Revista Pack Digital 248

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carta ao leitor

UMA NOVA ERA DE CONEXÃO

COM

O CONSUMIDOR

No setor de alimentos e bebidas, a embalagem é guardiã da qualidade, da segurança e da experiência do consumidor. Mas, em um mundo em rápida transformação, ela se torna também um espelho das demandas sociais, ambientais e dos anseios por inovação.

Segundo o relatório mais recente da Innova Market Insights, três forças convergem para redesenhar o futuro das embalagens: comportamento do consumidor, inovação tecnológica e sustentabilidade.

O consumidor contemporâneo está mais informado, exigente e engajado. Ele quer saber mais do que os ingredientes; busca transparência sobre origem, processos e impactos. Embalagens que contam histórias, revelam rastreabilidade e reforçam compromissos ambientais têm se destacado nas gôndolas e nos carrinhos de compras físicos ou virtuais.

Ao mesmo tempo, a inovação tecnológica abre caminhos antes inimagináveis. Soluções inteligentes, como QR Codes interativos, sensores de frescor e embalagens ativas, ampliam a segurança dos alimentos, mas também oferecem experiências digitais

que conectam marcas e consumidores de forma personalizada e dinâmica. Materiais de última geração, desenvolvidos a partir de fontes renováveis, recicláveis ou compostáveis, estão deixando o conceito de circularidade mais próximo da realidade. A pressão por redução de resíduos, menor pegada de carbono e responsabilidade social molda decisões de design, seleção de materiais e logística. Embalagens mais leves, monomateriais, refis e soluções reutilizáveis são cada vez mais comuns, como uma resposta direta ao apelo de um consumidor que valoriza marcas comprometidas com o planeta. Neste cenário, a embalagem se torna uma plataforma estratégica de comunicação, inovação e sustentabilidade. Um elo vital que traduz os valores das empresas, atende às expectativas dos consumidores e contribui para um futuro mais consciente. O desafio e a oportunidade estão lançados: inovar com propósito, criar valor com responsabilidade e entender que, na jornada do alimento até o consumidor, a embalagem é muito mais do que se vê. É, hoje, um agente de transformação.

Até a próxima edição!

REPORTAGEM

Tendências globais em embalagens de alimentos e bebidas

16 ARTIGO GUILHERME BRAMMER

O futuro do trabalho e as implicações para o mercado de embalagens no Brasil até 2030: a influência da inteligência artificial e da transição verde

6 REPORTAGEM

Comportamento do consumidor, inovação tecnológica e sustentabilidade redefinem o papel das embalagens no setor, segundo relatório da Innova Market Insights

20 ESPECIAL

Na hora da verdade, aquele momento crucial em que o consumidor está diante da gôndola do mercado ou da tela do computador, é a embalagem que conversa com seus desejos e valores que vai para o carrinho

20 ESPECIAL

O que de fato desequilibra a competição?

SEÇÕES

5 AGENDA

16 ARTIGO GUILHERME BRAMMER

14 ARTIGO KIM FABRI

FEIRAS NO BRASIL

DATA FEIRA LOCAL CONTATO

10 a 12 de junho de 2025 FCE Pharma e FCE Cosmetique

11 e 12 de junho de 2025 Bioplastics Brazil

11 a 14 de junho de 2025 Naturaltech

24 a 27 de junho de 2025 Fispal Tecnologia

FEIRAS NO EXTERIOR

São Paulo Expo –São Paulo - SP www.fcepharma.com.br www.fcecosmetique.com.br

Centro de Convenções ABIMAQ –São Paulo - SP www.bioplasticsbrazil.com

Pavilhão de Exposição do Anhembi –São Paulo - SP www.naturaltech.com.br

São Paulo Expo –São Paulo - SP www.fispaltecnologia.com.br

DATA FEIRA LOCAL CONTATO

15 a 19 de setembro de 2025 Drinktec

16 a 19 de setembro de 2025 Envase Packaging & Procesos

Trade Fair Center Messe München – MuniqueAlemanha www.drinktec.com

Centro Costa Salguero –Buenos AiresArgentina https://envase.org

16 a 19 de setembro de 2025 LabelExpo Europe Fira Gran Via –Barcelona - Espanha www.labelexpo-europe.com

29 de setembro a 01 de outubro de 2025 Pack Expo Las Vegas

Las Vegas Convention Center – Nevada –Estados Unidos www.packexpolasvegas.com

08 a 15 de outubro de 2025 K Fair ground DüsseldorfAlemanha www.k-online.com

A Revista Pack quer conhecer a opinião dos nossos leitores. Sua opinião é muito importante para a contínua melhoria da qualidade editorial. Escreva para nós, opinando sobre as entrevistas, reportagens e os artigos. Critique ou dê sugestões de pautas.

redacao@pack.com.br

PUBLISHER: Fernando Lopes

EDITORA CHEFE: Margaret Hayasaki margaret.hayasaki@gmail.com

ASSESSORA TÉCNICA: Assunta Napolitano Camilo (FuturePack) assunta@futurepack.com.br

PROJETO GRÁFICO: Editora B2B

PRODUÇÃO: Luciano Tavares de Lima (gerente) produção@banas.com.br

DESIGNER: Ana Claudia Martins editoracaopack@gmail.com

CAPA: Ana Claudia Martins

FOTO DA CAPA: AdobeStock

CONSELHO EDITORIAL

Assunta Camilo Napolitano, diretora da FuturePack e do Instituto de Embalagens – Eduardo Tadashi Yugue, gerente de embalagens da Nestlé Brasil – Geraldo Cardoso Guitti, diretor do Conselho Administrativo da Refrigerantes Convenção – Iorley Correia Lisboa, gerente P&D e Inovação de Embalagens – Marcas Exclusivas do Walmart Brasil – João Batista Ferreira, CEO da J2B Innovation to Business –Lincoln Seragini, presidente da Seragini Design – e Luis Fernando Madi, Diretor Geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL)

COMERCIAL

Rajah Chahine rajahchahine14@gmail.com

Tel.: (11) 3722-0956

Nilton Feitosa nilton.feitosa@nvcon.com.br

Executivos de Negócios – São Paulo – Interior Aqueropita Intermediações de Negócios Ltda. Contato: Aparecida A. Stefani Tel.: (16) 3413-2336 – Cel.: (11) 9647-0044 aparecida.stefani@banas.com.br

Rio de Janeiro

Art Comunicação S/C Ltda. Contato: Francisco Neves Rua Des. João Claudino Oliveira e Cruz, 50 – cj. 607 –CEP 22793-071 – Rio de Janeiro-RJ Tels.: (21) 2269-7760 – (11) 9943-5530 – Fax: (21) 3899-1274 banasrj@uol.com.br

REPRESENTANTE INTERNACIONAL ARGENTINA

15 de Noviembre 2547 – C1261 AAO –Capital Federal – Republica Argentina

Tel.: (54-11) 4943-8500 – Fax y Mensajes: (54-11) 4943-8540 www.edigarnet.com Rua dos Três Irmãos, 771 Jardim Progredior – São Paulo-SP – CEP 05615-190 CNPJ 07.570.587/0001-13 – I.E. 149.349.995-116 NOVO TELEFONE: (11) 3722-0956

IMPRESSÃO: Printexpress CIRCULAÇÃO NACIONAL: Tiragem – 10 000 exemplares PERIODICIDADE: ANUAL Nº Avulso: R$ 15,00

PACK – EMBALAGEM | TECNOLOGIA | DESIGN | INOVAÇÃO é uma publicação mensal da Editora B2B.

A PACK é dirigida aos profissionais que ocupam cargos técnicos, de direção, gerência e supervisão em empresas fornecedoras, convertedoras e usuárias de embalagens, bem como prestadores de serviços relacionados à logística, design e todos os processos relacionados a indústrias de embalagem.

TENDÊNCIAS GLOBAIS EM EMBALAGENS DE ALIMENTOS E BEBIDAS

Comportamento do consumidor, inovação tecnológica e sustentabilidade redefinem o papel das embalagens no setor, segundo relatório da Innova Market Insights

Aindústria de embalagens alimentícias garante a segurança, qualidade e satisfação do consumidor. Além de sua função prática, com a crescente conscientização sobre sustentabilidade e a necessidade de transparência, a inovação em embalagens influencia as decisões de compra e reflete os valores das marcas, tornando-se uma conexão vital entre fabricantes e consumidores. Segundo o relatório da Innova Market Insights, as marcas fortalecem sua conexão com os consumidores por meio dos materiais de embalagem e das informações presentes nas embalagens. A embalagem evidencia a proteção do produto, segurança, conveniência e usabilidade. As informações na embalagem garantem rastreabilidade, transparência nutricional, engajamento do consumidor e identidade da marca. Esse nível de transparência gera confiança e reforça a credibilidade da marca.

Pesquisas sobre tendências de consumo mostram que a qualidade do produto e a nutrição são fatores-chave na escolha de marcas de alimentos e bebidas. As três principais funções da embalagem são preservar a qualidade dos alimentos, facilitar o armazenamento e prolongar a vida útil. Nos últimos 12 meses, 42% dos consumidores disseram estar dispostos a pagar mais por embalagens que preservem a qualidade. No entanto, o aumento de custos reduziu essa disposição, levando as marcas a buscarem opções de embalagens de alta qualidade com melhor custo-benefício.

Nos segmentos de carnes e alternativas à carne, os aspectos mais valorizados nas embalagens são preservação da qualidade, proteção do produto e informações nos rótulos. Já nas categorias de bebidas e snacks, a conveniência lidera.

No setor de embalagens alimentícias, o vidro é o material preferido pelas marcas para atender às funções desejadas pelos consumidores, incluindo segurança alimentar, proteção, design e personalização. Outros materiais destacados são papelão, plástico, alumínio e papel. Os consumidores preferem vidro, latas e plásticos biodegradáveis para bebidas, enquanto os bioplásticos ganham destaque para produtos refrigerados e congelados.

TENDÊNCIAS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA

As tendências de embalagens alimentícias mostram que os consumidores estão cada vez mais interessados em inovações que priorizem segurança e conveniência, como materiais recicláveis, capacidades de aquecimento ou resfriamento, sensores de frescor integrados e até embalagens comestíveis. As marcas demonstram esse interesse adotando tecnologias como atmosfera modificada (MAP), revestimentos de barreira e soluções invioláveis. Os lançamentos com tecnologia MAP apresentaram crescimento médio anual (CAGR) de 10% nos últimos quatro anos, evidenciando a demanda por embalagens que preservem a qualidade e aumentem a vida útil dos produtos. O plástico continua sendo o material de embalagem mais utilizado no mundo, seguido por papelão e vidro. O alumínio apresenta forte crescimento como material de alta barreira, com CAGR de 9% no mesmo período.

Foto: AdobeFireFly

TENDÊNCIAS DE CONVENIÊNCIA

E USABILIDADE

Os consumidores buscam conveniência nas embalagens logo após qualidade e segurança. Facilidade de armazenamento, abertura e consumo em movimento são prioridades. Essa tendência de consumo “on-the-go” aumenta a pressão sobre as marcas para resolver questões relacionadas ao excesso de embalagem e geração de resíduos. No quesito usabilidade, embalagens com capacidades de aquecimento ou resfriamento despertam o interesse global dos consumidores. Por exemplo, 24% dos consumidores na Ásia estão familiarizados com essas embalagens em produtos como macarrão com carne bovina, linguiça com arroz e hotpots de frutos do mar.

RASTREABILIDADE E TRANSPARÊNCIA

NUTRICIONAL

Os consumidores buscam ativamente informações sobre nutrição, validade, alegações e transparência nos rótulos. Rótulos claros constroem confiança entre consumidores e fabricantes. No setor de embalagens alimentícias, marcas incorporam QR codes, rótulos inteligentes ou códigos inclusivos que fornecem acesso a informações detalhadas. Essas inovações digitais oferecem a capacidade de aprofundar o conhecimento sobre o produto e aumentam o engajamento. Por exemplo, a marca Omie usa um código na embalagem para compartilhar informações adicionais, como ganhos, avaliações e detalhes dos ingredientes.

Os alertas nutricionais na parte frontal das embalagens variam globalmente, com poucos países exigindo esse tipo de rótulo de forma obrigatória. Por exemplo, o Canadá implementou esses rótulos, mas eles só serão obrigatórios a partir de 2026, enquanto outros países ainda estão desenvolvendo suas políticas. Países como México, Peru, Israel, Colômbia, Brasil, Uruguai e Argentina implementaram rótulos nutricionais frontais apenas nos últimos cinco anos.

Foto:

O QUE ESPERAR

DAS TENDÊNCIAS

EM EMBALAGENS

ALIMENTÍCIAS?

As embalagens estão evoluindo para atender às exigências dos consumidores modernos, que valorizam autenticidade, segurança e inovação. Embora materiais tradicionais como o vidro continuem confiáveis, apresentam limitações. Novos materiais e tecnologias estão surgindo para equilibrar as preferências do consumidor, a proteção do produto e a conveniência.

Tecnologias conectadas, como QR codes e rótulos inteligentes, podem melhorar a interação com a marca ao oferecer acesso a informações da empresa, promoções e histórias dos produtos. Essas ferramentas ajudam a fortalecer a confiança, permitindo rastreabilidade e transparência de ingredientes em toda a cadeia de suprimentos. No setor de embalagens, materiais inovadores podem

oferecer melhor proteção sem as limitações do vidro. Por exemplo, tecnologias como atmosfera modificada e revestimentos de barreira oferecem soluções personalizadas para preservar o frescor, evitar contaminações e manter a integridade dos produtos.

Políticas obrigatórias de rotulagem frontal estão se expandindo globalmente, forçando as marcas a repensarem o design das embalagens para atender às regulamentações e, ao mesmo tempo, transmitir valores de forma eficaz. Reformulações de marca e atualizações nas embalagens podem ajudar as empresas a se alinhar às preferências dos consumidores e às exigências legais. Embalagens menores com recursos ergonômicos podem atender às necessidades de idosos e de pessoas que buscam mais praticidade, destacando a importância da inclusão no design.

Com a crescente demanda por embalagens convenientes e sustentáveis, as marcas devem focar em tecnologias que ajudem a

atender às exigências dos consumidores por qualidade e segurança dos produtos.

Políticas obrigatórias de rotulagem frontal estão se expandindo globalmente, forçando as marcas a repensarem o design das embalagens para atender às regulamentações e, ao mesmo tempo, transmitir valores de forma eficaz. Reformulações de marca e atualizações nas embalagens podem ajudar as empresas a se alinhar às preferências dos consumidores e às exigências legais. Embalagens menores com recursos ergonômicos podem atender às necessidades de idosos e de pessoas que buscam mais praticidade, destacando a importância da inclusão no design.

Com a crescente demanda por embalagens convenientes e sustentáveis, as marcas devem focar em tecnologias que ajudem a atender às exigências dos consumidores por qualidade e segurança dos produtos.

A LATA DE A•O ß S± O COME•O. PROLATA

O Prolata « um programa de logÀstica reversa que transforma a economia circular em realidade no Brasil. Atuamos em parceria com cooperativas, fabricantes, comerciantes e o poder pÿblico para garantir que as embalagens de a≈o p—s-consumo voltem para a indÿstria como mat«ria-prima.

A lata de a≈o « 100% recicløvel, infinitamente. Um ciclo inteligente que reduz emiss”es, economiza energia e gera renda para milhares de catadores.

Seja voc» indÿstria, marca ou cidad¡o: a mudan≈a come≈a com uma escolha consciente.

@prolata_reciclagem

Prolata Reciclagem

www.prolata.com.br

A ERT APOSTA NA TECNOLOGIA

PARA CONTRIBUIR PARA A INDÚSTRIA DE FORMA CIRCULAR E SUSTENTÁVEL

Anatureza nos ensina que nada se perde; tudo se transforma. Esse princípio orienta o trabalho da Earth Renewable Technologies (ERT), cuja missão é desenvolver soluções em bioplásticos que aliam inovação, impacto positivo e respeito ao meio ambiente. Nosso propósito vai além de complementar a cadeia do plástico tradicional: queremos potencializar a transformação, inovação e modernização da cadeia produtiva, tendo os bioplásticos como motor de uma nova economia mais regenerativa.

Ao longo dessa trajetória, aprendemos que transformar a indústria exige mais do que bons produtos. É necessário repensar antigos paradigmas, assumir responsabilidades e criar caminhos colaborativos para uma transição verdadeiramente sustentável.

Nossos materiais são desenvolvidos a partir de tecnologias verdes, o que permite reduzir significativamente a pegada de carbono desde o início do ciclo produtivo. Os bioplásticos da ERT são certificados compostáveis, projetados para retornar ao solo como nutrientes, sempre que possível.

Acreditamos que inovação genuína só acontece com base na ciência. Por isso, investimos fortemente em pesquisa e desenvolvimento, atuando em parceria com universidades, centros de pesquisa e outras empresas para testar novas formulações, validar processos industriais e assegurar a performance técnica sem comprometer os princípios da economia circular e da economia real.

Nossas soluções já são aplicadas em setores como descartáveis, semi-duráveis, flexíveis e filamentos 3D. Em todos esses segmentos, o desafio é substituir materiais convencionais por alternativas sustentáveis que sejam tecnicamente viáveis, economicamente acessíveis e ambientalmente superiores.

Na ERT, compreendemos que a mudança não se resume à troca de materiais. É necessário repensar a lógica do consumo, os fluxos produtivos e as relações entre empresas, meio ambiente e sociedade. Atuamos de forma sistêmica, ouvindo os desafios das marcas, produtores e consumidores, e criando soluções que façam sentido sob os aspectos técnico, ambiental e humano.

Vivemos uma era de transição, que exige inovação, transparência e colaboração. Sustentabilidade não pode ser um apêndice do negócio; precisa estar no centro das decisões, de mãos dados com o financeiro, e quando analisamos ambos os aspectos a longo prazo, muitas vezes nos surpreendemos com a eficiência econômica do resultado. Repensar um projeto, um produto, ou até mesmo um modelo de negócio, nos faz refletir como um todo, e a beleza de inovação está quando olhamos nosso negócio com outros olhos, quando nos permitimos sair do turbilhão do dia-a-dia e de fato geramos um impacto positivo e duradouro com nossas decisões. Pensar sustentabilidade, não é apenas cumprir com uma demando do cliente ou com um " trend de mercado”, mas sim repensar nosso modelo duradouro de companhia; quais decisões que eu tomo hoje vão impactar positivamente minha empresa nos próximos 10, 20 anos, e o que eu estou fazendo hoje para que isso seja uma realidade. Na ERT, seguimos comprometidos com essa visão: ser parte da solução e inspirar outras empresas, pesquisadores e empreendedores a olhar para a inovação, entender que novas tecnologias nos permite construir negócios verdadeiramente sustentáveis, pois se todos pensarmos assim, construiremos um futuro mais colaborativo e regenerativo.

*Kim Fabri, CEO da ERT Bioplásticos

Investimento de R$ 1,56 bi

Capacidade produtiva: 240 mil t/ano

Área construída: 102 mil m2

Tecnologia de ponta alinhada à indústria 4.0

Guilherme brammer

Oestudo “The Future of Jobs Report 2025”, do Fórum Econômico Mundial (WEF), aponta que duas megatendências irão moldar profundamente o futuro do trabalho até 2030: o avanço acelerado da Inteligência Artificial (IA) e a transição verde para uma economia mais sustentável. Esses vetores de transformação terão impactos significativos sobre diversos setores, incluindo o mercado de embalagens no Brasil, que precisará se adaptar a novos padrões tecnológicos, regulatórios e sociais.

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E O MERCADO DE EMBALAGENS

De acordo com o relatório do WEF, 86% dos empregadores globais esperam que tecnologias de IA e processamento de informação transformem seus negócios até 2030. No Brasil, o setor de embalagens já começa a sentir essa pressão: processos automatizados, impressão digital e

personalização em massa são exemplos de tendências que ganham força.

Com o avanço da IA generativa e de sistemas de machine learning, espera-se que a concepção, o design e a produção de embalagens se tornem mais ágeis e eficientes. Modelagens preditivas poderão antecipar preferências de consumo, enquanto sistemas inteligentes otimizarão o uso de materiais, reduzindo desperdícios e custos. Além disso, a automação avançada e a robotização devem se expandir nas linhas de produção, demandando novas competências profissionais. O WEF destaca que funções ligadas a dados, segurança cibernética e literacia tecnológica estarão entre as que mais crescerão, enquanto atividades repetitivas e operacionais tendem a declinar.

No Brasil, isso exigirá um esforço coordenado para requalificar profissionais do setor de embalagens, especialmente nas pequenas e médias empresas, que compõem a maior parte do mercado.

A TRANSIÇÃO VERDE COMO FORÇA MOTRIZ

Outro fator crucial identificado pelo WEF é a transição verde, com 47% dos empregadores globais esperando que esforços para reduzir emissões de carbono transformem seus negócios até 2030. Para o setor de embalagens brasileiro, esta tendência se manifesta na crescente demanda por embalagens sustentáveis, biodegradáveis, recicláveis ou reutilizáveis.

A pressão regulatória internacional e doméstica impulsiona essa transformação. A Estratégia Nacional de Economia Circular e os compromissos ambientais assumidos pelo Brasil fortalecem esse movimento. Empresas que não se adequarem a práticas ambientalmente responsáveis poderão perder competitividade, especialmente no mercado externo.

Com isso, há uma clara valorização de profissionais com competências em sustentabilidade, gestão ambiental e engenharia de materiais. A procura por especialistas capazes de desenvolver novas formulações para embalagens menos poluentes e por engenheiros focados na eficiência energética das plantas industriais será cada vez maior.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS PARA O SETOR DE EMBALAGENS ATÉ 2030

Automação e Digitalização: Integração de sistemas inteligentes na cadeia produtiva, desde o design até a logística, impulsionando produtividade e customização.

Economia Circular: Ampliação do uso de materiais reciclados e desenvolvimento de embalagens com menor impacto ambiental.

Personalização em Massa: Uso de IA para criar embalagens personalizadas, alinhadas às preferências de nichos de consumidores, especialmente no e-commerce

Eficiência Energética: Adoção de processos menos intensivos em carbono e utilização de fontes de energia renováveis.

Novos Modelos de Negócio: Surgimento de soluções como embalagens como serviço (“packaging-as-a-service”), estimuladas pela digitalização e pela necessidade de reduzir resíduos.

COMO O BRASIL PODE SE PREPARAR?

Para aproveitar as oportunidades e mitigar os riscos desta nova era, o setor brasileiro de embalagens deve:

•Investir em capacitação profissional: Desenvolver programas de requalificação para preparar trabalhadores para funções que exigem competências digitais, analíticas e ambientais.

•Fomentar inovação: Apoiar startups e centros de pesquisa dedicados ao desenvolvimento de materiais sustentáveis e tecnologias de produção limpa.

• Fortalecer parcerias: Estimular a colaboração entre indústria, academia e governo para acelerar a transição tecnológica e verde.

• Adequar-se às regulamentações: Antecipar-se a normas ambientais cada vez mais rigorosas, tanto no Brasil quanto nos mercados internacionais.

•Promover a cultura ESG: Incorporar práticas de governança ambiental, social e corporativa como diferencial competitivo.

CONCLUSÃO

O futuro do trabalho, moldado pela ascensão da IA e pela transição verde, exigirá do mercado brasileiro de embalagens uma profunda reinvenção. Empresas que souberem alinhar inovação tecnológica com responsabilidade ambiental estarão mais bem posicionadas para prosperar até 2030. Já aquelas que resistirem à mudança poderão enfrentar dificuldades para manter sua relevância num mercado cada vez mais exigente e globalizado.

O momento é, portanto, de ação estratégica: investir em talentos, tecnologias e sustentabilidade para construir um setor de embalagens brasileiro mais competitivo, resiliente e alinhado com as grandes transformações globais.

Foto: Divulgação

DA VENDA ONLINE À INDÚSTRIA DE ALTA TECNOLOGIA: A TRAJETÓRIA DA

SPLENDIDA EMBALAGENS

Ahistória da Splendida Embalagens, empresa sediada em Itaquaquecetuba (SP), é marcada por resiliência, visão de futuro e muito arrojo. À frente do negócio está Flávio Ramos, que iniciou sua carreira no mercado de papelão ondulado no ano 2000, como vendedor de uma indústria da região.

O desejo de empreender sempre esteve presente. Em 2004, ele tentou abrir sua própria fábrica, chegando a criar a marca Encaixa. Apesar de muito planejamento, o projeto não saiu do papel por falta de conhecimento operacional e estrutura. “Eu tinha a ideia, sabia onde conseguir matéria-prima, mas não sabia como começar de fato”, relembra.

Sem desanimar, Flávio seguiu na área comercial. Em meio aos altos e baixos típicos da vida de vendedor, percebeu uma oportunidade em 2008, passou a comprar pequenas quantidades de caixas, armazenava em um pequeno salão e revendia para clientes que compravam em parcelas mensais. A operação foi crescendo e, com a parceria do amigo Roberto, da Lux Caixas, em 2009, que possuía uma fábrica, passou a terceirizar a produção, criando assim uma empresa virtual, que já atendia diferentes segmentos.

Foi nesse contexto que nasceu oficialmente a Splendida Embalagens, em setembro de 2010, com uma pequena fábrica em Poá (SP), através da aquisição de uma impressora e um riscador, cinco funcionários e muita disposição para crescer. Atualmente, a empresa ocupa uma sede própria de 2.700 m², com capacidade produtiva de 350 toneladas de papelão ondulado por mês.

Em 2015, com apenas sete anos de existência, a empresa realizou uma aquisição ousada e de grande porte: uma onduladeira. Esse investimento representou um enorme desafio, especialmente diante do cenário político e econômico adverso que se agravou em 2016 e 2017. As dificuldades desses anos levaram à paralisação da onduladeira em 2017, exigindo uma complexa reestruturação financeira e organizacional, colocando a empresa sob alto risco de falência.

Em 2018, a empresa conseguiu retomar a fabricação da sua própria chapa. Apesar das inúmeras dificuldades, seguiu operando até 2021, atravessando os impactos da pandemia e uma grave crise de matéria-prima. Foi justamente nesse período crítico que a empresa experimentou um crescimento expressivo nos resultados operacionais e financeiros, o que possibilitou uma profunda reorganização, além de investimentos em modernização.

Como parte desse processo de expansão, a empresa adquiriu um terreno para a construção de sua sede própria, inaugurada em janeiro de 2023. A nova estrutura conta com uma onduladeira moderna, caldeira e diversos avanços tecnológicos, que fortalecem ainda mais sua capacidade produtiva e sua competitividade no mercado.

O crescimento é resultado de muita ousadia e investimentos constantes em tecnologia. Entre os aportes recentes, destacam-se a aquisição de uma linha de impressão e acabamento 100% automatizada, que deve entrar em operação no segundo trimestre deste ano. “Com esses investimentos, conseguimos aumentar a produtividade, reduzir custos operacionais e nos tornamos mais competitivos para atender à crescente demanda do mercado”, explica o empresário. A estratégia, segundo ele, inclui uma política de renovação constante do parque fabril, visando manter todos os maquinários com menos de cinco anos de uso, dentro dos mais altos padrões tecnológicos do setor.

A previsão é de um crescimento de 30% no faturamento em 2025. “Essa estimativa é sustentada por três fatores principais: o aquecimento do setor de embalagens,

as oportunidades geradas pela atual crise no mercado de aparas de papel marrom e, principalmente, os ganhos de eficiência produtiva proporcionados pelos investimentos realizados em 2024 e 2025.

Além do foco empresarial, a Splendida desenvolve ações sociais, como o patrocínio de atletas de jiu-jitsu em Mogi das Cruzes, incluindo apoio a competições nacionais e internacionais. A iniciativa surgiu do envolvimento pessoal de Flávio, cujo filho, de sete anos, pratica o esporte. “É uma forma de retribuir, ajudar jovens talentos e dar exemplo para que essa roda da transformação continue girando”, destaca.

Com uma trajetória marcada por arrojo e superação, a Splendida Embalagens projeta um futuro de crescimento sustentável, consolidação da marca, eficiência produtiva e compromisso social, consolidando-se como uma das referências no mercado de embalagens no Brasil.

Foto: Divulgação
Flávio Ramos, Splendida Embalagens

O QUE DE FATO DESEQUILIBRA

A COMPETIÇÃO?

Na hora da verdade, aquele momento crucial em que o consumidor está diante da gôndola do mercado ou da tela do computador, é a embalagem que conversa com seus desejos e valores que vai para o carrinho

assunta napolitano Camilo*

Aembalagem que estabelece conexão emocional ou proporciona uma experiência memorável sai na frente. Essa conexão acontece quando a marca demonstra, de forma genuína, que compreende seu público. Bons exemplos disso são os produtos com redução de alergênicos (como lactose, açúcar ou glúten) ou aqueles que evitam ingredientes de origem animal, evidenciando essas escolhas de forma clara no design da embalagem.

A linha Nestlé Garden é um caso notável nesse sentido.

Outro exemplo é o crescente interesse por bebidas sem álcool, impulsionado por consumidores muçulmanos e por parte da nova geração. A Salton captou esse movimento e lançou um espumante sem álcool com “0%” estampado com elegância no rótulo frontal, entregando um produto com design e qualidade à altura dos tradicionais. Propostas de bebidas e alimentos funcionais também ganham

destaque. A nova linha da Castelo, por exemplo, oferece suplemento alimentar líquido com fibras e vitamina C em latas de alumínio, conectando-se especialmente com jovens em busca de saúde e praticidade. A coerência entre proposta e execução também conta: produtos orgânicos que comunicam com clareza seu compromisso com o meio ambiente, desde o conteúdo até a embalagem responsável.

Informações visíveis e transparentes, como tabelas nutricionais legíveis e datas de validade bem-posicionadas, são valorizadas. Isso transmite respeito: o consumidor sente que a marca entende e respeita suas escolhas.

Há ainda a conexão emocional através da memória afetiva. Embalagens temáticas, culturais e regionais conquistam o coração do consumidor. Exemplo disso são os ovos de Páscoa, panetones ou latas comemorativas, como a do chá mate Leão.

O apelo estético também influencia: embalagens sofisticadas com acabamentos gráficos transformam produtos em verdadeiros objetos de desejo, como os frascos de perfumes.

A Lancôme, por exemplo, agregou valor à linha La Vie Est Belle com um icônico frasco adornado com um delicado lenço e um cartucho que brilha com aplicação de glitter

Inovar no formato é outro caminho para se destacar nas gôndolas.

A BuzzBall rompeu padrões com seu frasco redondo para coquetéis prontos para beber. Já o sal Noirmoutier surpreendeu ao inserir uma peça de plástico no tradicional cilindro de fibralata, transformando-o em um farol.

A experiência também pesa. Veja o crescimento do uso de válvulas pump em sabonetes líquidos ou a solução inteligente da Fairy da P&G.

A marca holandesa Zwitsal entende a importância do momento do banho entre pais e filhos: seu sabonete líquido tem frasco com ergonomia especial e pump que gera espuma suave, tornando o banho uma experiência divertida e afetiva.

Ao avistar o frasco amarelo, as crianças já sabem que a hora do banho chegou.

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ESCANEIE

Na rotina acelerada, soluções práticas fazem a diferença. A Domol, por exemplo, oferece uma bisnaga com escova aplicadora para limpeza de roupas durante viagens, ideal para ser usada em qualquer lugar.

A Rice Box apresenta um novo conceito de refeição prépreparada que é embalada em um cartucho dobrado que se transforma em pote ao ser aquecida no micro-ondas, unindo praticidade e design inteligente. Há também os kits culinários, com todos os ingredientes de uma receita reunidos em um só pacote — como massas, molhos, queijos e temperos — facilitando a vida do consumidor.

Porções menores ganham espaço: embalagens de ração para pets ideais para passeios ou porções de farofa como as de 100g lançadas pela D’Goiás são bons exemplos. Embora muitos consumidores valorizem aspectos ambientais, nem sempre a sustentabilidade é o fator decisivo. O que desequilibra a competição, de fato, é a sustentabilidade econômica: oferecer produtos com preços acessíveis, em embalagens menores e mais simples, que se adequem ao poder aquisitivo da maioria.

Encontramos no mercado rolos de papel higiênico com apenas 20 metros, café em embalagens de 100g e detergente em pó de 200g — estratégias que tornam os produtos mais competitivos na ponta.

Verificamos que são vários os critérios avaliados para escolha

de um produto, muito além de preço, as embalagens bem desenvolvidas podem desequilibrar e ser a opção do seu consumidor ao encantá-lo e conectá-lo, seja pela conveniência, diferenciação, experiência e alinhamento com suas crenças e necessidades.

Embalagem melhor desequilibra a competição e faz o mundo melhor.

*Assunta Napolitano Camilo é diretora do Instituto de Embalagens, graduada em Engenharia Mecânica e especialista em Administração Industrial, ambas pela USP. Com mais de 40 anos de atuação no setor de embalagens, acumula experiência nas áreas de desenvolvimento, planejamento estratégico e gestão de importantes empresas no setor. Representante no Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem - COPAGREM da FIESP.

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