Pecuária Brasil #46

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FECHAMENTO AUTORIZADO PODERÁ SER ABERTO PELA ECT
EDIÇÃO
46 - ANO IX - JUNHO/JULHO 2023
UM MAR DE QUALIDADE E GENÉTICA DE PONTA EM ALAGOAS AGROPECUÁRIA SANTA NAZARÉ

VENDAN -CSCQ 310

TOP 0,5% PARA TM

6,63 KGS DE DE LEITE NO GENEPLUS

DECA 1 PARA PESO À DESMAMA

DECA 1 PARA PESO AO ANO

DECA 1 PARA PESO AO SOBREANO

DECA 1 PARA PESO À FASE MATERNA

DECA 1 PARA STAYABILITY

DECA 1 PARA PERÍMETRO ESCROTAL AOS 365 DIAS

DECA 1 PARA ÀREA DE OLHO DE LOMBO

DECA 1 PARA PERÍMETRO ESCROTAL AOS 450 DIAS

GENÉTICA
PRODUTIVIDADE
CAMPO AVALIAÇÃO | RAÇA | ESTRUTURA | CARCAÇA
FUNCIONAL E
A
FIV DE NAVIRAÍ
iABCZ DECA 22,28 1 IQG TOP 31,99 0,5% MGTe TOP 17,49 13% Fábio Duda - Gerente (82) 98165-5005
Calibre FIV Camparino x Nerine de Naviraí (Naviraí Horário)
INVESTIMENTOS
GENÉTICO
RAÇA NELORE EM ALAGOAS
resultado desses investimentos, a Santa Nazaré teve recentemente dois touros contratados por centrais.
REM Galo x Nerine de Naviraí (Naviraí Horário) FIV DE NAVIRAÍ iABCZ DECA 22,8 1 IQG TOP 36,74 0,5% MGTe TOP 19.000 10% @neloresantanazare | santanazareagropecuaria@gmail.com 4.5 KGS DE LEITE NO GENEPLUS DECA 1 PARA PESO À DESMAMA DECA 1 PARA PESO AO ANO
1
AO SOBREANO
1
STAYABILITY
PAIXÃO E
NO MELHORAMENTO
DA
Como
ALOK -CSCZ 1440
DECA
PARA PESO
DECA
PARA
DECA 1 PARA PERÍMETRO ESCROTAL AOS 365 DIAS DECA 1 PARA ÀREA DE OLHO DE LOMBO DECA 1 PARA PERÍMETRO ESCROTAL AOS 450 DIAS FOTOS GUSTAVO MIGUEL

EDIÇÃO

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A Santa Nazaré Agropecuária é o destaque da Nossa Capa. O criatório de Alagoas tem levado sua genética para além das terras nordestinas, investindo nas mais modernas tecnologias para colocar no mercado um Nelore eficiente e produtivo. A Santa Nazaré é o primeiro criatório alagoano a fazer parte do PMGZ Comercial.

Foto JM Matos

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 4
FECHAMENTO AUTORIZADO PODERÁ SER ABERTO PELA ECT EDIÇÃO 46 ANO IX JUNHO/JULHO 2023 UM MAR DE QUALIDADE E GENÉTICA DE PONTA EM MACEIÓ/AL AGROPECUÁRIA SANTA NAZARÉ
NOSSA CAPA

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sentar também mais segurança alimentar. O nosso trabalho precisa ser cada vez mais inclusivo”, diz o presidente da Ficebu, José Santiago Molina Morán, que nesta Expo

Zebu recebeu Mérito ABCZ na categoria Internacional. Em 2023, o Brasil celebra 100 anos das primeiras exportações de zebuínos, que ocorreram rumo ao México. Na ExpoZebu do próximo ano, será realizado Congresso Mundial de Zebu (Comcebu).

Primeiro semestre de 2023 quase finalizando, com boa notícia para o agronegócio, apesar da arroba e a oferta e demanda de boi gordo ainda mostrarem instabilidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o PIB da agropecuária no primeiro trimestre, apontando alta de 18,8% em comparação com igual período de 2022. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o PIB brasileiro deve crescer 1,2% ao longo de 2023 enquanto a atividade agropecuária deve atingir 10,5%.

O desempenho da pecuária de elite neste primeiro semestre também anda bem, como ficou comprovado nos leilões do período, especialmente os ocorridos na ExpoZebu 2023. Várias raças apresentaram faturamento acima do esperado, mostrando que a procura por genética continua alta. Nesta edição da revista Pecuária Brasil, trazemos uma análise desse mercado e como andam os preços.

Você vai conferir ainda a expectativa para o confinamento este ano. Especialistas reconhecem o momento de baixa por causa do ciclo pecuário, mas reforçam que é hora de ampliar os investimentos em tecnologias, gestão de risco e melhoria das técnicas produtivas.

o presidente do Comitê Leiteiro da Asociación Mexicana de Criadores de Cebú, Manuel Suarez, feira permitiu a troca de informações entre os países. “Sempre muito gratificante vir ao Brasil porque um momento de intercâmbio de conhecimentos e experiências com pessoas de vários países. Aproveitamos participação na ExpoZebu para confirmar com a ABCZ nosso interes

se na capacitação técnica na parte do leite. Queremos aumentar o número de propriedades rurais que trocam informações com Brasil, o nosso líder no segmento leiteiro”, destaca Suarez.

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nativa para evitar as consequências do desequilíbrio do efeito estufa. “O consumidor de hoje, além de querer um produto de qualidade, quer saber as condições com que este produto foi elaborado que impacto ele gerou ambientalmente socialmente. E está disposto pagar mais pelo produto desde que tenha tido pouco ou nenhum impacto ambiental”, destaca Juan Lebron, Superintendente de Marketing da ABCZ. Informações técnicas, sobre legislação abrangendo mercado de crédito de carbono foram abordadas na programação do evento. Roberto Giolo, pesquisador da Em

brapa Gado de Corte, falou diretamente com os criadores sobre as boas práticas de produção o retorno financeiro que se pode obter dentro de uma propriedade sustentá

vel. “As práticas inadequadas trazem um prejuízo muito

E falando em investimentos, o pasto sempre merece atenção. O período seco interfere nos índices reprodutivos e para melhorar o desempenho do rebanho uma estratégia é usar proteinado. Para quem vai investir na aquisição de equipamentos de última geração para o plantio, a indústria tem desenvolvido produtos de altíssima tecnologia, contribuindo para a agricultura e pecuária de precisão. Trazemos nesta edição algumas novidades apresentadas na Agrishow 2023.

Alagoas não é só praia.

Tem Nelore de qualidade superior!

Agropecuária Santa Nazaré, sem fronteiras: de Alagoas para o Brasil onhecido por suas belezas naturais, o estado de Alagoas vem mantendo sua tradição na seleção da raça Nelore. Lá, foi local escolhido pela família Macambira para dar continuidade pecuária, mantendo a tradição familiar de quase um século de existência. A atividade, tornou-se uma paixão um negócio de sucesso. Com investimentos na produção de animais PO na pecuária comercial de corte, Nelore Santa Nazaré tem levado sua genética para além das terras nordestinas. “Nosso objetivo desde o início produzir animais bem avaliados, com muito equilíbrio, de alto valor genético funcionalidade campo. Para isso, utilizamos todas as ferramentas disponíveis no mercado como IATF, FIV, ultrassonografia de carcaça e avaliação de precocidade sexual nos machos. Todo rebanho avaliado pelos três maiores programas de melhoramento: ANCP, Geneplus Embrapa e PMGZ. Buscamos pelo equilíbrio, ou seja, muito critério na avaliação das DEPs, aliada sempre ao fenótipo, a beleza e a expressão racial”, diz Leonardo Macambira, que junto com o pai Luiz Carlos Pereira Macambira, comanda Santa Nazaré. Para provar rusticidade do Nelore, seleção é feita pasto, com a oferta de suplementação, de acordo com cada categoria. No caso dos bezerros, foi adotado o sistema de creep-feeding, cujo objetivo aumentar o ganho de peso desmama por meio de um reforço alimentar balanceado respeitando o crescimento enquanto ainda estão mamando. Os animais P.O estão concentrados na fazenda Ribeiro, localizada em Murici, Zona da Mata Alagoana, 48 km da capital Maceió. Os touros produzidos por lá são Rafael Resende,

Fábio Duda, Leonardo Luiz Carlos Macambira

C

No leite, um bom investimento é sempre na dobradinha genética/nutrição. Você vai ficar por dentro das novidades dos Sumários de Touros das raças Gir Leiteiro e Girolando, além do uso do trigo para produção de silagem, uma prática que vem ganhando adeptos.

Você ainda vai ficar por dento de tudo que aconteceu na ExpoZebu 2023, que gerou mais de R$ 400 milhões em negócios. Entre os expositores, a ACN Agropecuária foi um dos destaques da feira, levando várias premiações com a raça Gir Leiteiro. Comandado pelo criador Anderson do Nascimento, o criatório ainda seleciona Nelore, Girolando e cavalo Crioulo.

neladas, que ajuda bastante no estoque, mas o produtor precisa ser rápido na decisão. É lógica do mundo capitalista. Não adianta ficar torcendo pelo preço. É um índice ditado pelo mercado”, acrescenta Torres. De acordo com ele, a melhora no poder de compra dos brasileiros, com recuperação nas vendas de carne bovina no país, necessária para um aumento do consumo. “Isso, por tabela, alavancaria os investimentos das fazen

das na nutrição mais qualificada dos animais. Já a pecuária leiteira vem tendo uma boa performance, com preços sus

tentados ao longo dos últimos meses”, analisa presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), Juliano Sabella. Alcides Torres acrescenta que o pecuarista brasileiro precisa enfrentar realidade de que atualmente termina

mos bem o boi, mas tratamos mal cria, com taxas de prenhez muito baixas. “Temos muito o que avançar em níveis de reprodução técnicas de produção. O bezerro está aumentando de preço e peso. Temos que alterar for

ma de comercialização. Vender bezerro por quilo, como feito em alguns locais dos estados do Sul do Brasil. Se não for possível, usar a recria para valorizar os investimen

tos. Tem gente que paga mais pelo bezerro de qualidade. E venda de sêmen explodiu, o que vem melhorando qualidade do gado. Temos um mercado explorar nesse sentido”, aconselha.

mos 15 anos. O Brasil um país pecuário há mais de um século, trouxe o zebu da Índia, cultivou os capins africa

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nos adotou suplementação alimentar moderna. Fez setor progredir tornar-se maior exportador de carne vermelha do planeta. Mas não pode temer as grandes revoluções que tem pela frente. “O ciclo pecuário o mes

mo. Quando há abate de fêmeas, preço da carne cai. Quando há retenção das matrizes, o preço da carne sobe. Logo, os preços só devem reagir bem em 2024 e 2025. Logo, o momento exato de usar tecnologia. Investir. Veja, última grande revolução do nosso boi foi China pedindo animais de 30 meses. Provocou a produção de animais precoces. E o que salvou pátria nesses anos todos foi exportação. E a China, que, sozinha, ficou com um quinto da nossa produção em 2022. E em 2023 já responsável por 17% de nossos embarques, mesmo com embargo”, aponta Alcides Torres. Uma postura apoiada por Francisco Olbrich, Diretor de Negócios da Trouw Nutrition. “Acredito nessa estabilização do confinamento neste ano. E, ao mesmo tempo, que o ciclo tradicional da pecuária deva ficar mais curto devido aos investimentos realizados pelos pecuaristas ao

E nosso destaque da capa é a Santa Nazaré Agropecuária, criatório de Alagoas que tem levado sua genética para além das terras nordestinas. O criador Luiz Carlos Macambira investe nas mais modernas tecnologias para colocar no mercado um Nelore eficiente e produtivo. A Santa Nazaré é o primeiro criatório alagoano a fazer parte do PMGZ Comercial.

E tem muito mais. Confira nas páginas a seguir.

da aumento das vendas externas prêmios mais robustos pelas melhores carcaças. Por outro lado, os valores de soja milho caíram bastante, assim como outros insumos importados devido baixa do dólar. “No confinamento, o custo de produção caiu mais do que preço final. Por isso, a conta ainda fe

cha atividade deve manter-se bem. Basta usar gestão de risco para garantir resultados. Nas outras áreas, contamos com exportações em torno de três milhões de to-

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 6
RAÇA CAPA CARNE Muito além das pistas A maior exposição de zebuínos manteve a tradição de ser palco de várias oportunidades, seja para aprimorar conhecimentos, celebrar parcerias e divulgar a pecuária brasileira para o mundo ma maratona de longa distância. Assim pode ser encarada Exposição Internacional das Raças Zebuínas, ExpoZebu, afinal, quem participou na maioria dos eventos da extensa programação precisou de
GUSTAVO MIGUEL E CLÁUDIA MONTEIRO Diretores redacaopecuariabrasil@gmail.com APRESENTAÇÃO -
fôlego: fóruns temáticos, cursos, leilões, seminários, competições, mostra culturais, dia de campo e muito mais. A 88ª edição da feira, primeira da gestão do presidente da ABCZ Gabriel Garcia Cid, confirmou que genética zebuína brasileira está em forte demanda. Para
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O jornalista do Panamá, Manoel Antonio Gonzalez Caño, acredita que as informações obtidas durante o evento contribuirão para o desenvolvimento da pecuária em seu país. Assim como ele, outros 615 estrangeiros de 30 países visitaram a ExpoZebu neste ano em que o projeto Brazilian Cattle celebra 20 anos de existência. “É uma alegria para ABCZ celebrar essa data. Desde 2003, trabalhamos como facilitador do processo de abertura de mercados para pecuária brasileira através da parceria com Apex Brasil”, ressalta o presidente da entidade. Outro evento internacional da ExpoZebu foi reunião da Federação Internacional dos Criadores de Zebu (Ficebu), que tradicionalmente ocorre na exposição. “Ainda existem países com dificuldade de importar genética zebuína Ficebu trabalha muito para que todos tenham acesso, que aumentar o rebanho nos países pode repre
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U RAÇA CAPA Leonardo Macambira
Zebu Carbono Neutro Se a qualidade genética dos animais brasileiros rende elogios dos estrangeiros, o Brasil continua sendo observado pelo mundo quando o assunto meio ambiente. Dentro desse cenário, ABCZ aproveitou o grande público da ExpoZebu para abordar sustentabilidade. O 1º Seminário Zebu Carbono Neutro – Pecuária Sustentável Gerando Riquezas reuniu especialistas nas mais diversas áreas ligadas à neutralidade de carbono, que uma alter
Criatório é referência na seleção da raça Nelore no Nordeste e pioneiro na utilização de avaliações genéticas em rebanho comercial
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Pecuária terá recuperação total só em 2024/2025 Especialistas reconhecem o momento de baixa por causa do ciclo pecuário, mas reforçam que é hora de ampliar os investimentos em tecnologias, gestão de risco e melhoria das técnicas produtivas ano típico na agropecuária sempre um ano atípico. Não há moleza”. A expressão bem-humorada do agrônomo e comandante da Scot Consultoria, Alcides Torres, resume bem o ano desafiador enfrentado pela pecuária de corte brasileira. Depois de cinco meses, mercado aponta dados complexos. O pecuarista brasileiro precisa hoje do dobro de arrobas para comprar um bezerro, sofrendo com mais um tradicional ciclo da atividade. O preço do boi gordo está baixo assim como o consumo da proteína no merO
cado interno. O embargo da China imposto pelo caso de ‘Mal da Vaca Louca’ já ficou para trás, mas não trouxe ain
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Todos são unânimes em enxergar atualidade como um dos momentos mais desafiadores da pecuária nos últi
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JUNHO/JULHO 2023

Nelore Santa Nazaré

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 8 SUMÁRIO
Expozebu além das pistas
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PG. 46

SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 9
PG. 101 Sumário de Touros Gir Leiteiro 2023 PG. 84 12 . PECUÁRIA EM REDE 18 . PECUÁRIA INDICA 21 . AGRO NO PRATO 22 . PORTEIRA ABERTA 34 . ENTREVISTA 40 . PECUÁRIA 360 43 . RAÇA 59 . CARNE 73 . LEITE 93 . ZONA RURAL 101 . GENTE 108 . SOCIAIS 114 . PONTO DE VISTA 116 . OPINIÃO 123 . EM FOCO
agro automatizado PG. 97
seco
nos índices reprodutivos PG. 70
Criadores
O
Período
interfere
#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 12
a hashtag #pecBR e apareça aqui! @associacaogirolando @carloslopesphotos_oficial @fazendaterraverde @arthurmmiguel_ #pecBR @andreaflorentino @guzeraoficial @juniorbiasibiasi @gyselemodestopereira @izabelaborges @jirehcomunicacaoagro @jujuduarteoficial @abct_tabapua
PECUÁRIA EM REDE Use
JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 13 @yusei_chibana @tete_ccoke @vlzootecnista #pecBR @laura_loren25 @mafraabovina @marcus9_vet @matheusfrancom @natha.carvalho @netinhojcn
@neyberthduran @pe.rachado @tatidrummondtetzner

MELHOR CRIADOR E MELHOR EXPOSITOR

GRANDE CAMPEÃ E CAMPEÃ NOVILHA MAIOR

GIS 874

TIGRESA FIV ROUGEE GIS DO IND

Radiado FIV de Tabapuã x Rougee Gis do Indaia (Cipoal CCC)

CAMPEÃ

NOVILHA MENOR

TVCA 2023

HUMILDADE FIV DA GE 05

Lendário Gaibú x Desbravada FIV da GE 05 (Marco FIV Tabapuã)

Maria Clara, Maria Julia, João Trivelato e Gerusa
CAMPEÃ VACA ADULTA FAVORECIDA FIV DA GE 05 Radiado FIV de Tabapuã x Orla FIV de Tabapuã (Viúvo de Taba.) TVCA 1712 GENÉTICA MELHORADORA DA RAÇA TABAPUÃ 67 3295 6970 | @tabapuadage05 www.tabapuadage.com.br
JADIR
FOTOS
BISON

PECUÁRIA DE ONDE

Municípios brasileiros que aparecem nessa edição

DESTINOS INTERNACIONAIS

Alegrete (RS)

Aparecida do Rio Doce (GO)

Araçatuba (SP)

Arapongas (PR)

Avaré (SP)

Barretos (SP)

Bauru (SP)

Bela Vista (MS)

Belo Horizonte (MG)

Birigui (SP)

Bocaiúva (MG)

Bom Jesus (PI)

Botucatu (SP)

Britânia (GO)

Brotas (SP)

Campinas (SP)

Campo Grande (MS)

Conceição das Alagoas (MG)

Conceição de Macabu (RJ)

Coromandel (MG)

Cuiabá (MT)

Curvelo (MG)

Curitiba (PR)

Dourado (MS)

Fortaleza (CE)

Franca (SP)

Frutal (MG)

Funilândia (MG)

Goiânia (GO)

Governador Valadares (MG)

Gurupi (TO)

Guará (SP)

Ibitiúva (SP)

Ilha Solteira (SP)

Inhaúmas (MG)

Itapetinga (BA)

Itaquirai (MS)

Jaboticabal (SP)

Ji-Paraná (RO)

Lençóis Paulista (SP)

Londrina (PR)

Luís Eduardo Magalhães (BA)

Maracaju (MS)

Maceió (AL)

Marília (SP)

Maringá (PR)

Medianeira (PR)

Morrinhos (GO)

Natal (RN)

Nova Crixás (GO)

Passos (MG)

Paulo de Faria (SP)

Patos de Minas (MG)

Piracicaba (SP)

Pompéu (MG)

Ponta Porã (MS)

Porangatu (GO)

UBERABA-MG

ExpoZebu

Porto Murtinho (MS)

Quirinópolis (GO)

Ribeirão Preto (SP)

Rio de Janeiro (RJ)

Rio Pardo (RS)

Rio Preto (SP)

Rio Verde (GO)

Sacramento (MG)

Santa Maria da Serra (SP)

São Gotardo (MG)

São Paulo (SP)

Soledade (RS)

Salvador (BA)

Terenos (MS)

Três Passos (RS)

Uberaba (MG)

Uberlândia (MG)

Vale do Paraíba (SP)

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 16
Austrália Bolívia Camboja China Estados Unidos Guatemala Nelore Santa Nazaré
- AL Índia Japão México Senegal Uruguai
MURICI

RESERVADA GRANDE CAMPEÃ nacional ESTRELADA

FIV DA CAR SJD 2290

Napolitano DA CAR x Verdad Mat. (Rem Armador)

FOTO JADIR BISON

PECUÁRIA INDICA

COMO DESACELERAR

Escrito pelo mestre zen-budista sul-coreano Haemin Sunim, o livro “As coisas que você só vê quando desa celera” é um desses raros e tão necessários livros para quem deseja tranquilizar os pensamentos e cultivar a calma e a autocompaixão. Ilustrado com extrema deli cadeza, ele nos ajuda a entender nossos relacionamentos, nosso trabalho, nossas aspirações e nossa espiritualidade sob um novo prisma, revelando como a prática da atenção plena pode transformar nos so modo de ser e de lidar com tudo o que fazemos. Você vai descobrir que a forma como percebemos o mundo é um reflexo do que se passa em nossa mente. Quando nossa mente está alegre e compassiva, o mundo também está. Quando ela está repleta de pensamentos negativos, o mundo parece sombrio. E quando nossa mente descansa, o mundo faz o mesmo.

“As coisas que você só vê quando desacelera: Como manter a calma em um mundo frenético”

EMBRIÕES

O uso de embriões acelera cada vez mais o melhoramento genético dos rebanhos de corte e leite. Por isso, a ferramenta de multiplicação genética é cada vez mais procurada pelos produtores de todo o país. A linha ABS NEO revolucionou o mercado de embriões, democratizando a aquisição dessa genética através da tecnologia DT (Direct Transfer). Por ser embrião congelado, armazenado no botijão de nitrogênio, o envio pode ser feito para qualquer lugar do país e para o exterior. O cliente já recebe o produto certo para a finalidade desejada. O laboratório de produção de embriões da ABS NEO tem capacidade para produzir 25 mil embriões por mês.

PACOTE NUTRICIONAL

A Tortuga, uma marca DSM, desenvolveu por meio de pesquisas de ponta o Feproxi, pacote nutricional composto por betacaroteno, vitamina E e Selênio. O Feproxi visa melhorar os índices reprodutivos, a saúde e, consequentemente, a lucratividade da fazenda uma vez que teremos vacas com melhores índices reprodutivos, produzindo mais leite ao longo de sua vida produtiva.

Autor: Haemin Sunim | Editora Sextante | 1ª edição | 256 páginas | R$42,00
#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 18

TESTE RÁPIDO

Para identificar os animais persistentemente infectados com Diarreia Viral Bovina, chegou ao Brasil o BVDV Ag POC, um teste rápido para ser realizado na fazenda com a finalidade de identificar os animais persistentemente infectados. O teste é de alta praticidade, sendo realizado a partir da coleta de uma amostra da cartilagem da orelha, tem alta confiabilidade, sensibilidade e especificidade, permitindo uma rápida tomada de decisão. O produto chega ao Brasil pela Biogénesis Bagó em parceria com a IDEXX Laboratórios.

COMBATE A MOSCAS

As moscas domésticas são a verdadeira praga do tempo mais quente. O programa No Fly Zone (Zona Livre de Moscas), da Elanco, propõe um controle integrado da incidência de moscas para proteger a saúde e melhorar o bem-estar dos animais de produção, e assegurar a produtividade do animal e do negócio, evitando perdas por conta da infestação destes insetos. o processo inseticida do No Fly Zone atua em duas frentes: na eliminação das larvas e das moscas adultas. O responsável pelo controle das larvas é o Neporex™ 50SP, impedindo que elas se desenvolvam e alcancem a fase adulta, e agindo de forma bastante seletiva, ou seja, o produto é inofensivo a insetos predadores naturais das moscas. Já a eliminação destes insetos em sua fase adulta fica por conta da solução Agita™ 10 WG, única do mercado que une em sua composição açúcar e feromônio sexual para atrair as moscas e eliminá-las com extrema rapidez, sem representar riscos à saúde de animais ou pessoas.

ANTIPARASITÁRIO

Considerada potencial causa de queda na produtividade, a dictiocaulose é uma afecção respiratória causada por helmintos do gênero Dictyocaulus que pode acometer bovinos de todas as idades. Para auxiliar os pecuaristas na proteção dos bovinos contra os parasitas, a Syntec do Brasil desenvolveu Alnor 10%, antiparasitário oral de amplo espectro de ação, à base de Albendazol, indicado para o tratamento das principais parasitoses que afetam bovinos e ovinos. É eficaz no combate e prevenção das formas adultas, larvares e ovais de vermes redondos gastrointestinais, como nematoides, além de combater vermes chatos cestoides (Taenia), parasitoses pulmonares (causadas por Dyctiocaulus viviparus e D. filaria) e parasitoses hepáticas (causadas pelas formas adultas da Fasciola hepatica e F. gigantica).

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 19

Os vinhos e suas curiosidades

Quem é apaixonado por vinhos não se contenta apenas em bebê-los, querem conhecê-los também! Mas não só o vinho em si, mas o mundo do vinho! Hoje, com o acesso às várias plataformas de conhecimento e informações, aprofundar sobre este tema tornou-se muito fácil. Depois, o vinho é mais que uma bebida, é uma experiência (sempre nova), que mexe com vários sentidos! Saber o que se está bebendo, faz parte desse ritual de aprendizado e magia!

Afinal, são muitas as marcas existentes no mercado, milhares de diferentes uvas e outros milhares de vinícolas em

todos os continentes a produzir diferentes tipos de vinhos. Por isso, quanto mais conhecimento, maior é a certeza de que, sempre ao pedir um vinho, está fazendo a melhor escolha.

E buscando contribuir um pouquinho para seu conhecimento sobre o vinho e seu mundo, vou enumerar aqui, algumas curiosidades sobre ele.

Você sabe, por exemplo, qual o país que mais consome nossa bebida favorita? Qual foi a primeira Denominação de Origem Controlada do mundo? Quantas variedades de uvas existem por aí? Vamos lá!

1. País que mais consome vinho

Cerca de 200 países são consumidores de vinho, mas o campeão desse ranking é os Estados Unidos. Porém, quando se trata de consumo per capita, é Portugal quem fica em primeiro lugar: cerca de 50 litros por pessoa/ano. O nosso Brasil ainda é pequeno em consumo, mas já é reconhecido como o que mais vem crescendo.

2. Vinhos tintos perdem a cor com o passar do tempo

Enquanto os tintos tendem a clarear, os vinhos brancos ganham novos tons mais escuros devido ao processo de oxidação. A tendência é que, depois de algumas décadas, tanto os vinhos tintos quanto os brancos passem a ter tons semelhantes à cor marrom. Alguns exemplares tintos podem chegar a ter cor alaranjada como um tijolo.

3. Douro foi a primeira Denominação de Origem do mundo

A região do Douro, em Portugal, foi a primeira Denominação de Origem Controlada (DOC) do mundo, com o cultivo de uvas como a Aragonez, Malvasia e Touriga Nacional. Isso aconteceu ainda em 1757, por meio de um decreto do Marquês de Pombal, e teve como uma das funções ajudar a diminuir as alterações que o famoso vinho do Porto sofria.

4. Vinho do Porto, não é feito no Porto

O vinho do Porto, considerado licoroso e produzido especificamente com uvas da região do Douro, recebeu este nome porque no século 17 passou a ser exportado para diversos lugares do mundo a partir da cidade do Porto.

5. Existem mais de 6 mil variedades de uvas

Segundo um relatório da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, são mais de 6 mil tipos de Vitis vinifera ao redor do mundo.

No topo do ranking das uvas utilizadas para a produção de vinho está a Cabernet Sauvignon, com cerca de 340 mil hectares plantados, algo em torno de 5% do total das áreas de vinhas. Em seguida, vêm a Merlot e a Tempranillo.

6. Vinhos brancos também podem ser feitos com uvas tintas

Isso é possível porque as polpas das uvas geralmente são claras, sem pigmentos de cor. Por isso, na utilização de uvas tintas para a produção de vinhos brancos, o líquido não pode ter nenhum contato com as cascas.

PECUÁRIA INDICA VINHOS
Jornalista, enólogo e tecnólogo em Hotelaria e Turismo

AGRO NO PRATO

RECEITAS

ABÓBORA COM CARNE SECA

Como não gostar de carne de sol com abóbora? São dois alimentos super versáteis e de sabor único. Uma curiosidade sobre a carne é que, apesar do nome, não precisa de sol para curá-la. Só precisa de sal e tempo. A espera compensa: o resultado é uma carne com sabor acentuado e textura macia. Combinada com alguns ingredientes nesta receita, ela proporciona uma experiência saborosa para oferecer aos amigos e família.

INGREDIENTES:

1 abóbora moranga inteira de aproximadamente 2 kg

2 xícaras (chá) de carne-seca dessalgada, cozida e desfiada

4 colheres de sopa de óleo

2 colheres de sopa de manteiga

2 cebolas grandes fatiadas

1 dente de alho picado

2 tomates sem sementes e em cubos

1 xícara de chá de requeijão

Tipo catupiry

4 colheres de sopa de queijo parmesão ralado

Cheiro verde picado

Sal, pimenta-do-reino a gosto

MODO DE PREPARO:

Lave a moranga, corte uma tampa e retire as sementes com uma colher. Unte com o óleo, por dentro e por fora, embrulhe em papel-alumínio e leve ao forno médio por 40 minutos ou até cozinhar al dente.

Derreta a manteiga em uma panela e refogue a cebola por cinco minutos. Tire do fogo e misture cheiro-verde.

Polvilhe o interior da abóbora com sal e despeje metade do requeijão. Espalhe o refogado e cubra com o restante do requeijão.

Polvilhe com parmesão e leve ao forno alto, preaquecido, por 15 minutos antes de servir.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 21

PORTEIRA ABERTA

AGRICULTURA 5.0

Diversas informações sobre os atuais avanços tecnológicos na agricultura estão reunidas no livro Agricultura 5.0, que acaba de ser lançado. Em 14 capítulos, Agricultura 5.0 fornece uma visão geral interdisciplinar dos mais recentes desenvolvimentos no domínio da agricultura inteligente. O livro já está à venda na Livraria UFV em formato impresso. Com prefácio do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, tem como organizadores, além de Rildo Leite, os professores Aluízio Borém e Antônio Borges Júnior. Assinam capítulos da obra os seguintes profissionais da Embrapa Milho e Sorgo: Evandro Chartuni Mantovani (aposentado), Ivan Cruz, José Edson Figueiredo, Maria José Vilaça de Vasconcelos, Maurílio Fernandes de Oliveira, Tatiane de Melo, Sinval Lopes.

CÉDULA DE PRODUTO RURAL

A Cédula de Produto Rural (CPR) é um título bastante versátil que permite ao produtor rural obter recursos financeiros ou insumos para a sua produção diretamente de tradings, revendas, indústrias, cooperativas, instituições financeiras, dentre outros. Na atual safra 2022/23, de julho a abril, os registros acumulados da CPR já somam R$ 218,91 bilhões, valor 66% superior ao mesmo intervalo da safra passada. Os dados constam na edição de maio do Boletim de Finanças Privadas do Agro, publicado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária. O boletim também mostra um crescimento no estoque de recursos desses instrumentos de financiamento. O desempenho da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) continua aquecido, com estoque próximo a R$ 400 bilhões, sendo considerada atualmente a principal fonte de recursos livres do Crédito Rural.

SAÚDE ANIMAL E SUSTENTABILIDADE

A Oxford Analytica desenvolveu um modelo de pesquisa exclusivo para avaliar os impactos da saúde do gado na sustentabilidade, o que levou a importantes descobertas. No âmbito econômico, as doenças pecuárias se convertem em perdas de produção de US$ 358,4 bilhões por ano. Em relação ao meio ambiente, uma redução de 10 pontos percentuais nessas enfermidades está ligada a uma diminuição de 800 milhões de toneladas nas emissões de gases de efeito estufa (GEE). E, socialmente, em média, cada dois bovinos vacinados evitam que uma pessoa passe fome globalmente. Os dados evidenciam que o animal saudável é uma solução para a sustentabilidade, já que ela está diretamente relacionada à produtividade mais elevada, menores emissões e menos pessoas sofrendo com a fome. No que se refere às questões econômicas, o relatório demonstrou que as doenças animais reduzem significativamente a produtividade pecuária global e afetam a renda dos produtores. Por outro lado, constatou-se que as enfermidades nos animais de produção causam uma queda da disponibilidade de alimentos e na renda agrícola, alcançando uma perda anual de 80 bilhões de quilos de carne e 179,5 bilhões de quilos de laticínios, redução que custa aos produtores um total de US$ 358,4 bilhões.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 22

PGP NO TOCANTINS

Após 10 meses de prova, a Associação de Criadores de Nelore do Tocantins (ACNT) divulgou, em maio, os resultados da Prova de Ganho em Peso a Pasto - Etapa Fazenda Encontro da Natureza, em Silvanópolis/TO. A prova, oficializada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), contou com participação de 88 reprodutores Nelore, provenientes de mais de 20 criatórios do estado tocantinense. No encerramento da prova, além da pesagem final, os animais participantes foram submetidos à avaliação pelo método EPMURAS, ultrassonografia de carcaça, aferição de circunferência escrotal e coleta de amostras para avaliações genômicas, que serão consideradas em DEPs para as características avaliadas.

NOVAS CULTIVARES

Duas novas cultivares de milho desenvolvidas pela Embrapa estão disponíveis para a próxima safra e têm em comum o bom potencial produtivo em condições de baixo e médio investimento, com sementes a preços mais acessíveis. O híbrido BRS 2107, indicado para produção de grãos em lavouras de baixo e médio investimento e a BRS 4107, uma variedade de polinização aberta, para lavouras de baixo investimento. Ambas são de ciclo precoce-normal, com elevada resistência ao acamamento e quebramento de colmo, apresentam ampla adaptabilidade e estabilidade, sendo recomendadas para todas as regiões do Brasil, tanto na safra como na safrinha. Outra novidade é o híbrido de sorgo granífero BRS 3318, desenvolvido a partir de demanda de mercado por um sorgo mais produtivo com alta sanidade foliar e baixo fator de reprodução de nematoides.

PORTEIRA ABERTA

MERCADO ALGODÃO

Levantamento divulgado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) revela que o Brasil voltou a se destacar no mercado internacional, alcançando o posto de segundo maior exportador mundial da commodity, atrás apenas dos Estados Unidos. Para 2022/23, a área plantada deverá subir 1,3%, totalizando 1,657 milhão de hectare. A produção é projetada em 2,94 milhões de toneladas, variação de 17,6%. O Brasil exportou 1,68 milhão de toneladas de algodão na safra 2021/22, somando receita de US$ 3,208 bilhões. A produção totalizou 2,5 milhões de toneladas, alta de 5,8% com relação ao período anterior.

CIRCUITO NELORE DE QUALIDADE 2023

A 1ª etapa do Circuito Nelore de Qualidade 2023, ocorrida no frigorífico Masterboi, de Canhotinho/PE, avaliou 126 machos não castrados e contou com a participação de 6 pecuaristas. Comparada à etapa de dezembro de 2022, houve um aumento de cerca de 50% em número de pecuaristas e 88% em número de animais participantes. O destaque da etapa de abril foi o fato de os animais terem alcançado a mesma média de peso da etapa de 2022, mas com idade mais jovem e com melhor cobertura de gordura na carcaça. No geral, 87% dos machos pesaram mais de 18 arrobas – elevando a média para 21,1 arrobas. Dos 126 animais avaliados, 50% deles apresentaram até dois dentes incisivos permanentes – cerca de dois anos de idade. A etapa foi realizada pela Associação dos Criadores de Nelore do Nordeste e Associação dos Criadores de Nelore do Brasil.

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

A Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) agora terá o curso de Medicina Veterinária. Com uma fazenda escola de 186 hectares, os estudantes terão a oportunidade de vivenciar experiências práticas clínicas a campo desde o primeiro período. O novo curso é coordenado pelo médico-veterinário, Thiago Felipe Braga. As inscrições para o vestibular já estão abertas e as aulas da primeira turma iniciam em agosto de 2023. Com duração de 5 anos, totalizando 10 semestres, o curso de Medicina Veterinária da Fazu é oferecido tanto no período diurno quanto no noturno.

Ao longo do curso, as práticas na Fazenda Escola abrangerão bovinos de corte e leite, equídeos, suínos, aves e pequenos ruminantes. Além disso, a Fazu está preparando um centro veterinário voltado para o atendimento de animais de companhia, que realizará desde consultas clínicas até cirurgias, proporcionando aos estudantes experiências práticas fundamentais para sua for mação.

ESTUDOS SOBRE NOVAS DEPS

O melhoramento genético bovino é uma estratégia que leva tempo e necessita de planejamento, e para auxiliar nessa tomada de decisão, durante o Encontro Anual de Técnicos da Angus, que aconteceu entre os dias 10 e 11 de maio na unidade da Embrapa Pecuária Sul em Bagé/RS, foram apresentados estudos sobre novas Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) para a raça Angus: termotolerância, consumo e eficiência alimentar e longevidade no rebanho com partos consecutivos. A outra novidade apresentada desta vez pela ANC (Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares), foi a nova ferramenta de acasalamento, que vai ajudar os seus criadores a fazerem escolhas de forma objetiva, e utilizando as DEPs como referência. Ainda durante o encontro os técnicos puderam avaliar a Prova de Eficiência Alimentar (PEA) Angus 2023 que, neste ano, resultará nas primeiras Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) para essa característica na raça. Segundo o diretor técnico da entidade, Rogério Rotta Assis, o teste é uma prioridade da área técnica. “Sabemos que o principal custo de produção da pecuária hoje é a alimentação. Então, é essencial conseguirmos selecionar reprodutores mais eficientes entre o consumo e ganho de peso”, acrescenta.

NOVO CENTRO DE PESQUISAS

A Universidade Federal de Goiás e a Champion, indústria veterinária com foco em soluções para bovinos de corte e de leite, firmam parceria para a instalação de um moderno Centro de Pesquisas em Saúde e Nutrição Animal na fazenda Champion 2, em Pirenópolis/GO. O Centro de Pesquisas conta com mais de 900 ha para o desenvolvimento de tecnologias pecuárias, grande parte já em novos sistemas de criação sustentável, como TIP (Terminação Intensiva a Pasto), ILP (Integração Lavoura Pecuária) e sistema integrado de criação em floresta cultivada. Atualmente, os projetos desenvolvidos pela parceria buscam o melhor desempenho animal em cria, recria e engorda, de forma sustentável, praticando o manejo que respeita o bem-estar tanto do animal quanto de quem trabalha com o rebanho.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CRIADORES

O melhoramento genético dos rebanhos é um diferencial decisivo em momentos de crise, dificuldades climáticas e preços de animais em baixa como os registrados neste 2023. Trabalhar com o uso de reprodutores diferenciados e mais produtivos eleva a eficiência da criação e pode ser sinônimo de operações no azul quando o mercado sinaliza queda. A posição foi defendida pelo presidente da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), Joaquin Villegas, durante a abertura do Meet da Carne, evento realizado em maio na cidade de Itapetininga/SP. Segundo ele, o melhoramento genético ajuda o produtor a enfrentar momentos de desafio na pecuária. O evento reuniu mais de 80 pecuaristas em um momento de troca de informações e confraternização. O superintendente suplente da entidade, Braulli Ferrari, explicou sobre a atuação da ANC e os avanços no registro de animais de produção. Citou que 40 raças registram seus exemplares junto à associação e que o Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) é uma ferramenta de gestão e aprimoramento das propriedades.

CARNE PARA O CATAR

As restrições à carne bovina brasileira impostas pelo Catar, em razão do caso isolado de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) atípica no estado do Pará foram retiradas. O anúncio, que se soma à recente reabertura dos mercados na Tunísia, na Palestina e na Rússia, representa a plena normalização do comércio do produto com o Catar. Diferentemente da forma clássica da enfermidade - conhecida como “mal da vaca louca” -, a forma atípica é de ocorrência natural e espontânea no rebanho bovino, não representa risco à saúde pública, tampouco justifica restrições à importação, conforme diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Em 2022, as exportações de carne bovina para o Catar somaram cerca de US$ 36,9 milhões, o equivalente a 6 mil toneladas do produto. No primeiro trimestre de 2023, a corrente de comércio entre o Brasil e o Catar foi de US$ 231,6 milhões; nesse período, as exportações de proteína animal ao Catar corresponderam a aproximadamente 75% do total exportado pelo Brasil.

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PORTEIRA ABERTA

FEBRE AFTOSA

O Rio Grande do Sul completou dois anos de zona livre de febre aftosa sem vacinação em maio. De 2020, um ano antes da certificação internacional, até agora, foram diversas as ações desenvolvidas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) para garantir este status, como a implantação de um programa de vigilância de fronteira que é referência nacional, o Sentinela, o programa Guaritas, que faz a vigilância em 97 municípios da fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, e ações de vigilância ativas e passivas. Dados da Seapi mostram que a vigilância ativa para febre aftosa registrou de 2020 até março de 2023 um total de 19 mil fiscalizações em propriedades, 92.352 fiscalizações em barreiras de bovinos, bubalinos, ovinos e suínos, com 180 apreensões, 1.600 barreiras e 15,92 mil veículos fiscalizados. Em fevereiro deste ano, o Chile publicou decreto reconhecendo o Rio Grande do Sul como zona livre de aftosa, o que habilita o mercado gaúcho para exportação de animais e produtos de origem animal.

FRENTE DO PRODUTOR DE LEITE

A segunda reunião da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL), em Brasília/DF, discutiu itens do Plano de Trabalho e soluções para a importação de leite da Argentina e do Uruguai. Para participar da discussão e da seleção de projetos prioritários para a cadeia, foram convidadas para a reunião a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Segundo dados da CNA, o mês de maio já está apresentando recordes de importação de leite. Ainda foi discutido o Projeto de Lei nº 952/2019 que determina o regramento quanto ao limite imposto ao importador brasileiro de leite em pó sobre o prazo de validade mínimo do produto. Além da importação de leite, foram temas da reunião a análise de projetos de lei prioritários para a cadeia leiteira na Câmara e Senado e a relatoria de projetos em andamento, como o PL 6487/2019 que institui o Dia Nacional do Produtor de Leite. Também foi apresentado um relatório prévio da pesquisa “Perfil dos Produtores de Leite” que está sendo realizada através de questionários distribuídos para todo o país.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 27

CAPA

Luiz Carlos e Leonardo Macambira Rafael Resende, Fábio Duda, Leonardo e Luiz Carlos Macambira

Alagoas não é só praia. Tem Nelore de qualidade superior!

Agropecuária Santa Nazaré, sem fronteiras: de Alagoas para o Brasil

Criatório é referência na seleção da raça Nelore no Nordeste e pioneiro na utilização de avaliações genéticas em rebanho comercial

Conhecido por suas belezas naturais, o estado de Alagoas vem mantendo sua tradição na seleção da raça Nelore. Lá, foi o local escolhido pela família Macambira para dar continuidade à pecuária, mantendo a tradição familiar de quase um século de existência. A atividade tornou-se uma paixão e um negócio de sucesso. Com investimentos na produção de animais PO e na pecuária comercial de corte, o Nelore Santa Nazaré tem levado sua genética para além das terras nordestinas. “Nosso objetivo desde o início é produzir animais bem avaliados, com muito equilíbrio, de alto valor genético e funcionalidade a campo. Para isso, utilizamos todas as ferramentas disponíveis no mercado como IATF, FIV, ultrassonografia de carcaça e avaliação de precocidade sexual nos machos. Todo o rebanho é avaliado pelos três maiores programas de melhoramento genético: ANCP, Geneplus Embrapa e PMGZ. Buscamos pelo equilíbrio, ou seja, muito critério na avaliação das DEPs, aliada sempre ao fenótipo, a beleza e a expressão racial”, diz Leonardo Macambira, que junto com o pai Luiz Carlos Pereira Macambira, comanda a Santa Nazaré.

Para provar a rusticidade do Nelore, a seleção é feita a pasto, com a oferta de suplementação, de acordo com cada categoria. No caso dos bezerros, foi adotado o sistema de creep-feeding, cujo objetivo é aumentar o ganho de peso à desmama por meio de um reforço alimentar balanceado respeitando o crescimento enquanto ainda estão mamando.

Os animais P.O estão concentrados na fazenda Ribeiro, localizada em Murici, Zona da Mata Alagoana, 48 km da capital Maceió. Os touros produzidos por lá são

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LARISSA VIEIRA GUSTAVO MIGUEL E JMMATOS

comercializados para várias regiões do país. O Nelore Santa Nazaré também é provado em casa, ou seja, é utilizado no rebanho comercial, que fica em outra propriedade da família, próximo à Capital.

De olho no encurtamento do ciclo de produção, a Santa Nazaré decidiu no ano passado integrar o PMGZ Comercial. É o primeiro criatório alagoano a fazer parte do programa da ABCZ. “Já fazemos todo o controle zootécnico do nosso rebanho comercial, e ingressamos com 2

mil matrizes no PMGZ Comercial para aperfeiçoar ainda mais nosso trabalho”, diz o criador Luiz Carlos. Com um foco maior na fertilidade das fêmeas, já que elas são os maiores patrimônios dentro de uma fazenda de cria.

Com muito rigor de seleção também no rebanho comercial, a fazenda vem possibilitando aos pecuaristas dar um passo importante rumo à formação de um rebanho puro, mas a um preço bem mais acessível. É que as vacas avaliadas pelo PMGZ Comercial podem ser registradas

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pela ABCZ na categoria PA (Puro por Avaliação) e, ao serem acasaladas com touro PO, geram produtos Puros Controlados (PC).

TRADIÇÃO NA PECUÁRIA NORDESTINA

A história da família Macambira na pecuária vem de longa data. Apesar de serem uma família de engenheiros civis, que atuam no ramo de construção de estradas e outras obras de infraestrutura no país, eles carregam no sangue o amor pela criação de gado. Levam a experiência em gestão da empresa para a pecuária. “Em 1910, meu avô materno, Joaquim Macambira, saía da Paraíba para comprar gado em Goiás e em Minas Gerais. Os animais eram comercializados para todo o Nordeste, especialmente no Ceará, Fortaleza e na própria Paraíba”, lembra Luiz Carlos.

A propriedade na Paraíba pertence até hoje à família, sendo comandada pelo pai do criador, o senhor Luiz Pereira da Silva, de 92 anos. O nome dado à fazenda em Alagoas, Santa Nazaré, é uma homenagem à mãe de Luiz Carlos, que sempre gostou do campo e faleceu quando ele era adolescente.

Antes de optarem pela produção de touros e matrizes Nelore PO, atuaram por vários segmentos do agro, como

na produção pecuária de leite e criação de carneiros Santa Inês. No Nelore, o foco inicial foi a seleção de animais de elite, com ênfase nas pistas. Em 2013, optaram por atuar somente na produção de matrizes, doadoras e reprodutores bem avaliados.

A base do plantel da Santa Nazaré descende dos principais criatórios renomados da atualidade no Brasil. A fazenda optou por multiplicar de forma acelerada os melhores exemplares, tendo como critérios de seleção o padrão racial, a precocidade sexual, acabamento de carcaça e o equilíbrio na parte morfológica.

Como resultado desses investimentos, além de Doadoras consagradas, a Santa Nazaré possui dois touros contratados por centrais. O touro Vendan FIV de Naviraí (Calibre FIV Camparino x Nerine de Naviraí) integra a bateria da Genex Brasil. Já o touro Alok FIV de Naviraí (REM Galo Genética Aditiva x Nerine de Naviraí) está na central CRV Lagoa. Os dois são considerados reprodutores modernos, bem avaliados nos três programas que o criatório utiliza, com boas avaliações de carcaça e têm uma árvore genealógica muito consistente. “Não só a Santa Nazaré, mas também o mercado vem apostando muito no que eles vão produzir. O Vendan já é sucesso de comercialização,

CAPA

o Alok está chegando agora ao mercado e esperamos que tenha aceitação ainda maior”, atesta Leonardo.

A Santa Nazaré vem testando seus touros em provas zootécnicas reconhecidas nacionalmente, como o PNAT (Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens) e a prova da Embrapa Gado de Corte. “Na atual edição do PNAT, tivemos 72 reprodutores considerados aptos pela ABCZ, mas decidimos fazer uma avaliação bem rigorosa, cuja apartação foi feita com muito critério pela nossa equipe, juntamente com nosso assessor técnico Rafael Resende. Enviados três animais que estão apresentando ótimo desempenho. Já na Embrapa também estamos conseguindo classificar muito bem nossos touros”, diz Leonardo.

A Santa Nazaré tem investido na capacitação do time técnico para conduzir seu dia a dia de seleção. Para que tudo isso corra perfeitamente, conta com o apoio diário

do gerente Fábio Duda e da zootecnista Lyara, além de todas as pessoas que trabalham com muita dedicação, responsabilidade e compromisso com a raça Nelore.

O MELHOR DA GENÉTICA SANTA NAZARÉ DISPONÍVEL AO MERCADO

A Santa Nazaré Agropecuária prepara mais uma edição de seus leilões anuais, sendo que um deles acontecerá no dia 14 de outubro de forma presencial. Os promotores esperam receber na fazenda aproximadamente 450 convidados de Alagoas e de todo o Brasil. A programação inclui um Dia de Campo com palestra sobre o PMGZ Comercial e a apresentação de tecnologias oferecidas por parceiros do criatório. O público ainda acompanhará a apresentação dos animais do leilão, uma oportunidade de vê-los presencialmente e também conhecer de perto a es-

VENDAN FIV DE NAVIRAÍ

trutura e o sistema de seleção na Santa Nazaré. “Nossos animais são criados a pasto, prontos para serem desafiados em qualquer sistema de produção e/ou região do Brasil. Na ocasião, disponibilizaremos 500 bezerros de corte, 100 bezerras cara limpa, 20 fêmeas PO prenhes e aspirações”, diz Luiz Carlos.

Já na semana seguinte, no dia 22 de outubro, dentro da Expoagro em Alagoas, acontecerá o terceiro remate anual da fazenda, em parceria com a Varrela Pecuária, parceiro de longas datas. A oferta será de 100 touros PO.

Para a ExpoGenética, a Santa Nazaré participará pela primeira vez com um pavilhão na feira, expondo seus animais. “Enxergamos na feira uma grande oportunidade de apresentar ao mercado nacional um pouco mais de nosso trabalho. Apresentaremos animais da nossa genealogia, acasalados por nós. Além disso, na ExpoGe -

nética será anunciado o resultado do PNAT e estamos com boas expectativas com relação aos nossos touros que estão participando”.

Para 2024, o criatório ampliará seus pregões em mais um remate, ficando três datas, um em maio e os dois já tradicionais em outubro. “Esperamos que, para o futuro, possamos disseminar cada vez mais a genética da Santa Nazaré. Manteremos a incansável busca e investimentos em tecnologias e nas pessoas, sempre priorizando a constante evolução da raça, que isso não pode parar, e mantendo o compromisso com o racial e as características do gado nelore. Nossa região é uma das melhores do Brasil em qualidade genética da raça Nelore e tem potencial para crescer ainda mais. Nós mesmos nos inspiramos em outros criatórios destaques de Alagoas”, finaliza Luiz Carlos.

ALOK FIV DE NAVIRAÍ

Zebu construído com olho e números

AAndar pelo Parque Fernando Costa, durante a ExpoZebu, não foi tarefa simples para o pecuarista José Hum berto Villela Martins, titular da Fa zenda Camparino, em Cáceres/MT. A cada passo, ele era cumprimentado por amigos, admiradores, inclusi ve de outros países. Aos 80 anos de idade (em 28 de julho celebrará mais um aniversário), José Humberto é uma das maiores referências para todas as gerações de criadores, independente da raça. Mineiro de Ituiu taba, está há três décadas no Mato Grosso, mas já contabiliza mais de 60 anos de se leção de zebu. Na tarefa de selecionar o melhor de cada raça que trabalha, ele conta com o apoio dos netos, mas nem pensa em parar. A pecuária é um negócio que está em seu sangue e produzir animais melhoradores é seu desafio diário. Nesta entre vista à revista Pecuária Brasil, ele conta sua trajetória, avalia o me lhoramento genético do zebu e os rumos da pecuária nacional.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 34 ENTREVISTA
LARISSA VIEIRA

Quais raças seleciona atualmente?

José Humberto Villela Martins - Na verdade, tenho vontade de criar todas as raças zebuínas, mas, como não dá, optei por selecionar Nelore, Nelore Mocho, Sindi e Gir Leiteiro. O Nelore é uma grande paixão que tenho, uma raça sem limites em termos de mercado. O Sindi também é espetacular, muito rústico, fértil, com um futuro imenso pela frente. Não tenho dúvida de que ela será a segunda raça do Brasil e o mercado está muito bom, com ótimas médias nos leilões. E o Gir Leiteiro está mostrando seu avanço ao mundo. Considero a raça com maior evolução entre os zebuínos, exportando sua genética para a América Latina e ajudando demais o Brasil a produzir um Girolando de qualidade que está ocupando espaço na produção de leite no país. A quantidade de leite que essas vacas Gir Leiteiro estão produzindo é impressionante.

Do início da seleção do Nelore há mais de 60 anos até hoje, o que avançou?

José Humberto Villela Martins - A evolução do Nelore foi uma coisa assustadora, principalmente nos últimos 20 anos. Antes, os criadores trabalhavam só no achismo, o que levava a muitos erros. Hoje, existem inúmeros recursos para que a seleção seja mais precisa, como a genômica, por exemplo. Temos no mercado touros com excelente avaliação genética e genômica. Claro, que ainda tem muita coisa errada por aí na seleção da raça. Quando o assunto é planejamento genético, é importante acompanhar o que o mercado quer, mas com certa cautela para não acabar produzindo um animal fora do padrão racial. Para fazer um gado branco com avaliação genética basta um computador e um bom ar-condicionado. Agora, fazer Nelore é outra coisa. A seleção da raça nos últimos tempos focou demais apenas em números, que são importantes, mas precisam ser combinados com o fenótipo. Alguns criam o Nelore sem função, só um bibelô. Felizmente, a maioria do Nelore é muito produtivo, com excelente ganho de peso, precoce, podendo ser abatido aos 18 meses. A evolução da raça é imensa. Se todos trabalharem para que ela seja o mais precoce possível, vamos ver um Nelore competindo de igual para igual com qualquer raça bovina do mundo.

No melhoramento genético do rebanho, quais são os principais critérios da Camparino?

José Humberto Villela Martins - Vivo só de fazenda e não brinco de criar gado. Aqui, é o zebu é quem paga a conta.

Por isso, não abre mão de uma forte pressão de seleção. As fêmeas que não emprenham ao final da estação de monta são descartadas e menos de 50% são reservadas para a Camparino a cada safra. Em relação aos touros, damos preferência em utilizar reprodutores jovens, de dois a três anos de idade, sejam de cria nossa ou de criatórios criteriosos na seleção de Nelore, e recém colocados no mercado. Gosto de ser o primeiro a colocar uma safra do animal no mercado. Também prezo muito pela linhagem do touro. É preciso ver para crer se o reprodutor é tudo aquilo que apontam as avaliações genéticas. Por isso, puxo a ‘capivara’ toda dele, até a terceira geração, para ver se não tem um ‘lobisomem’ ou um ‘saci pererê’ escondido na genealogia. Tenho uma equipe grande e muito competente que trabalha aqui há anos e me auxilia em todo esse trabalho, mas não abro mão de até hoje apontar os rumos da seleção na Camparino.

Como deve ser o Nelore produtivo?

José Humberto Villela Martins - O Nelore tem de cumprir sua função, que é exclusivamente a produção de carne. O animal tem de produzir o máximo possível, ser bom de aprumo, ser fértil, de tamanho mediano e pesar muito. A vaca precisa criar bem o bezerro. Ou seja, um Nelore que dá retorno. E as ferramentas de seleção estão aí para ajudar a fazer um animal produtivo. Todo meu rebanho é avaliado pelos programas de melhoramento ACNP, Geneplus/Embrapa e PMGZ. Faço ultrassonografia de carcaça, mensuração de fertilidade nos machos dos 12 meses aos 14 meses e todo o gado é genotipado. Uso tudo que é possível para chegar a esse animal altamente eficiente. E o olho do criador é muito importante. Acompanho tudo.

A Camparino realiza leilões muito concorridos. Como foi na edição deste ano durante a ExpoZebu?

José Humberto Villela Martins - A concorrência no mercado de touros é muito grande hoje em dia. Você liga a

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 35
O Nelore é uma grande paixão que tenho, uma raça sem limites em termos de mercado.

ENTREVISTA

televisão e sempre tem vários acontecendo. Mesmo assim, estamos conseguindo boas médias, o que atribuo ao fato de conhecer a fundo o que o mercado pecuário quer. Sou produtor de boi de corte e uso essa minha experiência para produzir touros capazes de atender às reais demandas da indústria frigorífica. Este ano tivemos bons resultados no leilão da Camparino na ExpoZebu. Os amigos prestigiaram mais uma vez nosso evento.

to mais tempo para fazer um bom plantel. Hoje, a genética é mais democrática. Com ferramentas como transferência de embrião, IATF e outras, o criador alça voo e daqui cinco anos competirá com a elite da seleção no Brasil. Antigamente, o gado era muito mais caro. O povo fica assustado com os preços de hoje, mas 40 anos atrás, no leilão da Mata Velha, precisava de mil boi de corte, de dois anos e meio, para comprar um lote. Hoje precisa de muito menos.

Falando em sucessão, como trabalha isso na Camparino?

Para quem pretende começar na pecuária, qual conselho daria?

José Humberto Villela Martins - Tem de entrar arrebentando, adquirindo animais de alto nível e multiplicá-los para pular etapas. É muito melhor começar com 10 bons animais do que com 100 medianos, pois, assim demora mui-

José Humberto Villela Martins - Para conduzir a fazenda, tenho uma equipe de muita confiança que trabalha comigo. Muitos entraram meninos, mais de 20 anos atrás, e fiz questão de dar um pedaço de terra a cada um para que se sentissem motivados a continuarem trabalhando na Camparino. Ao meu lado, ainda tenho meus netos. Eles trabalham no negócio. Dois deles, a Natália e o Mateus, estão comigo constantemente para aprenderem tudo sobre pecuária. É uma alegria tê-los ao meu lado, pois venho de uma família de pecuaristas. Meu avô e meu pai atuavam somente na produção de gado de corte. Quando tinha 20 anos, decidi iniciar um rebanho puro de zebu e agora espero que esse trabalho continue com os meus netos.

Para conduzir a fazenda, tenho uma equipe de muita confiança que trabalha comigo.

CALENDÁRIO

PIAUÍ EXPOSHOW

15 a 18 de junho

Bom Jesus (PI) jaciel@rseventos.net.br

EXPO BENTO

08 a 18 de junho

Bento Gonçalves (RS) ciccaxias.org.br

EXPONEL AVARÉ 2019

19 a 24 de junho Avaré (SP) nelorepaulista.com.br

TECNOCARNE

23 a 30 de junho

São Paulo (SP)

(11) 3598 7800

EXPOPAR

22 de junho a 04 de julho

Paranaíba (MS)

(67) 98122 5921

EXPO RIO VERDE

6 a 17 de julho Rio Verde (GO) exporioverde.com.br

EXPOAGRO GOVERNADOR VALADARES

7 a 16 de julho Governador Valadares (MG) expoagrogv.com.br

EXPOAGRO CUIABÁ

08 a 16 de julho Cuiabá (MT) expoagro.org.br

NACIONAL DO MANGALARGA MARCHADOR

17 a 27 de julho Belo Horizonte (MG) abccmm.org.br

FESTA DO LEITE

28 a 31 de julho Autazes (AM) (92) 99906 5895

SUPERLEITE

18 a 21 de julho Pompéu (MG) superleitepompeu.com.br

EXPOLEITE

13 a 16 de julho Arapoti (PR) (43) 3512 1027

FÓRUM MILKPOINT MERCADO

1 de agosto Uberlândia (MG) eventos@agripoint.com.br

INTERLEITE BRASIL

2 e 3 de agosto Goiânia (GO) interleite.com.br

AGRO SEM LIMITES

2 a 13 de agosto Bauru (SP) 11 97205-5143

AGROLEITE

8 a 11 de agosto Castro (PR) castrolanda.coop.br

EXPOINTER

26 de agosto a 3º de setembro Esteio (RS) expointer.rs.gov.br

FEIRA DO AGRONEGÓCIO

9 a 13 de setembro Manaus (AM) niltonlinsagro.com.br

EXPOVEL

21 a 23 de setembro Cascavel (PR) expovel.com.br

EXPOGENÉTICA

19 a 27 de agosto Uberaba (MG) abcz.org.br

EXPOCRUZ

17 a 30 de setembro Santa Cruz (Bolívia) fexpocruz.com.bo

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 38

RESERVADA GRANDE CAMPEÃ

CAMPEÃO MODELO FRIGORÍFICO

MR TERRA VERDE 1688 | ELEN 1688

RESERVADO GRANDE CAMPEÃO

MR TERRA VERDE 1719 FIV | ELEN 1719

MS TERRA VERDE 1779 FIV | ELEN 1779 VL Rojo Apache 1/50 x MS Terra Verde 1409 (VL Rojo Designer 2/70) JDH MR Elmo Manso x MS TV ST Elena 19/9 (VL Rojo Bueno 4/115) JDH SIR Lawford Manso x MS Terra Verde 1/79 (MR TV ST Elena 47/6) Marco Antônio, Guilherme, Gustavo, Sérgio Germano e Sergio Bendilatti
FOTOS CARLOS LOPES / JADIR BISON

EXPOCURVELO 2023

A ExpoCurvelo, realizada de 8 a 15 de maio de 2023, no Parque de Exposições Antônio Ernesto de Salvo, em Curvelo/MG, teve julgamento das raças Nelore, Gir Leiteiro, Guzerá, Girolando e Mangalarga Marchador. Paralelo ao evento, a Fazenda Canoas realizou um Dia de Campo e seu 20º Leilão Guzerá Curvelo. Já nas pistas um dos destaques foi o reprodutor Jacareí LBN, do criatório Guzerá LBN, consagrado como Grande Campeão da raça. O touro foi um dos classificados na edição de 2022 do PNAT (Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens). Oriundo de uma seleção que já soma mais de três décadas, Jacareí destacou-se desde cedo pelo seu potencial para contribuir para o melhoramento g enético da raça Guzerá.

BRAHMAN EM PROVA

Touros da raça Brahman de diversas propriedades do Brasil já começaram a ser avaliados na 3ª edição da Prova de Eficiência e Performance Brahman/BoicomBula. São 36 reprodutores em avaliação no Centro Humberto de Freitas Tavares, em Botucatu/SP, em relação ao ganho de peso, eficiência alimentar, fertilidade, qualidade de carcaça, dentre outras características. A prova tem duas novidades este ano. Além de ser a primeira edição a testar somente machos, desta vez serão realizadas duas avaliações andrológicas, no início e no final da prova, para avaliar a maturidade sexual dos touros. Os touros ainda passarão por ultrassonografia de carcaça, julgamento de morfologia e de modelo frigorífico. A prova será encerrada no dia 4 de agosto com o Dia de Campo e Julgamento.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 40 PECUÁRIA 360O

NOVA DIRETORIA ANCP

A ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores) promoveu Assembleia Geral virtual, no dia 29 de maio, para discutir mudanças estatutárias na Entidade. Os associados aprovaram as seguintes mudanças no Estatuto: a alteração da gestão da ANCP para um Corpo Executivo, com profissionais contratados no mercado e que não poderão ser criadores de gado, os quais serão os responsáveis em atender às demandas e interesses dos associados. Foi aprovada a criação de um Conselho Deliberativo, formado por quatro criadores e três pesquisadores. São eles: João Carlos Guimarães Giffoni Filho (presidente), Cláudio de Ulhôa Magnabosco (vice-presidente) e os conselheiros Ricardo Caldeira Viacava, Antônio Balbino de Carvalho Neto, Flávio Teodoro Martins, Fabiano Rodrigues da Cunha Araújo e José Aurélio Garcia Bergmann. Também foram aprovados para o Conselho Fiscal José Luiz Niemeyer, Hugo Borges Rodrigues e Claudia Cristina P. de Paz. Já o Corpo Executivo, que será definido pelo Conselho Deliberativo eleito, será composto por um superintendente Geral (Diretor Presidente), um diretor Técnico, um diretor Administrativo-Financeiro e um diretor de Pesquisa e Desenvolvimento.

EXPOGENÉTICA 2023

A ExpoGenética 2023 será realizada de 19 a 27 de agosto, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). As inscrições de animais vão até o dia 31 de julho. O evento contará com palestras técnicas de especialistas renomados, lançamento das avaliações genéticas dos programas PMGZ/Geneplus e outros, rodadas de negócios internacionais, leilões e shoppings, Encontro ABCZ Mulher, Jazz na Cozinha, Mérito ABCZ, entre outras atrações. A exposição ainda terá a final do PNAT 2023, que conta com 180 touros participantes das raças Nelore, Nelore Mocho, Sindi e Tabapuã, oriundos de 15 estados brasileiros.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 41

CARNES NOBRES

Uma parceria da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB) com a empresa Celeiro Carnes Especiais vai proporcionar a venda de carnes com o selo de origem e promocional da raça nas peças. A novidade foi lançada durante a 10ª edição do Festival Braseiro, realizada no dia 20 de maio, em Cuiabá/MT, onde a associação teve uma estação de carne Senepol. O acordo já firmado será oficialmente assinado durante o Camaru 2023, em Uberlândia/MG, quando haverá também a apresentação dos resultados da Prova oficial da ABCB de avaliação de performance de jovens touros Senepol.

EXPOQUEIJO BRASIL 2023

Produtores de queijo já podem ser inscrever no concurso da ExpoQueijo Brasil 2023 - Araxá International Cheese Awards. As inscrições vão de 1 a 28 de junho, no site www.expoqueijobrasil.com.br . O concurso contemplará em torno de 50 categorias de queijos de leite de vaca, cabra, ovelha, búfala, bem como a mistura de espécies. Serão avaliados queijos fabricados no Brasil e de diversos países. Neste ano, a ExpoQueijo Brasil vai envolver 2 mil produtores e impactar cerca de 300 mil pessoas. Além do Concurso Internacional, haverá uma Feira Internacional de Negócios, com cem estandes, valoriza o consumo de produtos da agricultura familiar. Neste ano, a ExpoQueijo será realizada entre os dias 24 e 27 de agosto, no Grande Hotel e Termas de Araxá.

PECUÁRIA 360O

RAÇA

SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES

ExpoZebu

OS DESTAQUES DA MAIOR EXPOSIÇÃO DE ZEBUÍNOS

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 43
#pecBR
MERCADO AQUECIDO LEILÕES DE ELITE REGISTRAM EXCELENTE FATURAMENTO

Integrada, moderna e conectada com o público

Maior feira das raças zebuínas do mundo reuniu visitantes de 30 países e gerou mais de R$ 400 milhões em negócios

Com público superior a 400 mil pessoas, a 88ª edição da maior feira de raças zebuínas do mundo surpreendeu com resultados que reforçam a grandiosidade do evento e da pecuária brasileira. Consolidando a tradição de movimentar os setores produtivos, o evento foi responsável pela geração estimada de 3.200 empregos diretos e indiretos, com impacto significativo na economia local, mais de 4 mil hóspedes nos 33 hotéis em Uberaba, sede da ABCZ. A 88ª ExpoZebu gerou mais de R$ 400 milhões em negócios.

Realizada no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), a ExpoZebu somou 2.334 animais inscritos, incluindo 1.594 exemplares avaliados no recinto de julgamento de raças. Recorde também no concurso leiteiro, com 70 inscrições das raças Gir Leiteiro, Girolando e Sindi.

A comercialização surpreendeu os organizadores, superando a edição de 2022, com destaque para o setor animal, com a realização de 35 leilões e 4 shoppings com faturamento recorde de mais de R$ 140 milhões – crescimento de 26% no faturamento em relação à ExpoZebu do ano passado.

Entre os momentos mais marcantes dos remates foi a venda de 50% da vaca Strela FIV do Mura por impressionantes R$ 2.569.500,00 e a matriz Blogueira, da raça Gir Leiteiro, eleita a Grande Campeã do Concurso Leiteiro, após atingir cerca de 70 kg de leite produzidos diariamente, durante a competição.

A eficaz operação realizada com atuação dos policiais da 5ª Região Integrada de Segurança Pública, através dos Batalhões, resultou, durante o período da ExpoZebu, na redução de 28% nos furtos e sem ocorrência de crime violento no interior do Parque. No município, a redução de crimes violentos foi de 78% e 37%, nos furtos.

Seminário Zebu Carbono Neutro - Voltada para um futuro mercado da pecuária mais sustentável, responsável e próspera, a programação técnica e cultural da 88ª ExpoZebu agradou quem passou pelo Parque Fernando Costa. Um dos pontos altos da feira foi a primeira edição do Seminário Zebu Carbono Neutro – Pecuária Sustentável Gerando Riquezas, onde palestrantes e debatedores citaram ensinamentos importantes sobre a modernização da criação de gado Zebu para produção de carne e leite.

14º Encontro Rural Jovem - Com a participação de 438 jovens, o evento retornou para destacar o papel das novas gerações da pecuária, promovendo rodas de conversas com algumas das principais lideranças da juventude do agronegócio, reconectando estudantes e profissionais com seus negócios.

38ª Mostra do Museu do Zebu - O trabalho ressaltou a rica trajetória histórica do Zebu no Brasil e no mundo, além de promover visitas a pontos turísticos,

em parceria com o Geoparque Uberaba: Terra de Gigantes, que pode se tornar o primeiro de Minas Gerais a ser internacionalmente reconhecido pela Unesco.

ABCZ Internacional - A relevância da ExpoZebu também ficou em evidência durante a feira – o Salão Internacional da ABCZ recebeu 674 visitantes de 30 países, no ano em que o Brazilian Cattle comemora duas décadas de existência e contribuições para a expansão internacional do Zebu, promoveu encontros técnicos e oportunidades de negócios.

Arte e Cultura no Parque - O projeto trouxe oficinas e apresentações de artistas, bem como o Meu Amigo Animal, que promove o contato de pessoas com deficiência com animais das raças zebuínas e equinos.

Equishow 2023 - Realizada na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Júnior, a ABCZ Equishow superou as expectativas, com a participação de cerca de 1.200 equídeos de 11 raças. Destaque para a raça Quarto de Milha, que participou com 544 animais. Foram 3.433 inscrições; 1.100 competidores; 175 provas em duplas; 132 provas individuais; 148 provas de tambores; 39 de rédeas e 127 apartações. A Equishow recebeu um público de mais de 2 mil pessoas por dia.

Zebu na Escola e Zebu na Universidade - Ações que levaram mais de mil estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior para conhecer o Museu do Zebu. O lançamento da nova edição da revista Turma do Zebuzinho trouxe educação e diversão para os visitantes.

Prestígio político - A feira foi marcada por grandes encontros e a presença de autoridades políticas nacionais e internacionais. A abertura oficial trouxe três governadores dos principais estados do Brasil: Romeu Zema, Governador de Minas Gerais; o Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, bem como o Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Martins Leite, além de mais de 20 senadores e deputados estaduais e federais, e diversos representantes de entidades classistas e políticos internacionais, bem como a prefeita de Uberaba, Elisa Araújo.

Força feminina - A liderança crescente da mulher no campo também foi destaque, durante a extensa programação preparada pela ABCZ Mulher. A primeira edição do Encontro Mulheres do Zebu ofereceu um minicurso de conhecimentos básicos sobre a morfologia das raças Zebuínas e Girolando, e as participantes da ExpoZebu também aproveitaram o bate-papo com a médica veterinária Adriane Zart, que falou sobre a técnica Manejo Nada nas Mãos.

Mérito ABCZ - O tradicional Mérito ABCZ homenageou 16 nomes que vêm contribuindo há anos para a pecuária nacional e internacional.

Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas e Zebu na Brasa - Sucesso durante a ExpoZebu, a Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas reuniu 101 estandes que exibiram o que há de melhor na gastronomia artesanal mineira. Destacamos também o Zebu na Brasa, evento que demonstrou a qualidade da carne Zebu nos seus diferentes cortes, reunindo chefs renomados para um churrasco que atraiu 1.200 pessoas.

FABB e a representatividade para as Associações de Bovinos - Considerado um avanço na busca por representatividade no setor, o encontro realizado na sala de reuniões da ABCZ que culminou na proposta da criação da Frente das Associações de Bovinos do Brasil (FABB) teve o intuito de promover a organização e articulação das entidades representativas da pecuária no país. Participaram da reunião de trabalho 14 associações de raças detentoras de registros bovinos. O grupo de trabalho já articula a apresentação de demandas para o Governo Federal.

Muito além das pistas

A maior exposição de zebuínos manteve a tradição de ser palco de várias oportunidades, seja para aprimorar conhecimentos, celebrar parcerias e divulgar a pecuária brasileira para o mundo

Uma maratona de longa distância. Assim pode ser encarada a Exposição Internacional das Raças Zebuínas, a ExpoZebu, afinal, quem participou na maioria dos eventos da extensa programação precisou de fôlego: fóruns temáticos, cursos, leilões, seminários, competições, mostra culturais, dia de campo e muito mais.

A 88ª edição da feira, primeira da gestão do presidente da ABCZ Gabriel Garcia Cid, confirmou que a genética zebuína brasileira está em forte demanda. Para

o presidente do Comitê Leiteiro da Asociación Mexicana de Criadores de Cebú, Manuel Suarez, a feira permitiu a troca de informações entre os países. “Sempre é muito gratificante vir ao Brasil porque é um momento de intercâmbio de conhecimentos e experiências com pessoas de vários países. Aproveitamos a participação na ExpoZebu para confirmar com a ABCZ nosso interesse na capacitação técnica na parte do leite. Queremos aumentar o número de propriedades rurais que trocam informações com o Brasil, o nosso líder no segmento leiteiro”, destaca Suarez.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 46
RAÇA

O jornalista do Panamá, Manoel Antonio Gonzalez Caño, acredita que as informações obtidas durante o evento contribuirão para o desenvolvimento da pecuária em seu país. Assim como ele, outros 615 estrangeiros de 30 países visitaram a ExpoZebu neste ano em que o projeto Brazilian Cattle celebra 20 anos de existência. “É uma alegria para a ABCZ celebrar essa data. Desde 2003, trabalhamos como facilitador do processo de abertura de mercados para a pecuária brasileira através da parceria com a Apex – Brasil”, ressalta o presidente da entidade. Outro evento internacional da ExpoZebu foi a reunião da Federação Internacional dos Criadores de Zebu (Ficebu), que tradicionalmente ocorre na exposição. “Ainda existem países com dificuldade de importar a genética zebuína e a Ficebu trabalha muito para que todos tenham acesso, já que aumentar o rebanho nos países pode representar também mais segurança alimentar. O nosso trabalho precisa ser cada vez mais inclusivo”, diz o presidente da Ficebu, José Santiago Molina Morán, que nesta ExpoZebu recebeu o Mérito ABCZ na categoria Internacional. Em 2023, o Brasil celebra 100 anos das primeiras exportações de zebuínos, que ocorreram rumo ao México. Na ExpoZebu do próximo ano, será realizado o Congresso Mundial de Zebu (Comcebu).

Zebu Carbono Neutro

Se a qualidade genética dos animais brasileiros rende elogios dos estrangeiros, o Brasil continua sendo observado pelo mundo quando o assunto é meio ambiente. Dentro desse cenário, a ABCZ aproveitou o grande público da ExpoZebu para abordar a sustentabilidade. O 1º Seminário Zebu Carbono Neutro – Pecuária Sustentável Gerando Riquezas reuniu especialistas nas mais diversas áreas ligadas à neutralidade de carbono, que é uma alternativa para evitar as consequências do desequilíbrio do efeito estufa. “O consumidor de hoje, além de querer um produto de qualidade, quer saber as condições com que este produto foi elaborado e que impacto ele gerou ambientalmente e socialmente. E está disposto a pagar mais pelo produto desde que tenha tido pouco ou nenhum impacto ambiental”, destaca Juan Lebron, Superintendente de Marketing da ABCZ.

Informações técnicas, sobre legislação e abrangendo o mercado de crédito de carbono foram abordadas na programação do evento. Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, falou diretamente com os criadores sobre as boas práticas de produção e o retorno financeiro que se pode obter dentro de uma propriedade sustentável. “As práticas inadequadas trazem um prejuízo muito

Além de abrir a entidade para discutir o assunto, a ABCZ já desenvolve ações efetivas sobre o tema em parceria com universidades e instituições de pesquisas, como os programas Zebu: Carne de Qualidade e Integra Zebu. “Seguimos buscando uma pecuária de precisão, trabalhando com responsabilidade e servindo de exemplo para todos os produtores de diversas partes do planeta”, finaliza o presidente da ABCZ, Gabriel Garcia Cid.

As mulheres do Zebu

Apesar de várias personalidades femininas fazerem parte da história das raças zebuínas no Brasil, a pecuária ainda é um segmento onde elas podem ampliar a tímida participação. Segundo o último censo agropecuário, existem 817 mil mulheres inseridas no comando de propriedades rurais. Embora pareça ser uma quantidade expressiva, o número representa apenas 19% do total dos produtores. O estudo também mostra que a maioria delas comandam fazendas de forma compartilhada com o homem. O censo agropecuário também aponta que este cenário está mudando. Nos últimos 10 anos o envolvimento de mulheres no setor aumentou em 6%.

A primeira edição do Workshop Mulheres do Zebu, ocorrido durante a ExpoZebu, comprovou que muitas es-

tão interessadas em ampliar o conhecimento técnico para atuarem com sucesso nos criatórios. “Nós temos muitas jovens criadoras entrando no setor e que não conhecem as raças e as características morfológicas e, por isso, resolvemos fazer este momento para que elas tivessem acesso a conceitos básicos das raças zebuínas e do Girolando”, explica a vice-presidente do grupo ABCZ Mulher, Iara Marquez.

Ao todo foram realizadas 11 oficinas em dois dias, com demonstrações práticas sobre conceitos básicos de morfologia e características das raças. Para a médica-veterinária Helena Cury, ações como esta são essenciais para que se continue avançando. “Vejo que, de alguns anos para cá, as mulheres estão tendo um espaço maior, devido à competência que várias estão adquirindo e, com isto, o espaço que, antes, era somente ocupado por homens, agora também é ocupado por mulheres; isto mostra a nossa capacidade”, comenta.

Outro momento de capacitação sobre sanidade e reprodução para o público feminino foi o encontro especial com a médica-veterinária Adriane Zart, que falou sobre o tema Manejo Nada nas Mãos: o bem-estar animal. “A técnica Nada nas Mãos foi criada através da observação do comportamento do animal na natureza. Utilizamos os instintos naturais do bovino a nosso favor na hora de tra-

RAÇA

balhar com os animais, facilitando o manejo e melhorando os resultados do rebanho”, comenta Adriane. De acordo com ela, uma das vantagens da técnica é a sua simplicidade, permitindo que seja transmitida com facilidade para criadoras e criadores. “Trata-se de uma técnica muito simples de usar, o que representa uma vantagem muito grande para aqueles que convivem diretamente com os animais e conhecem o seu comportamento”, explica.

O melhoramento entra em pista Com arquibancada cheia, a pista de julgamento continuou sendo o centro das atenções da ExpoZebu. Em 2023, a grande novidade foi a volta do Nelore Pintado para as competições. A feira teve a participação de 1.594 exemplares de nove raças. “Esse recinto simboliza exatamente o ápice da capacidade do criador e dos técnicos brasileiros de usarem essas ferramentas de forma combinada e eficiente. Eu acredito que nós chegamos em um

ponto que, combinando tudo isso, daremos um salto qualitativo no melhoramento genético do zebu como nunca presenciamos antes”, diz Luiz Antonio Josahkian, superintendente Técnico da ABCZ.

O criador Adir do Carmo Leonel acompanhou atentamente os julgamentos e ficou impressionado com a qualidade dos animais da raça Guzerá. “Fiquei muito feliz que uma raça que acompanho a muito tempo provou mais uma vez estar no caminho certo. A raça Guzerá deu uma lição nesta ExpoZebu, só não enxergou quem não quis. Foi o melhor conjunto de linha de dorso, de caracterização racial. Sou apaixonado por todos os zebuínos, mas algumas raças têm apresentado a linha de dorso toda deformada, enquanto o Guzerá mostrou que está no caminho certo. Quero parabenizar os criadores e a diretoria da Associação de Guzerá pelo trabalho que vêm desenvolvendo”, afirma Adir, conhecido defensor da pureza racial com produtividade para transformar e formar plantéis.

Para os expositores, competir na maior exposição de zebuínos do mundo continua sendo uma forma de avaliar os rumos de suas seleções. “São mais de 20 anos trabalhando para identificar uma genética superior, aprimorando e multiplicando os animais melhoradores. Os resultados alcançados na ExpoZebu mostram que estamos no caminho certo da seleção do Nelore Pintado. O julgamento foi muito disputado, com animais de extrema qualidade, e foi a grande atração deste ano”, destaca Fer-

nando Carvalho, da Fazenda São Lourenço, que conquistou várias premiações.

O criatório terminou o evento como o Melhor Criador e Melhor Expositor, além dos troféus em diversas categorias, dentre eles a Reservada Grande Campeã Mágica FIV GC da SL e o Reservado Grande Campeão Leal FIV GC da SL. “Registramos ainda uma grande valorização dos animais que vendemos nos leilões como convidados”, diz Carvalho, que já está nos preparativos do 10° Leilão Pintado Brasil, onde ofertará animais campeões da ExpoZebu e outros destaques. Será nos dias 13 e 14 de outubro, em Campo Grande/MS.

Mesmo para quem já foi premiado em outras edições da ExpoZebu, a emoção de ganhar um Grande Campeonato continua sendo única. “Já tínhamos conquistado o Grande Campeonato de machos na ExpoZebu, mas esta foi a primeira vez que fizemos uma Grande Campeã aqui. É uma grande conquista, pois as fêmeas representam bem o trabalho de seleção de qualquer criador, sem falar que permanecerão no rebanho a vida toda. São animais que temos um carinho muito especial”, assegura Edgar da Silva Ramos, expositor da raça Brahman e titular da marca Brahman Assu, em Rio das Flores/RJ. Ele fez dobradinha no evento, conquistando os troféus de Grande Campeão e de Grande Campeã das competições em pista com os animais Mister Assu 1391 e Miss Assu 1382, respectivamente.

RAÇA

Associações premiam melhores do Ranking

Paralelo às competições na pista mais concorrida das raças zebuínas, as associações promocionais realizaram eventos para premiar seus associados e celebrar suas conquistas.

A Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil teve eleição de sua nova diretoria. O presidente Roberto Fontes de Goes foi reeleito para o triênio 2023-2026. “Agradeço aos associados que confiaram mais uma vez no meu trabalho”, declara Goes.

A ExpoZebu ainda marcou as comemorações dos 30 anos da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB). A entidade foi decisiva para a importação da raça, ocorrida em 1994. Durante o jantar comemorativo da data, que reuniu criadores de Brahman de todo o Brasil e de outros países, o presidente da ABCZ prestou homenagem pelas três décadas de atuação da ACBB em prol do Brahman.

Já na Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil a feira foi um momento de premiar os melhores de 2022. O Melhor Criador foi Leandro Botelho Neiva e o Melhor Expositor foi Icil Ind. e Com. Itacarambi Ltda. Também foram premiados os melhores machos e fêmeas, campeões de prova, maiores lactações, dentre outras categorias.

A Associação de Tabapuã fez a premiação do Ranking Nacional 2022, entre criadores, expositores e melhores animais, além de entregar a premiação para os grandes campões da ExpoZebu 2022. O Melhor Criador/Expositor foi Edgard Martins da Silveira Jr.

A Associação Brasileira dos Criadores de Sindi promoveu o Sindi Day, evento que apresentou as características da raça e seu cenário dentro da pecuária nacional aos jornalistas do agronegócio.

Já a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro realizou o workshop “O que pode ser feito para melhoria dos índices na transferência de embriões?”, em parceria com a SBTE (Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões) e a Unesp. A entidade ainda fez a divulgação do Sumário de Touros 2023.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 51

Melhor criador e Melhor expositor

FAMÍLIA CARVALHO RECEBENDO PREMIAÇÃO

A 88ª EXPOZEBU

CAMPEÃO JÚNIOR MENOR NEON FIV GC DA SL - GSCA 2006 RESERVADA CAMPEÃ NOVILHA MAIOR META GC DA SL – GSCA 1927 RESERVADO CAMPEÃO JÚNIOR MENOR NASAU GC DA SL - GSCA 2079 CAMPEÃO TOURO JOVEM MAXIMO FIV GC DA SL - GSCA 1592 CAMPEÃ FÊMEA JOVEM LEIDE FIV GC DA SL - GSCA 1577 RESERVADA CAMPEÃ VACA ADULTA LINDA DONNA FIV GC D - GSCA 1486 CAMPEÃO PROGÊNIE JOVEM DE PAI FORMADA PELOS FILHOS DO IMPACTO FIV V3 RESERVADO GRANDE CAMPEÃO LEAL FIV GC DA SL - GSCA 1503 RESERVADA GRANDE CAMPEÃ MAGICA FIV GC DA SL - GSCA 1733
DURANTE
FOTOS JADIR BISON

Sem crise nos leilões

A pecuária de elite vive um dos melhores momentos, com aumento das médias em várias raças zebuínas, enquanto na outra ponta a arroba sofre com quedas sucessivas

Pecuária comercial e seletiva não andam no mesmo ritmo no atual momento da economia. Enquanto as médias de preço dos animais melhoradores estão aquecidas, os produtores de gado de corte tentam driblar o atual ciclo de baixa, com margens negativas na cria, preços muito fragilizados na reposição e queda da arroba.

Isso ficou claro na maior praça de leilões de elite do Brasil, a cidade de Uberaba/MG. Os eventos realizados durante a ExpoZebu, em maio, tiveram movimentação fi-

nanceira acima do ano anterior. De acordo com o levantamento divulgado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), os 35 leilões e 4 shoppings realizados durante a exposição movimentaram mais de R$ 140 milhões, crescimento de 26% no faturamento em relação a 2022.

Para os promotores de remates, esse aquecimento é um reconhecimento do mercado ao trabalho de melhoramento genético que vem sendo feito nos criatórios de zebu de todo o Brasil. “Com um número cada vez maior de animais melhoradores sendo ofertados, as disputas pelos melhores exemplares ficaram mais acirradas, mos-

RAÇA

trando que o mercado de genética está muito aquecido este ano”, assegura Fabiana Marques Borelli, diretora da Casa Branca Agropastoril.

O criatório participou como convidado do Leilão Elo de Raça e os lotes ofertados saíram a preços bem acima da expectativa inicial. A vaca Strela FIV do Mura, e seu clone Strela TN1 CBA, teve 50% de sua posse vendida por R$ 2.569.500,00 para a Agropecuária Nelore Paranã. Esse valor coloca a fêmea como a mais valorizada da feira. Também é da Casa Branca o segundo animal mais caro. JPN FIV EVA teve 50% de sua propriedade arrematados por R$ 2.479.500,00 para a Agropecuária Napemo.

Outro animal bem avaliado no Elo de Raça foi Estrela FIV V3, uma matriz Nelore Pintado que teve 50% de sua posse vendida por Ângelo Prata Tibery para a Fazenda JR. 5 Estrelas, de propriedade de Elias Júnior da Silva, pelo montante de R$ 1.050.000,00. “Os animais Nelore Pintado comercializados na ExpoZebu

por vários criadores foram muito valorizados, confirmando as boas médias que já vinham sendo registradas em outros eventos”, destaca Tibery. Apesar de não ter tido um leilão exclusivo da variedade, esses exemplares foram comercializados em cinco remates da exposição, atingindo R$2.432.600,00 em vendas.

Na raça Sindi, que nos últimos anos vem experimentando um aquecimento nos pregões, o momento não poderia ser melhor. “Apesar do momento de pecuária de produção não estar tão bom, as vendas de touros seguem bem firmes tanto na porteira quanto nos leilões. Tivemos um crescimento significativo no Leilão Sindi Castilho e OT, que realizamos durante a ExpoZebu, em torno de 20% em relação ao ano passado, com média de R$119 mil. Todos os lotes foram de animais referência da raça, muitos deles premiados, e isso fez com que a disputa entre os criadores que estão buscando essa genética fosse grande”, informa Adaldio Castilho, titular do criatório Sindi Castilho.

Segundo ele, há um interesse maior pela raça, o que ele atribui à sua dupla função. “As pessoas estão reconhecendo que isso é muito interessante para a pecuária comercial, pois nos cruzamentos com novilhas super precoces, por exemplo, não haverá problemas de parto por conta do tamanho dos bezerros. Além disso, a raça proporciona bom rendimento de carcaça, melhor consumo alimentar”, assegura. Para o criador, quem investiu no Sindi lá atrás está colhendo os frutos agora com as boas médias nos leilões.

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã, João Trivelato Neto, viu com alívio as médias nos leilões da ExpoZebu. “Antes de começar a feira, estava apreensivo em relação às vendas, pois a arroba vinha caindo e na agricultura a situação não está muito bem. Felizmente, os leilões de Tabapuã tiveram médias muito boas, mostrando que a genética da raça está valorizada. Os

investimentos feitos no gado PO lá atrás são a base para o momento atual, pois o número de animais de genética superior é grande”, pontua Trivelato.

Segundo ele, este é o momento para se investir. “Estamos passando uma readequação de preços no mercado de touros e fêmeas e acredito que seja uma oportunidade de adquirir genética de ponta, pois uma hora o mercado da pecuária comercial voltará a reagir e o produtor precisa se preparar para isso. Os custos com alimentação subiram, mas é preciso entender que mais caro que alimentar o gado é dar comida para animal de genética ruim. Assim a conta nunca fecha”, alerta o presidente do Tabapuã. Para o próximo ano, a entidade pretende realizar um leilão de animais avaliados pela prova de desempenho que acontece na Central Bela Vista como forma de difundir a genética provada do Tabapuã.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 56
RAÇA
FOTO JADIR BISON

RAÇA

A proposta é impulsionar a valorização e o reconhecimento da raça

egundo maior rebanho de animais zebuínos registrados no país, o Nelore Mocho terá sua representatividade ampliada em 2023. Criadores tradicionais uniram forças para fundar a Associação Brasileira do Nelore Mocho (ABNM) com o objetivo de promover a raça, realizar eventos, incentivar ações de marketing e fomentar a pesquisa.

A entidade terá sede em Campo Grande/MS. Entre os criatórios que lideram a iniciativa, estão a Seleção RG, de Ricardo Gouveia, a Fazenda Angico, do selecionador Udelson Nunes Franco, o Nelore Cedro, hoje um representante importante do Nelore Mocho no Tocantins, além do criador Raphael Zoller, titular da AgroZoller. “A ABNM também atuará em parceria com outras entidades ligadas à pecuária, fortalecendo o setor e proporcionando oportunidades de crescimento para todos os envolvidos”, acrescenta Zoller, que está entre os mais cotados para ser o presidente da nova entidade. Com vasta experiência no meio associativo, ele participa das principais associações do país e já foi presidente de três instituições ligadas a Pecuária Nacional.

A nova diretoria deverá ser anunciada no mês de julho, com o início dos trabalhos previstos para o segundo semestre de 2023. Além de representantes dos criatórios fundadores da ABNM, a diretoria terá a participação do técnico João Carlos Júnior, da JCJ Assessoria Pecuária, que ao lado do selecionador Raphael Zoller vem contribuindo para a ascensão e evolução do Nelore Mocho na atualidade.

De acordo com Zoller, a nova associação surge como uma resposta ao crescente interesse e desenvolvimento da raça Nelore Mocho no Brasil. “Com características genéticas e adaptabilidade únicas, esses animais têm conquistado cada vez mais espaço nos rebanhos nacionais. A criação do ABNM visa fortalecer a representação dos criadores, promover o aprimoramento genético e impulsionar a valorização e o reconhecimento dessa importante raça zebuína”, conclui.

Como surgiu o Nelore Mocho

Nelore Mocho ganha nova associação S

Em 1957, nasceu um bezerro mocho, na Fazenda Santa Marina, no município de Araçatuba/SP, de propriedade do pecuarista Ovídio Miranda Brito. Filho do touro Kong O.M., da criação de Otávio Machado, e da vaca Capanga, da fazenda de Neca Andrade, ele recebeu o nome de Caburey e permaneceu no rebanho do criador, dando origem à linhagem OB. Há ainda registros de animais mochos em outras épocas e regiões, dentre elas em Goiás.

Com o passar dos anos, vários criadores começaram a se interessar pelo Nelore mocho, o que levou a ABCZ a emitir o registro genealógico desses animais. No dia 25 de fevereiro, do ano de 1969, o macho Caburey e a fêmea Simpatia foram oficialmente registrados pela associação. Desde então, a raça acumula 909.624 Registros Genealógicos Definitivos (RGD). “Dentre as principais vantagens mundialmente reconhecidas, estão a maior capacidade de lotação nos caminhões de transporte, nos currais e cochos de manejo nutricional. Animais mochos permitem a menor ocorrência de lesões de carcaças e do couro por chifres, tornam o manejo menos perigoso, elevam a uniformidade no rebanho e evidenciam, assim, ainda mais, esta incomparável raça mãe da pecuária brasileira”, explica Zoller.

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CARNE

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#pecBR
TERÁ
2023 Reprodução
MELHORAR OS ÍNDICES NA SECA
PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA
EXPECTATIVAS PARA A PECUÁRIA SETOR AINDA
TURBULÊNCIAS EM
COMO

Pecuária terá recuperação total só em 2024/2025

Especialistas reconhecem o momento de baixa por causa do ciclo pecuário, mas reforçam que é hora de ampliar os investimentos em tecnologias, gestão de risco e melhoria das técnicas produtivas

Oano típico na agropecuária é sempre um ano atípico. Não há moleza”. A expressão bem-humorada do agrônomo e comandante da Scot Consultoria, Alcides Torres, resume bem o ano desafiador enfrentado pela pecuária de corte brasileira. Depois de cinco meses, o mercado aponta dados complexos. O pecuarista brasileiro precisa hoje do dobro de arrobas para comprar um bezerro, sofrendo com mais um tradicional ciclo da atividade. O preço do boi gordo está baixo assim como o consumo da proteína no mer-

cado interno. O embargo da China imposto pelo caso de ‘Mal da Vaca Louca’ já ficou para trás, mas não trouxe ainda aumento das vendas externas e prêmios mais robustos pelas melhores carcaças.

Por outro lado, os valores de soja e milho caíram bastante, assim como outros insumos importados devido à baixa do dólar. “No confinamento, o custo de produção caiu mais do que o preço final. Por isso, a conta ainda fecha e a atividade deve manter-se bem. Basta usar a gestão de risco para garantir resultados. Nas outras áreas, contamos com exportações em torno de três milhões de to-

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neladas, o que ajuda bastante no estoque, mas o produtor precisa ser rápido na decisão. É a lógica do mundo capitalista. Não adianta ficar torcendo pelo preço. É um índice ditado pelo mercado”, acrescenta Torres.

De acordo com ele, a melhora no poder de compra dos brasileiros, com recuperação nas vendas de carne bovina no país, é necessária para um aumento do consumo. “Isso, por tabela, alavancaria os investimentos das fazendas na nutrição mais qualificada dos animais. Já a pecuária leiteira vem tendo uma boa performance, com preços sustentados ao longo dos últimos meses”, analisa o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), Juliano Sabella.

Alcides Torres acrescenta que o pecuarista brasileiro precisa enfrentar a realidade de que atualmente terminamos bem o boi, mas tratamos mal a cria, com taxas de prenhez muito baixas. “Temos muito o que avançar em níveis de reprodução e técnicas de produção. O bezerro está aumentando de preço e peso. Temos que alterar a forma de comercialização. Vender bezerro por quilo, como é feito em alguns locais dos estados do Sul do Brasil. Se não for possível, usar a recria para valorizar os investimentos. Tem gente que paga mais pelo bezerro de qualidade. E a venda de sêmen explodiu, o que vem melhorando a qualidade do gado. Temos um mercado a explorar nesse sentido”, aconselha.

Todos são unânimes em enxergar a atualidade como um dos momentos mais desafiadores da pecuária nos últimos 15 anos. O Brasil é um país pecuário há mais de um século, trouxe o zebu da Índia, cultivou os capins africanos e adotou a suplementação alimentar moderna. Fez o setor progredir e tornar-se o maior exportador de carne vermelha do planeta. Mas não pode temer as grandes revoluções que tem pela frente. “O ciclo pecuário é o mesmo. Quando há abate de fêmeas, o preço da carne cai. Quando há retenção das matrizes, o preço da carne sobe. Logo, os preços só devem reagir bem em 2024 e 2025. Logo, é o momento exato de usar tecnologia. Investir. Veja, a última grande revolução do nosso boi foi a China pedindo animais de 30 meses. Provocou a produção de animais precoces. E o que salvou a pátria nesses anos todos foi a exportação. E a China, que, sozinha, ficou com um quinto da nossa produção em 2022. E em 2023 já é responsável por 17% de nossos embarques, mesmo com embargo”, aponta Alcides Torres.

Uma postura apoiada por Francisco Olbrich, Diretor de Negócios da Trouw Nutrition. “Acredito nessa estabilização do confinamento neste ano. E, ao mesmo tempo, que o ciclo tradicional da pecuária deva ficar mais curto devido aos investimentos realizados pelos pecuaristas ao

longo do tempo. Agora, ficar assustado com variações tão bruscas como vêm ocorrendo no mercado é até normal. Mas precisa gerar boas decisões e controle total dos custos”, indica.

Realmente, instabilidade parece ser uma palavra que chegou de vez ao mundo das carnes. Após um surto internacional de Peste Suína Africana, agora é a vez da Gripe Aviária, que atinge as granjas de carne de frango e ovos de dezenas de países. Se chegar ao Brasil, pode deprimir ainda mais o preço do milho. Mesmo com a voracidade das usinas de etanol e óleo pelo grão. “Não tem navios buscando milho brasileiro. Não tem exportação programada para o grão. E a supersafra não tem armazéns suficientes para guardar a colheita. Eu tenho silos, mas uso pouco por causa da diferença entre os custos e os juros atuais, de mais de 13%”, aponta Nelson Lopes, presidente da Vaccinar.

O frigorífico JBS informa que o boi representa hoje apenas 16% de seus negócios mundiais. “Já os norte-americanos podem ter problemas para alimentar o gado. Por causa de milho e feno. E, atualmente, estão vendendo muitas vacas”, acrescenta Fernando Carvalho, mentor na Matsuda Group.

Outro movimento que ganha corpo é a habilitação de mais frigoríficos brasileiros para vender à China, o que pode redundar no fim dos prêmios pagos por animais precoces. “De qualquer maneira, o Brasil permanece, e será assim nas próximas décadas, como elemento chave no fornecimento de alimentos ao planeta. O déficit de até 40% na armazenagem de grãos é um problema. Mas já existem inúmeros grupos do exterior anunciando a construção de unidades por aqui. Sem falar que soja e milho baratos é ruim para quem vende, mas é bom para quem compra. O empresário rural precisa de velocidade na decisão depois de analisar o panorama e fazer as previsões.

Tudo muda de forma muito rápida. Não dá para tirar os olhos do clima e das safras do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos. A reposição e o boi gordo devem seguir com cotações em queda. Porém, os custos da safra 2023 – 2024 devem ficar relativamente acomodados e a exportação de carne bovina deverá ter bom desempenho. Com gestão de risco, é possível ter bons resultados neste ano”, conclui Alcides Torres.

O cenário poderia ser pior na visão do professor de economia na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (GV Agro), Felippe Cauê Serigatti. “Nosso cenário econômico está meio turbulento, com índices inconsistentes. Não estamos bem, mas poderíamos estar pior. De qualquer maneira, o agronegócio tem previsão de avançar no mínimo 8% em 2023. Pode ser um bom sinal para as indústrias de suplementos minerais recuperarem parte do recuo que ocorreu depois do período histórico de 2021 até metade do ano passado”, completa.

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Alcides Torres “O ano típico no Agro é sempre um ano atípico. Não há moleza”

Adoção de tecnologias favorece a cria

Análise feita pela equipe técnica do Cepea no relatório mensal de custos de produção aponta que a adoção de tecnologias que auxiliem no aumento da eficiência produtiva se torna cada vez mais necessária, especialmente diante da crescente competição pelo uso de terras e os desafios que os altos custos de produção trazem ao bolso dos pecuaristas brasileiros. Os principais pontos apontados são: No contexto da pecuária de cria, os produtores enfrentam ainda um fator complicador: com a grande oferta de animais desmamados, decorrente da recomposição do plantel de matrizes nacional, os valores dos bezerros desmamados caíram nos primeiros meses de 2023, afetando de forma negativa a remuneração obtida por estes pecuaristas. O Indicador do Bezerro ESALQ/BM&FBovespa vem caindo em relação a 2022, em termos nominais. A despeito da redução das margens, observadas nos últimos meses, é notável o espaço para crescimento que os sistemas de cria ainda possuem em território nacional. Em termos de capacidade produtiva, as propriedades amostradas pelo Projeto Campo Futuro apresentaram, em média, uma produtividade de 2,2 arrobas por hectare. Com isso, pode-se afirmar que é possível expandir a margem por área destes sistemas de produção ao diluirmos estes custos com uma maior capacidade produtiva. Para tal, é necessário maior investimento com insumos para a produção animal.

Dentre as tecnologias aplicáveis à cria, a reprodução assistida se destaca como uma das mais difundidas. Quando corretamente aplicada, traz benefícios como a melhoria do material genético da propriedade (através de touros geneticamente superiores), a redução do intervalo entre partos (através do controle sobre estações de monta) e a produção de animais de maior valor.

Tomando por base os custos médios de insumos amostrados pelo Projeto Campo Futuro, estima-se que a despesa média com aquisição de insumos seja de R$ 87,50/matriz, para um protocolo com duas tentativas de inseminação em 32 dias de duração. Adicionalmente, acrescenta-se à estimativa R$ 25,00 com o pagamento do serviço de veterinários para a execução e acompanhamento dos protocolos no rebanho.

Com isso, o custo médio em março/23 foi estimado em R$ 112,50/matriz.

Apesar do aumento observado nos últimos meses com o custo de insumos, observa-se que, ao estimar a relação de troca entre o preço do kg do bezerro e o custo com a adoção de protocolos de IA, o peso adicional para se

Juliano Sabella “O leite vem bem. Já a carne bovina precisa de um estímulo do consumo interno”.

pagar os insumos e a mão de obra está próximo da média dos últimos 5 anos.

Com o manejo correto, a expectativa de taxa de desmame após o protocolo e o repasse com touros atinge os 80%, elevando ainda mais o número de arrobas comercializadas por área.

Em termos de retorno direto com o uso do material genético de touros melhoradores, dados do sistema integrado de avaliação genética 2023 da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) apontam que na bateria de 498 touros top 10% avaliados, estes apresentaram um efeito direto para a DEP de peso à desmama de, em média, 13,4 kg.

Como qualquer mudança estrutural em um sistema de produção, a adoção da IATF demanda que outras intervenções ocorram para que o potencial genético dos animais possa ser expresso. Estima-se que o aumento na suplementação das matrizes no rebanho, responsáveis por gerar os animais comercializados, elevaria em 7,4% o COT do sistema. Ao adicionarmos o gasto com os in-

sumos e a mão de obra para a IATF, o COT por hectare para a cria é estimado em R$ 1.033,05, contra os originais R$ 891,86.

Com isso, a margem líquida da Cria passa dos R$ 59,95/ha para um potencial de R$ 477,32/ha, ou uma lucratividade (margem líquida dividida pela receita bruta) de 31,6%, contra o original de 6,3%.

A intensificação do sistema produtivo também traz seus riscos, que devem ser avaliados de forma a garantir o sucesso da atividade. Sobretudo em regiões onde a competição pelo uso de áreas se faz crescente, a longevidade dos sistemas de produção pecuários depende da obtenção de resultados economicamente atrativos.

Quando aplicada em conjunto com técnicas que permitam a verticalização da propriedade, elevando-se a capacidade de suporte no sistema, há sinergia entre os investimentos, com potencial para elevar-se, ainda mais, os índices obtidos.

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E agora José? O que fazer nesta crise do Agro?

Aeconomia se derrete em um desgoverno total em nosso país. As commodities caem em uma cova sem fim. Taxa Selic alta para crédito e investimentos mais seguros como renda fixa extraem a nossa capacidade produtiva sem perspectivas a curto prazo. A inflação corrói o bolso dos trabalhadores que perdem seu poder de compra, aliado ao aumento de desemprego. Será o fim ou um simples reajuste necessário de tempos em tempos? O que fazer?

A falta de um plano amplo e claro de Governo para o desenvolvimento do Brasil deixa o mercado sem saber o rumo a tomar. Câmara dos Deputados e base aliada não se entendem, derrotas seguidas em plenário, disputas internas dos partidos do Governo que não permitem pautas urgentes serem votadas, discursos de ministros e do mandatário executivo se destoam, Petrobrás e Ministério do Meio Ambiente se engalfinhando, realmente nunca havia vivenciado tal situação no passado. Lembrei de uma definição de GPS, uma ferramenta espetacular de localização e mobilidade, mas que só funciona se soubermos para onde vamos, caso contrário não tem nenhuma serventia.

A inflação é uma grande preocupação no desaquecimento da economia e o Banco Central, ainda indepen-

dente, segura a Selic alta, com a eminência de um descontrole. Juros altos, corre-se para os investimentos mais seguros como a renda fixa, coqueluche do momento e tira-se da produção. O desemprego atingiu 8,4% no trimestre, o maior de 8 trimestres seguidos de queda e sem metas claras a serem atingidas. A previsão do PIB para 2023 cai mensalmente, hoje a 1,4%aa.

O cenário atual nos mostra commodities se desvalorizando de maneira absurda. Há 2 anos, quando escrevi sobre as “Vacas Gordas”, tínhamos uma @ de R$320,00, milho a R$98,00/sc e soja a R$175,00/sc, bastante diferentes dos dias atuais .... Hoje (1/6/23), temos valores médios CEPEA-SP de boi a R$243,90 (↓24%) milho R$53,90(↓45%) e soja R$133,77(↓24%), e se colocarmos a inflação de IPCA no período de 17,19% estas quedas aumentam respectivamente para 35%, 53% e 30%. Pobre do Agro!

No caso dos grãos, tivemos um ótimo clima de plantio nos EUA e uma supersafra no Brasil de 312,5 MM de ton., frente às 271,2 na safra anterior, como a colheita é praticamente simultânea em todo país e foi uma safra pouco vendida em travas, houve um colapso de armazenamento e de logística até os portos, o que baixou os prêmios pagos à nossa soja e milho nos embarques. Estes Gaps de plane-

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jamento logístico do país, que estavam sendo implementados nos últimos anos pelo Ministro Tarcísio de Freitas, foram travados nesta gestão, como a Ferrogrão e várias pavimentações no norte do país, entre outras. No caso da pecuária, vejo três grandes fatores provocando toda esta queda. O ciclo pecuário em baixa neste momento, que, a cada 6 a 8 anos aproximadamente, vira a chave com o aumento de descarte de fêmeas, valorização do bezerro e posterior retenção de fêmeas e valorização da arroba. Aqui temos o famoso: “Aonde a vaca vai, o boi vai atrás”. Outro fator foi a suspeita de Vaca Louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina) em Marabá-PA que interrompeu a exportação à China, responsável por 60% de nossas exportações, por 1 mês. Por último a desconfiança e insegurança do Setor no atual Governo que provoca o desinvestimento em novas tecnologias e biotecnologias, baixando a produtividade a médio e longo prazo. Um exemplo é a expectativa de confinamento para este ano que caiu 9,5% em relação ao ano passado.

Caro leitor, com todos estes desafios, será que chegamos ao fim, ou um simples reajuste necessário de tempos em tempos? Prefiro acreditar na segunda!

Só o nosso castigado Agro terá um PIB de 16,5% no ano de 2023, algo realmente inacreditável, que nem a Chi-

na nos tempos áureos conseguiu. E ela virá com mais apetite no segundo semestre às compras, aumentando a expectativa de melhoras nas commodities.

É nesta hora que devemos nos superar e buscar algo novo, algo desafiador, enxergarmos as oportunidades escondidas e que, ao rompermos este momento difícil de setor, iremos nos destacarmos.

As oportunidades que se abrem nesta crise são enormes, como estocar arrobas a um preço médio baixo e ganhar na valorização, confinamentos com boas travas e insumos muito baratos, adubação de pastagem, investimento em genética de touros melhoradores, embriões, receptoras prenhas indexadas em arroba, terras mais baratas de quem não se preparou para os períodos de “Vacas Magras”, insumos agrícolas mais em conta etc.

Como a evolução do mundo se faz por perguntas e não por respostas, vai algumas para refletirmos:

O dinheiro não some, ele apenas muda de mão, e para onde ele está indo neste momento? E quando ele retornar ao Agro, estarei preparado? Estou acompanhando gente que reclama ou de sucesso? Qual o meu objetivo macro na pecuária? Quais serão meus novos caminhos?

O sucesso geralmente vem de quem se antecipa aos fatos! Tenha uma boa mudança!

da Minerembryo Central de Receptoras
FOTOS JADIR BISON

Período seco interfere nos índices reprodutivos

Como melhorar índices reprodutivos e produtivos do rebanho usando a estratégia do proteinado nessa época do ano

A

fase de cria é responsável pelo pontapé inicial do ciclo pecuário, ou seja, a produção de bezerros. Nessa fase, a procura por maximizar desempenho reprodutivo de forma sustentável é a chave para uma pecuária lucrativa e perene. Dentro da pecuária moderna, temos de agir com estratégias específicas para as fases gestacionais e fases de produção e qualidade forrageira que sejam eficientes e rentáveis nas propriedades, procurando melhorar os índices zootécnicos.

O fator determinante no desempenho de bovinos de corte é a nutrição; e quando se fala em vaca, o sucesso reprodutivo e produtivo é dependente de uma correta nutrição, pois esta é a categoria animal mais exigente. Temos que lembrar que este animal deve crescer, ganhar peso, emprenhar, nutrir o feto, produzir leite e depois emprenhar novamente. Então, a demanda de cuidados nutricionais específicos para cada etapa fisiológica e a nutrição (proteína, energia e minerais) terá papel importante no ECC (Escore de Condição Corporal) dos animais, intervalo entre partos e desempenho dos bezerros pós nascimento.

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Luiz Henrique S. Almeida é zootecnista, Mestre em Ciência Animal e atua no Departamento Técnico de Nutrição Animal do Grupo Matsuda.

Falando em nutrição, o pasto é a principal fonte de alimentação dos ruminantes, porém ele sofre uma sazonalidade de produção forrageira, com pastos de boa qualidade na época das águas, qualidade intermediária em períodos de transição e má qualidade na época da seca. Em cada etapa, deve ser feito uma programação nutricional.

No período seco do ano, caracterizado por uma pastagem com alta concentração de fibra e baixo teor de proteína, a maioria das propriedades rurais tem redução dos desempenhos zootécnicos, que acontece em razão da menor ingestão de matéria seca.

A estratégia do uso do proteinados, junto ao bom volume de pastagem, tem a função primordial de alimentar a microbiota do rúmen. Com isso, existe um efeito cascata, pois com uma boa nutrição da microbiota, temos uma melhor digestibilidade do pasto consumido, aumentando a taxa de passagem desse material pelo trato gastrointestinal.

O bovino volta a consumir pastagem novamente e mais rápido, aumentando o consumo de matéria seca diária.

Esse efeito cascata demonstrado só é possível com a suplementação correta, com proteína e energia com a proporção de 1:7, que vai propiciar a maior multiplicação da microbiota ruminal. O aumento do consumo de matéria seca de capim, de proteína, energia e minerais do proteinado melhorará a nutrição desse animal.

A seca coincide também com a fase mais crítica para as vacas, que é o período do terço final da gestação, quando ocorre um crescimento exponencial do feto, chegando a desenvolver de 70% a 80% nessa fase. Com isso, a demanda nutricional da vaca em energia, proteína e minerais aumenta consideravelmente. Isso aliado à queda da qualidade dos pastos, leva, em muitos casos, a um baixo ECC, afetando diretamente o pré e o pós-parto.

Está comprovado que vacas com baixo escore corporal (abaixo de 2,5) durante a seca parem magras. Esse fator interfere de forma negativa no desempenho reprodutivo, pois esses animais vão sofrer com maior intensidade os

tempo para estarem aptas à reprodução novamente, alongando assim o período de serviço e o intervalo entre partos. O ECC ideal para o terço final de gestação e parição varia de 3 a 3,5.

O erro de manejo nutricional no período da seca pode representar até 4 bezerros a menos durante a vida útil de uma vaca, um prejuízo que pode ser revertido com uso de proteinados, conseguindo um intervalo entre partos ideal de até 13 meses, e não acima de 18 meses, como é a média das propriedades do Brasil.

O conceito de nutrição fetal consiste que o estímulo ou déficit nutricional para a vaca vai afetar o desenvolvimento fetal e terá impacto durante toda a vida do bezerro. Tanto é que a subnutrição da matriz pode causar aumento da mortalidade neonatal, disfunção intestinal e respiratória, crescimento retardado após o nascimento, menores formações de fibras musculares e menor formação dos tecidos reprodutivos dos bezerros.

Fazenda de cria tem que se preocupar além de ter um bezerro pesado ao desmame ou ter novilhas aptas à reprodução. Se essa novilha é filha de uma vaca que sofreu negligência nutricional, ela terá menores taxas de prenhez e maior idade à puberdade em comparação com as novilhas filhas de vacas que receberam suplementação proteica na seca. O impacto da nutrição com proteinado na época seca vai perdurar nas próximas gerações de reposição.

A adoção de um protocolo nutricional direcionado para vacas na seca, com o uso de um proteinado e reserva estratégia de volumoso pode mudar a realidade da propriedade rural, levando-a a ser destaque em qualidade de matrizes, bezerros e novilhas de reposição. O proteinado terá efeito na ingestão de matéria seca diária, impactando a condição de escore corporal das vacas, nutrição do feto e diminuindo o intervalo entre partos. Com isso, o retorno financeiro será uma maior quantidade de bezerros desmamados por vaca durante sua vida útil, tornando um ótimo investimento financeiro na propriedade.

LEITE

Silagem de trigo

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#pecBR
NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA
A GENÔMICA, SEGURANÇA NO
DESSES ANIMAIS
TOUROS JOVENS COM
USO
AUMENTA
SER ALTERNATIVA VIÁVEL E NUTRITIVA
RESULTADOS MOSTRAM

Como produzir silagem de trigo

Cultivar MGS Brilhante está sendo testada na alimentação de animais leiteiros e os resultados são animadores

Desde que soube do potencial do trigo MGS Brilhante para silagem, em 2021, o zootecnista e coordenador técnico da Emater-MG na região de Alfenas, Marcelo Martins, tem se esforçado para disseminar a cultura entre os produtores do Sul de Minas. O retorno tem sido bastante positivo. “Esse material surgiu como solução para uma demanda antiga dos produtores da região, que, por necessidade, muitas vezes optavam por saídas prejudiciais e não recomendadas sanitariamente, como plantar o milho novamente na safrinha, o que acaba exaurindo os solos e atraindo pragas, como a cigarrinha-do-milho”, explica Martins.

Jonas Totti está entre os produtores que decidiram tes-

tar o cultivo do trigo MGS Brilhante para silagem. Sua propriedade fica no município de Jesuânia/MG, e produz leite há mais de 30 anos, com um volume diário de cerca de 3 mil litros. “Soubemos dessa cultivar graças ao trabalho da Emater-MG. Plantamos no ano passado e já estamos oferecendo a silagem para o gado. Usávamos aveia antigamente e vimos que o trigo produz o dobro de matéria seca por hectare. Além disso, a silagem do trigo ainda tem uma fibra que é muito digestiva. Então, estamos muito satisfeitos com o resultado e agora estamos em busca de mais sementes”, conclui o produtor.

Pesquisas e testes têm comprovado que a cultivar de trigo MGS Brilhante é uma alternativa viável, nutritiva e satisfatória para a produção de silagem durante o período

LEITE

de entressafras (ou safrinha) do milho, cereal tradicionalmente mais utilizado na alimentação de bovinos.

Com o intuito de colher novos dados sobre o desempenho do material em diferentes tipos de clima e solo do estado mineiro, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em um trabalho conjunto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG), montou 15 Unidades Demonstrativas em propriedades rurais nas regiões Sul, Sudoeste e Campos das Vertentes.

Após a colheita do milho, áreas agrícolas de bovinocultura costumam ficar sem plantio e com o solo descoberto entre os meses de março e outubro, o que pode ser prejudicial para a propriedade. Um dos desafios para os produtores é encontrar uma alternativa que promova a rotação de culturas, beneficiando a qualidade do solo e aumentando a proteção contra possíveis pragas. “Estamos com vários experimentos em andamento em unidades da EPAMIG desde 2021 que têm nos mostrado que a qualidade da silagem produzida à base do trigo MGS Brilhante é espetacular e muito proveitosa, por ser uma cultura de inverno. O desempenho dos animais em fase de crescimento que estão consumindo silagens de trigo tem sido praticamente o mesmo daqueles que consomem a de milho”, comenta o zootecnista, e chefe da Assessoria de Negócios Agropecuários da EPAMIG, Clenderson Corradi.

A cultivar foi lançada pela EPAMIG em 2005, originalmente para o setor de panificação, e, segundo Clenderson, é ideal para a alimentação de bovinos, por conta de seu porte alto, sua grande tolerância à seca e por não possuir aristas (pontas que protegem as sementes de trigo e que podem causar lesões no rúmen do animal). “Em todos os tratamentos que fizemos, o consumo de matéria seca foi maior do que a nossa expectativa e o ganho de peso dos bovinos foi mantido com sucesso, então concluímos que se trata de um alimento de qualidade para os animais

durante o período da seca, complementando muito bem a silagem de milho”, informa.

Recomendações de cultivo

A indicação do plantio de trigo é para a entressafra, período em que muitas propriedades já colheram o milho e ficam com a terra vazia até a safra seguinte, o que aumenta a incidência de plantas daninhas, pragas, doenças e nematoides na área. É uma possibilidade de rotação de cultura, porém a um valor de produção bem menor. Em média, com a compra das sementes, o custo da tonelada de trigo é um terço menor que da tonelada de silagem de milho. Se o produtor conseguir salvar as sementes, para o próximo plantio, este custo cai 20% em comparação ao milho.

A safrinha de trigo ainda pode ser um ganho extra para o pecuarista. Com a valorização do milho nos últimos anos, muitos produtores do Sul do país, onde a silagem de trigo já é usual, têm optado por comercializar toda a safra, fazendo volumoso somente de trigo.

No caso da cultivar MGS Brilhante, a semeadura, em sistema de sequeiro, deve ocorrer a partir de março, obtendo o início do espigamento em maio. Em áreas irrigadas, pode ser plantada de março até junho. A Epamig recomenda utilizar de 350 a 400 sementes viáveis por metro quadrado. O espaçamento pode variar de 17 a 20 cm entre as linhas. A profundidade de semeadura deve ser de 2 a 3 cm. Se a semeadura for a lanço, deve-se utilizar até 20% de sementes adicionais pelo fato de algumas das sementes ficarem na superfície do solo ou incorporadas em profundidades de onde não conseguem emergir.

Em relação ao preparo do solo, pode ser adotado o sistema convencional ou plantio direto. As recomendações de adubação vão depender do resultado da análise de solo, nível tecnológico da propriedade e expectativa de produção. Por tolerar temperaturas mais elevadas e certo déficit hídrico na entressafra, a cultivar é indicada para o cultivo

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de sequeiro, principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal, não sendo recomendada para regiões muito secas.

A colheita pode acontecer 75 dias após a emergência, porém, há uma tendência de redução na matéria seca quando colhida muito cedo. O período ideal situa-se entre os estádios de grão leitoso e grão pastoso. Já a colheita após o estádio de grão pastoso pode resultar em queda na qualidade e na digestibilidade da silagem de trigo. O maquinário utilizado para colheita do trigo é o mesmo do adotado nas lavouras de milho ou sorgo.

Cuidados na ensilagem

A MGS Brilhante produz matéria verde em grande quantidade. Nos estudos da Epamig, atingiu entre 25 e 35 ton/ha de silagem, em sistema de sequeiro e com incidência regular de chuvas no período de março a setembro. Em áreas irrigadas, a produção atinge até 50 ton/ha.

A recomendação é utilizar os mesmos procedimentos para a ensilagem de milho e sorgo. O material deverá ser bem picado, evitando presença de fibras longas. A abertura do silo deve ocorrer, no mínimo, 30 dias depois. Como ainda não existe um inoculante específico para a cultivar, é importante vedar bem o silo após sua abertura para preservar a qualidade da silagem.

Unidades Demonstrativas

Nos últimos meses, a EPAMIG e a Emater-MG montaram Unidades Demonstrativas em 14 municípios mineiros, com o objetivo de validar o desempenho da MGS Brilhante em locais com diferentes solos, condições climáticas e raças de bovinos.

As equipes vão acompanhar o crescimento do trigo, quantidade de matéria seca produzida, índices pluviométricos e ocorrência de pragas, dentre outros fatores. “A EPAMIG cedeu sementes aos produtores, que já iniciaram o plantio. Nossos técnicos e extensionistas seguem fazendo um acompanhamento e visitam esporadicamente as unidades, fotografando as áreas cultivadas e conversando com os produtores sobre adubação, qualidade do solo, controle de pragas e doenças”, conta Martins. A colheita está prevista para o mês de julho e já está programado, inclusive, colher sementes para realizar a multiplicação em outras propriedades.

Clenderson Corradi diz que a EPAMIG está se preparando para suprir a procura por sementes, que tem sido grande por parte dos produtores. “Nos dois últimos anos, toda nossa produção de sementes de MGS Brilhante esgotou rapidamente. Então, estamos com uma expectativa de produzir cerca de 50 toneladas de sementes ao longo de 2023, visando atender essa alta demanda”, antecipa.

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Clenderson Gonçalves, Pesquisador da Epamig

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Nutrientes essenciais na nutrição de bovinos

Apesar de ser uma prática antiga no Brasil, a suplementação mineral de bovinos não atinge todo o rebanho. Pode ser surpresa para alguns, mas uma grande parcela de animais suplementados não recebe suplementos devidamente equilibrados para suprir as deficiências e desequilíbrios nutricionais encontrados em nossos sistemas de produção.

É comum a preocupação de se fornecer aos bovinos suplementos com foco em macrominerais como cálcio e fósforo e uma certa negligência quanto ao equilíbrio de microminerais. Por isso, neste artigo vamos abordar os minerais cobalto, iodo e selênio, sabidamente deficientes nas pastagens brasileiras.

Cobalto

O cobalto é um mineral fundamental neste contexto, já que compõe a molécula da vitamina B12, que, no caso dos ruminantes, é sintetizada pela microbiota do rúmen e posteriormente utilizada no metabolismo.

Esta vitamina é fundamental na síntese de glóbulos vermelhos do sangue, auxilia na produção celular, participa das demandas musculares e estimula (catalisa) a produção de glicose no fígado pelo desdobramento do ácido propiônico produzido no rúmen, além de regular o apetite dos animais.

Sabe-se que a melhor dosagem de glicose circulante melhora o desempenho dos animais tanto em produção de carne e leite como também no favorecimento de hormônios importantes na reprodução.

A deficiência de cobalto é uma das mais importantes para bovinos em condição de pastagem, em áreas mais específicas. Ela é caracterizada pela falta de apetite, perda de peso, pelos arrepiados, anemia e pode levar à morte.

Trabalhos realizados pelo nosso centro de pesquisa em parceria com FZEA-USP (Pirassununga) mostram que dosagens ajustadas de cobalto na suplementação de bovinos aumentaram significativamente o ganho de peso em animais recriados a pasto.

Iodo

O iodo, elemento também deficiente nas pastagens brasileiras, tem funções importantíssimas no metabolismo dos bovinos. O mineral tem como principal função a participação nos hormônios da tireoide, que regulam o metabolismo e interferem diretamente em toda a biologia dos bovinos.

É o único elemento exigido para uma só função primordial no organismo dos mamíferos, sendo necessário para a síntese dos hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela glândula tireoide. Esses hormônios regulam o metabolismo, produzindo energia para manter a termorregulação, reprodução, crescimento, circulação sanguínea e função muscular.

A deficiência do iodo implica na redução expressiva da produção animal, ou seja, reduz ganho de peso, diminui eficiência alimentar, inibe metabolismo hormonal e reflete na --eficiência reprodutiva nos rebanhos de cria. Portanto, deve estar em quantidade equilibrada na suplementação dos bovinos ou quaisquer outros mamíferos, inclusive nas dietas dos humanos.

Solos com baixos níveis de iodo e muito drenados, distância do mar e variação da capacidade da planta em absorver o mineral são alguns dos fatores que contribuem para a sua deficiência.

Selênio

O selênio, que também é deficiente na maioria das pastagens, fecha a essencialidade desses três elementos minerais. Ele atua em várias rotas biológicas ou metabólicas, refletindo na redução de radicais livres, no aumento em respostas imunológicas com a redução de doenças e/ou na melhora na resposta vacinal. Além disso, melhora a performance reprodutiva nos rebanhos de cria, reduz morte embrionária precoce e atua também na produção da forma ativa do hormônio da tireoide. Portanto, sua suplementação adequada é fator decisivo para melhorar a performance dos rebanhos.

Junto com o zinco e o cobre, o selênio está envolvido na formação e desenvolvimento dos órgãos de defesa na resposta imunitária e no combate ao estresse.

Entre os sinais clínicos da deficiência de selênio em ruminantes destacam-se a falta de vitalidade, crescimento retardado e morte súbita, por causa da necrose do miocárdio. Um sintoma característico da deficiência grave de selênio em bezerros é a chamada doença do músculo branco, que é uma mionecrose dos músculos das extremidades.

Tecnicamente, fica claro que, ao definir por um perfil de suplemento mineral para o rebanho, é preciso avaliar com cuidado o produto mais equilibrado para cada categoria animal.

O equilíbrio entre os macrominerais e microminerais é sem dúvida a chave para o melhor resultado técnico dos suplementos, sempre com atenção às características qualitativas das matérias primas.

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Lauriston Zootecnista e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Premix

Touros jovens para garantir o futuro

Sumário de Touros Gir Leiteiro 2023 confirma a importância da genômica para o avanço da raça

Com um mercado internacional ávido pela genética Gir Leiteiro selecionada no Brasil, a raça segue na liderança das exportações de sêmen. Os envios externos cresceram 184% entre os anos de 2018 e 2022, principalmente para a América Latina, chegando a 255.168 doses. Para os cria dores da raça, essa demanda aquecida mostra que a responsabilidade de colocar uma genética realmente melhoradora no mercado.

Um passo importante nesse sentido tem sido a seleção genômica, tecnologia que contribui para o aumento da confiabilidade das predições dos valores genéticos, principalmente para animais jovens. Segundo a Embrapa Gado de Leite, estudos mos traram que a confiabilidade média da predição do valor ge

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Marcos Vinicius Barbosa da Silva, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

nômico para animais jovens pode alcançar valores entre 50% e 67% para características como produção de leite, fertilidade e longevidade. São índices significativamente superior aos valores médios de 34% de confiabilidades obtidas por meio da avaliação genética tradicional que utiliza somente informações de pedigree e de fenótipos. Isso vem possibilitando a diminuição do intervalo de gerações e a aceleração do progresso genético da raça.

O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius Barbosa Silva, destaca que a genômica é uma ferramenta interessante para ser aplicada em animais jovens. “É importante que os criadores utilizem todos os touros jovens genotipados da raça, alguns mais e outros menos, e não somente o primeiro colocado do sumário”, explica o pesquisador. Segundo ele, um bom indicativo de qual animal utilizar é avaliar o Sumário de Fêmeas da raça. “Como parte das filhas dos touros são genotipadas, aquelas mais bem classificadas no sumário, que traz informações de genealogia, são um indicativo de que touro utilizar”, diz o pesquisador.

Até o momento, mais de 41 mil animais já foram genotipados, o que traz um número importante de informações para o programa de melhoramento. Dentro do Sumário de Touros, 96% são genotipados. Somente daqueles mais antigos, que não se guardou DNA, não foi possível aplicar a ferramenta. Dentro do PNMGL, desde 2016, a genômica vem sendo utilizada para a indicação de touros jovens candidatos à inclusão nas Provas de Pré-seleção de Touros. Como continuação desse processo, em 2018, a seleção genômica foi incorporada definitivamente

meira raça zebuína leiteira no mundo a lançar mão desta tecnologia. Em agosto de 2018, foi publicado o primeiro sumário genômico de fêmeas jovens da raça Gir Leiteiro. Segundo levantamento da Embrapa, foi verificado um aumento expressivo nas médias das produções de leite até 305 dias de lactação nos rebanhos participantes do programa e nas GPTAs. A produção média de leite duplicou e o ganho genético nessa característica foi de aproximadamente 1% ao ano, a partir da publicação do primeiro sumário de touros, em 1993.

Líder do Sumário

No Sumário de Touros Gir Leiteiro 2023, cujo resultado foi divulgado durante a ExpoZebu, em maio, a maioria dos touros que figuram nas primeiras colocações são jovens. “Observamos o aumento do número de filhas desses touros, que é resultado do trabalho de fomento que vem sendo feito pela diretoria atual, mas precisamos aumentar ainda mais esse número a cada ano. E a boa notícia é que os touros jovens dos últimos grupos do Teste de Progênie vêm se destacando. Isso mostra que está tendo uma evolução genética, com uma média genética cada vez mais alta”, diz o superintendente Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro, André Rabelo Fernandes. O Sumário deste ano traz, além dos 33 animais provados do 31º grupo, dados dos 602 touros com avaliação genética.

Entre os reprodutores que integram o Sumário, está Edank TE da Jabaquara, nascido em 2013 e de proprieda-

Qualitá e Genex. “Edank vem de uma família importante dentro do Gir Leiteiro e muito bem avaliada pela genômica. Ele entrou no Teste de Progênie e logo começou a se destacar pelo que transmite em relação à genômica”, assegura Júnior Petine Germano, gerente da Fazenda Jabaquara.

Prestes a completar 10 anos de idade, Edank tem um pedigree consistente. Sua mãe, Hirana FIV de Brasília, conquistou vários torneios leiteiros, quase foi recordista mundial na sua época. Já sua avó é Ordenha de Brasília, Bi Grande Campeã Nacional 2003/2004. Pelo lado paterno, ele descende de Tabu TE da Calciolândia. “Além de ser destaque nas avaliações genômicas, ele tem uma pelagem diferenciada, bom comprimento corporal, excelente padrão racial. Certamente, vai dominar as pistas no futuro. Além disso, suas primeiras filhas em produção vêm apresentando boa fertilidade. Uma delas, de apenas 14 meses, teve uma produção de 23 embriões”, assegura Júnior.

Localizada em Anchieta/ES, a Fazenda Jabaquara iniciou sua trajetória no Gir Leiteiro em 2006, quando foram adquiridos animais comerciais com bom pedigree. Em 2009, o criador Elio Virgílio Pimentel passou a investir nas principais genéticas da raça para formar a base de seu plantel. Em 2013, já tinha seu primeiro touro em Teste de Progênie.

Um ano depois veio a primeira grande conquista. A fazenda fez a Grande Campeã do Torneio Leiteiro da 6ª Exposição Estadual do Gir leiteiro de Vitória/ES. Ampola FIV Jabaquara (Jaguar TE do Gavião X Esfera de Brasília) foi a primeira recordista da raça a ultrapassar a média de 70 kg/leite, alcançando 70,593 kg.

Como resultado dos investimentos feitos em melhoramento genético, a propriedade conta com nove touros em central de inseminação. “Essa genética Gir Leiteiro vem nos permitindo formar um rebanho Girolando de grande qualidade, inclusive com alguns touros já em central e em teste”, conclui o gerente da Jabaquara.

Inovações no Sumário de Touros Girolando

A equipe da Embrapa Gado de Leite e da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando apresentaram as novidades do Sumário de Touros e Fêmeas da Raça Girolando 2023, que será lançado oficialmente no dia 6 de junho, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte/MG, durante a 18ª Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite). Os especialistas anteciparam as 20 novas avaliações, sendo 15 características e cinco índices (compostos), que agora passam a integrar o documento.

De acordo com o coordenador do PMGG, a proposta é orientar os criadores sobre como interpretar as novas avaliações e aplicá-las na seleção de seus animais. “Algumas das novas avaliações estão ligadas à composição do leite, como, por exemplo, produção e percentual de gordura, de proteína e CCS e o Índice de Qualidade do Leite. Também teremos características ligadas ao composto de leite e fertilidade do Girolando, para identificação de animais que produzem muito leite e ainda se reproduzem muito bem. Na parte de avaliação linear, as avaliações estão ligadas à conformação e capacidade, garupa e força leiteira”, informa Edivaldo.

Segundo o presidente da Girolando Domício Arruda, o novo Sumário é um trabalho de fôlego desenvolvido conjuntamente entre a equipe do PMGG e da Embrapa Gado de Leite, contribuindo para que os próximos passos do melhoramento da raça sejam dados com total segurança. “Todas essas características contempladas no Sumário 2023 são de grande interesse econômico para o mercado. É o Girolando se provando como uma genética altamente produtiva e sustentável”, conclui Arruda.

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Gestão na pecuária leiteira: como se preparar para o futuro

Acomplexidade e o número infindável de variáveis que envolvem a atividade leiteira exigem que o planejamento seja a altura para que ganhos e lucros apareçam. E quando falamos em planejamento, não adianta que os esforços sejam direcionados apenas para o ano vigente ou para o próximo ano, por exemplo. A visão do planejamento estratégico deve abranger horizontes maiores, na casa de 5 ou 10 anos, no mínimo.

Algumas ferramentas nos permitem aumentar a precisão desta visão. Quanto mais conhecemos as características do rebanho, as particularidades da fazenda e o objetivo da propriedade, maior é a acurácia do planejamento da atividade leiteira. O raciocínio é o mesmo independentemente do tamanho do negócio.

Como estará o rebanho da sua fazenda no futuro?

Conhecer o comportamento anual do rebanho nas diversas categorias animais é de grande importância. Esta dinâmica está intimamente atrelada, principalmente, aos indicadores reprodutivos e sanitários do rebanho.

Resultados de taxa de prenhez, perda de prenhez, intervalo entre partos, mortalidade das vacas e da recria e descarte involuntário, por exemplo, interferem direta mente no crescimento (ou não) do rebanho ao longo dos anos. A fazenda terá estrutura para abrigar gado jovem e gado adulto daqui 5 anos? E em 10 anos, a área disponí vel para plantio atenderá a demanda alimentar do reba nho? Será necessário ampliar ou adaptar as instalações? O contingente atual de colaboradores da fazenda atenderá à demanda operacional do rebanho ao longo do tempo

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ou será preciso aumentar? A fazenda terá excedente de animais para incorporar ao caixa com vendas no futuro?

Todas essas e várias outras perguntas são respondidas pela ferramenta de evolução de rebanho. Ela é um dos principais guias de planejamento da propriedade e consiste em uma forma de estimar o comportamento do rebanho tendo como referência a realidade atual da fazenda, os seus indicadores e as metas.

Conheça seu rebanho

Para que as análises e estimativas da evolução do rebanho sejam coerentes e o mais próximas da realidade, alguns pontos devem ser bem conduzidos. O primeiro deles consiste em conhecer bem o rebanho. Como é a distribuição dos animais nas categorias de vacas em lactação, vacas secas, bezerras até 1 ano, novilhas de 1 a 2 anos e novilhas acima de 2 anos, por exemplo?

Ter certeza do inventariado do gado garante precisão das informações que alimentam a evolução do rebanho. Afinal, um montante incorreto de animais entrega projeções que não se realizarão.

Outro ponto de grande importância para a evolução do rebanho são os indicadores zootécnicos. Como já foi dito, eles possuem total relação com o comportamento do rebanho ao longo dos anos.

Há de se concordar, no entanto, que uma parcela considerável das fazendas não possui a rotina de anotar informações zootécnicas dos animais e, logo, não conhecem com clareza os indicadores do rebanho. Nestes cenários em que não há o hábito de se calcular e analisar indicadores, alguns artifícios e raciocínios podem contribuir para a estimativa dos números. Cabe ao técnico responsável a habilidade de avaliar o contexto da propriedade e estru

O planejamento será trabalhar com taxa de serviço de quanto? Como será o comportamento esperado da concepção de vacas e novilhas ao longo dos anos? Quanto de descarte involuntário será trabalhado como alvo? Qual o percentual de perda de prenhez será aceitável na fazenda?

E a mortalidade de recria e das vacas? A média de produção de leite diária por vaca tenderá a manter os valores atuais ou a fazenda buscará aumentá-la?

São perguntas desse tipo que devem ser feitas ao pensar e elaborar uma evolução de rebanho. Criticá-las é um exercício constante que faz parte do planejamento da fazenda. O correto é que as metas para todos os indicadores estejam alinhadas com o objetivo da propriedade e que sejam atingíveis. Em outras palavras, de nada adianta considerarmos metas estratosféricas e elas não serem atingidas na realidade da fazenda.

Um exemplo que podemos pensar é para a média de leite. Imagine que no presente ano a sua fazenda possui média de 28 kg de leite/vaca/dia e na evolução de rebanho você considere uma média de 35 kg de leite/vaca/dia já para o ano seguinte. Tirando as eventualidades, qual a possibilidade de acontecer esse aumento de 7 kg de leite por vaca por dia na média do rebanho em uma situação normal e rotineira de fazenda? É mínima, ou quase nula.

Logo, trabalhar com metas conservadoras e “pé no chão” nos permite sermos mais assertivos na evolução do rebanho e evitar que menos “furos” aconteçam na realidade da fazenda.

É muito melhor, no caso do exemplo citado, pensarmos em um aumento mais modesto de leite de um ano para o outro e termos uma surpresa positiva onde a produção real foi maior que a estimada na meta do que termos a frustração das vacas produzirem menos leite do que

Mais do que evitar esses “furos”, entretanto, o grande objetivo talvez seja de que aquilo que foi estimado na evolução do rebanho seja o mais próximo possível do que acontecerá na fazenda. Trazendo para uma analogia popular, queremos não somente acertar a mosca, mas acertar no olho da mosca.

Como ter um bom planejamento alimentar para o rebanho?

Há uma conhecida frase que diz que um bom produtor de leite deve ser antes um bom agricultor. Grande verdade. Afinal, o leite entra pela boca e uma fração considerável e expressiva do custo de produção das vacas é devido ao custo alimentar. Dessa forma, produzir comida de qualidade e em quantidade adequada representa uma excelente alternativa para abrandar o custo de produção por litro de leite.

Ser eficiente na produção de comida é uma premissa inexorável (ou pelo menos deveria ser) para todo produtor de leite, independente se estamos falando de pasto ou de lavoura. Nessa linha, planejar a produção de comida para os animais se torna essencial, sendo que as informações da evolução do rebanho são extremamente apoiadoras nisto.

O planejamento alimentar do rebanho não é tarefa simples. Além de calcular a demanda de comida dos animais, a condução agronômica das áreas de lavoura e pastagem deve ser muito bem-feita.

Corrigir e preparar o solo na medida certa, escolher a variedade de semente mais adequada, acertar a época de plantio, refinar os tratos culturais e cuidar com muita atenção dos processos de colheita e pós-colheita do alimento.

Um dos alimentos mais consumidos pelas vacas leiteiras é a silagem de milho. Sua utilização ocorre em praticamente 100% dos confinamentos na pecuária leiteira e compõe cerca de 40 a 50% da dieta.

Esta representatividade já aponta o impacto que a qualidade da silagem produzida é capaz de ocasionar no resultado da fazenda. Imagine a repercussão de longo prazo que uma silagem ruim, com pouco amido e baixa degradabilidade, por exemplo, pode causar no rebanho.

O mesmo raciocínio é válido para rebanhos em pastagens de baixa qualidade. Ou então ocorre de até a pastagem estar em boas condições, mas se o manejo dos animais em pastejo não estiver alinhado, de nada adianta. Quanta responsabilidade e quanto dinheiro estão contidos num planejamento alimentar!

Garantir a precisão durante o planejamento da fazenda leiteira é um dos pontos-chave para o sucesso da atividade. Definir de forma clara e criteriosa o objetivo da propriedade e utilizar ferramentas confiáveis para assegurar o percurso é uma ótima estratégia. Com a evolução do rebanho e o planejamento alimentar dos animais é possível projetar e vislumbrar o futuro com os pés no presente. Produzir leite de qualidade com eficiência é uma arte.

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ZONA RURAL

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 93
GESTÃO . TECNOLOGIA . SUSTENTABILIDADE . MERCADO #pecBR PLANEJANDO A PRÓXIMA SAFRA NÃO ADIANTA APENAS FAZER O CERTO. TEM DE PLANEJAR Agro automatizado INOVAÇÕES EM EQUIPAMENTOS MELHORAM A ROTINA DO PRODUTOR

Planejando a próxima safra

lucascastroc@hotmail.com

Quando o assunto é planejamento, sempre me lembro da proeza realizada pelo navegador Amyr Klink, brasileiro en trou para a história como a única pessoa até hoje a realizar a travessia do Atlântico Sul, a remo, uma viagem de 3700 milhas sem escalas ou interrupções. Para maximizar as chances de sucesso, Amyr não mediu esforços para planejar minucio samente cada detalhe de sua jornada, pois qualquer erro seria fatal.

Levou mais de um ano de estudo do plano de rotas, alimen tação adaptada, comunicações e projeção do barco, para fa zer uma viagem de apenas 100 dias. Um ponto interessante dessa história é que, ao final, ele acabou chegando a seu destino um pouco antes do que havia planejado, gerando uma frustração em Amyr, pois em sua visão, houve falha em seu planejamento.

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RURAL
ZONA

Atualmente, muito se fala sobre a importância do planejamento durante a elaboração e condução de projetos, seja no setor agropecuário ou em qualquer outro. No nosso setor, este tema está em voga e não é de hoje. Em eventos como, palestras técnicas, dias de campo, simpósios e workshop sempre vemos técnicos, pesquisadores e professores evidenciando a importância de elaborar um planejamento adequado a cada realidade e colocá-lo em prática na hora de desenvolver um determinado projeto.

Diante deste cenário, era de se esperar que o planejamento técnico e financeiro de um empreendimento agropecuário fosse um procedimento habitual entre os produtores. Entretanto, não é isso que acontece em muitos casos. Em alguns artigos técnicos já foi relatado que a pecuária de corte é tida como uma atividade de baixa demanda gerencial, ou seja, requer pouco planejamento e gerenciamento para sua execução.

Esta precariedade na gestão está historicamente enraizada no setor devido às características relativas à evolução da pecuária de corte no Brasil, com inadequada mensuração de dados e à filosofia de acúmulo de patrimônio (crescimento horizontal) trazida dos tempos de instabilidade monetária. Entretanto, diante deste novo contexto econômico vivenciado, é necessário que o produtor entenda e adote práticas produtivas adequadas ao novo modelo de negócio pecuário.

A alta nos custos de produção, a baixa relação de troca, instabilidades macroeconômicas e climáticas estão – a cada dia – exigindo mais profissionalismo por parte de todos os envolvidos na atividade. Neste sentido, é necessário a adoção de sistemas de produção mais intensivos para que o produtor alcance ou mantenha altas produtivida-

de requererem instrumentos de gestão mais eficientes e com metas bem definidas. Ou seja, neste caso, o planejamento torna-se crucial para o sucesso do projeto.

O primeiro passo para a elaboração de um planejamento é o diagnóstico do atual sistema de produção com avaliação dos recursos existentes e resultados alcançados na última safra ou nos últimos anos. Para este diagnóstico devemos avaliar alguns recursos disponíveis, como por exemplo: características do histórico climático; tipos de solos e a fertilidade destes; relevos; inventário de pastagens (gramínea presente em cada pasto, estande de plantas forrageiras, infestação de plantas invasoras e de pragas, histórico de correção e adubação); fontes de água disponíveis aos animais e seus dimensionamentos; infraestrutura de piquetes, cochos e sombreamentos e seus dimensionamentos; maquinário e implementos; e a capacidade de armazenamento e processamento de insumos. Importante dizer que o conhecimento das características climáticas da região com a qual estamos trabalhando é fundamental para este planejamento.

A pecuária brasileira caracteriza-se por apresentar o sistema de produção exclusivamente à pasto, onde essas pastagens apresentam acentuada variação estacional na produção de forragem ocasionada por fatores, como luz, temperatura e umidade. Por esta razão, o produtor ou técnico deve se informar sobre as características climáticas do local, que hoje podem ser acessadas gratuitamente pela internet.

A estacionalidade de produção é o que irá determinar o cronograma de várias atividades, como, épocas de estação de monta, parição, desmama e pesagens, época para compra e venda de animais, adoção de confinamentos estratégicos, ajustes na suplementação do rebanho, calendá-

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É recomendado que este diagnóstico seja realizado no momento de transição águas-seca (final do período chuvoso com início do período seco) de cada localidade, pois assim, conseguimos avaliar os resultados alcançados na última safra - ou pelo menos uma prévia desses resultados – e elaborar todo o planejamento para a próxima safra. Neste momento devemos definir quais as metas para os próximos 12 meses a partir do plano de evolução do rebanho. Com isso, será possível definir quais áreas serão reformadas, recuperadas ou intensificadas na próxima estação chuvosa, qual será a lotação nessas áreas e a lotação média da fazenda ao longo do ano, em qual local e o quanto de volumoso suplementar será produzido para a entressafra, elaboração do plano nutricional para cada categoria em diferentes momentos, entre outras ações.

Tudo isso deve ser feito com base no orçamento de longo, médio e curto prazo para projeção do fluxo de caixa. Após esta primeira etapa, devemos elaborar o cronograma de atividades para o projeto ao longo de 12 meses. Neste calendário, devem constar as épocas que cada ação será realizada no período, como, épocas para amostragens de solo e recomendações, calagem, gessagem, adubações, monitoramento e controle de infestações de plantas invasoras e pragas, para as áreas que serão intensificadas.

No caso de áreas destinadas à reforma, também serão incluídos momentos para iniciar os preparos de solo, aquisição de sementes, plantio e o primeiro pastejo. Para a sanidade do rebanho, deve incluir os meses em que os animais serão vermifugados e vacinados com diferentes pro-

Este calendário será feito de acordo com as realidades e definições de cada projeto. Para cada ação que foi pré-estabelecida, o responsável por executá-la deve estar treinado. Por isso, é importante avaliar também a necessidade de treinamento das equipes que irão manejar os animais, medicar, fazer o arraçoamento das diferentes categorias, aplicar os fertilizantes, preparar o solo, controlar as invasoras e pragas etc. Isto garantirá que os procedimentos sejam realizados no momento correto e de forma correta.

O planejamento deve ser dividido em três níveis, que são: o planejamento de longo prazo (igual ou superior a um ano), de médio prazo (inferior a um ano) e o de curto prazo (abrangência de dias ou semanas), também chamados de planejamento estratégico, tático e operacional, respectivamente. Em cada um desses níveis, é necessário que se estabeleçam metas bem definidas relacionadas a cada evento com o monitoramento de dados constantes para garantir a revisão do plano quando necessário. Em outras palavras, apenas planejar não basta.

Devemos monitorar as informações que são geradas durante a execução do projeto e criar indicadores para que possamos medir nossa eficiência técnica e econômica em cada setor. Com isso, é possível identificar as falhas e tomar as devidas atitudes para corrigi-las.

Diferentes de outros setores da economia, a agropecuária tem a característica de ser uma “indústria a céu aberto”, ou seja, está exposta ao comportamento da natureza, que não espera, não pede licença e toda ação tem um custo. Diante deste fato, o produtor deve se conscientizar

As novidades de um agro automatizado

Seja na agricultura ou na pecuária, as inovações em máquinas e equipamentos estão transformando a vida do produtor, garantindo mais qualidade de vida e produtividade

Aagricultura e a pecuária de precisão vêm ganhando cada vez mais recursos nos últimos anos. Com uma safra de grãos estimada em 313,9 milhões de toneladas para 2023, os novos lançamentos da indústria de máquinas apresentados durante a Agrishow, em maio, devem otimizar o dia a dia no campo, desde o plantio até a colheita.

Na pecuária, os drones avançam pelas pastagens com resultados animadores. Uma pesquisa da Embrapa mostrou que o uso do equipamento para monitorar cobertura e altura de pastagens atingiu 66% de precisão no bioma Cerrado baiano. Os experimentos, realiza-

dos entre 2019 e 2021, reforçam a qualificação dessa ferramenta de sensoriamento remoto para aumentar a eficiência na agricultura, pois otimiza tempo e produtividade no trabalho de campo e amplia a capacidade de observação e controle da produção.

A utilização de VANTs (veículos aéreos não tripulados) é uma estratégia para aumentar a eficiência da pecuária, pois auxilia no planejamento e manejo das pastagens, baseado no equilíbrio entre oferta e demanda de alimentos para os animais. “A altura da planta pode ser utilizada como critério prático para definir o tempo ideal de pastejo, ou para identificar a necessidade de ajustes na taxa de lotação, com a finalidade de estabelecer condições ótimas

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de uso das pastagens por meio dos principais processos envolvidos no crescimento e uso de plantas forrageiras sob pastejo. Para que essas recomendações de altura sejam respeitadas, é necessário monitorar as áreas de pastagem com maior frequência, de modo a tomar decisões mais eficazes para ajustar a taxa de lotação e a rotação dos animais entre as áreas. Portanto, a utilização de técnicas de monitoramento, como o sensoriamento remoto, mostra-se promissora no auxílio à tomada de decisão no manejo de pastagens”, conclui Márcia Silveira, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul.

A pesquisa foi realizada na Fazenda Trijunção, no povoado Cocos, interior da Bahia, em sistema de pecuária de corte com pastejo rotacionado e utilização da cultivar BRS Piatã de capim-braquiária. “Nosso objetivo era verificar se um drone comum, que pode ser adquirido por um agricultor, combinado com o aprendizado de máquina, poderia ajudar a estimar a cobertura vegetal e a altura das plantas. Queríamos avaliar se o uso correto dessa ferramenta pode auxiliá-los na tomada de decisões relacionadas ao manejo do gado, por meio da comparação entre as imagens geradas pelo drone e as informações de cam-

po referentes à medição de altura, corte da forragem e cobertura do solo pela planta forrageira”, explica Silveira.

Inteligência artificial no controle de plantas daninhas

Para verificar a presença de plantas daninhas na lavoura, a startup Cromai desenvolveu uma tecnologia que detecta e classifica padrões de imagens coletadas por drones em campo, utilizando inteligência artificial. Dessa forma, os produtores conseguem fazer a pulverização de defensivos de forma precisa e localizada, proporcionando uma redução média de 65% no uso de herbicidas. Com essa solução, a startup foi a vencedora da 2ª edição do Prêmio Agrishow de Startups 2023.

Os diagnósticos e a inteligência da Cromai permitem ainda o aumento da produtividade e da sustentabilidade nas culturas, por meio de um controle mais efetivo de plantas invasoras, redução do tempo de tratores em campo, e sua consequente queda no consumo de combustível e emissão de gás carbônico. Além disso, a startup disponibiliza outras soluções de IA como detecção de impurezas vegetais nos carregamentos de cana-de-açúcar.

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Para Thalles Linhares, head de negócios da Cromai, o prêmio é a consolidação de um trabalho realizado ao longo dos seis últimos anos para o desenvolvimento e aplicação dessa tecnologia.

“Trabalhamos incansavelmente para elevar a produtividade do produtor. Ser reconhecido por essa banca de jurados que representa todos os setores do agronegócio brasileiro mostra que estamos no caminho certo. Toda a equipe da Cromai está muito orgulhosa e agradecida por essa conquista.”

Inteligência artificial nas lavouras Colheitadeiras e tratores conduzidos por piloto automático. Essa é uma das possibilidades apresentadas durante a Agrishow pela Massey Ferguson. O novo piloto automático elétrico, Fuse Guide, pode ser instalado em tratores, colheitadeiras e pulverizadores novos ou usados. De fácil instalação, o sistema atende pequenos e médios agricultores. “Por se tratar de um sistema de fácil instalação e utilização, o agricultor poderá fazer o uso do Fuse Guide em diversos

equipamentos, usufruindo da máxima precisão durante as operações de preparo de solo, plantio, pulverização e colheita”, explica Vanderson Schneider, especialista de Marketing de Produto Fuse.

O monitor para a visualização das informações pode ter 5, 7 ou 10 polegadas, de acordo com o tamanho da máquina e da necessidade do produtor. “Por exemplo, se o produtor pretende usar apenas o piloto automático, uma tela menor atenderá o objetivo, mas se ele também tiver a intenção de utilizar funções adicionais, como fazer o controle de sementes no plantio, adubação ou taxa variável de pulverização, a indicação é pelo terminal de 7 ou 10 polegadas, já que ambos possuem compatibilidade com implementos ISOBUS”, detalha o especialista.

Ao reduzir a fadiga do trabalho, o piloto automático elétrico também permite que operador mantenha o foco na operação a ser realizada, o que resulta em aumento da eficiência operacional, além de menos falhas e sobreposições, otimizando recursos e insumos.

ZONA RURAL

Robôs para a pecuária leiteira

O crescimento da ordenha robotizada está modificando a forma de trabalho na pecuária de leite. Seja devido às questões relacionadas à mão de obra, sanidade dos animais ou maior produtividade, os produtores têm enxergado gradualmente a importância e os benefícios de levar a automatização para dentro da porteira.

Mais comum em sistema de confinamento, a tecnologia vem sendo avaliada pela Embrapa Pecuária Sudeste em sistema a pasto no Brasil. O robô está instalado na unidade em São Carlos/SP, em uma área de Integração Lavoura Pecuária Floresta, permitindo que os animais tenham acesso às áreas de sombras durante o dia, pastejem e depois passem pela ordenha robotizada. A capacidade é para atender até 80 vacas. “Acredito que esse é o futuro da pecuária leiteira. Para quem pretende que os filhos continuem na atividade, não enxergo outro sistema viável nos próximos dez anos. Essa tecnologia já existe na Nova Zelândia e no Chile, mas em área tropical do Brasil este é o primeiro sistema robotizado a pasto.

Entre os benefícios da ordenha robotizada está o bem-estar animal, pois as vacas são mais bem ordenhadas que no sistema tradicional, que depende do ordenhador. Outro benefício é a maior qualidade de vida para o produtor, especialmente para os que trabalham de forma familiar, já que reduz a dependência de mais mão-de-obra. Ele poderá ampliar sua escala de produção sem se preocupar com a ordenha diária, pois o robô fará todo esse trabalho de ordenha sozinho, exigindo somente o trabalho de manutenção do sistema.

No mercado, entre as opções disponíveis, está o robô Lely Astronaut, da empresa Lely no Brasil. Criado para

permitir aos animais o fluxo livre (Free Cow Traffic), esse sistema faz com que as vacas façam sua própria rotina e tenham mais tempo para descansarem, colabora para um baixo índice de estresse animal e melhora o ambiente de ordenha.

De acordo com o gerente comercial da Lely no Brasil, João Vicente Pedreira, a automação tem representado um ponto de virada para os pecuaristas. “O produtor brasileiro é reconhecido por conseguir vencer desafios sanitários, climáticos e até econômicos. O momento atual é de grandes transformações em modelos de negócios e, por isso, é uma oportunidade para melhorar o manejo e alcançar novos índices produtivos”, analisa.

Entre outros benefícios, ele destaca as melhorias de gestão e tomadas de decisões mais assertivas. “Os responsáveis pelas vacas passam a acompanhar melhor a saúde dos animais, avaliar o seu comportamento e os sensores que monitoram a qualidade do leite. Assim, o ambiente de produção pode ser aprimorado em um prazo relativamente mais curto, por meio de estratégias eficientes”, conclui Pedreira.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 100
Andre Novo, Pesquisador da Embrapa

GENTE

PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES

ACN Agropecuária

CRIATÓRIO DESTACA-SE NA SELEÇÃO DAS RAÇAS GIR LEITEIRO, GIROLANDO, NELORE E CAVALO CRIOULO

PERFIL: CICINHO

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 101
#pecBR

CRIADORES

ACN Agropecuária: Na construção de eficiência e produtividade

LARISSA

Criatório conquista várias premiações, dentre elas o título de Melhor Expositor da ExpoZebu 2023

o canteiro de obras para o campo. Assim, o pecuarista e engenheiro civil, Anderson Carlos do Nascimento, levou sua experiência de gestão no setor de construção civil para suas propriedades rurais.

Com um sistema de seleção focado em planejamento, rigor na execução das atividades e um acompanhamento detalhado de cada ação, ele conduz a ACN Agropecuária. “Qualquer que seja a atividade, é essencial ter excelência no que faz. E na pecuária não é diferente. Com linhagens de ponta, estamos utilizando as mais modernas tecnolo-

gias para dar um grande salto genético em todas as raças que selecionamos. Além disso, adotamos ferramentas para gestão financeira, zootécnica, de manejo e de vendas”, explica o criador.

A ACN Agropecuária desenvolve um modelo de atuação com um criterioso trabalho de seleção, gerando valor a cada etapa de criação das raças Nelore, Gir Leiteiro, Girolando e Cavalo Crioulo. Quatro pilares principais formam a sólida base de atuação da ACN: genética, nutrição, bem-estar animal e sanidade. Com unidades em São Paulo e Goiás, acreditam na excelência em todas as fases do negócio, com foco em eficiência e produtividade.

D
VIEIRA
#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 102

Genética e muita produção de leite

No leite, a beleza de animais dóceis, rústicos e adaptados, que aliam fertilidade, produção, precocidade e saúde para uma vida longa e produtiva é a meta da seleção. A base do rebanho Gir Leiteiro da ACN é formada por indivíduos das melhores linhagens da raça, vindos de criatórios referência do Brasil, além de animais do processo de seleção interno da fazenda.

Apoiado por especialistas que cuidam de cada detalhe da seleção, hoje, o Gir Leiteiro ACN é referência e figura entre os melhores da raça, com animais premiados nas principais pistas e torneios leiteiros do país.

Nas raças Gir Leiteiro e Girolando, o trabalho técnico vem sendo conduzido pela médica-veterinária e titular da Padma Consultoria Pecuária, Tatiane Tetzner. “No Gir Leiteiro, realizamos avaliações fenotípicas em 100% do rebanho, desde bezerras, bezerros até doadoras e touros, e estamos fazendo o direcionamento técnico dos acasalamentos dirigidos para ter produtos que atendam às atuais demandas do mercado. O trabalho leva em conta as informações de conformação funcional, oriundas de lactações comprovadas, análises de beta-caseína e avaliações genômica e genética. Além disso, definimos as boas práticas de manejo, nutrição, reprodução e sanidade para que a genética seja expressa em seu potencial máximo”, esclarece Tatiane. Com base em todas essas informações, estão sendo selecionadas as doadoras da ACN.

Hoje, todo o rebanho Gir Leiteiro da ACN tem avaliação genômica. As amostras de DNA dos touros jovens Gir Leiteiro foram enviadas para o Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro. Além disso, as fêmeas em produção participam do controle leiteiro oficial da ABCZ.

Na raça Girolando, para produzir seus animais, a ACN e seus especialistas utilizam as suas melhores vacas Gir Leiteiro acasaladas com touros de referência nas principais centrais de inseminação que atuam no Brasil e ex-

terior. A prioridade é por reprodutores modernos, com altos índices e avaliações genômicas.

Com todo esse critério de seleção, produzem animais longevos, rústicos, eficientes e muito produtivos.

Como resultado, o criatório figura entre os melhores da categoria “Maior Média de Produção por Dia de Intervalo de Partos” do Ranking Nacional – Modalidade Rebanho 2022, recentemente divulgado pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios.

Com a forte demanda pela raça no mercado da América Latina, a ACN Agropecuária tem trabalhado para atender os criadores do continente. Em 2023, passou a integrar o projeto internacional Brazilian Girolando, que tem percorrido exposições de vários países para promover a genética da raça e as fazendas selecionadoras.

ExpoZebu 2023 evidencia a seleção da ACN

A ACN Agropecuária tem conquistado premiações importantes nas exposições. Durante a ExpoZebu 2023, ocorrida em maio, os animais da fazenda competiram nos julgamentos em pista e no torneio leiteiro. No total, foram 21 premiações conquistadas. Com isso, a ACN terminou o evento como o Melhor Expositor Gir Leiteiro. “O desempenho de nosso plantel na ExpoZebu só confirma que a aposta feita em genéticas de ponta, em modernas tecnologias e em um rigoroso sistema de seleção foi acertada. Com nosso trabalho, estamos contribuindo para o crescimento da pecuária leiteira”, assegura Anderson. Além das premiações, a fazenda alcançou a primeira colocação na Pré-Seleção do Teste de Progênie da raça Gir Leiteiro com o touro Cadente FIV ACN.

A ACN Agropecuária fez dobradinha no torneio leiteiro, levando os troféus de Grande Campeã e de Reserva Grande Campeã, com as vacas Blogueira FIV Basa

(Grande Campeã tanto na categoria de Produção de Leite quanto de Produção LCST – Sólidos Totais, além de ser a matriz de maior valor genômico da raça Gir Leiteiro 2023), e Dalila (Reservada nas duas categorias), respectivamente. No julgamento, Dalila também saiu vencedora, conquistando os títulos de Reservada Grande Campeã,

Campeã Vaca Adulta, Melhor Conjunto Família e Melhor Úbere Adulto.

Outros animais premiados foram André FIV ACN (Campeão Júnior Maior), Diana FIV ACN (Melhor Bezerra e Melhor Conjunto Família), Barca FIV ACN (2ª Melhor Vaca Jovem). Na raça Girolando, a ACN conquistou o título de Reservada Campeã Categoria Vaca 4 anos CCG 1/2 com Antonella FIV Byway ACN.

BLOGUEIRA FIV BASA
Dalila FIV da YPE
JUNHO/JULHO 2023
Antonella FIV Byway ACN

dos investimentos e das parcerias, com o apoio de técnicos e especialistas, seguem avançando no caminho do melhoramento genético.

O rebanho Nelore da ACN Agropecuária é avaliado pelo PMGZ, ANCP e GENEPLUS e é selecionado com base em critérios como: padrão racial, avaliação morfológica, avaliação genética e genômica, dentre outros.

Com a orientação de profissionais especializados, acasalamentos direcionados, e a utilização de touros e doadoras com alto valor genético, a FIV (Fertilização in Vitro) foi eleita como a grande aliada no progresso genético do rebanho. O zootecnista, Dr. Luís Amadeu Vendrame Cardoso, é quem comanda o planejamento genético da raça no criatório. “Todas essas tecnologias juntas nos possibilitam entregar ao mercado animais superiores geneticamente, eficientes e produtivos”, assegura Anderson.

A ACN também se destaca em parceria com a Fazenda Nelore Vera Cruz no projeto “Nelore Baby de Prova” que visa identificar prematuramente futuras doadoras da raça.

A seleção das bezerras começa antes do nascimento, com

programas de melhoramento.

Durante a Expogenética, considerada a principal mostra zebuína de animais provados do mundo, essas jovens doadoras são expostas para que outros criadores possam conhecer e avaliar de perto esse trabalho pioneiro na pecuária. Posteriormente, são comercializadas em leilões especiais.

A beleza e funcionalidade do cavalo Crioulo Cada vez mais popular no Brasil, o cavalo Crioulo completa o trabalho da ACN Agropecuária na pecuária seletiva. A base genética é composta por indivíduos de linhagens tradicionais de cabanhas do sul do país, região considerada o berço do Crioulo brasileiro. Nos acasalamentos vêm sendo utilizados animais de genética consistente e com destaque em grandes competições da raça, levando em conta ainda pedigree, aperfeiçoamento da morfologia e a força de trabalho. Após o nascimento, é feita uma seleção para separar os equinos direcionados para competições e aqueles indicados para o trabalho em fazenda.

Uma vida dedicada às pistas

Com quase seis décadas atuando nas exposições, o tratador Cícero Correia de Lima tornou-se referência para as novas gerações

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 106 PERFIL
LARISSA VIEIRA

Ainda menino, o contato com os bovinos era uma diversão para Cicinho, forma carinhosa como todos chamam o apresentador de animais Cícero Correia de Lima. Ele gostava de acompanhar o pai, que trabalhava como fiscal de turno na fazenda do saudoso criador Orestes Prata Tibery Júnior, o Orestinho. Foi ele quem levou Cicinho para conhecer a ExpoZebu, que na época já era reconhecida como a maior exposição de zebuínos. “Fiquei encantando com todos aqueles animais de qualidade, mas nem imaginava que um dia estaria ali, trabalhando como apresentador”, lembra Cicinho.

Tempos depois, a brincadeira tornou-se uma oportunidade de trabalho. “Estudava em um período e trabalhava em outro. Assim, fui aprendendo a manejar o gado e a prepará-los para as exposições”, lembra. Já são 55 anos de trabalho no mesmo criatório, algo raro nos tempos atuais para um profissional. Hoje, ele é responsável pela apresentação dos animais do criador Ângelo Prata Tibery, filho de Orestinho. “Vejo o Cicinho como meu segundo pai. Meu pai já se foi, mas a interação que ele tinha com o Cicinho, tanto no trabalho quanto como amigo, era tão grande que a gente fica emocionado em poder conviver com ele, uma pessoa que se dedicou pela vida inteira a esse processo, que é a importância dos grandes campeões na ExpoZebu”, declara.

Para chegar ao nível atual, em que é considerado um dos melhores apresentadores de exposições, Cicinho dedicou-se a cada detalhe da função. Antes de cada evento, treina com os animais para que na pista a interação seja perfeita e consiga apresentar todas as qualidades do zebuíno. “O treinamento na fazenda é fundamental porque durante a feira o tempo é muito curto. É importante deixar o animal bem aprumado e com as orelhas sempre atentas, não pode ficar caída. Basta um toque com o cabresto e ele já corrige”, explica.

O cuidado constante com o animal é outra preocupação. É importante atentar-se ao bem-estar dos bovinos, da limpeza da baia, alimentação. Segundo ele, o banho é o momento de proporcionar um relaxamento e uma forma de

amansar o gado. “Eles são muito inteligentes, sabem qual é a baia deles. Reconhecem o tratador e interagem bem”, destaca. Além do preparado do time de pista, Cicinho ainda contribui com sua experiência no processo de seleção, dando sua opinião sobre a qualidade dos animais.

Apesar das várias décadas como apresentador, entrar na pista da ExpoZebu é sempre uma emoção para ele. E em 2023, a expectativa de apresentar o Nelore Pintado, que voltou a competir no evento depois de décadas ausente, foi grande. “Foi a primeira vez que conduzi o Nelore Pintado e já saímos com um Grande Campeonato. A adrenalina foi a mil quando anunciaram a vitória da Estrela”, comemora. No dia 30 de agosto, Cicinho completará 70 anos e já ganhou um grande presente. Agora, ele dá nome ao residencial dos tratadores, no Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG. A homenagem aconteceu durante a ExpoZebu 2023. “Fiquei muito orgulhoso com esse reconhecimento. Futuramente, quando alguém da minha família ou amigo visitar o local e ver meu nome na placa poderá se orgulhar de tudo que fiz no meu trabalho”, emociona-se Cicinho.

JUNHO/JULHO 2023
Raquel, Henrique e Ronald Marcos, Ciça, Sergio e Maria Eugênia Ferretti, Bi e Marcos Luiz Fernando e José Barros Augusto e Rocha Henrique, Horácio, Josakian, Marino e Celinho Alavro, Natália Bia, Dulce e Patrícia Gabriela, Manuela, Adaldio e João Geraldo Matheus, Butina, Arnaldinho, Helena e Nilsão Willian Koury, Willian e Tiago Zzn Peres e Bruna Olivia, Juliana e Josakhian Dora e Bendilatti Thuane, Gustavo e Carlos Domicio e Zago Larissa, Consuelo, Euclide, Tereza, Juscelino, Rodrigo, Lilian, Jacintho, Gabriel e Virgilio Udelson, Victor e Henrique Marcel, Marcelinho, Rivaldo e Luiz Lara e Marcelo Alessandro, Sininho e Jairo

SOCIAL

Priscila, Sara, Ana Clara, Betina, Karol, Márcia, Mulheres do Sindi Celso e Carlos Ricardo e Ficardinho Carlos, Bruno , Noel e Edgar Rodrigo e Eduardo Liz e Júlio Branco, Camila e Aurora José Santiago e Mônica Andres, Marcelo, Tatiane, Julico e Nicolas Luisa e Meire Márcia, Paula e Ivete Simone e Ferretti
JUNHO/JULHO 2023
Chito e Angelo Iago, Enzo, Jobson Tatiane Dora, Thuane e Júlia Sebastião e Marlúcio Carlos, Marcos e Bite Gustavo, Jorge Moreno, José Marti e Flávio Cícero e Paula Natália, Fernando, José Humberto, Geraldo e Gabriela João, Rubens e Thadeu Gaby, Néia e Hélio Antônia, Joana, Maria Cláudia, Maab, Henrique, Luciano e Udelson

SOCIAL

Fausto, Diogo, Aline, Ju, Paula Bitão, Alvaro, Arthur, Flávio, Matheus, Toninho, Dani e Pedro Mel, Paula e Iza Marcos e Robertinho Maria Antônia e e Rafaela Beto, Angelo, Josimar e Renato José Roberto Ana Cláudia e Dalila Danilo, Henrique, Milena e Maria Vaniana, Nathane, Gabriel, Leda,Iara, Arnaldinho e Ronaldo Eduardo, Hélio, Eduardo e Bortolo Felipe Lemos, Maria Antonia, Natália e Bruna Fabiana e Giovana
JUNHO/JULHO 2023
Monastério, Jimmy, Osvaldinho, Juan Carlos e Amir Ana Kelly, Isadora, Rafaela, Sebastião, Felipe, Glória e Silvia Geraldo, João Geraldo e Geraldo Giovanna, Adriana e Rodrigo Rene, Marcelo, Dante, Elder e Henrique e Marta Carlos Henrique e Helena Guilherme, Arthur Nilsinho e Olivia e Lucinha Cecília, Eduardo e Wander João Gabriel Zitao e Gisele Laura, Karla, Christian, Edgar , Júlio Laure e João

PONTO DE VISTA

“A rastreabilidade é uma ferramenta para a modernização da pecuária que atende às exigências do mercado global. O que propomos é uma espécie de ‘Certidão de Nascimento’ com registro de informações dos animais, que seja factível e atenda às necessidades dos pecuaristas.”

Francisco Olavo Pugliesi de Castro presidente da Comissão Nacional da Bovinocultura de Corte da CNA

“Fico triste com as críticas ao agro. As pessoas falam coisas que acham que estão certas na cabecinha delas, mas não estão. O agro é o que move o Brasil. É o sustento do brasileiro e está no meu sangue.”

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 115
“Quando se deparar com um problema que não pode resolver sozinho, encontre pessoas inteligentes com quem pode aprender”
Bill Gates, Fundador da Microsoft e co-presidente da Fundação Bill e Melinda Gates.
Ana Castela, Cantora
“O nosso consumo per capita de leite é 65% do consumo de um europeu. Temos uma perspectiva de crescimento razoável e ainda será possível gerar muito emprego e renda com leite e derivados.”
Paulo do Carmo Martins, Especialista em agronegócio do leite e derivados

OPINIÃO

Sucesso da imunização está ligado ao correto manejo de vacinação A

pecuária passa por vários desafios que comprometem a lucratividade do negócio. Um deles é o necessário controle de infestações de parasitas e de doenças nos rebanhos. Há várias formas de proteger o plantel, seja medicando, com tratamento após a infecção, ou prevenindo – com a vacinação. Existem medicamentos para quase todos os problemas sanitários que acometem os bovinos, mas falta entendimento, por parte dos pecuaristas, da importância do manejo racional para o sucesso da imunização e da saúde do plantel.

Em outras palavras: não basta vacinar “de qualquer jeito”; é um dever do criador dar atenção especial para os animais, começando pela boa organização no curral. Muitos produtores acreditam que apenas inserir a agulha e o conteúdo vacinal no bovino fará o efeito desejado contra determinada doença. Isso não é verdade. Quando o animal passa por estresse no manejo de vacinação, seu organismo pode rejeitar o imunizante ou parte dele. É como se não fosse feita a vacinação como necessário. Assim, os recursos usados para compra do insumo acabam sendo “perdidos”, a produtividade do animal cai devido ao estresse gerado e o tempo utilizado para o manejo de vacinação é perdido.

Como já informado, em uma situação estressante vários processos químicos acontecem no organismo dos bovinos – afetando diretamente a ação dos medicamentos. Então, para o sucesso da vacinação dois pontos são essenciais: o ambiente para aplicação e a adoção de tecnologias de apoio, como o tronco de contenção individual, que proporciona conforto da entrada à saída do gado.

Esse manejo racional proporciona benefícios econômicos diretos, com diminuição de refluxo, redução do desperdício de vacina, prevenção a danos nos equipamentos – como seringas quebradas e agulhas tortas –, com menor risco de acidentes de trabalho, melhorando a rotina de atividades, além de proporcionar bem-estar ao rebanho e aos operadores.

Há pecuaristas que relutam à adoção de tecnologias, mas a pecuária não tem mais espaço para amadores. Afinal, já foi provado cientificamente que a contenção individual melhora os procedimentos e oferece mais eficiência no manejo dos animais. A vacinação coletiva é um processo ultrapassado. Os animais pulam, podem se machucar, e os operadores têm mais risco de se ferir e a vacinação provavelmente não terá o efeito desejado.

Em maio, somente no estado de São Paulo, a expectativa era de que 11 milhões de bovinos e bubalinos fossem vacinados contra a febre aftosa – uma doença viral que causa feridas na boca, língua, nariz e casco dos animais. Para os produtores de carne e leite, é extremamente importante seguir a cartilha da boa vacinação, buscando a eficácia na imunização para reduzir as possibilidades de prejuízos econômicos exacerbados, com impacto na produção da proteína animal. Além disso, também é importante a imunização de todo o plantel do país para evitarmos mais um bloqueio nas exportações de nossos alimentos.

Determinados troncos disponíveis no mercado contam com várias vias de acesso ao animal. Eles proporcionam maior segurança e praticidade no manejo da vacinação. Além disso, os equipamentos possuem duas pescoceiras, que evidenciam a região ideal para a injeção, a tábua. Essa região é indicada para evitar danos na carcaça, como hematomas e abscessos em áreas de carnes nobres – o que motiva o descarte pelo frigorífico, com prejuízo econômico ao produtor.

Em um universo cada vez mais tecnológico e com o crescente acesso às inovações, só não maneja com eficiência quem não quer. Para uma pecuária cada vez mais produtiva e sustentável, o criador tem de se ajustar ao novo, contribuindo para o aumento da eficiência, produzindo mais em menos tempo – o que colabora com a preservação ambiental e a segurança alimentar da população mundial.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 116
da Coimma

Prospectar no agronegócio: como o digital pode ser a chave para o sucesso N

os últimos anos, o setor agrícola tem passado por diversas mudanças, especialmente em relação à digitalização. Com o crescente uso de tecnologias digitais, o agronegócio está se tornando cada vez mais conectado, permitindo uma maior eficiência e produtividade. Dentre essas tecnologias, a prospecção digital tem se mostrado uma alternativa eficiente para conquistar novos clientes e aumentar as vendas no setor agrícola.

Para começar é preciso entender o conceito, a prospecção digital consiste em buscar novos clientes e oportunidades de negócio utilizando técnicas de marketing digital. Essas técnicas incluem a criação de conteúdo relevante, o uso de redes sociais, o envio de e-mails personalizados, entre outros. Para o setor agrícola, isso significa explorar os canais digitais para encontrar novos clientes, fornecedores e parceiros de negócios.

Uma das principais vantagens da prospecção digital é a possibilidade de segmentar o público-alvo e direcionar a mensagem de forma mais precisa e eficiente. No setor agrícola, por exemplo, é possível segmentar por tipo de cultura, tamanho da propriedade, região geográfica, entre outros. Com essa segmentação, é possível criar campanhas de marketing mais eficazes e com maiores chances de conversão.

Além disso, a prospecção digital é um complemento do trabalho feito no campo, através das abordagens

tradicionais que envolvem deslocamentos, impressão de materiais gráficos, ao agrupar essas duas modalidades a prospecção é facilitada, aumentando consideravelmente o alcance e o sucesso das vendas.

Na mesma esteira, com a prospecção digital é possível mensurar os resultados de forma mais precisa. Com as ferramentas digitais disponíveis, é possível medir o número de visitas ao site, a taxa de abertura de e-mails, o número de cliques em anúncios, entre outros dados importantes. Essas informações são fundamentais para avaliar a eficácia das campanhas e fazer ajustes necessários para aumentar a conversão.

No entanto, é importante destacar que a prospecção digital não substitui completamente as estratégias tradicionais de prospecção no agronegócio. Ainda existem muitas oportunidades de negócio que surgem através do contato pessoal e da visita aos clientes. O ideal é utilizar a prospecção digital como uma ferramenta complementar, para aumentar as chances de sucesso nas vendas.

No mais, a prospecção digital é uma alternativa eficiente e econômica para conquistar novos clientes e aumentar as vendas no setor agrícola. Ao utilizar as técnicas de marketing digital de forma estratégica e segmentada, é possível criar campanhas mais eficazes e com maiores chances de conversão. No entanto, é importante lembrar que a prospecção digital não substitui completamente as estratégias tradicionais de prospecção, mas sim, as complementam.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 117

Mercado a termo, de opções ou futuro

Escusado dizer que a agropecuária é, essencialmente, uma atividade de alto risco. Os principais são: riscos de pragas, climáticos e de mercado (cotação do produto, câmbio). Para o primeiro caso, a pesquisa desenvolveu um arsenal que permite ao agricultor solucionar adequadamente os problemas, na maioria dos casos; para o segundo, dispomos de algumas tecnologias, mas ainda estamos desenvolvendo técnicas avançadas para mitigar os riscos do clima. E, para o terceiro, as ferramentas são as operações no mercado a termo, de opções ou futuro.

Operar nesses mercados significa buscar fórmulas para não vender o produto abaixo do custo ou de uma determinada expectativa de margem ou, seu oposto, aproveitar preços atraentes se o cenário se tornar mais favorável.

Mercado a termo

Simplificadamente, o contrato é uma promessa de compra e venda. As partes registram o objeto (o produto agrícola), sua quantidade, o preço, a data de entrega e de pagamento. O que o comprador adquire? O direito de receber um produto agrícola em uma data futura estabelecida entre as partes, obrigando-se a pagar o preço estipulado. E o vendedor tem a obrigação de entregar o produto nas especificações contratadas, por ele recebendo o preço fixado.

A parte vendedora (produtor) busca evitar o risco de queda de cotação de seu produto; a parte compradora (por exemplo, uma agroindústria) quer garantir a entrega de um produto a uma cotação compatível com seu plano de negócios. Ou seja, ambos têm a intenção de se proteger contra o que consideram o maior risco, queda de preços para o produtor e subida de preços para o processador.

Embora possam ser negociados em bolsa, são mais comuns os chamados “contratos de balcão”, negociados diretamente entre duas partes. Sendo bilaterais, eles são liquidados apenas no vencimento, não sendo possível antecipar seu encerramento. Quando negociados em bolsa, a liquidação pode ser antecipada por vontade expressa do comprador.

Mercado de opções

Tal e qual ocorre no mercado a termo, no mercado de opções negocia-se o direito de compra e venda de um determinado produto agropecuário. Assim, o produto, sua quantidade, seu preço e prazo também são previamente avençados. O que o diferencia do mercado a termo é que o produtor tem o direito de vender no preço e prazo estabelecidos, não existe a obrigação de levar a relação contratual até a liquidação.

Para isso existe o pagamento de um prêmio, o que confere o direito de optar pela liquidação antecipada. Ou seja, se o mercado cair, o produtor embolsa a diferença;

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 118 OPINIÃO

porém, se subir, pode exercer seu direito de liquidação antecipada e buscar outras formas de negociar sua produção, que lhe sejam mais vantajosas. Na prática, ele garante o preço mínimo de venda, mas poderá aproveitar qualquer movimento ascendente do mercado a seu favor.

Mercado futuro

É o mais amplo e mais comum. Qualquer cidadão pode operar no mercado futuro como se agricultor fosse, sem nunca haver plantado um grão ou criado uma rês. Aliás, a maioria dos que operam nesse mercado são investidores, sem interesses diretos no agronegócio.

Uma operação nesse mercado envolve um compromisso de compra e venda de um produto, com data e preços fixados. E aí vem uma diferença fundamental: no mercado futuro, as posições são ajustadas diariamente, ou seja, se o preço do produto subiu, o comprador terá que depositar a diferença, o mesmo ocorrendo com o vendedor, se o preço caiu. Estando assim diariamente ajustadas, é possível liquidar as posições antes da data aprazada, podendo-se negociar o contrato em bolsa, vez que inexiste a obrigatoriedade de entrega efetiva da mercadoria. Os termos utilizados neste tipo de contrato são padronizados, justamente para permitir sua operação em bolsa.

O mercado futuro possui características que são importantes destacar:

- Volume e diversificação. O volume negociado diariamente, no mercado futuro, é cerca de dez vezes aquele negociado em ações. A grande quantidade negociada permite diversificar as aplicações. Dessa forma, um cidadão que nunca viu um boi ou um pé de milho, pode investir neste mercado, já que não há a necessidade de entrega física do produto.

- Valor da aplicação. O produtor (ou investidor) não precisa pagar pelo produto. Apenas necessita ajustar suas

posições diariamente, o que significa que pode “alavancar” mais posições investidas do que o faria se necessitasse dispor do produto para entrega ou do valor para comprá-lo.

- Margem de garantia. A aplicação pode ser mais volumosa, porque, além do eventual ajuste diário, o investidor deposita uma “caução” (margem de garantia, em torno de 10% do valor do contrato), que serve como garantia para o ajuste diário. E esta “caução” confere segurança às partes envolvidas no contrato futuro.

Quando o produtor opera diretamente no mercado futuro, via de regra ele busca um “hedge”, ou seja, uma forma de evitar o risco de queda de preços futuros, se ele efetivamente produz o ativo negociado. Porém o próprio produtor, ou um investidor urbano, pode operar neste mercado, sendo conhecido como “especulador”, ou seja, aposta na rentabilidade decorrente da flutuação de preços no sentido de sua “aposta”. O mercado futuro opera diretamente com produtos como etanol, café, boi, milho ou soja; com a cotação do dólar, que impacta diretamente o preço das commodities; ou com o índice do mercado futuro, uma cesta de ativos negociados neste mercado.

Gerenciamento de riscos

Além do descrito acima, existe o tradicional mercado à vista ou de balcão. O acima exposto são as ferramentas que o produtor dispõe para gerenciar seus riscos de mercado, por meio de um mix de operações, que não dispensam o próprio mercado à vista. As ferramentas exigem conhecimento do produtor, porém, se bem utilizadas, permitem não apenas gerenciar adequadamente os riscos, como oferecem oportunidades de aproveitar os momentos de bons preços do mercado, garantindo a rentabilidade do negócio agropecuário.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 119
Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico Agro Sustentável

OPINIÃO

O impacto das moscas na pecuária tropical futuro

Quando se fala em mosca na pecuária, imediatamente nos vêm à mente a mosca-dos-chifres, Haematobia irritans, contra quem os pecuaristas já têm protocolos sanitários bem estabelecidos para minimizar seus impactos nocivos. Porém, há outras moscas que, somado o impacto direto causado na pecuária, o valor supera os 5 milhões de reais ao ano em perdas produtivas, isso sem somar os prejuízos com a transmissão de doenças e depreciação do couro.

Ao todo, existem mais de 17 mil espécies de moscas catalogadas nas Américas, algumas com papel importante na cadeia alimentar, de polinização ou mesmo na degradação de matéria orgânica. Mas aqui vou me ater às três principais causadoras de prejuízos à pecuária de corte e leite no Brasil e no mundo. Você conhece essas moscas?

Mosca-dos-chifres

Embora perfeitamente adaptada aos diferentes biomas brasileiros, a Haematobia irritans não é nativa do Brasil. Ela foi identificada pela primeira vez, em 1976,

em Roraima, vinda da Guiana e que, por negligência das autoridades sanitárias, hoje causa prejuízos de norte a sul do país.

Os impactos causados pela mosca-dos-chifres não estão na quantidade de sangue sugado, mas no incômodo causado por suas picadas incessantes durante todo o dia nos bovinos parasitados. O “sobrenome” nunca veio tanto a calhar, pois a Haematobia irritans é um inseto verdadeiramente irritante, deixando os animais inquietos e estressados devido ao seu pastejo!

Estudos realizados por diferentes pesquisadores, vem revelando que rebanhos, mesmo com infestações leves de moscas-dos-chifres, tem menores índices reprodutivos, menor peso à desmama e menor conversão alimentar e consequente menor GMD. Tudo isso decorrente do estresse causado pela mosca que culmina com maior demanda de energia e tempo para se livrar dos parasitos e menor tempo em pastejo.

Principais métodos de controle: pulverização, pour-on, brincos mosquicidas e ativos misturados ao suplemento nutricional

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 120

Mosca-dos-estábulos

De picada bastante dolorida, a Stomoxys calcitrans se tornou um sério problema pecuário a partir da última década, principalmente em regiões de café e usinas de cana-de-açúcar, onde caracteristicamente há acúmulo de matéria orgânica em decomposição ou fermentação; ambiente ideal para a ovipostura e reprodução dessas moscas.

O aumento das infestações por mosca-dos-estábulos começou a ser identificado a partir da proibição gradativa da queima da cana-de-açúcar (1998), assim como o incentivo para o aumento da produção de etanol, o que expandiu as regiões sucroalcooleiras pelo Brasil e, a mosca-dos-estábulos que estava, restrita às propriedades pecuárias, encontrou nas lavouras de cana um ambiente muito favorável para sua reprodução. Porém, a lavoura onde a palhada irrigada com vinhaça permite a sua reprodução não lhe dá alimento, e com isso a mosca precisa voar até os pastos ou cidades em busca de sangue para se alimentar e seguir o seu ciclo; instalando assim um problema pecuário e, em algumas regiões, de saúde pública.

Apesar de serem mais comuns em regiões sucroalcooleiras e cafeeiras, a mosca-dos-estábulos pode acontecer em qualquer região na qual exista acúmulo de matéria orgânica em decomposição ou fermentação, exigindo do pecuarista atenção para essa questão. Em

todos os estados do Brasil há casos de infestação de mosca-dos-estábulos.

Estudos datados de 2014 estimaram que os prejuízos causados por essas moscas aos pecuaristas brasileiros ultrapassavam a cifra dos 335 milhões de dólares por ano, mas considerando o grande aumento dos surtos acontecidos na última década podemos inferir que nove anos depois os prejuízos causados por essas moscas aumentaram de forma bastante contundente.

Além de uma picada extremamente dolorida, que causam estresse aos animais, a mosca-dos-estábulos também é um importante espoliador e transmissor de doenças ao rebanho. Estima-se que, dependendo do grau de infestação, essas moscas possam causar perdas de 15 a 20% no ganho de peso corporal, e de 40 a 60% na produção leiteira dos animais parasitados.

Principais métodos de controle: controle da destinação dos resíduos orgânicos e o tratamento dos resíduos orgânicos com ativos apropriados. Na Costa Rica, os produtores de abacaxi enfrentam problema semelhante que vem sendo enfrentado com sucesso por meio do uso de um produto (Difly WP) indicado para o tratamento de resíduos orgânicos. Talvez uma opção também para o Brasil no que se refere à vinhaça, palhinha do café e esterqueiras, uma vez que o produto é feito no Brasil, mas que só fui conhecer em outro país.

JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 121
Marcus Rezende Médico-veterinário e consultor de empresas para o agronegócio.

OPINIÃO

A pulverização dos animais, embora tenha pouca eficiência, é um método ainda válido; mas como essa mosca tem por hábito picar o ventre e membros dos animais, a pulverização deve ser feita preferencialmente nas partes baixas.

Mosca doméstica

Não se engane com essa mosquinha. Ela tem grande capacidade de adaptação e é um importante dispersor de patógenos causadores de doenças em plantas e animais. Elas têm capacidade de carrear uma enorme quantidade de bactérias e vírus, como: onfaloflebites, salmoneloses, verminoses, tuberculose, coccidiose, ceratoconjuntivite e mastite, entre tantas outras. Por isso, ela é identificada como uma das três principais moscas causadoras de prejuízos à pecuária.

Em geral, as moscas-domésticas (Musca domestica) vivem em ambientes com temperatura entre 15 e 40 °C e seu ciclo de vida pode variar de 7 a 35 dias, dependendo das condições de temperatura e umidade. Em sua vida, ela põe cerca de 700 ovos. O que merece nossa atenção é que as moscas que vemos no ambiente representam somente 20% da população, os outros 80% estão na matéria orgânica em decomposição; que serve de nascedouro para as moscas que ali estão em forma de larvas. Em resumo: se você está vendo muita mosca no ambiente agora, aguarde e confira; vai ficar pior!

Um fato bastante negligenciado e que deveria estar no radar dos técnicos é a importância da mosca-doméstica na pecuária leiteira, pois além de carrearem doenças como ceratoconjuntivite, tuberculose, entre outras; elas são dispersoras de agentes causadores de mastite. Estudos tem demostrado que o controle da mastite deve contemplar o controle das moscas no curral, dado à sua importância como sabotadora silenciosa do leite de qualidade.

Principais métodos de controle: controle dos resíduos orgânicos, adição de aditivos controladores de moscas nas esterqueiras, iscas e o uso de aditivos fly cotrol na dieta das vacas. Estes produtos passam by pass e agem nas fezes, agindo onde estão 80% das moscas na propriedade e impedindo que as larvas se desenvolvam, eclodam e se tornem adultas.

Cuidados

Tenho visto muitos produtores utilizando produtos agrícolas para o controle das moscas e o resultado é sempre o mesmo: uma hora a conta vai chegar! E essa triste fatura chega por meio da intoxicação de animais, da identificação de resíduos no leite ou carcaça, e até da morte de animais. Produtos agrícolas são desenvolvidos para a agricultura, não para os animais. O ativo pode ser o mesmo, mas a curva plasmática, a biodisponibilidade do ativo no organismo e a dose letal podem ser bastante distintos. Não invente; na dúvida, consulte um médico-veterinário.

#pecBR | JUNHO/JULHO 2023 122

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JUNHO/JULHO 2023 | #pecBR 123
“O amor não se vê com os olhos, mas com o coração”.
William Shakespeare
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