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entrevista

Entrevista com o Reitor Manuel António Assunção Numa altura em que a UA assinala o seu 44.º Aniversário, o Reitor Manuel António Assunção destaca os grandes marcos de uma instituição que considera ser hoje líder em várias áreas, capaz de servir muito bem a região e o país, internacionalmente reconhecida e dotada de um excelente ambiente físico e humano. Nesta entrevista, o Reitor dos últimos sete anos e meio aponta a Saúde como uma das questões que continuará a estar na agenda da Universidade e avança que a proteção do planeta, incluindo as alterações climáticas, a economia circular e a revolução digital serão alguns dos próximos grandes desafios a que a UA saberá certamente responder, garantindo assim a continuidade do seu relevante papel na sociedade.

Que grandes marcos fizeram a história da UA ao longo destes últimos 44 anos? O primeiro marco é, obviamente, na área do ensino com a escolha estratégica de ter cursos singulares no panorama nacional que, por não existirem noutras universidades na altura, constituíam uma complementaridade à oferta então existente. No início Telecomunicações, depois Eletrónica e Telecomunicações. Muitos outros vieram a seguir: Engenharia Cerâmica e do Vidro, Formação Integrada de Professores, por exemplo. Em fases subsequentes, Planeamento Regional e Urbano, Gestão e Planeamento em Turismo… apostando em áreas novas que estavam a desenvolver-se. Houve logo, igualmente, a perceção de que a investigação é um pilar essencial, onde se ancoram os outros pilares, ou seja: a investigação é importante por si, é importante para aquilo que é a sua transmissão para fora da Universidade, mas também é essencial para o ensino de qualidade. Esta perceção da importância da investigação levou a que houvesse a preocupação de formar pessoas, a maioria fora de Portugal, para que pudessem fazer a diferença. Como disse o Professor Veiga Simão num dos seus discursos desses tempos "(…) o prestígio resulta do valor científico dos seus membros (…)". Esta ideia esteve muito presente na primeira etapa da Universidade.

A cooperação com a sociedade foi também uma preocupação inicial? Sem dúvida. Desde logo pelo facto de termos nascido paredes meias com o Centro de Estudos de Telecomunicações (CET). O CET estava num edifício e a UA num igual ao lado; por isso, o facto é que nascemos nessa relação direta com o CET; uma entidade externa à Universidade, que é hoje a Altice Labs. Uma segunda etapa está relacionada com o cimentar do modelo organizacional que é também único no país, um modelo sem faculdades, que favorece a multidisciplinaridade e o cruzamento de saberes. Esta fase é também muito marcada pelo levantar do que é hoje o essencial do edificado da Universidade, o nosso ambiente físico, o nosso campus. A escolha dos melhores arquitetos para o desenharem permitiu que tenhamos um campus original, bonito, moderno, uma mostra e montra da melhor arquitetura portuguesa contemporânea e que muito enobrece o espaço físico onde nos movemos. No que toca à cooperação com a sociedade, e ainda nesta segunda etapa, importa destacar um protocolo emblemático com a Associação Portuguesa da Indústria de Cerâmica – o primeiro ou um dos primeiros protocolos assinados entre

universidades e o meio empresarial – que numa fase posterior se intensificou muito com o alargamento das parcerias a outras áreas e setores industriais. E no campo do ensino? Que momentos há a destacar? Neste campo destacaria os primeiros estudos de inserção profissional, a reflexão sobre os planos curriculares, com o processo "repensar os currículos" e a abertura ao ensino politécnico, com a criação das escolas, em particular de duas escolas localizadas fora do campus principal, em Águeda e em Oliveira de Azeméis, assumindo-se elas próprias como instrumentos específicos de cooperação e de colaboração com as regiões circundantes. Podemos depois evidenciar uma terceira etapa, que tem já a ver com um prestar de atenção à qualidade e à avaliação daquilo que fazíamos, com uma preocupação pela organização que éramos e pelas pessoas que constituíam a nossa comunidade. Paralelamente, consolidámos a aposta na investigação. O Programa Ciência foi instrumental nesta fase, e o recurso a receitas próprias permitiu-nos realizar algumas das escolhas políticas que entendíamos dever ser feitas.


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