N° 30 - Nova frente de luta para resgatar a política

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A questão chinesa – um gigante a se afirmar

província chinesa, que é, de direito, autônoma, mas que, de fato, possui interferência direta de Pequim. O povo tibetano e a religião lamaísta possuem uma liderança histórica de renome internacional, o Dalai Lama, expulso de seu país, em 1959, após uma tentativa fracassada de revolta. Ele e seu clero vivem hoje exilados na cidade indiana de Dharamsala, um local com pouco menos de 20 mil habitantes, de onde são administrados templos tibetanos, dentro da Índia, e a partir daí, para o Ocidente (curiosamente, a Índia tem um Estado, Arunachal Pradesh, que a China-RPC reivindica com o nome de “Tibete do Sul”, apesar de ser uma região multiétnica). O movimento nacional tibetano no exílio conta com o apoio político da Índia e de países ocidentais, especialmente França e Estados Unidos. Outra questão importante é a da província do Sinkinag, também conhecida como Turquestão Oriental. Como o Tibete, de direito, é província autônoma, de fato, está sob controle direto da China-RPC. Trata-se de uma região de maioria muçulmana, vizinha a regiões politicamente bastante instáveis como a Caxemira, disputada por Índia e Paquistão, e o Afeganistão, sob ocupação de exércitos ocidentais, exposta ao crescimento do fundamentalismo religioso islâmico, especialmente por conta da presença de militantes da rede Al-Qaeda do movimento Taleban baseado em território afegão. A RPC ainda tem uma questão histórica de disputa territorial a resolver. Falamos de Taiwan, província que está sob administração da República da China (aqui denominemos ela de China-RC), país fundado na região continental chinesa no início do século XX, e que, depois da Revolução Chinesa de 1949, ficou restrita à Ilha Taiwanesa. A China-RPC negocia uma aproximação com a China-RC, com vistas a formar uma confederação política nos moldes de “um país, dois sistemas”. A China-RC, como a RAA-Hong Kong e a RAA-Macau seriam regiões capitalistas sob regime político especial, com constituições próprias, deixando a cargo de Pequim as questões de relações exteriores e forças armadas. A China-RC tem cerca de 20 milhões de habitantes e uma economia poderosa, cada vez mais ligada à China-RPC. Por outro lado, existe uma questão política discutida localmente: são parte da China, ou um país independente? De fato, a China-RC é independente de Pequim. Mas a China-RPC não reconhece. Desde 1971, Pequim anuncia: quem quiser estabelecer relações diplomáticas com a China-RPC tem que romper com a China-RC. E anuncia: Taiwan é uma província rebelde. Ou seja: se Taiwan declarar independência, a China-RPC não hesitará em atacar a ilha. O governo de Pequim já deu inúmeras demonstrações disso, com exercícios silenciosos de advertência a cada vez que o governo de Taiwan, quando sob o comando do Fábio Metzger

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