#30 Poder

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Como é que a SOM poderá gerir continuidade histórica e novidade? Isso permanece um problema. Há uma idade de reforma obrigatória que previne os parceiros de permanecerem por demasiado tempo. No entanto, trazer novas pessoas é mais problemático pois funciona de certa forma como um clube privado, e os novos parceiros são trazidos pelos mais velhos – surge assim um problema estrutural que é o de pedir aos parceiros mais velhos que prevejam quais as competências apropriadas para os vinte anos seguintes. Já houve grandes sucessos a este respeito. Não há duvida que David Childs e Adrian Smith (o primeiro perto da reforma e o segundo acabou de deixar a SOM) foram escolhas prescientes. Ambos conseguiram acompanhar as mudanças na arquitectura durante os anos 80 e 90, assim como patrocinar jovens talentos dentro da firma. O edifício da Smith’s Manulife (Boston, 2005) e o projecto da Estação Childs’ Penn (2005) recorreram significativamente aos jovens talentos da firma. Há muito trabalho a entrar e se alguém quiser adquirir mais responsabilidade e conquistar a confiança do parceiro, então essa responsabilidade ser-lhe-á dada. A atribuição é sempre uma coisa peculiar num escritório de arquitectura – quem teve a ideia? Quem fez a alteração

decisiva? Quem encorajou a experimentação? Contudo, se olharmos para o trabalho de Bruce Graham ao longo da sua vida, podemos ver que outras mãos estiveram claramente envolvidas: não é sempre o trabalho do Bruce Graham. Assim, não é surpreendente que, a dado momento, Adrian Smith e Bruce Graham tenham apresentado o mesmo edifício como seu (Banco do Ocidente, Guatemala) ou que a relação entre Fazlur Khan e Goldsmith seja clara. Ou ainda que Chuck Bassett e Marc Goldstein tenham reclamado a sua significativa influência no Mauna Kea Resort Hotel. Hoje Bassett está morto e Goldstein é excepcionalmente educado acerca do assunto. Por fim, ele diz que Bassett tomou a responsabilidade pelo desenho e, portanto, concede-lhe a autoria. Mas nunca saberemos quem foi responsável pelo quê. Assim, a novidade chega. Se ela pode ser alimentada ou retida, isso é outro assunto. Mas, vale a pena pensar acerca do destino de um jovem na SOM e comparálo com a mesma pessoa a trabalhar para uma grande personalidade de arquitectura. Haverá, de qualquer maneira, maior liberdade na SOM do que trabalhando para Richard Meier ou Daniel Libeskind, por exemplo. Que o cliente e a comissão permitam sempre a novidade, isso já é outra questão. A SOM vai estagnar ou evoluir? Tudo o que dizem acerca da SOM é verdade. Tudo. Vai estagnar. Vai evoluir. Nem todas as partes irão mudar à mesma velocidade. Se por um lado, a partida de Adrian Smith vai acelerar uma mudança no escritório de Chicago, simultaneamente, pode haver estagnação noutro sítio qualquer. Numa companhia como esta quem é o patrão? Claro que existe uma organização administrativa complexa. Cada escritório tem o seu administrador que está regularmente em contacto com os outros administradores – decidindo quem vai competir onde, verificando as experiências dos outros, admitindo trabalhadores (se necessário). Poderia dizer que o verdadeiro patrão é o dinheiro – mas a esse respeito a SOM não é muito diferente da maioria das firmas de arquitectura.

* aluna do 3º ano e aluno do 6º ano no dArq

[março 2007] 20.21


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