Pecuária Brasil #37

Page 35

tivo intravaginal específico para as fêmeas superprecoces, levando em consideração o tamanho para evitar desconforto e as concentrações de progesterona para essa categoria. E reemprenhar a primípara superprecoce é outro desafio. Como vai parir ainda muito jovem, aos dois anos, deve receber nutrição diferenciada para continuar crescendo, produzindo leite para o bezerro e emprenhar novamente, senão o esforço que o produtor fez para ter fêmeas superprecoces na estação de monta fica perdido. PB- E em relação aos ganhos genéticos, quais os benefícios que a IATF traz em novilhas super precoces? Baruselli- A redução do intervalo entre gerações é um deles. Quanto menor a idade ao primeiro parto, maior é o ganho genético do rebanho. Ao se ter um intervalo de gerações acima dos 4 anos, que

ainda é a média no Brasil, para imprimirmos cinco quilos de genética [saltando de 180kg na primeira geração para 200kg na quinta geração] demoraríamos 20 anos. Se baixarmos esse intervalo de geração para dois anos, demoraríamos a metade do tempo, acelerando o melhoramento genético do rebanho. PB- Antes de mergulhar de cabeça em novas tecnologias, qual deve ser a lição de casa para o pecuarista? Baruselli- Antes de tudo é preciso ter uma estrutura adequada na propriedade, um bom manejo sanitário e nutricional, pois vários fatores influenciam no resultado da IATF. As interferências vão desde raça do touro, lote, categoria de parto, ano, escore corporal das fêmeas até capacitação da equipe. A organização operacional do processo precisa ser boa senão teremos resultados inconsistentes.

PB- Das tecnologias reprodutivas mais utilizadas na pecuária ultimamente, quais o senhor acredita que trouxe maior impacto tanto na difusão do melhoramento genético, quanto na facilidade de manejo e na parte econômica do sistema de produção? Baruselli-Todas as tecnologias têm uma contribuição importante para a evolução dos índices reprodutivos do rebanho brasileiro, mas levando em conta a aplicação em larga escala da IATF atualmente, essa seria uma inovação importante. Assim como a transferência de embrião, que permite um ganho genético muito superior a outras tecnologias, pois possibilita ao produtor trabalhar com touros e fêmeas de alto valor genético. O Brasil está entre os maiores produtores de embriões e é pioneiro na produção in vitro e na TETF (transferência de embriões em tempo fixo). Ao longo dos anos, a tecnologia passou a ser extremamente bem-sucedida, com os protocolos ficando cada vez mais viáveis em termos econômicos, além de mais eficientes. PB- Quais estudos na área de reprodução bovina estão em andamento na USP? Baruselli- Estamos trabalhando para aprimorar as tecnologias já existentes, como, por exemplo, a busca por novos fármacos capazes de melhorar os resultados da IATF. Além disso, estamos estudando o impacto que a melhoria do manejo traz para a eficiência dos programas que utilizam as biotecnologias da reprodução.

ABRIL/MAIO 2021 | #pecBR

35


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Pecuária Brasil #37 by Revista Pecuária Brasil - Issuu