

Expediente
Instagram: https://instagram.com/macumbapode
Podcast MacumbaPode: https://spoti.fi/3AtwIRL
Manual Umbandista Antifascista: https://bit.ly/ManualUmbandistaAntifa
Contato: macumbapode7@gmail.com
Jornalista Responsável
Andreza Sega | MTB 68152 @andrezasega
Designer
Maysa Licciardo @maylicciardo
Agradecimentos
Agradecemos, nesta edição, em especial, as nossas crianças interior, que apesar de todos os traumas, seguem buscando espaço para a alegria e esperança em nossas vidas.
Agradecemos aos Erês, por que o que eles fazem, nem Exu mete a mão.
Agradecemos aos Exus Mirins, que apesar de nem serem crianças, também nos ajudam.
Agradecemos a madrinha Vanessa Seraphim pela luta dela por um ensino Antifascista.
Ao padrinho Seu Zé Pelintra.
Ao seo Antônio de Angola.
Aos nossos antepassados e ancestrais.
Sempre aos nossos Orís.
E particularmente, de nós para nós, de cada membro para cada membro - nos suportamos e ajudamos, nos levantamos e nos aconselhamos e vamos levando essa vida sendo o melhor que podemos ser.
É tudo nosso e nada deles.
Colaboradores da edição:
Diego Agassi @diegoagassi
Ana Marques @anamarques_oraculista
Fernando Santoz @fernandooraculista
Gabriella @kobalaroye
Carol Gimenez @carolgimenez_oraculista
Luiz Filho @pedefeiticeiro
Vanessa @terreiro.boiadeiro.querencio
Renato Arêas @projeto.ngombo
Gabi Zarate @gabizarate6
Giovanni @giovannithuia
Deco @comunidadeumbandista Gloria Mattos @glorimattos
Daniel Cattaruzzi @danielcattaruzzi
Camila Munhoz @camila_nhozmu
Ana Cláudia @dubelo__
Ana Alice Holdfold @anaaliceholdford
Gisele Scarduelli @giselescarduelli Anderson Borges @andersonborges1884
Chegamos em nossa segunda edição trazendo um clima um pouco mais leve, reflexivo, sobre nossas crianças, infância, inocência. Em uma matéria dupla, de capa, falamos sobre o lugar da criança nos terreiros hoje em dia, seriam elas, bem vindas? Bem acomodadas? Bem recebidas? Já na segunda matéria, estamos completando a discussão com um ótimo artigo sobre o imaginário do brasileiro e sua relação com a figura carismática de Cosme e Damião - como se construiu toda ritualistica em volta destas figuras e como elas nos afetam até hoje em sua simplicidade.
Ainda nesta edição, falamos muito a sobre terra como uma entidade a ser cultuada e sobre vaqueiros ou boiadeiros - essa linha de tanta força, e grande respeito com o mundo que habita e tanta história para contar. Falamos de algo super sensível: o genocídio indígena, é um nó em nossas gargantas, é uma luta que precisamos lutar, por terras que nem nossas sãosão deles, são dos indígenas. Também trazemos outro debate importantíssimo: mulheres nos terreiros - elas estão sendo ouvidas, respeitadas, representadas de fato, nestes locais?
Esta linda edição traz temas importantíssimos para a construção da nossa comunidade: de crianças à mulheres, das relações com a terra, com os indígenas e caboclos, e a relação com um dos mortos que mais viajaram pelo Brasil.
É praticamente impossível não falar que o momento que estamos vivendo no Brasil, em 2022, e toda essa edição, fala exatamente do que precisamos
Vem de eleição
@macumbapodeouvir e entender: a nossa comunidade sofre, a nossa comunidade precisa ser escutada e não apenas ouvida. A escuta ativa depende de você que está nos lendo. A escuta e a leitura ativa dependem de você.
Estamos em mês de eleição e precisamos escutar as necessidades da nossa comunidade. Precisamos escutar o que um candidato quer dizer quando expressa veementemente contra nossas mulheres, rebaixando-as e humilhando-as; quando coloca armas nas mãos de nossas crianças como brinquedos, quando incita violência e desrespeita a terra que há 1500 anos é dilacerada e continua sendo. É o candidato que “deixa a boiada passar” e não é a boiada do nosso boiadeiro não, essa aqui, boiadeiro tem vergonha! Essa boiada é a que mata indígena, que destrói tribos, invade territórios preservados e demarcados. É esse o candidato que representa à nós, macumbeiros?
Temos certeza que essa edição vai te ajudar a refletir qual é o lado da história que você quer estar. E se ainda assim você estiver com dúvidas, dá uma olhadinha no nosso instagram, leia alguns posts, tome um bom chá de consciência de classe, olhe sua carteira de trabalho assinada - ou não, se você for um empreendedor, lembre-se que você está mais perto de não ter uma renda do que ser um bilionário.
No mais, desejo à você uma boa leitura e uma boa eleição - exceto se você for votar no Bolsonaro, neste caso te desejo uma caganeira. #

Dia
Crianças
08 Não deixe o ponto morrer

Nossos Mortos
12 Classificados da Macumba
11 Plantio
Onde está o Pajé?
por @fa_lissa_babadi“Aqui não tem pajé, os pajés que tinham morreram. Agora vocês antropólogos vem falar de medicina tradicional!
Isso para nós foi considerado coisas do diabo que a gente não podia fazer alguns tiveram que se esconder.
Agora vem vocês dizer que têm que revitalizar! Agora vem dizer que isso é coisa boa. Vocês têm que entrar num acordo, quem vai dizer o que é certo aqui? ”
Medicina Indígena no Rio Negro - Experiência de um Projeto*

Vamos falar de epistemicídio** dos saberes ancestrais dos índios e negros no Brasil?
Epistemicídio, para os pesquisadores, é o processo de morte simbólica dos corpos de pensamentos e cultura dos negros e índios no nosso país, produto de uma sociedade que valoriza somente os ideais ocidentais. Isso causa um processo contínuo de invisibilização e anulação das contribuições sócio-culturais não absolvidas pela cultura ocidental.
A colonização criou um sistema opressor, causando assim não somente a morte física dos índios e negros, mas também a morte sistêmica de suas culturas e direitos.
A colonização não conseguiu extinguir os povos originários. A ditadura, apesar da tentativa cruel, também não. Mas nos tempos atuais, a tentativa é através do genocídio legislado, pois quando o atual governo flexibiliza o armamento, ele está autorizando a morte do povo indígena e negro (in) diretamente.
Entretanto, quem disse que negros e indígenas não morrem vagarosamente quando Ihe arrancam o direito de pertencimento, de serem quem são, de saberem o que sabem e de viverem onde vivem?
As relações raciais produzem continuamente a inferiorização dos saberes ancestrais desses povos, gerando assim a morte intelectual dessas pessoas. Por isso, devemos enxergar o racismo não só nas formas individuais, mas também, e principalmente, dentro da coletividade que a sociedade insiste em hegemonizar. Na cultura colonizadora, isso constitui uma violência sistemática de imposição dominante de suas referências como verdades absolutas, como se elas fossem as únicas e válidas dentro das pluralidades existentes no mundo.
Esse genocídio estrutural das epistemologias de indígenas e negros é crescente, latente e gritante, também, no universo das religiões afro- indígenas. Faz muito tempo que os caboclos perderam o pé de dança, não podem mais fazer seu brado, não podem utilizar seu bodoque e estão quase proibidos de usar seu sagrado tabaco. Os pretos velhos, dentro dessa cultura colonizadora, só podem se apresentar de forma curvada, servil e catequizada, com seu rosário na mão, como é de agrado da normativa social cristã.




Os pajés e feiticeiros negros não podem mais fazer suas magias e pajelanças nos terreiros e muito menos evocar as forças de seus deuses da natureza, eles não cabem mais nos terreiros.
Agora gostaria de deixar aqui uma pergunta para reflexão dos povos e adeptos das religiões afro - indígena de todas as vertentes: Você tem sido congruente com sua religião (reLigare)? Você está em conexão com a natureza do que professa ou pratica a morte dos saberes ancestrais?
Será que estamos sendo dignos, agindo com bom caráter e honrando a luta e memória dos nossos ancestrais? Deles, que resistiram de forma astuta, abraçando a fé do opressor para fazer chegar até os dias atuais a raiz de uma sabedoria milenar, que temos como obrigação proporcionar o amadurecimento sistêmico desses corpos de saberes.

Até quando vamos utilizar o sincretismo com Santos? Até quando vamos levar yawo para bater cabeça no altar de igrejas? Até quando vamos catequizar e batizar os nossos caboclos e pretos velhos? Até quando povo de terreiro vai votar em quem pragueja nossa fé, derruba nossas matas, perseguem nosso povo e apoia a violência?
Deixo essa reflexão e o meu Saravá e Àsé. #
Referências:
*Medicina
Ouçam os Nossos
Mulheres nos Terreiros
por @anamarques_oraculista e @glorimattosNós mulheres sofremos diversos abusos e sabemos o quanto ainda necessitamos lutar contra um sistema que nos persegue, nos castra, nos aprisiona e nos aniquila.
Infelizmente também encontramos abusadores dentro dos espaços de axé, os terreiros. É cada vez mais crescente o número de mulheres que sofrem diversos tipos abusos por parte dos próprios dirigentes e infelizmente muitas não recebem apoio dentro do próprio coletivo, sendo negligenciadas e silenciadas.
Existem algumas perguntas a serem feitas a partir dessa linha de pensamento e são perguntas fundamentais para que possamos perceber que tipo de ambiente estamos inseridas.
Como funciona a dinâmica no terreiro em que você frequenta? Sua opinião dentro do terreiro é respeitada? Como o terreiro, desde o dirigente até os filhos da casa se comportam diante do término de um relacionamento hetero? As mulheres são acolhidas com seus filhos? as mulheres solteiras são respeitadas, ou são vistas como ameaça dentro do terreiro por outras mulheres comprometidas? O número de homens na função de limpeza no terreiro é proporcional ao número de mulheres? Qual é a posição do dirigente diante de assédio sexual?
São questões que devem ser levantadas e utilizadas como reflexão, o terreiro é uma comunidade em comunhão com o sagrado e sendo assim precisa ser seguro para todas pessoas que estão inseridas, precisa ser um local em que todos tenham sua dignidade e integridade intacta. Porém não é algo que vemos por
aí, há pelo menos uma atitude machista nas perguntas feitas acima e isso é preocupante, o terreiro se tornou um “acordo de cavalheiros” deixando mulheres como coadjuvantes nos ritos. Enquanto mulheres estão encarregadas de limpar e cozinhar dentro de terreiro, homens estão obtendo conhecimento nos ritos, estudos subindo nos graus iniciáticos e obtendo as altas posições sacerdotais e por sua vez mandando e desmandando no terreiro e tendo mulheres em um papel de servidão e submissão com conhecimento limitado dentro do terreiro, tornando assim uma relação verticalizada, abrindo margem para abusos.
Historicamente, os terreiros resistiram por conta das mulheres e a sua estrutura sempre foi matriarcal, mas a introdução da doutrina cristã trouxe consigo o machismo, colocando as mulheres em uma posição de inferioridade, submissão e criando dogmas a partir não só do gênero mas a biologização de seus corpos.
É urgente que possamos debater esse assunto dentro de nossos espaços e com a nossa comunidade, é necessário não só o combate ao machismo mas a descristianização dos terreiros para que possamos dialogar a partir da visão histórica das ancestrais que lutaram para que hoje os terreiros pudessem existir.
Quando debatemos esses assuntos criamos um ambiente seguro para que não haja nenhum tipo de abuso e para que fiquemos seguras para denunciar qualquer tipo de comportamento que nos viole e com isso termos o amparo necessário.
Não caiam nessa de disputas femininas dentro dos terreiros, se unam, se protejam e não se calem! #

Uma das perspectivas que este provérbio traz é a importância que a criança tem na sociedade, não a toa que povos originários, nas suas mais diversas culturas ao redor do mundo, sempre reverenciaram as crianças tal como os mais velhos.
Enquanto o mais velho representa a sabedoria ancestral viva, a autoridade de um povo, a criança é a esperança de perpetuar a tradição e cultura da comunidade.

Um dos conceitos mais fortes na cultura de terreiro é o fortalecimento da comunidade. Desta
responsáveis pelo desenvolvimento, educação e inserção das crianças no meio social e cultural em que vivemos.
Mas na prática, cabe questionar: até que ponto estamos realmente acolhendo e inserindo as crianças no contexto de terreiro? Estamos reverenciando a infância da forma que nossos Ancestrais faziam ou isso se aplica apenas nas giras e festas dos erês? O que podemos fazer para tornar o terreiro mais acessível e inclusivo para mães e crianças?
Infelizmente, o que temos observado dentro dos terreiros é a falta de envolvimento com a infância. Já presenciei pessoas pedindo no grupo do terreiro que deixassem as crianças em casa com alguém, ou que a mãe simplesmente não fosse ao terreiro se
Há um provérbio africano que diz:
É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”
Lugar de criança também é no terreiro
barulho e atrapalham a concentração da corrente mediúnica. O que diriam nossos Ancestrais? O quanto nos distanciamos de nossas raízes quando escolhemos ignorar a infância, que socialmente, já é tão negligenciada?

Não adianta incorporar o erê que bagunça, mas não aceitar a criança do terreiro que brinca. Precisamos celebrar a vida que se renova através das gerações, afinal um dia seremos Ancestralidade deste solo e quando chegar este dia, do que vão se lembrar e contar nossas crianças?
Quando passamos a enxergar as crianças como seres humanos com demandas que precisam ser ouvidas e acolhidas, aprendemos a lidar com as nossas próprias feridas, inquietudes, inseguranças. No imediatismo
da criança, aprendemos que a vida acontece no aqui e no agora, quando permitimos que as crianças cantem, batuquem, ajudem nas tarefas mais simples, podemos vislumbrar o sagrado se eternizar.
O terreiro enquanto lugar de luta, refúgio e resistência precisa estar preparado para dar voz, espaço e oportunidade para a criança.
Salve as crianças da makumba, da comunidade, os erês, Ibejis, encantados, as crianças que fomos! Salve todas as crianças! #
“O quanto nos distanciamos de nossas raízes quando escolhemos ignorar a infância, que socialmente, já é tão negligenciada?”
dia das crianças
@kobalaroye
dia das crianças por @projeto.ngombo
Cosme e Damião e imaginário do brasileiro
Não há quem não tenha nessa vida uma única memória de infância de receber um daqueles saquinhos cheio de guloseimas de alguém e esse alguém dizer “toma, são doces de Cosme e Damião”.
Mas antes que você e eu sigamos por esse caminho de afeto e alegria, precisamos combinar algumas coisas:
Ainda que eu seja frontalmente contra a presença dos cristianismo nos terreiros, como prática que apaga as reais identidades ali manifestadas, como pesquisador e estudioso da cultura de terreiro e do nosso país eu preciso entender (e gostaria que você também entendesse assim) que há uma diferença muito grande entre aspectos culturais que fazem parte da nossa formação enquanto sociedade e práticas eugenistas violentas.
Os festejos de Cosme e Damião tomaram a forma de
uma grande manifestação cultural, especialmente nas comunidades periféricas de terreiro. E em volta desses terreiros, toda a comunidade espera por essa época que é, sem sombra de dúvidas, uma das épocas de maior alegria e festejo.
Para além da ideia de se ter um saquinho cheio de doces, há um movimento de alegria, afeto e pureza que reina desde os primeiros minutos daquele dia onde a celebração acontecerá. O cheiro de comida de santo, os saquinhos verde e rosa, as balas, bexigas e a alegria que se instala nas pessoas é o que dá o tom daquele que será um dia de festa.
A figura da criança, do pequeno, do infante é presente em praticamente todas os sistemas religiosos africanos e indígenas que formam muitas religiões que nasceram por aqui após a diáspora.
Eles são celebrados como o que há de mais puro e poderoso quando falamos em sistemas espirituais e de encantados.

Nvunji, Ibeji ou sincretizados com Cosme e Damião, quando se fala dos pequenos o olhar é praticamente o mesmo: são aqueles que nos trazem saúde, alegria, felicidade, pureza e a potência de uma vida feliz.
Sob uma perspectiva ritualística, nós invocamos essas almas e encantados para que eles nos defendam e nos livrem daquilo que nos tira a vontade de sorrir, que nos tira a alegria e a vontade de viver.
E nesse dia onde os festejos acontecem, os terreiros se enchem de pessoas que por muitas vezes fizeram um esforço imenso para estar lá, pois justamente o que lhe falta é alegria e vontade de vier.
Nesse dia, as pessoas depositam naquelas almas e encantados que ali se manifestam todas as esperanças de dias melhores, de mais risadas, de mais alegria e felicidade.
Esses festejos são dias onde o acolhimento deve acontecer. É onde o adulto carrega a sua criança interior para ser curada. É onde ele se lembra de quem foi quando mais novo, que sente sensações que se perderam no tempo e na dureza de uma vida adulta. É onde a criatividade volta, onde a intuição floresce e a brincadeira surge como forma de cura.

É tempo de ser criança. Então, quando você estiver celebrando em algum terreiro, celebre a felicidade, a alegria e a brincadeira da criança que mora em você.
Seja feliz. Seja axé. E siga vencendo, com a potência e alegria dos pequenos. #
“É onde a criatividade volta, onde a intuição floresce e a brincadeira surge como forma de cura.”
Maria Padilha porque mataste o rapaz?
por @camila_nhozmu“Maria Padilha porque mataste o rapaz Maria Padilha porque mataste o rapaz
A gente mata vai preso, você mata e não vai
A gente mata vai preso, você mata não vai”
Esse é um exemplo clássico de que um ponto não precisa ser enorme para cumprir o seu propósito (eu particularmente acho mais fácil sentir meus mortos com eles).
“Maria Padilha porque mataste o rapaz?”
A curiosidade de saber o porquê Padilha faz o que faz. O ponto não segue com uma resposta porque não existe necessidade de responder, Padilha faz o que faz porque quer, porque sim, porque julgou necessário. Ela é mulher que caminha como quer, não se prende a nada nem a ninguém e se prendê-la for sua vontade, a morte te espera, afinal se ela “matou o rapaz”, é porque ele mereceu e ponto.
Talvez o matar o rapaz seja “matar” teus desafetos, matar quem lhe maltrata, quem lhe fere, quem lhe humilha! Padilha não aceita humilhação, Padilha não aceita menos do que merece.
“A gente mata vai preso, você mata não vai”.

Aqui fica evidente que o trecho fala sobre os mistérios dela, sobre seus conhecimentos. Padilha é feiticeira, senhora das macumbas. “Maria da macumbaria, Maria da feitiçaria...”. Ela nos mostra como caminhar sob o fogo, como desviar do feitiço mandado e como devolver o feitiço de volta. Ela dá “no peito e sem dó”.
Quer matar o rapaz e não ser preso? Aprende a se relacionar com ela de verdade (vela vermelha com rosinha não é suficiente ok? Fica a dica ��). Comec e eliminando o machismo dentro de você. Padilha assim como toda Pombo Gira, é mulher, é poder, é sangue, é força feminina. É impossível querer se aproximar dela sem expurgar o machismo. Lembrese que ela matou o rapaz, não a moça...
Ouçam seus mortos, ouçam Maria Padilha! Laroyê Maria Padilha, Maria Padilha é Mojubá!
Os Boiadeiros na construção histórica da macumba
por @terreiro.boiadeiro.querencioNo processo de construção social do Brasil, encontramos diversos grupos sociais que, por necessidade de sobrevivência, afinidades ou mesmo através da violência patriarcal, se mesclaram por essas terras.
Do Nordeste ao Centro-Sul da colônia, indígenas, pretos alforriados ou escravizados, brancos pobres, homens e mulheres precisaram desenvolver atividades econômicas diversas para sua sobrevivência cotidiana. Esses grupos etnoculturais se tornaram a base social do Brasil que conhecemos hoje.
Como a América Portuguesa precisava de animais de grande porte para as fazendas espalhadas por todo território, funções como tropeiros, vaqueiros, tocadores de boiada ganharam destaque. Um trabalho árduo, mas necessário para aquela gente preta, indígena, mestiça e pobre.
Ao olhar para os terreiros espalhados por esse Brasil afora, os mortos que baixam nas giras como boiadeiros ou cabokos de couro trazem essa herança. Embora, a umbanda gourmetizada, que se espalhou
nos últimos 30 anos, trate o boiadeiro como uma espécie de “laçador de almas desgarradas”, travestido no estereótipo de cowboy estadunidense, o vaqueiro que chega nos terreiros com um brado de lideranca, é o ancestral desse chão.

O morto que ali se manifesta, vem de várias partes do país. Porque ele é a representação desta terra. Dança, bebe, fuma e celebra com os vivos que o contemplam, numa tentativa de reviver as alegrias e dores de suas andanças.

Boiadeiro é o orientador daqueles que buscam entender que a vida pode ser simples e bela, mesmo com todas as adversidades. É aquele que se retira quando as mentiras, as reclamações à toa se tornam frequentes. Profundo conhecedor de ervas, chás, fumos e unguentos, Boiadeiro gira seu laço e ensina que é possível aliviar as dificuldades do dia a dia através da postura firme e do bom caráter.
Que o brado forte daqueles que andaram por essas terras possa ecoar em nossas vidas com gentileza, alegria e encantamento. Saravá Boiadeiro! #
Terra, a entidade viva e pulsante por @dubelo__
A Terra é uma entidade viva e pulsante. Seu culto existiu em diversas culturas antigas, onde a primeira expressão religiosa da humanidade se fazia presente em cavernas, montanhas, florestas, fontes e grutas.
Em algum momento da história da humanidade, o homem passou a reverenciar o poder da palavra, e não o da criação. Isso gerou um tipo de separatividade, e a Natureza passou a ser subjugada, explorada e considerada desprovida de essência espiritual.
A observação das leis naturais, e o respeito a elas, são indispensáveis para a preservação e equilíbrio da vida. É preciso resgatar e fortalecer a conexão ancestral com a Mãe Terra, reverenciando sua sacralidade e redescobrindo a antiga sabedoria que colabora para o restabelecimento da ordem natural, nas pessoas e em tudo ao redor.
Ao reverenciar o corpo da Terra, como se fosse o seu próprio, algumas mulheres sentem as agressões, devastações, e explorações do planeta como mutilações e violações pessoais, e irão se empenhar para contribuir com o equilíbrio ecológico.
O ventre é um lugar de geração, crescimento, transformação, evolução e nascimento. No ventre materno entramos em contato com o pulsar da nossa mãe, que sustenta a nossa vida. Isso é um reflexo da Mãe Terra.

Precisamos atender o seu chamado e relembrar os antigos rituais, segredos, magias, verdades e tradições ancestrais. Nós somos seus reflexos microscópicos. Suas feridas, são nossas feridas também. Por isso devemos ir além da ilusão de separação e participar ativamente das mudanças de mentalidade atual, buscando uma nova filosofia de vida, saúde e paz, pessoal e planetária.
Mudanças de comportamento, pequenos atos de preservação e cuidado, maior responsabilidade nas ações e escolhas, e a conscientização de suas consequências, podem fazer parte de nosso cotidiano e contribuir para a energia da Terra. Não podemos mudar o mundo, mas podemos proteger, auxiliar e preservar aquilo que está ao nosso alcance.
compre, plante.










Ouça seus mortos!
