REVISTA AMAR - JUNHO 2020

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EDIÇÃO 51 • ANO 5 • MENSAL • WWW.REVISTAMAR.COM

TIM JUNHO 2020


O Executivo da CCWU Canadian Construction Workers Union deseja a todos os seus membros e Comunidade Portuguesa um Feliz Dia de Portugal!

Canadian Construction Workers Union Proud representative of the hard working men and women in the Canadian Construction Industry Presidente: Joel Filipe Financial Secretary: João Dias Vice-Presidente: Victor Ferreira Recording Secretary: Luis Torres Trustee: Ana Aguiar

1170 SHEPPARD AVENUE WEST, UNIT 42 - NORTH YORK, ONTARIO - M3K 2A3 TELEPHONE: 416-762-1010 • FAX: 416-762-1012


Desejamos a todos os nossos membros e suas Famílias um Feliz Dia de Portugal! CARMEN PRINCIPATO TONY DO VALE LUIS PIMENTEL

ROLY BERNARDINI

SAVERIO REPOLE

ALEXIS MANTELLO-CLEMENT

HARDY JALLOH

PETER GLAZE

REGIONAL ORGANIZING CO-ORDINATOR ELIO TOPPAN

JACK EUSTAQUIO

ISABELLA COSTANZO

RENATO TAGLIONE

MIKE BETTENCOURT MAMADOU BAH JOE INACIO FABRIZZIO MASSARI JOE FURTADO JOHN WALKER MILTON MEDEIROS

PATRICIA LUM MONIQUE SERINO NATALIY KRASKOVSKY CHRISTINA COLELLA DE PAOLA MISHEL BIRFIR NICOLE PIETRANGELO EVETT BILLS ADRIANNA DO VALE


Ficha Técnica Direção

Carmo Monteiro Manuel DaCosta

Edição Gráfica Carlos Monteiro

Marketing

Carmo Monteiro José M. Eustáquio

Fotografia Carmo Monteiro

Colaboradores

Armando Correa de Siqueira Neto Artur F. Guedes Carlos Cruchinho Carlos Monteiro Helena Rodrigues Isabel Rebelo José Carreira Maria João Rafael Paulo Mendes Pedro M. Salvador

Participação Especial Filomena Abreu Pedro Emanuel Santos Sara Dias Oliveira Valter Hugo Mãe

Agradecimentos ESO Jornal de Notícias Madalena Balça MDC Media Group Notícias Magazine Portal O Sapo Tim Volta ao Mundo

Contacto

www.revistamar.com info@revistamar.com www.facebook.com/revistamar

416.806.7616

Conteúdos 6

Ser português num Portugal sem máscara Carlos Cruchinho sobre Portugal e o significado de ser português, nestes tempos de incerteza.

16

Padre Vieira

30

Cortiça que vale ouro

O jesuíta António Vieira, ainda é, graciosamente, a luz que nos alcança, e nos faz pensar sobre a força e o domínio, a vontade e a inteligência, mas, sobretudo, a coragem e o risco de viver.

34 Coronovírus

e desigualdade social

José Carreira fala-nos sobre o impacto da epidemia da Covid-19 na sociedade, principalmente nas comunidades mais desfavorecidas.

42

George Floyd

46

TIM

68

Máscaras:

$5.49

4 I Amar

página 22 página 40

Fique a conhecer a opinião do conhecido escritor português sobre o episódio que vitimou George Floyd nos EUA.

página 60

Este mês estivemos à conversa com um nome incontornável da música portuguesa. Conheça melhor um dos fundadores e vocalista da emblemática banda portuguesa - Xutos & Pontapés, que agora lança um álbum de originais a solo.

Acessório medonho ou criativo?

página 64

página 78

Neste período em que se exige distanciamento social, Maria João Rafael fala-nos sobre esse elemento, que começou a fazer parte do nosso quotidiano.

74

Helena Rodrigues fala-nos sobre a abordagem da medicina tradicional chinesa aos problemas relacionados com a gastroenterologia.

Custo estimado por exemplar

página 12

Garrafa de vinho (e não só) que se preze não a dispensa. A rolha tem papel decisivo na manutenção da qualidade de um bom néctar. Com dedo de Portugal.

Gastroenterologia e a medicina chinesa

Revista Amar é uma marca registada e empresa subsidiária dos grupos Cyber Planet Inc. e MDC Media Group.

Junho 2020

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Permacultura,

um método ou uma filosofia As necessidades humanas podem e devem estar ligadas a soluções sustentáveis, e a permacultura é um exemplo disso. Fique a conhecer a permacultura.

página 86 Os artigos publicados na presente edição são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo não refletir as opiniões e posições da Revista Amar naquela matéria. A utilização do novo acordo ortográfico, na matéria da presente edição, ficou à inteira descrição dos seus autores. Os conteúdos publicitários publicados na presente edição são da inteira responsabilidade, com autorização e aprovação prévia dos seus autores.


Nos últimos 33 anos, a celebração anual do Dia de Portugal, organizada pela Aliança de Clubes e Associações Portuguesas de Ontário (ACAPO), elevou o orgulho, o espírito, a união e uma herança cultural rica, que mais de 450.000 luso-canadianos orgulhosamente servem e celebram no dia 10 de junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Este ano, em vez de desfilar na Dundas St. W., a acenar com a bandeira e a cantar o hino nacional, pedimos que continuem a apoiar a nossa comunidade, o comércio tradicional, os clubes e associações membros desta organização e os milhares de voluntários que, juntos, mantêm acesa a chama da cultura portuguesa no Canadá. Feliz Dia de Portugal ACAPO Ad Hoc Committee Portugal Week 2020

Canadian Council of Construction Unions


Ser portuguĂŞs 6 I Amar


num Portugal sem máscara... A

pós esta quarentena por causa deste vírus invisível, mas com consequências bem visíveis, o tempo vai sobrando para as tarefas adiadas sine die. Volto à escrita neste espaço no mês de junho, uma oportunidade para escrever sobre Portugal e o significado de ser português, nestes tempos de incerteza.

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Com este Portugal sem máscara pretendo partilhar com todos vós, o meu sentir da minha pátria, embora tenha nascido em França, como fruto da emigração. Como canta a Simone de Oliveira esta palavra saudade é uma palavra amarga e doce, sentida com mais intensidade longe do torrão pátrio. O nosso fado triste tangido e dedilhado numa guitarra portuguesa pela genialidade de Carlos Paredes, a banda sonora indicada para viver a portugalidade. O convívio à volta da mesa, um dos marcadores desse ADN de ser português, irremediavelmente posto em causa com esta pandemia. Fornada Créditos © Carlos Cruchinho

Este afastamento forçado e temporário, só mitigado via videoconferências no Zoom, no Skype, no Whatsapp e no Messenger. Este confinamento dentro de casa interpela-nos para reflexões inevitáveis, balanços de vida, o repensar das relações e das amizades. Valorizar os pequenos gestos, agora proibidos pelas normas sanitárias, sentir o outro com intensidade, deixar cair as máscaras da falsidade, olhar para os outros com olhos de ver, sendo solidário, mais um marcador genuíno do ADN de ser português de alma e coração. A realidade transformou-se radicalmente, o afastamento social tornou-se inevitável, a casa passou a ser o habitat natural de milhões de pessoas. A leitura como companhia nesta clausura forçada, permite alimentar o sonho de viajar com Júlio Verne à volta do mundo em oitenta livros. Praia do Molhe Créditos © Carlos Cruchinho

Impossibilitados da fruição das belezas únicas do nosso país, um passeio descansado por uma qualquer viela de norte a sul de Portugal, algo menosprezado noutros tempos, desejado sofregamente neste momento como um bálsamo milagroso, para combater o isolamento severo entre quatro paredes. 8 I Amar


Calçada portuguesa em Ponta Delgada Créditos © Carlos Cruchinho

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Na única janela aberta para o mundo, as telas dos smartfones ou dos computadores, reconstruímos os laços desatados duma vida desconstruída. Acusamos o toque, as nossas fragilidades emergem sem dificuldade, obrigando-nos a ir à luta, sem contemplações surgem os desafios de uma nova organização económico-social, mudanças de sentido e de passeio. A coragem de afirmar outro rumo, um outro destino carregado de simplicidade. Pedra a pedra o espírito luso do desenrasca vai contornando os obstáculos do caminho sem hesitações ou temores, como na epopeia dos descobrimentos, com muita tenacidade e alguma ponderação tornamos comum o conhecimento do globo, acompanhados do nosso linguajar único, a língua dos poetas. Uma homenagem singela a Portugal, a Camões e às comunidades portuguesas na diáspora, uma coroa de flores silvestres neste jardim das tormentas, onde o magro sustento arrancado das inférteis corveias, obriga os filhos desta nação valente e imortal a vogar pelo mundo. Certa madrugada fria e ainda escura deixaram para trás o seu casulo, para uma metamorfose de vida em paragens longínquas voando nas asas do sonho duma borboleta, ora pousando em terra, ora pousando no mar. Esse espírito livre e aventureiro, jamais esquece o cheiro a sardinhas e a pimentos assados num simples fogareiro de ferro fundido. Os arraiais dos santos populares, os seus bailaricos animados com a sua música inconfundível e suas marchas populares a desfilar na avenida. Honrando o santo casamenteiro, S. António com o seu pão por Deus, o nosso S. João com a frase feita, S. João, S. João dá cá um balão. Mértola Créditos © Carlos Cruchinho

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Créditos © Carlos Cruchinho

Numa releitura do livro 1984, uma das obras literárias incontornável de George Orwell revisitei este sentimento da ficção tornada realidade, a genialidade do autor descrevendo em 1949 uma realidade dos nossos dias. Cito uma passagem desse livro que poderia ter sido escrita num qualquer diário de quarentena na atualidade. “A teletela estava a soltar um apito ensurdecedor, que continuou no mesmo tom durante uns trinta segundos. Eram sete e quinze, hora de se levantarem os empregados de escritório. Winston arrancou o corpo da cama – nu, porque um membro do Partido Externo só recebia três mil cupões de racionamento de roupas por ano, e as duas peças de um pijama exigiam seiscentos – apanhou uma camisola suja e um par de cuecas que colocara numa cadeira próxima. A Educação Física começaria dentro de três minutos. - Dobrar e esticar os braços! – ordenou. – Acompanhai o meu ritmo, Um, dois, três, quatro! Um, dois três, quatro! Vamos, camaradas, um pouco de vida nisso!”.

Esta ginástica matinal leva-me até aos anos quarenta do século passado, mais propriamente ao filme português O Pátio das Cantigas realizado por Francisco Ribeiro, onde foi parodiada pelos atores Vasco Santana e Ribeirinho, a ginástica sueca: www.youtube.com/watch?v=j5KtGoOIWJc . Termino este apontamento escrito em confinamento, entre a preparação de uma aula de História e Geografia de Portugal e uma aula de Expressão Dramática para o ensino à distância, neste sexagésimo sexto dia de teletrabalho. Afirmo com orgulho como Fernando Pessoa a minha pátria é a língua portuguesa.

Carlos Cruchinho

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Porque razĂŁo o dia de Portugal

Fotografia Š Carlos Monteiro

se celebra a 10 de junho?

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Porque razão o dia de Portugal se celebra a 10 de junho? No dia 10 de junho celebra-se em Portugal o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O feriado nacional assinala ainda o dia da morte do poeta Luís Vaz de Camões, em 1580, autor d´Os Lusíadas. Do programa do Dia de Portugal fazem parte muitas atividades, como desfiles e demonstrações militares, por exemplo. Este é o dia da Língua Portuguesa e do cidadão nacional.

O decreto que definia os feriados nacionais dava ainda a possibilidade dos municípios e concelhos escolherem um dia do ano que representasse as suas festas tradicionais e municipais. Lisboa escolheu para feriado municipal o 10 de junho, em honra de Camões, uma vez que a data é apontada como sendo a da morte do poeta.

História do Dia de Portugal

Durante o regime ditatorial do Estado Novo de 1933 até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, o dia 10 de Junho era celebrado como o “Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses”. Foi aproveitado para exacerbar as caraterísticas nacionais. Como Camões foi uma figura emblemática, associada aos Descobrimentos, foi usado como forma de o regime celebrar os territórios coloniais e o sentimento de pertença a uma grande nação espalhada pelo mundo, com uma raça e língua comum. O 10 de Junho começou por ser apenas um feriado municipal para passar a ser particularmente exaltado com o Estado Novo. Foi a partir desse período que o dia de Camões passou a ser festejado a nível nacional. Até ao 25 de Abril, o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, este último epíteto criado por Salazar na inauguração do Estádio Nacional do Jamor em 1944. A partir de 1978 este dia fica designado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Neste dia o Presidente da República e altas individualidades do Estado participam em cerimónias de comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorrem em cidades diferentes todos os anos. Anualmente são distinguidas novas individualidades pelo seu trabalho em nome da nação. O 10 de Junho é estipulado como feriado, na sequência dos trabalhos legislativos após a implantação da República a 5 de outubro de 1910. No decorrer desses trabalhos legislativos, foi publicado um decreto a 12 de outubro, que definia os feriados nacionais. Alguns feriados foram eliminados, particularmente os religiosos, de modo a diminuir a influência da Igreja Católica e com o objetivo de consolidar a laicização da sociedade.

Paulo Mendes

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Prazer e paladar nesta época festiva, num sítio criado a pensar em si!

Feliz Dia de Portugal

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PADRE VIEIRA

A luz que ainda nos alcança “Há pessoas semelhantes à vela que se consomem para alumiar o caminho alheio.” Se nos detivéssemos reflexivamente nesta máxima do padre António Vieira, talvez encontrássemos um imenso sentido para a vida, tanto à evolução própria quanto a dos nossos semelhantes. Enfim, a espécie que se questiona filosoficamente desde sempre: quem sou, de onde venho e para onde vou... Então? Somos luz? Viemos da luz? O nosso destino, finalmente, será a luz? Alumiados pelo processo evolutivo que nos é exigido sem o percebermos tão claramente ainda? Alumiando a estrada dos demais qual o humano e profundo reformista Vieira exprimiu poética e inspiradoramente? Quem sabe? Eis a luz que nos chega através das ponderações que só o espírito é capaz de erguer sobre si. A lisboeta Maria de Azevedo indicava ao marido Cristóvão Vieira Ravasco que o primeiro filho lhes chegava (além dos outros três que se seguiriam), trazendo ao mundo, em fevereiro do ano 1608, o pequeno António Vieira. Ali, na modesta casinha em Lisboa, da Rua do Cónego, pertencente à antiga freguesia da Sé, nasceu aquele que se tornaria o grande pensador e ao mesmo tempo humilde homem em defesa dos direitos mais sagrados. Nove dias depois, realizou-se o seu batizado na vizinha Igreja da Sé -- erguida desde o século XII.



O

pai trabalhou como escrivão para a inquisição, era letrado. Mas foi em 1619 que conseguiu um cargo no Tribunal da Relação na Bahia, na cidade de Salvador, a capital brasileira, anos depois de já ter-se mudado para lá, em 1614. Foi então que trouxe a família para o Brasil. Um novo mundo abria-se diante do menino lusitano que tomou contacto com os estudos através do Colégio dos Jesuítas, e, apesar das dificuldades iniciais, saiu-se um precioso aluno. Em 1623, ingressou na Companhia de Jesus. Prosseguiu à trajetória estudantil em Teologia, Lógica, Matemática e Metafísica, além do mestrado em Artes. Em 1634 foi ordenado sacerdote. Os conhecimentos eram-lhe íntimos amigos, tanto que exerceu a docência. Vieira tinha ideias políticas próprias a respeito de Portugal, e as pronunciava abertamente, causando oposições, como era de se esperar. Foi embaixador nomeado pelo então rei D. João IV, o monarca que tanto o admirou pela oratória e vivacidade. Missões na Holanda e na França fizeram parte do roteiro diplomático a ele atribuído. Obteve sucesso em alguns eventos, noutros... Porém, o seu impulso humano e revolucionário - muito à frente do seu tempo -, defendendo os judeus, criaram antipatias que o levaram a retornar ao Brasil, pois a atmosfera pesava-lhe em demasia. Viu-se em missões no Grão-Pará e no Maranhão, era o fiel escudo dos índios, explorados à escravidão. Um guardião dos seus direitos, o seu Paiaçú (em Tupi), ou Pai Grande. Escreveu métodos de catequização que adentraram aos sertões e às florestas, por mais de cem anos, chegando mesmo às regiões amazónicas. As imensas terras não o impediam de lançar o saber adiante, muito adiante.

Capa do Sermão do Cego

Créditos: Direitos Reservados

Em 1654, partiu para Lisboa, e quase morreu na tempestade que armou-se próxima aos Açores, cuja tripulação somente se salvou em razão de um navio corsário que por ali navegava. Não obstante, mantendo a sua já conhecida defesa aos judeus, sofreu nas garras da inquisição, que o atormentou significativamente: “proposições heréticas, temerárias, mal soantes e escandalosas”, foram declaradas em sua acusação, na cidade de Coimbra, “Auto-da-fé privado” - impedindo-o de exercer a pregação -, além do pagamento das custas. Foi absolvido, entretanto, e em 1669 mudou-se para Roma, por lá permaneceu seis anos, defendendo a canonização dos “Quarenta Mártires Jesuítas”, uma missão a ele confiada. Em 1681, retornou definitivamente ao Brasil, cuja explicação, justificou-se, foi a de encontrar-se mal de saúde. Doente, com as mãos débeis à escrita, aos 89 anos, em julho de 1697, faleceu em Salvador. Deixou 700 cartas e 200 sermões, dentre os quais, é possível destacar ‘O Sermão de Santo António aos Peixes’, ‘O Sermão do Bom Ladrão’, ‘O Sermão da Quinta Dominga da Quaresma’, ‘O Sermão da Sexagésima’. Todos eles eram atentamente ouvidos por muitos que à barroca Igreja de São Roque (construída no século XVI, Misericórdia, Lisboa) se dirigiam para lhe ouvir, do alto do púlpito, cujas palavras surpreendiam provocativamente. O poeta Fernando Pessoa o intitulou de ‘O Imperador da Língua Portuguesa’. Uma justa homenagem.

Capa do Processo de Pe. Vieira, de Coimbra Créditos: Direitos Reservados

As suas obras estão enraizadas na complexidade das ideias, na visão política que formou e na lucidez de quem conhecia a alma humana e os seus mistérios mais aprofundados, tal como descreveu: “Dar perdão de pecados é jurisdição ou regalia somente de Deus: Logo, como me posso eu dar a mim mesmo o perdão de meus pecados? Funda-se esta sentença naquela promessa de Cristo: Dimittite, et dimittemini (Lc 6, 37): Perdoai, e sereis perdoados. E como esta promessa é condicional, e a condição depende de mim, quando eu cumpro a condição eu sou o que me perdoou.”. O jesuíta António Vieira, ainda é, graciosamente, a luz que nos alcança, e nos faz pensar sobre a força e o domínio, a vontade e a inteligência, mas, sobretudo, a coragem e o risco de viver, pois fazer significa provocar, ainda que nos custe um bocado da própria liberdade, fruto caríssimo da árvore da convivência humana nos terrenos da evolução.

Armando Correa de Siqueira Neto

Local em que nasceu António Vieira, antiga Rua do Cónego, na Sé, Lisboa Créditos: Armando Neto

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Lisboa - século XVII

Pregação do Padre Vieira na Igreja de São Roque, em 1669

Salvador - século XVII

Púlpito da Igreja de São Roque

Créditos: Direitos Reservados

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Língua Portuguesa Carlos Cruchinho

Fontes: Rute de Carvalho Serra, Wikipedia, FNAC, Wook Fotografia: Friz Fritz

Nasceu em Paris em 1968 onde viveu até aos 6 anos de idade. Em 1974 regressa a Portugal para iniciar os seus estudos. Licenciado no ensino do Português, História e Ciências Sociais, pela Escola Superior de Educação de Castelos Branco. Colabora com a Revista de Animação Socio Cultural de Viseu - Anim’arte 20 I Amar

desde 2010 e com a Revista Amar para a comunidade lusófona no Canadá desde 2017. Publicou os seus primeiros poemas numa Antologia em 2016, com a chancela da Artelogy. Como autor foi recentemente distinguido com o 1º Prémio de poesia e 2º Prémio para prosa, na I – Edição do Concurso Literário de Prosa e Poesia no âmbito do Festival Serranias.


“INQUIETAÇÕES”

Obra Literária

Sinopse “Aqui, o autor interpela, provoca o leitor com as suas inquietações diárias, concretas, sem fantasias. São de tal forma sentidas, vividas

e calorosamente retratadas que empurram, forçosamente, o leitor para dentro delas, “obrogando-o” a senti-las, a vivê-las.” - Carlos Paixão, in Prefácio.

Detalhes

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1

28/05/20

21:29

Editor: Edições Esgotadas Prefácio: Carlos Paixão Idioma: Português Ilustração: Óscar Requena Revisão de Texto: Ana Maria Oliveira

PORTUGUESES RESIDENTES NO ESTRANGEIRO

C

M

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CM

MY

CY

CMY

K

ONDE ESTÁ UM PORTUGUÊS, ESTÁ PORTUGAL.

E ONDE ESTÁ PORTUGAL, ESTÁ A CAIXA. Este ano o dia 10 de junho vai ser diferente. Não vai ser possível comemorar o Dia de Portugal como habitualmente, mas na Caixa continuamos a pensar em si para que se sinta mais perto de casa. Conte com o nosso apoio. ESCRITÓRIO DE REPRESENTAÇÃO DA CGD TORONTO 425 University Avenue, suite 100 | Toronto, ON, M5G 1T6. (junto ao Consulado de Portugal) Telf: (+1) 416 260 28 39 | Fax: (+1) 416 260 13 29 Email: toronto@cgd.pt

CONFIANÇA FEITA DE CERTEZAS. A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.

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Turismo

As 10 cidades e vilas

mais belas de Portugal


Nesse artigo, em que não são poupados elogios ao nosso país, que tem “grandes belezas naturais e urbanas”, o Culture Trip deixa recomendações para conhecer depois que a pandemia passar e que seja possível voltar às viagens. Venha daí connosco!

Paulo Mendes Fontes: Wikipedia, Geocities, TripAdvisor, Oyester, Idealo e Sapo Fotografia: Direitos Reservados

V i s i t e w w w. r e v i s t a m a r. c o m p a r a m a i s d e s t i n o s t u r í s t i c o s

N

estes tempos conturbados em que a deslocação é ainda limitado e desanconselhado, o site internacional Culture Trip fez uma lista com as 10 cidades e vilas mais belas de Portugal.


Créditos: Direitos Reservados

Tavira

É dado destaque à arquitetura, história e influências mouras.

Porto

A segunda cidade de Portugal conserva um charme único.

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Sintra

Um lugar que parece ter saĂ­do de um conto de fadas.

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Évora

Uma cidade que fascina pelo património e pelo estado de conservação do centro histórico.

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Óbidos

Destaque para as muralhas medievais e para o estado de conservação da vila.

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Angra do Heroísmo

A beleza da cidade e do cenário envolvente criam um lugar único.

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Coimbra

A cidade que se debruça sobre o Mondego e quarda uma das universidades mais antigas da Europa.

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Monsaraz

Arquitetura com influências

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Guimarães

Centro histórico muito preservado e castelo monumental.

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Fotografia © Rui Manuel Fonseca

Cortiça

que vale ouro

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G

arrafa de vinho (e não só) que se preze não a dispensa. A rolha tem um papel decisivo na manutenção da qualidade de um bom néctar, com dedo de Portugal.

Foi pensada em França e teve origem no silêncio de um mosteiro beneditino. Um frade foi o responsável pela invenção da rolha de cortiça tal como hoje a conhecemos de forma mais comum. Chamava-se Dom Pierre Pérignon (1639-1715), o mesmo que também deu origem ao champanhe homónimo, entretanto tornado estrela internacional e que concluiu que a cortiça era o material mais indicado para preservar o conteúdo de uma garrafa em vez das pequenas talas de madeira amarradas com fios de cânhamo ou os trapos até então soluções recorrentes como tampão para manter a pressão da bebida. No fundo, Pérignon acabou, sem saber, por adaptar o que se praticara milhares de anos antes no Egito e na Grécia, onde escavações arqueológicas permitiram confirmar o uso de cortiça em forma de rolha para vários fins. Das profundezas de um mosteiro francês, as rolhas rapidamente foram assimiladas por produtores de vinho em vários pontos da Europa, Portugal incluído. Por cá, percebeu-se que o clima propício facilitava a multiplicação de montados de sobreiro, a árvore de onde a cortiça é extraída, um processo, aliás, nada fácil e que requer (muita) paciência. A casca do sobreiro, que origina a cortiça, só pode ser retirada quando cada espécie atinge aos 30 anos, sendo necessário aguardar outros nove para que a mesma árvore possa ser novamente despida, sob pena de lhe provocar lesões irreversíveis e impeditivas da respetiva regeneração.

A profusão de sobreiros, logo de cortiça, em Portugal levou a que o fabrico de rolhas atingisse valores de relevo, o que o passar do tempo reconfirmou até aos dias de hoje. Aliás, há relatos de que, antes da existência de rolhas, a cortiça era já exportada em quantidades significativas para destinos como a Flandres ou Inglaterra. A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) lembra que 34% da área mundial de sobreiro se situa em Portugal, 84% dela no Alentejo, e que 95% das exportações “têm como destino mais de 130 países”. Espanha, Itália e Argélia são igualmente grandes produtores, nenhum, porém, atinge números tão altos. Já segundo um relatório conjunto dos ministérios da Economia e das Finanças publicado no ano passado, Portugal é o “maior produtor mundial e transformador” de cortiça, com quase 900 fábricas, 83% das quais situadas na Região Norte, sobretudo na Área Metropolitana do Porto. Cerca de 500 dedicam-se em exclusivo à produção de rolhas, esse precioso bem que nasceu da ideia de um frade francês na viragem do século XVII para o século XVIII.

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Créditos © Jon Tyson

É preciso que o mundo inteiro leve um abanão

34 I Amar

Éric Vuillard, In A Guerra dos Pobres, 2020


Coronavírus

e desigualdade social À

crise sanitária seguem-se, inevitavelmente, a económica e a social. O Parlamento Europeu levou a cabo uma iniciativa inédita, colocou à disposição, em Bruxelas e em Strasbourg, a sua cantina para prepararem e distribuírem 1000 refeições por dia a pessoas em dificuldades. A Federação Europeia de Bancos Alimentares (FEBA); o Feeding America (FA) e o The Global FoodBanking Network (GFN) uniram-se numa “luta massiva” para apoiarem com alimentos um número que cresce incessantemente, todos os dias, de pessoas e famílias. A crise social está à nossa frente e não afeta, como se anunciou, numa fase inicial, a todas as pessoas por igual. Há evidências científicas que contrariam, clara e objetivamente, esta ideia. Poder-se-á, de algum modo, dizer que o coronavírus “sabe de classes sociais e de bairros” (Mariana Lazo, Usama Bilial e Manuel Franco, médicos e investigadores em saúde urbana e desigualdades sociais). Estão à nossa frente novos pobres, pessoas que perderam o seu emprego ou a atividade precária a que se dedicavam, sendo-lhes subtraídos todos os rendimentos, ficando impossibilitados de comprar a alimentação para si e para as suas famílias. Mesmo em países desenvolvidos, como o Japão, a questão da pobreza, uma realidade, durante muito tempo, invisível ou, como nos dizem Philippe Mesmer e Philippe Pons (Le Monde, 14 de maio de 2020) “pudicamente ocultada”, veio à tona com o impacto da pandemia. Os correspondentes em Tokyo dão nota de muitos jovens desempregados que vivem em cibercafés e se dedicam a extorquir dinheiro, por telefone, às vítimas preferenciais, as pessoas idosas mais vulneráveis. A desigualdade social é uma epidemia que alastra e parece ser inexorável e inextinguível. O novo coronavírus segue um claro gradiente social cujos fatores determinantes são o tipo de trabalho a que cada pessoa se dedica, a tipologia e a qualidade habitacional e o estado basal

de saúde da população. A pobreza é um fator de risco decisivo na pandemia. A segregação social e espacial, mais intensa nos meios urbanos e suburbanos, determina as crescentes desigualdades em saúde. A pandemia acentua as desigualdades e coloca muitos cidadãos em profundas dificuldades. Os extremos afastam-se cada vez mais, socavando o fosso entre riscos e pobres, gerando desequilíbrios que fazem perigar a sociedade como um todo. Se uma pessoa tem um trabalho que não lhe permita ficar em casa, mais comum nos empregos precários, aumenta a probabilidade de contágio, tanto no trabalho, como na maior possibilidade de ter que recorrer aos transportes públicos. Nick Stripe – Instituto Nacional de Estatística do Reino Unido - afirmou: “As taxas de mortalidade, em regra, são mais altas em zonas mais desfavorecidas, mas até agora a covid-19 parece estar a levá-las a um nível ainda mais elevado”. Segundo o estudo Infectious Diseases (2020), publicado na The Lancet, “No Reino Unido, as pessoas de zonas desfavorecidas têm até quatro vezes mais probabilidades de dar positivo. (…) a adesão ao teletrabalho é mais difícil, em caso de contágio não conseguem isolar-se em casa, onde podem viver várias famílias, com uma só casa de banho…).” Também em Nova Iorque, a taxa de contágios mais do que duplica no Bronx – o distrito com a maior proporção de minorias raciais, pessoas pobres e níveis educativos mais baixos. – em relação a Manhattan. Gina Neff, socióloga da Universidade de Oxford, defende que “Não se pode vencer este vírus sem cuidar das pessoas mais vulneráveis da sociedade.” A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, descreve à Renascença o aumento de pedidos de ajuda de forma contundente: “Nunca vi nada assim.” Não podemos permitir que a propalada “nova normalidade” escancare as portas à desigualdade social, lhe estenda um tapete vermelho e a eternize.

José Carreira

Obras Sociais Viseu

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N ó s e a Le i

Maus tratos aos idosos e a lei em Portugal

C

om o aumento da média de vida e com o avanço dos cuidados na saúde, a população idosa começou a viver mais anos, o que contribui para o atual envelhecimento da população.

Ora, com o envelhecimento da população aumenta a probabilidade de aumento de problemas de Maus Tratos com as pessoas idosas. Principalmente nesta fase de isolamento social devido ao COVID 19, os casos de maus tratos aumentou em Portugal e em varios países. A Organização Mundial da Saúde analisou nos últimos anos num universo de 53 países e concluiu que Portugal tem um serio problema no que refere aos maus trato contra os idosos. Contudo, a nossa Constituição da República Portuguesa na Parte I, Capitulo II, no seus artigos 72º (1. As pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o isolamento ou a marginalização social. 2. A política de terceira idade engloba medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade), 12º (principio da universalidade: 1. todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição) e 13º (1.todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei) preveem os direitos e deveres das pessoas na terceira idade. E, no Capitulo I se prevêem nos artigos 25º o direito à integridade pessoal, no artigo 26º outros direito pessoais e no artigo 27º do direito à liberdade e á segurança. Todavia, falar de Maus tratos nos idosos ainda continua a parecer uma utopia não obtstante isso a realidade é bem diferente e por vezes mesmo bem perto de nós.

Sónia Falcão da Fonseca & Leila Do Couto, Advogadas da Lei Portuguesa artigo oferecido por Luso Services & Consulting Inc.


A definição de Maus Tratos de referência, reúne maior consenso entre os diferentes especialistas nesta área, é a desenvolvida em 1993 pela organização AEA (Action on Elder Abuse), subsequentemente adoptada pelas INPEA (Internacional Network for the Prevention of Elder Abuse) e OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2002, na Declaração de Toronto: "qualquer ato isolado ou repetido ou a ausência de ação apropriada, que ocorre em qualquer relacionamento em que haja uma expectativa de confiança e que cause dano ou incómodo a uma pessoa idosa". Por se tratar de um problema complexo, a definição de maus tratos é abrangente e pode ser um abuso, violência, negligência, abandono perpetuado por outros idosos, os seus familiares, os profissionais de saúde, as instituições e até a própria sociedade no seu conjunto. O local onde os mesmos são infligidos com mais frequência é na sua própria casa com familiares diretos. Em Portugal em 9 de fevereiro de 2018 houve uma tentativa de aprovação de um projeto de lei de criminalização de maus tratos a idosos (as condutas que atentassem contras os direitos da pessoa idosa), indignidade sucessória dos condenados por crime de abandono, omissão de obrigação de alimentos tendo sido chumbado por maioria da esquerda. Contudo foi aprovado uma recomendação do Governo em reforçar a fiscalização aos lares de idosos para garantir a dignidade dos utentes. À luz da nossa atual lei este tipo de crime é enquadrado na parte especial do Título I do Código Penal dos crimes contra as pessoas e dos crimes contra a integridade física nos artigos 152º (Violência doméstica) e 152-A (maus tratos) do Código Penal, sendo que as penas de prisão nestes casos variam conforme a gravidade dos casos e o arguido pode ser punido com pena de prisão de um a dez anos e também existem outras penas acessórias como por exemplo a proibição de contacto com a vítima e de proibição de uso e porte de armas, a obrigação de frequência de

Feliz Dia de Portugal

programas específicos de prevenção da violência doméstica. Neste crime o bem jurídico protegido pelo crime de violência é plural e complexo, visando essencialmente a defesa da integridade pessoas, pessoas especialmente vulneráveis nas suas vertentes física, psíquica e mental e a proteção da dignidade humana no âmbito de uma particular relação interpessoal. O traço distinto deste crime é que protege a integridade física, a honra e a liberdade sexual, reside no facto de o tipo legal prever punir condutas perpetradas por quem afirma e actua dos mais diversos os modos, um domínio, uma subjugação sobre a vítima que reconduz a uma vivência de medo de tensão. Para além disso, referem os vários estudos feitos em várias culturas que mostram que as pessoas idosas de todas as classes sociais, estatuto socioeconómicos, etnias e religiões são vulneráveis aos maus tratos que podem ocorrer no seio familiar, em ambiente doméstico, instituições pública e privadas, na rua, nos transportes públicos entre outros. Se conhecermos alguém que está a ser abusado física, emocional ou financeiramente fale com a pessoa idosa quando estiverem sozinhos. O abuso dos idosos não vai parar por conta própria, alguém precisa de intervir e ajudar. Muitos idosos têm vergonha de denunciar maus tratos, ou eles temem que se denunciarem, o agressor volta e piora a situação. É uma preocupação e reconhece-se que o abuso de idosos está associado a uma diminuição da qualidade de vida e a um aumento da dor e do sofrimento destas pessoas. Por favor denunciem!


A carta

Fotografia Š okalinichenko

improvĂĄvel !

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E

sta é uma carta simples e informal, que muito provavelmente nunca seria escrita, sobre coisas que muito provavelmente nunca seriam assunto, sobre uma sociedade em que muito provavelmente não nos revemos, num mundo que muito provavelmente não é bem o que queríamos, numa época em que muito provavelmente nunca achámos que uma pandemia afetaria de forma definitiva a maneira como vemos a humanidade. É a carta que, muito provavelmente, nunca falaria sobre a forma como a humanidade, mais ou menos unida, lutou contra uma doença, que não escolhe idade, sexo, religião, raça ou estatuto social, ou sobre a forma como os governos da maioria dos países passaram a assumir, ainda que temporariamente e a serem suportados a longo prazo por empresas e cidadãos, o papel de garante económico da sociedade. Mas é também a carta que, muito provavelmente, nunca se debruçaria sobre quão supérfluo e vazio parecia ser o estilo de vida até há tão pouco tempo, dando tempo de antena a individualidades egocêntricas, mimadas e egoístas, esquecendo por completo elementos e setores vitais ao funcionamento da sociedade, ou que nunca falaria sobre quão insignificante parecem ser hoje os mundos surreais do desporto milionário, dos concertos extravagantes e espetáculos pomposos e de outras atividades de entretenimento que nos iam enchendo a casa carregadas de glamour e encanto enganoso, quando não nos é possível, por exemplo, despedir condignamente de um familiar ou amigo que partiu cedo demais. Está é a carta que, muito provavelmente, nunca apontaria a ausência completa de líderes e demais sumidades na arte do conforto espiritual, dos mestres da adivinhação ou dos curandeiros de terapêuticas naturais e suas receitas milagrosas, numa época em que se anseia por uma cura e se deveria cultivar a esperança e a vontade de vencer, ou que nunca falaria sobre como se tornou tão relevante a vida humana, o bem-estar do próximo e de vivermos o momento dando valor ao que realmente tem importância, porque o amanhã pode não existir. Mas também a carta que, muito provavelmente, nunca abordaria a incompetência das pessoas que têm nas suas mãos os destinos das nações e a importância das liberdades e direitos adquiridos ao longo das últimas décadas, que ousasse tocar no modo desmedido como procuramos a riqueza, o sucesso profissional e o reconhecimento social, sem olhar ao que vamos destruindo pelo caminho, ou que falasse de patrões gananciosos ou de trabalhadores aproveitadores e que demonstrasse sobre quão mesquinhas parecem agora as guerras familiares e as quezílias com colegas de trabalho ou nas comunidades em que estamos inseridos. É a carta que, muito provavelmente, nunca assinalaria o modo intransigente como defendemos as nossas opiniões, achando-nos donos da razão, diminuindo quem pensa de forma contrária, tal delito de opinião, ou que nunca falaria sobre ajudar o próximo, do valor das relações interpessoais e do poder de estender a mão, de um beijo, um abraço ou de dizer um simples “bom dia”. Esta é também a carta que, muito provavelmente, nunca falaria da importância única que assumem as pessoas que nos rodeiam, ou de como fomos esquecendo os idosos, as pessoas com deficiências e os sem-abrigo, que de repente passaram a estar no centro das nossas preocupações, devido a uma doença que pode castigar particularmente estas franjas desprotegidas da sociedade. Esta é uma carta que, muito provavelmente, nunca seria um curto desabafo, destinado, acima de tudo, aos autores da grande quantidade de cartas que se escrevem diariamente no mundo inteiro. Muitas delas carregadas de sentimento, valor e intenção, que receio correrem o sério risco de se tornar manifestamente improváveis, assim que tudo regresse à “normalidade”. Enfim, esta é uma carta sobre nós. Uma carta sobre uma mudança necessária no comportamento humano e na sociedade, que… muito provavelmente, nunca irá acontecer!

Carlos Monteiro

MDC Media Group

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“Contra o regresso à normalidade”

M

ais de 200 celebridades, entre elas Robert De Niro, Juliette Binoche, Cate Blanchett e Joaquin Phoenix, assinaram um manifesto “contra o regresso à normalidade”, uma carta aberta publicada no jornal francês Le Monde.

A carta aberta foi dirigida aos líderes mundiais e cidadãos de países de todo o planeta para que evitem desastres ecológicos. Com o título “Não a um Regresso à Normalidade”, o texto pede por mudanças profundas nos estilos de vida da sociedade, do consumo e das economias dos países, aproveitando lições aprendidas durante a pandemia de coronavírus (Covid-19). Entre os signatários encontram-se mais de 200 artistas, cientistas e líderes: Juliette Binoche, Robert De Niro, Cate Blanchett, Joaquin Phoenix, Alfonso Cuarón, Jane Fonda, Barbra Streisand, Ralph Fiennes, Madonna, Iggy Pop, Rooney Mara, Marion Cotillard, Adam Driver, Alejandro G. Iñárritu, Jim Jarmusch, Paolo Sorrentino, Mikhail Baryshnikov, Pedro Almodóvar, Guillaume Canet, Penelope Cruz, Spike Jonze, Hirokazu Koreeda, Nathalie Baye, Monica Bellucci, Willem Dafoe e os físicos Aurélien Barrau e Albert Fer. Segue, em baixo, o texto completo da carta, publicada no Le Monde: “A pandemia do Covid-19 é uma tragédia. Esta crise, no entanto, está a convidar-nos a examinar o que é essencial. E o que vemos é simples: os “ajustes” não são suficientes. O problema é sistémico. A catástrofe ecológica em andamento é uma “meta-crise”: a extinção maciça da vida na Terra não está mais em dúvida e todos os indicadores apontam para uma ameaça existencial direta. Ao contrário de uma pandemia, por mais grave que seja, um colapso ecológico global terá consequências imensuráveis. Portanto, apelamos solenemente aos líderes, e a todos nós, os cidadãos, para deixar para trás a lógica insustentável que ainda prevalece e para realizar uma profunda revisão dos nossos objetivos, valores e economias. A busca pelo consumismo e uma obsessão pela produtividade levaram-nos a negar o valor da própria vida: o das plantas, o dos animais e o de um grande número de seres humanos. A poluição, as mudanças climáticas e a destruição das nossas zonas naturais restantes levaram o mundo a um ponto de rutura. Por estes motivos, juntamente com o aumento das desigualdades sociais, acreditamos que é impensável ‘voltar ao normal’. A transformação radical de que precisamos, a todos os níveis, exige ousadia e coragem. Isso não vai acontecer sem um compromisso massivo e determinado. Nós devemos agir agora. É tanto uma questão de sobrevivência como uma questão de dignidade e coerência.”

Artur F. Guedes Blogger

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George

Aziz Asmar e Anis Hamdoun, dois artistas sírios em Idlib, pintam arte mural em tributo a George Floyd Créditos © Omar Haj Kadour

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Floyd


A

indignação que sentimos pelo assassinato de George Floyd é também culpa.

Leio muita gente considerando hipocrisia o protesto que ecoa entre os portugueses, chamando atenção para o facto de que não se geram ondas semelhantes com casos acontecidos em outros países, desde logo, como o grotesco que tanta vezes vai na China. A verdade é que as culturas hoje dominantes da América são radicais europeus. Comungamos de um passado atribulado, feito da valentia e da fealdade que a História conta, e a persistência de determinados ódios são ainda frustrantes tiques da cultura com que nós próprios, europeus, nos identificamos. Sabemos bem como chegaram os povos negros ao continente americano. Nós, portugueses, não os piores mas entre os piores no que respeita à questão, vivemos talvez demasiadamente demitidos de uma consciência acerca dos efeitos que perduram de um passado que não é tão distante. A indignação com o insuportável assassinato de Floyd é sinal de que há quem se envergonhe, sim, e exija que o Ocidente supere de uma vez por todas os erros do passado. Só então cessará a culpa. A morte de George Floyd é culpa de todo o Ocidente que mercou a África humana e nunca se redimiu verdadeiramente. Abolida a escravidão, os proprietários foram indemnizados por suas perdas porque se estimava que as economias não suportariam a passagem para uma mão de obra inteiramente paga. Os povos negros, subitamente deitados à rua sem património nem grande caridade, nunca se viram ressarcidos.

PORTUGUESE CULTURAL CENTRE OF MISSISSAUGA

Quando a morte de um homem negro acontece diante de câmaras de filmar cometida por um branco racista não elimina do Mundo a morte de tantas outras pessoas injustiçadas que nos devem indignar. Mas a morte de uma pessoa negra às mãos de um racista americano é, sim, um assunto nosso. Não se indigna quem ainda não chegou à dignidade de entender que a sua condição branca é um privilégio que o passado lhe deu, o mesmo passado que legou a tantos negros uma tragédia contínua que nos compete fazer tudo para terminar. Não defendo violência alguma, entendo porque alguma violência acontece. Não entendo o racismo. Posso entender a fúria contra o racismo. Melhor modo de solucionar o problema passa por sermos todos implacáveis com os racistas. Metidos em cárcere. Até que se eduquem as novas gerações para uma inteligência maior. Andrea Jenkins está certa. O racismo precisa de motivar a declaração de estado de emergência por uma questão de saúde pública. É viral, destrói a qualidade de vida de milhões e mata.

Valter Hugo Mãe

NM

A celebrar a lusofonia desde 1974

O Centro Cultural Português de Mississauga deseja um Feliz Dia de Portugal a toda a comunidade portuguesa a residir no Canadá

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Não importa qual o país de origem do seu passaporte se a afirmação

lhe dá arrepios.

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Tim

, é o nome artístico de António Manuel Lopes dos Santos e nasceu em Ferreira do Alentejo, a 14 de abril de 1960. É casado e pai de 2 filhos, Vicente e Sebastião. Com apenas 5 anos, muda-se com os pais para Almada, contudo o amor pelo Alentejo acompanha-o até hoje e admite que o Cante Alentejano foi importante na sua formação musical. O músico português é cantor, compositor, baixista, guitarrista, vocalista e um dos fundadores da emblemática banda de rock português - Xutos & Pontapés. Numa altura um pouco atribulada de algumas bandas portuguesas, Tim juntou-se a outros músico e formaram os Resistência, o Rio Grande e o Cabeças no Ar. Mais recentemente, as colaborações com outros músicos trouxeram até ao público os Tais Quais e À Sombra do Cristo Rei, e pelo meio foi gravando discos a solo. Tim começou a sua vida artística aos 15 anos como baixista, em formações de jovens e grupos de baile. Aos 18 anos trabalha pela primeira vez com originais no Grupo 2, um trio almadense de música instrumental de improvisação. Aos 19 inicia o estudo do contrabaixo no Conservatório de Lisboa, e simultaneamente começa a sua atividade como baixista nos Xutos & Pontapés. Para Tim o ano de 1979 ficou marcado, porque: “entrei para o Conservatório para o Curso de Contrabaixo que era um sonho que eu tinha em concretizar (…), entrei na Faculdade de Agronomia de Lisboa e conheci a minha mulher e (…) fizemos os Xutos e Pontapés.” É licenciado em Engenharia Agronóma, na especialidade de Melhoramentos Rurais, pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. Com 22 anos, em 1982, grava o primeiro trabalho com o grupo. Seguem-se uma série deles, todos galardoados com disco de ouro, até 1990, altura em que o grupo faz uma pausa. Aí, Tim é convidado para integrar outro coletivo: os Resistência. Com Pedro Ayres Magalhães, Fernando Cunha, Miguel Ângelo, Olavo Bilac, Fernando Júdice, Fred Mergner, Rui Luís Pereira “Dudas”, José Salgueiro e Alexandre Frazão, com o qual grava Palavras ao Vento e Mano a Mano. No retomar da carreira dos Xutos & Pontapés, prosseguem os registos com o grupo. Em 1995, outro projeto de referência tomava forma: a partir de uma história de João Monge musicado por João Gil, produzido por João Gil, Rui Veloso e Tim, contando ainda com as participações de Jorge Palma e Vitorino, nasce o Rio Grande, cujo nome é da autoria de Tim, e que atinge outra vez a grandeza no panorama português. Ainda nesse ano Tim é

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convidado por Manuel Faria a participar na compilação de Natal - Espanta Espíritos com o tema Uma Rocha Negra em dueto com Andreia. Segue-se o primeiro disco a solo Olhos Meus em 1999, que contou com a participação de Samuel Palitos, Frederico Valsassina, João Cardoso e Gui. Entretanto os Xutos & Pontapés continuavam a absorver a maior parte do trabalho de Tim, com outros álbuns de originais e com tournées e concertos de grandes dimensões, que culminaram com a comemoração dos 25 anos de carreira no Pavilhão Atlântico. Surge ainda outro projeto de reunião, Cabeças no Ar, com letras de Carlos Tê e música de João Gil e Rui Veloso, produção de João Gil, Rui Veloso e Tim. A 9 de junho de 2004, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito. Em 2006 surge Um e o Outro, o seu segundo disco a solo, em que conta com a participação de João Cardoso, Pedro V. Gonçalves e Samuel Palitos, e ainda com Mariza e Mário Laginha como convidados. Surgem duas versões: Estrela do Mar de Jorge Palma e Epitáfio dos brasileiros Titãs. Em 2008, Tim lança o seu terceiro álbum a solo Braço de Prata, com originais e também adaptações dos Sétima Legião, dos Rio Grande, de Adriano Correia de Oliveira, de Bernardo Santareno, de João Gil e dos próprios Xutos & Pontapés. Para este disco, Tim contou com João Cardoso (Humanos) no piano e teclado, de José Moz Carrapa (Ala dos Namorados) nas guitarras, de Fernando Júdice (ex-Madredeus) no baixo, de Fred (Buraka Som Sistema, Oioai e Yellow W Van) na bateria e de Gabriel Gomes dos Sétima Legião no acordeão. O disco Companheiros de Aventura é editado em março de 2010 e em 2012 é lançado Companheiros de Aventura Ao Vivo em que surgem convidados como Celeste Rodrigues, Teresa Salgueiro, Rui Veloso, Mário Laginha e Vitorino. No mesmo ano sai o disco “O Cerco Continua” com músicas do disco Cerco mas noutra versão. Em 2014 com os Xutos e Pontapés lança o disco Puro, que comemora os 35 anos da banda. Em 2019 nasce o projeto Almada – À Sombra do Cristo Rei, banda formada por Tim e os seus filhos, Vicente no teclado e Sebastião na bateria, e Nuno Espírito Santo no baixo. Com os Xutos e Pontapés, lança o disco Duro, que comemora os 40 anos da banda. 2020 marca o lançamento de mais um disco a solo 20-20-20 (três vintes), gravado entre Portugal e Canadá, do qual será lançado, no dia 10 de junho, o single Canadá - tema completamente “criado” no estúdio de Toronto.


Entrevista conduzida por Madalena Balรงa

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Revista Amar: Gostaria de começar pelo ínicio... e o íncio foi em Ferreira do Alentejo. Tim: (risos)… sim, nasci no Alentejo e toda a minha família é alentejana. RA: Mas depois mudaram-se para Almada... Tim: Sim, como a maior parte dos alentejanos, os meus pais também tiveram que deixar a terra natal, digamos assim, por volta dos anos 60, à procura de uma vida melhor. RA: Que idade é que tinha quando se mudaram? Tim: Tinha 5 anos. RA: E o que é que ficou ou existe de “marca alentejana” na sua personalidade? Tim: Muitas coisas. Possivelmente por gostar muito de azeitonas, pão... (risos) essas coisas mais básicas e se calhar a vontade e disponibilidade para cantar. RA: Mas o Cante Alentejano é um género mais dolente comparado ao que o Tim está habituado. Tim: (risos) sim, mas é aquela coisa de se ter vontade de cantar sem vergonha. RA: Não só... Também é o maior letrista dos Xutos e Pontapés, para além das canções dos seus discos a solo. Essa vertende e facilidade de escrever também tem muito a ver com o facto de ser alentejano? Tim: Tem e é uma forma de expressão, que acho que deriva também dessa vontade de cantar. Portanto, se abro a voz, quero cantar e para cantar tenho que ter música e letras para dizer. No caso dos Xutos e Pontapés, onde fiz o meu maior trabalho as músicas são de todos. Muitas vezes aparecem temas onde ainda se tem que fazer a letra. Os temas não são só meus... aparecem do João Cabeleira, do Calú e de outros, mas a facilidade vem de não ter medo e ter uma certa vontade de abrir a voz e cantar e escrever qualquer coisa. Eu sou um letrista, porque consigo fazer as letras para as canções, digamos assim. RA: O que se nota nas suas letras é que há uma ligação muito próxima, ou seja, passar para o papel situações próximas da realidade... muito vividas. Tim: Também, às vezes sim e outras parece que nem têm sentido... isto das canções é uma coisa que realmente nem sei explicar. Quando se presta muita atenção, é como quando se rega as plantas demais... murcha (risos)… não funciona bem. Quando não se liga nenhuma, às vezes sai bem. Portanto, há aqui muitas coisas que se podem fazer em termos de letra. Eu servime muitas vezes de imagens da minha vida, de coisas que me lembro... memórias. Às vezes não temos a sequência completa de acontecimentos de uma memória, mas temos as imagens fixas. Há canções que resultam por exemplo por causa de um sinal vermelho numa certa situação, que pode significar um sinal vermelho que estava a viver na minha vida e por aí fora... Nestes últimos 5 a 6 anos também tenho estado a trabalhar, como por exemplo com os Tais Quais onde tenho cruzado letras num trabalho conjunto com o Vitorino, a Celina da Piedade, o Vicente Palma, o João Gil etc… é uma troca de sabedoria e experiência. RA: Contudo essa proximidade à realidade é fundamental para agarrar o público… as pessoas sentem-se, de uma certa maneira ou por algum motivo, identificadas com a letra. Apesar que há quem diga 50 I Amar

que o Rock passa outro tipo de mensagem. Tim: Eu acho que não. Voltando ao mesmo, eu penso que se as pessoas gostam, agradecem e, gostam quando se sentem tocadas também na sua realidade e na sua memória, ou seja, quando de alguma maneira qualquer coisa que uma canção diga, minha ou de outra pessoa, lhes toca lá num certo sítio e desperta um determinado sentimento. Eu também não sei dizer como é que consigo chegar às pessoas ou dizer como vou fazer as coisas e se são bem feitas ou não. RA: Pois, não deve estar a pensar nisso quando está a escrever. Tim: Não mesmo, as coisas têm que sair de forma muito natural, muito ao decorrer da pena na maneira que se está a escrever. Lá está outra vez, quando penso muitas vezes num tema, muitas vezes tenho que o abandonar porque senão fica maçador, até para mim deixa de ter brilho e começa a ser um trabalho quase como uma redação. RA: Tem que ser espontâneo? Tim: Sem dúvida. Uma palavra tem que puxar por outra, um som tem que puxar por outro e assim sucessivamente. E tem que ser assim. Por exemplo, há letras extremamente simples que são aquilo e as pessoas gostam delas por isso mesmo, há letras quase sem sentido, como disse, mas que têm uma sucessão de palavras que desperta nas pessoas um sentimento. Às vezes o que escrevo pode nem ter uma explicação e a interpretação pode ser variada… e é o que as pessoas quiserem. RA: Temos estado a falar das letras, mas tudo começou pela música. Tim: Eu sou um músico. RA: É músico e toca guitarra desde dos 15 anos. Mas como é que essa se ligação à música se fez? Tim: Fez-se um bocado por teimosia, pois nem tinha nenhum descendente familiar ligado à música. Mas a história é um bocado comum a todos os artistas e músicos, digamos assim. A partir dos 6-7 anos, no colégio em Almada, fui escolhido para o coro e, no coro, descobri a minha alegria em cantar e a cantar com os outros… cantávamos coisas da missa, mas pronto. Por volta dos 13 anos consegui convencer os meus pais, que iam a Espanha naquela altura, a trazerem-me uma guitarrinha e trouxeram. E a partir daí com o pessoal com quem eu andava nos escuteiros, aprendi muito a tocar guitarra e, viola com o Cante Livre, com as canções da altura, do pós 25 de Abril. Os mais velhos que sabiam mais do que eu, ensinaram-me a tocar. Depois fui tocando aqui e ali, os grupos eram esporádicos, porque na altura não havia muita gente que tocasse e a música era uma coisa meia abandonada e havia até um certo estigma, uma pessoa ser músico era enveredar para uma carreira noturna, não muito aconselhável. Aos 19 anos já me tinha dedicado ao baixo e convidaram-me para fazer uma audição para um grupo que se estava a formar, que eram os Xutos e Pontapés, e acabei por entrar no primeiro ensaio. A partir daí comecei no trabalho de músico a sério. Nesse ano, 1979, quando fiz 19 anos, aconteceram-me três coisas muito importantes… primeiro lugar, entrei para o Conservatório para o Curso de Contrabaixo que era um sonho que eu tinha em concretizar, em segundo lugar, entrar na Faculdade de Agronomia de Lisboa e conheci a minha mulher e em terceiro lugar, fizemos os Xutos e Pontapés.


Concerto dos Xutos & Pontapés - PCWOF2019 Créditos © Carmo Monteiro

Concerto dos Xutos & Pontapés - PCWOF2019 Créditos © Carlos Monteiro Amar I 51


RA: Digamos que foram coisas muito bemsucedidas… Tim: Não, o contrabaixo abandonei ao fim de 6 meses. O Curso de Agronomia demorou algum tempo, mas acabei-o… contudo não lhe consegui dar o uso devido. RA: Mas o que o levou a escolher esse curso? Foi a “costela alentejana? Tim: Foi a “costela alentejana” e foi o facto de desde muito novo acompanhar os meus tios… um tio meu era capataz e tomava conta de propriedades e lembro-me perfeitamente de ir assistir à apanha da azeitona e de sempre que podia metia-me no Volkswagen com ele para ir para o campo, dos meus 3,4, 5 anos. Eu adorava ir para o campo. Depois, também tive outros trabalhos, enquanto adolescente de escritório e abominei estar fechado num sítio sem luz à espera para sair às 6 da tarde, fez-me confusão só de pensar que estava a gastar a minha vida ali, preso. Quando acabei o liceu e tinha notas para ir para qualquer lado, porque fui bom aluno no liceu, eu e um colega, depois de andarmos às voltas, achámos que a Faculdade de Agronomia além de ser um curso que se revelou ser muito abrangente, era muito livre e a escola era lindíssima e tínhamos aulas no campo. Não foi fácil acabar, porque, entretanto, a música meteu-se no caminho, mas acabei e gostei. Exerci por 6 meses para fazer o estágio e depois, as coisas na altura não eram muito fáceis e a saída profissional não era muito vantajosa. Quando acabei o curso estavam os Xutos e Pontapés a fazer os “Contentores” e como se sabe, depois disso a coisa virou (risos). RA: A sua vida ligada aos Xutos e Pontapés é mais do que conhecida. Porém vale a pena ressalvar a importância que deram à Língua Portuguesa numa altura em que se associava cantar em português a algo “piroso” ou muito pouco moderno… e vocês deram um “pontapé” nisso! Tim: Demos, porque tínhamos que dar. Aquilo que disse de ter aprendido com o Cante Livre ensinou-me e a nós a conseguirmo-nos exprimir melhor e a passar as nossas ideias de forma muito mais audível e até credível se disséssemos em português, porque estava no sangue. Os Xutos e Pontapés quando começaram foi tudo muito rápido e efervescente. Nós tínhamos um vocalista na altura, que era o Zé Leonel, que também escrevia bastante bem e que era uma pessoa muito repentista e eu também aprendi muito com ele e dei, mais ou menos, continuidade ao que ele fazia e eu sentia-me muito mais à vontade e em especial honesto em cantar em português, portanto, não estava a fingir que era o John Lennon, nem este ou outro… eu era eu, os Xutos eram os Xutos e estávamos a fazer aquelas coisas que não se pareciam com outras que havia em inglês. Depois, também me parece que as pessoas abriram um bocado os ouvidos para a Língua Portuguesa através desse movimento. Mas também podemos falar dos UHF, dos GNR e em toda essa gente. RA: Claro que sim… mas digamos que os Xutos e Pontapés, aliás até pela durabilidade do grupo se vê, conseguiram esse fenómeno de atingir de uma forma absolutamente transversal a sociedade portuguesa, talvez não de imediato, mas hoje quando se olha para a carreira dos Xutos, vocês apanham dos mais novos aos mais velhos de uma forma transversal… Tim: Às vezes eu até fico bastante espantado com 52 I Amar

isso… fundamentalmente, nós fazemos as coisas porque gostamos de as fazer, fazemos da maneira que nós pensamos que mais nos agrada, mas no fundo temos sempre uma resposta do público que nos admite e permite estar a tocar. E como estava a dizer, às vezes ainda me sinto um bocado atrapalhado e vou dar uns exemplos… às vezes vêm jovens de 20 anos pedir-me um autografo para o pai ou para a mãe e há pessoas com 30 ou 40 anos a pedir autógrafos para a filha e nos concertos temos os filhos, os pais e às vezes com os avós… a família inteira! E uns gostamos mais disto e outro daquilo, mas o mais interessante é que estão em comunidade. RA: Mas houve um momento da sua carreira com os Xutos em que houve uma certa “tensão” quando decidiu dar um salto e fazer outras coisas, na altura que foi para os Resistência. Tim: Houve sim, quando fui para os Resistência. Os Resistência aparecem numa altura em que vários grupos estavam num impasse, digamos assim… os Xutos e Pontapés tinham vindo dos problemas que tinham tido com o agente e estávamos sem manager e tivemos que interromper a tournée e, por isso fiquei ali talvez com 2 ou 3 meses em que só tinha que resolver problemas e nós não estávamos propriamente a tocar, estávamos a tentar resolver os sarilhos para depois recomeçarmos, se conseguíssemos claro, no ano a seguir. Ao mesmo tempo os Delfins também estavam mais ou menos parados, depois de terem feito um disco gravado ao vivo, mas que ainda iam misturar no estúdio, mas quando o foram ouvir estava com problemas e não iam conseguir fazer nada, contudo o estúdio já estava marcado, e os Madredeus estavam numa situação, digamos entre discos. E o que aconteceu é que eu, o Cunha, o Miguel Ângelo e o Pedro Ayres Magalhães, juntámo-nos para fazer uma aparição num espetáculo, se não me engano, na Central Sindical numa manifestação e tocámos um tema de cada um e aquilo correu, como se costuma dizer, muito escorreito entre nós, correu bastante bem e foi fácil. A partir daí, eles convidaram-me para continuar com o trabalho e os Xutos que estavam numa situação, como eu disse, um bocado problemática e dura, eu acho que ficaram com aquela sensação de perda e talvez um bocado magoados, não sei… porque os Resistência tiveram um sucesso fantástico. Se os Xutos estavam a tocar para 3 mil pessoas, os Resistência também tocavam para 3, 4 ou 5 mil. Não é que os Resistência fossem melhor que os Xutos, só que realmente o país na altura estava a viver uma situação em que o público mais jovem estava a crescer e tínhamos, ao contrário de hoje, uma juventude pujante… isto há 20 ou 25 anos! Talvez por isso eles não se sentiram muito bem e ainda hoje quando se fala dos Resistência aparecem algumas pessoas a dizer que não se deve falar muito disso, porque as pessoas podem não gostar. Mas entretanto, nestes anos que têm passado e agora tenho tocado com os Resistência e viemos até aqui, a Toronto em 2017, um dia tocaram os Resistência e no outro os Xutos, temos trabalhado bastante bem em conjunto e eu acho que da minha parte e da parte do Xutos se ganhou bastante, quer em abertura de conceitos, de cabeça e na maneira como se fazem as coisas. RA: Que às vezes, também há essa necessidade disso, não é? Tim: Claro.


Concerto dos Resistência - Portugal Week 2017 Créditos © Carlos Monteiro

Concerto dos Resistência - Portugal Week 2017 Créditos © Carlos Monteiro

Concerto dos Resistência - Portugal Week 2017 Créditos © Carmo Monteiro Amar I 53


RA: Mesmo quando enveredou pelos discos a solo, sempre com o trabalho dos Xutos por de trás também… quando fez isso, também não foi um pouquinho a necessidade de “deixa-me cá ver se também sou capaz de fazer coisas diferentes”? Tim: Nem é "se sou capaz"… é sentir-se vontade e prazer em fazer uma coisa um bocadinho diferente, ou seja, às vezes quando fazemos uma coisa diferente e depois quando voltamos a fazer o nosso trabalho regular damos outro valor porque conhecemos o outro lado da moeda e sabemos aquilo que nós podemos não gostar… imagine que estamos a fazer trabalhos dos Xutos e às tantas é sempre as mesmas coisas, as mesmas pessoas, sempre as mesmas piadas, sempre as mesmas conversas e ficamos um bocado cansados disso… e como isto não é como um casamento (risos) digamos assim, se uma pessoa for tocar com outros músicos, conhecer outros músicos e fazer outro tipo de música pode realmente abrir horizontes e depois quando volta, traz novas ideias e o trabalho flui muito melhor. E depois, essa ideia também foi seguida pelos outros, pelo Calú e o Zé Pedro que também fizeram os seus trabalhos e pelo Gui que anda agora a tocar com os Dead Combo. É bom para um músico ou em qualquer profissão, mas sendo músico faz muita falta haver comunicação com outros músicos, porque senão ficamos fechados no nosso pequeno universo a olhar para o nosso umbigo com medo de toda a gente. RA: O que não lhe falta, é uma rede de músicos bastante diferentes com quem tem trabalhado… desde Rui Veloso, Vitorino – uma marca completamente diferente! Tim: Ah! (risos) Isso tem sido… Jorge Palma, João Gil… sei lá… Manuel Paulo dos Ala dos Namorados… ui! Tem sido um prazer conhecê-los a todos. RA: E é enriquecedor, não é? Tim: Sim, é… em termos de conhecimentos, amizade e desfrutar da profissão que tenho. RA: Estamos em Toronto e próximos de um estúdio onde está a ser preparado um novo trabalho do Tim em nome próprio. Pode-nos contar alguma coisa sobre isso ou levantar um pouquinho o véu? Tim: Estamos sim e posso contar tudo o que quiser (risos)… o que acontece é que o meu último disco a solo de originais já tem algum tempo e entretanto as coisas foram andando e no ano passado, mais ou menos por esta altura, tive um convite da Culturgest para fazer lá uma apresentação, que eles queriam que fosse uma espécie de “os melhores momentos”, era um Best of, digamos. Eu para esse concerto já estava a trabalhar com o Moz, mas não estava a trabalhar com o Nuno Espírito Santo, contudo estávamos no projeto de Almada, À Sombra do Cristo Rei com os meus dois filhos, o Vicente que toca teclas e o Sebastião que toca bateria e o Nuno no baixo. Então pensei que podia juntar as duas coisas, o Moz na guitarra, o Sebastião na bateria, o Vicente nos teclados e o Nuno no baixo e fizemos esse concerto. Sentimo-nos muito bem a fazer o espetáculo e pensei que tinha uma banda eficiente com quem eu gostava de estar, com valor e independentemente disso, estava com os meus filhos. Então comecei a engendrar um plano para continuar a usufruir deste prazer, porque assim é que é engraçado. 54 I Amar

RA: E agora vai passar então, digamos, essa experiência para algo que vai ficar para prosperidade, é isso? Para que não fique apenas na memória das pessoas. Tim: Sim… e o que é que eu fiz? Arranjei um conceito simples e lembrei-me de um maço de tabaco que havia antes em Portugal que era uma coisa barata que se chamava 20-20-20 (três vintes). E porque se chamava assim? Porque eram 20 cigarros, 20 gramas, 20 centavos (risos)… e pensei “está tudo dito!”. E arranjei maneira de arranjar umas ideias simples, uns arranjos simples e tentar fazer uma música direta com as pessoas que tenho ao pé de mim, de maneira a aproveitar o empurro que elas tenham para dar para fazer algo diferente. Já havia uns temas e numa primeira fase, que não foi assim há muito tempo, levei-os para a minha casa onde tenho um estúdio pequeno no meio do campo e fizemos uma pequena parcela do trabalho, 4 temas. Depois como tínhamos temas diferentes, pensei que podia ir para outro ambiente para os temas mais acústicos, uns 2 ou 3, e fomos para a praia da Azambujeira fazer esses temas na altura do Carnaval. No meio disto tudo andava à procura de um estúdio fora de Portugal para usufruir desta companhia diferente, para não ser aquela coisa que quando saio do estúdio “vou para casa e depois amanhã telefono-te e tal” e a gente vai-se desligando... eu queria que fosse assim, uma coisa mais nuclear, unidos e a partilhar este momento e a ideia que apareceu, no meio disto tudo, foi procurar em Toronto… também procurei Moscovo (risos), mas achei que tinha que ser em Toronto. RA: Essa história de tocar com os filhos… os seus filhos foram para a música, por sua vontade ou não era isso que queria que acontecesse, como é que foi? Tim: Eu sou um bocado e tenho sido um bocado exigente, mas não nos termos musicais… eu e a mãe sempre pedimos que fizessem o seu percurso académico e o Sebastião, o mais velho, frequentou a Faculdade de Ciências e tirou o curso em Engenharia Biométrica, embora não tenha feito o Mestrado, mas fez as cadeiras e o Vicente está na Faculdade de Belas Artes a tirar o curso de Pintura… no meio disto tudo metemo-los na Conservatória de Santarém, quando ainda eram pequenitos, foram estudando, depois chatearam-se com aquilo e depois voltaram… um para a bateria e outro para os teclados e quando dei por mim, sei lá… há uns 6 anos ou uma coisa assim, começaram a tocar regularmente. Eles acabaram por ter uma vida semelhante à minha, mas só queria que eles fizessem o esforço de ir ao piano, mesmo que não gostassem e o mesmo para as aulas, porque acho que frequentar o ensino superior faz desenvolver o nosso cérebro, o nosso pensamento e até ficamos menos brutos (risos). RA: E não é só isso… num Mundo onde as coisas estão cada vez mais ao dispor de toda a gente, se não houver bases de sustentação, é só mais um, não é? Não há uma forma das pessoas se distinguirem… Tim: E não sabem o que escolher… eu considero isso. Não é o haver muito produto à disposição ou muitas coisas que é nefasto, o que pode ser nefasto é as pessoas fazerem as escolhas erradas, fazer as escolhas que não são as melhores para a vida delas por desconhecimento, por preguiça, por falta de saber, por não ler um jornal como deve de ser, por não abrir ou saber interpretar um livro. E nisso eu tive sorte, de eles serem interessados e de serem pessoas que se preocuparam em se cultivar.


Concerto dos Xutos & Pontapés - Portugal Week 2017 Créditos © Carmo Monteiro Amar I 55


RA: Sorte ou será que o ambiente familiar leva a que eles cresçam de uma certa maneira? Tim: Também pode ser, mas a vida é cheia de voltas e por muito que um pai queira um filho faz sempre a sua vida… RA: A falar nisso, em relação aos seus pais, fez o que o que eles queriam? Tim: Fiz… fiz até um certo ponto. RA: E eles ficaram contentes de ter o filho como vocalista do Xutos e Pontapés? Tim: Claro que ficaram e têm um orgulho imenso e uma grande alegria nisso e gostam muito das coisas que eu faço… mas ainda hoje a minha mãe tem medo de eu não ter trabalho (risos). Houve uma fase mais complicadinha, quando eu acabei o curso e já tínhamos os “Contentores” e fui falar com o meu pai e disse “olhe pai, isto vai ser assim… eu gosto de fazer música e é isto que eu faço e também tenho o curso, mas é assim… eu vou fazer um concerto dos Xutos e Pontapés e ganho o dobro do que se tivesse noutro trabalho” e ele disse que “só tenho medo é que depois vais para a má vida e que te percas”.

Tim em entrevista à Camões TV e Revista Amar Créditos © Camões TV

RA: E a “má vida” aconteceu de facto? Os Xutos e Pontapés passaram por aquele ambiente próprio da juventude? Tim: Toda a gente é nova na vida (risos). RA: Os concertos Rock são sempre associados a coisas muito pesadas… Tim: Depende. É como tudo… há o bom e há o mau e o que mais há é mediano. Não é assim nada do outro mundo! Um grupo como os Xustos, como uma carreira longa, tem tido problemas desses e enfrentamos muitos problemas desses. Mas foram coisas que foram acontecendo, nunca foi aquela ideia de que “somos famosos e vamos arrebentar com tudo em 3 meses”, isso nunca aconteceu! Tivemos e ainda temos os nossos tempos bons, as nossas diversões... mas como temos muitos concertos e muitas coisas para fazer, essa parte mais louca e mais dura acabou por não ter mais espaço… e isso pode-se também a agradecer à família e aos filhos porque dão um outro rumo e estabilidade no dia a dia. Depois, a uma certa altura apareceu o cansaço, uma pessoa deixou de ter 30 anos e a coisa começou a ir para outro lado (risos)… mas, não me arrependo de nada desses tempos loucos, quando nós só queríamos acabar o concerto para depois ir para a discoteca. RA: No percurso dos Xutos também teve coisas menos boas, como há uns anos quando estavam no aeroporto de partida para Toronto e… Tim: É verdade… o falecimento da Marta no aeroporto, a nossa agente… e acabámos por cancelar a viagem. É curioso, na altura ia trazer o meu filho Vicente, que era pequeno e como não viemos fiquei com pouco de pena de não ter mostrado, pelo menos ao Vicente, o Toronto que eu conhecia, porque sempre achei que a vida aqui era diferente, dentro das suas responsabilidades tinham um grau de liberdade interessante, com uma diversidade engraçada e uma mistura de culturas boas na cidade… a cidade, para mim, tem um lado muito positivo… mais um motivo para teremos vindo agora até aqui. 56 I Amar

Tim em entrevista à Camões TV e Revista Amar Créditos © Carmo Monteiro

Tim em entrevista à Camões TV e Revista Amar Créditos © Camões TV


Tim e amigos em estúdio nas instalações da MDC Media Group Créditos © Carmo Monteiro

Tim e amigos em concerto íntimo no Sony Sound Stage Créditos © Carlos Monteiro Amar I 57


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ão nos conhecemos! Ignoramo-nos a ponto de desejar coisas que não nos dizem respeito por considerável impressão distorcida. É o autoengano. Somos capazes de criar inúmeras ilusões das quais nos alimentamos para fugir à dor gerada pela realidade. Cremos no que imaginamos até se tornar uma verdade particular. Faz bem. Dá alívio. Mas não nos faz crescer. Traz frustração, raiva e desânimo. Logo, antes mesmo de se localizar em algum plano de crescimento, é preciso encontrar-se primeiramente. Ou seja, em razão de voltarmos excessivamente a nossa atenção ao nosso redor, bem pouco olhamos para a vida interior com a devida atenção.

fruto da respectiva falta de visão. Eis o preço: Enquanto o ser humano não alcançar a mínima consciência de que ele próprio se limita e, portanto, vive sob o manto da mediocridade autoimposta, pouquíssimo mudará na sua vida. Seria ilusão esperar algo diferente, não acha? E injusto também! Contudo, é devido antecipar que, ao entrar em contacto consigo mesmo, de modo honesto, profundo e frequente, a verdade emergirá dolorosa, causando mal-estar. Mas é por causa de tal incómodo que nos mexemos na direção do aperfeiçoamento, e que foi justamente a tão confortável quão prejudicial acomodação que nos amarrou à falta de visão sobre nós mesmos e às suas típicas decorrências.

Vale lembrar: faça como quiser, porém o preço será-lhe cobrado! É importante ter a liberdade de escolha (cuidado, pois, com as suas decisões!), mas é igualmente essencial (ainda que se tenha feito opções erradas) obter resultado àquilo que se escolheu. Do contrário, equivaleria dizer que após árduo e prestimoso cuidado com o plantio, nenhuma colheita se poderia aguardar. Injusto, não?! Mas a resposta sempre chega: suficiente ou insuficiente, considerando-se o conhecimento e a experiência presentes em relação ao nível da qualidade resultante. Justo, não?!

Então, o que pretende fazer? Só esperar? Se localizar superficialmente em um dado plano de desenvolvimento sem considerar a fundamental autorevisão? Ou empreender uma ousada e aflitiva (embora crucial) autoavaliação, e em seguida traçar novo e sólido planejamento para o desenvolvimento pessoal?

Assim, depende do quanto você se conhece, para estabelecer o planejamento com os objetivos mais adequados, os quais poderão ser uma fonte constante de motivação, pois os motivos serão legítimos, e farão sentido na hora de persegui-los, sobretudo quando for necessário persistir, haja vista existir um tempo para cada coisa. Quanto mais você se enxergar, tanto melhor será o direcionamento dos esforços para o crescimento e a autonomia a que se tem pleno direito. Cada novo passo dado rumo à evolução pessoal fará aumentar o desejo de romper com o atraso ao qual se vive preso,

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo e Mestre em Liderança

On behalf of the LiUNA Local 183 Training Centre we wish the Members of LiUNA Local 183 and their families a Happy Portugal Day! Stay Safe this Summer! Live Virtual Learning Now Available LiUNA Local 183 Training Centre will now be offering the following Health and Safety programs through Live Virtual Learning: House Keeping Safety Small Tool Awareness Fire Extinguisher Safety Personal Protective Equipment Traffic Control Person Safety Trenching Safety Awareness Confined Space Awareness

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O que é o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA)? No alto do planalto de Chajnantor, nos Andes Chilenos, o Observatório Europeu do Sul (ESO), em conjunto com os seus parceiros internacionais, opera o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) – um telescópio de última geração que estuda a radiação produzida por alguns dos objetos mais frios do Universo. Esta radiação tem um comprimento de onda da ordem do milímetro, entre o infravermelho e as ondas de rádio e é por isso designada por radiação milimétrica e submilimétrica. Esta colaboração global é o maior projeto astronómico terrestre em existência.

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O que é a astronomia submilimétrica? A radiação nesta gama de comprimentos de onda provém de vastas nuvens frias no meio interestelar, com temperaturas de apenas algumas dezenas de graus acima do zero absoluto e também das primeiras e mais longínquas galáxias do Universo. Os astrónomos usam esta gama de comprimentos de onda para estudar as condições químicas e físicas nas nuvens moleculares – as regiões densas de gás e poeira, onde estão a nascer estrelas. Estas regiões do Universo são frequentemente escuras e opacas na radiação óptica, mas brilham distintamente nas bandas do milímetro e submilímetro.

Porquê construir o ALMA no cimo dos Andes? A radiação milimétrica e submilimétrica abre uma janela para o enigmático Universo frio, mas o sinal proveniente do espaço é fortemente absorvido pelo vapor de água existente na atmosfera terrestre. Por esta razão, os telescópios usados neste tipo de astronomia têm de ser construídos em locais altos e secos, razão pela qual o ESO escolheu o planalto de Chajnantor a 5000 metros de altitude, um dos mais altos locais de observação astronómica na Terra. O local do ALMA fica 50 quilómetros a leste de San Pedro de Atacama, no norte do Chile, uma das regiões mais secas da Terra. Os astrónomos encontram aí condições ímpares de observação, mas têm que fazer funcionar um observatório de ponta em condições de trabalho muito difíceis. O Chajnantor está 2400 metros mais alto do que o VLT no Cerro Paranal, e excede em 750 metros a altitude dos observatórios no Mauna Kea (Hawaii).

Ciência com o ALMA O ALMA é o telescópio mais poderoso para observação do Universo frio – gás molecular e poeira. O ALMA estuda os blocos constituintes de estrelas, sistemas planetários, galáxias e da própria vida, dando aos cientistas imagens detalhadas de estrelas e planetas a formarem-se em nuvens de gás, próximas do nosso Sistema Solar. É também capaz de detetar galáxias distantes, que se estão a formar nos limites do Universo observável e que nós observamos tal como eram, há cerca de dez mil milhões (Portugal) de anos. O ALMA proporciona-nos uma janela única para a compreensão das mais profundas questões ligadas às nossas origens cósmicas.

O ALMA foi inaugurado em março de 2013, mas observações científicas preliminares com uma fração da rede começaram em 2011. Veja a nota de imprensa eso1137 para mais informações. O ALMA tem produzido de forma consistente resultados únicos e interessantes. As áreas onde os resultados têm sido particularmente excecionais incluem: Imagens de discos protoplanetários tais como HL Tau (ver nota de imprensa eso1436), que transformaram as teorias de formação planetária anteriormente aceites. Observações extremamente detalhadas de fenómenos como Anéis de Einstein (ver nota de imprensa eso1522), fornecem um nível de resolução não alcançado pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA. Deteção de moléculas orgânicas complexas — estruturas prebióticas com bases de carbono, necessárias à vida — em discos protoplanetários distantes, confirmando que o nosso Sistema Solar não é único a poder albergar vida. Para mais informações sobre as descobertas feitas com o ALMA, consulte por favor a página Ciência com os Telescópios do ESO. O ALMA é uma parceria entre o ESO, a Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão, em cooperação com a República do Chile. O ALMA é financiado pelo ESO em prol dos seus Estados Membros, pela NSF em cooperação com o Conselho de Investigação Nacional do Canadá (NRC) e do Conselho Nacional Científico da Ilha Formosa (NSC) e pelo NINS em cooperação com a Academia Sinica (AS) da Ilha Formosa e o Instituto de Astronomia e Ciências do Espaço da Coreia (KASI). A construção e operação do ALMA é coordenada pelo ESO, em prol dos seus Estados Membros; pelo Observatório Nacional de Rádio Astronomia dos Estados Unidos (NRAO), que é gerido pela Associação de Universidades, Inc. (AUI), em prol da América do Norte e pelo Observatório Astronómico Nacional do Japão (NAOJ), em prol do Leste Asiático. O Observatório Conjunto ALMA (JAO) fornece uma liderança e direção unificadas na construção, gestão e operação do ALMA.

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Pião

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m jogo infantil, uma peça ligada a rituais de premonição e à leitura de presságios. O pião já cá anda há muito e, tudo indica, continuará a girar. Pelo menos, na nossa memória. A alegria girava à porta de casa ou nas ruas. Girava nos pátios das escolas e nos largos das aldeias. Rodopiava onde quer que fosse que as crianças se encontrassem. A alegria que fazia soltar gargalhadas tinha o mesmo nome de hoje, pião.

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Fotografia © Rui Manuel Fonseca

O brinquedo que gira desde 4 mil a.C.


Um objeto simples e barato que entretinha durante horas a fio. Isto se remontarmos à infância de várias gerações de portugueses que, sem esforço, se lembram bem de o segurar nas mãos ou de o guardar nos bolsos das calças ou calções. Mas, antes disso, há outras histórias para contar.

Para uns, bastava depois segurar o pião na mão e lançá-lo com força para o chão, para que rodopiasse o máximo de tempo possível. Para outros, os profissionais, a brincadeira durava enquanto o pião se mantivesse dentro do círculo que previamente tinha sido desenhado no solo.

O pião não é só um dos mais velhos brinquedos tradicionais portugueses. É também um dos mais antigos da humanidade. A sua existência vai longa e até já esteve associado aos rituais de premonição ou à leitura de presságios.

Nesse patamar, a proeza contava com vários jogadores que disputavam a permanência do objeto dentro da circunferência. Hoje, apesar de mais esquecido, não deixa de estar em jogo. Quanto mais não seja, rodopia na nossa memória. E gira, gira, gira.

Sabe-se que o pião existe desde o ano 4000 a.C.. Vestígios de um exemplar em argila foram descobertos na margem do rio Eufrates, que corre através da Síria e do Iraque para se unir ao Tigre, que desagua no golfo Pérsico. O pião teve direito a representações nos vasos gregos e até consta em algumas passagens na Ilíada, de Homero, e na Eneida, de Virgílio. O comediante Aristófanes era totalmente fascinado pelo pião. Platão chegou a usá-lo como metáfora para o movimento. Girou e girou nas cabeças, nos poemas e na arte de gente que a História reconhece como sendo ilustre. Por cá, surgiu humilde, de surdina, algures no tempo. Provavelmente já feito em madeira, com um famoso bico de metal. Teófilo Braga dedicou-lhe uma canção. E assim ficou como o verdadeiro e popular pião português. Leve e divertido. Redondo na parte superior, adelgaçado na parte de baixo. Mais difícil de dominar do que aquilo que parece. Os mais audazes conseguiam pô-lo a rodopiar no chão, mas também na palma da mão. Enrolavam-lhe uma corda, um baraço, uma guita ou um cordão, do bico quase até ao pescoço, que é o bojo.

Do oriente com arte

O exemplar de pião mais antigo do Mundo encontrado até hoje data de 1250 a.C. e está em exposição no Museu Britânico, em Londres. Foi descoberto em Tebas, na Grécia, onde o objeto era muito apreciado. Convém frisar, no entanto, que muito embora os gregos e os romanos tivessem o pião como um brinquedo, as culturas orientais, nomeadamente a China e o Japão, foram responsáveis pela introdução no Ocidente. Foi nessas terras que as crianças e os adultos elevaram o potencial do pião, brincando com ele e convertendo-o numa verdadeira arte. A ponto de haver no Oriente diversos espetáculos dedicados ao jogo. Entre eles destacam-se números em que os praticantes, depois de lançar o pião, usam outros objetos para o fazer rodopiar na palma das mãos ou em tábuas duplas, passando-o de uma para a outra.

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Estreia Estreou em Portugal a 5 de março

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Curiosidades “Mosquito” é o primeiro filme português a abrir um dos chamados festivais internacionais classe A. O filme estreou mundialmente em janeiro no Festival Internacional de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos. Segundo o realizador, João Nuno Pinto, “‘Mosquito’ é inspirado na história da chegada do meu avô a África. No entanto, o que se passou durante a sua longa e solitária caminhada pouco se sabe. É aqui que entra a ficção, a fabulação e o sentido que pretendo dar à narrativa.” Produzido por Paulo Branco, “Mosquito” contou com coprodução de França, Brasil e Moçambique, onde foi rodado, e terá uma versão em minissérie com três episódios ‘Mosquito’ demorou quase 8 anos a ser produzido, tendo tido dificuldades de gravação, devido a conflitos armados, e necessitou de pesquisa extensa, dado o tema controverso da colonização portuguesa em África, tendo sido apelidado por muitos como um filme quase “impossível” de se fazer.

Sala de Cinema No porão de um grande navio, o jovem Zacarias e outros soldados são levados para Moçambique, com o objetivo de defender o império africano português da ameaça alemã, durante a Primeira Guerra Mundial. Já em território colonial, os soldados encontram uma terra marcada pela opressão e violência que se desenrola longe dos olhares do mundo. É neste contexto que Zacarias, criado num Portugal católico e conservador, pretende dar asas à sua sede de aventuras heroicas. Deixado para trás pelo seu pelotão, o jovem soldado parte numa longa caminhada selva adentro, em busca dos camaradas, da guerra e dos seus sonhos de glória. Durante a odisseia, acossado por febres de malária e ameaças constantes, Zacarias é confrontado com situações que o colocam frente-a-frente com os limites do seu corpo, a loucura dos homens e os ideais que persegue. Ficha Técnica Filme com realização de João Nuno Pinto, produzido por Paulo Branco, que contou com a participação de Dinarte Branco, Filipe Duarte, João Nunes Monteiro, Miguel Borges, Camané, Hermelinda Cimela, Tiago Viegas, Nuno Preto, Gonçalo Ruivo, Rodrigo Santos entre outros. Duração: 125 minutos Género: Drama, Guerra Origem: Portugal

Fontes: IMDB e FilmSpot - Imagens: Direitos Reservados

Pedro M. Salvador


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Créditos © Shelby Elkins/DeviantArt


Máscaras:

Acessório medonho ou criativo?

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onfesso que é um acessório que nunca aceitarei como moda, mas como necessidade sanitária. Citando o Dr. Anthony Fauci, o famoso imunologista americano – “Eu uso máscara para te proteger, tu usas máscara para me proteger; todos estamos protegidos se todos o fizerem”. E nesta pandemia, é só isso que interessa; mantermo-nos sãos e unidos nisto. Ultimamente, as figuras relevantes da pintura; como Van Gohn; “Monalisa” de Leonardo Da Vinci, Freda Khalo, “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Johannes Vermeer estão a ser caracterizadas com máscaras, não por desrespeito, mas para passar a palavra de uma forma divertida e eficaz.

À medida que as lojas abrem e a vida teima em voltar à normalidade, apesar do Covid-19 continuar a ser uma ameaça; como era expectável, não há novidades. Tentam escoar agora os produtos que já deviam ter vendido há dois meses atrás e há objetos novos que entretanto vamos introduzindo nos nossos rituais, que nada preparava as lojas nem as nossas mentalidades para tais novidades; como por exemplo, as máscaras. Creio que em breve, o grosso das marcas e das lojas, começarão a comercializar em peso as máscaras reutilizáveis e laváveis. A Chanel, a Hermès, o Jean Paul Gautier e a Louis Vuitton já o fazem.

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Os tempos são pesados e difícies para a maioria. Pessoalmente, sou de opinião que não é tempo de baixar a guarda nem os cuidados, mas tomar isto como um desafio às nossas capacidades criativas para elevarmos a nossa própria moral, bem como a dos que nos rodeiam e pôr-lhes um sorriso na cara.

Já que temos a obrigação de usar máscara nos espaços fechados, durante as compras e nos locais em que não for possível manter o distanciamento necessário, então que tornemos as ocasiões algo divertidas!

Há gostos para tudo! Há pessoas que receiam que com a máscara, possam perder o estilo com que se identificam uma vida inteira. Temos de admitir que a máscara é um acessório aterrador! Estas, de Michelle Vella, artista natural de Toronto, são verdadeiras obras de arte, literalmente – já que são cópias dos seus quadros originais. Neste caso, Karl Lagarfeld e Jacqueline Onassis, por si só, já conferem um toque de requinte à indumetária. É uma belissíma sugestão para os preocupados com o impacto da máscara na imagem. 70 I Amar


Há quem seja amante da arte e isso exprime muito a personalidade de quem escolhe uma máscara com a cópia de uma obra-prima da renascença ou do movimento pop art. Faça a sua escolha sem grandes preocupações em conjugar a máscara de cariz artístico; pois esta acrescenta em estilo.

Finalmente, as máscaras que provocam reações nos outros, seja pela criatividade, pelo inesperado, pela gargalhada, são muito interessantes. Dizem muito de nós aos outros. Revelam os gostos pessoais de quem as usa, os seus interesses e aspirações. Podem ser humuristícas, como esta máscara de lábios bem preenchidos de batom; já que por agora não adianta pintar os lábios... mas podemos pintá-los a tinta para tecido, bem sensuais, como se fossem os nossos. É uma forma de mantermos a nossa identidade, enquanto o Covid-19 andar por aí à solta.

A ideia de passar mensagens, à semelhança do que se faz com as t-shirts, resulta em cheio nas máscaras.

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Há ainda as máscaras que nos lembram cenários de Verão ou locais que nos são especiais; como esta com a fotografia das Azenhas do Mar, Sintra. Numa altura em que não é possível pensar fazer férias nos sítios que nos fazem felizes, sempre os podemos exibir aos olhos dos outros que andam tão desanimados como nós!

Concluíndo, há uma gigantesca possibilidade de escolhas de máscaras divertidas, elegantes e até originais – como estas, em padrão nacional, em chita de Alcobaça, que saem das mãos da artesã portuguesa de Toronto, Catarina Sábio e que tão justamente, honram a nossa tradição! Use pela saúde de todos e já que tem de o fazer, aproveite para se distinguir do resto da multidão sem rosto – seja criativo!

Maria João Rafael Consultora de Imagem

Créditos: Catarina Sábio, Michelle Vella; Catarina Sábio; Pintrest; Google Images.

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Saúde

A abordagem da medicina tradicional chinesa à

Gastroenterologia O

estômago é a parte mais ampla e elástica do canal alimentar. Quando está vazio, cabe numa mão fechada. Contudo, o seu volume após as refeições, aumenta mais de 20 vezes. O estômago encontra-se revestido internamente por uma membrana, que produz suco gástrico. O suco gástrico é formado por ácido clorídrico e enzimas (pepsina), que se encarregam de iniciar a digestão dos alimentos. Contudo, a parede do estômago tem várias camadas de células, protegidas por um revestimento de muco e uma mucosa. O muco gástrico, é um mecanismo fisiológico defensivo que protege as paredes do referido suco gástrico. Em condições normais, o estômago consegue o equilíbrio entre o suco e o muco-gástrico, mas se houver um desequilíbrio a favor da produção de suco-gástrico, este produzirá erosão no estômago, a qual se pode tornar bastante grave. O estômago na Medicina Chinesa, em conjunto com o baço são conhecidos como a “Raíz do Qi Pós-celestial”, dado serem a origem de toda a energia e sangue produzidos após o nascimento. “O estômago é o mar da água e dos grãos, sendo a fonte principal de nutrição dos 6 órgãos Yang. Os cinco sabores penetram na boca para serem armazenados no estômago para nutrir os 5 órgãos Yin…” O estômago recebe o alimento, daí ser chamado de “Grande Celeiro”. Tem um papel importante no que respeita ao apetite, dado que transforma os alimentos e os líquidos ingeridos e, em conjunto com o baço, promove a boa digestão. Se o Qi do estômago e do baço forem bons, todos os outros órgãos e vísceras funcionarão bem, caso contrário a pessoa sentir-se-á cansada, com fraqueza nos membros, com náuseas, distensão abdominal, entre outras…

Helena Rodrigues

Especialista de Oncologia em Medicina Chinesa


O estômago pertence à terra, segundo a lei dos 5 movimentos

O estômago e o baço são o eixo do corpo, formam a energia central do organismo. Segundo o aspeto mental, estão relacionados com a reflexão e a preocupação. Doenças do estômago: gastrite, úlceras, helicobacter pylori. Estas 3 afeções estão inter-relacionadas e são a causa de grandes perturbações da vida quotidiana, gerando dor, inflamação e, consequentemente, uma menor qualidade de vida.

Gastrite É a inflamação da mucosa do estômago. A gastrite aguda pode ser originada por substâncias químicas (aspirina e anti-inflamatórios), álcool ou pela bactéria helicobacter pylori. Nalguns casos, pode ocorrer também devido a stress físico e psíquico. A gastrite crónica surge quando há irritação prolongada do estômago causada pelo álcool e/ou tabaco, doenças auto-imunes, problemas com a bílis, anemia ou por degeneração da mucosa gástrica devido à idade. Sintomas: dor epigástrica (constante) que ocorre cerca de 1h após as refeições, náuseas, vómitos, regurgitação ácida, pouco apetite…

Úlceras Existem vários tipos: péptica, duodenal e gástrica. Originam-se devido à ulceração da membrana da mucosa do estômago. Causam dor epigástrica que se apresenta em crises, permanecendo por algumas semanas, em intervalos de meses. A dor ocorre de 30 minutos até 2 horas após as refeições e não é aliviada pela alimentação. A dor da úlcera é caracterizada por sensação de ardor ou sensação de queimadura. Geralmente, as úlceras são doenças crónicas causadas por fatores químicos, neurais e hormonais, mas também pela bactéria helicobacter pylori que interfere no equilíbrio da mucosa gástrica, provocando úlceras e erosões no estômago.

Helicobacter Pylori É um bacilo gram-negativo microaerófilo espiralado e curto que é encontrado nas partes profundas da camada de muco gelatinoso que recobre a mucosa-gástrica. Geralmente esta bactéria é adquirida na infância, quer por via oral, quer por via orofecal. A infeção da helicobacter pylori ocorre através da alimentação, líquidos ou utensílios contaminados. Cerca de 95% dos pacientes com úlcera duodenal possui esta bactéria! Ela vive abaixo da camada de muco para se proteger da acidez do estômago. Como na maioria das bactérias, o ácido pode destruí-la, motivo pelo qual a helicobacter pylori desenvolveu um engenhoso sistema, o qual lhe permite atravessar a parede do estômago e chegar à mucosa, onde se instala. Para tal, segrega uma enzima, a urease, que faz com que, à medida que avança para a mucosa gástrica, o meio que a rodeia seja menos ácido. Abre caminho através do muco que reveste a mucosa, para chegar às células do epitélio gástrico, às quais se fixa. Debaixo do muco o meio é menos ácido, sendo um local propício para o seu crescimento e multiplicação. O organismo encontra sérios problemas para eliminar esta bactéria, dado que as imunoglobulinas da mucosa não são capazes de destruí-la. Ao instalar-se, a bactéria produz uma gastrite aguda com mal-estar, náuseas e vómitos, que dura 2 semanas. Em pouco tempo, a situação acalma e os sintomas desaparecem, mas inicia-se o desenvolvimento de uma inflamação persistente no estômago – gastrite crónica – que pode durar anos. Esta inflamação pode progredir até se produzir uma úlcera. Pela sua saúde, procure um terapeuta credenciado e…É por isso importante, procurar um terapeuta que o (a) possa ajudar a aliviar a sintomatologia e a tratar a patologia, de modo a que possa… sorrir com Saúde!


As muitas vidas do limão

para além da Limonada É

um dos citrinos com mais interesse nutritivo e um fruto de sabor intenso que dá para quase tudo.

É da família das Rutáceas, nasce numa árvore com folhas verdes e perfumadas. Surgiu no sul da China, chegou à Península Ibérica no século XII, tem várias variedades e nascem em diversas épocas do ano. A Califórnia, nos Estados Unidos da América, é zona de maior produção deste citrino de casca amarela e de alto teor nutricional. Tem fibras vegetais, magnésio e potássio, e vitamina C aconselhada para prevenir infeções, como a gripe que já anda no ar. O limão é um fruto que se encaixa no grupo dos alimentos reguladores. Há várias razões para isso, além da elevada quantidade de vitamina C. Em cada 100 gramas há 10 gramas de hidratos de carbono. Tem 87% de água e sais minerais como cálcio. Em gomos ou às rodelas, cortado ou inteiro, em forma de rosa ou em espiral, este fruto tem muito para contar.

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Curiosidades e aplicações É um citrino com virtudes medicinais. Combate infeções, ajuda na formação dos dentes e ossos, acelera a cicatrização de feridas e queimaduras, melhora o funcionamento do aparelho digestivo pelo seu elevado conteúdo de fibras vegetais, desintoxica o fígado, combate a hipertensão e a obesidade. O limão não deve ser ingerido puro. A sua acidez pode provocar úlceras gástricas. Na alimentação, seja em doces ou em salgados, seja na carne ou no peixe. Em bebidas com ou sem gás, frescas ou naturais. Em medicamentos, em xaropes. Em produtos de limpeza também. E da sua casca é retirada uma essência aromática que vai diretamente para a secção de beleza, ou seja, para a composição de perfumes. O limão ajuda a amaciar e a clarear as mãos. Ótimo para remover as manchas amarelas da nicotina dos dedos dos fumadores. Aconselhado para retirar manchas de lavatórios e banheiras e nódoas de ferrugem em roupa branca. Utensílios de vidro com manchas? O limão tira. Vidros sujos de leite? O limão limpa. Como escolher um limão? Pesado com casca fina e lisa, cor verde ou ligeiramente amarelada. Se cede um pouco à pressão dos dedos, é sinal que está maduro, o que significa que tem sumo. Se o limão está verde, deve ser colocado num lugar seco, fresco e arejado, até ficar maduro. Quando já está maduro, pode ser guardado no frigorífico durante uma semana dentro de um saco plástico. Está sempre pronto a usar. Espremer limões maduros para uma cuvete de gelo e congelar. Uma maneira prática para ter sumo de limão sempre à mão, pronto para refrescos ou para temperar carne e peixe. Um limão pouco suculento deve ser colocado em água morna durante cinco minutos antes de ser espremido. Para não secar, pode ser guardado em água gelada. Não é preciso cortar o fruto, se são só precisas algumas gotas. Basta espetar os dentes de um garfo e espremer ligeiramente o fruto.

Sara Dias Oliveira

Fotografia: Direitos Reservados

NM

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Dona hipnose

e os seus mitos

D

esde sempre tenho a recordação do tema da hipnose como algo representado de forma aterrorizadora e exageradamente mágica nos livros, filmes e desenhos animados. Era um tema estranho, do desconhecido, de certa forma relacionado com medo, controlo, do domínio sobre o outro e de um estado subconsciente semelhante ao sono, de olhos hipnóticos a rodarem sob a forma de espiral padronizada.

A telecomunicação da hipnose

É também curioso saber que, até as emoções são viciantes. Seja qual pensando bem, estas histórias, normalmente, assentavam numa dinâmica que incluía a interação entre um hipnotizador poderoso, com enorme capacidade de influência, e um hipnotizado submisso, apresentando resultados a curto e longo prazo. A hipnose aparece assim como trama principal em várias produções cinematográficas e televisivas. Acontece que, ainda hoje existem produções que tratam deste assunto de forma séria, credível e com humor, mas o oposto também se aplica, onde o assunto é abordado de forma algo duvidoso, pouco ética, não diferenciando sequer as formas na qual se apresenta, como hipnose de palco/ entertainment/ ou clínica/ terapêutica. As atitudes negativas e crenças distorcidas acerca da hipnose têm sido influenciadas grandemente pela forma como esta é comunicada, desde sempre, pelos media. Tal facto levou a uma série de conotações erróneas que ficaram vinculadas a esta abordagem até hoje. E assim nasceram os mitos da hipnose!


A indústria cinematográfica e televisiva

Estes mitos são materializados e reforçados em histórias com um enorme caracter subliminar associado, tais como “Svengali” (drama e terror, Archie Mayo; 1931), “O Escorpião de Jade” (Woody Allen; 2001), “O Ilusionista” (Neil Burger; 2006), “Hipnos” (David Carreras; 2004), “A origem” (Christopher Nolan, 2010), entre outros. Na indústria dos desenhos animados podemos enunciar o “Popeye, o olhar hipnótico”, “Cebolinha, o plano hipnótico”, “Pato Donaldo, Curso de Hipnotismo”, “Pica Pau, o hipnotizador”, incluindo o “Mogli, o menino lobo”. Segundo a atual definição da Associação Americana de Psicologia (APA), a hipnose traduz-se num estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão. É um estado mental ou um tipo de comportamento usualmente induzidos por um procedimento conhecido como indução hipnótica, o qual é geralmente composto de uma série de instruções preliminares e sugestões. É uma psicoterapia que facilita a sugestão, a reeducação ou a análise por meio da hipnose. Para além da Medicina, a hipnose é utilizada também na Psicologia, na Fisioterapia, na Odontologia, na Enfermagem e em outras profissões de saúde.


Os 7 mitos da hipnose 1. Hipnose é dormir?

O transe hipnótico é um estado modificado de consciência denominado de estado Alpha. Estas são ondas cerebrais comumente associadas a estados de calma e de recetividade, onde o corpo relaxa gradualmente. Neste estado, diferente do sono fisiológico, há uma forte atividade elétrica no cérebro devido ao altíssimo nível de concentração em que o sujeito se encontra. Hipnose, meditação, sonhar acordado, estar absorvido na leitura de um livro, ver televisão ou ouvir música, conduzir através de uma estrada conhecida chegando ao destino sem se recordar do caminho, estes são bons exemplos do estado alfa. Hipnose e sono são estados de consciência completamente distintos. Durante o sono, não temos o controle dos nossos pensamentos. Já na hipnose, somos participantes ativos dos pensamentos. São dois estados claramente distintos e a tecnologia moderna pode comprová-lo de inúmeras formas. Pelos denominados eletroencefalográficos de ambos, que mostram ondas cerebrais de formas, frequências e padrões distintos para cada caso, ou seja, revelam ativações cerebrais distintas. Podemos citar o exemplo Daniel Amen, psiquiatra e autor do livro “Transforme seu Cérebro Transforme sua Vida”, que com a sua técnica SPECT (Single photon emissíon computed tomography) que mede o fluxo sanguíneo no cérebro e os padrões de actividade metabólica. Numa sessão de hipnose clínica, o paciente está de olhos fechados, logo, associa-se ao ato de dormir. O indivíduo fecha os olhos para se desfocar das distrações externas e concentrar-se mais ativamente nas orientações de quem facilita a hipnose e no seu mundo interno, mantendo-se sempre acordado. Segundo a literatura, o termo “hipnose” (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo) foi introduzido por James Braid (17951860), médico e pesquisador britânico. Inicialmente Braid encontrou nesta abordagem técnica semelhanças a uma espécie de sono induzido. Mais tarde, após perceber de que se tratava de um equívoco, o nome “hipnose” já tinha criado “raízes” e manteve-se. Desta forma, é importante que fique bem claro que hipnose não é uma espécie ou qualquer forma de sono.

2. A pessoa perde a consciência? A hipnose não é um estado de inconsciência, mas sim um estado de consciência modificada. Um estado de “atenção focada”. Este estado pode ser percebido e/ou sentido quando estamos envolvidos em tarefas do nosso dia a dia, ao ler um livro, ouvir música ou assistir a um filme. Sempre que estiver tão focado, tão envolvido com algum projeto, assunto, fime ou ideia, ao ponto de se abstrair do que está à sua volta, está num estado de transe hipnótico. Muitas pessoas têm a ideia formada de que na hipnose o indivíduo perde a consciência. De facto, isso não é verdade nem seria possível facilitar o processo sem a colaboração do paciente. O transe hipnótico ocorre por uma dissociação consciente/inconsciente.


3. É possível eu não voltar do transe? Sim, há quem acredite na possibilidade de a mente ficar presa naquele estado de transe, mas isso é totalmente impossível! Em casos de transes mais profundos e agradáveis, a pessoa tende a não responder de imediato quando o hipnotizador a chama. Apesar disso, não há risco de ficar para sempre em transe. Basta dar mais tempo ao hipnotizado para que ele volte. Dá-se o caso também de termos de facilitar o processo de emergir as vezes que forem necessárias para a pessoa sair daquele “sonhar” acordado. Repare, todos nós entramos e saímos de estados de transe várias vezes ao dia, ao assistir a um filme, ao estudar, quando guiamos sem notar no caminho, ou seja, onde aplicamos um certo nível de concentração. Não há risco de não acordar do transe, porque o corpo encarrega-se disso naturalmente. Durante a sessão, o hipnotizado não perde a consciência. Ele apenas entra num estado elevado de relaxamento e de atenção, permanecendo acordado/a durante todo o processo, podendo até sair do transe sozinho/a. O que pode acontecer é sentir-se tão bem, que não quer abrir os olhos no fim da sessão! De qualquer modo, os estados de hipnose não se sustêm por si só! Ou abre os olhos e emerge, ou adormece!

4. Posso ser hipnotizado contra a minha vontade? Os media têm criado a ilusão de que o hipnotista têm poderes mágicos e misteriosos, ou ainda, sobrenaturais sobre as pessoas. Tal poder é falso e inexistente! O hipnotizador num contexto terapêutico só pode induzir o estado de hipnose com o seu consentimento e colaboração. É você quem decide e/ou se permite, ou não, seguir as orientações do hipnotizador. Se durante o processo desejar abrir os olhos ou falar, poderá fazê-lo tranquilamente!

5. O indivíduo hipnotizado é dominado pelo hipnoterapeuta? Como em qualquer relação terapêutica, a hipnose clínica é uma parceria de confiança estabelecida entre hipnoterapeuta e o sujeito, logo se o sujeito não quiser ser hipnotizado, nada pode ser feito em contrário. Na hipnose, o estado de transe é uma auto-hipnose, ou seja, o hipnotizador é um facilitador. Trata-se de alguém ao lado da pessoa enquanto o seu sistema nervoso faz o trabalho.

6. O hipnotizado confessa segredos sem querer Mesmo em transe, a mente mantém - se sob vigilância e, dessa forma, protege a integridade das pessoas. Alguma orientação que venha fora do contexto ativa de imediato a mente consciente e saltam os filtros que não permitem o entrar da sugestão.

7. A hipnose é perigosa? Com um hipnoterapeuta devidamente qualificado e com experiência no uso da hipnose em contexto terapêutico, o processo é seguro. A hipnose clínica é uma terapia muito eficaz, natural, absolutamente segura e não apresenta efeitos secundários. Certifique-se sempre de que o profissional (hipnoterapeuta) está devidamente credenciado, e tem formação específica em Hipnose Clínica! De forma oposta, um hipnotizador sem formação específica na área e sem experiência clínica pode cometer alguns “deslizes” e atingir um objetivo diferente do proposto inicialmente. Ultrapassados estes mitos e outras dúvidas, pode avançar de forma confortável, confiante e segura para esta abordagem. Desde que a relação de confiança seja estabelecida, a parceria terapeutica e o trabalho de “equipa” avançam de mãos dadas.

Isabel Rebelo

Psicóloga e Hipnoterapeuta


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Permacultura, um método e uma filosofia

A

s necessidades humanas podem e devem estar ligadas a soluções sustentáveis, e a permacultura é um exemplo disso. Por isso, se tem uma horta ou jardim, saiba que pode utilizar técnicas de forma a produzir melhores alimentos, que se refletem em melhor saúde para quem os consome.

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Primeiro a história. A palavra permacultura teve origem no inglês “permanent agriculture” e foi cunhada em 1978 pelo professor australiano Bill Mollison, com o auxílio do então estudante David Holmgren. Tudo porque ao verificarem que os recursos naturais da sua região se estavam a esgotar, desenharam um modelo de trabalho e desenvolvimento em que a agricultura, em ligação às atividades humanas e integrada no meio ambiente, produzisse recursos suficientes e de forma não predatória.

E aí já será possível trabalhar com pequenos lagos ou regatos no terreno, que vão funcionar como habitat para eles. O objetivo é ter o sistema o mais rico possível.”

Atualmente, a permacultura é considerada uma ciência de âmbito social e ambiental, que combina o conhecimento científico com a sabedoria tradicional. Método e filosofia de vida, estimula o desenvolvimento sustentável aliado a um ambiente produtivo nas áreas rurais e urbanas. Além disso, jardins e hortas podem ser verdadeiras obras de arte.

Na permacultura não há acasos. “Os feijões são leguminosas que aumentam a fertilidade do solo, e o mesmo acontece com as ervilhas.” As árvores de fruto também têm o seu lugar. “Usa-se a sombra para ter culturas mais sensíveis.”

Para uma melhor compreensão, entram em cena três pilares fundamentais. Primeiro: cuidar a terra, para que ela seja saudável e os sistemas de vida se multipliquem. O solo não deve ser usado de forma abusiva e desmedida. Segundo: cuidar das pessoas, para que todas possam ter acesso aos recursos necessários à sua existência. Só assim o ambiente prospera e se assegura a continuidade geracional. Terceiro: partilhar justamente os excedentes, como o dinheiro, o tempo e a energia. Além dos pilares, a permacultura segue 12 princípios para quem a queira tornar numa filosofia de vida.

Hortas que são jardins

A prática resultou e o modelo tornou-se conhecido, expandindo-se para vários países. Em Portugal há exemplos. A Herdade Ribeira da Borba, em Vila Viçosa, é uma propriedade baseada nos princípios da permacultura. Mas há mais. João Bicho, arquiteto paisagista, teve e tem bastantes projetos em mãos, principalmente hortas, em que segue muitos destes princípios: casos da horta da Quinta de Ventozelo, em São João da Pesqueira, e do Palácio de Mateus, em Vila Real. “Trabalhamos as hortas de uma forma mais tradicional, de forma a torná-las quase jardins, visitáveis todo o ano.” No que respeita à proteção do solo, João Bicho explica que combina culturas permanentes com outras mais efémeras. Tudo misturado. Bem arranjado. Sem químicos. “A terra torna-se mais sustentável sem produtos químicos. Quando combinada com flores, que atraem insetos benéficos e auxiliares, que ajudam combater pragas, há um equilíbrio ambiental muito grande.” João fala de pirilampos e de joaninhas, a que se podem juntar as abelhas. “Além dos insetos, podemos ter sapos ou salamandras, que comem os caracóis.

Ter menos espaço entre plantas também é benéfico: “Faz com que se use menos fertilizantes, ainda que seja o estrume”. Por regra, a permacultura associa-se à compostagem. Ou seja, todos os resíduos são decompostos e voltam a ser integrados na horta. “Há um ciclo. As culturas complementares, no fim de vida, vão alimentar as seguintes.”

Regra geral, são solos onde reina a eficiência e até um menor esforço humano. Não é que as pessoas não precisem de pôr as mãos na massa, mas evitam-se perdas de tempo. Por exemplo, na luta contra a erva, que exige braços permanentes, a estratégia pode passar por cobrir os espaços vazios na terra com cascas de pinho, se estivermos a falar de jardins. Nas hortas pode ser palha. “Vai proteger o solo e reduzir a evaporação de água.” Mas o mais importante, sublinha João Bicho, é reconhecer cada um dos terrenos em que trabalha, porque são todos diferentes. “É algo que leva tempo. Ao fazermos uma horta, por exemplo, vamos enriquecendo o solo e vamos conseguindo ter mais culturas. Não trabalhamos para esgotar o terreno, mas para o tornar mais rico e mais generoso connosco.”

12 princípios da permacultura, segundo David Holmgren:

1. Observar e interagir. 2. Capturar e armazenar energia. 3. Obter rendimento. 4. Aplicar autorregulação e aceitar retroação. 5. Usar e valorizar serviços e recursos renováveis. 6. Não produzir resíduos. 7. Desenhar os padrões ao detalhe. 8. Integrar mais que segregar. 9. Usar soluções pequenas e lentas. 10. Usar e valorizar a diversidade. 11. Usar limites e valorizar o marginal. 12. Usar e responder à mudança com criatividade.

Filomena Abreu NM

FELIZ DIA DE PORTUGAL Amar I 85


Culinária

Frango salteado comvegetaiseespeciarias

Culinária PREPARAÇÃO

1. Aqueça o azeite num tacho, junte o frango cortado em tiras, polvilhe com o alho em pó, os cominhos e a paprica. Adicione um pedaço de raiz de gengibre, pelada e ralada, e pimenta moída na altura. Salteie durante 3 a 4 minutos sobre lume forte. 2. Entretanto, descasque a cebola, corte-a em meias-luas e junte ao frango. 3. Descasque as batatas, corte-as em rodelas e disponha-as sobre o frango. Por cima, coloque os legumes congelados e o pau de canela. Tape e cozinhe sobre lume médio a forte durante cerca de 20 minutos. 4. Retire do lume e polvilhe com cebolinho cortado e com o amendoim grosseiramente picado. Bom apetite e Feliz Dia de Portugal!

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equeno-almoço, sobremesa ou lanche? O difícil vai ser decidir. Estes waffles de chocolate com chocolate derretido são irresistíveis em qualquer ocasião. Delicie-se! SERVE 4 PESSOAS TEMPO MÉDIO DE PREPARAÇÃO: 30 MINUTOS DIFICULDADE: MÉDIA INGREDIENTES • • • • • • • • • • • • •

2 c. de sopa azeite 400 g peito de frango 1 c. de chá de alho em pó 1 c. de chá de cominhos em pó 1 c. de chá de paprica em pó qb raíz de gengibre qb pimenta de moinho 1 cebola-roxa 3 batata-doce (finas e compridas) 400 g de mistura chinesa de vegetais congelada 1 pau de canela qb cebolinho fresco 50 g de amedoim torrado


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AQUÁRIO

Junho

Horóscopo

O mês começa sob a influência da Lua Crescente em Balança, que estará em ótimo aspeto com o Sol e Vénus retrógrado em Gémeos, movimentando os relacionamentos, pessoais e profissionais. Todos estaremos mais abertos, simpáticos e extrovertidos, com pessoas do passado ressurgindo nas nossas vidas, por causa da retrogradação de Vénus. Acordos e negociações de projetos e contratos que ficaram inacabados ou que foram deixados de lado no passado, podem voltar a fazer parte de nossos planos. Saturno continua em Aquário durante todo mês e, em seu movimento retrógrado, continua unido a Júpiter e Plutão, nos últimos graus de Capricórnio, que também estão e continuarão em movimento retrógrado. Com quatro planetas em retrogradação, é melhor não esperarmos por movimentos rápidos nas nossas vidas. A tendência é a lentidão e até atrasos nos nossos projetos. No dia 05, a Lua continua seu ciclo, entra na fase Cheia em Sagitário, chega com tenso aspeto com Vénus retrógrado em Gémeos e com Marte em Peixes e acompanhada de um eclipse lunar, aos 15 graus, trazendo uma série de acontecimentos e mudanças nas nossas vidas, no âmbito pessoal e coletivo. Em Sagitário, podemos esperar por mudanças na nossa filosofia de vida e na espiritualidade, crenças e mitos. Nos dedicaremos mais ao conhecimento superior. Mercúrio em Caranguejo, começa seu movimento retrógrado no dia 18 e a partir desse dia, teremos 5 planetas em retrogradação, atrasando os nossos projetos, pessoais e profissionais, obrigando-nos a rever e reavaliar as nossas vidas e escolhas, no âmbito pessoal e coletivo. Em tempos de pandemia, podemos imaginar que muitos valores estão e continuarão sendo transformados, trazendo mudanças efetivas e profundas nas nossas vidas. Mercúrio continua retrógrado, até o dia 11 de julho, portanto, durante a segunda metade do mês de junho, podemos contar com algumas situações que podem atrapalhar o nosso dia a dia, como quebra de telemóveis, atrasos de projetos, roubos, vírus nos computadores, adiamento de reuniões importantes. Não é aconselhável comprar aparelhos eletrónicos ou mecânicos alguns dias antes, durante e alguns dias depois desse período. No dia 20 à noite, o Sol deixa Gémeos e começa a sua caminhada através de Caranguejo deixando as nossas emoções mais afloradas e com mais necessidade de estar perto de quem amamos, especialmente da família. A carência pode aumentar em tempos de distanciamento social, mas deve ser controlada, pois ainda não é tempo de voltarmos à vida normal. No dia 21, teremos mais um eclipse, desta vez solar, ou seja, em uma Lua Nova, que acontece nos 00:21' de Caranguejo. Chega livre de tensão e traz mais mudanças no âmbito pessoal e coletivo. No dia 27, Marte deixa Peixes e começa a sua caminhada através de Carneiro, recebe um ótimo aspeto de Saturno em Aquário, o que vai, pelo menos nos últimos dias do mês, ajudar-nos a controlar a nossa necessidade de atividades, de socialização e nossas raivas. Marte em Carneiro, leva-nos ao excesso de impulsividade e ansiedade, o que pode ser extremamente prejudicial neste momento de distanciamento social. Não devemos, de maneira alguma, nos deixar levar pelos impulsos primitivos, que nos podem prejudicar e prejudicar a sociedade como um todo. Devemos também, estar atentos à falta de paciência e irritação, para evitarmos brigas e discussões absolutamente desnecessárias. Faça muitos exercícios em casa, isso pode ajudar a dissipar um pouco da energia.

A sua criatividade e generosidade, ultimamente um pouco abafadas pelos afazeres do dia a dia, estão em evidência. Também o amor está em pleno desabrochar neste período, pelo que poderá aproveitar a ocasião para demonstrar a profundidade dos seus sentimentos à pessoa que ama. Na última semana as suas atenções estarão voltadas para o lado prático da vida.

CAPRICÓRNIO

É altura de trabalhar afincadamente, de organizar e estruturar as suas tarefas. É o momento ideal para se dedicar a obrigações ou àquelas tarefas inadiáveis. Poderá também sentir que está mais disponível para atender às necessidades das pessoas que trabalham consigo. Depois do dia 22, através da sua relação com o outro ou com os outros vai aprender a conhecer-se a si mesmo.

SAGITÁRIO

Dê agora atenção aos outros, principalmente ao seu cônjuge, sócio ou colega de trabalho, pois poderá ter chegado a sua vez de dar uma ajudinha, ou aquele pequeno conselho sempre mais fácil a quem está de fora do que a quem está a viver uma situação. Na última semana deve evitar entrar em conflito com uma pessoa das suas relações mesmo que pense que é sua a razão.

ESCORPIÃO

Poderá aprender mais sobre si próprio através da relação com os outros ou de uma relação amorosa. Precisará desse autoconhecimento para poder aproveitar as boas oportunidades que lhe vão surgir. Poderá precisar de conselhos ou da colaboração de outras pessoas para a concretização dos seus planos. No fim do mês poderá encontrar pessoas que o vão ajudar a ampliar os seus horizontes.

BALANÇA

Neste momento vai precisar e querer modificar a sua vida. Sente necessidade de fugir à rotina. Quer aprender e conhecer coisas novas. Faça atividades que o preencham cultural e espiritualmente. Estudos, viagens e leituras são boas opções. Depois do dia 22 poderá ter oportunidades de progresso e sucesso em empreendimentos. Invista na sua carreira profissional.

VIRGEM

Poderá ver aumentado o seu brilho profissional e social. Poderá haver um encontro de ordem afetiva através da profissão. Mas, cuidado, não se precipite, use com prudência este bom momento, não faça nada de que se possa arrepender mais tarde. A sua imagem sairá ainda mais reforçada se ponderou bem sobre o que pode e não pode fazer.

LEÃO

A sua atenção estará mais desperta para a sua integração nos grupos a que pertence. Ponha de parte essa tendência para o exclusivismo e procure, em conjunto com os outros, encontrar a melhor maneira de obter os resultados que procura. Na última semana verá mais desenvolvidas as suas capacidades de premonição, de adivinhar situações. Dê mais atenção às suas intuições.

CARANGUEJO

A necessidade de autoconhecimento e introspeção poderão fazer-lhe preferir a leitura de um livro ou a meditação ao convívio. Período de maior sensibilidade no que respeita às necessidades dos outros. Na última semana se vai sentir com bastante mais energia e com grande criatividade, o que lhe pode ser francamente útil em termos de trabalho.

GÉMEOS

Esta é uma fase de grande saúde e vigor, em que se sentirá com imensa criatividade para começar projetos novos e tomar iniciativas, realizando-se individualmente. Conseguirá impressionar os outros com a sua energia e empenho pessoal. No final do mês deve aproveitar para planear com cuidado a forma de melhorar e de desenvolver no futuro as suas possibilidades económicas.

TOURO

Esta é uma fase em que vai sentir necessidade de assegurar o seu futuro material, concretizando projetos que lhe incrementarão os seus valores financeiros. Estão favorecidas as associações com pessoas influentes e bem posicionadas. A partir do dia 22 a sua atenção estará mais voltada para o ambiente que o rodeia, em especial para os seus amigos ou vizinhos.

CARNEIRO

A comunicação terá agora uma relevância especial na sua vida. Haverá muito diálogo, muita correspondência escrita e uma constante partilha de ideias. Nesta fase verá aumentada a sua capacidade de concentração. Na última semana estará mais sensível. Situações não resolvidas da sua vida passada podem surgir agora para serem analisadas e solucionadas.

PEIXES

Poderá desejar afastar-se da sua vida social e partilhar, em família, momentos mais íntimos e tranquilos. Os seus sentimentos mais profundos, ocuparão parte da sua atenção. Talvez seja a altura indicada para escutar os desabafos de alguém que lhe é chegado, ou, ao contrário, partilhar com essa pessoa as suas preocupações. No final do mês terá grande vitalidade e energia criativa.


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Ste. Marie, Ste. Marie, Marie, ON ONON P6C P6C 4H5 P6C 4H5 4H5 Business Manager: Wayne Scott Business Manager: Jim MacKinnon Business Manager: Mike Maitland Tel:Tel: (705) Tel: (705) (705) 942-1036 942-1036 942-1036 Fax: Fax: (705) Fax: (705) (705) 942-1015 942-1015 942-1015 Tel:Tel: (519) Tel: (519) (519) 455 455 -455 8083 - 8083 - 8083 Fax: Fax: (519) Fax: (519) (519) 455-0712 455-0712 455-0712 Tel:Tel: (519) Tel: (519) (519) 332 332 -332 1089 - 1089 - 1089 Fax: Fax: (519) Fax: (519) (519) 332-6378 332-6378 332-6378 Business Business Business Manager: Manager: Manager: Wayne Wayne Wayne Scott Scott Scott Business Business Business Manager: Manager: Manager: Jim Jim MacKinnon Jim MacKinnon MacKinnon Business Business Business Manager: Manager: Manager: Mike Mike Mike Maitland Maitland Maitland


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