Revista Mais ES Nº 13

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13ª edição -Novembro / Dezembro de 2013 - R$ 5,00

FERRAÇO

O político que mudou a história de Cachoeiro Prestes a completar 76 anos, o responsável por obras que deram ao município a cara que tem hoje relembra a sua própria trajetória.



FERRAÇO, 76 ANOS

A Grafband PARABENIZA o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, Deputado Theodorico de Assis Ferraço que é um orgulho para nós Cachoeirenses.

Feliz Aniversário!!! Um forte abraço da diretoria e todos os seus funcionários!


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A edição deste mês traz também a estréia em revista do suplemento cultural ArteFato

Homem de ação

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Apresentações de dança e música marcaram a Mostra Cultural PÁG 22

Um novo olhar sobre os personagens de cachoeiro PÁG 18

Castelo realiza Festival Literário PÁG 21

Muito da cara de Cachoeiro hoje é resultado das quatro administrações do atual presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico de Assis Ferraço (DEM), que completa, em 28 de novembro, 76 anos de vida, dos quais 52 dedicados à política. Sua impetuosidade o levou a realizar grandes obras, pelas quais é conhecido, e que mudaram, drasticamente, a vida do cachoeirense. Se hoje o trânsito é problema de difícil solução, sem feitos como a Avenida Beira Rio, a retirada dos trilhos do centro da cidade, a Linha Vermelha, a Rodovia do Contorno, e as pontes “da Dadalto” e “da Nassau”, para ficar apenas em algumas de suas realizações, seria impossível trafegar. Mas não foi só em Cachoeiro que ele deixou sua marca. Com cinco mandatos de deputado estadual e três de federal, deixou seu nome gravado em cenário nacional. Homem de ação, desperta paixão e ódio. Jamais a indiferença. Mas, numa coisa aliados e adversários concordam: Cachoeiro seria outra se não fosse por Ferraço.

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contraponto

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Política, cultura, economia e de tudo um pouco dos bastidores da notícia

O advogado José Irineu, da Alternativa Socialista (AS), foi eleito presidente do diretório cachoeirense do PT, após obter 139 votosa dos filiados aptos a votar. Ele disputou contra o sindicalista Agnaldo Sassá (65 votos) e o líder comunitário Luiz Antônio (31). O pleito ocorreu no início do mês, nas dependências do Centro Operário e de Proteção Mútua.

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PT elege presidente

PCdoB elege comissão O comitê municipal do PCdoB de Cachoeiro de Itapemirim-ES se reuniu no dia 07 de Novembro para eleger a sua comissão política, bem como traçar metas e diretrizes para o biênio 2013/2015. Foram eleitos Nivan Ramos Barina (presidente), Almir Forte dos Santos (vice-presidente), Marlene de Souza Cesar (secretária de Organização) e Érika Piteres Santolin (secretária Sindical e Movimentos Sociais). Os membros da comissão também assumiram os cargos de secretário de Juventude e Finanças, sendo o presidente e o vice, respectivamente, que acumularam as funções. Sem ressarcimento O governador Renato Casagrande antecipou que não haverá ressarcimento aos municípios por conta do ICMS que deixa de ser recolhido com a concessão de incentivos fiscais a empresas. De acordo com levantamentos prévios de técnicos da Assembleia Legislativa, o Estado deixa de receber algo em torno de R$ 2,6 bilhões por ano. O governador entende que, para ressarcir as cidades, seria necessário acabar com os incentivos fiscais. “Assim, perderíamos empresas e não atrairíamos nenhuma. O ideal é que a gente continue a atrair empresas, gerando emprego e renda”.

Queda de braço O ex-prefeito de Vitória, João Coser, venceu a eleição para a presidência da executiva estadual do PT e, com isso, o seu projeto de disputar o Senado mostra força sobre a intenção da senadora Ana Rita, que pretende concorrer a reeleição. Aprovado

As contas referentes ao exercício de 2005 do governo do ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Roberto Valadão (PMDB), foram aprovadas pelo Tribunal de Contas, à unanimidade dos conselheiros. O julgamento ocorreu no dia 27 de agosto deste ano, porém o resultado só foi divulgado no mês de novembro.

Monopólio O prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Casteglione, assinou no dia 19 de novembro o decreto que dá início à quebra do monopólio do transporte coletivo urbano da cidade. O monopólio só não acabará se não aparecerem outras empresas interessadas. Mas o decreto prevê várias audiências públicas para que a população seja ouvida sobre o assunto, participando de todo o processo diretamente.


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especial Na história contemporânea, nenhum político cachoeirense fez tanto quanto ele

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s obras estão aí. Para todo mundo ver e usar. Não fossem elas, seria difícil acreditar em tudo que realizou Theodorico de Assis Ferraço (DEM) nos seus 52 anos de carreira política. Na história contemporânea, nenhum político cachoeirense fez tanto quanto ele. Foram décadas intensas, também cheias de passagens importantes além da fronteira do município, como o apoio inicial ao golpe militar e, depois, os discursos no palanque contra a ditadura, mesmo sendo deputado pelo PDS, o rompimento com o general Figueiredo, a intenção de proteger o Congresso contra novo golpe, armado apenas com um revólver, e, até, encontro fortuito com Osama Bin Laden. O político cumpre o quinto mandato de deputado estadual, sendo duas vezes o mais votado do Estado. Foi três vezes deputado federal, embora confesse que não gosta de Brasília, e quatro vezes prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, município que o projetou. Na tarde do dia 7 de novembro, recebeu o jornalista Wagner Santos em seu escritório, na Rua Costa Pereira, para falar de sua incrível trajetória. Prestes a completar 76 anos, em 28 de novembro, está bem disposto e tranquilo, apesar das dores na coluna, que trata em sessões semanais de pilates. Só lamenta hoje não ter mais a vitalidade da juventude. “Eu era, como sou até hoje, um animal político. Claro que não tenho a mesma energia dos 30 ou 40 anos. Era um trator para trabalhar. Subia e descia morros, pegava na enxada, pilotava trator e caminhão. Hoje, reconheço, não tenho mais condições de fazer, mas tenho experiência para dividir. Para fazer uma administração sabendo conduzir, usando o material humano que se dispõe e dando a ele a alavanca necessária e a inteligência para que possa trabalhar”.

Ferraço: “sem um animal po


mpre fui olítico”

7 acordo que poderia evitar o confronto em 72. É Ferraço quem reproduz o diálogo: — Dr. Gilson, seja o candidato a prefeito e me apoie para deputado, propôs Ferraço. — Não é do meu feitio. Eu tenho meu partido, meu entendimento político, sou da esquerda radical, foi a resposta. — Mas, Dr. Gilson, nós somos mais do que amigos, somos irmãos, insistiu Ferraço, sem sucesso. — “Politicamente, quero dar esse passo”. — Então, se é assim, vou ter que concorrer contra o senhor. Ferraço foi para a disputa e venceu, mas diz que a alegria não foi completa. “Fiquei feliz, pela minha eleição, é claro, mas triste também, pela derrota dele”. Para Ferraço, o episódio demonstra que na política tem gente com ‘vergonha e dignidade’. “Dr. Gilson é um desses homens que engrandecem a minha vida política. Um homem de opinião”. Ferraço e a ditadura Em cinco décadas, Ferraço coleciona muitos feitos e boas histórias. Conta que ficou preso “por 13 horas e 20 minutos” no primeiro ano da ditadura militar, em 1964, acusado de ser o representante do Julião das Ligas Camponesas (ver no quadro abaixo), na região. No período relativamente curto, lembra ter recebido a visita do bispo diocesano dom Luiz Gonzaga Peluso. Os três capitães que o prenderam foram favoráveis a ele. Tanto, que também foram presos. “Eles (os mi-

Não tenho a mesma energia dos 30 ou 40 anos, quando subia e descia morros, pegava na enxada, pilotava trator e c a m i nhã o , ma s tenho experiência para dividir.

As ligas camponesas As ligas camponesas eram organizações dos camponeses do Brasil que começaram ser formadas pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1946. Estas foram reprimidas nos anos seguintes. O principal objetivo era lutar pelo melhoramento das condições de vida dos campo-

neses e políticas públicas de reforma agrária. O mais conhecido líder do primeiro período foi Gregório Lourenço Bezerra e do segundo Francisco Julião Arruda de Paula. Foi um dos movimentos mais importantes em prol da reforma agrária no Brasil até o Golpe de 64.

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A ascensão de Ferraço Para se estabelecer como liderança em Cachoeiro de Itapemirim, Theodorico precisou abrir espaço ante a esquerda, que dominava o cenário político na década de 60, grupo encabeçado por Helio Carlos Manhães, que o antecedeu na Prefeitura e do qual faziam parte o médico Gilson Caroni e Roberto Valadão, liderança ascendente que veio do movimento estudantil e também chegou à Prefeitura anos depois, tornando-se, nas três décadas seguintes, seu principal adversário. Ferraço surgia com perfil conservador, em 1970, em plena ditadura militar. Em 1973 assumiu a Prefeitura e começou a construir seu próprio sistema político, que lhe garantiu quatro mandatos de prefeito. “A maior vitória da minha vida foi quando me elegi prefeito em Cachoeiro pela primeira vez. Eu não tinha ninguém comigo, a não ser meia dúzia de amigos. A esquerda dominava totalmente. Do nada, me tornei prefeito. Ganhei de todo mundo junto. Uma demonstração clara de que é preciso respeitar o povo”. Elogio a Gilson Caroni Entretanto, é do grupo antagônico que Ferraço pinça um nome para elogiar como exemplo de político: Gilson Caroni, a quem derrotou em duas eleições, em 1972 e 1988, e depois homenagearia batizando bairro de Cachoeiro com seu nome. Ferraço conta que, na primeira vez, não gostaria de disputar eleição contra ele, pois era médico dos seus filhos. Eram próximos na vida social, mas distantes na vida política. A ponto de Caroni, favorito na disputa, com apoio de Hélio Carlos Manhães, recusar


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Breve biografia Theodorico de Assis Ferraço nasceu em Jaciguá, então distrito de Cachoeiro, em 28 de novembro de 1937. Filho de Theodorico Ferraço e Dalila Moreira Ferraço, cursou o primário no Colégio Salesiano de Jaciguá, o secundário em Manhumirim, MG, e a Escola Técnica de Comércio em Cachoeiro. Posteriormente, em 1963, se formou na Faculdade de Direito do Espírito Santo. Ferraço está há 52 anos na política. Iniciou a carreira como suplente de deputado estadual em 1962, pelo PTB. Elegeu-se, pela primeira vez deputado em 1967, feito que repetiu na década de 70, pela Arena, sendo o deputado mais votado. Já em 78, 88 e 94 ocupou cadeira na Câmara Federal. Além de quatro mandatos como prefeito de Cachoeiro, Ferraço exerce o quinto mandato como deputado estadual. Na Assembleia Legislativa capixaba, presidiu, em 2006, a Comissão de Justiça, uma das mais atuantes. Reeleito em 2010, com 53.096 votos, Ferraço se tornou presidente da Assembleia e dá continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos anos, que rendeu a ele a segunda maior votação do Espírito Santo para o cargo de deputado estadual na última eleição.

litares) não estavam muito distantes foi o homem que trouxe a verdadeira da realidade, pois eu fundei as Ligas democracia”. Camponesas de Monte Líbano, deUma passagem pitoresca, neste fendendo os posseiros. Eles juntaram período, é contada entre gargalhauma coisa e outra, mas depois perce- das. Diz que tentou impedir, armado beram que não tinha nenhuma rela- apenas com um revólver, um segunção e me liberaram”. do golpe, que poderia atrasar a reaApesar do entrevero, Ferraço bertura do país. “Eu já estava quase apoiou o golpe militar, que prefere assistindo a um golpe de estado, na chamar de revolução. “Fui de acordo. minha cara. O general Newton (Cruz, Eu e 80% da população. Mas, depois, ex-chefe do SNI do governo militar) a ditadura se perdeu”, explica. A mu- chegou a querer invadir o Congresso dança de posição se deu no final da Nacional para evitar a reabertura. década de 70, segunE eu fiquei na pordo Ferraço, devido ta com um revólver aos casos de tortura, Schmidt 32. Dizia: noticiados desde o “aqui ele não vai enendurecimento do trar, não”, mas reregime, com o Ato zando para ele não Institucional nº 5, vir, como, graças a em 1968, embora Deus, não veio’. interesses da política local possam tamFerracismo e bém tê-lo influenantiferracismo ciado. “Sou avesso Devido ao destaà tortura. Eu era que que alcançou em do PDS, mas quansua carreira política, do fui para Brasília, Theodorico Ferrapara cumprir manço despertou ódio dato de deputado e paixões por onde federal, me tornei passou, a ponto de, oposição ao regisem exagero, poder me”, relembra. dividir a política em Entre 1983 e Cachoeiro entre fer1984, dissidente do racistas e antiferraentão partido do gocistas. verno, o PDS - que dava sustentação ao Hoje, mais tranquilo, considera regime militar - Ferraço viajou o país isso natural, embora diga que são coipara participar de comícios em defesa sas do passado. E relembra a paz redas eleições diretas para presidente. O centemente alcançada com políticos discurso de maior impacto foi feito na que já foram seus adversários mais Avenida Presidente Vargas, no Rio de ferrenhos na vida pública, como RoJaneiro, em 10 de abril de 1984. Era o berto Valadão (PMDB) e José Tasso, único integrante do partido de situa- a quem ajudou a eleger prefeito de ção em meio a lideranças célebres do Cachoeiro em 1992, e com quem briMovimento Diretas Já, como Tancre- gou durante a gestão deste. “O que eu do Neves, Leonel Brizola, Ulisses Gui- posso dizer é que não tenho rancor e marães e Sobral Pinto. nem ressentimento de ninguém. MesPara evitar que fosse vaiado, re- mo porque, muitos adversários do memora que foi preciso uma preleção passado se tornaram amigos meus. A com artista da TV Globo para expli- gente não pode levar para o lado pescar por que o público, calculado em soal os problemas políticos. É preciso um milhão de pessoas, deveria ouvi separar, pois vivemos sob o mesmo -lo “Eles temiam que minha presença teto. É preciso respeitar as opiniões pudesse causar reações contrárias. dos adversários”. Mas, quando anunciaram que esse A ponderação veio com a experiênera o deputado que brigava contra cia. “É claro que o amadurecimento o próprio governo e que estava ali nos ajuda a criar novos horizontes. enfrentando exército, marinha e Mas eu já sigo nesta trilha há muito aeronáutica, e disseram o meu nome, tempo. Sou conciliador. Sou capaz foi o maior aplauso. A coisa mais de brigar aqui, com você, agora, e linda que se pode viver”. amanhã conciliar. Não podemos ter O episódio culminou com o rompi- ódio. A bíblia proíbe. Você pode ter mento entre o político cachoeirense e até a sua reação, a volúpia. Mas o o último presidente militar, João Ba- julgamento pertence a Deus”. tista Figueiredo, por quem, ainda hoje, não esconde o apreço. “Ele ficou muiO homem-bomba to zangado, porque éramos amigos. Durante a carreira política, Ferraço Chegou a frequentar a minha casa. colecionou vitórias e nunca foi de fugir Mas, no fim, o presidente Figueiredo de uma boa briga. A impetuosidade e

“Quando anunciaram que eu era o deputado que brigava contra o próprio governo e que estava ali enfrentando exército, marinha e aeronáutica, foi o maior aplauso. A coisa mais linda que se pode viver”.


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1º mandato 1973 a 1977

os discursos duros que lhe renderam o apelido de homem-bomba se materializaram na denúncia contra o governo José Ignácio (ex-PSDB), com quem vivia às turras em 2001, devido ao seu desprestígio político em comparação com adversários que integravam o governo e a Assembleia Legislativa. As denúncias desgastaram Ignácio, que definhou e não disputou a eleição seguinte, em 2002, que terminou com vitória de Paulo Hartung (na época PSB e hoje PMDB), a quem Ferraço, em 1998 foi, literalmente, buscar em casa para a candidatura vitoriosa ao Senado naquele ano. Hartung andava desanimado com a política depois de perder a convenção do PSDB para Ignácio. “Se não houvesse aquilo, Paulo Hartung não seria governador. Ele mesmo tornou isso público e notório”. Entretanto, 12 anos depois, Ferraço defende o ex-governador de quem foi algoz. Diz que Ignácio foi vítima do próprio governo. “O que eu quis foi mostrar a ele alguma coisa que precisava mudar. Ele concordou comigo, mas não deixaram que fizesse. Quando fiz a denúncia por escrito foi porque gente do governo dele me desfiou a fazer isso, o que foi um grande erro. É uma coisa que não me agrada lembrar. Não era a minha intenção. De pessoal, não tinha nada contra José Ignácio, sua honra e ho-

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Ferraço assumiu a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim pela primeira vez quando tinha 36 anos e encarou o desafio de construir a Avenida Beira Rio. Ao dar início a esta obra ele foi considerado louco e muitos julgavam que não seria capaz de concluí-la. Ao entregar a Avenida Beira Rio à população, no final deste mesmo mandato, Ferraço marcou seu nome na história de Cachoeiro e passou a ser conhecido como um político de grandes realizações, com visão de futuro. Neste período, construiu a Avenida Brahim Seder e a Faculdade de Direito. Também comandou a construção de mais de 20 pontes na sede e nos distritos, de mais de 30 escolas e creches, da usina de asfalto e postos de saúde.

Aos 36 anos Ferraço encarou o desafio de construir a Avenida Beira Rio e foi considerado louco

No primeiro mandato também abriu a Avenida Brahim Seder, antes apenas um paredão de pedra

nestidade, como não tenho até hoje. Setores da Assembleia Legislativa se aproveitaram disso para torná-lo prisioneiro, abusar do governo e desmoralizar a instituição. Mas, reconheço: ele foi vítima também”. Perguntado se é adepto da máxima de Maquiavel, que defende a centralização do poder político, de que entre ser temido e amado, o governante (príncipe) deve preferir ser temido, faz sua própria interpretação. “Eu penso que o homem público não deve temer. Tem que ter coragem o suficiente para falar o que pensa, com responsabilidade. Essa questão de homem -bomba é porque existem realmente no passado pronunciamentos e atitudes minhas que levaram a isso”. Encontro com Bin Laden A alusão à alcunha de homem -bomba fez Ferraço lembrar outra passagem curiosa de sua vida, relacionada a uma liderança explosiva, de fato. Esta, na atividade de empresário do setor de rochas ornamentais, quando esteve cara a cara com Osama Bin La-

den, na Arábia Saudita, nos anos 80. Fora vender mármore para a empresa da família dele, que atuava no ramo de construção civil e fez fortuna construindo palácios e prédios públicos para o rei Saud. Chegou a usar aviões dos Laden, o mesmo tipo de veículo que décadas depois seria usado nos atentados de 11 de setembro de 2001. “Com os problemas que tinha com os Estados Unidos, em relação à defesa dos países árabes, se tornou grande liderança mundial. Fez um atentado lamentável, porque ceifou vidas muito preciosas e inocentes, mas que, ao mesmo tempo, mostrou que não existe ninguém poderoso nesse mundo. Entrou em solo americano e destruiu o edifício. Ele justificou as mortes questionando também quantos os EUA não mataram no Vietnã, no Iraque e em outras guerras. Isso fica entregue a Deus. Quem sou eu para fazer esse julgamento? Pulso firme O perfil centralizador na condução de suas administrações foi o que possibilitou a realização de algumas das mais

(Bin Laden) Fez um atentado lamentável, porque ceifou vidas muito preciosas e inocentes, mas que, ao mesmo tempo, mostrou que não existe ninguém poderoso nesse mundo.


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importantes obras na estrutura de Cachoeiro de Itapemirim. “Eu centralizava porque tinha poucos recursos. Precisava criar alternativas. Tinha que fazer a obra. Eu acompanhava tudo muito de perto para fazer com economia. Quer um exemplo? A Ponte (da Nassau) João Santos. Também foi feita com recursos próprios, com ligeira ajuda do governo do Estado. O mesmo com as pontes de pedestres”. No melhor estilo trator, como ele se autocaracteriza, conta que pensava nas obras quando acordado e sonhava com elas à noite. “Acordava muitas vezes às duas ou três da manhã e saia. Rodava a cidade anotando os problemas. Às 7h00, quando a Prefeitura abria, já tinha, secretaria por secretaria, as providências a serem tomadas”. Às vezes ainda gozava o secretário: —Já passou na rua tal, em tal endereço? Questionava o então prefeito. — Ainda não. Era a resposta mais comum. — Então nem precisa ir lá. Estão aqui os problemas e as providências que precisa adotar. E saía, com discreto sorriso no rosto. Herdeiro político A característica de tomar as rédeas e guiar o governo com pulso firme, entretanto, teve efeito colateral. Se por

2º mandato 1989 a 1992 A retirada dos trilhos do centro de Cachoeiro foi a obra mais marcante do segundo mandato de Ferraço. Para isso, foi necessária a construção de 18 quilômetros de ferrovias e viadutos, para que o transporte ferroviário pudesse ser feito pela periferia da cidade. Também neste mandato foi construída a ponte Carin Tanure, ligando a Praça Jerônimo Monteiro à Avenida Pinheiro Júnior.

Ferraço comemora a partid

Também neste mandato foi construída a ponte Carin Tanure, onde conta, por pouco não morreu


da do último trem que cruzava a cidade

A retirada dos trilhos do centro de Cachoeiro foi a obra mais marcante do segundo mandato de Ferraço

Perfil de Executivo A carreira do político começou em Cachoeiro de Itapemirim, mas foi muito além das fronteiras do município. Hoje, é presidente da Assembleia Legislativa, mas já foi deputado estadual outras quatro vezes e federal em três oportunidades. Mesmo com os largos anos de experiência parlamentar, o perfil é indubitavelmente de Executivo. Tanto que não conseguia ficar muito tempo longe da Prefeitura de Cachoeiro. Como na época não havia reeleição, alternava dois anos de mandato de deputado federal com quatro de prefeito. Também foi secretário de Estado - de Transportes, no governo Albuíno Azeredo - e da Indústria e Comércio, na gestão de Élcio Alvares. “O perfil principal é trabalhar. Hoje, estou deputado, mas não fujo disso. Tanto que estou administrando a Assembleia Legislativa. É um grupo muito responsável, de muito trabalho e honestidade e respeito à população. Às vezes, as críticas que fazem ao Poder Legislativo são muito injustas. Eu aproveito sempre a crítica para melhorar. Graças a Deus não temos nenhum problema relacionado à administração da Casa’. Em cinco décadas, foram muitas eleições, mas apenas duas derrotas

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um lado o ajudou a realizar muito, por outro, impediu o surgimento de um herdeiro político no cenário regional. Embora o filho, Ricardo Ferraço (PMDB), cumpra mandato de senador, e já tenha sido, como ele, presidente da Assembleia Legislativa capixaba e deputado federal, além de vice-governador do Estado, está mais ligado a Vitória. A esposa, Norma Ayub (DEM), se elegeu e reelegeu, com seu apoio, prefeita do vizinho município de Itapemirim. Mas, em Cachoeiro, com exceção de José Tasso, em 1992, nenhum prefeito se elegeu com sua transferência de votos. “Nunca me preocupei com isso. Não me preocupava antecipadamente com eleição. Se misturar muito, política com administração, você se perde. Na hora h, os nomes que tinham consenso entre os companheiros a gente lançava. Nem sempre era o que o povo queria. Eu não podia mandar no povo. Muitas vezes eu queria um candidato, que, no entanto, não tinha condições de conseguir os votos”. As exceções de que se recorda foram para deputado estadual: Alício Franco, que se tornou o parlamentar mais votado da história do Espírito Santo, e Clóvis de Barros.


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como candidato. Em 1986, ficou sem mandato de senador. O último insucesso foi em 2008, quando era favorito e sofreu a virada do atual prefeito de Cachoeiro, Carlos Casteglione (PT). “Só não cheguei ao quinto mandato de prefeito de Cachoeiro porque o povo não quis. Nem o povo e nem a maior parte dos padres da Igreja Católica. Talvez por que eu fosse católico demais e ainda assim amigo dos evangélicos. Sempre fui contra essa guerra entre religiões. Acho que Cristo é um só. Mas, Deus me fez deputado. E estou muito bem”. A eleição de 1986 foi um capítulo à parte. “Ganhei e não levei”, reclama Theodorico, que foi o segundo mais votado nominalmente, atrás apenas de Gérson Camata (PMDB), mas perdeu a segunda vaga na sublegenda, que beneficiou João Calmon (PMDB). “Entrei com ação no Supremo Tribunal Federal, ganhei no final, quando já estava perdido o mandato”. O pior revés Entretanto, o pior revés de toda a carreira não veio numa eleição. No final do ano passado, quando já tinha tudo acertado politicamente para garantir sua reeleição à presidência

da Assembleia, estoura a Operação Derrama, que o acusava de manobra em favor de suposto esquema de corrupção que atinge pelo menos oito prefeituras capixabas. Foram presos ex-prefeitos acusados de permitir que empresa de consultoria fizesse a cobrança de impostos e ficasse com uma porcentagem como pagamento pelos serviços. Entre as pessoas presas, esteve sua esposa, Norma Ayub (DEM), que passou sete dias na cadeia. Foram dias difíceis, mas parecer do procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, tirou Ferraço do olho do furacão. Mais uma vez, como em inúmeros embates com a Justiça e o Ministério Público – venceu a maioria -, Ferraço levantou suspeita de motivação política na operação. — Foi sim o pior revés. As coisas serão ajustadas a qualquer momento. Tudo o que foi feito em Itapemirim foi feito com aval do Ministério Público. O município se tornou rico. Começou a receber royalties. Começou a cobrar impostos dos sonegadores poderosos e foi aí que se tornou pessoal. Mas, Deus é tão bom que a qualquer momento, pode ser em 30 ou 90 dias, aqueles que agiram de má fé vão pagar. Será feita justiça aos que foram injustiçados.

Casa da Sopa “Mãe Dalila”

Teatro Municipal Rubem Braga

Centro de Convivência “Vovó Matilde”


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3º mandato - 1997 a 2000 13ª Nov / Dez 2013

Theodorico Ferraço foi o primeiro prefeito reeleito consecutivamente em Cachoeiro de Itapemirim. Nos anos em que esteve à frente da Prefeitura, foi inaugurado o Teatro Municipal Rubem Braga e construída a Linha Vermelha que vai do bairro IBC ao Coronel Borges. Na área de saúde, construiu a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Infantil e apoiou os hospitais filantrópicos da cidade. Criou o Instituto do Coração, que tornou a cidade uma referência estadual em cardiologia. A Construção de 500 casas populares, da Cidade da Criança, na Ilha da Luz, do Centro de Convivência da Terceira Idade “Vovó Matilde”, no São Geraldo, e da Casa da Sopa “Mãe Dalila”, que distribuía o alimento às pessoas carentes, marcaram o aspecto social desta administração. A educação foi lembrada com a construção da nova sede da Apae e a criação do Centro de Ciências, Artes e Tecnologia (Cenciarte), atual Palácio Bernardino Monteiro. O novo Matadouro Municipal, hoje concedido à iniciativa privada, e a reforma do prédio do antigo Fórum foram outras obras deste período. A aprovação desse mandato de Ferraço pôde ser percebida com a sua reeleição.

Linha Vermelha que vai do bairro IBC ao Coronel Borges

Novo Matadouro Municipal


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4º mandato 2001 a 2004

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P.A. Paulo Pereira Gomes

O Ginásio de Esportes do bairro Aeroporto

As palmeiras da Praça Jerônimo Monteiro

Após se reeleger, Ferraço marcou sua quarta passagem pela Prefeitura com o inicio da construção da Rodovia do Contorno, com objetivo de retirar o trânsito pesado do centro de Cachoeiro. As obras, como outras realizadas pelo então prefeito, possuíam números expressivos. O Ginásio de Esportes do bairro Aeroporto, reformado recentemente, tem 3 mil metros quadrados de área construída e espaço para aproximadamente oito mil pessoas sentadas. As seis salas de aula anexas, foram desativadas. Ferraço também transformou o antigo matadouro, do bairro Baiminas, no Pronto Atendimento Paulo Pereira Gomes. E deixou pronta a estrutura física do Hospital do Aquidaban, que, nove anos depois, ainda não funciona. Essa é considerada por ele mesmo a maior decepção, situação que luta para reverter desde 2006, quando foi eleito deputado estadual.

ciac

Deixou pronta a estrutura f

Iniciou a construção


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da Rodovia do Contorno

Tristeza com o hospital Em relação às demais obras, só uma tristeza a relatar: o hospital do Aquidaban, com a estrutura física praticamente concluída em 2004, seu último ano de mandato como prefeito de Cachoeiro de Itape-

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física do Hospital do Aquidaban

Torre de fazer chover Na carreira política de Ferraço, houve também passagens polêmicas, algumas das quais, até hoje, os adversários se apegam para criticá -lo, como a torre de fazer chover e a qualidade de algumas obras. — Me arrependo de tudo aquilo que não deu certo. Tenho que ter humildade. De todas as obras que fiz, 95% deram certo. Porém, aquilo que não deu, realmente, ficou penoso para a gente. A torre está entre os 5%? — Está sim. O problema é que me trouxeram um especialista que escolheu o local errado. O vento jogava a água em cima do povo. Ela teria que ser erguida na Praça Jerônimo Monteiro, não ali onde ficou (no espaço aberto em frente à Dadalto). A mesma construção foi sucesso absoluto na Espanha. Sonhei em ver funcionar em Cachoeiro, mas não deu certo.

Torre de fazer chover


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mirim, mas que, desde então, no máximo, abriga a Superintendência Regional de Saúde. “Hoje mesmo (7 de novembro) conversei com o governador sobre esse problema. Pedi uma solução”. O político defende que as instalações sejam entregues ao Hospital Infantil Francisco de Assis (Hifa), que doou o terreno para a construção, como chegou a fazer antes de deixar a Prefeitura, ato revogado pelo governo do Estado e Roberto Valadão, seu sucessor. O projetado era para a instalação de atendimento materno-infantil, embora ultimamente se discuta a implantação no local de um hospital especializado em trauma, que, entende Theodorico, pode ser instalado nas atuais dependências do Hifa, mediante acordo com a Santa Casa. É a proposta que apresentou ao governador. “Infelizmente, perdi na política e os meus sucessores não quiseram colocá-lo para funcionar. Embora eu tenha conseguido R$ 8 milhões para equipamentos e o Ricardo, quando assumiu o governo, tenha colocado todo o recurso à disposição. Hoje, digo que é a maior estupidez. Não existe crime maior do que estão fazendo com Cachoeiro, de não colocar o hospital para fun-

cionar. Quero crer que agora isso será resolvido. É agora ou nunca mais”. Difícil luta com o rio As principais batalhas enfrentadas por Theodorico Ferraço na realização de obras estão relacionadas ao Rio Itapemirim, onde, lembra, quase morreu para construir a Ponte Carin Tanure (ao lado da Dadalto), uma das cinco que fez. Ele, Antônio César Ferreira, o Zuca, hoje vereador, Carlos Leal Conde e José Maria Furtado faziam levantamento ali, quando o barco virou. As roupas molhadas dificultaram a natação. “O Zé Maria foi tirado do fundo pelo Leal”, conta. Felizmente, todos se salvaram nadando até as pedras. “Eu não tinha muita experiência de ponte e debruçava ali dia e noite, para conseguir construí-la, pois tinha pouco recurso. Foi feita por administração direta, com recursos próprios. É uma obra com a marca das mãos e da inteligência dos servidores da Prefeitura”. O ex-prefeito precisava fazer a obra com economia, mas as dificuldades aumentaram na hora de fazer a segunda base, que ficou posicionada entre uma pedra e outra.

A solução encontrada foi fazer uma “camisa de concreto” em volta das rochas, para conseguir terminar a obra. “Tive que estudar, pensar, olhar e planejar muito. Foi a mais barata de toda a história do município e a mais difícil também”. Na lista dos principais desafios constam também a retirada dos trilhos, e consequente construção da Linha Vermelha, as barragens no Rio Itapemirim, que contribuíram para movimentar a água putrefata que se acumulava na margem e evitaram que pudesse representar

Promessa cumprida após derrota Em setembro de 2009 entrou em funcionamento o “Instituto dos Olhos Dona Dalila” no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (HECI), referência regional para tratamento oftalmológico. Foi o cumprimento, por Ferraço, de promessa feita durante a campanha no ano anterior. “A alegria é muito grande, é um sonho realizado, uma conquista. Mesmo não sendo eleito, conseguimos os recursos para a construção do Instituto dos Olhos”, disse na época. O local foi feito com verba do governo do estado.


epidemias cada vez maiores de dengue, e, claro, a Avenida Beira Rio, que “foi feita contra todo mundo, pois ninguém acreditava. Eu era guiado por Deus. Precisei enfrentar a correnteza do Rio, com poucos recursos. Foi muito difícil. Só depois consegui, através do senador Eurico Rezende, a ajuda para a construção do muro que foi até Ilha da Luz. O político, entretanto, guarda com especial carinho a construção da Apae, que funciona até hoje no Bairro São Geraldo. “Uma obra

Dever cumprido Já são 46 anos entre o primeiro cargo eletivo, de deputado estadual, em 1967, e o atual mandato. O retrospecto, de grandes realizações, dá a Ferraço o sentimento de dever cumprido. O político não aponta culpados, reconhece que a Prefeitura está preocupada e que não se deve culpar prefeito ou quem quer que seja, mas usa o problema do trânsito em Cachoeiro para reforçar a importância de sua realizações. “Eu me considero satisfeito pelo que pude fazer. Se eu não tivesse feito a Beira Rio, a Brahim Seder, a Linha Vermelha, tirado os trilhos, o que seria de Cachoeiro? Eu me orgulho disso”. Falar sobre obras é a senha para que as realizações do passado venham à memória do político experiente. “A própria Ponte de Ferro.

A Rede Ferroviária não queria que eu entrasse ali, mas fui, no peito e na raça, e fiz a passagem. Na estação também não queriam e eu derrubei. Eu tive inspiração divina para fazer tudo isso. Fui guiado pelo meu anjo da guarda, que gosta de pecador. E agradeço aos companheiros que estiveram comigo nesse tempo todo”. Theodorico de Assis Ferraço não fala em novas candidaturas. Resiste à oportunidade de se candidatar a deputado federal. “Não gosto de Brasília”, resume. Recusase, também, a fazer projeções para 2016. Em sua carreira política, ganhou mais do que perdeu e mantém forte o laço com Cachoeiro de Itapemirim, onde foi eleito pela Câmara “O Prefeito do Século”, devido aos grandes feitos, que - os aliados alardeiam e mesmo os adversários reconhecem -, mudaram os rumos da história do município. Afinal: as obras estão aí. Para todo mundo ver e usar.

Se eu não tivesse feito a Beira Rio, a Brahim Seder, a Linha Vermelha, tirado os trilhos, o que seria de Cachoeiro? Eu me orgulho disso.

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que me deixou muito emocionado. Foi a que me trouxe mais alegria”.


Foto: Regiane Prado

Edição Nº 8 | Novembro/Dezembro 2013

Por Beatriz Caliman

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les são muitas vezes ignorados pela população por causar medo e até repúdio, mas quem nunca ouviu falar em Cachoeiro de Itapemirim de Neném Doido ou Edir Dá o Papo (Foto)? A vida e a história destas duas personalidades populares ganham destaque e a curiosidade dos internautas nas redes sociais. Pouca gente conhece as duas figuras emblemáticas que circulam e chamam a atenção no Centro da cidade. A fotógrafa Regiane Prado recentemente clicou o misterioso catador de papelão - Edir Fernandes. Seus discursos bíblicos, em voz alta, nos pontos de ônibus e praças públicas sempre chamaram a atenção da profissional. “O encontrei em um evento, no bairro Village da Luz, calmo e bem diferente do que em dias normais na rua. Ele comentou alto que ele estava tão bonito que até merecia uma foto. Então, me aproximei e ele aceitou fazer as fotos. Ficou bem espontâneo, foi muito bacana”, conta. Morador do Village da Luz, ele se diz solteiro e não faz preferência por uma futura pretendente, se loira ou morena. Questionado, ele respondeu a fotógrafa apenas que isso seria discriminação. Regiane agora tende concluir a promessa feita a Edir: revelar as imagens e entregar a ele. As fotos ganharam tanta repercussão que uma página na rede social Facebook foi criada com o perfil ‘Edir dá o Papo’. Em apenas uma semana, o perfil recebeu mais de mil curtidas e centenas de comentários em suas imagens com frases engraçadas. O administrador do perfil não foi localizado pela reportagem para falar do assunto.

Neném vira personagem Outra personalidade, apelidada por ‘Neném Doido’ é alvo de curiosidade nas redes. O ator e publicitário Luiz Carlos Cardoso busca a história da figura, que apesar de carismática, é vítima de preconceito. “O trabalho busca homenagear e também romper o preconceito”, afirma o artista. Segundo Cardoso, seu nome é Hermôgenes, possui quase 80 anos e mora com familiares no bairro Amarelo. Fumar vários cigarros ao mesmo tempo, tentar organizar o trânsito e cantar o hit brega ‘Feiticeira’ são alguns de seus trejeitos.

A pesquisa, conta o ator, servirá de base para a montagem de sua personagem na intervenção urbana teatral ‘Aquilo que Cachoeiro me contou’. O projeto do Grupo Anônimos de Teatro foi vencedor de um dos editais da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e será apresentada a população, ao ar livre, no próximo mês. Dias e locais ainda serão definidos e divulgados. Além de expressões teatrais com personalidades populares, como Neném e Mestre João Inácio, serão apresentadas músicas à exemplo de Meu Pequeno Cachoeiro, de Raul Sampaio.


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N Novo olhar sobre personagens cachoeirenses

o dia 22 de novembro, na quadra da Escola Agostinho Simonato, aconteceu a “Mostra Cultural” que envolveu “Varal de Poesia”, “Overdose de Poesia” e um “Sarau”. O evento marcou o encerramento do projeto da área

Rabisco |

de linguagens e códigos sobre o Centenário de Nascimento de Vinícius de Moraes. O sarau abriu com uma homenagem também a Rubem Braga com um texto do próprio Vinícius. Uma das organizadoras foi a professora, jornalista e acadêmica Rosangela Venturi.

A r t e : R i c a rd o Fe rr a z

Entre Felicidade e Alegria fico com a segunda Francielly Cesario

Felicidade eu tenho quando recebo um presente, um elogio até mesmo um beijo. Já a alegria é pura menos fútil e controladora, ela preenche os vazios e completa as lacunas. Em uma manhã de primavera, eu caminhava rumo ao destino de sempre, pensando em mil coisas ao mesmo tempo, e lá ao fundo, refletindo se teria felicidade em concluí-las. De cabeça baixa cercada por aquele tom nebuloso costumeiro, um raio de sol tocou em minha face, consequentemente, olhei para cima, houve um silêncio dos carros, das pessoas e dos pássaros. Era uma grande árvore meio escondida pelo muro, parecia que o sol havia me convidado para observar o efeito que ele fazia sobre o verde daquelas pequenas folhas. Era lindo o cenário, um céu

azul de fundo, ao lado um sol de primavera, e as folhagens, em um verde cativante, fez o tempo parar, ou fui eu quem parou? A alegria expandiu-se, tornou tudo mais belo, com cor e cheiro de vida, dissipou aquela cor cinza obrigatório que nos assombra todos os dias, o estresse rotineiro e a preocupação com o amanhã. A alegria é sim a melhor escolha, pois ela dá sentido desde as obras mais abstratas até as obras mais lindas criadas até então, esta pequena justifica o porquê de levantarmos todos os dias para enfrentar as feras cotidianas, já a felicidade é como a serração da manhã de primavera: traz conforto e um clima agradável apenas para mascarar o sol alto e o dia quente que virá.

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Mostra cultural em Cachoeiro

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Revista de cabeceira

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Por Roney Moraes Editor do Caderno Arte & Fato

om sucesso na edição especial da Revis- revista da ACL, bem como a Cachoeiro Cult abrange ta Mais ES, dos 10 anos do jornal ES de todo o estado. Fato, a partir desta edição o suplemento Digamos que o Caderno Especial “Artefato” na Reespecial de cultura Artefato passa a cir- vista Mais veio para somar com as demais publicações cular nas páginas MAIS e também aliar às novas tecnologias coloridas. Sem perder a sua identidapara divulgar a arte. É um suplemenSem perder a sua to especial repleto de pontos de vista de, o Artefato vai agregar conteúdos culturais à revista que tem circulação identidade, o Ar- e aberto a qualquer posicionamento em toda região sulina. dos autores ou leitores sobre seu contefato vai agregar Temos publicações culturais resteúdo, que é concreto, mesmo sendo peitáveis em Cachoeiro de Itapemiconteúdos culturais abstrato na sua concepção. rim-ES e outras cidades, como as recorrendo o risco de pareà revista que tem cerMesmo vistas da Academia Cachoeirense de tradicionalista, as publicações on circulação em toda line têm seu valor, mas o papel tem Letras (ACL), entidade que já é parceira do Artefato, e a revista bimensal o seu charme. É menos frio. Conregião sulina. Cachoeiro Cult, uma desbravadora segue, como nenhuma outra mídia, nesta editoria. Todas elas rompem as segmentar o público com eficiência e, barreiras do município e se propagam mundo afora ao mesmo tempo, ser o livro, suplemento ou revista como a internet. Há colaboradores internacionais na de cabeceira.


Castelo realiza Festival Literário

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ontação de histórias, lançamento de livros, exposições, homenagens, declamação de poesias, café literário, e muito mais. Isso tudo fez parte do Primeiro Festival Literário de Castelo, que aconteceu de 18 a 22 de novembro, no Centro Cultural e Turístico de Castelo e na Biblioteca Municipal Ciro Vieira da Cunha, o “Castelinho”, homenageando o centenário do escritor Mário Morcerf. Além disso, no encerramento do Festival teve a entrega do Prêmio “Novo Poeta”, que busca incentivar a leitura e desenvolver a criatividade e a competência linguística dos participantes. O evento, que contou com a participação de convidados de algumas escolas públicas e particulares do município, escritores, e a sociedade em geral, foi organizado pela Prefeitura de Castelo, através da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura. Segundo o secretário municipal de Turismo e Cultura, Marcos Lopes, este é o primeiro ano que acontece o Festival, onde deixamos o foco mais voltado para os autores castelenses, reunindo as pessoas ligadas à litera-

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tura e escrita de um modo geral, para discutir assuntos de todos os aspectos da literatura. “A ideia é que a partir deste Festival, a gente consiga colocá-lo no nosso calendário cultural para que aconteça todo ano”, comenta. “Nosso objetivo foi trazer para os jovens a facilidade de acesso aos livros, como o meu que é de poesias,

que é uma leitura rápida e de fácil assimilação, onde você entra na história e acompanha a emoção de quem escreveu, viaja dentro do texto”, disse a escritora Maria Lília Astori Zanuncio, autora do livro “Ao alcance da mão”, que foi lançado durante o Festival. Maria Lília tem 62 anos, e é aposentada como Lavradora.


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Danças e músicas marcam mostra cultural

Apresentações de dança e música marcaram a Mostra Cultural que reuniu centenas de estudantes

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presentações de dança e música marcaram a Mostra Cultural que reuniu centenas de estudantes, na quarta-feira, 6 de novembro, na Praça de Fátima, no Centro de Cachoeiro de Itapemirim. Foi o encerramento das atividades deste ano do Projeto Água na Escola, que envolveu 2,5 mil crianças e adolescentes de 25 escolas públicas e privadas da sede e de distritos de Cachoeiro. “Observo que, com o passar dos anos, por meio de projetos como esse, os estudantes não apenas têm mais informações sobre assuntos que seriam de adultos (como desenvolvimento sustentável), mas inclusive passam a fazer o que ensinamos”, explica a professora Valéria Rainha Mozer, que participou do Água na Escola nas es-

colas municipais Galdino Theodoro da Silva e Nossa Senhora das Graças. Na Mostra Cultural, cada escola teve um estande para apresentar os principais resultados do que realizou ao longo deste ano, como maquetes, cartazes, revistinhas e outras produções dos estudantes com os educadores. A realização do Projeto Água na Escola é uma iniciativa da Foz com a parceria da Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim e a Superintendência Regional da Secretaria de Estado de Educação (Sedu). “Alcançando os estudantes, automaticamente alcançamos os pais deles, gerando mudanças muito positivas na sociedade”, destaca o gerente de Apoio Operacional da Secretaria Municipal de Educação (Seme), Paulo Arantes.

Ao longo do ano, revistinhas em quadrinhos específicas para o projeto foram distribuídas, às escolas, em reuniões de apoio aos educadores realizadas no auditório da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Bairro Coronel Borges. O Projeto Água na Escola faz parte do programa de educação ambiental da Foz, que inclui diversas parcerias com instituições de ensino do Sul do Estado. “O impacto é muito positivo para Cachoeiro de Itapemirim. Basta observamos que, agora, são mais 2.500 jovens sensibilizados para a importância do desenvolvimento sustentável. Enquanto prestadores de um serviço público, ficamos ainda mais felizes por realizarmos esse trabalho”, afirma o Diretor da Foz em Cachoeiro, Pablo Andreão.




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