivente neste planeta há mais de meio século, já me indaguei várias vezes. Imagina a tal “geração futura” a que o ChatGPT se refere.

A prática da sustentabilidade passa primeiro pelo coração, para depois passar pela consciência. Para ser uma pessoa sustentável, você precisa ter um olhar amoroso: para você mesmo, pelo próximo e, consequentemente, pelo planeta.

É imprescindível ter uma visão macro de até onde seus hábitos de consumo já impactaram e continuam impactando o meio ambiente e todos os seres que o habitam. Afinal, precisamos tentar ir um pouquinho mais longe antes de cozinharmos vivos no caldeirão que a natureza nos presenteou como resposta a tantos anos de descuido com o planeta.

Se você chegar para mim e falar: “tá, mas e daí? Agora não tem mais jeito mesmo. Vamos morrer, o mundo vai acabar, meu béin! Eu já não posso fazer mais nada”. Vou te responder com um sonoro: pode, sim! DEVE, sim.

A sustentabilidade passa pelo cor(ação): você precisa sentir, entender e AGIR. Por mais simples que pareçam, ações de mudança de comportamento podem fazer toda a diferença quando somadas a outras ações. Somos mais de oito bilhões de pessoas no mundo, não é possível que não pos-

samos mudar alguma coisa, pelo amor de PachaMama!

E de verdade, qualquer mudança já vale. Desde reduzir o consumo de tudo que você acha que pode diminuir, como andar menos de carro e mais a pé, comprar mais de brechó e moda autoral ao invés de lojas de shoppings, seja repensar o que você faz com seu lixo. Tudo é válido.

“Olhar ao redor e entender realmente o seu papel no momento apocalíptico em que estamos vivendo. Tudo isso nos exige mudança, acolhimento, ação e amor.”

Mas o mais impor tante de tudo isso é sair da bolha. Olhar ao redor e entender realmente o seu papel (que é importantíssimo) no momento apocalíptico em que estamos vivendo. Tudo isso nos exige mudança, acolhimento, ação e amor.

Fotos: Lívia Berbel

O multiverso das experiências

O

charme como atrativo dos restaurante temáticos e a importância para a experiência

Por José de Souza

A cada ano, escolher o que fazer nos fins de semana vem se tornando uma tarefa cada vez mais difícil. Com uma infinidade de possibilidades de lugares para se visitar em Curitiba, algo chama a atenção: o crescimento de estabelecimentos temáticos. Com temáticas que vão desde fantasia, jogos eletrônicos e de tabuleiro e esportes, esses locais focam na experiência dos frequentadores, utilizando de entretenimento e imersão para conquistar o público.

Para todos os gostos

Fã de novas experiências, a estudante de design Sara Segalla, 19, transita sempre entre bares, hamburguerias e cafés. Uma das noites mais memoráveis foi quando visitou o Nosferatus Bar: — Literalmente, tudo era temático! A comida era muito boa, o preço também era legal, tem música ao vivo, alguns dos funcionários usam fantasias de personagens marcantes do terror e passam nas mesas interagindo, afirma.

Na contramão, Daiane, de 19 anos, não costuma sair com frequência, exceto quando acompanhada por amigos e familiares. Apesar disso, ela relembra quando visitou um café com temática de gatos, uma das melhores experiências que já teve:

— O ambiente era muito confortável e aconchegante, e os gatos ficavam em uma área separada, tinha um valor para poder entrar na sala deles. A maioria era bem social, gostei muito da questão de todos eles serem para adoção, e a comida do local era boa, tinha muitas opções veganas também, completa.

Diretamente da fantasia…

Passando pelo Centro, você pode dar de cara com uma gaiola e um hipogrifo, em frente a uma porta ornada com runas e um cálice de fogo. Algumas pessoas poderiam apenas estranhar e seguir reto, mas fãs de Harry Potter certamente entrariam para conhecer.

Ao entrar no restaurante, as pessoas são

transportadas para aquele universo. O teto é repleto de nuvens piscantes e é pano de fundo para um dragão animatrônico que fica na frente do bar. A imersão não é somente feita por efeitos especiais, e a decoração também é composta por referências. Com estandartes inspirados nas Casas da escola, mesas e cadeiras de aspectos medievais, áreas baseadas em cenários da franquia, os admiradores se sentem parte daquele mundo - e a sensação é quase como ganhar uma carta de Hogwarts.

Segundo a idealizadora e sócia do projeto, Williana Barbosa, 33, o Caldeirão do Bruxo foi fundado em 2017 e começou como um delivery temático. Junto ao marido, Williana conta que seu desejo era criar um restaurante feito de fãs para fãs de todas as idades, sendo um restaurante familiar com alimentos e bebidas tematizados.

Indo em direção ao Rebouças, continuamos no mundo da fantasia. Desta vez, no mundo de Dungeons & Dragons. Aqui, a decoração também é um dos maiores destaques: salões com grandes mesas de madeira, armas medievais e heráldicas muito parecidas com as de reinos reais.

ao vivo e até mesmo concursos de arremesso de machado e arquearia.

Frequentadora assídua de estabelecimentos do tipo, Jheniffer Soares, de 23 anos, pontua o que mais gosta em cada experiência:

— Já fui em alguns restaurantes temáticos (...) a experiência foi bem positiva! O ambiente de cada sala possuía uma temática diferente e as comidas remetiam a algo do universo, diz.

… para a realidade

O pub Boardz traz uma proposta interessante e mais ampla quanto aos gostos de seus públicos: ser um bar com jogos de tabuleiro. Criado em 2019, ele se estabeleceu em Curitiba e encontrou bastante sucesso, com uma grande aderência de público. O sócio do Boardz Hugo Neto, 26 anos, em Curitiba, esse formato de estabelecimento foi visto inicialmente como algo nichado.

Com o tempo, as pessoas foram sendo cativadas e o público só cresceu.

Continuando no tema fantasia, e indo para o Rebouças, visitamos a Taverna do Dragão, uma hamburgueria totalmente tematizada no universo de jogos de RPG. O local é totalmente adornado, com grafites de artes que emanam a energia desse universo de Dungeons & Dragons. A decoração, no entanto, não se limita aos grafites, tendo uma imersão completamente inspirada no estilo medieval europeu, com salões, grandes e grossas mesas de madeira, um salão de festa como nos filmes de cavalaria, decorada com réplicas de armas de medievais e heráldicas e objetos da cultura de franquias como de O Senhor dos Anéis e Game of Thrones.

As atividades disponíveis no restaurante incluem serviços de hamburgueria, reserva de mesas para jogos de tabuleiro, música

Esse estilo de entretenimento tem ganhado cada vez mais espaço na cena curitibana. Cada vez mais apegados e até mesmo um pouco saudosistas, o público tem optado por viver experiências que tragam um quentinho para o coração.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.