Revista MÊS, edição 18

Page 1

Crianças de mouse na mão O abuso da tecnologia revela que, aos 7 anos, uma criança terá passado 8.760h em frente à alguma tela

Economia

Conheça o projeto do mar territorial; PR pode ter aumento de 760% dos royalties Cidades

Entenda quais serão as mudanças e ampliações na Rodoviária de Curitiba Turismo

Visite o Ninho do Corvo e veja as atrações turísticas perto da Capital paranaense

circulação GRATUITA

IMPRESSO

PODE SER ABERTO PELA ECT

Editora Mês Ano 2 - nº 18 Julho de 2012



Mais do que ver. Ser visto.


Com a recém-lançada prosa romanesca, “O Espírito da Prosa”, Cristovão Tezza pretende ampliar o debate sobre a linguagem do romance. Essa foi a forma encontrada por ele para analisar suas obras que não deram certo. O autor catarinense, que adotou o Paraná pra viver, mudou seu hábito de escrita usando o computador – antes ele escrevia tudo à mão. Nascido em 1952, ele faz parte do que chamou da grande revolução da Internet. “Criou-se uma tecnologia e o uso dessa tecnologia começou a mudar o comportamento das pessoas”. Para ele, as fronteiras agora são mais difusas, por existir mais pessoas com acesso à informação. O romancista, agora tecnológico, recebeu a Revista MÊS em casa para falar sobre sua obra e as mudanças que a Internet trouxe para a literatura. Acompanhe!

Roberto Dziura Jr.

entrevista CristovãoTezza

“A Internet devolveu poder à palavra escrita” Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Do que trata seu novo livro “O espírito da prosa”? Cristovão Tezza (CT)- O Espírito da Prosa é um livro que comecei a escrever com a ideia de fazer um ensaio sobre a linguagem do romance, sobre 4 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

a prosa romanesca, numa perspectiva não acadêmica. Tenho um livro que foi minha tese de doutorado que é “Entre a Prosa e a Poesia: Bakhtin e o Formalismo Russo”, mas era um trabalho acadêmico de leitura restrita. Queria ampliar esse debate, porque a literatura entrou numa pauta muito forte no Brasil. Está todo mundo fa-

lando de literatura, de romance. Comecei a escrever e comecei a sentir necessidade de analisar minha formação de escritor, por que escrevi os livros que escrevi, de onde é que vim como escritor, de onde é que tirei as ideias que tenho. E aí acabou ficando uma autobiografia literária. Eu pego o final dos anos 60 até começo dos anos


É uma análise sobre sua própria obra? CT - Engraçado, só sobre os meus livros que não deram certo. Da minha primeira fase de escritor. Eu abordei as minhas primeiras tentativas no romance, a vida na comunidade de teatro, qual era o ideário que movia a gente no início dos anos 70. Então é um livro que tem toques autobiográficos, mas sempre pegando certo eixo, certa tomada de posição com relação à literatura, ao romance. Você continua escrevendo suas obras à mão? CT - Desde “O Filho Eterno” eu parei com a mão. Eu peguei embalo no computador e aí não parei mais. Escrevi “O Filho Eterno”, depois “Um Erro Emocional”, “Os Contos de Beatriz”, agora “O Espírito da Prosa”, tudo já no computador. Me acostumei. Como foi esse processo de se acostumar? Hoje como vê a sua prática criativa? CT - Criei uma técnica de dissimular, o que eu tinha muito medo na Internet é de ir apagando as correções, é como se o texto tivesse começado do zero todo dia. Mas hoje, sempre que eu começo a escrever, todo dia de manhã, eu salvo aquela página, já com uma nova data e conservo a anterior. Então, na verdade, fica uma pasta imensa e um controle cronológico. “O Espírito da Prosa” cada dia que eu escrevi está lá anotado. Tenho todos os arquivos anteriores, para se alguém quiser fazer análise genética dos livros. Essa mania de querer ver quais são as modificações que o autor faz, de certa forma eu conservei essa possibilidade no computador. Foi uma técnica que eu comecei a usar e deu certo. Todo caminho do livro está lá guardado.

Falando em se adaptar a novas tecnologias, recentemente tivemos um grande debate sobre os direitos autorais e a divulgação de obras na Internet. Qual é a sua opinião sobre o tema? CT - Essa é uma questão difícil. A Internet realmente bagunçou todo o sistema legal. A legislação que existe hoje é para outro tempo, completamente defasada. É preciso repensar. Do ponto de vista de cultura, a Internet permite uma troca de informação que não tem paralelo na História. Abstraindo a questão legal, você consegue ver amanhã um filme turco que jamais passaria no Brasil, tem acesso a um ensaio dos Estados Unidos, praticamente no mesmo dia, mesmo na questão dos e-books, você tem acesso a uma biblioteca praticamente universal, grande parte gratuita, outras pagas. Não tenho medo disso.

“A circulação de informação é a grande revolução que a Internet está fazendo” Acho que a tecnologia via informática permite uma troca de informação que certamente está mudando a face do mundo. A palavra globalização do ponto de vista cultural não é só um slogan, é um fato. Até pelas traduções instantâneas da Internet, que é uma coisa assombrosa. Um livro meu foi traduzido para o esloveno – “Uma noite em Curitiba” – então, às vezes, eu brinco de ir ao Google Translator, digito um trecho que não entendo absolutamente nada e sai o texto em português muito parecido com o que eu escrevi. É uma coisa assim muito louca. Do ponto de vista cultural eu acho que quanto mais livre for, melhor. Do ponto de vista legal, você tem problemas que de certa forma as editoras estão se defendendo. Não tenho medo nenhum da Internet e nem de eventual pirataria com meus

livros. Eu acho que quando o sujeito chega a ter 30, 40 mil cópias sendo pirateadas na Internet é sinal que ele já vendeu 100 ou 200 mil. É uma fonte de divulgação extraordinária. A circulação de informação é o grande patrimônio, a grande revolução que a Internet está fazendo. Quais vantagens e desvantagens você enxerga como autor no fato de uma obra sua estar na Internet? CT - Nós estamos vivendo numa era, que se for comparar com que aconteceu nos anos 60 e 70, que teve uma revolução cultural provocada pelo interesse das pessoas de mudar o mundo, as pessoas se moveram e de certa forma mudaram o mundo. Às vezes para melhor, às vezes para pior, mas houve um movimento não exatamente de massa, foi um movimento mais de classes médias urbanas, de jovens que você foi mudando culturalmente, deu um salto na perspectiva do mundo. O que está acontecendo agora é um processo diferente. Criou-se uma tecnologia e o uso dessa tecnologia começou a mudar o comportamento das pessoas. Parece que nós somos o elemento passivo na revolução da Internet. Hoje nós estamos meio a reboque da tecnologia. A tecnologia parece que está andando meio sozinha criando traquitanas e as pessoas estão mudando o comportamento em função disso. Não tem como escapar disso. Eu diria que para a literatura, para

Roberto Dziura Jr.

80. Esse é um debate sobre a literatura com inserções autobiográficas, minha formação.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 5




entrevista CristovãoTezza

Há 12 anos, você disse que tinha muita fantasia sobre o livro digital. A leitura já está mudando de formato? CT - Não. O livro digital tem umas desvantagens práticas, eu estou lendo um livro digital. Por exemplo, se você está lá na página 150, lê alguma coisa e daí tinha alguma coisa na página 30 que eu quero ver e que no livro de papel é instantâneo, ali é toda uma operação que você tem de fazer para voltar, para não perder onde você estava. Eu não tenho medo do livro digital. Vai pegar e vai ser concomitante. Do ponto de vista didático, por exemplo, é uma ferramenta sensacional, desde que saiba usar, você pode colocar numa tabuletinha de estudante praticamente todo o material didático, todo o acesso a uma biblioteca inteira, isso é muito legal. Você acha que podemos caminhar para um aumento da pirataria assim como acontece com as músicas? CT - No caso do Brasil especificamente, a gente não chegou nesse ponto. A pirataria de livro não é um perigo ainda. O preço do livro digital é muito alto no Brasil. Comparativamente nos Estados Unidos é bem mais barato. O livro da Amazon é US$ 10, US$ 9, por US$ 5 e tem coisa de graça. Aqui, o preço está alto. É quase a mesma coisa que o livro de papel. Depois, a oferta de títulos digi8 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Roberto Dziura Jr.

quem escreve e para a civilização, a Internet foi um salto com relação à era da televisão. A Internet devolveu poder à palavra escrita. A televisão é puramente oralidade. A Internet mudou o processo, ela exige palavra escrita, exige leitura. Também esse tipo de leitura, tipo de escrita é diferente. É mais fragmentário, tem outra natureza, com relação à leitura tradicional, mas de qualquer forma é uma valorização da escrita e a resposta está como isso aí impulsionou a literatura do Brasil.

tais é ínfima no Brasil. Você não tem quase nada. Você acredita que vai acabar o livro de papel? CT - De jeito nenhum. Eu acho que ele vai ser concomitante. Vão ser sempre os dois elementos.

“A palavra globalização do ponto de vista cultural não é só um slogan, é um fato” Quais as tendências que enxerga sobre o momento em que vivemos de uma cultura digital? É o empobrecimento ou uma riqueza cultural? CT - É uma riqueza cultural. Não estou vendo um empobrecimento. Não sou apocalíptico. Mudou. A relação digital teve muito a ver, o que a gente vê e, às vezes, culpa muito o mundo digital. Na verdade é uma mudança do perfil social brasileiro, ou seja, desde a implantação do plano real, nos últimos 20 anos, até hoje, o Brasil teve praticamente e, de forma ininterrupta, um crescimento das classes médias e uma recuperação das classes C e D que estão entrando no

mercado de trabalho. Esse fenômeno sim é uma mudança de comportamento, de cultura, de referência cultural. É isso que está mudando o perfil do Brasil. O advento da cultura digital é um dado a mais a isso aí. Não foi o mundo digital que criou esse suposto empobrecimento, simplesmente uma massa de neoletrados está entrando na sociedade de consumo, uma multidão com pouca formação ou com pouca história de memória cultural. Existe superficialidade nessa leitura? CT - Acho que não. Se você ver os Best Sellers, livros de consumo, isso aí tem desde que o livro se instituiu como o grande elemento modernizador da sociedade. Você pega a literatura do século XIX, 99% era novela, era literatura de consumo, literatura escapista, livro de aventuras, que hoje foi tudo descartado e ficou lá o Balzac, o Dostoievski, o Flaubert, mas para ver esses três, você tinha mil autores de que se diria hoje “lixo cultural”, que aquilo era absorvido, era lido. Sempre se teve esse tipo de consumo, não é uma coisa nova. Não é uma invenção. Hoje parece que as fronteiras são mais difusas, mas por uma boa razão, porque tem mais gente com acesso à informação.


REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 9


mensagens do(a) leitor(a)

Parabéns Revista Mês Paraná está de parabéns pelas suas edições que são excelentes e a cada edição com conteúdo sério e importante para nós leitores. Ethel Lidia Zanetti Rocha, no facebook

LEITOR@MES.COM.BR Indignação No final de abril estive no Hospital Evangélico para realizar exame de colonoscopia, o médico responsável, Dr. Rocha, não quis fazer o exame sem dar detalhes ao paciente, aliás sem se quer conversar com o paciente. O exame fora remarcado para dia 6/6/2012, às 9h da manhã, onde estive depois de todo um preparo de medicamentos, dieta, para, enfim, fazer este exame e dar sequência a meu tratamento no ambulatório daquela mesma casa hospitalar. Mas, tive a ingrata surpresa na secretaria do Hospital de

/MÊS Paraná

Ronaldo Rocha - Gostei da matéria

sobre miniaturas. Coleciono carros há 4 anos e isso não é coisa de criança, isso é paixão por um hobby. Valeu Revista MÊS por esta matéria.

Sebastian Anselmo - [Sobre a reportagem “O duro lar de asfalto e cimento”]. Envia essa informação para a ONU... E mais, soma-se todos os óbitos gerados por crimes desenfreados, falta de segurança pública. Quer saber! Existe atualmente no Brasil o maior crime contra a Humanidade já existente. É só somar os óbitos dos últimos 30 anos. 10 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor@revistames.com.br | Twitter @mes_ pr | Facebook MÊS Paraná. Participe!

que segundo a funcionária Tatiane, de que neste dia, que fora marcado pelo próprio hospital, o médico (Dr. Rocha) não estava, e que ela não saberia dar melhores detalhes, da ausência do profissional de saúde, que deveria estar ali para cumprir agenda de exames. Então me dirigi à secretaria do local onde faz exames (serviços de endoscopia / colonoscopia) e uma funcionária disse que este médico em questão estaria participando de um congresso e que de fato naquele dia (6/6/2012) não haveria realização de exames. Ora, o Hospital Evangélico agenda um exame quase dois meses de antecipação, o médico no dia marcado viaja para participar de congresso e o paciente não é avisado,

ninguém do Hospital dá satisfação e ou orientação sobre o fato. Infelizmente, tem hospitais que recebem verba do Governo Federal, muitos hospitais que inclusive têm em sua “cúpula” políticos, e não revertem o auxílio do poder público para os pacientes do sistema único de saúde. É um descaso! Parece que tem profissionais mais interessados em bater cartão-ponto em congressos que só preenchem coluna social do que em atender (e com dignidade) o cidadão que tanto paga impostos altos neste País, nesta cidade de Curitiba, neste Estado. É uma vergonha, falta de dignidade e humanismo!

Eunice Fatturi Dos Santos -

ERRATA DA REDAÇÃO:

Parabéns aos redatores da Revista MÊS. Procuro sempre ter edições extras, pois faço bastante propaganda da mesma, já mandei até para o Rio Grande do Sul. Me encanta uma revista tão excelente ser gratuita. Novamente PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!

Célio Borba

Edição de junho • Diferentemente como mencionado na última edição, na matéria “Arte de re(criar) a realidade”, da página 63, o nome do entrevistado é Gerson Mazon e não Geraldo Mazon. Pedimos desculpas e desfazemos o equívoco.

Rhaissa Sizenando da Silva

- Como faz para receber a revista em casa? Resposta: Para receber a revista MÊS gratuitamente em seu endereço é preciso enviar uma solicitação para o e-mail leitor@revistames.com.br. Assim que chegar sua mensagem, vamos pedir que preencha um formulário com seus dados para que possamos cadastrar sua assinatura.

Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor@revistames.com.br


FOTOGRAMA

Robson Chaves

“No interior da grande cidade de todos está a cidade pequena em que realmente vivemos” José Saramago. Antonina (PR) Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o leitor@revistames.com.br

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 11


10

Mensagens dos leitores

11

FOTOGRAMA

14

MIRANTE

53

5 perguntas para: Gustavo Borges

64

DICAS DO MÊS

66

OPINIÃO

política 20

Ganhando Curitiba

economia / política 24

O “novo mar” do Paraná

cidades 28

Após 40 anos, rodoviária passa por primeira grande reforma

30 Limpando a “casa” agropecuária 32 Solo com menos defensivos

16

educação 34

A pílula da Educação Sexual ainda falha

saúde 36

Vítimas da inocência

tecnologia 38

Banco 24h à disposição

meio ambiente 40

Manejo da água no campo

comportamento 42

A dopamina “digital” no mundo infantil automóvel 54

BMW Série 3 se renova na sexta geração

moda&beleza 56 56

Os verdadeiros amigos da mulher

culinária&gastronomia 58 58

Made in Brasil

cultura&lazer 60

Duas faces da mesma moeda

62

Uma viagem ao imaginário

Procura-se um quarto

internacional 44

MATÉRIA DE CAPA

Oportunidade deixada para depois

turismo 46

Aventura em meio à natureza

esporte 50

Do Paraná para o sonho olímpico

12 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Roberto Dziura Jr.

entrevista

56

Roberto Dziura Jr.

4

Banco de imagens

sumário

62


editorial

Refeição completa

A

edição de julho está recheada de ingredientes novos, informação com variados temas e também alimento para sua imaginação. Um banquete completo! De entrada, a reportagem de Capa estampa um problema das nossas crianças de hoje, o vício por tecnologia. É importante se informar sobre o assunto e entender como combater este mal. Como prato principal, você pode escolher. Tem assuntos leves, como em Moda e Beleza, que apresenta a tendência das bolsas e sapatos femininos para este Inverno. Tem, também, temas mais quentes, como por exemplo, o projeto de nova divisão do mar territorial no Brasil, que contribuiria e muito com recursos da ordem de R$2 bilhões para o Paraná em royalties do pré-sal; assim como, tem as propostas de alguns candidatos à Prefeitura de Curitiba que falaram à MÊS. Por falar em política, nesta edição, o nosso colunista Tiago Oliveira está em férias, mas virá em agosto, com novidades “Sobre a Política”. No cardápio, você também confere como serão as obras na Rodoviária de Curitiba, na editoria de Cidades; tem, ainda, a reportagem sobre a licitação da Pedreira Paulo Leminski, Ópera de Arame e Parque Náutico do Boqueirão. Pessoas ligadas à Cultura estão com dificuldades de engolir essa iniciativa da Prefeitura e protestam. De sobremesa, tem a doce magia do Cirque Du Soleil, que esteve em Curitiba até meados deste mês, e ainda, o Turismo no Ninho do Corvo em Prudentópolis (PR), com um menu cheio de aventuras e integração com a natureza. É, o banquete dá para o Mês inteiro, pois ainda reservamos reportagens sobre Meio Ambiente, como o desperdício da água na agricultura e o resultado da Rio+20. E outros assuntos igualmente apetitosos, como Educação, Olimpíadas, Tecnologia e Comportamento. É ler e degustar o que tem de melhor em informação neste Mês. Bom apetite!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Editora: Mariane Maio; Repórteres: Roberto Dziura Jr., Iris Alessi e Bianca Nascimento; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves e Agência Focar (distribuição nos semáforos) agenciafocar.blog.com; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Márcio Baraldi e Themis Piazzetta Marques.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 13


mirante

Qual coerência?

Boi de piranha

Castelo de cartas

Chamou a atenção na coletiva em que o deputado Rubens Bueno (PPS) foi anunciado como vice do candidato Beto Richa (PSDB), um banner do prefeito Luciano Ducci (PSB) com a palavra “coerência”. Muitos se perguntaram: será que a coerência está no fato de em 2002 Bueno ter apoiado o PT e agora destilar raiva contra seu ex-aliado? Ou a “coerência” estaria no fato de em 2004 e 2008 ele ter sido adversário de Richa na disputa pela prefeitura e agora estarem lado a lado?

Quem encontrou com Renata Bueno (PPS) nos dias após o anúncio de seu pai como vice, percebeu que ela estava desolada. Amigos falaram que dias antes do anúncio, ela procurou o pai, Rubens Bueno, para falar que acreditava que um correligionário a estaria traindo e caindo no canto da sereia do prefeito. Renata até citou o nome desse possível traidor. Bueno teria dito para a filha não se preocupar e tocar a candidatura em frente. O que Renata não imaginava era o desfecho que teve sua pretensa candidatura.

A escolha do vice na chapa do prefeito Luciano Ducci (PSB) causou um grande estrago em sua campanha. Primeiro foi o deputado federal Francischini que abandonou o barco. Depois foi o deputado estadual Ney Leprovost. Apesar de levar o tempo do PSD, boa parte da chapa de vereadores não caminhará com Ducci, mas deve caminhar com Gustavo Fruet (PDT). Pelo jeito os articuladores políticos do prefeito não deram muita sorte nessa tarefa.

Pessoas próximas ao ex-vereador Derosso, e não apenas seus advogados, juram que o ex-tucano não ficou nada satisfeito com a ação da direção do seu ex-partido de lhe tirar o mandato na Justiça. Todos são categóricos em afirmar que ele só saiu do partido após receber a garantia, inclusive do governador Beto Richa (PSDB), de que isso não aconteceria. Apesar de ter sido avisado pelos advogados preferiu acreditar em seus companheiros para não prejudicar a campanha do prefeito Ducci, que é apoiado pelo seu ex-partido e por toda a sua bancada. Deu-se mal.

Ainda sobre coerência

Requião mostra força

Tentamos aprofundar a análise sobre o conceito de coerência proposto pela campanha de Luciano Ducci (PSB). Ideia com objetivo semelhante à campanha de Rossi para governo de São Paulo em 98 quando, mesmo tendo sido secretário de Maluf e coordenador de campanha de Collor de Mello, adotou o slogan “Chega dos mesmos”. Mas depois de lermos a coluna de Celso Nascimento, do dia 01/06 na Gazeta do Povo, assinamos embaixo. Vale a pena conferir.

O senador Roberto Requião (PMDB) mostrou que comanda o “MDB velho de guerra” com mão de ferro em Curitiba. Contra a imensa maioria dos “com mandato”, até mesmo aqueles mais fiéis até ontem, Requião aprovou a candidatura de Rafael Greca a prefeito. Derrotou o deputado estadual Reinhold Sthephanes Junior que tem como prioridade em seu mandato criticar o Governo Federal. Governo que seu pai fez parte por muitos anos como ministro da Agricultura.

Tiroteio Roberto Dziura Jr.

Repartição do Estado?

14 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

O ministro Paulo Bernardo estava afiado na Convenção que homologou Gustavo Fruet como candidato a prefeito. Ao defender o pedetista disse que Curitiba não aceitava ser tratada como uma repartição do Governo do Estado. Que a Capital tinha de ter um prefeito com ideias próprias, determinação e foco.

Waldemir Barreto / Agência Senado

Roberto Dziura Jr.

Ainda o Derosso


“Não sou contra a candidatura do Greca, só não quero acompanhar o Requião”

Divulgação

Bate Pronto

Agência Senado

Diz Orlando Pessuti (PMDB) e declara que fará campanha para Ratinho Jr. (PSC)

“Vou pedir a exclusão do PMDB do Sancho Pança de Jardim Alegre ou era a Penélope Obscura?” Rebate Roberto Requião (PMDB) em referência a Pessuti

Feridas em aberto

Candidatos em Curitiba

A mão de ferro do Palácio do Iguaçu, diretamente na figura do governador Beto Richa (PSDB), para não deixar o PSD de Ney Leprovost apoiar a candidatura do deputado Ratinho Junior (PSC) a prefeito de Curitiba, azedou de vez o humor do deputado com o governador. Segundo membros da campanha do PSC, essa foi a grande diferença em relação ao governo da presidenta Dilma que não fez movimento algum para retirar seus apoios ou evitar que partidos da base federal viessem a apoiá-lo. Isso talvez faça uma grande diferença em um eventual segundo turno entre Gustavo Fruet (PDT) e Luciano Ducci (PSB).

A partir deste Mês ouviremos falar muito dessas pessoas. São os candidatos e candidatas a prefeito e vice em Curitiba. Segue a lista para já nos acostumarmos com os nomes: Gustavo Fruet (PDT) – vice: Miriam Gonçalves (PT)
| Rafael Greca (PMDB) – vice: Marinalva Silva (PMDB)
| Ratinho Jr (PSC) – vice: Marcos Domakoski (PSC)
| Luciano Ducci (PSB) – vice: Rubens Bueno (PPS)
| Alzimara Bacellar (PPL) – vice: Cláudio Fajardo (PPL)
| Bruno Meirinho (PSOL) – vice: Sueli Fernandes (PSOL)
| Avanilson Araújo (PSTU) – vice: Mariane Siqueira (PSTU).

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 15


matéria de capa

Gustavo (10) adora as tecnologias, mas sua mãe controla as atividades

A dopamina “digital” no mundo infantil Atualmente, as crianças brincam menos e ficam mais expostas às tecnologias, em busca da produção dessa substância, que gera motivação e prazer Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

A

s crianças de hoje sabem tudo das novas tecnologias. Sabem interagir muito bem com estas ferramentas do mundo digital. Até parece que nasceram com o mouse na mão. Trocam o carrinho de mão pelo controle do videogame. Trocam os livros por pesquisas pelo Google. Trocam uma conversa com amigos por um bate-papo com desconhecidos pela internet. Com isso, as novas tecnolo-

16 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

gias avançam e as crianças seguem em ritmo acelerado, mudando seu comportamento e a forma de interagir com o mundo. Uma das grandes responsáveis por essa inversão de hábitos é a velha conhecida dos vícios, a dopamina, numa versão mais high tech. O estudo do psiquiatra britânico, Aric Sigman, que foi apresentado durante uma conferência do Royal College of Paediatrics and Child Health, em Glasgow, na Escócia, este ano, mostra que os estímulos despertados frente à

tela levam à liberação do neurotransmissor dopamina no cérebro. Esse componente está fortemente associado à sensação de prazer, motivação e “tem papel fundamental na formação e manutenção dos vícios”. Em uma sociedade em que cada vez mais incentiva a busca pelo prazer imediato, não é de se estranhar que quando completar 07 anos de idade, uma criança nascida, hoje, terá passado o equivalente a um ano inteiro, 24 horas por dia, em frente à alguma tela,


revela o estudo de Sigman. Os índices da substância sobem rapidamente no cérebro de jogadores de videogames, por exemplo. Entretanto, esse prazer demasiado é acompanhado pelo vício, o que traz inúmeras consequências negativas já na infância.

Comportamento viciado

Outro ponto que caracteriza o vício é quando o indivíduo substitui suas atividades para sustentar o vício e isso acaba atrapalhando sua rotina. “Em algum momento do dia esta criança vai substituir atividades para ficar no computador. Com isso, ela tem um prejuízo social”, afirma Wistuba. Esse prejuízo ocorre, principalmente, quando a criança prejudica suas atividades sociais, ou seja, prefere o mundo virtual às suas relações entre amigos, familiares ou até mesmo quando há alguma interferência nos estudos. Por isso, é preciso saber até que ponto as crianças podem ficar diante desses aparelhos. “Amar é dar limites”, pondera Wistuba.

“Amar é dar limites”, diz Wistuba Allan está todos os dias em frente ao computador. A mãe dele afirma que, apesar de o filho ir bem nos estudos, isso tem influenciado nas relações sociais dele. “Ele não gosta muito de sair, ainda não teve nem interesse de aprender a andar de bicicleta e chora muitas vezes para sair de casa ou do computador”, diz. Pâmella Stadler, irmã de Allan, lembra de um episódio em que o menino trocou uma saída ao cinema com

a família para jogar. “Ele falou que iria sair conosco e na hora disse que poderíamos ir sozinhos, pois ele ia ficar jogando em casa”. Episódios como esse sempre acontecem na casa da família. Gustavo Medeiros Bressan também adora jogar videogames no computador. Hoje tem 10, mas aos 08 anos de idade começou a se interessar pelos jogos. “No começo, ele ficava pouco, mas hoje tem que ficar em cima, senão fica o dia todo”, comenta a mãe, Vera Medeiros Bressan. Ele conta que aprendeu a jogar com os amigos. “Teve um amigo que trouxe um playstation em casa e aí pedi para minha mãe comprar um para mim”, revela. Quando Gustavo levanta, a primeira coisa que faz é ligar os aparelhos eletrônicos. Costuma jogar no Facebook, mas como não tem acesso à essa rede social, Gustavo sempre se conecta na conta da mãe para jogar os games que o meio oferece. Mas ele diz que também gosta de brincar com os amigos e ir à escola.

Para Wistuba, as crianças podem ter acesso às tecnologias desde que com regras e limites

As possibilidades de se viciar são inúmeras. Computadores portáteis, DVDs, tablets, televisão, smartphones, aparelhos de videogames entre outros. Nestes meios, é comum as crianças baixarem jogos ou ficarem expostas à tela em busca de atividades de entretenimento que os transportem para um mundo de fantasias.

Crianças da tecnologia A criança viciada em jogos, por exemplo, prefere a fantasia ao mundo real.

Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Atualmente, as crianças entre 04 e 12 anos de idade estão agressivamente expostas aos efeitos tecnológicos. Por isso, os pais devem ficar atentos antes do vício se instalar. É um processo que sai do controle. “Quando ela [criança] se vicia é quando além do hábito, fica condicionada também àquela tecnologia”, explica o psicólogo especialista na área infantil, Leandro Wistuba.

Allan Dhiego de Carvalho (07) também decidiu viver mais no mundo virtual. Aos 05 anos de idade, já tinha acesso ao computador, Oirde de Carvalho Stadler, mãe de Allan, comenta que ele gosta de jogar vários tipos de jogos e passa horas em frente à telinha. “Ele já chegou a ficar mais de dez horas jogando. Se deixar, ele posa na frente do computador e da TV”, revela a mãe.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 17


matéria de capa

Tecnologia e a saúde Esse gosto pela brincadeira infantil tradicional pode estar se perdendo. Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) revelam que a criança de hoje brinca pouco. As brincadeiras a que se referem são aquelas que precisam movimentar todo o corpo e mexer com a imaginação, como pega-pega e esconde-esconde. O levantamento foi feito com mais de mil pais e filhos de todas as classes sociais e regiões do País.

A criança atual está mais exposta a problemas de saúde diante do uso excessivo das telas, diz a pediatra Maria

Roberto Dziura Jr.

O estudo mostra que 97% dos entrevistados apontam TV, videogame e DVD como principais formas de brincadeira. O quarto é o espaço de lazer para 49% das crianças. “Essa geração que atendo não brinca mais na rua e a opção que o pai tem é tentar entreter a atenção da criança como ele consegue. A babá eletrônica de hoje é o videogame ou a TV”, salienta a pediatra Maria Teresa Resnauer Taques.

Além da dependência, a perda do convívio social e outros aspectos do desenvolvimento da criança, o uso excessivo das telas na idade infantil pode gerar diversos tipos de problemas de saúde. Geralmente, as crianças ficam em frente à TV em posições inadequadas. Muitas delas utilizam notebooks na cama. E na maioria das vezes, ficam com a postura errada e sedentários por horas. “Elas têm chances de apresentar um quadro de cervicalgia, quando fica com a postura errada ou também lombalgia, quando ficam muito tempo sentadas e de forma errada também”, explica o ortopedista Marcello Zaia. Muitos pais acabam achando que esses males acontecem por causa do peso das mochilas das crianças, quando na verdade a causa pode estar na postura inadequada frente a essas tecnologias. “O problema é que as crianças estão substituindo os exercícios físicos pela tecnologia”, enfatiza Zaia. Esta exposição exagerada pode afetar também a visão e a audição. O indivíduo que passa muito tempo em frente ao computador e à TV, sem uma distância adequada de três metros, pode apresentar um cansaço ocular. Além disso, pode ficar com os olhos mais secos já que pisca com menos frequência. Menos lubrificados, os olhos ficam menos protegidos e embaçados com mais facilidade. O ideal é fazer uma pausa a cada 50 minutos. Em alguns casos, o excesso pode gerar dores de cabeça. Já a audição pode ser prejudicada pela exposição ao som muito alto e por longa duração. É o que ocorre quando as crianças e adolescentes ouvem músicas com fones de ouvido e se expõem a estímulos excessivos. Um estudo americano comprova que o uso de fone de ouvido com o volume em mais de 80% da capacidade, e por mais de 90 minutos por dia, prejudica a audição sensivelmente.

18 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Dicas para os pais Fique atento às orientações dos especialistas:

1. para começar A idade mínima para a 1ª exposição às telas deve ser aos 03 anos de idade 2.tempo limite A criança deve ficar no máximo 2h por dia no computador ou na TV 3. Fuja dos maus hábitos Os pais também devem ficar conscientes de que seus próprios hábitos irão influenciar os hábitos de seus filhos 4. hora de dormir Os filhos devem dormir cedo, entre 20h e 22h 5.alimentação

adequada Ao invés de dar salgadinhos e biscoitos, prefira oferecer às crianças frutas, barras de cereais e iogurtes entre as refeições

6. movimento e

interação Estimule a criança a praticar atividades físicas e interagir com outros amigos

7. diálogo cotidiano Converse mais com seus filhos sobre o que eles fazem durante o dia a dia

8. entre regras Estabeleça limites para seus filhos desde pequenos por meio da conversa Fonte: Leandro Wistuba, Maria Teresa Resnauer Taques e Marcello Zaia.


Outro problema é a falta de condicionamento físico dessas crianças. Um estudo na Inglaterra aponta que as crianças estão mais fracas. A pesquisa estudou por dez anos e concluiu que é menor o condicionamento físico delas, pois passam mais tempo em atividades que não exigem esforço físico, como navegar na internet.

A pesquisa do psicólogo Aric Sigman também cita estudos que associaram o hábito de ver TV ou outras telas aos riscos maiores de que a pessoa desenvolva diabetes e doenças cardiovasculares. “Hoje temos muitas crianças com crises epiléticas por consequências do uso do videogame, irritabilidade e perda de sono. Muitas trocam os horários e alteram o ciclo biológico”, lembra a pediatra. Aliado a isso, soma-se ao pouco tempo dos pais em cuidar de uma alimentação adequada para os filhos. “Geralmente, a criança vai adquirindo um mau hábito alimentar por substituir uma refeição principal por outra não saudável”, aponta a nutricionista Lisangela Cavassin. “O problema é quando essa substituição passa a ser uma rotina”.

Criança consumista Quando expostos à internet, outro fenômeno bem visível é o consumismo

Roberto Dziura Jr.

Crianças mais sedentárias têm por consequência mais problemas como a obesidade infantil. O número de casos no Brasil cresceu rapidamente nos últimos anos. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 (IBGE) indicam que em duas décadas os casos de obesidade mais do que quadruplicaram entre crianças de 05 a 09 anos, chegando a 16,6% (meninos) e 11,8% (meninas). Hoje, um em cada três meninos e meninas nessa faixa etária está acima do peso normal para a idade. O fenômeno é grave também entre 10 e 19 anos, fase da vida em que o excesso de peso gira em torno de 20%.

Savisk e Jociele com os filhos Luan e Lucas, que são incentivados a fazer atividades fora das telas

infantil. Outra circunstância que a dopamina pode atuar, causando mais um vício ainda na infância. É nessa hora que o marketing e a publicidade se “aproveitam” de temas que estejam em voga para lançar e vender produtos.

meio de uma conversa com uma amiga pedagoga que o casal percebeu que, apesar de sempre cuidar da educação dos filhos, algumas medidas deveriam ser tomadas para evitar que esses vícios dominassem.

Há quem diga que o marketing cria algumas necessidades infantis. Mas há quem discorde. “O marketing antecipa vontades e desejos”, diz a profissional de Marketing Lunie Lima. “O público mais suscetível às propagandas são as crianças, seja através de objetos ou alimentos”.

“Nossa amiga nos alertou que as crianças hoje têm mais acesso às tecnologias e perdem a vida social”, comenta Cleiton. Antes, o casal deixava seus filhos assistirem TV até meia noite. Agora, o tempo limite é até 21h. “No começo, eles não queriam, mas agora se acostumaram aos novos horários, que funcionam até mesmo nos finais de semana”, revela Jociele.

A babá eletrônica de hoje é o videogame ou aTV

A rotina ideal Para tentar fugir de todos esses problemas, uma das dicas dos especialistas é saber impor limites. Há dois meses, Cleiton Luiz Saviski e Jociele N. da Silva Saviski fizeram mudanças dentro de casa com seus dois filhos: Luan da Silva Saviski (05) e Lucas da Silva Saviski (07). Foi por

O casal incentiva também seus filhos a lerem e fazerem pesquisas em livros. Lucas e Luan têm acesso ao computador, mas os horários são limitados. A rotina é acordar e ir brincar. As refeições são feitas com a família reunida e os pais sempre conversam com os filhos sobre suas atividades e o dia a dia. Além disso, os meninos cresceram assistindo programas de conteúdo educativos e fazendo brincadeiras mais lúdicas para fugir dessa dopamina “digital”. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 19


política

Ganhando Curitiba Os principais candidatos à Prefeitura da Capital falam à MÊS e mostram aqui um pouco do que pretendem fazer, caso eleitos

A

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

pós a inscrição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gustavo Fruet (PDT), Rafael Greca (PMDB), Ratinho Júnior (PSC) e Luciano Ducci (PSB) devem ser os principais nomes na disputa pela Prefeitura de Curitiba. Até o fechamento des-

Luciano Ducci

PSB

A Revista MÊS procurou pelos quatro principais candidatos à Prefeitura de Curitiba, dando o mesmo espaço para todos. O atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), informou por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura

20 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

ta edição, eles aguardavam julgamento para estarem aptos a concorrer ao cargo. Em conversa com a Revista MÊS, os três primeiros avaliam sua trajetória política, dizem onde Curitiba precisa se reinventar e como irão trabalhar a interação entre a Capital e a Região Metropolitana. Leia e faça sua avaliação:

que não iria se pronunciar no momento em que foram produzidas as entrevistas – antes da homologação das candidaturas –, apesar de ter concedido na época entrevistas a outros veículos de comunicação.


PDT

Formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná, é mestre em Direito Público e doutor em Direito das Relações Sociais. Foi vereador de Curitiba (1997-99), deputado federal por três vezes, deixando o cargo o ano passado.

Roberto Dziura Jr.

Gustavo Fruet

Divulgação

Como avalia sua trajetória política? Gustavo Fruet (GF) - Política é um projeto de vida, uma paixão. Paixão lúcida, gosto, eu me dedico e é uma opção que já estava escrita. Já nasci num comitê eleitoral. Então, desde pequeno sempre participei do envolvimento político; no colégio, depois na adolescência, na faculdade, e de movimentos sociais, mas por ter acompanhado muito próximo meu pai, eu tinha descartado participar da política eleitoral. Fui candidato a vereador em 1996 e na sequência meu pai seria candidato a deputado federal. Eu não estava projetando construir uma trajetória. Daí ele faleceu em 1998, foi quando saí candidato a deputado federal. Desde então a minha vida política foi muito marcada por circunstâncias e por disputas muito intensas. Mas, de qualquer maneira, eu acho que foram momentos importantes na cidade que eu participei e, principalmente, o momento mais crítico que passou o Congresso Nacional. Sua candidatura será apoiada pelo PT, partido antes alvo de sua análise negativa. Por isso, houve críticas a respeito dessa aliança, como avalia isso? GF - Aliança programática para o futuro. É evidente que isso tem de ser enfrentado em duas frentes. Primeiro: a política brasileira não é composta ou divida entre o bem e o mal, o certo e o errado. Não é linear, não é estática. E há uma diferença entre o trabalho na política nacional e a política regional. Então, isso marca muito, que certas práticas que combati no Congresso

são exatamente aplicáveis e verificadas na Capital. A gente vê que grupos vão se acomodando na Capital com os partidos que estão no Governo. É o mesmo grupo que vai mudando de partido, mas sempre em cima do Governo. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: entendo que devo cumprir um papel contundente em alguns momentos se for necessário. Se for o período de crise, que ninguém imaginou, e também por uma série de circunstâncias eu fui convidado a participar do Conselho de Ética, de Comissão Parlamentar de Inquérito e também da liderança da minoria na Câmara de Deputados. Sempre procurei ter uma postura que eu acho que é institucional. Então, eu entendo que cada um é guardião da sua história, da sua consciência e eu não renego nenhuma atitude que adotei. Em qual área de Curitiba precisa se reinventar? Como fazer? GF - Primeiro retomar um papel importante do Ippuc e o trabalho de planejamento, diálogo com a cidade. Curitiba vem de um processo de manutenção, ao contrário de outras

cidades, ela deixa de tomar algumas medidas que foram inovadoras na sua história. Especial na área de mobilidade, que vai ser um desafio agora, na área de saúde e na área de segurança. Em linhas gerais, a questão da mobilidade, melhorar o sistema atual. Não pode ser sucateado para justificar outro modal. Significa principalmente dar uma atenção à estrutura Sul, em termos de aumentar o número de ônibus, ter o sistema integrado de mobilidade em funcionamento, a central de operação, construção de trincheiras e ampliação de áreas como canaleta. Outros modais, como bicicleta e projeto do metrô no seu trajeto. Na questão da saúde, há de se ter um novo plano de cargos e salários com relação à carga horária, que isso está gerando uma distorção, contratação de profissionais, porque acaba provocando um limite do funcionamento do sistema. Há muito tempo que não se via tanta denúncia em termos de precariedade do sistema. E a segurança, tirar Curitiba entre os piores indicadores das capitais nos crimes violentos. Há de se ter uma ação preventiva e a Prefeitura tem um papel importante a se cumprir nessa área. [No plano de Governo haverá] o conceito de sustentabilidade, economia criativa, economia verde, incorporar todos esses conceitos quando se imagina a expansão da cidade e a efetiva interação com a Região Metropolitana. De que forma pretende trabalhar a relação de Curitiba com a Região Metropolitana? GF - Respeito, diálogo. E o primeiro ato público que eu participei, ainda como pré-candidato, mas nesta sinalização, foi o encontro com a Associação dos Municípios da Região Metropolitana, a Assomec. Não se pode pensar hoje na questão de preservação ambiental, a questão do lixo, na questão do transporte, na questão da saúde, sem os consórcios. Então, será necessária essa desconcentração em relação à Capital. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 21


Rafael Greca

PMDB Economista e engenheiro civil, com especialização em Urbanismo, já ocupou os cargos de vereador de Curitiba (1983-87), foi deputado estadual por três vezes e federal entre 1999 e 2003. Foi prefeito de Curitiba em 1993 a 1996.

Roberto Dziura Jr.

política

Como avalia sua trajetória política? Rafael Greca (RG) - Eu procurei sempre servir o povo de Curitiba e do Paraná. Minha trajetória é uma sucessão de vitórias e êxitos e tem já os seus frutos. Traduzidos em 6.600 obras públicas na Capital, em 32 mil casas populares do tempo que em que eu fui presidente da Companhia de Habitação do Paraná [Cohapar]. Eu tive a alegria de “desfavelizar” e transformar em um parque ambiental e histórico, o berço do Brasil, em Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro, na condição de Ministro de Estado do Esporte e do Turismo na época dos 500 anos do Brasil. Já publiquei perto de 80 livros históricos, didáticos e pedagógicos, sempre referentes à história de Curitiba, do Paraná e do Brasil. Ganhei o prêmio mundial do Habitat da Organização das Nações Unidas como o melhor prefeito dentre todas as cidades do mundo daquele ano, que eu deixei a prefeitura de Curitiba, em 1996. O senhor foi eleito com 53% dos votos pelo PDT e em 1999 foi deputado mais votado e hoje nas pesquisas aparece com um índice de rejeição alto. Como avalia isso? RG - Não acredito nesse índice de rejeição, porque essa pesquisa tinha um índice de 80% das pessoas que ainda não sabiam em quem votar. E o IBOPE não me mostrou a pesquisa. Inclusive, nós fomos judicialmente pedir o direito e eles não deixaram ver. Não acredito em nenhuma pesquisa há nove meses antes da eleição. Da outra vez que fui candidato a prefeito em Curitiba, eu comecei com 4% dos 22 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

votos e terminei com 53% dos votos e derrotei 12 candidatos. Não creio nesse terror, já fizeram isso outras vezes e fizeram até com a presidente Dilma, com o presidente Lula, com outros candidatos que depois se tornaram vitoriosos. Depois, o homem mais rejeitado do Paraná é o senador [Roberto] Requião, mas é o único paranaense que foi três vezes governador, duas vezes senador da República e também prefeito de Curitiba. Em qual área de Curitiba precisa se reinventar? Como fazer? RG - Por inteiro. Curitiba está estagnada. Quando eu saí da Prefeitura em 1996 a cidade de Curitiba tinha 136 creches públicas e 86 conveniadas, de igrejas e associações. Passaram-se 15 anos e a cidade tem as mesmas 86 conveniadas e 176 creches públicas. Quer dizer, em 15 anos fizeram 40 creches. Nós oferecíamos para as mães trabalhadoras de Curitiba 36.600 vagas. Hoje, eles oferecem 41 mil vagas. A cidade está perdendo qualidade de vida. Perdendo qualidade de oferta de serviços para sua população. Já temos tido enchentes à paulistana em Curi-

tiba. O problema de saúde pública da cidade é estarrecedor para uma cidade hoje dirigida por um médico. Segurança, saúde, educação, desde a educação básica e correção ambiental [são as áreas que mais necessitam atenção]. Uma prefeitura que contemple essas quatro demandas e potencialidades será uma boa Prefeitura. Ser um prefeito que buscará o bem comum e o interesse público. Eu vou desterceirizar e desprivatizar a Prefeitura. Vou devolver a Prefeitura da cidade ao seu povo. Isso passa pela ideia, força de uma prefeitura que não gaste R$60 milhões por mês com serviços terceirizados de informática, mas que possa gastar R$60 milhões por mês com serviços de saúde pública. Quero ser um prefeito de novo humanista e voltado para o bem-estar. De que forma pretende trabalhar a relação de Curitiba com a Região Metropolitana? RG - Com a forma mais intensa e mais extensa possível. Porque a metade dos grandes problemas de Curitiba hoje em saúde, segurança e educação vem da demanda e da pressão que as cidades da Região Metropolitana exercem sobre o município sede da Capital do Estado. Não se pode entender um centro de urgências médicas, um posto de saúde 24 horas como um lugar essencialmente curitibano. Porque de repente o posto de saúde do Boa Vista pode receber 20 doentes de Colombo que está 1,5 km dali e mais 30 doentes de Pinhais, Piraquara e São José dos Pinhas que estão entre 3 e 5 km dali. Aí vai faltar lugar para os curitibanos. Aí vai acontecer como aconteceu esses dias, que morreu o jovem músico Emerson Antoniacomi depois de vergonhosamente esperar 37 horas por um atendimento no centro de urgências médicas da Boa Vista. Agora não é urgente e não tem médico. Por isso, eu sou candidato a Prefeito. Eu sei que só é possível a solução dos problemas urbanos de Curitiba se houver uma equação de dimensões metropolitanas.


PSC

É formado em Marketing e Propaganda, pós-graduado em Direito do Estado e possui dois cursos de especialização pela Universidade de Madri, na Espanha. Foi deputado estadual (2002-06) e federal por duas vezes, cargo que ocupa atualmente.

Roberto Dziura Jr.

Ratinho Júnior

Como avalia sua trajetória política? Ratinho Júnior (RJ) - Uma trajetória muito boa de três mandatos de deputado. Eu tive a satisfação de ter sido deputado estadual com 21 anos de idade, o mais votado da história. Para mim, foi um orgulho ter tido essa votação tão expressiva, mas ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. Eu me elegi no carinho, na confiança das pessoas que tinham no meu pai, ele me avalizando. A partir daí, eu sabia que a conquista dessa carreira política só iria acontecer através do meu trabalho. Depois, voltei a ser o deputado mais votado da história, agora para deputado federal. Acho que tudo isso demonstra que o nosso trabalho tá sendo bem feito e a população tem aprovado. Como classifica o comentário de que só tem popularidade com as classes mais baixas? Acredita que hoje conquistou seu espaço ou ainda carrega essa popularidade de seu pai? RJ - Tenho afinidade maior com a grande maioria da população. Quem faz essa guerra de classes é quem tem interesse de atrapalhar qualquer tipo de trabalho nosso e quer criar esse “pré-conceito”. Na verdade, eu tenho tido um grande respaldo na classe média, média alta. As pessoas sabem do meu trabalho como parlamentar, têm observado meu mandato e obviamente que isso tem sido discutido. O que às vezes há é o desconhecimento do meu currículo escolar. Não sabe que eu sou formado, sou pós-graduado em Direito do Estado, que tenho dois cursos na Universidade da Espanha,

que tenho conhecimento de mundo muito grande. Essa falta de conhecimento, às vezes, faz que se crie uma ressalva. Essa popularidade ajuda, como sempre ajudou. Mas se eu não tivesse feito um bom trabalho, possivelmente, não teria feito essas votações expressivas e, possivelmente, não teria sido reeleito. Não basta ser popular. A grande demonstração que nosso projeto é forte e consolidado é o crescimento do nosso partido aqui no Paraná. Estamos em um partido muito tímido, que praticamente não existia, hoje vai fazer 17 parlamentares. Em qual área de Curitiba precisa se reinventar? Como fazer? RJ - Na questão do planejamento. Eu tenho um compromisso de fazer um resgate do planejamento da genialidade da cidade de Curitiba. Quando a gente fala em planejamento não fala apenas em mobilidade urbana. Fala em planejamento na área de segurança pública, falamos em saúde pública, em vagas de creche. Temos de colocar essas crianças novamente dentro das creches para dar uma educação de qualidade, fazer uma pré-escola decente,

dar comida de qualidade. Montando uma boa equipe, capacitada, que pense a cidade nos próximos 10, 15, 20 anos e não apenas para um mandato. Segurança pública, saúde e mobilidade urbana são as três [principais áreas]. Na questão da segurança pública, Curitiba se tornou a sexta capital mais violenta do Brasil, lamentavelmente. Para isso tem de ser tomada uma providência. E de que forma? Melhorando a guarda municipal. Eu vou montar a Academia da Guarda Municipal, para que nossos guardas tenham tratamento periódico. Nossa proposta é nossa independência. Se você observar, todos os candidatos que estão colocados hoje, ou os principais, têm um apadrinhamento político. O único que tem um projeto de cidade é o nosso. E por que essa independência é boa? Porque me dá a autoridade política para poder montar a melhor equipe para a cidade. Sem pensar em 2014, pensando apenas na cidade, um projeto para as futuras gerações. E, claro, que nós temos um projeto de cidade, diferente deles que têm um projeto de poder e está bastante claro. De que forma pretende trabalhar a relação de Curitiba com a Região Metropolitana? RJ - O Prefeito de Curitiba hoje tem de ser um grande líder da Região Metropolitana. Porque não tem mais como você fugir de assuntos importantes da cidade sem ter essa boa convivência ou esse planejamento com os demais prefeitos. Em se tratando de lixo, Curitiba tem de liderar essa discussão, com as demais cidades. Em se tratando de transporte público, Curitiba tem de liderar uma alternativa de integração e de conversa para melhorar o fluxo de ônibus que entra na cidade de Curitiba e também melhorar a vinda e a ida dessas pessoas que moram na Região Metropolitana. Segurança pública, não tem como o prefeito não discutir isso com os demais prefeitos. Não se pode mais tomar decisões pensando como se Curitiba fosse uma ilha. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 23


economia / política RJ SP

PR

SC

Divisão atual Proposta Pré-sal

O “novo mar” do Paraná Estudo apresenta uma nova proposta de divisão do mar territorial no Brasil e da plataforma continental entre os Estados; PR pode ter aumento de 760% dos royalties Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

‘‘

Linha divisória entre dois países, zonas administrativas, ou propriedades. Sinal que divide; marco”. Apesar da clareza utilizada pelo dicionário Michaelis ao explicar o significado da palavra “divisa”, estabelecer este ponto nem sempre é uma tarefa fácil. As divisas territoriais, normalmente, são identificadas com placas, rios ou pontes. Mas quando o assunto é mar, esse ponto de separação parece ficar perdido no meio do oceano. A solução deveria ter sido dada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho de 1986, com a Lei 7.525. “Tratar as linhas

24 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

de projeção dos limites territoriais dos Estados, Territórios e Municípios confrontantes, segundo a linha geodésica ortogonal à costa ou segundo o paralelo até o ponto de sua interseção com os limites da plataforma continental”, afirma o artigo 9. Mas, mesmo depois de 26 anos de sua criação, a Lei gera polêmicas. Para o presidente do Movimento Pró-Paraná, Jonel Chede, o desenho atual prejudica os estados do Paraná e Piauí, por terem costa côncava. Partindo desse ponto é que o Pró-Paraná encabeçou um estudo técnico-científico elaborado pela OAB, UFPR e Mineropar, que pretende embasar uma nova proposta de Lei. As mudanças trariam muitos benefícios ao Paraná.

Lei atual “Do ponto de vista científico, [a Lei atual] não é uma coisa simples. Quando vai implementar, tornar uma realidade, faz-se uma simplificação. O que é feito não é exatamente uma linha geodésica. Aí começa uma discussão do que é linha geodésica, mas porque escolheu esse ponto aqui e não esse aqui e sempre vai ter um motivo para gerar discussão”, afirma o doutor em informações espaciais, Luis Augusto Veiga, um dos responsáveis pelo parecer técnico elaborado pelo Setor de Ciências da Terra da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela Mineropar. O coordenador do parecer jurídico elaborado pela Comissão de Direito Internacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Steeve Dias, explica que a regra atual é tão difícil de ser aplicada, que nem mesmo o IBGE


consegue fazê-la. “Nossa área devia ir além do nosso mar territorial até a plataforma continental. No Estado do Paraná, o ângulo dessas linhas é tão fechado que o mar termina antes das 200 milhas. No nosso caso, seguindo a regra, o mar do estado de São Paulo se encontra com o mar do Estado de Santa Catarina. É um triângulo antes e depois continuaria [como um X]. O IBGE tenta arrumar essa situação prolongando os pontos iniciais de lateralidade de divisão dos Estados até as 200 milhas. Então, ele muda a lei.”

Infografia: Revista MÊS

Novo projeto Com o objetivo de reparar esse erro histórico e os danos financeiros que chegam à casa dos milhões de reais, o estudo apresenta uma nova proposta de divisão do mar territorial e da plataforma continental entre os Estados. Prevê a definição dos limites por meio dos

paralelos e meridianos. “Significa que a gente vai ter a definição do ponto exatamente no ponto de divisa dos Estados. Uma vez definida, como é por paralelos e meridianos, você sabe que basta prolongar essa linha reta, tanto na horizontal como na vertical, dependendo da situação, você tem definido o seu mar territorial. É uma coisa mais simples de implementar”, explica Veiga.

O Estado pode chegar a receber R$2 bilhões de royalties até 2017 Do Rio Grande do Sul até a divisa dos estados da Paraíba com o Rio Grande do Norte, seriam utilizados os paralelos. Já na divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará até o Amapá, seriam usados os meridianos. Esse modelo de divisão já é utilizado no Brasil. “Nosso código de mineração já define para os municípios orientações Norte, Sul, Leste e Oeste. Que é exatamente a mesma coisa que paralelos e meridianos”, diz o advogado. Para ele, além de não existir nenhum impedimento legal para propor uma nova Lei que modifique a divisão do mar territorial, existem decisões favoráveis. “Houve já discussões desse assunto, mas entre países. Quase todas as decisões nesses casos houve acordo. No nosso caso, não está tendo acordo. Quando não se chegou a um acordo, um dos princípios principais que foram utilizados era justamente a justiça e a equidade. Não existe justiça na divisão dessa área de mar territorial no caso da Lei aplicada. Para o Paraná, é completamente injusta”, garante.

Roberto Dziura Jr.

Impacto econômico

Luis Augusto Veiga é doutor em informações espaciais e um dos responsáveis pelo parecer técnico do mar territorial

Ainda não é possível determinar o quanto cada Estado ganharia ou perderia, caso essa nova proposta fosse aceita e entrasse em vigor. Porém, estima-se que os estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo seriam os mais beneficiados. No caso do REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 25


Roberto Dziura Jr.

economia / política

“A nossa bancada tem que ser tudo do mesmo partido, do Paraná”, diz Jonel Chede, presidente do Movimento Pró-Paraná que lidera esta causa

Pró-Paraná Veja os principais pontos da proposta do novo mar territorial do Paraná: A Lei 7.525/86 atual não é aplicada corretamente O estudo apresenta uma nova proposta de divisão do mar territorial e da plataforma continental entre os Estados A nova ideia é que a definição dos limites seja por meio dos paralelos e meridianos Do Rio Grande do Sul até a divisa dos estados da Paraíba com o Rio Grande do Norte, seriam utilizados os paralelos Do Rio Grande do Norte com o Ceará até o Amapá, seriam usados os meridianos Para o Paraná, o aumento das receitas em decorrência dos royalties pode chegar a 760% O valor que hoje é de R$48 milhões pode chegar a R$2 bilhões até 2017.

26 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Paraná, o aumento das receitas em decorrência dos royalties poderia chegar a 760%, como afirma Jonel Chede. O valor que hoje é de R$48 milhões, poderia beirar os R$2 bilhões até 2017. “Hoje a receita teórica é R$48 milhões. Só que os postos estão esgotados. Com o novo marco regulatório em regime de partilha, que todos vão receber os resultados, vão dividir os royalties do pré-sal. Na hora que nós tivermos o paralelismo [linhas em paralelo], que ganharmos isso aqui, nós vamos passar a Estado produtor”, explica o presidente do Pró-Paraná. Para ele, essa discussão foi despertada pelo Pré-sal, mas deve ser olhada ainda mais adiante. “Porque nessa área toda aqui, na própria forma continental, você pode ter outros minerais, tão importantes ou até mais ricos que o próprio Pré-sal. Só que a área do Paraná é essa aqui. Se nós aumentarmos toda essa área aqui, toda essa geologia passa a ser do Paraná”, diz.

Briga política O estudo foi encaminhado ao Governo do Estado, para que ele possa

encabeçar a discussão nacional. Até o fechamento desta edição, nenhuma ação pública havia sido feita. Mas, segundo informações da assessoria de imprensa da Secretaria de Fazenda do Estado, o secretário Luiz Carlos Hauly será o responsável por tomar a frente deste pleito. Por enquanto, a Secretaria está se preparando internamente para deflagrar a proposta de uma maneira mais ampla. Apesar de ser uma discussão técnica e jurídica, o sucesso ou não deste projeto dependerá de vontade política. “Se não houver essa união, nós somos uns fracassados. A nossa bancada tem que ser tudo do mesmo partido, do Paraná”, completa Chede. Para ele, o próximo passo é levar a ideia ao Congresso Nacional, para que os parlamentares do Estado se unam em torno dessa causa. Outra saída, talvez, seja também a união de forças políticas com outros estados, principalmente, os vizinhos Santa Catarina e São Paulo. “Não é só a bancada do Paraná. Nós temos que trazer vizinhos solidários. [...] A nossa proposta é para todo o Brasil”, garante Chede.


REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 27


cidades

Após 40 anos, rodoviária passa por primeira grande reforma Desde a sua inauguração, em novembro de 1972, até dezembro de 2011, o movimento da rodoviária foi de 12,8 milhões de ônibus e 353 milhões de passageiros 28 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

R

esponsável em 2011 pelo transporte de mais de 7,1 milhões de passageiros, a rodoviária de Curitiba recebe nos próximos meses sua primeira

grande reforma em quatro décadas. Serão investidos mais de R$48 milhões em duas etapas, a primeira na estrutura e a segunda nos acessos. O recurso é oriundo do PAC da Copa, com contrapartida da Prefeitura Municipal de Curitiba.


Imagem ippuc

Na prática, o pavimento superior, que hoje comporta lojas, será também utilizado para a venda de passagens. Os espaços de serviços públicos como a Polícia Militar, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) serão readequados. No piso térreo, será criada uma sala de embarque climatizada com painéis informando os horários dos ônibus, similares aos existentes em aeroportos. A parte externa, onde hoje estão os guichês das empresas, será readequada para comércio e serviços. “Uma questão que direcionou o projeto foi manter as características do prédio projetado por Rubens Meister. Em respeito a sua obra, não mudamos a característica do espaço, mas a reforma valorizará a estética com iluminação cênica e restauros necessários”, diz Célia. A reforma compreenderá, ainda, a acessibilidade com a instalação de escadas rolantes, elevadores, melhorias nos sanitários, alteração do piso, substituição de telhas, adequação elétrica e hidráulica, uma nova passarela, ligação cicloviária ao terminal, paraciclo (espaço para deixar a bicicleta), reformulação da Praça na Avenida Affonso Camargo e novo estacionamento. Concomitantemente à reforma da rodoviária, será licitada a concessão para a construção de um estacionamento subterrâneo ligando o terminal

Roberto Dziura Jr.

“O que mais muda é o conceito. Hoje os serviços que atendem grande demanda de pessoas estão no piso térreo – embarque, desembarque e bilhetagem. Isso gera um fluxo intenso embaixo e pouca circulação no piso superior. A proposta é aumentar a circulação em toda a rodoviária”, explica a diretora de projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Célia Bim.

A rodoviária é a porta de entrada de Curitiba e precisa ser modernizada, diz Luimar Szczepanski

ao Mercado Municipal. A previsão é investir R$32 milhões nesta construção. A Prefeitura informa que a empresa vencedora deverá construir o estacionamento até maio de 2014, mas uma primeira etapa deverá funcionar em agosto de 2013. Outras novidades são a construção de um anexo para o desembarque de passageiros com capacidade para 10 ônibus e o novo acesso dos ônibus ao terminal. “A entrada e saída não acontecerá mais pela Avenida Affonso Camargo, mas pela Rua Dário Lopes dos Santos, atrás do terminal”, acrescenta Célia.

Com área total de 72 mil m², mais de 900 mil pessoas circulam ao mês pela rodoviária

Comerciantes otimistas Trabalhando há 30 anos na rodoviária, Luimar Szczepanski, proprietário de uma loja de variedades, vê com

bons olhos a mudança. “A rodoviária é a porta de entrada de muitas pessoas, é um cartão postal da cidade e realmente precisa deixá-la bonita, mais condizente com a cidade. Fui informado das mudanças e estou motivado, embora não sei como funcionará a loja no período das obras”. As mudanças também agradaram Edival Gonçalves de Almeida, que tem uma livraria no piso superior há 15 anos. “Após a reforma não sei se ficarei no piso superior ou irei para baixo, mas a mudança será boa. A ideia é trazer não somente as pessoas que irão viajar, mas também ser um espaço de passeio para os curitibanos”. De acordo com a Prefeitura, a rodoviária funcionará durante as obras por meio de um plano de trabalho. As obras começarão na ponta interna da ala estadual. Na próxima etapa, haverá mudanças no estacionamento, na parada de táxis e o ônibus Executivo Aeroporto vai parar no ponto da Linha inter-hospitais, na Avenida Affonso Camargo. A previsão para conclusão da obra é setembro de 2013. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 29


cidades

Limpando a “casa” Estudo revela que capitais brasileiras precisam melhorar a sua limpeza urbana; especialistas avaliam que Curitiba também tem muito a melhorar

A

capitais com características de metrópole, entre elas Nova Iorque, São Paulo, Paris e Barcelona. O estudo revelou que as cidades brasileiras ainda têm muitos pontos a melhorar na gestão do lixo quando comparadas à realidade de capitais estrangeiras.

O estudo avaliou como é o manejo de resíduos e a gestão empregada em 14

No Brasil, a pesquisa mostra que ações isoladas têm sido feitas em todo o País. Mas o estudo também aponta que os investimentos em limpeza urbana são insuficientes para resolver a problemática da destinação adequada de resíduos domésticos. Atualmente, no País, já existe a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Entre as diretrizes, está a extinção dos lixões a céu aberto e a criação de leis municipais para a coleta seletiva.

Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

s cidades do Brasil precisam melhorar a sua limpeza urbana. Das 241.614 toneladas de lixo diariamente produzidas no País, 75% são lançadas a céu aberto. Apesar de diversas campanhas e projetos voltados para o lixo, as administrações ainda não dão a atenção devida ao assunto. É o que aponta um estudo da PriceWaterhouseCoopers, encomendado pela Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP).

30 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Clóvis Benvenuto, diretor da ABLP, acredita na melhoria da limpeza pública por meio desta política. “Ela tem eixos muito importantes em relação aos resíduos sólidos e as cidades precisam encarar este desafio”. Para ele, as cidades brasileiras ainda estão atrasadas nesta questão. “Eu brinco que lixo deveria ser o maior indicador ambiental, porque a partir disso vemos como a sociedade está organizada e resolvendo seus problemas”, diz Benvenuto.

Realidade curitibana Para cuidar bem da limpeza pública das cidades é preciso destinar corretamente o lixo domiciliar, comercial, público, industrial, agrícola e da construção civil. Curitiba oferece diversos sistemas de coleta para todos esses tipos de restos, além de postos de coleta de lixo tóxico.


Para Mariana Gluczkowski, Curitiba precisa melhorar a divulgação dos serviços que oferece e fortalecer a fiscalização

Roberto Dziura Jr.

Um desses sistemas foi pioneiro no Brasil: a coleta seletiva de resíduos recicláveis por meio do “Lixo que Não é Lixo”, implantada em 1989. O sistema, que foi modelo na época para o resto do País, consiste em caminhões que vão de porta em porta em todo o município de Curitiba de uma a três vezes por semana. A Prefeitura ainda tem outros programas de incentivo à separação de lixo, como o Câmbio Verde, que faz a troca de lixo reciclável por hortifrutigranjeiros nas áreas mais periféricas da cidade.

Roberto Dziura Jr.

Alternativas Algumas grandes cidades no mundo apresentam iniciativas para a limpeza pública: Barcelona (Espanha) O serviço de coleta utilizando contêineres de lixo domiciliares bicompartimentados (lixo seco e lixo úmido) permite a coleta mais eficiente, poupando energia, emissão de CO2 e maior mobilidade urbana para os cidadãos. Malagrotta (Itália) Existe uma usina de gaseificação em fase de teste, que é a primeira incineradora a utilizar a tecnologia de gaseificação na Europa. Essa usina tem uma capacidade para queimar 500 toneladas por dia. Tóquio (Japão) Os bairros, as cidades, as vilas e até as aldeias estabelecem seus próprios programas para uma limpeza pública e devem executá-los. A palavra de ordem é descentralização. Paris (França) Parte do lixo é incinerada, esse processo reduz dois terços do volume do lixo e produz, da combustão, vapor para aquecer e gerar eletricidade para o equivalente a 300 mil residências. Fonte: PriceWaterhouseCoopers

Mas se comparada a outras capitais, como Curitiba trata de seu lixo? Para Edélcio Marques dos Reis, diretor do Departamento de Limpeza Pública da Prefeitura de Curitiba, a gestão atual é eficiente. “Nós temos um nível de satisfação da população curitibana em relação à coleta do lixo de 92% através de pesquisas realizadas ano passado”, revela. Reis aponta o curitibano como muito participativo. “Um exemplo é que hoje de todo lixo gerado em Curitiba, 22% é reciclado. É um índice significativo, comparado a taxas de cidades de primeiro mundo, onde esse percentual fica entre 20% e 30%.”

No Brasil, a pesquisa mostra que ações isoladas têm sido feitas em todo o País Mas para especialistas do setor, a cidade poderia avançar mais neste sentido. Nicolau Leopoldo Obladen, coordenador no Paraná da Câmara de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e

Ambiental (ABES) e sanitarista há 50 anos, aponta para o fato de que a cidade ainda não tem seu próprio Plano Municipal de Saneamento Básico e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Ou seja, ainda trabalha com modelos antigos. “Existem muitas coisas positivas na gestão atual, mas precisamos de reformulações. Os caminhões do ‘Lixo que Não é Lixo’, por exemplo, já foi mídia em 1989 em todo Brasil e na época foi uma iniciativa brilhante. Mas 23 anos se passaram e nada mudou. É preciso pensar em alternativas e novas tecnologias”, completa Obladen. Outros especialistas também acreditam que, apesar de Curitiba ter vários sistemas eficientes, poderia aperfeiçoar alguns projetos e processos. “Curitiba tem um sistema eficiente, mas precisa melhorar a divulgação dos serviços que oferece e também fortalecer a fiscalização de grandes geradores de resíduos sólidos, como condomínios”, acrescenta a engenheira ambiental da Ação Consultoria Ambiental, Mariana Gluczkowski. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 31


agropecuária

Solo com menos defensivos Produtor pode obter a mesma eficiência utilizando menos agrotóxicos; Emater está disseminando técnicas pelas regiões produtoras Iris Alessi - iris@revistames.com.br

D

ados do relatório de Indicadores de Desenvolvimento Social (IDS-2012), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no mês passado, alertam para os riscos do aumento de uso de agrotóxicos no País. Em 2009, o consumo de defensivos agrícolas foi de 3,6 kg/ha, quando

32 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

em 2000 esse número era de 3,2kg/ha. O estudo apresenta algumas das consequências negativas do manuseio de agrotóxicos, assim como os impactos no meio ambiente e na saúde do trabalhador e do consumidor. Para mudar essa realidade, no Paraná, durante a 40ª Expoingá (Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá), realizada em maio, aos

produtores de soja foi apresentada a possibilidade de produzir com a mesma eficiência, mas reduzindo a quantidade de defensivos utilizados nas lavouras. O uso racional ajuda na diminuição da contaminação do solo, dos lençóis freáticos (água) e na redução dos custos de produção entre outros fatores. Esse é o exemplo do sojicultor, Antenor Janhaki, que tem uma plantação de 10 alqueires em Itambé (PR). Ele conheceu o projeto e recebeu orientação por meio do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural


Divulgação / Emater

(Emater-PR). Há cinco safras, ele tem trabalhado com produtos fisiológicos para combater as pragas da soja.

Manejo de pragas

Antonio Bodnar

O objetivo principal do trabalho que vem sendo feito pela Emater, usando pesquisas da Embrapa e do Iapar, é reduzir a quantidade de aplicações na soja. O coordenador regional do Projeto Grãos da Emater, Pedro Cecere Filho, explica que para isso existem algumas técnicas. “A ideia é fazer um manejo de pragas, onde consiste em monitorar realmente a lavoura e avaliar os níveis de danos econômicos das pragas e só aplicar inseticidas quando for necessário realmente. Na verdade, usar critério para a aplicação”, afirma Cecere. Esse trabalho de orientação também é tema de pesquisa dentro da Embrapa. O pesquisador da Embrapa-Soja em Londrina, Adeney de Freitas Bueno, avalia como exagerado o uso de defensivos na lavoura. “Usando o agrotóxico com critérios técnicos isso indiretamente vai reduzir o uso. [...] O foco, necessariamente, não é reduzir o uso de agrotóxicos, mas sim usar o agrotóxico na hora certa, com isso, vai diminuir”, diz. Mas para saber quando essa aplicação é necessária, o produtor precisa utilizar o pano de batida e fazer a contagem de quantos insetos têm em uma planta. “É a única maneira de saber quanto você tem de inseto. Se o produtor não faz isso, ele não vai saber quando aplicar”, explica Bueno.

Fisiológicos e Biológicos Outra forma de reduzir a quantidade de agrotóxicos nas lavouras é o uso de produtos fisiológicos e pelo controle biológico. Os produtos chamados fisiológicos são químicos para controle de um ou outro tipo de praga, causando um impacto ambiental menor. O produtor de Itambé notou que o produto fisiológico tem uma duração

Cecere, na Expoingá, na apresentação de técnicas para produzir com menos agrotóxicos

maior, apesar de demorar mais para fazer efeito. “Vai matando a lagarta devagar. Ela tem de trocar de pele para morrer. [...] Ela vai comendo, fica doente e vai morrendo”, conta Janhaki. Já com os inseticidas comuns, apesar de terem uma ação mais rápida, as lagartas voltam a aparecer em poucos dias, necessitando de repetidas aplicações.

O produtor precisa utilizar o pano de batida e fazer a contagem de insetos em uma planta Outra técnica que está sendo difundida pela Emater para ajudar na racionalização dos defensivos é o controle biológico. Um exemplo é o uso do baculovírus, que é um vírus para a lagarta da soja. “Nós temos algumas vespinhas, que são insetos que são predadores de ovos, são na verdade parasitoides de ovos tanto de lagarta como de percevejo”, exemplifica Cecere Filho. As pesquisas da Embrapa também trabalham com uso de para-

sitas para o controle de insetos. “Poderiam não ser os substitutos completos, mas substituir algumas das aplicações de agrotóxicos. Isso auxiliaria na redução”, completa Bueno.

Eficiência da produção Mesmo com as mudanças na lavoura, Janhaki não notou redução na quantidade produzida. O pesquisador da Embrapa afirma que é possível produzir a mesma quantidade com a mesma qualidade. “O que se gasta mais, quando se tem essa preocupação é um pouco mais de tempo. Porque o produtor só consegue fazer isso vistoriando a lavoura, estando na lavoura”, enfatiza Bueno. Qualquer produtor pode fazer uso das técnicas se tiver interesse. “Se ele [produtor] tiver interesse de reduzir custos de produção, reduzir a quantidade de agrotóxico no meio ambiente, que vai reduzir impacto ambiental, que vai reduzir contaminações e vai reduzir resíduos de agrotóxicos nos alimentos, nos grãos. Enfim, tem benefícios, sociais econômicos e ambientais”, finaliza. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 33


educação

A pílula da Educação Sexual ainda falha O tema é abordado nas escolas de forma precária; houve aumento na incidência de gravidez aos 10 anos de idade Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

N

o Paraná, dos 152 mil filhos nascidos em 2010, 29 mil são de mães entre 10 e 19 anos, constata o último dado do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde. A informação mostra que 19% dos filhos paranaenses ainda são do resultado de uma gravidez precoce. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que esta proporção não ultrapasse 10% de nascidos vivos de mães de até 19 anos. Os números são o menor índice da série histórica do Ministério da Saúde, que contabiliza desde 1994. No entanto, a Educação Sexual nas escolas, que é apontado como o local de maior influência nessa diminuição das taxas, tem sido falha. “Educação Sexual nas

34 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

escolas não existe. Enquanto política sistemática, não. É uma coisa que se busca bastante”, alerta Araci Asinelli da Luz, doutora em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

cente Saudável”, com o objetivo de orientar os adolescentes, de ambos os sexos, nos temas: puberdade, sexualidade, gravidez, paternidade, nutrição e prevenção de DST / AIDS.

De acordo com Luciane Vanessa Fagundes, diretora do Departamento da Diversidade, da Secretaria Estadual de Educação (SEED), o órgão mantém dois programas para trabalhar a Educação Sexual entre os adolescentes. O projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), em parceria com o Governo Federal, é um deles. Nele são ministrados cursos para profissionais nas escolas e agentes de saúde. E o outro é o Protagonismo Juvenil, onde são aplicadas ações pedagógicas entre os jovens nas escolas.

Início

A Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, mantém um programa chamado “Adoles-

Por isso, a conclusão da professora Araci é de que o trabalho de Orientação Sexual deveria começar muito

Mas o fato é que a sexualidade entre as meninas tem começado cada vez mais cedo. Em média, entre 13 e 14 anos, as adolescentes já tiveram sua primeira relação sexual. Ainda mais preocupante é o aumento dos casos de gravidez indesejada na faixa dos 10 anos, índice que tem aumentado. “Estão sendo muito precoces [as meninas]”, afirma Samyra de Lourdes Stephan, coordenadora de Biologia do Colégio Estadual do Paraná (CEP).


Falta de informação e excesso de confiança são dois fatores que a estudante Ana* (19) apresenta como sendo determinantes para a gravidez precoce. Ela fala por experiência própria. Perdeu a virgindade aos 15 anos de idade e engravidou aos 17 de seu namorado. Foi expulsa de casa, depois que seu pai soube da notícia e perdeu o emprego. A família do namorado é quem está dando o apoio e assistência necessária para que ela possa criar sua filha, que hoje tem sete meses. “A gente nunca pensa que vai acontecer com a gente”, afirma Ana. Ela tomava pílula, mas de forma irregular e nas relações com o namorado abandou o uso da camisinha. No caso de Ana, julga ela, foi excesso de confiança. Já com suas amigas, todas grávidas precocemente, foram

por falta de informação. “As meninas não têm instrução. Acaba acontecendo”. Aliado a isso, também há outro fator: falta de perspectiva de futuro. Segundo Ana, suas amigas não programaram a gravidez, mas não foi algo indesejado. “Elas não tem outra perspectiva além disso. É casar, ter filhos. Não pensam que podem ser mais”, conclui Ana. “A gente fala em gravidez indesejada, mas as adolescentes nas conversas que a gente tem e as pesquisas mostram isso, não foi indesejada. Para muitas vai ser a carta de alforria”, confirma Araci. Hoje, Ana vê a vida de forma diferente. Quer continuar os estudos, fazer uma faculdade e não pretende ter outros filhos.

A Educação Sexual não deveria ser restrita somente à disciplina de Biologia

Além da Biologia Uma das questões levantadas pelos especialistas na área é de que a Educação Sexual não deveria ser restrita somente à disciplina de Biologia e em alguns anos específicos. Seria preciso trabalhar de forma multidisciplinar e transversal, abordando temas como saúde reprodutiva, relações interpessoais, Roberto Dziura Jr.

Banco de imagens

cedo, falando de acordo com cada faixa etária, mas sem deixar que o assunto caísse no esquecimento e na falta de informação. “Uma dificuldade que a gente tem, é que eles têm uma visão da sexualidade como importante, mas ainda têm carência de mais informações”, diz. “A internet é o pai de todos ultimamente. É um perigo, porque a internet tem muitas vias. Se não tem uma boa orientação de pai e mãe vai procurar coisas erradas”, complementa Samyra.

“A educação vem de casa. A educação é complementada dentro de sala de aula”, enfatiza Samyra

afetividade, imagem corporal, autoestima e relações de gênero. “É importante que tenha em cada escola ou em cada unidade de saúde, uma pessoa especializada nisso. É importante que não fique restrito, pelo contrário, deve sair do campo biológico”, diz Araci. “Não pode ser algo improvisado, precisa ter planejamento para isso”, explica a professora Araci sobre o tema nas escolas. Além desse planejamento, a professora Samyra apresenta outro motor importante para a Educação Sexual dos adolescentes: o diálogo em casa. “Pai e mãe é o principal. A educação vem de casa. A educação é complementada dentro de sala de aula”, enfatiza Samyra. “Tudo começa na base com a família. Depois, os problemas vêm cair todos nas escolas”, completa. É o que apontou também o estudante Rodrigo* (17). Ele é virgem por escolha e afirma que falta diálogo em casa. Sua mãe até já tentou abordar o assunto, mas sem sucesso. “Em casa não tem essa conversa”. Para saber sobre o tema, “procuro na internet, minhas dúvidas, em fontes que pareçam confiáveis e em várias fontes diferentes para comparar”. Na escola, diz ele que não tem muita orientação, mas acha que “não está na hora [de perder a virgindade]. Não tenho que me preocupar. Quero agora estudar”, diz Rodrigo que pretende ser engenheiro civil. Apesar dessa postura pessoal, ele conta que muitos amigos ainda iniciam a sua vida sexual de forma forçada, embalados por uma cultura machista. É o caso de um amigo dele que ao completar 18 anos de idade, seu pai disse que vai presenteá-lo com uma visita a uma casa de prostituição para perder a virgindade. “Eles têm informação, mas não incorporaram essa informação, como um conhecimento para o seu projeto de vida”, conclui Araci. *Ana e Rodrigo são nomes fictícios para os entrevistados que não quiseram se identificar.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 35


saúde

Vítimas da inocência O abuso sexual contra menores é o segundo tipo de violência mais cometido em todo o Brasil, revela estudo inédito do Ministério da Saúde Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

H

á alguns meses, a apresentadora da Rede Globo Xuxa Meneghel declarou em rede nacional ter sofrido violência sexual quando era menor de idade. O caso repercutiu em todo o País. Nos dois dias após o depoimento ser exibido no programa Fantástico, o Disque Direitos Humanos (Disque 100) recebeu mais de 290 mil denúncias, um aumento de 30%

36 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

em comparação ao mesmo período da semana anterior. No acumulado dos primeiros meses deste ano, o Disque 100 registrou um aumento de 71% das denúncias de exploração sexual de menores ante ao período do ano passado. A exposição de Xuxa fez intensificar o tema em todo o País. Este é o segundo tipo de violência mais praticado contra crianças com até 09 anos de idade. Essa é a conclusão do estudo inédito do Ministério da Saúde, em que os crimes de violência sexual ficam atrás apenas da violência como negligência e abandono. O abuso sexual contra crianças até os 09 anos representa 35% das no-

tificações registradas só ano passado. A negligência e o abandono têm 36% dos registros.

Crianças paranaenses No Paraná, a situação também é preocupante. Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que nos anos de 2010 e 2011 foram notificados 8.775 casos de violência no Estado. Destes, 45% são de agressão contra crianças e adolescentes. O abuso sexual também é o segundo tipo de violência mais cometido contra menores e adolescentes no Paraná. Dentre as formas de violência sexual a principal é o estupro, que hoje corresponde a 66% dos casos, seguido pelo assédio sexual com 22%.


De acordo com Mara Cristina Ferreira, coordenadora de Proteção Social Especial da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, o que precisa ser feito em relação à violência sexual contra menores é quebrar paradigmas. “No momento em que se trata de violações, são assuntos que parecem ser tratados de maneira escondida, porque causam vergonha e, por isso, essa denúncia não acontece”, avalia Mara. Ela acredita que as campanhas que o Paraná tem feito é um caminho para tornar o assunto mais transparente e discutido em casa.

A maioria dos casos de violência sexual infantil é praticada por alguém próximo, como entes da família

É por meio de campanhas educativas que há um ano, o Governo do Paraná lançou a campanha “Doe sua Voz”, para incentivar as denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Este ano, foi lançada outra campanha “Solte sua voz”, que acompanha uma cartilha com uma linguagem didática voltada às vítimas abusadas. Mas iniciativas mais contundentes como o Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Criança e o Adolescente, que elaborou propostas para execução de 2010 até 2015 estão demorando a ser implantadas. Douglas Moreira é jornalista e pesquisador do Ciranda (Organização Não Governamental que luta pelos Direitos da Criança) e trabalha como ponto focal da região Sul na Comissão que elaborou o Plano e revela que nem a metade das ações foram executadas até hoje. “A aplicação destas diretrizes andam a passos lentos. Isso implica na possibilidade de não atingirmos os objetivos já traçados. O poder público é obrigado a realizar o que foi delineado nestas propostas”, cobra Moreira. Para ele, alguns fatores influenciaram para esta demora: a transição do Governo do Estado e a extinção da Secretaria de Estado da Criança e da Juventude, que foi transformada na Secretaria da Família e Desenvolvi-

Roberto Dziura Jr.

Banco de imagens

A luta contra o abuso

mento Social. “Agora esta Secretaria acaba não tendo o mesmo destaque em um cenário onde deveria ter um órgão específico para esta área. Nós entendemos que a pauta da criança e do adolescente não é da assistência social e sim uma pauta transversal, que passa por todas as políticas.”

As vítimas dão indícios de que algo está acontecendo, é preciso ficar atento

Identificar a violência Mas nem com políticas públicas é possível coibir e enfrentar esse tipo de violência. Algumas lições são tomadas em casa. A psicóloga Michelli Duje, que já tratou de adultos e crianças que sofreram abuso sexual, ensina que as vítimas dão indícios de que algo está acontecendo. “Como a criança não está preparada fisicamente e psicologicamente para tal estímulo, ela pode ficar confusa. Às

vezes, o agressor pode ser próximo, fazendo com que a criança crie certa lealdade. O abusador pode a seduzir e gerar confusão e conflito à criança”, explica. “Assim, ela se sente acuada para contar o que acontece.” Ainda de acordo com a psicóloga, os principais sintomas da criança que sofreu abuso são: depressão, baixa autoestima, interesse excessivo ou evita questões relacionadas à sexualidade, sintomas de estresse pós-traumático, sentimento de desconfiança, pesadelos/problemas no sono e distúrbios alimentares. A criança também passa a ficar retraída e isolada e apresenta mudanças repentinas de comportamentos como agressividade excessiva, pensamentos negativos ou medos em relação ao corpo/genitais.

Denúncia Se você suspeita de algum caso de violência contra a criança, ligue e denuncie no Disque 100 ou 181, que funciona 24h, todos os dias.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 37


tecnologia

Luciana já usa há mais de dois anos o banco no celular

Banco 24h à disposição Uso do mobile banking vem crescendo no Brasil; cuidados com segurança devem ser os mesmos que usuários têm com o computador pessoal

O

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

s smartphones trazem muitas comodidades para os seus usuários. Uma delas já é usada pela tradutora Luciana Macagnan Probst (31) há mais de dois anos, desde que o banco lançou o aplicativo para o telefone. Luciana uniu o útil à comodidade, já que ela não gosta de ir às agências bancárias físicas por medo e afirma ter facilidade em usar o celular. “Eu gosto do smartphone para tudo”, explica ela, que além dos aplicativos

38 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

mais comuns e do banco também usa para o trabalho. “[O serviço bancário] uso em qualquer lugar. Uma coisa que eu faço, às vezes, quitar a fatura do cartão de crédito para pagar alguma coisa numa loja”, completa. Os serviços mais usados por Luciana são a consulta de saldo e o pagamento do cartão de crédito. Não é apenas Luciana que utiliza essa facilidade. De acordo com a 7ª edição do Monitor Acision de Valor Agregado Móvel (Mavam), no início de 2011, 8,9% dos entrevistados utilizavam o celular para algum tipo

de serviço bancário ou financeiro. E, segundo a amostragem, a maioria está concentrada nos pós-pagos.

Canal O número de pessoas que utiliza esse serviço vem crescendo no País. E os bancos têm registrado esse crescimento. O Banco do Brasil constatou que, de 2010 para 2011, aumentou em 446% o número de transações pelo celular. O HSBC registra um crescimento de demanda de 25% ao ano. Já o Itaú e o Bradesco mensuraram o crescimento por número de downloads: 2,4 milhões (até março) e 1,5 milhão (até maio), respectivamente. A Caixa Econômica Federal também está de olho neste canal, e


O executivo-chefe da IdNext, Fabiano Fernandes, lembra que atualmente há 14 milhões de smartphones no País e que este é um canal considerável para os bancos. Fernandes explica que um dos motivos é a redução de custos. Mas não é o principal motivo. Para ele, a comodidade que os dispositivos móveis oferecem faz com que as pessoas levem os serviços para essa plataforma.

Roberto Dziura Jr.

“É uma funcionalidade extremamente interessante, quer dizer, é mais fácil você pagar a conta no teu iPhone, por exemplo, do que pagar uma conta no teu computador. Então, a questão da comodidade acaba sendo o principal motivador para a utilização dessa plataforma”, salienta Fernandes.

Segurança O executivo explica que os bancos estão pisando por um caminho já sedimentado e que isso nasce principalmente das solicitações dos clientes que passaram a utilizar ainda mais a plataforma móvel. Para os mais conservadores, Fernandes pondera que

Roberto Dziura Jr.

informou que o aplicativo deve ser lançado este mês.

os bancos estão cada vez fazendo aplicativos mais ágeis e mais seguros. Ele lembra ainda que fazer as transações online acaba sendo mais seguro do que ir propriamente ao banco. No entanto, esse não é um meio imune. “À medida que você traz funcionalidades para um smartphone, funcionalidades de um computador pessoal, você traz riscos também para ele”, completa Fernandes. Os cuidados que devem ser tomados no uso do banco no celular devem ser os mesmos de quando se usa o banco no computador, adverte Fernandes.

O número de pessoas que utiliza esse serviço vem crescendo no país “Ele tem de encarar o smartphone como um computador pessoal. O seu computador pessoal deve ser protegido por senha. Eu não vou dividir essa senha com ninguém”, ressalta. Para não correr riscos, Luciana sempre procura tomar cuidados com o celular. “Eu tenho a senha do telefone. [Procuro] não digitar perto de alguém, ainda mais nessa marca, que

Fernandes adverte que os cuidados com o celular devem ser os mesmos adotados com o computador

sempre aparece o número que você digitou e depois fica oculto. Não deixo as pessoas verem, porque está com o saldo aberto”, diz Luciana. Os cuidados também devem estar na escolha da rede. Fernandes comenta que a rede 3G acaba sendo mais segura do que uma rede privada e ainda mais do que uma rede pública, nesta alguém pode invadir o seu telefone e todos os dados contidos nele.

Os bancos no celular

Oferece o serviço desde 2007 para o correntista. Desde 2003, o banco matinha aplicativos para outras plataformas. Serviços mais procurados são consulta e recarga de celulares e 74% dos usuários estão na faixa etária de 21 a 40 anos.

O aplicativo da Caixa deve ser implantado este mês para aparelhos com sistema operacional Android e IOS. Os primeiros serviços serão consulta de saldo e extrato, transferências e também simulação de empréstimo imobiliário e resultado de loterias.

Lançamento do serviço móvel em outubro de 2010. Os serviços mais utilizados são de consulta de extrato de conta e cartão e recarga de telefone. Entre os usuários a maior concentração (49%) está entre 26 e 35 anos.

Os aplicativos para IOS e Android permitem ao usuário fazer a leitura do código de barras com a câmera do celular. Além do pagamento de conta, os aplicativos realizam operações bancárias e consultas e realizam aplicações, resgates, ações entre outros serviços.

Em 2000, lançou a primeira versão de mobile banking para tecnologia Wap 1.0 e em 2008 o primeiro aplicativo para iPhone. Conta com o serviço de leitura de código de barras pela câmera. Atualmente o Bradesco tem 963 mil usuários ativos.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 39


meio ambiente

Manejo da água no campo Importante recurso para a produção mundial de alimentos, a água deve ter seu consumo observado e melhor gerido, para reduzir desperdícios

T

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

rês mil litros de água. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), essa é a média para

40 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

produzir os alimentos necessários para uma pessoa por dia. Os números da FAO apontam ainda que 70% deste recurso é utilizado pela agricultura. Em alguns países esse dado chega a 90%. Um estudo holandês do pesquisador Arjen Hoekstra, criador da Pegada Hídrica, confirma essa cifra. Cerca de 92% da água doce do planeta seria utilizada no campo atualmente. Com a estimativa de que até 2050 a população mundial alcance nove bilhões de pessoas, produzir e alimentar todo mundo será um desafio. A solução? Está tanto quanto distante, já que, nesse campo, as opiniões sobre o uso e

o consumo dessa água pela agricultura são as mais distintas. Para o chefe do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola e professor de Climatologia Agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marco Aurélio de Mello Machado, o volume de água utilizada é mesmo muito grande. “Na medida em que você percebe que existe desperdício desde a captação até o uso, realmente, é muita água destinada única e exclusivamente para um setor”, salienta. Um dos grandes responsáveis pelo desperdício na agropecuária é, principalmente, a área de irrigação.


Zig Koch / Banco de Imagens ANA

Dados do Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe 2012–, lançado em junho pela Agência Nacional das Águas (ANA), mostram que, no Brasil, 72% da água consumida vai para a irrigação. No entanto, somente 7% da área total da agricultura no País utiliza esse tipo de sistema. No mundo, essa relação se faz com o índice de 18%. Ou seja, no Brasil gasta-se mais água, proporcionalmente, com menor área irrigada.

Roberto Dziura Jr.

Para irrigar

Para Machado, o problema no setor agropecuário é o desperdício

O coordenador de Articulação e Comunicação da ANA e engenheiro agrônomo, Antônio Félix Domingues, avalia que o número de água consumida na irrigação está dentro do padrão considerado normal. “O que não quer dizer que não tenha de fazer um trabalho muito grande para diminuir esse volume total”, diz Domingues. “O que é importante observar é que a agricultura utiliza água na produção de alimentos, mas grande parte, mais de 90%, retorna para o meio ambiente”, diz o pesquisador da área de Engenharia Agrícola do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Jadir Aparecido Rosa.

No Brasil, 72% da água consumida vai para a irrigação O professor da UFPR, no entanto, discorda desse ponto, pois não se resume a apenas retirar a água de um ponto, como um rio, por exemplo, e colocar em outro ponto. Machado explica que a água faz parte de um curso natural e a retirada dessa água em maior proporção de um lugar para outro pode causar problemas tanto na região onde foi retirada quanto para onde se está destinando esse recurso. Ele cita como exemplo a salinização, elevação do lençol freático e constantes inundações.

Produzir com menos Por isso, um dos desafios do futuro é produzir alimentos em grande quantidade, utilizando menos recursos, neste caso, hídricos. Segundo Rosa, existem sistemas de gotejamento que diminuem consideravelmente a quantidade de água utilizada na irrigação. Eficiência técnica e conscientização do produtor colaborariam também para uma produtividade com menos desperdícios. Para Machado, isso é possível. “A ciência, a técnica agropecuária, a engenharia da ciência agropecuária possuem mecanismos para produzir o mesmo, utilizando menos água”, afirma. Uma forma de trazer mais conscientização é cobrar do produtor um va-

lor que seria revertido para a própria Bacia Hidrográfica. Isso já ocorre em algumas regiões no Brasil, como na Bacia do Rio Paraíba do Sul, do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e na do Rio São Francisco. “É importante essa conscientização da classe [agrícola] assumindo para si esses encargos”, afirma Machado.

Poluição Se a agricultura tem uma participação grande pelo uso e consumo da água doce, por outro lado sua participação na poluição é bem menor, principalmente, no caso da irrigação. Em grande parte, a poluição está presente na pecuária, principalmente, na suinocultura. Mas o maior fator de poluição das águas é mesmo o esgoto não tratado, diz Domingues. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 41


comportamento

Procura-se um quarto Sites especializados se tornam uma importante busca por opções de moradias; em apenas um deles, são mais de 20 mil vagas por mês

‘‘

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Procuro vaga em apartamento no centro”. Os famosos cartazes nos murais das faculdades podem estar com os dias contados. Não porque as pessoas não necessitem mais de roommates (companheiros de quarto ou de casa), mas porque está havendo uma mudança na forma de como encontrar essa nova moradia: a internet passou a ser uma importante aliada. A publicitária Patrícia Siqueira (32), de Guarapuava, mudou-se em agosto do ano passado para Curitiba. No começo, ficou hospedada provisoriamente na casa de uma amiga, mas em janeiro deste ano teve a certeza de que continuaria na Capital, então começou a buscar outras opções de moradia. A primeira ideia era alugar sozinha um apartamento, mas não precisou pesquisar muito para saber que o custo era inviável. Sua segunda opção foi buscar um novo lar entre os conhecidos, também não obteve sucesso. Foi então, que sem alternativa, recebeu uma indicação do EasyQuarto.

Vagas virtuasis Fundado em 1999, o site EasyQuarto está presente em 37 países. Disponível para 42 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Roberto Dziura Jr.

O site é especializado em ajudar pessoas a alugar quartos ou dividir apartamentos. Foi assim que Patrícia encontrou uma nova moradia, depois de pesquisar algumas opções e conhecer três apartamentos. “Foi bem rápido. Desde que me cadastrei até encontrar, foi questão de duas semanas”, conta a publicitária, que está há dois meses no novo lar.


o Brasil desde 2006 foi o primeiro desta categoria. “Nenhum outro país cresceu nos últimos 12 meses como o Brasil, ainda há potencial para crescer mais”, afirma Dennis Volkmann, gerente Brasil & Portugal do Easy Quarto. Por mês, são aproximadamente 20 anúncios novos no País. O Paraná representa o quarto maior mercado, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Curitiba é responsável por 80% dos 2,5 mil anúncios ativos por mês no Estado. O restante fica quase todo concentrado entre Londrina e Maringá.

Tem de usar para compartilhar coisas, experiências, dividir custo, usar a ferramenta da melhor forma possível”.

“O mundo virtual é mais uma ferramenta disponível, que permite aos indivíduos construir um perfil público ou semiperfil público dentro de um sistema para articular uma lista de outros usuários com quem se quer compartilhar uma relação, responsabilidades, divisão de custos e tarefa”, analisa a psicóloga da Clinipam, Ester Pereira de Oliveira, especialista em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva e mestre em Ciências da Saúde.

O próprio site tem alguns mecanismos para tentar garantir a segurança de seus usuários. “Todos os nossos anúncios são moderados manualmente e isso já minimiza os riscos associados ao Spam. A gente tem a possibilidade dos próprios usuários fazerem uma

Patrícia também concorda que hoje é quase impossível não ter a ajuda da internet nessa procura por imóveis. “A gente está em um mundo em rede. E tem de usar isso a nosso favor. Eu já usava um grupo do Facebook de caronas para a minha cidade e foi aí que eu comecei a ver que não é só para compartilhar fotos e informação.

Precauções

Depois de uma boa selecionada entre os imóveis oferecidos pelo site, a visita é algo considerado de extrema importância, segundo Patrícia. “É ali que você vai ver o imóvel, suas características, você vai conhecer a pessoa.” Depois de tomar todas as precauções possíveis, é torcer para tudo dar certo. Até o momento, para Patrícia tem sido uma experiência interessante. “Quando falo que encontrei em um site todo mundo acha muito estranho. Acho que é uma experiência bem válida, de convivência, de adaptação. Indico para todo mundo. Se não der certo, pega suas coisas e parte para outra”. Roberto Dziura Jr.

Apesar da facilidade do uso da internet, nem tudo é positivo. Na hora da busca, é preciso tomar algumas precauções para não cair em roubadas. “Deve-se ficar atento, não deixar-se levar apenas pelas belas fotos ou pelas belas palavras utilizadas, é preciso ter cautela e cuidados na hora de usar a internet”, lembra Ester (ver Box).

denúncia. Nosso sistema detecta alguns padrões suspeitos, seja pelo uso de algumas palavras, pelo volume de mensagens, pelo valor que está sendo praticado”, explica Volkmann.

“Deve-se ficar atento, é preciso ter cautela e cuidados na hora de usar a internet”, afirma Ester

dicas Veja 5 dicas para não cair em uma roubada: ✔ Procure saber quais as razões pelas quais levou o colega a compartilhar a moradia Buscar um papo pode lhe mostrar muito mais do que a mera troca de informações ✔ Se depois de uma boa conversa, você não gostar do que ouviu e viu, reflita se vale a pena Quanto mais informações prévias obtiver, melhor para a tomada de decisão

✔ Procure um perfil que tenha afinidades Quanto mais próximo do que você quer, maior a probabilidade de dar certo ✔ Questione os lugares que costuma frequentar Isso te ajudará a identificar o perfil da pessoa ✔ Se possível, conheça alguém da família Importante ter mais referências sobre a pessoa

Fonte: Psicóloga Ester Pereira de Oliveira

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 43


internacional

Oportunidade deixada para depois Texto final da Conferência Rio+20 frustra expectativas e desenvolvimento sustentável deve ficar para depois da crise econômica

A

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ocorreu no Brasil durante duas semanas do mês de junho, tinha como objetivo a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável. Vinte anos após a Rio 92, o evento deste ano pretendia discutir novas ações em defesa do meio ambiente. No entanto, após o final da Conferência e a divulgação do documento oficial, a Rio+20 deixou a desejar para 44 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

muitos e recebeu críticas de diversas entidades por excluir alguns temas. Para o professor do curso de Relações Internacionais da UniCuritiba, Rafael Pons Reis, houve uma redução de velocidade em relação ao que foi visto em 1992. O presidente do Conselho de Biologia da 7ª Região (CRBio 07-PR), Jorge Augusto Callado Afonso, que participou da Rio+20 e da Rio 92, relembra que a primeira conferência foi muito pródiga tendo como resultados a Agenda 21, o Sistema de Gestão Ambiental, as certificações ambientais e a Carta da Terra.

Participação brasileira Duas décadas depois, o Brasil passou a ter sua opinião mais respeitada no debate internacional e em temas que envolvem o meio ambiente. “Quando o Brasil se manifesta sobre determinado tema ambiental, a densidade dessa manifestação é muito diferente em relação a outros países”, pondera Callado. “Tenho visto que o Brasil sempre tem se destacado como líder na diplomacia ambiental”, afirma Reis. Para o professor, isso tem acontecido desde a década de 1980, culminando com a Rio 92, que foi uma resposta assertiva da


Agência Brasil / Fabio Rodrigues Pozzebom

diplomacia brasileira às críticas que o Brasil vinha tendo por causa de problemas ambientais. Para Reis, entretanto, na Conferência deste ano, o que se viu foi outro Brasil. “O que explica a posição do Brasil é uma combinação de fatores domésticos e fatores externos. [...] A conjuntura internacional, pelo o que eu vejo, não está muito propícia às discussões relacionadas à criação de um fundo ambiental”, avalia.

O professor acredita que o desenvolvimento sustentável ficará apenas para depois da crise financeira que vive, principalmente, a Europa e os Estados Unidos. Para ele, perdeu-se uma oportunidade de implantar esse desenvolvimento. Reis julga que, considerando este ponto, talvez o Brasil soubesse que não conseguiria levar adiante “uma proposta inovadora ou uma proposta muito ousada”.

De lá para cá, o Brasil passou a ter sua opinião mais respeitada no debate internacional O fator econômico também foi um fator preponderante, na opinião da secretária-executiva do Instituto Life, Maria Alice Alexandre, que participou de fóruns com o tema negócios e biodiversidade. “Houve muitas discussões, o mundo passou por diversas mudanças e agora nós temos uma crise mundial financeira. Então, nós sempre temos uma desculpa para não cuidar de um assunto tão sério”, lamenta. Já para o diretor-executivo da Terra Nova, André Luis Cavalcanti de Albuquerque, o papel do Brasil no debate da Rio+20 foi ser um mediador, “por considerar que é melhor sair com algo que depois possa ser aprimorado, do que sair sem nada”,

Ban Ki-moon, atual secretário-geral da Organização das Nações Unidas durante a Rio+20

analisa. Albuquerque, que participou do Fórum de Empreendedorismo no Forte da Nova Economia, percebe que ainda há entre os dirigentes das nações um receio em assumir compromissos considerados necessários para garantir o futuro da humanidade.

Pressão Apesar da pressão da sociedade internacional por resultados concretos, Callado lamenta que “nem todos os países apresentaram a mesma vontade política que o Brasil apresentou. E para Roberto Dziura Jr.

Agência Brasil / Fabio Rodrigues Pozzebom

Resultados

que as coisas ocorram tem de ter primeiro vontade política, depois recursos e execução”. Para Reis, os países agiram de forma muito pragmática durante a Rio+20, o que resultou no não entendimento entre as nações. “O que vai determinar o sucesso de uma negociação internacional é basicamente uma mínima aceitação dos países em torno daquela proposta”, considera Reis. Assim, o texto final foi pouco ousado e precisará ser aprimorado num futuro próximo. Mas a evolução das ações pró-ambientais dependerá basicamente de uma posição clara e de consenso dos países. “Eu percebi na Conferência como um todo, que as metas não ficaram muito claras e muito explícitas. Até porque, você estabelecer metas onde entram números com valores, muitas vezes, não depende só de um setor da sociedade debatendo”, sintetiza Callado.

Para Reis, os países perderam uma oportunidade de implantar o desenvolvimento sustentável

Agora o cerco deve se fechar ainda mais para as lideranças políticas dos países participantes. O que não se conseguiu do que era esperado nesse evento em termos de compromissos vai se transformar em pressão mais adiante, diz Albuquerque. Para ele, alguns países “vão se arrepender de não ter [...] se comprometido suficientemente”. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 45


turismo

Aventura em meio à natureza Reserva Natural oferece aos turistas muitas aventuras e adrenalina em meio a matas preservadas, rios, cachoeiras e cânions

H

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Essa transformação não aconteceu por acaso. Depois de viajar por muitos lugares, Márcio Miranda, proprietário do Ninho do Corvo, decidiu que gostaria de ter um espaço que juntasse preservação ambiental com turismo de aventura. Foi então que ele conheceu o município de Prudentópolis e encontrou um lugar onde poderia tornar realidade o sonho que tinha. “Acho que foi uma coisa meio de destino. O lugar meio que caiu em nossas mãos. Parece que estava lá para ser nosso mesmo”, recorda. A propriedade em Prudentópolis, cidade do Centro-Sul paranaense conhecida como “a terra das cachoeiras gigantes”, assim como o restante da cidade, foi agraciada pelo relevo e 46 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Roberto Dziura Jr.

á 10 anos, o local onde atualmente está a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ninho do Corvo era um sítio de lavoura, que estava muito degradado. De lá para cá, muita coisa mudou. A área de plantação foi sendo preservada e ganhando árvores. Culminando no status de área de preservação permanente.

pelas águas. Ao todo, são oito cachoeiras na reserva, sendo que duas delas podem ser visitadas pelos turistas. “É um lugar privilegiado. São 25 hectares com oito cachoeiras. Tem alguns que são pequenos cânions. Uma delas é o cânion Barra Bonita, onde a gente tem as atividades que acontecem lá e para baixo você tem mais uma série de cachoeiras”, orgulha-se Miranda.

Aventura Numa dessas oito cachoeiras é que acontecem duas das atividades oferecidas pelo Ninho do Corvo. A primeira é a rapelesa, que é um rapel que cruza o cânion do Rio Barra Bonita. Um momento de tirar os pés do chão, já que o turista fica pendurado a 70 metros de altura em 45 graus. A vista de cima do rio e do cânion é de tirar o fôlego.


Fotos: Roberto Dziura Jr.

Acima, o turista fica sem ter onde apoiar os pés na rapelesa; chance de observar a bela vista do lugar. Ao lado, o visitante anda sobre toras a 15 metros do chão no arvorismo

O que levar: Roupa confortável (que possa sujar e molhar), bota ou tênis (sapato fechado), muda de roupa, toalha, repelente, protetor solar, água e muita vontade de fazer atividade

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 47


Bindewald descendo na rapelesa; aventura foi “fantástica”

Acervo pessoal

turismo Como chegar:

Partindo de Curitiba via Ponta Grossa, siga em direção à Guarapuava. Chegando às proximidades da entrada da cidade de Prudentópolis haverá uma passarela de pedestres e na sequência (à direita) uma placa que indica para o Salto São Sebastião. Siga as placas que levam a este salto, a entrada do Ninho do Corvo está pouco depois do Recanto Perehouski. Desde a saída da BR, são ao todo 25 km (15km de asfalto e 10km de terra). Para quem não gosta de se molhar, a aventura que vem na sequência da rapelesa não é indicada. No mesmo rio e cânion, há uma tirolesa (corvolesa) de 140 metros de extensão que mergulha cânion e cachoeira abaixo, levando o aventureiro até a água. Um mergulho com muita adrenalina no meio da mata preservada. A corvolesa foi o que mais atraiu o funcionário público Homero Vieira Segundo (40), que aproveitou uma oportunidade num site de compras coletivas para se aventurar no lugar. Ele conta que gostou da “paisagem em si, porque você olha de cima você não tem ideia que tem um cânion que passa um monte de cachoeira e um monte de queda d’água”.

Adrenalina

Mas a aventura no Ninho do Corvo não fica apenas na corvolesa e na rapelesa. No roteiro, que pode ser montado pelo visitante, ainda estão uma tirolesa de mais de 100 metros de extensão e até 30 de altura, e também arvorismo a uma altura de 15 metros do chão. Para quem gosta de uma atividade mais tranquila, também dá para fazer apenas trilhas pela unidade de conservação ou até acampar no lugar. Roberto Dziura Jr.

Vieira não realizou o passeio sozinho, ele reuniu um grupo de amigos que costuma fazer atividades em meio à natureza para ir até Prudentópolis.

Entre esses amigos estava o instrutor de ioga e bioterapeuta, Tiago Bindewald (30). O instrutor se rendeu às belas paisagens da cidade. “A gente adorou tudo. Tanto a região de Prudentópolis que ninguém imaginava que era tão bonita. [...] E lá [na reserva] foi fantástico”, afirma Bindewald, que diz ter se divertido muito nas atividades de aventura. Para ele, a tirolesa no meio do cânion foi “sensacional”. “Passar no meio da fenda, molhando na cachoeira, descarregou todos os bichos. Soltou toda a adrenalina”, entusiasma-se.

O roteiro de atividades pode ser montado pelo turista; a tirolesa tem 100 m de extensão e fica a 30 m do chão

48 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Conservação O condutor auxiliar, Alex Skavronski, foi trabalhar no Ninho do Corvo como possibilidade de aplicar os conhecimentos do curso de Turismo que tinha. Mas, cursando Ciências Ambientais, ele viu uma possibilidade a mais. Na reserva, ele pode relacionar o conhecimento acadêmico do curso ao local de trabalho. E isso hoje é o que mais agrada Skavronski. Apesar de ser um local para turismo de aventura, a preservação é o que vem em primeiro lugar, na visão de Miranda. Ele explica que existe muito mais a ser explorado com o turismo no local. “A cachoeira Ninho do Corvo dá o nome para o lugar, porque é uma das maiores que tem lá. Só que essas ainda não estão abertas para o público, por questões de segurança e preservação mesmo”, explica Miranda. Para ele, é preciso dar condições para que o turista possa aproveitar o lugar com segurança mantendo a preservação.

Valores: Entrada (garante acesso às trilhas):............................... R$15 Atividades (com entrada inclusa): Tirolesa: (duas descidas)............................................................... R$30 (três descidas)................................................................ R$40 Arvorismo:..................................................................... R$60 Rapelesa (uma descida):................................................ R$80 Corvolesa (uma descida):.............................................. R$80 Combos (com entrada inclusa): 2 atividades: .................................................................. R$90 Circuito Cânion (tirolesa, rapelesa e corvolesa):........ R$120 Circuito completo (Circuito Cânion + arvorismo):.... R$150


A Mês está sempre ao seu lado. Em todos os sentidos.

Todos os meses, você encontra a Revista Mês nas principais avenidas e nos melhores lugares de Curitiba. Para recebê-la gratuitamente em sua casa ou no trabalho, envie o pedido no contato: leitor@revistames.com.br. Vamos enviar um formulário de cadastro para preencher seus dados e, assim, efetuar a sua assinatura. Grátis. Tudo para estar sempre junto de você. PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO • Banca da Praça Osório • Banca da Praça da Espanha • Banca da Praça da Ucrânia • Banca da Praça de Santa Felicidade • Brioche Pães e Doces | 3342-7932.Av. 7 Setembro, 4416 | Centro • Delícias de Portugal - 3029-7681.Av. 7 de Setembro, 4861 | Batel • John Bull Café - 3222-7408. Rua Comendador Araújo, 489 | Batel • Pata Negra - 3015-2003. Rua Fernando Simas, 23 | Batel • Panificadora Paniciello - 3019-7137.Av. Manoel Ribas, 5965 | Cascatinha • Panettiere - 3014-5334.Av. Cândido Hartmann, 3515 • Madalosso - 3372-2121.Av. Manoel Ribas, 5875 | Santa Felicidade • Vinhos Durigam - 3372-2212.Av. Manoel Ribas, 6169 | Sa Felicidade • Dom Antônio - 3273-3131.Av. Manoel Ribas, 6121 | Santa Felicidade • Tizz Café - 3022-7572.Al. Doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel • Academia Gustavo Borges - 3339-9600. Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira • Adega Brasil - 3015-3265.Av. Cândido Hartmann, 1485 | Mercês • Kauf Café - 3015-6114.Al. Dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro • Cravo e Canela Panificadora - 3015-0032. Rua Jacarezinho, 1456 | Mercês • Babilônia - 3566-6474.Al. Dom Pedro II, 541 | Batel • Cravo e Canela Panificadora - 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom Retiro • Semáforos - Rua Visconde de Guarapuava com a Brigadeiro Franco (Esquina shopping Curitiba) • Rua Padre Augustinho com Capitão Sousa Franco (Praça da Ucrania) • Rua Emiliano Perneta com Desembargador Motta • Rua Martim Afonso Capitão Sousa Franco (Colégio Positivo)

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 49


esporte

Do Paraná para o sonho olímpico

O

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

sonho da participação em uma Olimpíada se concretiza para os atletas de quatro em quatro anos. Tempo de muita preparação e disputa em busca do índice para o grande evento do esporte mundial. Até o fechamento desta edição, 248 atletas brasileiros já haviam garantido a vaga para Londres. Dentre eles, alguns paranaenses, como o nadador curitibano de 200 m medley, Henrique Rodrigues, que participará da sua primeira Olimpíada em Londres.

50 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Apesar de concorrer com atletas como Michael Phelps, Ryan Lochte, além do brasileiro Thiago Pereira, Rodrigues está muito animado. “Estou realmente muito feliz e agora quero ir para brigar pela medalha”, afirma. O esgrimista curitibano Athos Schwantes também vai participar dos seus primeiros Jogos Olímpicos. O atleta quer mais é: “Surpreender! Como não serei o favorito, vou usar isso ao meu favor e jogar todo o peso da responsabilidade para os meus adversários. Esta é uma competição onde todos podem ganhar visto que jogam apenas trinta atletas do mundo inteiro, todos tem nível para chegar à medalha”, afirma Schwantes. Londres também será a primeira experiência para o ciclista de estrada Gregolry Panizo, de Tupãssi, Oeste do Paraná. O atleta venceu a prova de

estrada no Campeonato Pan-americano de Ciclismo de Pista e Estrada em Medelin, na Colômbia, e conquistou a vaga para o Brasil na categoria. Panizo se dividiu entre a dedicação para

Divulgação / Loja de Notícias

Determinação, esforço e muita expectativa fazem parte da vida de um atleta olímpico; paranaenses contam à Revista Mês o que esperam dos Jogos de Londres


Roberto Dziura Jr.

Londres e também entre as outras competições do calendário esportivo, pois a convocação só saiu em junho. Panizo sabe que a cobrança aumentou. “Eu gosto de trabalhar sobre pressão. Isso me incentiva muito, me dá mais vontade de treinar o meu máximo”, revela o atleta que conheceu o percurso onde será realizada a prova de 260 km em Londres.

Experientes

Junto com Renata está a goleira do Foz e também da seleção, Bárbara Micheline, que vai participar da segunda Olimpíada. Elas passaram por uma preparação de um mês no Rio de Janeiro, pensando na formação de um conjunto para Londres. Para Bárbara, esse tempo de treinamento na Granja Comary foi importante para a constituição da equipe que vai para Londres.

Preparação do esgrimista Athos Schwantes foi em Santiago no Chile

O paranaense Henrique Rodrigues vai para Londres em busca de medalha nos 200 m medley Arquivo pessoal

Se a competição é novidade para os três atletas, para as jogadoras do Foz/Cataratas e da Seleção Brasileira de Futebol, a Olimpíada de Londres terá outro gostinho, o de brigar pelo título inédito. As meninas do futebol, que já participaram de outras Olimpíadas, vão brigar pelo ouro, como conta Renata Costa, natural de Assaí, no Norte do Paraná. A experiente volante da seleção vai para sua terceira Olimpíada.

ca. Parte desse apoio vem da família. Para alguns, como Schwantes, a dificuldade foi além do apoio psicológico. A compra dos materiais também era difícil, pois não havia representantes no País. Já o nadador Rodrigues, tem todo o apoio e está montando uma equipe multidisciplinar em Curitiba.

Hora H

Panizo venceu o Campeonato Pan-americano de Ciclismo em Medelin e garantiu vaga para o Brasil

Vida olímpica A preparação desses atletas foi pesada para chegar à capital inglesa com as melhores condições. O treinamento pré-olímpico de Rodrigues aconteceu em sua maior parte em Curitiba, cidade onde ele tem raízes, mas também viajou para Londres e Barcelona para participar de provas no início de junho e depois partiu para um treinamento em altitude, no México. Já Schwantes realizou toda a preparação em Santiago, no Chile. Além de todo o esforço realizado dentro do espaço de competições, os atletas também precisaram de muito apoio para conquistar a vaga olímpi-

Com a proximidade da competição, os nervos ficam cada vez mais à flor da pele. A jogadora Renata sabe que o clima olímpico é diferente. “Você entra na vila e você está no clima gostoso. [...] Acho que todo atleta tem esse sonho de estar um dia de estar vestindo a camisa da seleção brasileira, de estar na Olimpíada”, afirma a volante. Já o novato Rodrigues também quer aproveitar o contato entre atletas na Vila Olímpica para conhecer estrelas do esporte, como Usain Bolt. “Realmente espero trombar com ele por lá para que eu possa tirar uma foto, e pedir autógrafo”, completa. Além de poder encontrar outros atletas, a Vila será um local de concentração. “Assim como em outros grandes eventos mundiais esportivos, tenho certeza que todos estarão se focando para dar o máximo. O ambiente é muito legal, pois se vê ídolos mundiais treinando e comendo no mesmo local que você. Este é o local onde os melhores atletas do planeta se encontram”, finaliza Schwantes. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 51


Para quem curte navegar com informação de qualidade.

@mes_pr MÊS Paraná Versão on line: www.revistames.com.br 52 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012


5 perguntas para: Gustavo Borges

Um mergulho para o Hall da Fama

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br Colaborou Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Como foi receber a notícia de que integraria o Hall da Fama? Foi uma notícia boa. Recebi no ano passado por volta de novembro e recebi até de um ex-treinador que me mandou os parabéns, só que eu não entendi nada. Aí ele me mandou um link que dava numa página de uma revista que estava divulgando isso aí. Eu entrei em contato com o Hall da Fama e eles me confirmaram. Porque eu não ia sair divulgando sem que a coisa não fosse certa. E aí fiquei superfeliz. Estava superorgulhoso! O que passa pela cabeça ao receber esse título? Passa a carreira que eu tive. Esse é o prêmio mais alto que um atleta, depois da atividade de alto rendimento, pode conseguir: entrar para o Hall da Fama. Não tem nada maior do que isso para um ex-atleta. É um sentimento meio estranho, por que e agora? Não tem nada mais do que isso para ganhar, mas é um sentimento de

Roberto Dziura Jr.

O ex-atleta Gustavo Borges (29), que coleciona 4 medalhas olímpicas, 4 recordes mundiais, 19 medalhas em Pan-Americanos e 31 medalhas em Copas do Mundo, recebeu outro título, dessa vez fora da água. Borges é o único nadador brasileiro a integrar o Hall da Fama da Natação, igualando-se somente a Maria Lenk. Por essas e outras, Borges é mais do que gabaritado também para analisar a participação dos nadadores brasileiros nas Olimpíadas de Londres. Confira! muito orgulho. Você tem pela carreira toda resultados competitivos, de repente você está lá no Hall da Fama do lado da Maria Lenk, que é outra nadadora presente. Quais os sacrifícios que hoje você observa que valeram a pena? Tudo. Não tem uma coisa que não valeu a pena. O caminho do treinamento é muito duro. Você tem a questão do sacrifício, da dedicação, da disciplina, encarar as rotinas do dia a dia, tudo isso teve um custo alto que a gente pagou naquele momento para ter um resultado futuro. E os resultados vieram, então não faria nada diferente nesse aspecto. E todas as lições que vieram do esporte foram fundamentais para que as coisas acontecessem como elas aconteceram. Em relação aos novos atletas da Natação, o que você acha? Um grupo bom. A gente está aí com uma equipe boa. São 18 atletas e o Cesar é, sem dúvida, o principal atleta do Brasil hoje. Thiago Perei-

ra é um atleta que conseguiu muitos bons resultados ao longo da carreira e merecia uma medalha olímpica. Então, acho que ele está focado nisso. Ele quer essa medalha olímpica, tem chances de conseguir. Felipe França está com boas condições. Os revezamentos estão muito bem posicionados. Os nadadores de peito, até pouco tempo atrás, o Brasil não tinha nadadores de peito, tem quatro pessoas no peito nadando. Bruno Frates está bem ranqueado nos 50 m livre, todo mundo que está indo para a Olimpíada. Estão bem preparados, os tempos foram fortes para conseguir o índice, com equipe forte, consistente. Quantas medalhas olímpicas apostaria que a Natação vai trazer para o Brasil? Qualquer coisa entre duas e quatro, acho que seria um ótimo resultado. Em duas, o Cesar conseguiu a última. Vai ter um jogo duro nos 100 m livre, mas acredito que ele vai estar muito bem preparado para isso. No revezamento, o Bruno, o Felipe, o Thiago, têm mais outras opções. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 53


automóvel

BMW Série 3 se renova na sexta geração Com 93mm a mais de comprimento, o destaque fica por conta do motor 4 cilindros 2.0, que consegue acelerar de 0 a 100km/h em apenas 5,9s

O

novo BMW Série 3 mal chegou ao Brasil e já pode ser visto circulando nas ruas de Curitiba. Segundo a marca, o modelo que eles consideram o primeiro sedan esportivo médio do mundo está na sua 6ª geração e é o carro mais vendido na história da BMW. Oferecido nas versões 328i, 328i Sport, 328i Modern e 328i Luxury, o carro pode

54 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

Com 93 mm a mais de comprimento, o aumento de entre-eixos foi de 50 mm, o que garante mais espaço e con-

custar de R$178 mil (328i) a R$225 mil (Modern ou Luxury). Estas duas últimas já chegaram à capital e estão sendo comercializadas. Ainda este ano, no segundo semestre, a BMW pretende, também, trazer o modelo 335i ao País. As diferenças entre a série anterior são gritantes. “O novo BMW Série 3 é todo diferente da versão anterior. Ele traz um novo conceito de tecnologia embarcada e carroceria que está maior, mais larga, com mais espaço entre-eixos”, afirma Oliveira Carva-

Fotos:Roberto Dziura Jr.

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

lho Junior, gerente comercial da Euro Import BMW, de Curitiba.


Ficha Técnica BMW Série 3 – Sedan - F30. 328i 12/12 Câmbio Automático CONFORTO

Servotronic

Teclas multifunções

Volante esportivo em couro

Câmera traseira com controle de distância para estacionamento traseiro Tapetes em veludo

SEGURANÇA

Controle dinâmico de estabilidade DSC Airbags para motorista e passageiro frontal, laterais dianteiros e de cabeça dianteiros e traseiros Faróis antineblina Luzes bi-xenon

Ajuste elétrico dos bancos dianteiros com memória

Cintos de segurança dianteiros com pré-tensionamento

Apoio de braço central dianteiro retrátil

Controle de frenagem em curvas CBC

Ar condicionado automático digital

Luz traseira antineblina

Apoio de Braço Central Traseiro Radio BMW Profissional com CD frontal Sistema de alto-falantes Hi Fi

Tecnologia bluetooth + entrada USB Monitor colorido de 6,5”

Revestimento em couro Dakota

Controle automático de estabilidade, com ABS integrado ASC+T Função siga-me

TECNOLOGIA

Caixa de câmbio automática de 8 marchas com Steptronic

Sistema antifurto com controle remoto por ondas de rádio e alarme com tecnologia EWS

Sensor de chuva, com acionamento automático dos faróis baixos Computador de bordo com display multifuncional

Botão driving experience incluindo ECO PRO: permite ajuste individual de propulsão, chassis e componentes da suspensão e, com a ativação do ECO PRO mode, é possível otimização de consumo de combustível Efficient dynamics

Tecnologia car e key memory Tecnologia iDrive Tecnologia RFT DESIGN

Rodas de liga leve V- Spoke, estilo 395 R 17”

Teto solar

Roberto Dziura Jr.

Banco traseiro bi-partido

Função Start/Stop

forto aos passageiros, principalmente, para as pernas. Além da comodidade, a estabilidade do carro também saiu ganhando com esse upgrade.

Potência Com o motor 4 cilindros 2.0, o BMW consegue chegar a 245 cavalos de potência e o torque máximo de 1.250 rpm. Tornando possível acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 5,9 segundos, de acordo com informações da marca. À gasolina e com a nova tecnologia TwinPower Turbo, a promessa é de melhor relação entre o consumo e as emissões de poluentes. O sistema star/stop, já utilizado em outro modelo da marca, está presente no novo Série 3. É só o carro permanecer imóvel por alguns segundos que o motor desliga automaticamente, também para consumir menos combustível e consequentemente emitir ainda menos poluentes. Para religar,

O motor é à gasolina e tem a tecnologia TwinPower Turbo, que diminui o consumo e as emissões de poluentes

basta um movimento leve no volante ou no acelerador. Os modos de condução são os mesmos já oferecidos no novo Série 1. O motorista pode optar pelo confort, sport e eco pro. Como o próprio nome já diz, o primeiro garante uma direção mais confortável, o segundo mais esportiva e o terceiro mais ecológica.

“Há o diferencial do motor quatro cilindros turbo, os diferentes modo de condução e o sistema iDrive, conceito que viabiliza o acesso rápido a informações sobre o direcionamento do carro por meio de telas de seleção, que agora vêm em todas as versões do Série 3”, resume Júnior, ao explicar as diferenças em relação à versão antiga. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 55


moda&beleza

Os verdadeiros amigos da mulher Sapatos e bolsas são uma paixão unânime do público feminino: neste outono-inverno, as cobras e o colorido aparecem nesses acessórios Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

B

olsas e sapatos: esses dois acessórios fazem a cabeça das mulheres. São dois elementos que, independentemente da classe social, gosto e formato, é uma paixão unânime entre o público feminino. Elas conseguem aliar sua paixão ao seu dia a dia, literalmente, em cima do salto. As estampas de animais, conhecidas como Animal Print, vêm fazendo sucesso entre as mulheres. A estampa

56 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

de oncinha, por exemplo, ganhou um valor no mundo da moda já na década de 60. Um dos seus criadores foi o estilista Roberto Cavalli, que fez um desfile expondo peças, fazendo com que a oncinha caísse no gosto das mulheres. Mas agora o animal da vez é a cobra. “O Animal Print virou um coringa no vestuário e nos acessórios da mulher. É fácil de combinar e deixa o look mais glamuroso. É uma estampa que sempre está presente nas coleções e tem ótima saída”, explica a designer

de acessórios e consultora da grife Raphaella Booz, Bruna Grein. As estampas de animais garantem às mulheres uma imagem mais confiante e de poder. “A mulher dos anos 90 foi uma mulher mais quadrada e masculinizada. A partir de 2000, tudo mudou e se ajustou. Como ser sensual e elegante? As estampas animais fazem isso, remetem ao sensual e ao chique”, explica a consultora de imagem, Aline Dala Valle Perfetto. Além dos sapatos, estas estampas aparecem também nas bolsas. O couro está também muito presente neste inverno, principalmente, nas bolsas clutches, modelos de mão, estilo carteira. Porém, as bolsas gigantes ainda continuam valendo.

O antigo As releituras de épocas antigas também estão em alta. A mulher atual


Roberto Dziura Jr.

Nos calçados como sapatos e sapatilhas, é possível encontrar também bicos bicolor da década de 60, quando Coco Chanel criou o primeiro sapato bicolor da história em couro bege com o bico preto. Hoje, estes bicos são releituras em diversas cores, tons metalizados e levam adereços, como tachinhas e flores. Os saltos também seguem a mesma regra. Mas além do oxford que continua em alta em diversas leituras, a grande vedete desta estação é o sleeper, sapato parecido com sapatilha, mas que apresenta uma aba mais alta e em cima dos pés. Faz lembrar sapatos masculinos, mas sem cadarço.

Botas Toda mulher já conhece as famosas botas montarias. Logo que as curitibanas aderiram à elas, não largaram mais dos pés. O principal fator que chama

Segundo Aline Dala Valle Perfetto, a mulher busca a sensualidade e o chique em sapatos e bolsas

Fotos: Roberto Dziura Jr.

também busca a essência e a feminidade da mulher antiga. Hoje, as coleções apresentam sapatos e bolsas inspirados nos anos 20 aos anos 70, com estilos andrógenos, coloridos e com muito brilho. O glitter pode aparecer tanto em detalhes de sapato como em todo ele. As peças coloridas também fazem sucesso, como o amarelo, o rosa e o vermelho.

a atenção das mulheres é porque este tipo de bota proporciona conforto e elegância. Agora, a novidade é o Matelasse, com diferentes tamanhos e formatos, com costura dupla e desenhos além do tradicional losango. As cuissardes ou botas de cano superlongo também estão em alta. Para as mulheres mais baixinhas, uma dica é usar estas botas na cor mais escura como o café com uma legging ou meia da mesma cor, dando um efeito de alongamento do corpo da mulher. Além disso, as botas nos modelos Ankle Boots e Open Boot, ou seja, com canos baixos e bicos abertos são apostas certas na moda para este ano, podendo ser usadas em qualquer estação.

Cores da moda Uma das tendências mais fortes do outono-inverno 2012 são as peças na cor burgundy, ou o velho e conhecido “tom bordô”. Além do bordô em diferentes tonalidades, o azul petróleo também está em alta nestas estações. “O bordô e o azul petróleo atuam como o café e o preto: são cores modais, ou seja, cores neutras que combinam facilmente com qualquer roupa e permitem diversas combinações, pois são cores que não se sobressaem”, explica a estilista de sapatos, Lilia Damiani. “São cores coringas. E o vermelho, nunca sai de moda.”

bolsas e sapatos Siga algumas das tendências para 2012:

Sapatos com bicos metalizados e coloridos, inspirados nos anos 60, na estilista Coco Chanel

As botas de montaria continuam em alta: a novidade são as texturas conhecidas como Matelasse

As bolsas clutches, modelos de mão estilo carteira, farão sucesso no inverno

A cor bordô é a sensação do momento; é uma cor “coringa” que combina com tudo

Pode abusar no glitter: sapatos com muito brilho e de plataforma voltam a ser os novos queridinhos

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 57


culinária&gastronomia

Made in Brasil

A receita de pizza, originalmente italiana, sofreu muitas alterações no país tropical e se reinventou no gosto dos brasileiros Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

D

ia 10 deste mês é comemorado o Dia Mundial da Pizza. Apesar de a tradição ser italiana, para os brasileiros sempre é motivo para celebrar e apreciar este prato. Um levantamento realizado em 2010 pela ECD Food Service e Associação Pizzarias Unidas mostra que no Brasil se consome 1,5 milhão de pizzas por dia. Em Curitiba, não tem nenhum dado sobre o consumo de pizza diário, mas segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes-PR, atualmente

58 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

23 pizzarias encontram-se cadastradas na cidade. Para o gerente da pizzaria Piola, Murilo Mongelo, a pizza caiu no gosto dos brasileiros. “Tanto pela praticidade, custo. Essa vida corrida. Pizza é uma coisa bem rápida pra pedir em casa, para ir ao restaurante, é uma coisa rápida pra ser feita. Combina com qualquer coisa.”

Praticidade O ex-pizzaiolo Dilvar Gehlen e atual consultor do controle de qualidade da pizzaria Babbo Giovanni, com sede

em Curitiba, também diz acreditar que a praticidade é um dos pontos fortes da pizza. “De noite deu fome e a primeira coisa que pensa é em comer uma pizza. Muito também pela comodidade. Hoje em dia o que mais tem delivery é a pizza. E é uma coisa rápida pra se fazer. Pode comer fria e quente. Tem gente que pede pra comer no dia seguinte. É muito fácil adequar uma pizza e até fazer em casa”, diz. Mongelo afirma que se o preparo da pizza começar assim que o pedido for feito, o cliente vai demorar no máximo 10 minutos para receber o prato escolhido. Na Babbo Giovanni este


tempo de preparo também é parecido. “Leva de 30 a 40 segundos para abrir a massa. Conforme a pizza, de um minuto a dois na montagem. E no forno no máximo três minutos. Tem toda uma preparação [anterior]”, conta Gehlen.

“Aqui no Brasil a gente tem o costume de abranger mais os ingredientes”, afirma o gerente

Itália X Brasil

Em relação ao recheio, também não existem muitas opções no conceito italiano. “Em geral, combinações de poucas coisas, porque sendo pizza individual não dá para ser muito cheia, seria muito para uma pessoa só”, explica Mamprim.

A “discussão” sobre qual pizza é melhor, a italiana ou a brasileira, é infinita Para Mongelo, isso está relacionado à questão da tradição. “Eles têm costume de usar poucos sabores. Sabores mais clássicos. Usam ingredientes bem específicos. É tomate, manjericão, muitos queijos. Aqui no Brasil, a gente tem o costume de abranger mais os ingredientes. Na Itália, eles têm esse costume de ser mais tradicionalista”. Mamprim concorda com a afirmação. “No Brasil tem uma cultura mais aberta, com inovações, e vontade de criar coisas diferentes nas coisas que existem já, como a pizza por exemplo. Alguns recheios as pessoas na Itália não aceitariam”, complementa.

Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Apesar de a tradição ter vindo da Itália, a pizza brasileira é completamente diferente, tanto em relação aos sabores, como em relação aos tamanhos e a forma de servir. Por lá, “a pizza é individual, fina, crocante, não tem muito recheio como no Brasil, a massa leve, pois assim as pessoas conseguem comer tudo, visto que a pizza é um pouco grande”, explica o brasileiro Paolo Mamprim, que trabalha como pizzaiolo na Itália.

Influências

Ranking

Apesar disso, algumas pizzarias brasileiras seguem parte da filosofia italiana. “Comida preparada não poder ir acima de pizza, como por exemplo, o estrogonofe”, diz Gehlen. “Sairia um pouco do conceito de pizza”, diz Mamprim.

A “discussão” sobre qual pizza é melhor, a italiana ou a brasileira, é infinita. Mas uma coisa é impossível de negar, os brasileiros são mais criativos. “Sempre tentam achar sabores novos, e transformar coisas que não seriam sabores novos de pizza”, afirma Mamprim.

Mas, não são só os brasileiros que são influenciados pela pizza italiana. O nosso tradicional rodízio já está chegando por lá. “Essa ideia, que no Brasil é uma coisa muito usada e de muito tempo, está começando a chegar aqui também. Em alguns poucos lugares estão tentando lançar essa nova ideia. Eu acho que poderia dar certo sim, mas levará muito tempo para ser uma coisa forte”, conta Mamprim radicado na Itália.

“Existem muitos brasileiros que vão para a Itália e voltam dizendo que a pizza de lá é horrível e que a nossa é muito melhor”, conta Gehlen. Já para o brasileiro pizzaiolo na Itália, é difícil comparar. “Acabam sendo dois produtos e comparar dois produtos diferentes não e fácil. Mas acho que prefiro a italiana. Mas a pizza do Brasil é muito boa também.” REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 59


cultura&lazer Em junho, dezenas de pessoas promoveram em frente à Ópera de Arame, um ato contra a licitação. “Vamos até o último minuto para reverter isso”, diz Hedmilton

Duas faces da mesma moeda

Fechada por decisão judicial há 4 anos, a Pedreira Paulo Leminski volta a ser notícia, agora junto com a Ópera de Arame e Parque Náutico na polêmica concessão à iniciativa privada Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

A

ssim como uma apresentação teatral com mocinhos e bandidos; certo e errado; clímax; às vezes, com um final feliz ou moral da história, a licitação para concessão de uso da Pedreira Paulo Leminski, Ópera de Arame e Parque Náutico do Boqueirão

60 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

tem alguns desses ingredientes. Essa iniciativa mobilizou uma parcela da população com o argumento principal de que trará prejuízos à cultura curitibana. “É inacreditável! Curitiba foi modelo na reciclagem do lixo, no transporte coletivo e agora quer ser inovador em ‘privatizar’ um espaço público cultural, é uma vergonha para a nossa cidade”, diz Hedmilton Rodrigues, produtor cul-

tural e um dos que promovem o movimento “Eu Curto Curitiba”. Do outro lado, a Prefeitura afirma que a utilização dos três espaços trará benefícios não somente financeiros, mas também culturais. “A cidade tem condições de bancar os R$15 milhões necessários para as reformas na Ópera de Arame e Pedreira Paulo Leminski. Porém, este valor pode ser utilizado em investimentos sociais”, explica Wilson Justus Soares, superintendente de Concessões da Secretaria Municipal de Administração Pública,


Roberto Dziura Jr.

A licitação técnica e o preço começaram com a entrega de três envelopes (propostas técnica, econômica e documentos de habilitação) pelas duas empresas interessadas – DC Set Eventos Ltda (RS) e a curitibana Parnaxx Ltda. As análises são realizadas por servidores de diversos setores que examinam dentro dos critérios fixados no edital. A empresa vencedora só poderá realizar eventos nos locais após a realização das reformas necessárias. Caso houver vencedor, este pode ser anunciado até o começo do mês de agosto.

“Qualquer intervenção da concessionária que não seja para promover eventos precisa da autorização da Prefeitura”, explica Soares

Roberto Dziura Jr.

que exemplifica como modo de gestão o que é utilizado no Parque das Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR), e na ilha de Fernando de Noronha, no Nordeste do País, que tem à frente a iniciativa privada.

Caso houver vencedor da licitação, este pode ser anunciado até o começo do mês de agosto

Contra a licitação Entre os questionamentos de quem está contra a licitação estão os valores apresentados para a reforma, a falta de clareza do edital e a perda cultural da cidade. “A solução ideal para a situação é uma efetiva administração da Fundação Cultural de Curitiba. Não precisa terceirizar para promover eventos culturais. Hoje, com R$30 mil podem ser feitas as alterações necessárias. A Prefeitura está subestimando os valores”, questiona Rodrigues. Ainda na opinião do produtor cultural, não diz o que pode ser feito no Parque Náutico e nem se o Zoológico pertence à licitação. “Ela deixa várias brechas. A Prefeitura está mal informada do potencial da cidade. Fernando e Sorocaba escolheram a Ópera pela magia do local. Pena que as pessoas de fora dão mais valor pelos negócios de Curitiba do que os próprios

curitibanos. É o modo ‘privatista’ de agir. Se fosse trazer benefícios para a cidade não seríamos contra. Curitiba não tem uma política efetiva de incentivo à cultura. Vamos até o último minuto para reverter isso e conscientizar a população sobre a importância desses espaços.”

Poder Público se defende Quando surgiu a ideia da concessão dos três espaços, a Pedreira estava fechada por decisão judicial há quatro anos. “Buscamos condições para ela voltar a operar. A necessidade de segurança hoje é diferente do que há 20 anos quando foi inaugurada. Colocamos os três espaços em uma única licitação, porque são locais que podem abrigar espetáculos para mil pessoas (Ópera), 25 mil (Pedreira) e até 50 mil no Parque Náutico”, explica Soares.

“O vencedor precisará investir os R$15 milhões nas reformas e para recuperar o investimento terá que promover espetáculos, isso trará muitos benefícios culturais. Dizem que o ingresso ficará caro, mas se isso acontecer, quem pagará? Sobre o tempo de concessão de 25 anos está dentro do estudo de viabilidade econômica. A Prefeitura pode utilizar os locais para eventos próprios e estará olhando a administração. Caso haja um descumprimento do contrato, pode acontecer o seu rompimento. O objeto da cessão é a gestão dos espaços para eventos, o concessionário não tem liberdade de construir ou mudar os nomes, por exemplo. Está claro no edital, e a concessão do Parque Náutico compreende a partir da Avenida Marechal Floriano Peixoto”, finaliza o superintendente de Concessões da Secretaria Municipal de Administração Pública. REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 61


cultura&lazer

Uma viagem ao imaginário Para todas as idades, o Cirque du Soleil encanta pela beleza, plasticidade e também pelo nível de perfeição em suas apresentações

A

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

história de sucesso do Cirque du Soleil começou há mais de duas décadas na cidade de Quebec, no Canadá. Foi na pequena cidade canadense que Guy Laliberté, fundador da companhia, e outros jovens artistas praticavam malabarismo, andavam em pernas-de-pau e impressionavam os moradores do local. Depois de se apresentar nas comemorações dos 450 anos da descoberta do país, o Cirque

62 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012

du Soleil não parou mais. Inovou no formato e no encanto. “Começou com um grupo de rapazes, artistas de rua de Quebec, com cerca de 18 a 20 anos que começaram a viajar pelo mundo de uma forma muito simples em um show específico de talentos. Mas eles decidiram que queriam transformar todas as suas habilidades em um grande show igual ao circo”, conta o diretor-geral do Cirque du Soleil no Brasil, Robert Mackenzie.

as do espetáculo que está em turnê no Brasil: “Varekai”. O show circense criado em 2002 utilizou o mundo dos computadores para aumentar os limites da performance. Limites que são quebrados diariamente pelos artistas para que a apresentação seja realmente um espetáculo. “Não é uma regra escrita, uma linha guia que temos na companhia. Nós achamos que sabemos os nossos limites, sempre buscando, sempre tentando [quebrá-los]”, explica Mackenzie.

Identidade

Para todos

Assim, a companhia criou uma identidade própria, que ao longo do tempo foi ganhando mais ferramentas, como

Essa quebra, além dos limites, está presente em todos os atos desse espetáculo, que ainda conta com mui-


Fotos: Roberto Dziura Jr. Roberto Dziura Jr.

ta cor, plasticidade e luz. Beleza que toca o imaginário de “crianças” de todas as idades. “É uma forma de trazer a criança que todo mundo tem por dentro, não só para os adultos, mas para pessoas de qualquer idade. Eu acredito que o Cirque du Soleil transporta todo mundo a essa vida do circo”, enfatiza a relações públicas do Varekai, Cynthia Clemente. É um espetáculo que transporta para um mundo de conto de fadas, um imaginário, longe da rotina do dia a dia.

Novidades por aí O Cirque du Soleil já passou pelo Brasil quatro vezes, destas, três em Curitiba. Atualmente, tem 22 espetáculos rodando pelo mundo. Em 2013, o Cirque du Soleil trará para o Brasil “Corteo”, que “mostra uma proposta bem diferente do que a gente já mostrou até hoje”, finaliza Cynthia.

REVISTA MÊS | JULHO DE 2012 | 63


dicas do mês

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Lançamento Autor: Augusto Cury Editora: Planeta

Técnico

Autor: Aderbal Nicolas Müller e Luis Roberto Antonik Editora: Saraiva

O Colecionador de Lágrimas

Matemática Financeira

A nova obra de Augusto Cury “O Colecionar de Lágrimas – Holocausto Nunca Mais” traz um romance que relembra os horrores da Segunda Guerra Mundial. O livro conta a história de um professor universitário especialista nesta Guerra e no nazismo. Os pesadelos do professor fazem o leitor sentir como se estivesse acompanhando de perto os acontecimentos do final da década de 1930 até meados de 1940. O professor mergulha num retorno ao passado numa tentativa de acertar as contas com a História.

O livro “Matemática Financeira – Instrumentos Financeiros para tomada de decisão em Marketing, Finanças e Comércio” não é apenas um livro didático, mas também um manual prático, com os principais conceitos e noções sobre a área para ser utilizado no dia a dia de empresas e também para seus gestores nas áreas de marketing, finanças e comércio. O livro conta com mais de 400 exemplos, que visam a ensinar a área financeira. Diversos exemplos são bem práticos e também exemplificam a perspectiva empresarial.

Romance

Autora: Edeni Mendes da Rocha Editora: Canápe Editorial

Infantil

Autora: Lidia Weber Editora: Juruá

Tempestade

Eduque com carinho

A escritora paranaense narra um suspense de indivíduos comuns que poderiam ser qualquer um dos leitores. De forma intensa, “Tempestade – A Última Chance” revela a inquietação, como a de uma tempestade, dos personagens e da autora sobre a natureza do homem e também desperta nos leitores a busca de respostas de suas ânsias e inquietações. Esses personagens agitam-se entre a mesmice, a vontade de mudanças e a decadência. Assim, o livro ensina que por meio de seus conflitos internos é possível alavancar a mudança desejada.

Colorido e com ilustrações do cartunista Benett, o livro “Eduque Com Carinho – Para Pais e Filhos” é composto de duas obras: uma para os pequenos e outra para os pais. Para as crianças, a autora explica como são compostas as famílias, como demonstrar carinho, como ajudar os pais em casa, a importância de seguir as regras entre outros ensinamentos. Já para os pais, a autora escreve sobre a importância de dedicar tempo para a educação dos filhos e sobre a educação positiva, que envolve comunicação, regras, autoconhecimento, entre outros aspectos.

64 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012


dicas do mês

Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

Pop

Maroon Five Gravadora: Universal Music

Overexposed

Fãs do Maroon Five já podem ouvir o mais novo álbum lançado pela banda. O quarto trabalho, Overexposed, foi considerado pelos cantores do grupo como “um dos álbuns mais diversificados e pop dos últimos tempos”. O disco foi gravado no ano passado após o sucesso da banda com o single “Moves Like Jagger”, em parceria com Christina Aguilera. E a banda vai dar as caras por aqui. Parte deste repertório será tocado no show que a banda fará em Curitiba no próximo mês (24/08).

MPB

Zeca Baleiro Gravadora: Som Livre

O Disco do Ano

Para honrar este título, Zeca conta com diversas parcerias de cantores dos quais mais admira. Margareth Menezes, no reggae romântico e Chorão, da banda Charlie Brown Jr, foram alguns dos cantores que participaram do CD. Lúcia Santos (irmã de Baleiro) e Kana (compositora japonesa) também apareceram nas parcerias, além de 15 produtores. A escolha da capa teve participação do público, que votou pelo site e escolheu a arte que mais fazia jus ao Disco do Ano.

Soul

Joss Stone Gravadora: Stone’d Record e S-Curve

The Soul Sessions, vol. II

Enfim, depois de nove anos chega, em julho, o mais recente trabalho de Joss Stone. De volta às origens, a cantora lança The Soul Sessions, volume 2”, segundo disco com covers do soul. O repertório inclui músicas vintages de cantores e grupos do gênero soul e sucessos como For God’s Sake, Give More Power To The People (sucesso do grupo norte-americano The Chi-Lites, em 1971). O primeiro single do álbum é a música While You’re Out Looking for Sugar, um grande sucesso do grupo norte-americano de soul, Honey Cone.

Samba

Sambô Gravadora: Radar Records

Sambô

Ouvir Sambô é como sair com os amigos para escutar um bom samba. Foi assim que surgiu, entre amigos profissionais que queriam tocar samba de primeira. O álbum da banda conta com 14 grandes clássicos do samba, entre outras autorias próprias. O que mais chama a atenção desse trabalho são as versões de grandes sucessos do rock nacional e internacional transformados em samba como “I Feel Good” de James Brown e “Rock ‘n Roll” do Led Zeppelin.


Roberto Dziura Jr.

opinião

Themis Piazzetta Marques

Engª Florestal e Coordenadora de Mudanças Climáticas / SEMA

O Paraná e o enfrentamento das Mudanças Climáticas

R

elatório realizado pelo BID, CEPAL e WWF conclui que a América Latina e o Caribe enfrentarão prejuízos anuais de US$ 100 bilhões até 2050, caso não adotem medidas para conter danos decorrentes do aquecimento global. Não há dúvida de que o aquecimento já está acontecendo, porém medidas de mitigação e de adaptação podem ser tomadas para diminuir seus impactos. Vários prejuízos são anunciados: queda de produção agrícola, diminuição de produção de energia elétrica, derretimento dos glaciais e inundação de áreas costeiras pelo aumento do nível do mar (com destaque para a costa brasileira).

xicos, pela maior incidência de pragas e alterações geográficas nas áreas de plantio, prejudicando o agricultor e levando a um aumento de preços. Se em algum momento chegamos a duvidar dos impactos de tais mudanças, em junho de 2012, por exemplo, já pudemos comprovar sua gravidade e os prejuízos acarretados, em virtude das fortes chuvas dos últimos dias no nosso Estado. A Defesa Civil nos apresenta um panorama preocupante: 16 cidades atingidas, 18.222 pessoas afetadas, 878 desalojadas e 205 desabrigadas, 540 casas danificadas e 17 destruídas.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná (SEMA) e o Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais trabalham em diversas iniciativas para enfrentar esses efeitos: a Política Estadual de Mudanças Climáticas; a elaboraLester Brown, do Earth Policy InsAumento de temperatura ção do Inventário de Emissões de Gases titute, propõe adoção de algumas de Efeito Estufa, a implantação do Proiniciativas para redução de 80% nas de até 4 graus acarreta grama Bioclima Paraná e alguns projeemissões de carbono até 2020: inmudanças dramáticas tos específicos de recuperação florestal, vestimentos em eficiência energéticomo por exemplo, o “Estradas com ca substituindo combustíveis fósseis Araucárias”, que visa a compensação das emissões pela captura por fontes de energia renovável; reestruturação dos sistemas de de carbono, são alguns dos exemplos. transporte; diminuição do uso de carvão e petróleo na indústria; eliminação do desmatamento; plantio de árvores e manejo adeA Política Estadual (Lei 17.133/2012) tem como objetivos prinquado dos solos para um maior aumento da captura de carbono. cipais: incentivar a redução das emissões e a captura de carbono; aumentar a utilização de recursos renováveis, e prevê, também, a Tais ideias baseiam-se em quatro metas: estabilizar o clima e a prorrogação de um ano no licenciamento das empresas que elapopulação, diminuir a pobreza e restaurar os suportes da natureborarem seu inventário. za, como água, solo e ar, baseando-se em inúmeras experiências mundiais bem-sucedidas que podem ser replicadas, por exemplo, O Inventário de Emissões levantará as emissões de GEE, diviredução do uso de água para irrigação, melhoria da produtividadindo nos setores de energia, mudança de uso do solo, resíduos de do solo para segurança alimentar, planejamento de cidades e indústria. Esse diagnóstico contribuirá para uma proposta conmais centradas nos indivíduos, reflorestamento de áreas degradacreta de redução. das, controle da natalidade e incorporação do custo do carbono no preço de produtos. Essas inciativas exigem esforços políticos, técnicos e financeiros do Estado e da sociedade, porém, esses investimentos serão semO Paraná já sofre essas alterações. Na agricultura, por exemplo, pre menores que os investidos no atendimento aos desastres que os prejuízos são imensos, necessitando buscar culturas que se poderão ser potencializados pelas mudanças climáticas. adaptem a climas mais quentes; intensificação do uso de agrotóEstimativa do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) indica aumento de temperatura de até 4 graus acarretando mudanças dramáticas em todos os setores.

66 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2012


Exe rcite sua op in ião.

Revista Revista MÊS. Mês. Quilômetros de Quilômetros informação informação para quem gosta de ir quem mais longe. mais


Colocamos sua ideia em pĂŠ, ou melhor, na tela.

Rua Desembargador Motta, 2981 / Curitiba / 41 3323-1303 www.capimlimaofilmes.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.