Linhas 25

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ANO 13 JUNHO 2016

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FICHA TÉCNICA

título Linhas, Revista da Universidade de Aveiro

impressão Sersilito – Empresa Gráfica, Lda.

edição e propriedade Universidade de Aveiro

issn 1645-8923

direção Manuel António Assunção

depósito legal 312303/10

edição Margarida Isabel Almeida Miguel Conceição

tiragem 6500 exemplares

redação Serviços de Comunicação, Imagem e Relações Públicas: Constança Mendonça, João Afonso Correia, Liliana Oliveira, Pedro Farias e Sofia Serrano Bruckmann design, fotografia e produção Serviços de Comunicação, Imagem e Relações Públicas: António Jorge Ferreira, Sofia Almeida e Vítor Teixeira

periodicidade duas edições/ano


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Editorial

Manuel António Assunção Reitor da Universidade de Aveiro

Estamos no final de mais um ano letivo, momento em que, habitualmente, celebramos o sucesso dos nossos estudantes através da entrega solene dos diplomas que atestam a conclusão de mais uma etapa. Uma etapa que percorreram connosco e para a qual contribuíram, diretamente ou indiretamente, todos quantos dia a dia fazem a UA. É, por isso mesmo, muito apropriado que, quase em simultâneo, homenageemos aqueles que aqui trabalham, com a atribuição de medalhas por 10, 20, 25, 30, 35 e 40 anos de casa. Este ano, juntamos a estas celebrações um terceiro momento, com a apresentação da obra do Mestre Hélder Castanheira, que foi o rosto e um dos grandes impulsionadores da Ação Social, pela qual a UA é, também, merecidamente reconhecida. Esta tripla conjugação dá o mote apropriado a uma breve revisitação de alguns aspetos da nossa relação, que se quer sempre renovada, com os estudantes. Uma relação com dois pilares fundamentais: contribuir para que todos aqueles que tenham mérito suficiente possam prosseguir os seus estudos; e contribuir para o pleno desenvolvimento individual. A que acresce ainda o desejo que todos os que aqui se formam fiquem amigos e embaixadores da UA para o resto da vida. No primeiro pilar, e de acordo com o pioneirismo nacional de que fazemos a nossa marca, é de destacar a criação, ainda antes do virar do século, de um fundo com receitas próprias para apoio à frequência do ensino superior. Este fundo tem permitido apoiar, anualmente, mais de 500 estudantes, através de diferentes modalidades: apoio social ativo, com um papel subsidiário em relação às bolsas atribuídas pelo Estado; vale social, para apoio na alimentação e noutras necessidades do estudante; redução do preço de alojamento; bolsas de mérito social, em que se premeia a colaboração que o estudante presta à realização de várias funções da UA. Porque reconhecemos a importância do alojamento como fator de escolha de uma Universidade, em particular no atual contexto económico do País, temos vindo a aumentar a capacidade de acolhimento. Este ano ultrapassámos já as 1100 camas, contando não só com as residências universitárias,

mas também com um novo programa para disponibilização de camas na cidade de Aveiro. E estabelecemos um protocolo com a Câmara Municipal de Águeda que permitirá, finalmente, dotar a nossa Escola Superior de Tecnologia e Gestão com residências próprias. A estas valências juntam-se as unidades de alimentação e o apoio em termos de saúde – com mais de 2500 consultas efetivadas em 14 especialidades, sem contar com ações de medicina do trabalho e campanhas específicas. Ao fomento da prática desportiva estamos a conferir, agora, um novo impulso, através da criação, faseada, de novos campos, que vão determinar também um arranjo cuidado da zona do Crasto; e da manutenção ou reabilitação do que já existe. Mas mais do que isso, através de parcerias, nas mais variadas modalidades, com as associações desportivas da Cidade e da Região, permitindo aos nossos estudantes uma melhor inserção em função das suas preferências e capacidades, e melhorando simultaneamente a atração de atletas para estudar na UA. Porque acreditamos na responsabilidade de cada um na escolha do seu percurso, criámos um conjunto de instrumentos úteis para esse desígnio. Definimos enquadramentos próprios para os estudantes com necessidades educativas especiais, para as atividades de voluntariado e para os estudantes atletas. Reconhecemos e estimulamos o mérito dos alunos com melhor desempenho escolar, através da correspondente premiação. Reconhecemos a valia dos estudantes com resultados desportivos de elevado relevo. Tornámos possível que cada estudante frequente mais duas unidades curriculares, fora do seu currículo académico e sem custo acrescido, visando alargar o espetro da sua formação, nomeadamente através da obtenção de competências complementares às previstas no curso. Este é o modelo em que acreditamos: no desenvolvimento pessoal, na garantia das condições necessárias para tal, na interação entre estudantes e quem trabalha na UA, na parceria com entidades várias da região de que fazemos parte, na promoção de dinâmicas sociais e económicas mais qualificadas em que todos, cada vez mais, possam ter um papel ativo e uma vida melhor.


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junho 2016

LINHAS #025 14 DISTINÇÕES DA COMUNIDADE UA 20 PERCURSOS ANTIGOS ALUNOS Catarina Sobral, Fábio Vinagre, David Carvalhão

06 OPINIÃO

12 PERCURSO SINGULAR

Alexandra Monteiro e Luís F. Mota escrevem sobre o Ano Internacional do Entendimento Global

Domingos Cravo – o professor ISCA-UA

40 INVESTIGAÇÃO

44 ENSINO

46 COOPERAÇÃO

Amato Lusitano, percursor da Medicina. Materiais cerâmicos rumo à sustentabilidade

M23 revela-se uma aposta ganha

Agricultura Lusitana – design como agente transformador


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38 EDIÇÕES UA 39 ESPAÇO AAAUA A AAAUA e os antigos alunos

26 ENTREVISTA COM…

30 DOSSIER

José Duarte, doador da coleção de Jazz. Meio século de “Cinco minutos de jazz”

UA: um campus multicultural onde a língua portuguesa ganha diferentes sotaques

50 CULTURAL

52 MOMENTOS UA

54 ACONTECEU NA UA...

Árvores monumentais, uma memória viva

"Recantos da UA"

Eventos passados de destaque


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Alexandra Monteiro Investigadora Auxiliar Departamento de Ambiente e Ordenamento

junho 2016

Um entendimento global que não devia passar deste ano (internacional) Foi-me proposto escrever algumas linhas sobre um dos grandes desafios globais que requerem um entendimento global urgente – o desafio apresentado pelas alterações climáticas. O ideal seria mesmo que este entendimento fosse neste ano internacional que o assinala. Quando, há umas semanas atrás, dava uma aula sobre este tema uma aluna exclamou “Oh professora, mas não há solução, o mundo vai mesmo acabar, por isso mais vale usufruir…acha mesmo que as pessoas vão deixar de prescindir do seu estilo de vida…?!”. O meu primeiro reflexo foi de uma resposta provocadora, mas respirei fundo e deixei os colegas comentarem a intervenção. Falei da experiência que tive em Copenhaga quando o ministro do ambiente dinamarquês chegou de bicicleta à reunião na Agência Europeia do Ambiente, com uma mola a prender as calças de vinco e um impermeável para a chuva. Fazia, de facto, bastante frio e chovia. Contei, ainda como um vizinho me deu, cheio de boas intenções mas muito tardiamente, os parabéns por ter terminado o curso quando comprei um carro aos 30 anos de idade (dita o costume que a seguir ao curso vem o carro e depois a casa). Tudo isto são pequeninas mostras das diferentes culturas

e mentalidades que coexistem neste nosso mundo pequenino chamado de “comunidade europeia”. Não tenho dúvida que a solução passaria simplesmente por uma verdadeira tomada de consciência. E o “simplesmente” é aqui uma autêntica figura de estilo, porque esta consciencialização talvez seja a peça do puzzle mais difícil de encontrar! Existem, no entanto, neste nosso pedaço de mundo, sinais positivos de uma cidadania em busca da sustentabilidade, que vão desde ações de organizações não-governamentais, a entidades públicas passando por iniciativas autónomas de grupos de cidadãos. E uma vez que estamos em Aveiro, tenho todo o gosto em salientar algumas iniciativas locais, que procuram promover o uso da bicicleta nesta nossa terra onde


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o automóvel poderia ficar em casa quase todos os dias… Falo do grupo CICLAVEIRO (reconhecido recentemente pela União Europeia como melhor exemplo europeu em ações de sensibilização para a promoção da mobilidade urbana sustentável); e ainda o desafio lançado pela UA “Compromisso pela Bicicleta” sob a coordenação do Professor José Carlos Mota. Citando Margaret Mead “Never doubt that a small group of thoughtful, committed people can change the world. Indeed, it is the only thing that ever has.”

tanto dos países desenvolvidos como daqueles em desenvolvimento. Mas o financiamento aos países do Sul e a repartição dos esforços entre países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento foram os pontos mais difíceis das negociações. Apesar de tudo, a Cimeira de Paris reconheceu que é importante limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 °C, em relação à era pré-industrial, para evitar impactes graves e irreversíveis nos ecossistemas. Também estabelece um objetivo de redução para zero emissões

Terminámos a aula com um vídeo motivador. Engraçado o efeito gerado: os alunos mais otimistas pareceram assustados e os com a visão mais negra pareceram sair mais esperançados. Estranho? Ou talvez não? O mais importante para mim é que algo tenha mudado, porque só assim acontecerá algo. A tal mudança que poderá combater a (mudança) climática. Este problema e a sua chamada de atenção já há muito passaram a adolescência, e dizer que cada um pode fazer a diferença já se tornou um clichê, pouco audível e com pouca repercussão. Mesmo a palavra-chave “adaptação”, que agora percorre os textos e relatórios científicos desta matéria, também já se tornou resiliente no assunto. É por isso tão urgente o “entendimento global” nesta matéria, que já se busca há quase 2 décadas. Com o Protocolo de Quioto tornou-se claro que não se pode obrigar nenhum estado a reduzir as emissões. Por isso, o acordo depende da vontade de cada país. A Cimeira de Copenhaga em 2009, COP15, serviu para tentar remediar esta situação. Dever-se-ia ter alcançado um novo acordo, aceite por todos, que substituísse o de Quioto mas mais uma vez não aconteceu. Os países em desenvolvimento, como a China e a Índia, e a comunidade científica queriam mais uma vez colocar um teto nas emissões de gases dos países desenvolvidos, e o acordo nunca saiu do papel. A cimeira de Paris, realizada no passado mês de dezembro, começou a ser preparada logo de seguida, em 2011. Desta vez esperava-se um compromisso,

líquidas, na segunda metade do século. Estes novos objetivos enviam um sinal forte a todo o mundo que a transição dos combustíveis fósseis para 100% de energias renováveis precisa de acontecer muito mais depressa e a uma escala muito maior. Há, no entanto, sinais controversos quando identificamos que ficaram fora do Acordo setores chave como a aviação e os transportes marítimos. Nos últimos anos, as emissões nestes setores aumentaram o dobro quando comparadas com as da restante economia ao nível global – 80% de aumento entre 1990 e 2010, havendo ainda projeções que aumente 270% até 2050. A União Europeia precisa agora de dar resposta e rever os seus objetivos da política climática para 2030, impondo uma nova meta de redução de emissões bem abaixo dos 40% atuais, em relação a 1990, para promover a descarbonização da economia. Portugal, por seu lado, terá

opinião

de rever também a sua política climática e energética para poder cumprir os novos objetivos assumidos, nomeadamente rever e aumentar a ambição de curto prazo nos setores fundamentais: energético (rever a meta de energias renováveis); residencial (promover a eficiência energética) e transportes (rever política de mobilidade com a promoção do transporte público). As metas são realmente muito ambiciosas e diferentes perspetivas e expectativas existem face a este último entendimento global. Uma, mais otimista, que vê sinais de uma vontade de entendimento. Outra, mais pessimista, que apenas vê pequeninos passos em cima de pistas de alta velocidade. A realidade talvez esteja no meio, como a virtude, mas, no meu entender, estes desafios e este problema não deviam dar azo a otimismos. É perigoso para a solução, para o comprometimento, para o entendimento que ser quer e se tem de atingir. Talvez o alarmismo fosse a arma necessária neste cenário atual. Não aquele que apresenta Portugal alagado por água até Coimbra (como mostravam umas figuras publicadas na revista Visão há alguns anos atrás) mas aquele que através de uma cuidada e correta informação alerta os mais ingénuos e motiva os mais atentos. A mensagem e chamada de atenção feita pelo próprio Papa, ou a mudança de ideias do “ambientalista mais cético” (Bjorn Lomborg) …são alguns dos sinais de mudança de paradigma e pontos de partida para este entendimento urgente. Deixando apenas espaço para os “Trumps” que, ao seu modo prepotente, vão assustando os mais céticos. Depois disso, só fica a faltar um passo gigante que é passar da motivação à ação. E mostrar que afinal este provérbio indígena não estava assim tão certo! "Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, é que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro." Quero acreditar…


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Luís F. Mota Investigador de Pós-Doutoramento do GOVCOPP e Assistente Convidado do DCSPT

junho 2016

Ano Internacional do Entendimento Global e os seus desafios da implementação Uma leitura atenta aos documentos em que é apresentado o Ano Internacional do Entendimento Global permite perceber o quão pertinente e urgente é o desenvolvimento deste conjunto de iniciativas, mas também o quão difícil será a sua implementação eficaz. Como tem sido amplamente discutido em vários fóruns públicos, os problemas ambientais são vistos como dos mais importantes desafios internacionais das últimas décadas, sobretudo desde a década de 90 do séc. XX, quando se agudizou a consciência da necessidade de atuação rápida. Foi nesta década que, por exemplo, tiveram lugar as emblemáticas 2.ª Conferência sobre o Ambiente e Desenvolvimento da ONU, no Rio de Janeiro (1992), ou a 3.ª Cimeira da ONU sobre as Alterações Climáticas, em Quioto (1997). Desde então, têm-se multiplicado os eventos e iniciativas internacionais ao mais alto nível político, com resultados, não raras vezes, bastante dececionantes, na medida em que dão

frequentemente lugar a impasses ou a objetivos de intervenção claramente insuficientes. Paralelamente, tem-se assistido ao aumento exponencial do número de instrumentos de comando e controlo e de regulação direta (hard instruments) em alguns espaços políticos, como é o exemplo da União Europeia, que se revelam frequentemente ineficazes, dada a sua enorme dependência da capacidade de fiscalização por parte das autoridades públicas, o que gera frequentemente o incumprimento dessas normas. Este cenário de ineficácia política contrasta, contudo, com um cada vez maior conhecimento científico sobre a dimensão dos problemas ambientais e


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das suas consequências presentes e futuras, bem como sobre a urgência de adotar medidas de mitigação. Um exemplo disso são os resultados do “State of Environment Report”, de 2015, que traçam um panorama bastante preocupante para os próximos 10 anos nas mais variadas dimensões e, na maioria dos casos, um cenário bastante pior para as décadas que se seguem.

informação de consciencialização dos cidadãos, através de publicações, jogos de computador ou programas televisivos. Importa, ainda, esclarecer que todo este conjunto de medidas surge em clara articulação com outras iniciativas como os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio ou a Década da Educação para o Desenvolvimento, ambas sob a coordenação da ONU.

Face ao contexto referido, nos últimos anos têm ganho maior relevo um conjunto de novos instrumentos de política. Entre os novos instrumentos existentes encontram-se, por exemplo, iniciativas de fiscalidade verde, os rótulos ecológicos, ou as campanhas de informação e sensibilização para os problemas ambientais, bem como o envolvimento de níveis políticos subnacionais e da sociedade civil, tal como referido num seminário sobre Política Europeia do Ambiente a que assisti recentemente, dirigido pela colega do GOVCOPP Sara Moreno Pires.

Os objetivos e as medidas propostos são, naturalmente, meritórios e laudatórios. No entanto, não deixo de recear que seja mais uma iniciativa que, muito embora

As três grandes linhas de atuação do Ano Internacional do Entendimento Global – investigação, educação e informação – vão, assim, ao encontro desta nova geração de instrumentos de políticas públicas. Os documentos da iniciativa são, com efeito, muito claros no enfoque que colocam na mudança de sentido ascendente (bottomup) proveniente das escolhas de cada cidadão, não obstante a manutenção da importância da ação e da definição de objetivos de nível político. Como referido num desses documentos, é essencial que os cidadãos disponham de maior conhecimento sobre as consequências das suas ações diárias sobre o planeta, por forma a mudarem os seus comportamentos, bem como para fomentarem políticas ao nível local, regional e nacional. O Ano Internacional do Entendimento Global faz, assim, um claro apelo à reconciliação dos níveis global e local, bem como à articulação entre a ciência e a vida quotidiana. Para tal, os promotores do ano internacional propõem, por exemplo, que se fomente a investigação cruzada entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais, se criem materiais didáticos de apoio ao ensino em todos os níveis e se disponibilize

contribua amplamente para que se reflita sobre o assunto, seja fortemente inconsequente na produção de resultados operacionais (outputs) e, sobretudo, de impactos sobre os problemas ambientais (outcomes). A utilização de instrumentos soft de política pública e o envolvimento de múltiplos atores para lidar com os problemas societais designados por ‘wicked issues’ tem sido uma tendência crescente nas últimas décadas, sobretudo, desde meados da década de 90, no âmbito do movimento de reforma da Nova Governação Pública. Estes contextos deparam-se, contudo, com claros desafios de coordenação interorganizacional horizontal e vertical, dado o envolvimento de novas tipologias e novos níveis de atores, bem como de articulação entre políticas, face ao caráter transversal das mesmas.

opinião

Assim, importa ter em consideração alguns desafios de implementação das iniciativas do Ano Internacional. Um desses desafios prende-se, por exemplo, com a colaboração entre diferentes domínios científicos, que se afirma cada vez mais difícil, dada a tendência crescente de especialização e fragmentação disciplinar. Do mesmo modo, importa perceber que existem ainda poucos hábitos de desenvolvimento de relações Ciência-Sociedade, não obstante a emergência de experiências recentes de "universidades cívicas". Além disso, é necessário atender à existência, em muitos países, de uma fraca cultura de parceria e de coordenação multinível, além de uma débil cultura de cidadania responsável. Neste sentido, considero essencial ter-se em consideração alguns dos ensinamentos provenientes dos estudos mais recentes da governação pública (também designados por estudos de metagovernação), na medida em que estes tentam identificar formas de coordenação eficazes dos novos modos de governação pública, sobretudo fazendo uma apologia a uma boa articulação com os modos mais "tradicionais". Um desses ensinamentos refere-se à necessidade de recurso a lideranças fortes, embora de natureza facilitadora e com claras preocupações de boundary-spanning, no âmbito dos modos de governação em rede, que muitas vezes acompanham a aplicação destas iniciativas. De igual modo, importa perceber também que a implementação de instrumentos soft é tendencialmente mais fácil, mas tem um conjunto de impactos mais imprevisíveis e voláteis, pelo que não deve ditar o fim da aplicação de instrumentos hard. A necessária articulação entre diferentes instrumentos e entre distintos atores públicos e não-públicos, nas mais diversas escalas de intervenção, afirma-se, assim, como um enorme desafio, mas ao qual não podemos fugir, se quisermos produzir uma ação consequente. Oxalá o Ano Internacional do Entendimento Global contribua para tal e não se torne em mais uma iniciativa com apenas ‘boas ideias’. O planeta não pode continuar a esperar…


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junho 2016

Domingos José da Silva Cravo (1954-2012)

O Professor ISCA-UA Não se escreve a história do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA) sem referir o nome do professor Domingos Cravo. Não fazia contas às horas e distâncias para ensinar, intervir, discutir e defender a instituição. Só o ensino lhe tomava mais devoção. As suas aulas tinham as mesmas medidas de humor e rigor, de ética e técnica, de palavras e de

números. Assertivo e acutilante, formou alunos para fazerem perguntas além de O que sai no exame? Aberta estava a porta do seu gabinete com a sua presença de espírito. Abertas eram as suas perguntas com o seu espírito crítico. Formou alunos, homens e mulheres, mantendo viva a curiosidade, incentivando a pensar bem e pensar o Bem. Resumia

a sua forma de estar na vida com uma singularidade que lhe era muito particular: "Prefiro ser criticado pelo que faço, do que ser ignorado por não fazer nada”. Ao longo da sua vida académica, Domingos Cravo rodeou-se de inúmeros livros ligados à sua área de estudo e trabalho. Daí resultou uma valiosa coleção pessoal de obras de contabilidade,


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normalização contabilística, finanças, entre outras, e onde não faltam nomes como Luca Pacioli, António Lopes de Sá, Gonçalves da Silva, Martim Noel Monteiro e Rogério Fernandes Ferreira, verdadeiros mestres indispensáveis numa biblioteca de Ensino Superior, especializada nestas áreas. Uma coleção que foi doada à UA pela família em outubro de 2015, três anos depois do falecimento de Domingos Cravo. “Entregar os livros do meu marido à biblioteca é um acto de continuidade. Não faria sentido interromper o ciclo de aprendizagem e de ensino do qual ele fez, e faz, parte. Os livros contêm energia de professores e alunos vindouros. Não poderia eu aprisioná-los nem abafar essa luz por um deleite individual e nostálgico. Os livros envelheceriam sem conhecer outros novos e tanto têm uns a aprender com os outros”. Nesta continuidade, Maria Fernanda Cravo, espera também que os livros sigam o exemplo do professor, “o de trazer estudiosos e investigadores e académicos à Universidade e a Aveiro” e, mais importante, que “ajudem um pouco para que não haja estudantes sem material de estudo”. Domingos Cravo nasceu a 10 de abril de 1954 e licenciou-se em Auditoria Contabilística pelo ISCAA, com a média final de 17 valores. Iniciou a sua atividade docente em 1974, tendo contribuído com o seu profissionalismo e as suas ideias inovadoras para a afirmação do ISCAA como escola de referência no contexto nacional. Foi ainda docente convidado em cursos de licenciatura, pós-graduação e mestrado em diversas escolas superiores do país. Além de docente (Professor Coordenador desde 1998), participou ativamente na gestão do ISCAA, tendo pertencido ao Conselho Diretivo, presidido durante vários anos ao Conselho Pedagógico e ao Conselho Científico. Já na atual estrutura da Universidade de Aveiro, foi membro do Conselho de Escola do ISCA-UA e do Conselho Científico da UA. A sua intervenção na Comissão de Normalização Contabilística (CNC) começou em 1981, tendo sido, até julho

de 2009, membro do Conselho Geral (em representação do ISCAA) e, desde 1991, membro da Comissão Executiva (em representação das instituições de ensino). Em finais de julho de 2009, tomou posse como Presidente da Comissão de Normalização Contabilística. Foi, no âmbito da Presidência Portuguesa, presidente do Grupo de Trabalho da União Europeia que discutiu a primeira e segunda reformulações das IV e VII Diretivas de Direito das Sociedades e, posteriormente, foi representante nacional nos Grupos de Trabalho do Conselho Europeu que desenvolveram os estudos visando o estabelecimento do Regulamento para a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade na União Europeia. Integrou ainda o Grupo de Trabalho que desenvolveu a proposta do Plano Oficial de Contabilidade para o Setor da Educação e presidiu à Comissão de Acompanhamento do processo de audição pública do Sistema de Normalização Contabilística. Professor do ISCA-UA, Domingos Cravo lecionou e regeu várias disciplinas de área de Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade, em cursos formação inicial e de formação pós-graduada. Docente em cursos de licenciatura e pós-graduação na UA, Domingos Cravo foi, inclusive, coordenador da pós-graduação em Contabilidade e Auditoria do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da academia de Aveiro. Técnico Oficial de Contas e Revisor Oficial de Contas, Domingos Cravo integrou a Comissão de Estágio da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), o Conselho Superior da OROC e a Comissão e Redacção da Revista Revisores e Empresas. Membro da Comissão de Contabilidade Pública e do Gabinete de Estudos da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, o professor e investigador Domingos Cravo publicou vários artigos ligados à área contabilística e participou com regularidade em congressos nacionais e internacionais de Contabilidade e de Auditoria, tendo em muitos deles apresentado comunicações.

percurso singular


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junho 2016

A 29 de abril de 2016, a coleção de livros da biblioteca pessoal do professor Domingos Cravo, doada pela família ao Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro, foi apresentada à comunidade académica. Durante a cerimónia Maria Fernanda Cravo, esposa do professor, justificou a doação com o sentimento de partilha do conhecimento defendido toda a vida por Domingos Cravo.

Exmo. Sr. Reitor Manuel Assunção, Exmo. Director Carlos Picado, Caros Amigas e Amigos, O meu obrigado pela vossa presença e pela partilha de histórias de alguém que nos foi tão especial por tantas razões. O apoio de tanta boa gente não tem esmorecido e o que tenho sentido é o reforço do carinho e dos cuidados. É bom viver em comunidade. O meu obrigado à Organização por terem, nestes últimos meses, assegurado a logística, mas muito mais, por me darem força neste acto que, por mais gosto que me dê, não deixa de ser um mar alto de emoções. Entregar os livros do meu marido à biblioteca é um acto de continuidade. Não faria sentido interromper o ciclo de aprendizagem e de ensino do qual ele fez, e faz, parte. Os livros contêm energia de professores e alunos vindouros. Não poderia eu aprisioná-los nem abafar essa luz por um deleite individual e nostálgico. Os livros envelheceriam sem conhecer outros novos e tanto têm uns a aprender com os outros. Nesta continuidade, espero também que estes livros façam o mesmo que o meu marido, o de trazer estudiosos e investigadores e académicos à Universidade e a Aveiro. E, mais importante, ajudar um pouco para que não haja estudantes sem material de estudo. A biblioteca, o conceito de biblioteca, é-nos muito querido, representa igualdade e conhecimento. Para entrar só é preciso ser-se abastado de curiosidade. E descansa-nos ter a certeza de que, nesta casa, os livros serão bem tratados.


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Na colecção, há obras para todos os gostos e épocas. E idiomas. Para traduzi-las, há também dicionários, daqueles de papel, dos que temos de perguntar com o dedo, às palavras vizinhas, onde mora aquela que procuramos. Há obras estupendas, de interesse histórico e técnico que merecem ser folheadas com delicadeza e profundidade. Mas não se pense que todos os livros desta colecção são sábios. Alguns são um barrete como diria o meu marido ou, nas palavras do poeta Pavelescu: Nigrim escreveu um livro sem qualquer jeito Comprei mesmo sabendo a obra mazinha Nigrim desta maneira tirou duplo proveito Da parvoíce dele bem como da minha. De um modo geral, contudo, as escolhas foram acertadas. E se alguns livros tiveram o percurso convencional da livraria para a secretária, outros chegaram com mais história. Uma delas passouse quando o meu marido tinha não mais de vinte anos, num dos primeiros congressos em que participou, no Porto. Ao nervosismo da primeira apresentação acresceu o de estar sentado ao lado do Professor Gonçalves da Silva, um dos grandes da contabilidade. O Professor, sentindo o meu marido tenso acalmou-o, dizendo: não esteja nervoso. Quando eu comecei também estava assim e não vale a pena. Depois da intervenção, o Professor sugere quando quiser, apareça no meu escritório. Passado pouco tempo, apanhou o comboio mais rápido, o Foguete, e cinco horas e meia depois estava em Lisboa. No final da tarde de ideias e ensinamentos, o Professor Gonçalves da Silva vira-se para a estante e diz ao meu marido, escolha, pegue, leve uns livros. Estas afinidades que foi construindo durante a vida eram, na verdade, a própria vida. Assim as via e cuidava delas. Assim o viam e confiavam nele. Lembro-me de um dia, uma família, conhecida, desavinda entre eles, ter aparecido no seu gabinete. Achavam que ele era a pessoa certa, pelo seu conhecimento e pela sua rectidão. Pediram-lhe para que fosse ele o decisor da contenda. Os dois lados confiavam mais no meu marido do que no outro ramo da família e consideravam que a sua decisão seria a mais justa, a mais desinteressada e a mais imparcial. A confiança era completa, nele e no seu saber. No fim, encontrou, à sua original maneira, um modo de resolver a disputa. Recorda-me o meu marido esta fábula da cultura árabe em que um mendigo esfomeado encontra um pão duro. Preparava-se para trincá-lo – mesmo sendo duro e com pouco sabor – quando passa por uma banca de comida. Saía da panela um cheiro apetitoso e o mendigo decidiu colocar o pão duro no vapor quente para amolecêlo e dar-lhe sabor. O dono da banca apercebe-se e furioso diz:

– Mas cheiraste! E assim consumiste um bocado da água e dos ingredientes que eu paguei. O caso foi a tribunal, o juiz ouviu a história e concluiu, sim senhor, o dono deve ser recompensado. Como o mendigo não tinha dinheiro, o juiz tirou umas moedas do bolso. Agitando-as dentro das mãos, aproximou-se do dono e disse: – Ouve o tilintar das moedas? É para pagar o vapor da comida. Retenho dele uma lição sobre o tempo. Poderei confessar que a vida para o meu marido não era medida de segunda a sexta ou por fim de semana. Era um continuum, à margem das definições do calendário, sem rótulos de tempo que lhe definissem o modo de estar e o estado de espírito. Esta sensação de liberdade de tempo normalmente existe em férias quando por vezes nem respondemos à primeira que dia é hoje? ou nos perdemos nas horas. Essa liberdade e desprendimento em relação ao tempo acompanhava-o então como me acompanha agora: parece que foi há tanto tempo. Parece que foi há tão pouco tempo. O tempo dele é valioso sim, mas à sua maneira, sem valorização material, sem um preço por hora. Fazia o que fazia porque gostava e porque sabia. Assisti tantas vezes a esse gozo que, por vezes, assumia até a forma de generosidade. É disso exemplo umas férias em que na mesma pensão que a nossa, se instalou um casal e o filho, aluno do primeiro ou segundo ano do ISCA. Creio até que ele não era aluno dele. No entanto, antes que eu me apercebesse, e de forma espontânea, já o meu marido tirava das bucólicas tardes um par de horas para, descontraidamente, tirar umas dúvidas ao rapaz. O único sítio que encontraram para que as lições pudessem ser minimamente produtivas, longe da letargia provocada por um longo almoço e pelo calor de vale serrano, era uma cave fresca que servia de adega. Não sei se o aluno passou os exames, mas certamente recordará essas aulas improvisadas com cheiro a vinho deitado e presunto pendurado. Pese estes momentos relaxados, a sua vida era um vaivém entre estruturas reais e conceptuais, aulas formais e informais e Conselhos de toda a natureza. Andava sempre de cá para lá e de lá para cá entre o pensar e o actuar, entre o dizer e o fazer. Havia dias com quatro reuniões em três cidades, correndo de uma para outra, encalorado, sofrendo o “efeito de estafa”. Tirava sestas pela madrugada porque era durante a noite silenciosa que, como dizia, matutava os casos. Por vezes pergunto-me se toda essa entrega não foi excessiva. Logo me respondo que não quando olho para aqui, para vós, para hoje, para ontem, para os meus filhos, para o meu neto. O amor vale bem a pena seja pelo tempo que for e não podia ter amado mais.

– Agora vais ter de pagar. Obrigado! – Mas eu não comi nada!

percurso singular


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junho 2016

Distinções

Times Higher Education coloca a UA entre as 100 melhores e mais jovens universidades do mundo A Universidade de Aveiro (UA) surge pela quinta vez consecutiva entre as 100 melhores instituições de ensino superior com menos de 50 anos, de acordo com o ranking do periódico Times Higher Education (THE), dedicado ao ensino superior. O Reitor Manuel António Assunção congratula-se com esta distinção da instituição que dirige: “Registo com grande satisfação que, num contexto de forte e crescente competição global, a UA integra, uma vez mais e pelo 5.º ano consecutivo, o grupo das 100 melhores universidades do mundo com menos de 50 anos, de acordo com o ranking do Times Higher Education”. A UA surge no lugar 83 da lista ordenada pelo THE que é encabeçada pela École Polytchnique Fédérale de Lausanne, na Suíça. A UA atinge a pontuação de 38.6 na avaliação global, apresentando valores de 32.3 no ensino, 45.9 no alcance internacional, 40.1 nas receitas provenientes da indústria/empresas, 37.9 na investigação e 43.6 nas citações.

INVESTIGAÇÃO E ENSINO EM MECÂNICA APLICADA E COMPUTACIONAL VALE PRÉMIO NACIONAL À UA Gil Andrade-Campos conquistou o Prémio Jovem Investigador Prof. João Martins em Mecânica Aplicada e Computacional 2015. O prémio atribuído pela Associação Portuguesa de Mecânica Teórica, Aplicada e Computacional (APMTAC) e o mais importante nesta área em Portugal, distingue o docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Universidade de Aveiro quer pelos trabalhos publicados em revistasinternacionais, quer pelas contribuições para o ensino e aplicação industrial da Mecânica Computacional. Esta é a segunda vez que um investigador do DEM é agraciado com este prémio que em 2010 foi atribuído a Robertt Valente. JOÃO ROCHA E HELENA NOGUEIRA, INVESTIGADORES DO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E DO CICECO, ELEITOS FELLOWS DA ROYAL SOCIETY OF CHEMISTRY João Rocha e Helena Nogueira foram eleitos fellows da Royal Society of Chemistry. A eleição dos investigadores do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e do CICECOInstituto de Materiais de Aveiro homenageia os respetivos percursos científicos e académicos de alto nível internacional. Fundada em 1874 e atualmente com mais de 50 mil membros, a Royal Society of Chemistry é a maior e uma das mais importantes sociedades de química do mundo.


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ANTIGO ALUNO DO DEGEIT É FINALISTA DO PRÉMIO MUDA Chama-se André Ferreira, é antigo estudante do Mestrado em Gestão da Universidade de Aveiro e foi um dos dez finalistas ao Prémio Muda, uma iniciativa da COTEC Portugal, através do Barómetro da Inovação, e que todos os anos distingue a melhor dissertação de mestrado assente num tema de inovação e de empreendedorismo. Orientado por Helena Nobre, docente do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da UA, o trabalho de André Ferreira, intitulado "Gamification: Um Novo Paradigma de Criação de Valor no Mass Market", procura compreender os benefícios que podem advir para as marcas através da utilização de técnicas de gamificação, no que respeita ao desenvolvimento de experiências e relacionamentos com as marcas e com o seu mercado-alvo.

FÁTIMA LOPES ALVES PARTICIPA EM ESTUDO DA COMISSÃO EUROPEIA SOBRE ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS Fátima Lopes Alves, docente no Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro e investigadora no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), foi convidada a integrar a equipa de experts no estudo da Comissão Europeia sobre “A Cooperação entre o Norte e Sul – a dimensão transatlântica das Áreas Marinhas Protegidas”. A Comissão Europeia criou um novo projeto para promover a cooperação entre os gestores de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) nos países da Bacia do Atlântico. O estudo realizar-se-á durante 2 anos e pretende estimular o intercâmbio e a partilha de boas práticas de gestão, no

sentido de melhorar a gestão eficaz das AMPs nas zonas costeiras e offshore do espaço Atlântico.

NUNO BORGES DE CARVALHO CONVIDADO A INTEGRAR PAINEL DE ESPECIALISTAS DA AGÊNCIA PÚBLICA BELGA DE APOIO À INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Nuno Borges de Carvalho, docente no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da UA e investigador no Instituto de Telecomunicações, foi convidado a integrar os Expert Panels na área de W&T7: Energy, Electrical Engineering, Electronics and Mechanics da Fonds Wetenschappelijk Onderzoek – Vlaanderen (FWO), a organização equivalente à Fundação para a Ciência e Tecnologia na Bélgica (Flandres). Para o Professor, este convite da FWO representa “o reconhecimento da atividade que o grupo de sistemas rádio do Instituto de Telecomunicações – UA tem vindo a realizar com impacto internacional, assim como uma mais valia para o nome da Universidade de Aveiro”.

distinções

CARLOS JALALI ELEITO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CIÊNCIA POLÍTICA Carlos Jalali é o novo presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política (APCP). Politólogo e docente do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA, Carlos Jalali foi eleito para o cargo durante o último Congresso da APCP. O investigador em Ciência Política assume a presidência até 2018, ano em que a Associação comemora 20 anos de existência. Adriano Moreira, doutor honoris causa da UA, foi eleito presidente da Assembleia-Geral da APCP. Quinto presidente a assumir a APCP, depois dos professores Braga da Cruz, António Costa Pinto, João Cardoso Rosas e Raquel Vaz Pinto, Carlos Jalali não esconde a “enorme honra” na hora de assumir os destinos da Associação. UA ENTRE AS MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO NO RANKING WEB OF UNIVERSITIES Entre 2106 instituições de ensino superior de todo o mundo, a Universidade de Aveiro é a 396ª universidade melhor classificada no Ranking Web of Universities (RWU). O ranking, que tem como fonte de dados o Google Scholar Citations (GSC), uma ferramenta da Google que permite medir o número de citações associadas a cada investigador e respetiva instituição de origem, coloca mesmo a UA na 123ª posição entre 632 instituições de ensino superior da União Europeia e no primeiro lugar entre as universidades portuguesas.

UWE KÄHLER ELEITO MEMBRO DO BOARD EM ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE MATEMÁTICA Uwe Kähler, professor do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro, foi eleito membro do conselho de direção da ISAAC – International Society for Analysis, its Application and Computation, sociedade assim apelidada em honra de Sir Isaac Newton.

O reconhecimento público das entidades e o respetivo impacto social, científico, político e tecnológico são alguns dos pontos que o RWU tem em consideração a par da avaliação das disciplinas, da qualidade no ensino ou das publicações dos investigadores em revistas científicas internacionais influentes.

A ISAAC é uma das mais prestigiadas e ativas organizações na área de Análise Matemática que inclui, entre outras, as áreas de Equações Diferenciais, Análise Funcional e Análise Complexa.

CARLOS FONSECA RECONDUZIDO NA COMISSÃO NACIONAL DE HOMOLOGAÇÃO DE TROFÉUS O docente Carlos Fonseca, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, foi renomeado pelo secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural,


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Amândio Torres, para a Comissão Nacional de Homologação de Troféus (CNHT). Carlos Fonseca é coordenador da Unidade de Vida Selvagem da academia de Aveiro e tem dedicado grande parte do seu trabalho à monitorização das populações de ungulados (veado, corço, javali, cabra-montês, gamo e muflão) em Portugal.

VASCO MIRANDA, ALUNO DE COMPOSIÇÃO DA UA, VENCE PRIMEIRA EDIÇÃO DO PRÉMIO BERNARDO SASSETTI A primeira edição do Prémio de Composição Bernardo Sassetti foi conquistada por Vasco Miranda, aluno da licenciatura em Música (vertente Composição) na Universidade de Aveiro. O aluno, de 22 anos, natural de Oliveira do Bairro, venceu a competição com as composições “5 balas”, “Sea life” e “Seven”, estreadas pelo Ensemble Portugal em Jazz, no âmbito da Festa do Jazz no Teatro Municipal de S. Luís, em Lisboa, de 16 a 30 de março.

Esta renomeação é também o reconhecimento público do investigador e docente da UA, pelo seu extenso trabalho a nível nacional e internacional na área da gestão dos recursos cinegéticos, nomeadamente de populações de espécies de caça maior e dos seus habitats. JOÃO ROCHA ELEITO PARA O CONSELHO CIENTÍFICO DA DIVISÃO DE QUÍMICA DA ACADEMIA EUROPEIA DE CIÊNCIAS Nomeado membro da Academia Europeia de Ciências (EURASC) em 2014, João Rocha, professor do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e diretor do Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO), foi eleito para o Conselho Científico da Divisão de Química daquela academia. O professor e investigador da UA foi um dos três membros da Academia eleitos entre pares para este Conselho. FÁBIO ALVES VENCE SQÉDIO SIMULATION GURU Fábio Alves, estudante do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro, é o grande vencedor do Concurso Sqédio Simulation Guru. Criado pela Sqédio, uma empresa focada na construção do soluções de software e serviços de forma a aumentar a qualidade de produto, o concurso pretende reconhecer projetos onde as ferramentas de simulação SolidWorks desempenhem um papel fundamental. Na sua dissertação de Mestrado, um trabalho orientado pelos docentes Mónica Oliveira e Carlos Relvas, Fábio Alves utilizou o SolidWorks Flow Simulation para avaliar a possibilidade de introdução de alternativas de design que facilitassem o arrefecimento em funcionamento da impressora 3D BeeTheFirst.

O Prémio de Composição Bernardo Sassetti é promovido pela associação Sons da Lusofonia, em parceria com a Casa Sassetti e com apoio da Direção-Geral das Artes, e está integrado no programa “Portugal em Jazz”.

JOÃO VELOSO COORDENA PARCERIA INTERNACIONAL DO CERN João Veloso, investigador do laboratório associado I3N e professor do Departamento de Física da Universidade de Aveiro, assumiu, em janeiro de 2016, o cargo de presidente eleito do "Collaboration Board" do CERN – RD51–, parceria internacional para desenvolver tecnologias para detetores gasosos de radiação microestruturados. Trata-se de um mandato de dois anos.

A UA é uma das 50 melhores escolas de design da Europa A Universidade de Aveiro está novamente na restrita lista da revista Domus como uma das 50 melhores escolas de Design da Europa. A listagem, com referência à Licenciatura e Mestrado em Design do Departamento de Comunicação e Arte da academia de Aveiro, foi publicada na edição de dezembro da revista italiana, uma das mais importantes publicações mundiais dedicadas não só ao design como também à arquitetura e à arte. "É um orgulho para o Design da UA ser reiteradamente distinguido pela inclusão numa selecção dos melhores europeus", congratula-se Rui Costa, diretor do curso de Mestrado em Design.


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A RD51 – Micropattern Gaseous Detectors Technologies conta com cerca de 95 instituições de excelência internacional e com cerca de 500 cientistas de todo o mundo. Esta colaboração tem contribuído fortemente para as últimas descobertas em física de partículas, através do desenvolvimento de soluções de detetores inovadores com caraterísticas únicas de desempenho. EMANUEL RUFO RECEBE UM DOS MAIS IMPORTANTES PRÉMIOS INTERNACIONAIS DE DESIGN A formação em Design da UA volta a dar cartas. Emanuel Rufo, antigo aluno da Licenciatura em Design e do Mestrado em Design, Materiais e Gestão do Produto da Universidade de Aveiro, foi recentemente premiado com o prestigiado prémio de Design IF Design Award 2016 na disciplina de “Produto” com um projeto desenvolvido para a Sanindusa Indústria de Sanitários SA. Trata-se da LINE 42, uma misturadora de lavatório alto para casa de banho.

distinções

SUSANA SARGENTO CONQUISTA PRÉMIO MULHERES INOVADORAS DA UNIÃO EUROPEIA 2016 Susana Sargento, docente do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática e investigadora do Instituto de Telecomunicações (IT) da Universidade de Aveiro, venceu o Prémio Mulheres Inovadoras da União Europeia 2016. Atribuído pela Comissão Europeia com o objetivo de reconhecer as empreendedoras que se destacaram por introduzir ideias inovadoras no mercado, o prémio de 100 mil euros foi anunciado dia 10 de março, em Bruxelas. Susana Sargento, co-fundadora da Veniam, a startup responsável pela criação e gestão da maior rede veicular do Mundo, foi a primeira portuguesa entre as nove finalistas ao Prémio. O concurso é aberto a mulheres fundadoras ou cofundadoras de empresas e de alguma forma relacionadas com os programas de financiamento da Comissão Europeia. Com a distinção destes exemplos, a Comissão Europeia procura também inspirar outras mulheres europeias.

UA DISTINGUIDA PELA MAIOR UNIVERSIDADE MOÇAMBICANA A Universidade de Aveiro foi distinguida na Gala dos 30 Anos da Universidade Pedagógica de Moçambique com uma menção especial de agradecimento pelo seu contributo para a pós-graduação e pesquisa naquela Universidade.

NOVA TÉCNICA PARA MEDIR CONVERSORES ANALÓGICO-DIGITAIS DE ALTA VELOCIDADE DÁ PRÉMIO A INVESTIGADOR DA UA Conhecer e caracterizar melhor, através de novas técnicas de medida, os conversores analógico-digitais de alta velocidade, componentes na área de rádio-frequência tidos como fundamentais nos rádios do futuro, deu bolsa internacional a doutorando da UA. Diogo Ribeiro, aluno do Programa Doutoral em Engenharia Eletrotécnica, consegue assim a “2015 ARFTG Roger Pollard Memorial Student Fellowship in Microwave Measurement" atribuída pelo Automatic Radio Frequency Techniques Group" (ARFTG). A bolsa tem o valor de 5.000 dólares.

A frutuosa cooperação existente entre as duas universidades centra-se em cinco aspetos: formação do corpo docente da Universidade Pedagógica; projetos de investigação conjuntos; desenho de novas áreas de ensino ou especialização; participação de professores na lecionação e acompanhamento de estudantes de mestrado e doutoramento; e mobilidade de estudantes.

ALUNOS DA UA PREMIADOS NO CONCURSO INTERNACIONAL DE GUITARRA DE LEIRIA Um segundo prémio ex aequo, um terceiro prémio no Concurso Internacional de Guitarra de Leiria e ainda o prémio para a melhor interpretação de obra obrigatória. Dois alunos da classe do docente Pedro Rodrigues e um outro, doutorando sob orientação do docente Paulo Vaz de Carvalho, estiveram

Helena Nazaré nomeada presidente do Conselho Coordenador do Ensino Superior Helena Nazaré, antiga Reitora da Universidade de Aveiro, foi nomeada presidente do Conselho Coordenador do Ensino Superior. O anúncio foi feito dia 16 de fevereiro por Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que justificou a escolha de Helena Nazaré com a experiência da ex-reitora à frente da Associação Europeia de Universidades. “A minha ideia é que [o Conselho Coordenador do Ensino Superior] tenha uma função muito importante de melhor representar o Ensino Superior português na Europa e no mundo incluindo um grupo grande de representantes de forma a poder contribuir para a expansão do Ensino Superior português e para a sua crescente internacionalização”, referiu Manuel Heitor à Agência Lusa.


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em destaque neste concurso internacional promovido pelo Orfeão de Leiria. Inês Pereira, aluna da licenciatura em Música, e Heder Dias, aluno do Programa Doutoral em Música, ficaram em segundo lugar, ex aequo, no Concurso Internacional de Guitarra de Leiria que decorreu entre os dias 12 e 22 de dezembro. Francisco Berény, também aluno da licenciatura em Música, ficou em 3º lugar. Heder Dias, aluno do Programa Doutoral em Música, sob orientação de Paulo Vaz de Carvalho, recebeu ainda o Prémio de Melhor Interpretação de Obra Obrigatória.

MÁRIO FERREIRA É MEMBRO CONSELHEIRO DA ORDEM DOS ENGENHEIROS Mário Ferreira, diretor do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro foi homenageado com o nível de qualificação profissional de Membro Conselheiro, a mais alta distinção concedida pela Ordem dos Engenheiros. A distinção foi entregue no Dia Nacional do Engenheiro. Doutorado em Ciência e Engenharia da Corrosão e investigador na UA desde 2001, Mário Ferreira, segundo a Ordem dos Engenheiro, tem uma “invulgar capacidade criativa, de investigação e de gestão no campo da engenharia, tendo elaborado e publicado trabalhos científicos ou técnicos de relevo na sua área de especialidade”.

UA (IEUA), foi o vencedor da categoria “Saúde” da 11ª Edição do NOVO BANCO Concurso Nacional de Inovação. A NU-RISE, que desenvolve dispositivos para deteção de radiação, receberá 30.000 euros com esta distinção, dos quais 10.000 são para registo de propriedade intelectual.

LUÍS CARLOS ELEITO MEMBRO CORRESPONDENTE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS Luís Carlos, investigador do Departamento de Física e do Instituto de Materiais de Aveiro, é o mais recente Membro Correspondente da Academia Brasileira de Ciências. Luís Carlos, especialista na área das propriedades óticas de materiais, vê assim reconhecido o mérito científico e a “relevante colaboração no desenvolvimento da ciência no Brasil”. “A distinção é o reconhecimento do trabalho feito na UA, no Departamento de Física e no CICECO, em colaboração com grupos de investigação brasileiros”, aponta Luís Carlos.

ALUNO DE SAXOFONE DISTINGUIDO COM 3º PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO EM ITÁLIA Aluno de Saxofone, no segundo ano da licenciatura em Música (Performance) da UA, Pedro Castro e Silva ficou em terceiro lugar no “Concorso Internazionale di Musica per Giovani Interpreti ‘Città di Chieri’", em Itália. Trata-se da primeira distinção internacional do jovem músico que pretende participar em mais dois concursos ao longo do ano letivo em curso. DOSÍMETRO DE RADIAÇÃO DESENVOLVIDO POR SPIN OFF DA UA VENCE CONCURSO DE INOVAÇÃO O dispositivo desenvolvido pela NU-RISE, uma spin-off da Universidade de Aveiro acolhida na Incubadora de Empresas da

“É motivante ver o nosso projeto premiado e reconhecido pelo seu caráter inovador, significa que vale a pena insistir nas boas ideias e continuar a trabalhar para as concretizar, num desafio diário, e que podemos contar com o apoio de grandes instituições para o fazer”, considera Luís Moutinho, CEO da NU-RISE.

CURTAS DA UA CONQUISTAM 2º E 3º LUGARES NOS PRÉMIOS SOPHIA ESTUDANTE As curtas-metragens de alunos da UA candidatas aos prémios Sophia Estudante conseguiram ficar entre os três primeiros na vertente “Documentário” e na vertente “Ficção”. “Um dia na vida… do pastor Boaventura” ficou em segundo lugar entre os documentários e “Leonor” foi a terceira ficção nas preferências do júri. “Leonor”, de Emanuel Silva, Mariana Branco, Mariana Mendes e Vânia Silva, e “Um dia na vida… do pastor Boaventura”, de Emanuel Silva, Emma Zazio, Imran Khan, Kalle Liikala, foram realizados no âmbito das disciplinas de “Produção e Realização Audiovisual” I e II, lecionadas pelos docentes Pedro Almeida, Nuno Barbosa e Hélder Caixinha, disciplinas do mestrado em Comunicação Multimédia, perfil Audiovisual Digital (Departamento de Comunicação e Arte).


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Catarina Sobral Ilustradora Uma ilustradora capaz de abraçar o mundo das crianças e adultos Começou a trabalhar como designer, mas cedo percebeu que gostava muito mais de ilustrar histórias. A aposta em dar forma, cor e vida a livros de crianças e não só já valeram a Catarina Sobral vários prémios. Em 2011, com o "Greve", o seu primeiro livro, recebe uma Menção Especial no Prémio Nacional de Ilustração. O livro seguinte, o "Achimpa", venceu em 2012 o Prémio AmadoraBD para Melhor Ilustração de Livro Infantil e o Prémio SPA para Melhor Livro Infanto-juvenil. Mas é com "O Meu Avô" que o trabalho da designer licenciada na UA é projetado internacionalmente. O livro vence em 2014 o Prémio Internacional de Ilustração, em plena Feira do Livro Infantil de Bolonha, e distingue-a como a melhor ilustradora para a infância com menos de 35 anos.


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Catarina Sobral nasceu em Coimbra, em 1985. Licenciada em Design pelo Departamento de Comunicação e Arte da UA, conclui mais tarde um mestrado na área de Ilustração na Escola Superior de Educação e Ciências de Lisboa, numa parceria com a Universidade de Évora. Pelo meio, Catarina Sobral rumou a Espanha, mais concretamente à Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona, em regime de Erasmus. “Depois de acabar o curso de Design e de passar por dois ateliês fui fazer um mestrado em Ilustração, do qual resultaram dois livros: o "Greve", projeto final do ano curricular, e o "Achimpa", projeto da tese de mestrado”, recorda hoje aquela que já é uma referência da ilustração nacional. Desde então tem trabalhado com ilustração para a imprensa, capas de discos, cartazes, animação e sobretudo com álbuns ilustrados. Tem nove livros publicados em dez línguas, seis deles também escritos pela própria mão.

Primeiros passos na Universidade de Aveiro Das competências adquiridas na academia de Aveiro, e que a ilustradora Catarina Sobral entende terem sido fundamentais para o exercício da sua atividade, a antiga estudante recorda “a abordagem projetual holística: o entendimento do álbum ilustrado como um todo, um objeto de arte com características materiais que também comunicam sentido (tipo de papel, de impressão, de encadernação, formato, peso, tamanho, etc.)”. Na academia de Aveiro Catarina Sobral diz que ganhou também competências que hoje lhe permitem acompanhar as várias etapas da produção de um livro. “Desenho os alfabetos, pagino-os, acompanho as saídas de máquina, desenho outros suportes de divulgação como cartazes de lançamentos, book trailers ou exposições de originais”, diz a autora. Carlos Aguiar e Pedro Almeida, são os professores do Departamento de Comunicação e Arte que

Tem nove livros publicados em dez línguas, seis deles também escritos pela própria mão recorda por terem marcado decisivamente a sua carreira. “Em 2011 o meu primeiro livro, "Greve", ganhou uma menção especial do Prémio Nacional de Ilustração e foi selecionado para a Exposição do País Convidado da Feira do Livro Infantil de Bolonha. Depois o meu segundo livro, Achimpa, ganhou o prémio de Melhor Livro de Literatura Infanto-Juvenil da Sociedade Portuguesa de Autores e de Melhor Ilustração de Livro Infantil do Festival Amadora BD”, recorda. Imparável, as menções não ficaram por aí. Já em 2016 foi distinguida com o prémio da Fundação Cuatrogatos, foi finalista do Soligatto 2015 e recomendada pelo centro de estudos chileno Troquel.

Passaporte para o mundo O meu Avô acorda todos os dias às 6 da manhã. O Dr. Sebastião acorda às 7. Cruzam-se todos os dias à mesma hora. O meu Avô já teve uma loja de relógios. Agora tem bastante tempo. O Dr. Sebastião não é relojoeiro nem tem tempo a perder. O meu Avô tem aulas de alemão e aulas de pilates. Escreve cartas de amor (ridículas) e faz regularmente piqueniques na relva, comme il faut. Depois, ainda tem tempo para ir buscar-me à escola… Assim começa "O Meu Avô", uma obra onde o protagonista e narrador é uma criança que vai descrevendo as rotinas diárias do avô, contrapondo-as à de um vizinho. Nessas rotinas há tempo para o avô passear o cão, ter aulas de pilates e de alemão, cultivar um jardim e ir buscar o neto à escola. De Fernando Pessoa a Manet, de Almada Negreiros a Tati, o livro traz páginas

percurso antigo aluno

repletas de referências artísticas. Editado em 2014, recomendado pelo Plano Nacional de Leitura (para estudantes do 2.º ano do 1.º ciclo – leitura autónoma) e destinado a leitura autónoma, aquele que é o seu terceiro livro foi selecionado para a Exposição dos Ilustradores da Feira de Bolonha – um certame considerado uma montra das tendências mais recentes da produção de ilustração para os mais pequenos e a mais importante feira de negócios do mercado livreiro de literatura para crianças e jovens – e ganhou o Prémio Internacional de Ilustração. Na altura, o júri do prémio elogiou a obra de Catarina Sobral como uma "referência à tradição gráfica dos anos 1950, com uma interpretação contemporânea e a composição da imagem baseada em figuras geométricas básicas". A “grande maturidade e a forte identidade pessoal” dos desenhos da ilustradora portuguesa e a “essência das figuras geométricas combinadas para produzirem uma composição visual altamente eficaz” foram outros dos argumentos que o júri, por unanimidade, teve em conta para atribuir o prémio à ilustradora portuguesa. O reconhecimento além-fronteiras passou então a ser uma realidade para o trabalho de Catarina Sobral. Já em 2016 foi selecionada para a Ilustrarte. O seu quarto livro, "Vazio", foi distinguido como o Best of Show do Picture Book Show da revista "3x3" e, tal como o "Greve", seleccionado para o catálogo "White Ravens". E o livro "O Chapeleiro e o Vento" foi finalista do Sharjah Exhibition for Children’s Book Illustrations e o seu trabalho de ilustração editorial já foi distinguido pela revista "3x3", pela AOI, pelo Clube de Criativos de Portugal e pela Bienal Iberoamericana de Diseño.


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Fábio Vinagre Eng. físico Um engenheiro físico numa conquista Continental Tem a responsabilidade de dar assistência na integração de hardware para sistemas de tecnologia da informação às 19 fábricas da Continental espalhadas pelo mundo. Licenciado e mestre em Engenharia Física pela UA, Fábio Marques Vinagre é hoje uma peça chave na empresa que está entre os cinco maiores fornecedores mundiais da indústria automóvel. Aos 33 anos, o antigo aluno conta já com uma vasta experiência profissional onde se incluem dois anos de trabalho no CERN, o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado na região noroeste de Genebra, na Suíça.


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Ainda era estudante de mestrado no Departamento de Física (DFis) e Fábio Marques já abraçava a primeira experiência profissional numa empresa produtora de células solares. Depois do mestrado estar concluído, em 2007, apontou o destino para fora do país. O desejo de ter uma experiência internacional era forte e, por isso, não hesitou quando teve oportunidade de se candidatar a um estágio na Europol, em Haia, como engenheiro de testes de software. Do serviço Europeu de polícia, incumbido do tratamento e intercâmbio de informação criminal, chegou a luz verde e Fábio Vinagre rumou a Haia onde esteve seis meses, tantos quantos a duração do estágio. Depois da experiência na Holanda decidiu continuar a trabalhar fora de Portugal e candidatou-se ao CERN. “Tive a honra de ser aceite como oficial de transferência de tecnologia, no gabinete de patentes do CERN mas, como sempre gostei mais da área técnica, passados seis meses mudei para o maior detetor do LHC, o ATLAS”, lembra o antigo estudante do DFis. Aí, na imensa e sofisticada máquina onde as partículas são aceleradas e guiadas por ação de campos elétricos e magnéticos, num túnel enterrado a 100 metros de profundidade e com a forma de um anel com 27 quilómetros de circunferência, Fábio Vinagre realizou tarefas de coordenador de sistemas de controlo e monitorização do calorímetro, a zona do detector dedicada à medição da energia das partículas resultantes das colisões. Dois anos depois decidiu regressar a Portugal. Mas o chamamento por experiências além-fronteiras continuava a ser forte. Desta vez, era a Alemanha o país que chamava pela experiência e vontade de Fábio Vinagre. “Tive novamente a honra de ser escolhido para o exigente eXplore trainee program da Continental, em Hannover (Alemanha)”, recorda.

À conquista da Alemanha Durante seis meses trabalhou com dez pessoas de seis nacionalidades em várias áreas de uma das maiores multinacionais do planeta. Meio ano depois foi colocado no departamento de desenvolvimento de métodos de testes onde realizou uma estadia de três meses em Petaling Jaya, Kuala Lumpur, numa das conhecidas fábricas da marca. “Depois de cinco anos na investigação e desenvolvimento da Continental decidi que gostaria de seguir um trabalho mais perto da produção e candidatei-me para uma posição em interfaces de sistemas de informação no departamento de engenharia central”. Candidatura entregue, candidatura aceite. Iniciou a nova missão no dia 1 de fevereiro de 2016. O trabalho que tem agora em mãos é de máxima importância para a Continental: “assistir às nossas 19 fabricas espalhadas por todo o mundo em integração de hardware em sistemas de tecnologias de informação”. Ao fazer a ligação entre fábricas instaladas em diferentes países, e por isso habitadas por pessoas de diferentes culturas, mas pertencentes a uma entidade central alemã, Fábio Vinagre garante que é numa boa comunicação que reside parte do segredo do sucesso da sua missão. “O melhor conselho que posso dar aos estudantes da UA é para não subestimarem a comunicação”, diz, dirigindo-se à comunidade académica. “A comunicação entre pessoas da mesma língua nativa não é fácil, mas quando envolvemos pessoas com culturas diferentes, conhecimento de línguas limitado e falamos por vezes na terceira língua, a tarefa começa a ficar interessante e desafiante”, diz.

Da UA para o mundo Escolheu estudar na UA por ser “uma universidade nova, com excelentes instalações e uma boa reputação em cursos de engenharia”. Fábio Vinagre não tem dúvidas: “Pareceu-me na altura, e mais tarde confirmou-se, a escolha mais acertada”.

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E o curso de Engenharia Física correspondeu às expectativas? “Sim, o curso de Engenharia Física é ótimo para quem deseja ter alguma formação teórica em Física sem perder a ligação ao mundo empresarial. Trata-se de um curso onde somos ensinados a pensar e a resolver problemas não-standard”, garante. Mais, Fábio Vinagre recorda que “a Universidade tem um ótimo ambiente e o layout de departamentos espalhados pelo campus alia o melhor da multidisciplinaridade à independência de cada área de estudo”.

É numa boa comunicação que reside parte do segredo do sucesso Da UA, e do DFis em particular, Fábio Vinagre recorda com especial enfoque o seu orientador de projeto, o professor António Cunha, e Pedro Salomé, o seu colega de laboratório. “O orientador sempre nos permitiu trabalhar de uma forma independente e estava sempre aberto às nossas ideias”, reconhece o antigo aluno. Uma postura que foi essencial para o sucesso académico e profissional de Fábio Vinagre. “Essa mentalidade permitia o desenvolvimento da nossa responsabilidade e ética de trabalho além de nos tornarmos cada vez mais confiantes e experientes”, reconhece. Das competências adquiridas na UA que entende terem sido fundamentais para o exercício da sua atual atividade Fábio Vinagre não tem dúvidas: “a capacidade de resolver problemas multidisciplinares. Neste momento consigo aliar a parte mecânica, elétrica e software sem grandes problemas e penso que sem o percurso curricular de Engenharia Física da UA teria mais dificuldades”.


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David Carvalhão Gestor de projetos Uma carreira de êxitos numa vida sempre em busca de desafios É um empreendedor compulsivo. Tem 38 anos e já fundou 16 empresas entre Portugal, os EUA e a Roménia, todas elas na área da tecnologia. Pelo meio, David Carvalhão fundou três associações, registou várias patentes e viajou um pouco por todo o mundo. Licenciado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações na UA em 2003, David Carvalhão, incansável, está hoje a lançar um novo fundo de investimento em tecnologia sob a égide da Entropic Ventures.


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Depois de ter terminado o curso na UA, que caminhos tem David Carvalhão percorrido? “Não é uma pergunta de resposta fácil”, aponta. O enorme e diversificado currículo profissional que desde então foi construindo é o culpado pela hesitação. Senão, vejamos. Foi gestor de projetos de alto-risco até 2006, altura em que criou a primeira de muitas empresas, a Edge Consulting. Seguiu-se a WittIT, corria o ano de 2008. Desde então fundou um total de 16 empresas (algumas patrocinam eventos da UA, como é o caso do Concurso de Computação Móvel) distribuídas entre Portugal, os Estados Unidos e a Roménia. Todas elas têm como alvo a área da tecnologia e nasceram dentro do grupo e.gen Ventures, no qual mantém participação. Uma das empresas foi mesmo distinguida com os prémios Deloitte FAST500 e Melhor Empresa para Trabalhar. Desenvolveu também atividade como diretor de inovação, sendo co-inventor de três patentes. Atualmente desenvolve atividade como business angel e public speaker e está a caminho de mais uma aventura empresarial com o lançamento de um fundo de investimento na área da tecnologia dentro do grupo da Entropic Ventures. Paralelamente, foi sóciofundador de três associações, uma das quais a Associação de Electrónica, Telecomunicações e Telemática da UA. O currículo imenso e recheado de sucesso valeu-lhe mesmo a presença na publicação da UA "40 anos, 40 inventores, 40 empreendedores". Recentemente foi concluído com sucesso o projeto de inovação Your Lunch Pal, que promoveu através de uma das suas empresas, cofinanciado pelo IAPMEI através do QREN ID&T, no qual contou com uma participação crucial do Departamento de Química da UA, com uma equipa de investigação liderada pelo professor Manuel Coimbra. “Atualmente tenho a incubar na IEUA uma startup participada pela Edge Innovation, chamada Heaboo, que é liderada por um outro

alumni, o Rui Teixeira”, lembra David Carvalhão. É mesmo à UA que “venho buscar alguns dos melhores profissionais com que conto e algumas das melhores ideias para startups”.

Atividade profissional frenética “Frenética”. É com esta palavra que descreve a sua atividade profissional. E faz de propósito porque o verbo parar não faz parte de maneira nenhuma do dicionário de David Carvalhão. “Procuro expor-me a novas ideias e projetos e frequentemente tenho dificuldade em escolher, por isso acabo envolvido em mais coisas do que a minha saúde gostaria”, admite. Mas o fascínio enorme que sente com o que faz, principalmente pela aprendizagem constante com as pessoas que vai

percurso antigo aluno

que escolhi, a Universidade mais dinâmica do país, com muita ligação à indústria e à inovação. Tinha ainda um campus e uma filosofia que eram inovadores em Portugal. Para além do mais a vida académica de Aveiro atraía-me mais do que a de Coimbra, que já conhecia bem enquanto figueirense”, recorda David Carvalhão. Do curso e da UA guarda a certeza de terem cumprido com todas as expectativas que trazia ao chegar à cidade que o acolheu de braços abertos. “Sem dúvida, ambos corresponderam. Principalmente a UA, que me permitiu participar de diversas formas e crescer enquanto indivíduo, o que considero mais estruturante na pessoa que hoje sou do que a mera formação técnica”, admite o antigo estudante.

É da vida académica que tem as melhores recordações encontrando, não o deixa descansar à sombra do caminho percorrido. “Encontro frequentemente pessoas com ideias altamente disruptivas que obrigam a reinventar toda a visão que temos dos problemas e da sociedade. Nesse descobrir que o que sei agora já não se aplica surge uma abertura para a vida que me apaixona”, diz. Por isso, não é por acaso que ainda hoje, tal e qual como quando chegou à UA para estudar, não sabe dizer exatamente que profissão quer ter. “Considero-me em constante formação e regularmente vou descobrindo novos caminhos para trilhar”, admite David Carvalhão.

UA, uma escolha pelo futuro Aos 18 anos deixou para trás a Figueira da Foz, de onde é natural, para rumar até à cidade de Aveiro. Escolheu a UA para estudar porque era a opção mais óbvia para dar asas às suas paixões. “A UA era, para a área

Aliás, é da vida académica que tem as melhores recordações. Desde a Comissão Pedagógica, associações, o UniverCidade, Orfeão e, claro, Faina Académica, à qual continua ligado enquanto Mestre Cagaréu, “tudo o que pude fazer de forma complementar aos estudos” fez. David Carvalhão lembra ainda que teve “a sorte de conhecer pessoas fantásticas” que ainda hoje conta entre os melhores amigos e que “moldaram de forma inequívoca” a sua vida para sempre. Mais uma pergunta de difícil resposta: que competências adquiridas na UA foram fundamentais para o exercício da sua atual atividade? “Eu diria as competências sociais, as afamadas soft-skills, capacidade de organização, comunicação e liderança”, tenta responder. Hesita… “Mas creio que estas só se tornam tão importantes no que é a minha vida porque a qualidade da formação técnica é um dado adquirido”, diz.


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junho 2016

Entrevista a José Duarte a propósito de meio século de “Cinco minutos de jazz”

O jazz é uma luta permanente Considera-se das poucas pessoas a saber de jazz em Portugal. José Duarte, a quem já chamaram “a melhor orelha branca da Europa”, está orgulhoso do trabalho de divulgação que tem realizado, da gente que levou para o jazz e do contributo que foi dando, de diversas formas, pelo menos desde 1966, ano que começou a rubrica radiofónica “Cinco minutos de jazz”. Já lá vai meio século. Outra das vertentes do trabalho de José Duarte, ou “Jazzé”, tal é a dedicação e o extenso trabalho feito em prol do jazz, tem sido desenvolvido na UA a mostrar como se deve ouvir jazz. Desde que a UA recebeu o acervo José Duarte, o Jazz passou a ter uma presença assídua na universidade através de concertos, projetos de investigação, congressos e a consolidação de um mestrado na área. Em 23 de fevereiro de 2016 foi defendida a primeira tese de doutoramento em jazz na academia aveirense e há várias outras iniciativas em curso.

O “Cinco minutos de jazz”, surgido durante o período do Estado Novo numa rádio dirigida pela Igreja e em que tudo o que se publicava passava pelo controlo da censura, foi visionário, ou mesmo revolucionário … O “Cinco minutos de jazz” começou a 21 de fevereiro de 1966, na Rádio Renascença que dispunha, então, de um emissor potentíssimo, permitindo cobertura nacional e internacional. Assim foi até ao período do PREC em que o “Cinco minutos de jazz”, tal como toda a programação da Renascença, se calou. Mas, eu, quando estou a dormir, também estou vivo. Portanto, conto 50 anos do “Cinco minutos de jazz”. Esse período coincidiu com a mudança de grande parte da equipa da Renascença para a Rádio Comercial. E o “Cinco minutos…” acompanhou essa vaga. Na Comercial esteve até 1993, quando se mudou para a RTP-Antena 1, tendo registado, a partir desse momento, incursões na Antena 2,


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Antena de África e outras. Fiz ainda outros programas noutras emissoras. Quando o “Cinco minutos…” começou, surgiram várias manifestações de racismo – que ainda existe hoje, em todos os países, embora, em muitos casos, esteja disfarçado – através de correspondência apócrifa e ofensiva. Chamavam-me “racista”, “fascista”, tudo o que os autores das cartas eram… “Andas aí a passar música de pretos que nos querem roubar Angola e Moçambique!”... Essa correspondência está guardada. Quanto à censura, nunca fui um alvo, exceto num certo período e devido a um erro cometido por mim. No final dos anos 60, numa das noites em que fazia o “Cinco minutos…” em direto, passei o Quinteto de Miles Davis para falar de “um grande saxofonista tenor chamado John Coltrane”. Virei o disco, li a biografia do Coltrane e referi que era “filho de um padre”. No dia seguinte, fui chamado ao Monsenhor Manuel Lopes da Cruz: “Entra, meu filho. Senta-te. Ontem, cometeste um pequeno erro! Então não sabes que os padres não têm filhos?”. Eu calei-me. Não devia ter dito “padre”, porque a tradução para “preacher” é “pregador”. Acabou por me dizer: “Vai. Mas, a partir de agora, queria ler os teus textos”. Nunca me recusaram um texto! Talvez nem se deva chamar censura a isto, porque tudo começou com um erro meu. Até então, não havia qualquer programa dedicado ao jazz… Não. Ainda hoje os Conservatórios não incluem o jazz nos seus programas de ensino. Na época havia muito poucos músicos. Hoje, há várias escolas, há concertos, há festivais, há público. A situação é muito diferente da que exista antes do 25 de abril! O jazz era um género totalmente desconhecido em Portugal! Ainda hoje é um pouco assim!... Há dias, recebi um telefonema em que referi o nome do programa, “Cinco minutos de jazz”, e a resposta foi: “Cinco minutos de quê?”. Tive de soletrar “J, A, Z, Z”. Do outro lado: “J, A, Z, Z? Com dois ‘Z’ seguidos?”. Não sabia o que era jazz, nem conhecia a palavra “jazz”! O “Cinco minutos…” veio cortar o silêncio em Portugal em relação à música boa.

Inequivocamente boa! O único contributo que veio dos Estados Unidos para o mundo da arte musical durante o século XX!...

Ouvir o “Cinco minutos…” antes de adormecer Sente-se orgulhoso pelo trabalho realizado, presumo… Eu devia estar exuberante pelos 50 anos do “Cinco minutos…”!... De certo modo, estou, porque isso significa trabalho realizado. Quando estou num concerto, enquanto aguardo sentado pelo início, fico a pensar: “O ‘Cinco minutos…’ deve estar, de algum modo, relacionado com este concerto… Se não houvesse “Cinco minutos…’, não seria possível este concerto”. Mas, ainda falta aprender a ouvir jazz! E o jazz não se aprende, ensina-se. Conhece algum caso de conversão ao jazz pelo “Cinco minutos…” ? Tenho uma recordação que reavivo sempre que falo de jazz. No final de uma noite no Guimarães Jazz, deslocava-me para o hotel, debaixo de um chuvisco. Uma senhora, já com alguma idade, aproximou-se com um miúdo e disse:

entrevista

a um concerto de jazz, percebe-se que as pessoas não sabem acompanhar com palmas, batendo no tempo forte e não no fraco. O jazz é ainda entendido como um divertimento. Não o é! É uma arte de luta. De luta negra. Esse foi um dos motivos que me levou a gostar de jazz. O outro motivo é o meu à vontade com o folclore negro norte-americano. O Prince que morreu recentemente, por exemplo, não me diz absolutamente nada! Fico espantado com a cobertura mediática da sua morte! O Prince é uma star exótica do mercado capitalista que se aproveita de um público analfabeto. O público português, esse, é um desgraçado! Antes do 25 de abril não via, nem ouvia jazz. Depois do 25 de abril, nem se apercebe de que vêm a Portugal grandes músicos, porque tudo isso é omitido pela imprensa, pela televisão e pela rádio! Quando se trata de músicos de rock, inundam-se os órgãos de comunicação social. O jazz é uma permanente luta! Passados 50 anos o digo! Há muito já feito, mas ainda há muito por fazer! O público vai aos concertos, não porque conhece os músicos, mas porque tem referências, nomeadamente associadas ao local onde os

"... ainda falta aprender a ouvir jazz! E o jazz não se aprende, ensina-se." ” É o José Duarte, não é?”. “Sim, sou”. “José Duarte, queria apresentar-lhe o meu neto, mas está a chover…”. “Diga, diga… Como é que ele se chama?” “É o João.” “Olá, João.” E apertei-lhe a mão. “Sabe, é que ele não adormece enquanto não ouvir o ‘Cinco minutos…’” “Tu gostas de jazz?”. “Gosto”, disse o miúdo. “Então, qual é o teu músico favorito?” E ele: “Trompetista Miles Davis”. Emocionei-me, claro. Despedi-me e fui para o hotel. Não mais esquecerei! Ter numa criança um apaixonado pelo jazz, é uma grande vitória de um divulgador! Apesar da diversidade de meios de informação e divulgação, ainda não se pode dizer que o jazz é um género muito bem aceite! Acho que o jazz é uma música difícil para ouvidos europeus brancos. Não que eu seja racista! Está provado! É uma arte negra norte-americana. Quando se assiste

músicos tocam. O público aprendeu a pedir encores e, desse modo, acha que leva mais música pelo mesmo preço! O Brad Mehldau, um bom pianista, esteve três quartos de hora a tocar encore num concerto no CCB! É um desfile de disparates!

Sem um salto qualitativo desde 1967 Embora ainda não seja um género muito popularizado, reconhecem-se influências do jazz noutros géneros, como o rock ou na chamada música clássica ou erudita… Falou num tipo de música a que não chamo clássica. Nem chamo erudita, porque este é um termo classista, coloca as classes em confronto, porque pressupõe que apenas algumas pessoas têm acesso a este género e que apenas alguns meninos têm acesso a esse ensino, o que, na realidade, não acontece. Noutro país, qualquer pessoa com


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aptidão para a música, independentemente da sua origem social, tem acesso ao ensino de música no Conservatório. É vulgaríssimo os músicos terem formação no Conservatório. Apesar de “clássica” ser um termo comummente aceite, é preciso combatê-lo, porque se incluem nessa definição compositores clássicos, como Beethoven, e outros que nada têm a ver com o clássico, como Stravinsky.

Um dia, uma das minhas filhas, quis tocar uma música que eu lhe cantarolava, o “Round about midnight”, de Thelonious Monk. Um pianista fabuloso! Ela começou a tocar e insistia que havia uma nota errada quando eu cantarolava. Depois, lá descobriu que não estava errada e tocou muito bem. Foi uma grande vitória para o jazz, que ganhou mais alguém que o entende, e para ela que ficou uma mulher

A influência do jazz noutras músicas é relativa. Acho que é maior a influência dessas outras músicas no jazz. Daí, o jazz se manter sem um salto qualitativo desde 1967, embora seja um pouco forçado assumir uma data, ano em que morreu John Coltrane. Já havia free jazz que surgira em 1959, com Ornette Coleman, quando eu comecei a conhecer o que é o jazz. Ornette Coleman criou, talvez, a forma mais difícil do jazz… Ornette Coleman revolucionou toda a linguagem e toda a forma jazz. Assustou muita gente, no início, mas separou os instrumentistas europeus, que se dizem de jazz, dos instrumentistas de jazz norte-americanos. Na Europa há muitos instrumentistas de free jazz, enquanto, nos EUA, o seu impacto é reduzidíssimo. Mais tarde, percebeu-se que a música de Ornette Coleman, no fundo, é influenciada pelos blues e de uma grande simplicidade.

Uma das poucas pessoas que sabe de jazz em Portugal Como se distingue um bom improvisador em jazz? Não é fácil responder… Foi a primeira pergunta que fiz, quando descobri o jazz. Estávamos em plena ditadura… A Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico era um espaço de encontros com a cultura e organizou uma

"Dói, sim, até que se dá o salto para a frente, ficando-se mais culto e rico." mais culta ao aprender uma linguagem nova. De Monk, que compôs “Round about midnight” nos anos 40, diziam que era louco, que não sabia tocar piano!… Ele chegou a ser capa da "Time". Para eu gostar de free jazz fui a Londres, a um concerto do Archie Shepp. Amarrei o cinto e pensei: “Só sais daqui quando perceberes!”. Doeu. Senti-me massacrado durante algum tempo. Não fisicamente, mas mentalmente, pois aquela nada tinha a ver com a minha linguagem. Mas sei que saí daquele concerto um tipo mais rico. Quando comecei a ouvir jazz, este também nada tinha a ver com a linguagem que eu conhecia até então… Dói, sim, até que se dá o salto para a frente, ficando-se mais culto e rico.

sessão fonográfica com o Dr. Raúl Calado, meu mestre de ideologia e de jazz. A certa altura, Calado disse que o Louis Armstrong tocava com um baterista muito bom e pôs o disco a tocar. A seguir, considerou um outro baterista que tocava com o Armstrong não tão bom e deu-nos a ouvir. No fim, durante o período de troca de ideias, perguntei como se distingue o baterista bom de um baterista mau. É difícil responder… O meu solista/improvisador preferido é um branco e chama-se Stan Getz. Sei vários temas dele de cor, as suas improvisações demoram seis a sete minutos … O discurso dele comove-me. A sequência do fraseado é toda muito natural. A sonoridade do saxofone de Getz é única, criou escola e surge na linha da sonoridade de outro


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homem que introduziu o jazz em Portugal e fundou o Hot Clube, Luís Villas-Boas.

Evolução inacreditável dentro de portas Como vê a evolução do jazz nos últimos anos? A evolução do jazz nos Estados Unidos, em relação à adesão do público, é estável. Embora devesse ser maior, porque se trata da pátria do jazz. Como o jazz nasceu a partir do folclore negro, demorou a ser conhecido. Quando se visita Nova Iorque, cidade com uma população quase tão grande como a população de todo o território português, não se vê nenhuma referência ao jazz. É preciso conhecer, gostar e ter acesso à informação.

José Duarte (n. em Lisboa em 1938). Rádio: "O jazz, esse desconhecido" – Rádio Universidade (1958); "Cinco Minutos de Jazz" - Rádio Renascença (1966-1975) / Rádio Comercial (1984-1993) / RTP – antena 1 (desde 1993); "Jazz com brancas" – RTP antena 2 (desde 2006); "Pão com Manteiga"; "À volta da meia-noite"; "Abandajazz"; "A menina dança? " (na RTP antena 1) Televisão (RTP 2): "Outras Músicas" (1990

saxofonista, um negro chamado Lester Young que também fez escola e foi membro da Orquestra de Count Basie. Nem todos conseguem improvisar. Um trompetista português chamado José Magalhães foi pago para tocar numa orquestra internacional em Newport, perto de Nova Iorque. Foi considerado o melhor a ler música (nas orquestras de jazz, há uma parte da música que é escrita), uma honra para Portugal, mas não conseguiu improvisar, fazer um solo!... É da prática que surgem as ideias justas: Susana Santos Silva que eu vi a tocar, em Sines, com mais dois trompetistas cubanos – os cubanos são espantosos em sopros! – nesse concerto não improvisou, embora hoje esta trompetista e flautista do Porto seja uma improvisadora muito boa e tenha uma discografia ótima! O improviso tem muito a ver com imaginação, bom gosto e com o domínio do instrumento. José Duarte a quem já chamaram “a melhor orelha branca da Europa”: para se ser um bom ouvinte de jazz, o que é preciso? Sou das poucas pessoas, em Portugal, que sabe de jazz. Uma das 10, 20… Mas nunca 50! E saber de jazz significa ouvir e dizer quem está a tocar, sem ver. Ter perspetiva histórica e saber que o jazz evoluiu desde New Orleans, ao free. Saber tópicos teóricos, distinguir os discursos improvisados… Enfim, há muito para saber se se quiser ser um bom ouvinte de jazz. Um bom ouvinte de jazz, por exemplo, foi o

Em Portugal, a evolução nos últimos anos é inacreditável! O Ricardo Toscano, ou a Susana Santos Silva que referi há pouco, entre vários outros músicos muito bons… Houve um grande salto. Subiu a qualidade, a expressividade e a técnica. O grande impulso veio com o Cascais Jazz, em 1971. O primeiro teve uma assistência de 12.000 pessoas. Eu já conhecia alguns músicos, graças às viagens proporcionadas pela TAP onde eu trabalhava. Dizia-se que o organizador, o Villas-Boas, só trazia velhinhos, de tal maneira que se instalou o slogan: “Vir ao Cascais Jazz e morrer”. Duke Ellington, Charles Mingus, Ornette Coleman… Todos esses foram a Cascais nos primeiros anos do festival, porque se achava que havia necessidade em Portugal de ouvir os mais velhos – uma perspetiva que eu, hoje em dia, acho corretíssima. Em Portugal, o futuro das escolas e dos concertos está sólida, apesar da procura se basear mais em jazz cantado.

a 1993); "Jazz a Preto e Branco" (2001).

Penso que, em tempos, chegou a mostrar intenção de publicar as memórias do “Cinco minutos de jazz”… Mantém essa intenção? Fiz 50 anos do “Cinco minutos de jazz” (parece que 1966 foi ontem!...) e acho que, quando eu acabar, o “Cinco minutos…” acaba comigo. São muito vívidas as imagens que tenho de todo este tempo! Há muitos nomes envolvidos… Qualquer publicação sobre o tema, é muito difícil. Não penso fazer qualquer memorial da história do “Cinco minutos…”.

Fundador do "Clube Universitário de Jazz"

Imprensa: Primeiro texto na imprensa escrita – "Diário de Lisboa" (1960); Membro do "International Critics Jazz Poll" da revista n-a "Down Beat" (desde 1975); Fundador e Diretor da revista trimestral bilingue "O Papel do Jazz" (1997-1998); Coordenador e Coautor da coleção "Let"s jazz em público", de 31 volumes CD/livro editados pelo Público. Livros: "João na Terra do Jaze" (1981); "Jazzé e Outras Músicas" (1994); "Cinco Minutos de Jazz" (2000); "História do Jazz" (2000); "Jazz, Escute e Olhe – Portugal 1971 – 2001" (2001); "Poezz - jazz na poesia em língua portuguesa" (2004). UA: Professor Auxiliar Convidado (desde 2002) para disciplinas Jazz Opção Livre; "Centro de Estudos de Jazz" da Universidade de Aveiro com seu acervo atualizado (desde 2002); Fundador e Editor do site www.jazzportugal.ua.pt desde 1997.

(1958); Membro da International Association for Jazz Education e da Jazz Journalists Association (2003). Distinções: 2004 – Ministério da Cultura – Medalha de Mérito Cultural; 2005 - Sociedade Portuguesa de Autores – Medalha de Honra; 2008 – Câmara Municipal de Lisboa – Medalha Municipal de Mérito – Ouro; 2009 – Grande Oficial da Ordem de Mérito (atribuída pela Presidência da República).


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UA: um campus multicultural onde a língua portuguesa ganha diferentes sotaques Fazer um Curso Técnico Superior Profissional (TeSP), uma licenciatura, mestrado integrado, mestrado, doutoramento ou pós-doutoramento na UA; frequentar determinadas unidades curriculares; permanecer um período de tempo nesta academia para participar numa formação específica; ou até adquirir conhecimentos para ingressar no ensino superior nacional (preUA) não é apenas uma escolha ao alcance dos estudantes portugueses. Os estudantes de nacionalidade estrangeira podem, através de diferentes regimes de ingresso, candidatar-se a frequentar a UA e a aqui formar-se. A par dos estudantes internacionais que todos os anos passam um ou mais

semestres na UA, através de programas de mobilidade como o Erasmus + ou outro tipo de acordos bilaterais, a UA tem atualmente no campus estudantes de várias nacionalidades que decidiram mudar de continente para aqui fazer na íntegra a sua formação académica. O ingresso nos diferentes ciclos de ensino ministrados pela UA e pelas suas escolas superiores politécnicas pode fazer-se ao abrigo do regime geral, isto é: cumprindo os requisitos exigidos a qualquer candidato nacional para ingresso no ensino superior; pelo regime de candidaturas especiais, destinado a estudantes interessados em mudar de curso e a estudantes titulares de cursos médios ou superiores e, também, ao abrigo do concurso para Maiores de 23.

Em todos estes casos, o procedimento de candidatura é igual ao exigido aos estudantes nacionais. O ingresso dos estudantes estrangeiros numa qualquer formação ministrada pela UA pode ainda agora ser fruto de uma candidatura ao abrigo do estatuto do estudante internacional (ver caixa), criado pelo Decreto-Lei n.º 36/2014, de 10 de março, decorrer de um regime especial de candidaturas de estudantes Nacionais dos Países Africanos de Expressão Portuguesa (PALOP) ou ainda do Regime Especial de Acesso para Naturais e Filhos de Naturais do Território de Timor-Leste. Paralelamente existem ainda acordos específicos entre instituições de ensino superior, como é por exemplo o caso do Programa de Formação


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Eniz, Sara, Henriques, Sidney, Iça, Ferdial, Thainá, Carlos, Cristina e as irmãs Edjane e Ivone são exemplos de estudantes estrangeiros que em comum têm o facto de estudarem na UA e falarem a língua portuguesa. De entre os que no ano letivo 2014/2015 estavam inscritos nos vários cursos da academia, 625 eram naturais de países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Conheça as suas motivações e as diferentes vias de acesso à oferta formativa da UA.

de Docentes da Universidade Pedagógica de Moçambique na área das Geociências (ver caixa) ou de uma formação intensiva complementar, que tem sido ministrada pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda a estudantes do Instituto Superior Politécnico de Benguela (Angola). Novidade na UA este ano foi a criação do preUA – um programa modular de preparação para o acesso e a frequência de cursos de ensino superior (cursos de licenciatura e mestrado integrado) ajustável às necessidades e ao perfil do formando (ver caixa). Para a pró-Reitora da UA, Marlene Amorim, não há dúvidas: “Os estudantes que decidem prosseguir os seus estudos

de ensino superior num país estrangeiro escolhem cada vez mais a Universidade de Aveiro pela experiência de aprendizagem única que a UA oferece, e que vai muito além da sala de aula”. E assegura: “Na UA, os estudantes têm a garantia de encontrar um ambiente de ensino e de investigação de qualidade, num Campus dotado das melhores infraestruturas, com professores e investigadores que integram redes internacionais de excelência”. Ao longo desta rubrica damos a conhecer o caso de estudantes oriundos dos países pertencentes à Comunidade Portuguesa de Língua Portuguesa (CPLP) que escolheram a UA pela reconhecida

qualidade da formação que ministra, pelas infraestruturas de apoio ao estudo e nível de apetrechamento dos seus laboratórios, pela qualidade da sua investigação e pela excelência do seu corpo docente. A cidade é também considerada convidativa, encantadora, segura e tranquila, contribuindo para a boa integração de quem decide nela viver. Conheça os percursos, as motivações e a visão de alguns falantes da língua portuguesa dos diferentes ciclos de ensino sobre as mais-valias de estudar na UA.


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CABO VERDE

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GUINÉBISSAU

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BRASIL

TIMOR LESTE

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

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MOÇAMBIQUE

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ANGOLA

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Estudantes CPLP inscritos a cursos 2014/2015

Programa de formação de docentes da Universidade Pedagógica de Moçambique na área das Geociências No quadro da cooperação estabelecida pelas reitorias das duas instituições, o Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (DGeo) foi contactado pela Universidade Pedagógica de Moçambique (UPM) para estabeler um programa de formação de docentes da UPM que viesse a constituir o núcleo de recursos humanos dessa universidade na área das geociências, em especial para as suas delegações da Beira e de Nampula, respondendo à necessidade premente de capacitação da UPM nesta área de crescente e vital importância para Moçambique.

Este programa, estabelecido em meados de 2012, foi reavaliado em finais de 2014 e consiste na frequência, na UA, de cursos de mestrado (2º ciclo) em geociências por docentes da UPM com licenciaturas de cinco anos na área de geociências ou em áreas afins, tais como geografia, física, química e matemática. Os formandos cuja licenciatura não seja de geociências, mas sim de uma área científica próxima, participam, complementarmente, em ações de formação não curricular de modo a adquirirem uma mais completa capacitação para o exercício de funções docentes em geociências. Um primeiro grupo de oito formandos frequentou e concluiu com aproveitamento

os mestrados em Geomateriais e Recursos Geológicos (sete graduados) e em Engenharia Geológica (um graduado), estando já em exercício docente na UPM (delegações da Beira e de Nampula). Um segundo grupo, de sete formandos, encontra-se presentemente a concluir o mestrado em Engenharia Geológica. De acordo com os docentes da UA envolvidos, a implementação do programa decorreu de modo muito positivo para ambas as partes e os excelentes resultados já obtidos foram objeto de público reconhecimento por parte da UPM em cerimónia pública, em Maputo, aquando do seu 30º aniversário.


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Estatuto do Estudante Internacional O Estatuto do Estudante Internacional estabelece que são por ele abrangidos todos os estudantes que não tenham nacionalidade portuguesa ou nacionalidade de um estado membro da União Europeia. Os candidatos não deverão, tão pouco, ter residência em Portugal há mais de dois anos, de forma ininterrupta, em 31 de agosto do ano em que se candidatam. Podem candidatar-se às vagas disponibilizadas nos ciclos de estudos de licenciatura e mestrado integrado, os estudantes internacionais que: - sejam titulares de uma qualificação que dê acesso ao ensino superior, entendida como qualquer diploma ou certificado emitido por uma autoridade competente que ateste

Eniz Oliveira BRASIL

a aprovação num programa de ensino que

Pós-doutoramento Departamento de Educação e Psicologia

poder ingressar no ensino superior no país

lhes confira o direito de se candidatar e em que foi conferido; - sejam titulares de um diploma do ensino secundário português ou de habilitação legalmente equivalente.

Eniz Conceição Oliveira, 55 anos, doutorada em Química Ambiental e professora no Centro Universitário UNIVATES, na cidade de Lajeado, no Estado do Rio Grande do Sul, chegou à UA em janeiro deste ano para passar a primeira de duas temporadas na instituição e assim finalizar o seu pós-doutoramento sobre a relação existente entre os livros didáticos de Química no Ensino Secundário, no Brasil e em Portugal, e um currículo com orientação em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Foi através de um colega, que também desenvolveu o seu pós-doc na UA, que tomou conhecimento da instituição e considerou a hipótese de se dedicar apenas ao estudo de questões pertinentes à Educação num contexto social. “Sempre pensei realizar pós-doutorado fora do meu país e quando completei 15 anos de Universidade tive direito a uma licença de um semestre letivo, sem prejuízo de vencimentos”, esclarece, acrescentando estar a viver uma “experiência ímpar”, pois longe do seu país e grupo de pesquisa “me vejo trabalhando com investigadoras

com trajetórias e histórias de vida muito diferentes das minhas”.

Os candidatos de alguns países detentores de determinados exames nacionais estão isentos da realização das provas de acesso, uma

Eniz rapidamente ultrapassou os iniciais constrangimentos burocráticos relacionados com a sua acomodação na cidade. Aprecia a segurança e beleza de Aveiro, bem como a facilidade de comunicação e a maneira ágil como as solicitações na Universidade de Aveiro são resolvidas, dando como exemplo o facto de ter sido suficiente solicitar por e-mail o desenvolvimento da sua investigação no Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) do Departamento de Educação e Psicologia. “Além de ter me sentido muito acolhida pelos profissionais que aqui trabalham, a UA é uma universidade muito bem estruturada, que tem cursos reconhecidos a nível internacional, nas mais variadas áreas”.

vez que a Universidade de Aveiro reconhece estes exames, permitindo desta forma a candidatura direta aos seus cursos. É o caso dos candidatos brasileiros detentores do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A 2ª fase de candidaturas aos 52 cursos de licenciatura e mestrado integrado da UA que vão funcionar no ano letivo 2016/2017 decorre de 1 de junho a 8 de julho de 2016 e a 3ª fase entre 15 de dezembro de 2016 e 13 de janeiro de 2017. Todas as informações sobre o estatuto do estudante internacional e respetivas fases de candidatura podem ser consultadas em www.ua.pt/ internationalstudent/


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Sara Lopes CABO VERDE Frequenta o doutoramento em Políticas Públicas

Foi Ministra-adjunta do PrimeiroMinistro (2006 a 2008), Ministra da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território (2008 a 2012) e Ministra das Infraestruturas e Economia Marítima (2012 a novembro de 2015) em Cabo Verde. No final de 2015 chegou à UA para se doutorar em Políticas Públicas porque quer “ver o mundo de outro prisma” para melhor compreender o desafio que representa governar as sociedades modernas e contribuir de alguma forma para melhorar a governação em Cabo Verde. Sara Lopes, 46 anos, é da ilha do Sal e a sua investigação sobre políticas públicas de transportes e mobilidade em Cabo Verde visa verificar se, mesmo em contexto insular, os sistemas de transporte e mobilidade podem ser eficientes, sem intervenção política relevante. Foi no âmbito de um projeto enquanto Ministra-adjunta e da Comunicação Social e do Emprego em Cabo Verde que conheceu a Universidade de Aveiro. “Fiquei muito impressionada. Voltei cá outras vezes, sempre na busca de parceria para algum projeto relevante para as áreas sob a minha coordenação. Sempre acreditei que existe uma relação virtuosa entre a academia e a política que, se bem explorada, pode fazer com que ambas sejam mais uteis à sociedade”. Sara Lopes admira o intenso pulsar da ciência, da tecnologia e da investigação,

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a qualidade do corpo docente e a horizontalidade das relações entre docentes e discentes que caraterizam a UA, acrescentando a qualidade das infraestruturas e dos recursos pedagógicos disponíveis. A sua maior surpresa talvez tenha sido a “facilidade de acesso a tudo e todos”, o nível de tecnologia e a dinâmica no campo da investigação que aqui encontrou. “Sendo uma universidade tão voltada para a tecnologia e para as áreas científicas, não contava encontrar docentes tão distintos no domínio das ciências humanas”. No fim do doutoramento e da consequente pausa nos mais de 20 anos de intensa atividade política e social, Sara pretende melhorar os seus conhecimentos em metodologias e técnicas de investigação para contribuir para a dinamização da investigação no campo das ciências sociais e humanas em Cabo Verde. “Há um brutal domínio da opinião politica, muitas vezes mal informada na sociedade, sobretudo nas áreas que constituem o campo das ciências sociais e humanas, apesar dos tímidos mas encorajadores resultados da recente experiência de Ensino Superior em Cabo Verde”.

Henriques Bustani MOÇAMBIQUE Concluiu recentemente o Mestrado em Biologia Marinha

Henriques Oreste Bustani, 35 anos, é da cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, em Moçambique. Licenciado em Química, pela Universidade Eduardo

Mondlane (Maputo), coordenou e desenvolveu, no Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP), na província de Cabo Delgado, investigação para o conhecimento científico dos recursos pesqueiros e aquícolas com vista a uma melhor gestão, conservação e otimização da sua exploração. Em 2012, durante uma missão de serviço, colaborou no Projeto PPEMBA, um trabalho coordenado pela Universidade de Aveiro, com o envolvimento de várias instituições moçambicanas, entre as quais, a Universidade de Lúrio e o IIP, que visava conhecer, para conservar, a biodiversidade marinha de Pemba. “Há muito que ouvia falar da UA, mas foi nesta missão de serviço que tive oportunidade de conhecer e colaborar neste projeto com alguns professores do Departamento de Biologia da UA, designadamente com o Professor Fernando Morgado.” Foi a vontade de aumentar os seus conhecimentos científicos “numa universidade de reconhecido mérito internacional” que o levou a candidatar-se ao mestrado em Biologia Marinha da UA, uma formação que concluiu recentemente com a apresentação da dissertação “Distribuição espacial de bivalves em tanques de terra numa aquacultura semi-intensiva de robalo” e que foi financiada pelo Instituto Camões aos estudantes da CPLP em parceria com o Governo de Moçambique. Se em Aveiro diz que o que mais o surpreendeu foi a hospitalidade, a tranquilidade e a beleza natural da cidade, sobre a universidade ressalta não só as condições de formação oferecidas pelos seus laboratórios, como o empenho dos professores e investigadores nas aulas e vasta experiência profissional, e ainda a qualidade e facilidade de acesso às fontes de informação bibliográfica, existentes nas bibliotecas físicas e virtuais. Já de novo em Moçambique, Henriques espera poder dar o seu contributo aos esforços do Governo no âmbito da exploração sustentável de recursos aquáticos no país e na procura de alternativas à pesca.


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dossier

preUA O preUA prepara os candidatos à Universidade de Aveiro para os exames escritos exigidos pelo Concurso Especial de Acesso e Ingresso do Estudante Internacional nos Ciclos de Estudos de Licenciatura e Mestrado Integrado da UA, mas também para as provas de acesso aos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) e Maiores de 23 (M23). Este programa funciona em duas

Sidney Fonseca SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Iça Barri BISSAU

modalidades distintas, podendo ser

Concluiu o Mestrado em Meteorologia e Oceanografia Física

Programa Doutoral em Biologia

semanas cada) como por frequência isolada

Sidney Bruno Batista da Fonseca, 38 anos, é natural de S. Tomé, onde trabalhava como Meteorologista, no Instituto Nacional de Meteorologia. O prestígio internacional da UA e a existência nesta universidade do Mestrado em Meteorologia e Oceanografia Física foram motivos suficientes para que decidisse candidatar-se a este curso ministrado pelo Departamento de Física e mudar-se para Portugal.

Mestre em Ciências do Mar e das Zonas Costeiras pela UA, Iça Barri, 39 anos, é natural da Guiné Bissau, onde estava a exercer o cargo de Coordenador Cientifico e Adjunto do Diretor Geral do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA), quando em 2012 voltou a Aveiro para, ao abrigo do Programa Ciência Global, financiado pela Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT), se doutorar em Biologia.

Chegou a Aveiro em 2010, onde permaneceu até junho de 2013, altura em que apresentou a sua dissertação sobre “Ondas acopladas a convecção na região de África Equatorial”. Agora está a fazer doutoramento, em Lisboa, mas garante: “a Universidade de Aveiro é a melhor instituição de ensino por onde já passei” e admite que tem recomendado a UA aos amigos. Desta instituição destaca “a metodologia de ensino”, “a qualidade dos docentes” e “a existência de uma associação de cada país lusófono, o que facilita muito o acolhimento de quem chega de novo”. A cidade também não lhe foi indiferente, tendo mesmo ficado surpreendido com o ordenamento do território, propiciador da mobilidade a pé entre os diferentes pontos de interesse.

Sempre quis trabalhar com crustáceos, em particular nos domínios da biologia pesqueira, devendo-se a sua vinda para a UA aos contactos estabelecidos durante a licenciatura, que concluiu no Brasil, com a então coordenadora do Mestrado em Ciências do Mar e das Zonas Costeiras. “Foi a Professora Filomena Martins que me proporcionou todos os apoios necessários para me poder deslocar do Rio de Janeiro para Aveiro e posteriormente me apresentou o Professor Henrique Queiroga, do Departamento de Biologia, com quem tenho trabalhado desde 2005”, explica Iça, sublinhando as sinergias criadas entre os diferentes Departamentos que compõem a UA e as condições desta Universidade para a formação dos estudantes “quer a nível das infraestruturas, habitação estudantil, bibliotecas e sobretudo a grande capacidade intelectual dos professores (cientistas) que conseguem aliar a pesquisa com a docência”.

frequentado tanto por blocos (dois de 11 de uma Unidade de Formação (UF). A modalidade por blocos, com a duração total de 22 semanas, propõe que o formando identifique as duas unidades de formação (UF) específicas que ao longo do programa pretenda explorar em profundidade (estas UFs podem corresponder às provas que venha a prestar no acesso à UA) e cinco unidades de formação em competências transversais. Nesta modalidade, e na primeira edição, os formandos tinham que frequentar sequencialmente as duas unidades de formação (nível I e II) da componente específica entre as seguintes: Matemática (I

Apesar de estar atualmente em Lisboa a frequentar o programa doutoral em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, conta vir a ter como coorientador um docente da Universidade de Aveiro e, assim, manter uma relação com a instituição para aqui trabalhar na tese.

e II), Física (I e II), Português (I e II), Biologia (I e II) e Inglês (I e II), bem como as seguintes cinco unidades de formação de competências transversais: Técnicas de Expressão em Português Académico I e II; Ferramentas e Serviços Multimédia; Acesso à Informação Académica; e Aprendizagens de Trabalho Auto-regulado. Cada Unidade de Formação tem a duração média de 45 horas de contacto. Importa salientar que a frequência com aproveitamento à UF específica I pode substituir a realização das provas de avaliação para acesso a cursos TeSP na UA ou das provas especialmente adequadas destinadas a avaliar a capacidade para a frequência do ensino superior dos maiores de 23 anos (componente de prova escrita). Não obstante, os candidatos podem sempre inscrever-se também para realizar a prova/o exame de forma independente, sendo válida para candidatura a melhor das notas obtidas. A 2ª edição do preUA terá início em setembro

Com familiares e amigos a viver em Portugal, este futuro doutor não teve dificuldades em adaptar-se a uma cidade que o surpreendeu

de 2016. Todas as informações podem ser consultadas em: http://www.ua.pt/ensino/preua


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junho 2016

pelo “nível de organização, tranquilidade e hospitalidade”. Ao avaliar a sua experiência de formação na UA como muito positiva, é sem reservas que afirma recomendar esta Universidade “pela vanguarda e nível de excelência em diferentes áreas cientificas”. De resto, espera poder vir a fortalecer as relações de cooperação entre a UA e a Secretaria de Estado das Pescas e Economia Marítima, em particular com o Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA), no reforço das capacidades e projetos em conjunto no domínio das ciências do mar.

diferentes atividades em que os estudantes se podem envolver, assim como os vários serviços de apoio que a instituição oferece. “A Universidade tem a sua própria cidade universitária”, sublinha, acrescentando: “é uma boa Universidade para estudar devido ao seu sistema de educação - que oferece também cursos de natureza politécnica -, à qualidade do seu ensino, às infraestruturas de apoio, ao ambiente amigável, aos docentes que são peritos nas suas áreas de conhecimento, o que nos permite obter conhecimentos e competências técnicas na nossa área. Além disso, a própria cidade é destinada aos estudantes”. Já perfeitamente integrado e com amigos dentro e fora do campus universitário, este futuro licenciado em NTC faz parte da equipa masculina de futsal do seu curso. No final do próximo ano letivo, já de volta à sua terra natal, Ferdial quer contribuir para desenvolver o seu país e “partilhar o conhecimento adquirido na UA com os jovens timorenses.”

Ferdial Pereira TIMOR-LESTE 2.º ano da licenciatura em Novas Tecnologias da Comunicação

Ferdial dos Santos Pereira, 21 anos, chegou à Universidade de Aveiro em maio de 2012 para, ao abrigo da cooperação entre esta Universidade e o Ministério de Educação de Timor-Leste, participar num curso de preparação para frequência do ensino superior. Com bolsa de estudo, concedida pelo Fundo de Desenvolvimento do Capital Humano/Ministério de Educação da República Democrática de Timor-Leste, ingressou no Ensino Superior português ao abrigo do Regime Especial de Acesso para Naturais e Filhos de Naturais do Território de Timor-Leste e atualmente está no 2º ano de Novas Tecnologias da Comunicação (NTC). Natural do distrito de Lautem, Ferdial lembra as iniciais dificuldades de comunicação em português e a adaptação ao clima, mas realça o bom acolhimento e o multiculturalismo da UA, salientando as

Thainá Lamas BRASIL Estágio no serviço de Especialidades Médicas do Centro Hospitalar do Baixo Vouga - Unidade de Aveiro

Chegou do Rio de Janeiro no início de 2016 e, apesar dos seis meses previstos no acordo estabelecido ao abrigo de um protocolo de mútua cooperação entre a Universidade onde estuda - a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) - e a Universidade de Aveiro, já

pediu renovação para cá permanecer até dezembro. Thainá Viana Lamas, 25 anos, frequentou um conjunto de unidades curriculares da licenciatura em Enfermagem ministrada pela Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) e acaba de iniciar estágio numa das unidades de saúde com as quais a Escola tem protocolo para o ensino clínico. “Quando tomei a decisão de realizar o intercâmbio universitário e pesquisei sobre as universidades que tinham acordo com a minha, a Universidade de Aveiro foi a que me despertou maior interesse. Possui um campus inteligente e oferece grande auxílio aos seus estudantes, além de ser uma excelente e reconhecida instituição. A cidade também influenciou a minha escolha. Aveiro surpreendeu-me pela sua extrema tranquilidade e segurança e por ser uma linda e pitoresca cidade; a Universidade pela forma como me recebeu e pela atenção dada ao bem-estar dos estudantes tanto nas cantinas como nos bares. Os departamentos onde tenho aulas são impecáveis e a biblioteca tem grande oferta de material didático/científico e é um ótimo espaço para estudos”. Thainá admite que a inicial diferença de culturas rapidamente foi ultrapassada e que a experiência que está a viver na UA tem sido ótima, obrigando-a “a exercitar e aprender a trabalhar em diferentes contextos, prazos e condições. Tenho a certeza que esta oportunidade de ensino internacional e do contacto com as diferentes perspetivas de trabalho e ações em saúde me abrirão muitas portas no meu país, onde pretendo compartilhar toda a experiência e aprendizado que pude ter na Universidade de Aveiro”.


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Carlos Lopes CABO VERDE

Cristina Falcão GUINÉ-BISSAU

1º ano de Engenharia e Gestão Industrial

1º ano do Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente

Chegou do Mindelo (Ilha de S. Vicente) no final de setembro para se formar em Engenharia e Gestão Industrial. Foi através de um amigo de família, que aqui também se licenciou, que Carlos Rafael de Oliveira Lopes, 18 anos, ouviu falar muito bem da Universidade de Aveiro. “A UA foi-me bem recomendada por este amigo e também gostei do que pesquisei na internet sobre a Universidade e a cidade. Depois vi que através do Programa Cooperação entre o Ministério da Educação de Cabo Verde e a Direção Geral de Ensino Superior de Portugal, havia duas vagas para Engenharia e Gestão Industrial: o curso em que estava interessado”.

Cristina Lopes Falcão, 19 anos, chegou no início de novembro de 2015 de Bissau, na Guiné Bissau, com uma Bolsa do Instituto Camões para frequentar o Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente. Estudar em Portugal, país muito admirado pelos guineenses, era um sonho, mas não conhecia a UA, pelo que a opção pela universidade foi um pouco “aleatória”. Contudo, agora que faz parte da comunidade académica, admira profundamente a disponibilidade dos professores da instituição para ajudar quem precisa e a qualidade da biblioteca. Apesar das iniciais dificuldades de adaptação ao clima e ao próprio ensino, Cristina avalia esta sua ainda recente estada na UA como muito positiva e conclui: “A universidade nunca nos discriminou pela cor ou pela sociedade a que pertencemos e sempre nos apoiou. É a família que encontramos longe das nossas realidades”.

Apesar das naturais dificuldades de adaptação a “uma vida nova num país diferente e a um nível de ensino que é muito mais puxado e exigente do que aquele a que estava habituado”, Carlos está a gostar da nova experiência e do curso, admirando “a beleza do Campus, o ambiente da universidade, as instalações e a amabilidade das pessoas que aqui trabalham (docentes e funcionários). Além de ficar numa cidade bonita, pequena e calma, o que é ideal para estudar, a UA é uma das melhores universidades de Portugal e trata bem os seus estudantes, sendo estes estrangeiros ou não”.

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Edjane e Ivone Francisco ANGOLA preUA

As irmãs Sousa Francisco, Edjane Marlene, 20 anos, e Ivone Jackline, 18, concluíram em Angola o ensino secundário, na área das ciências físicas e biológicas, e chegaram de Luanda em meados de março para frequentar o preUA. Foi a experiência vivida na UA por amigos da família e as suas boas críticas à instituição que não lhes deixou margem para dúvidas na hora de planear o futuro. “A UA está na lista das melhores universidades de Portugal, por isso vimos que seria o melhor lugar para nos formarmos (Edjane em Economia; Ivone, em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações) para no futuro podermos ingressar no meio empresarial e sermos pessoas de renome”. Apesar das iniciais dificuldades de adaptação, as irmãs Francisco avaliam com a nota máxima a formação que têm tido no programa de preparação aos exames escritos exigidos pelo Concurso Especial de Acesso e Ingresso do Estudante Internacional às várias licenciaturas e mestrados integrados da UA. “Podemos dar uma nota de 100% porque esta experiência está a ser excelente. Os docentes são pessoas muito competentes. É surpreendente o nível de ensino e a maneira como os professores lidam com os alunos”. Apreciadoras da beleza da cidade e da arquitetura do campus, também elas estão certas de que irão muitas vezes recomendar a UA. “É uma instituição de ensino superior pública que oferece várias oportunidades aos seus alunos”.


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Edições 2015 MECÂNICA QUÂNTICA: UM PRIMEIRO CURSO Autoria Carlos A. R. Herdeiro Editora UA Editora ISBN 978-972-789-465-9 GESTÃO E MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE BAIRROS DE HABITAÇÃO SOCIAL MUNICIPAL Autoria Ana Simões, Aníbal Costa, Fernanda Rodrigues, Humberto Varum, Maria João Matos, Romeu Vicente Editora Edições Afrontamento/ Departamento de Engenharia Civil da UA ISBN 978-989-205-494-0 ABORDAGEM ORFF‑SCHULWERK: HISTÓRIA, FILOSOFIA E PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS Autoria João Cunha, Sara Carvalho, Verena Maschat Editora UA Editora ISBN 978-972-789-446-8 ATELIÊS LINGUÍSTICOS E (INTER) CULTURAIS DO LALE Organização Ana Raquel Simões, Ana Margarida Costa e Marta Santos Editora UA Editora ISBN 978-972-789-444-4 SKILLS MISMATCH: EMPLOYABILITY AND ENTREPRENEURIAL SKILLS OF GRADUATES [RECURSO ELETRÓNICO] Coordenação Elisabeth T. Pereira Editora UA Editora ISBN 978-972-789-468-0 O PODER DOS 3 SABERES NO SUCESSO. PARA PAIS E FILHOS CRIADORES DO SEU PRÓPRIO SUCESSO Autoria Alexandra Correia Gomes, Paulo Argüelles Madeira Editora Chiado Editora ISBN 978-989-515-921-5 O CUSTO DO CAPITAL NAS DECISÕES DE INVESTIMENTO EM ATIVOS REAIS Autoria César F. S. Bastos Editora Sílabas & desafios ISBN 978-989-991-146-8

2016 E A ESTÉTICA ONDE FICA? CONVERSAS SOBRE ARTE E EDUCAÇÃO Autoria Maria da Conceição de Oliveira Lopes, Ana Galvão Pais, Natália Pais Editora Fundação Calouste Gulbenkian ISBN 978-972-311-563-5

PERSPETIVA INTEGRADA DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS: DA TEORIA À PRÁTICA [RECURSO ELETRÓNICO] Autoria Ana V. Rodrigues Editora UA Editora ISBN 978-972-789-476-5

ANJOS NEGROS Autoria Laura Alho Editora Chiado Editora ISBN 978-989-515-875-1

MANUAL DO EMPREGO PÚBLICO Autoria Filipa Matias Magalhães, Maria Leitão Pereira Editora Grupo Editorial Vida Económica ISBN 978-989-768-204-9

O RUMOR DAS MÁQUINAS Autoria Rui Miguel Fragas Editora UA Editora ISBN 978-972-789-464-2 ÁRVORES E ARBUSTOS DE MANGUE DA BAÍA DA PEMBA-MECUFI Autoria Sérgio Garrido; Fernando Morgado; Harith Farooq; Amadeu Soares Editora Edições Afrontamento ISBN 978-972-361-425-1 ATLAS DOS PELOS DOS MAMÍFEROS TERRESTRES IBÉRICOS Autoria Ana Margarida Valente, Rita Gomes Rocha, Elena Lozano, Joaquim Pedro Ferreira, Carlos Fonseca Editora Edições Afrontamento ISBN 978-972-361-451-0 ALENTEJO: VOZES E ESTÉTICAS EM 1939/40. EDIÇÃO CRÍTICA DOS REGISTOS SONOROS POR ARMANDO LEÇA [EDIÇÃO BILINGUE] Coordenação Maria do Rosário Pestana Editora Tradisom ISBN 978-972-864-445-1 RELAÇÕES DE NEGÓCIO: OS SERVIÇOS HOTELEIROS E O SEGMENTO PME Autoria Armando Luís Vieira Editora Sílabas & desafios ISBN 978-989-991-144-4 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE ADOTADAS NA UNIÃO EUROPEIA Autoria Avelino Azevedo Antão; Armando Tavares; João Paulo Marques; Sandra Alves Editora Áreas Editora ISBN 978-989-805-890-4

FINANÇAS EMPRESARIAIS: TEORIA E PRÁTICA Autoria César Faustino da Silva Bastos Editora Edições Sílabo ISBN 978-972-618-836-0 BRINCADORES DE SONHOS Autoria Jacinto Jardim Editora Theya ISBN 978-989-881-422-7 EQUIPAS DE TRABALHO – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Autoria Isabel Dimas, Marta Alves, Paulo Lourenço, Teresa Rebelo Editora Edições Sílabo ISBN 978-972-618-839-1 A PALAVRA SUBMERSA. SILÊNCIO E PRODUÇÃO DE SENTIDO EM VERGÍLIO FERREIRA Autoria Isabel Cristina Rodrigues Editora Imprensa Nacional Casa da Moeda UNDERSTANDING HUMAN ANATOMY AND PATHOLOGY: AN EVOLUTIONARY AND DEVELOPMENTAL GUIDE FOR MEDICAL STUDENTS Autoria Rui Diogo, Drew M. Noden, Christopher M. Smith, Julia Molnar, Julia C. Boughner, Claudia Barrocas, Joana Bruno Editora CRC Press-Taylor and Francis Group ISBN 978-149-875-384-5 AÇÃO SOCIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA: UMA OPORTUNIDADE DE CIDADANIA DEMOCRÁTICA Editora UA Editora ISBN 978-972-789-481-9


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percurso antigo aluno

A AAAUA e os antigos alunos Carlos Pedro Ferreira Presidente da AAAUA

Existe uma complexa equação, ainda não resolvida, que tem com certeza variáveis que fazem com que exista uma aparente indiferença dos antigos alunos e a sua associação. Indiferença que não é um apanágio somente desta associação, mas de quase todas, expandindo-se à indiferença generalizada pela participação cívica em inúmeras áreas, nomeadamente no associativismo, na política, no voluntariado, na solidariedade, no "abdicar de", "em favor de", "participar em". Talvez o desporto seja a grande exceção. Ficámos nos últimos vinte anos ou mais, emparedados entre ser trabalhador do Estado, ou trabalhador independente, ou gerar empresas que são criadas com base num qualquer formato de subsídio ou incentivo. Nada tenho contra os incentivos, antes pelo contrario, mas um projeto que só nasce porque há uma linha de apoio, a fundo perdido (como era até há pouco) tem na sua maioria dos casos a história escrita; acabado o subsídio acabase o projeto. Temos muitos bons exemplos disso, mas existem exemplos saídos da nossa academia de quem fez, quem faz, com ou sem apoios, ideias transformarem-se em projetos de sucesso Nacional e Internacional. E são estes que têm o dever e obrigação de “ajudar” participando na transferência de conhecimento e fundamentalmente de transmitir confiança para aqueles que sofrem da síndrome do medo de não serem capazes. Gerir o risco e a perceção do risco é muitas vezes difícil de fazer, mesmo com ferramentas fortes como a estatística que nos dizem, por exemplo, que é mais perigoso andar de carro que de bicicleta, que os insetos são mais perigosos que um leão. Também nos índices de felicidade e de remuneração não são bem conhecidas as diferenças, mas sabemos todos, que no privado (PME) conhecemos o patrão e a nossa remuneração depende fundamentalmente do nosso desempenho, ou das leis do mercado, i.é dependem muitíssimo de nós, e não de regras pré-estabelecidas sob a forma como progredimos na carreira. Obviamente estou a falar de quadros qualificados, pelo que a aposta no ensino é e será uma bandeira que não pode ser nunca abandonada. Esta cria valor acrescentado ao trabalho e diferencia, mas só diferencia se houver Empresas que absorvam mão de obra qualificada. Tudo isto hoje já não é como era, mas o cérebro continua agarrado ao “colo” do Estado que garante segurança.

Já não é assim, diria felizmente pois devemos ter todos igualdade nas oportunidades e partilha dos riscos. A AAAUA pode ser a plataforma de partida para ajudar a reprogramar a forma de encarar o futuro, com toda a rede de contactos potenciais entre os agentes económicos, a UA e funcionar como uma “empresa” que não emprega, mas ajuda a criar empregos, a criar Empresas e fechar o ciclo do conhecimento, com a sua aplicação e garante de uma vida mais intensa e feliz. Se não fizermos nada para alterar o status quo ficamos dependentes dos outros, das decisões onde não somos ouvidos, ou mesmo ouvidos sem poder de decisão, que ainda é pior. A nossa missão, em conjunto com a UA, é transformar uma marca de referência numa marca de impacto no mercado nacional e internacional de ampla penetração. Não queremos ver só um, ou dois ou cem alunos reconhecidos pelas suas invenções ou caracter empreendedor. Queremos milhares, porque tiveram as ferramentas base que tornou esta Universidade, a melhor das novas em Portugal e uma das 100 no Mundo. Temos potencial para estarmos entre os melhores do Mundo no mercado do saber fazer, porque o conhecimento serve somente para criar valor, a não ser quem queira transformar um diamante em bruto, num bocado de pedra com valor diminuto. Os antigos alunos podem ajudar a lapidar estas pérolas, não só na saída da academia, mas durante o processo da graduação. Quando conseguirmos dar este passo simples estaremos entre os melhores do mundo, porque o saber só tem sentido com o saber fazer. Proponho que se faça um "rewind" ao disco e avancemos com a glorificação da academia nos mercados.


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junho 2016

Projeto cruza Filologia, História, Ciência e Medicina

O período dos Descobrimentos, a História dos Judeus Portugueses e da Medicina, confluem num projeto liderado pela UA centrado em Amato Lusitano, pioneiro da Medicina do século XVI, cuja vida dava não apenas livros – que, aliás, estão editados – mas um filme, ou uma série inteira. Familiar de mercadores abastados, depois falidos, viajou e foi perseguido, como muitos cristãos-novos do seu tempo. “Tília, trevo e açafrão / Erva pura pimentão / Louro, salva e cidreira / Urze brava e dormideira”. Era com ferramentas destas, descritas nos versos de Carlos Tê na canção “Beirã”, cantada por Rui Veloso, mas também com cavalos marinhos e ouriços, mistelas várias retiradas da natureza, que a vida de um médico se fazia na época de João Rodrigues, mais conhecido por Amato Lusitano. “Físico” reputado no século XVI, familiar de cristãos-novos mercadores e homem do mundo, a vida deste albicastrense, eterno viajante, como de muitos portugueses do seu tempo, foi tudo menos fácil, plena de sucesso internacional mas também de medo e de intrigas.

Amato Lusitano deixou o seu saber registado para a posteridade em sete centúrias, cada uma constituída pela descrição de 100 tratamentos, conhecidos por “curationes” na época. Mas o projeto “Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano” faz luz sobre as duas obras, nunca publicadas em português, de comentários ao tratado grego «De materia medica» de Dioscórides, incontornável durante séculos para todos quantos se dedicavam à arte de Galeno, nomeadamente para os “físicos”, os médicos do século XVI. Apesar de o projeto ter terminado formalmente em finais de 2013, ainda prosseguem os trabalhos

Bezoar oriental montado em pendente indo-português em filigrana de ouro. Século XVI. Coleção Távora-Sequeira Pinto (Porto)

Investigação da UA faz luz sobre obra de percursor da Medicina eternamente perseguido


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para a publicação de quatro obras, as duas atrás referidas de Amato, mais o próprio tratado de Dioscórides e o livro em que Pietro Andrea Mattioli, o mais célebre comentador de Dioscórides do seu tempo, atacou violentamente o médico português. A Fundação Calouste Gulbenkian manifestou interesse na edição das obras. Mundividência e pioneirismo Amato Lusitano nasceu em Castelo Branco, estudou Medicina em Salamanca e, pouco antes do estabelecimento da Inquisição em Portugal, foi viver com a família para Antuérpia. Viajou pela Europa e estabeleceu-se em Ferrara, onde em meados de Quinhentos se concentra uma numerosa comunidade de cristãosnovos portugueses. Aí, foi docente de Medicina theorica na universidade local e assistente do então famoso Giambattista Canano. Esteve também em Roma, onde foi médico do Papa Júlio III, em Ancona e Pesaro. A perseguição aos judeus mais acentuada com o papado seguinte, obrigou-o a viajar para o Império Otomano, primeiro para Ragusa, atual Dubrovnik, depois para Salonica, na Grécia, e onde acabou por morrer em 1568, com 57 anos, vítima da peste que tentou combater.

até então e suas aplicações terapêuticas, sendo 70 a 80 por cento de origem vegetal e as restantes de origem animal e mineral. Foi o manual em uso por “físicos” e boticários, desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e pelo Renascimento, até quase aos nossos dias. Os primeiros comentários de Amato Lusitano a esta obra datam de 1536, pouco depois de ter saído de Portugal: “Index Dioscoridis” (Antuérpia). A segunda obra, “In Dioscoridis Anazarbei de medica materia libros quinque... enarrationes” (Veneza, 1553), publicada 17 anos depois, é de facto, muito mais rica nos comentários, destaca o coordenador do projeto. Para além de ambas, o projeto prevê a publicação de “Apologia adversus Amathum Lusitanum” (Veneza, 1558), da autoria do humanista Pietro Andrea Mattioli, que se terá incompatibilizado com o “físico” albicastrense. Este ensaio crítico da obra de Amato Lusitano foi publicado num período de mais intensa perseguição aos judeus que obrigou, uma vez mais, o “físico” português a nova fuga, desta feita para território do Império Otomano, situação que teria inviabilizado a sua resposta, segundo defende António Andrade.

É na obra que publica em Veneza, em 1553, com comentários à obra original de Dioscórides, que, usando da sua experiência de homem viajado e conhecedor da atividade mercantil, deixa a sua marca, tornando-se “uma das principais figuras da Medicina do século XVI”, no dizer de António Andrade, professor do Departamento de Língua e Culturas da UA e coordenador de uma larga equipa de investigadores que inclui académicos das universidades Católica, de Coimbra, da Madeira, do Minho, do Porto e da Universidade Federal do Amazonas. Amato Lusitano, explica o investigador, não só lê e critica o texto original, em grego, como os seus comentários expressam o que vê, o que conhece e a sua própria experiência como médico e mercador, contrariando em vários aspetos autores da época e o próprio Dioscórides.

Bezoares e unicórnios O “físico” português é pioneiro, por exemplo, no estudo das aplicações de bezoares e de corno de unicórnio, objetos que se tornaram comuns em casa de famílias mais ricas e poderosas da época, como fonte de mezinhas de último recurso em caso de envenenamento, muito por influência dos portugueses e da própria ação dos monarcas lusitanos. Os bezoares são aglomerados de substâncias não absorvidas e que se acumulam no organismo de animais, sobretudo em ruminantes, embora não exclusivamente nestes, e assumem frequentemente a forma de pedra. Ao corno de unicórnio, associado ao animal mitológico, atribuíam-se poderes curativos extraordinários. Apenas muitos anos depois do tempo de Amato o corno de unicórnio passou a ser associado ao dente de narval, tendo a origem da matéria gerado uma discussão intensa nos meios científicos.

“De materia medica” era um tratado com a descrição das substâncias conhecidas

Com a conclusão plena do projeto, a Botânica, Medicina, Farmácia, Física,

investigação

Geologia, Química e Zoologia passam a dispor de uma tradução rigorosa e certificada cientificamente de textos essenciais para a História das Ciências que, no caso dos comentários de Amato e Mattioli, apenas se encontra disponível nas antigas edições a que poucos têm acesso, tanto pela raridade, como pelo obstáculo que a língua latina constitui. Estes textos, explica o sítio do projeto na Internet, podem mesmo vir a servir de obras de referência nas disciplinas curriculares de História da Medicina, da Farmácia ou da Botânica. Contributo para a história dos Descobrimentos e dos Judeus No campo dos Estudos Clássicos e Humanísticos, as obras a publicar ainda no âmbito deste projeto constituirão uma valiosa fonte, tanto para o estudo da Antiguidade Clássica, como para o desenvolvimento de estudos fundamentados, no quadro do Humanismo Renascentista, em particular sobre os autores e os textos traduzidos, explicase ainda no sítio do projeto. Humanismo, neste contexto, é uma perspetiva que valoriza as aspirações e capacidades humanas, particularmente a racionalidade, em contraponto ao apelo do sobrenatural ou de uma entidade superior. “A tradução dos comentários de Amato (e de Mattioli) representa ainda um passo importante na área da História dos Descobrimentos e da História dos Judeus Portugueses”, pois revela “a visão apurada de um médico cristão-novo, fugido de Portugal, sobre as mercadorias preciosas de um negócio que, afinal, também era o da sua família: o comércio internacional de especiarias, dos simples e das drogas”, propõe a página da Internet com a caraterização da iniciativa. O grupo de tradutores envolvido neste projeto tem reconhecida experiência na edição crítica, tradução e comentário de textos clássicos e humanísticos em grego e latim. Na área científica mais relevante do projeto, a Botânica, destaca-se a colaboração de Jorge Paiva, professor aposentado da Universidade de Coimbra, membro da comissão editorial e redatorial da Flora Ibérica e da Flora de Cabo Verde e colaborador de várias outras floras de África.


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junho 2016

Materiais cerâmicos trilham novos caminhos da sustentabilidade Investigação recente desenvolvida na UA, em parceria com empresas, nomeadamente a realizada no laboratório associado CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro/Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC), mostram uma relevância cada vez maior da sustentabilidade como fator de inovação e de adaptação às novas necessidades da produção cerâmica. Nas décadas mais recentes, o sector da cerâmica tem vivido o “impacto da crise, agravada pela concorrência esmagadora da produção massificada em economias emergentes e a relocalização da produção em países entretanto aderentes à União Europeia. Os produtos cerâmicos portugueses viram as suas quotas de mercado diminuídas e os preços estrangulados. O sector enfrentou dificuldades na logística da exportação, sentiu as incertezas dos custos da energia e viu-se pressionado para limitar os seus impactos ambientais”, analisa Jorge Frade, professor do DEMaC, num texto publicado no suplemento "PaÍs Positivo", do jornal Público. Mas, o sector não baixou os braços, salienta. Apostou-se na “qualidade, no cumprimento de prazos e também na imagem”. Reconheceram-se “limitações na inovação e design dos produtos e serviços” e descobriuse a “urgência da incorporação de inovação tecnológica nos produtos cerâmicos.”, explica ainda o professor da UA. Hélio Jorge, responsável pela área de Materiais Avançados e Desenvolvimento de Produto no Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV), comenta a importância que a indústria tem dado à sustentabilidade. “Questões como a redução da utilização de energia no fabrico, reduzindo a emissão de gases com efeito de estufa produzidos na queima de combustíveis fósseis, redução da utilização de água no fabrico, têm sido prioritárias em todas as empresas. Como exemplos de produto ‘verdes’ existem no mercado soluções portuguesas que integram materiais cerâmicos reciclados ou


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investigação

produtos com menor massa/espessura, decorrendo daí ganhos de sustentabilidade, no processo de fabrico, no transporte e nos resíduos no fim de vida. A experiência do CTCV mostra que estas questões têm assumido importância cada vez maior na agenda das empresas.” Ora, a sustentabilidade, nas suas várias vertentes, tem sido a pedra de toque de vários projetos desenvolvidos na UA, mais concretamente, no CICECO, cujo eixo temático “Sustentabilidade e Saúde” é uma das quatro linhas de investigação e a colaboração interna. Aliás, o CICECO anuncia mesmo, na sua página da Internet, que a sustentabilidade é central na sua ação. Investigadores como Jorge Frade, João Labrincha, Paula Seabra, Rui Novais e Rob Pullar têm participado no desenvolvimento de vários projetos deste tipo. Reduzir fatura energética Peças cerâmicas que permitem maior conforto e poupança energética foram desenvolvidos no âmbito do projeto ThermoCer, apoiado pelo QREN, numa parceria constituída pelo DEMaC/CICECO, o CTCV e a CINCA. Os mosaicos, testados para aplicação em pavimentos, são compostos por duas camadas: uma camada densa que pode assumir aspetos e cores diversas e uma camada inferior, mais porosa, na qual são incorporados materiais de mudança de fase (PCM) os quais são capazes de armazenar uma grande quantidade de energia calorífica. Estes materiais armazenam energia durante o dia e libertam-na, quando mudam de fase, à noite, na forma de calor, traduzindo-se numa diminuição da amplitude térmica no interior dos edifícios. O projeto ThermoCer foi distinguido com uma Menção Honrosa do Prémio Inovação na edição 2015 da TeKtónica, Feira Internacional de Construção e Obras Públicas. O projeto de investigação THERMICS foi realizado no CICECO/DEMaC, com o interesse declarado da empresa BOSCH Termotecnologia. Teve como principal objetivo a melhoria de desempenho dos PCM em aplicações de acumulação de calor ou frio. Uma das principais tarefas foi dedicada ao desenvolvimento de cerâmios celulares para incorporação de PCM.

Para aquecimento de alimentos em sistemas de indução, mais eficientes em termos energéticos, a UA desenvolveu louça cerâmica com caraterísticas especiais. Em comparação com os materiais usados atualmente para este fim, incorporando aço inoxidável, ferro ou até mesmo a porcelana, a cerâmica de grés fino permite uma redução do peso e custo. Para já, conseguiu-se uma solução que aquece os alimentos e preserva o calor, ideal para o sector hoteleiro e hospitalar, sendo previsível o início da sua produção em 2016. A solução encontrada neste projeto, de nome IndUcer, implica a incorporação de um decalque metálico na base dos recipientes. A primeira fase, já concluída, foi financiada pelo FEDER, através do Programa Operacional Fatores de Competitividade, COMPETE, envolvendo, para além do DEMaC/CICECO, ainda a Grestel e o CTCV. Reduzir a poluição e o consumo de matérias não renováveis Revestimentos cerâmicos com incorporação de aditivos fotocatalíticos nano-estruturados que conferem ao material propriedades autolimpantes e permitem que atuem como descontaminantes do ar (degradação de óxidos de azoto, NOx e outros poluentes atmosféricos orgânicos) foram objeto do projeto SELFCLEAN. Neste projeto, uma parceria entre o CICECO/DEMaC, a RECER e o CTCV, foram desenvolvidos, à escala piloto industrial, protótipos funcionais. Diversos estudos realizados na UA vão no sentido de incorporar resíduos em materiais com aplicação no mercado. Um desses estudos teve como objeto o desenvolvimento de dois tipos de cimento,

mais concretamente, eco-cimento, Portland e belítico, a partir de resíduos resultantes da produção da pasta de papel. Os dois tipos de eco-cimento mostraram cumprir tão bem a função como qualquer outro à venda no mercado, com vantagens ambientais e económicas. Os investigadores explicam que, para além da poupança de recursos não renováveis (neste caso, são substituídos por resíduos), a inclusão dos resíduos permite diminuir a temperatura de processamento devido à presença de impurezas, resultando na diminuição do consumo de energia e das emissões de CO2. Os resultados deste projeto, que contou com a colaboração da Portucel Soporcel, foram publicados no Journal of Hazardous Materials. Um outro tipo de resíduo, a casca de ovo, foi usado no fabrico de materiais cerâmicos, de acordo com um novo processo desenvolvido numa tese de mestrado com orientação de José Lopes Velho, professor do Departamento de Geociências da UA. Para além da valorização económica de um desperdício, a solução representa uma mais valia para o produtor de ovos, que assim pode vender as cascas em vez de pagar pelo respetivo transporte para aterro sanitário, e permite que a indústria cerâmica poupe dinheiro, já que o cálcio das cascas é uma alternativa de baixo custo à calcite usada como matéria-prima e cujo processo de extração apresenta uma pegada de carbono elevada. Os resultados obtidos mostram que a aplicação em meio industrial é possível até uma determinada taxa de incorporação de casca de ovo, não sendo possível substituir toda a calcite. No entanto, e apesar desta limitação, há ganhos evidentes a nível económico.


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M23 revela-se uma aposta ganha O 10º aniversário do concurso Maiores de 23 (M23), que ocorre este ano, é assinalado na UA e o balanço é positivo a todos os níveis: estudantes, antigos alunos, docentes e a própria instituição só têm ganho com o ingresso deste novo público no ensino superior.

Carlos Miguel Silva, 36 anos, é casado, tem três filhos, vive no Porto e concilia a sua atividade de Business Developer e Co-Founder na Utopianism - uma empresa da área da impressão 3D- com a que implica ser promotor e estar envolvido no lançamento de uma nova empresa na área alimentar. Terminou o ensino secundário na Mealhada e durante mais de uma década trabalhou como gestor comercial na indústria do mobiliário. Os diferentes desafios com que se foi deparando no seu dia a dia profissional despertaram-lhe a necessidade de adquirir algumas bases teóricas e só parou recentemente, quando depois da licenciatura em Economia pela UA, concluiu o MBA Executivo da Porto Business School. “Queria crescer profissionalmente e adquirir novas competências que me permitissem colocar em prática as ideias de negócio que já tinha na altura da minha candidatura à licenciatura em Economia na UA”. Entrou na UA, em 2009, ao abrigo do concurso Maiores de 23. Frequentou o curso a tempo integral e licenciouse com a média final de 13 valores. Neste “contacto com um ambiente de

conhecimento fabuloso como é o da UA” destaca os conhecimentos adquiridos em micro e macroeconomia, em finanças, contabilidade geral e analítica, em fiscalidade e em economia industrial, admitindo que “alteraram de modo significativo o modo como olhava para o mundo em geral e para a gestão das empresas em particular”. O que também não esquece é a ginástica que teve que fazer para gerir o tempo entre a família, o trabalho e o estudo. “O meu segundo filho nasceu precisamente no ano em que entrei na UA, por isso tive que fazer opções que não prejudicassem demasiado a família e o trabalho. A primeira tomei-a logo no 1.º ano do curso: realizá-lo em quatro anos e não em três”. É este o perfil por excelência do estudante M23 que frequenta a UA. De acordo com a coordenadora do concurso M23 da UA, professora Lucília Santos, a esmagadora maioria tem residência na zona geográfica envolvente a Aveiro e às suas Escolas (Águeda e Oliveira de Azeméis). A maioria destes estudantes (75) tem trabalho, família (65) e filhos (61). Trinta e seis por cento voltou a estudar após um afastamento de entre 3 a 10 anos do sistema educativo,

32 estiveram afastados entre 11 e 20 anos, e 21 mais de 20 anos. “É, pois, uma realidade de vida muito diferente da dos estudantes que entram pelo contingente geral”, afirma Lucília Santos, adiantando que a maior parte opta por um regime de estudante a tempo inteiro, apesar de estarem a trabalhar. “Esta é mesmo uma caraterística única na Europa: em todos os outros países a maioria dos estudantes não tradicionais opta pelo estatuto de regime de tempo parcial”. Estes estudantes têm sido também maioritariamente do género masculino, embora a diferença seja de 16 por cento ocorrida em 2006. Nos anos seguintes a diferença foi diminuindo e inverteu-se em 2011, situação que voltou a registar-se em 2015. A maioria tem entre 30 e 40 anos, seguindo-se de perto o grupo dos mais novos (23 a 29). “Temos alunos com mais de 50 anos (alguns com mais de 70), mas esta distribuição não é estática – registase evolução na distribuição dos alunos matriculados pelos grupos etários, ao longo dos anos”, acrescenta a também membro da coordenação da Unidade Integrada de Formação Continuada (UInfoc).


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Os cursos que procuram não estão muito relacionados com a profissão: até 2009 a relação era de 48 profissionalmente relacionado para 52 não relacionado. A partir daí o peso da profissão foi diminuindo na escolha do curso, atingindo o valor mais baixo, de 30, em 2011, mantendo-se essa tendência atualmente. “Pelas próprias motivações que os alunos exprimem, os cursos têm estado mais relacionados com a vontade de saber e a promoção de auto-estima. No entanto há quem, de facto, procure uma certificação universitária para progredir na carreira, ou estabelecer-se por conta própria”, concretiza Lucília Santos. As Ciências Sociais, Saúde e Comércio (cerca de 44) são as áreas mais procuradas, depois Educação, Artes, Humanidades e Serviços (34), e Ciências Naturais, Matemática e Engenharia (22). De acordo com a coordenadora do Concurso M23, tem havido, ao longo do tempo, oscilações nos cursos procurados. “Este ano, os mais solicitados foram Contabilidade a distância e pós-laboral, Línguas e Relações Empresariais, Administração Pública, Gestão Comercial, Enfermagem e Psicologia. Houve anos em que o curso de Novas Tecnologias da Comunicação foi o mais procurado, assim como Técnico Superior de Justiça (agora extinto). As áreas de Gerontologia e Fisioterapia também têm tido bastante procura”. Os motivos pelos quais decidiram regressar ao sistema educativo e escolher um determinado curso são também conhecidos. Variam com a idade, embora o interesse pelo conhecimento, a vocação e a aquisição de competências profissionais sejam motivos transversais às várias faixas etárias. A seguir, surge a procura de novas oportunidades de emprego e o aumento da empregabilidade, para os mais jovens, e o prestígio da instituição, para o grupo de maior idade. Na maioria dos casos, as expetativas são satisfeitas. “Os alunos e ex-alunos M23 sublinham mesmo que, apesar de começarem o percurso universitário relativamente mais tarde, rapidamente adquirem mais consciência e atenção à realidade que os rodeia, desenvolvem atitudes críticas e agilidade no

pensamento”, esclarece a coordenadora da do concurso M23 da UA. Obstáculos também os há. “Na maioria das vezes, estão relacionados com as condições económicas de cada um e com o tempo disponível, exigindo perícia para que seja possível conciliar com sucesso o triângulo estudo-família-emprego. O intervalo de tempo em que estiveram afastados do sistema educativo introduz também dificuldades, seja porque esqueceram conceitos fundamentais, seja porque estão em turmas com colegas muito mais novos e as diferenças de comportamento/atitude se tornam relevantes, ou porque necessitam de readquirir hábitos/técnicas de estudo”, revela Lucília Santos. A UA cresceu e melhorou com o Concurso M23 O balanço de 10 anos de M23 é sem sombra de dúvidas positivo a todos os níveis: estudantes, antigos alunos, docentes e a própria instituição só têm ganho com o ingresso deste novo público no ensino superior. Isto mesmo revelam os dados extraídos de dois projetos de investigação financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) sobre estudantes não tradicionais no ensino superior, desenvolvidos em parceria com a Universidade do Algarve, entre 2010 e 2015, e que serão dados a conhecer pela sua responsável científica, Lucília Santos na cerimónia comemorativa de uma década de M23, agendada para junho, na UA. “A Universidade cresceu e melhorou com este Concurso, como é seu hábito e prática ao lidar com situações novas”, admite Lucília Santos, acrescentando que no Balcão Único M23, localizado na UInfoc, se tem “registado o envolvimento empenhado dos diferentes atores no processo, bem como a visibilidade que este concurso tem trazido à UA.

ensino

mudança institucional” visando produzir recomendações para que as universidades possam aplicar soluções capazes de melhorar a vida académica dos estudantes, foram recentemente apresentados em eventos Europeus organizados sob a égide da European University Continuing Education Network (EUCEN) pela sua responsável científica, Lucília Santos. Esta docente da UA lembra que para melhor preparar os candidatos a terem sucesso, quer no acesso, quer na frequência dos seus graus académicos, a Universidade foi desenvolvendo sessões de preparação, que agora constituem um Programa de Formação – o PreUA – que, numa interação de vários Departamentos, inclui competências científicas nucleares dos cursos a que se candidatam, de literacia linguística e transversais (de estudo, sociais e culturais). “Pretende-se, assim, ir ao encontro dos obstáculos identificados por alunos e docentes, e abrir a todos os alunos da Universidade a possibilidade de frequentarem a formação”, conclui. Refira-se que dos 1067 alunos que ingressaram em cursos da UA desde o ano letivo de 2006-2007, estão formados 273 – com diploma ou com um ciclo de estudos terminado. Os candidatos foram muito mais, mas o processo de acesso, o número de vagas disponíveis e a capacidade logística e de docência, limitam o número de inscrições em grau.

M23 como via de acesso ao Ensino Superior O concurso especial para novos públicos maiores de 23 anos (M23) é uma via de acesso ao Ensino Superior destinada a quem tenha completado 23 anos até 31 de dezembro do ano que antecede a candidatura, e não possua o ensino secundário completo ou o tenha concluído através do Programa Novas Oportunidades. Podem ainda candidatar-se

A presença destes alunos nas salas de aula contribuiu também para uma evolução nas metodologias de ensino e para uma aproximação da aprendizagem ao contexto de trabalho.”

todos os maiores de 23 anos que sejam titulares de curso secundário (12º ano completo) ou equivalente, concluído há mais de cinco anos, inclusive, e não sejam titulares de habilitação de acesso e ingresso ao ensino superior, nos termos aplicáveis ao regime geral

Os resultados do segundo projeto, intitulado “Estudantes não tradicionais no ensino superior: investigar para guiar a

de acesso ou outras vias especiais de ingresso.


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Agricultura Lusitana

Design como agente transformador e acelerador da renovação social e económica de territórios rurais A UA distinguiu-se, desde cedo, pela sua forte ligação à sociedade e à região. Começou por fazer-se notar ao nível das telecomunicações, da cerâmica e vidro e do ambiente, mas ao longo dos anos a articulação com os recursos e com as dinâmicas empresariais estendeu-se a outras áreas e tomou novas formas. Um dos exemplos mais recentes dessa aposta é o “Agricultura Lusitana”. O projeto mostrou que o design, aliado a uma “formação em contexto real de um projeto vivo”, pode abrir uma janela de novas oportunidades para o futuro dos territórios, neste caso específico os territórios rurais, e para a sua renovação social.


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O convite foi lançado pela Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto (ADXTUR). Pensando numa possível representação de Portugal na EUNIQUE 2015, uma feira que teve lugar na Alemanha ligada às artes, aos crafts e ao design, a proposta passava por reinventar a cultura dessas aldeias e produzir artefactos contemporâneos representativos da sua memória e identidade que potenciassem a sua renovação social e económica. O resultado foi surpreendente. Do cruzamento do conhecimento académico de designers, docentes e alunos de nove escolas superiores de design nacionais, entre as quais a UA, das competências de 150 artesãos e 22 ateliers artesanais e do saber fazer das comunidades locais resultou um conjunto de trabalhos ímpar com potencialidades para gerar uma nova economia local e impulsionar o desenvolvimento estratégico desses territórios. Com os toques de genialidade e de contemporaneidade dos designers e dos artesãos, os antigos assadores de castanhas, as máscaras de cortiça, os almofarizes, as peneiras e muitos outros instrumentos e tradições agrícolas adquiriram “um especial significado em termos das oportunidades que se escondem neles e que estão condicionalmente disponíveis nos territórios com este perfil”. Como explicou Rui Simão, coordenador da ADXTUR e gestor do projeto na inauguração da exposição, “neste projeto, que já esteve em exposição no Salão Internacional do Património Cultural, em Paris, e que consolidou a representação de Portugal no World Craft Council, o design ligou expetativas locais, de pequenos produtores, de artesãos, de pequenas indústrias locais, com aquilo que é uma ideia de desenvolvimento estratégico para o território e a capacidade que a academia tem de refletir sobre os caminhos possíveis para territórios desta natureza”. O propósito da ADXTUR, iniciado já com os projetos Água Musa e L4Craft, de colocar a academia e os parceiros institucionais a refletir sobre o futuro do mundo rural e sobre o contributo que as escolas superiores e a comunidade científica podem oferecer para o desenvolvimento

estratégico do território não podia ter sido, assim, melhor cumprido. Tanto durante a conceção dos artefactos como no período de exposição desses trabalhos, vários foram os momentos de reflexão que se geraram para discutir uma possível estratégia de desenvolvimento para estes territórios assente na cultura rural e na produção de novos bens e serviços, conforme sublinhou João Nunes, docente do DeCA e designer orientador do projeto, no encerramento da ação.

cooperação ensino

da consciência que se criou dentro dos próprios alunos. Eles descobriram que existem outras possibilidades de trabalho no interior do país, onde há uma necessidade imensa de novos atores com estas capacidades de operação ao nível do design para poderem criar mais-valias económicas e sociais”, sublinhou João Nunes. Ao mesmo tempo, acrescentou o docente, “o projeto permitiu ao design operar também numa perspetiva mais estratégica, apontando caminhos de inovação social e de sustentabilidade a partir do estudo de

"o tempo é do design de engenho onde a baixa e alta tecnologia se fundem e onde todos nós temos capacidades para refletir e criar" “O contributo dos especialistas que escreveram para este projeto e de outros que nos deixaram em legado os seus estudos e recolhas de campo foi decisivo para que tivéssemos conseguido esta forma de representação e de reflexão em que este se materializou. O foco na alma lusa, a pesquisa e a viagem, o encontro com as pessoas e a descoberta dos lugares foram elementos fundamentais para o desenvolvimento e construção desta representação. As pistas que nos deixaram são muitas”. Mas os desígnios desta iniciativa não se esgotaram nesta reflexão sobre o futuro do mundo rural e do contributo que a academia pode oferecer para o desenvolvimento estratégico do território. A partir da experiência do grupo de alunos do 2º ano da licenciatura em design do Departamento de Comunicação e Arte da UA (DeCA) que teve a oportunidade de participar no projeto foi possível perceber o importante papel que o design pode adquirir na renovação social dos territórios rurais e as potencialidades de uma aprendizagem sustentada no saber fazer. “O resultado final foi completamente diferente daquele que seria se o trabalho tivesse sido feito unicamente dentro da universidade, não só ao nível da conformação e do conceito desses objetos, mas também ao nível da mentalidade e

soluções alternativas para os problemas de forma abrangente, da identificação de oportunidades e da convocação do conhecimento de outras disciplinas”. “Conseguimos incutir uma consciência nos alunos de que o design não é por natureza algo teórico, mas sim algo prático; algo que se faz em conjunto com a própria comunidade; que não é apenas uma técnica de comunicação, mas uma imersão na cultura”, acrescentou Nuno Dias, diretor da Licenciatura em Design da UA, salientando, ainda que “a autenticidade deste projeto está na relação que os alunos tiveram ao conhecer a autenticidade que ainda resta nas nossas aldeias, na nossa cultura, e reinterpretar essa autenticidade em algo mais contemporâneo”. Reforçando esta ideia, Rui Raposo, diretor do DeCA, referiu que o projeto foi, de alguma forma, “uma tradução prática e real de um objetivo, de uma filosofia e de uma cultura própria que o departamento tem nas suas várias áreas, de tentar sempre estabelecer uma ponte entre aquilo que é a componente teórica e a metodologia abordada na componente de aula com desafios reais”. Este modelo diferenciador em que a UA se reconhece de “trabalhar em conjunto com a sociedade e os seus territórios, expor desde cedo os estudantes a uma


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formação em contexto real de um projeto vivo” e que já pratica em vários outros domínios, foi, aliás, na opinião de Manuel António Assunção, reitor da UA, um dos maiores contributos desta iniciativa. “O que aconteceu aqui é um bom exemplo de que o pensamento constituído em ciência pode contribuir para um desenvolvimento estratégico do território, tão necessário para o desenvolvimento local e regional e para a vitalidade das regiões do interior, contrariando a desertificação e evitando a descaraterização”. O objetivo passa, agora, por dar continuidade ao diálogo alargado que este projeto encetou, tirando partido daquilo que o design pode fazer por estes territórios e, simultaneamente, estender essa intervenção a uma colaboração multidisciplinar entre o design e outras áreas e departamentos da UA. Como coordenador da

"o projeto permitiu ao design operar numa perspetiva estratégica, apontando caminhos de inovação social e de sustentabilidade" ADXTUR, Rui Simão deixou o repto. “O nosso desejo é que este projeto possa ter continuidade noutros projetos na área do design, mas também na área de outras disciplinas e que possam ser integradas através do design ou doutras formas na nossa atuação”. A proposta foi bem acolhida. Nuno Dias concordou que, “em termos práticos, é necessário agora investir ainda mais na investigação e desenvolvimento não apenas “dos”, mas “nos” locais” e Rui Raposo confirmou que o trabalho desenvolvido não pode ser encarado como um fim em si mesmo. Para o diretor do DeCA, esta colaboração abre uma porta para outras colaborações “na música, para o estudo da paisagem sonora que envolve este ambiente de agricultura lusitana; na área da tecnologia para, de alguma forma, entender como é que se pode incrementar a comunicação e divulgação destes projetos e, também com a exploração adicional da vertente do design naquilo que respeita, por exemplo, ao design do produto e que nos permitirá, por exemplo, pensar no potencial de alguns destes produtos em termos de produção industrial e da sua comercialização”. Para João Nunes “o campo de cultivo e de experimentação em que as Aldeias do Xisto se querem transformar vai ser a plataforma para a reinvenção do design rural”, uma vez que na sua opinião “o tempo é do design de engenho, onde a baixa e alta tecnologia se fundem e onde todos nós temos capacidades para refletir e criar”.


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cooperação

Pedro Machado, Presidente do Turismo Centro de Portugal “Esta iniciativa traduz uma inovação, uma diferenciação, uma capacidade até, de posicionar o destino Centro de Portugal interpares (…) acrescenta valor económico, traduzido nas peças e nas obras de arte produzidas (…) é um produto apetecível, competitivo, que tem valor e que acrescenta naturalmente riqueza aos territórios”.

Paulo Fernandes, presidente da Agência para o Desenvolvimento Turístico da Rede das Aldeias do Xisto (ADXTUR) “Este projeto manifesta acima de tudo a capacidade que os territórios, mesmo aqueles de menor densidade, têm de reinventar-se e de criar novas cadeias de valor a partir daquilo que são os seus recursos endógenos, os seus conhecimentos e os seus saberes mais ancestrais. A criação de valor social e económico neste tipo de territórios é absolutamente vital. A UA ajudou-nos muito a estabelecer esta relação entre o território, os seus saberes, os seus autores, os seus conhecimentos, a inovação, o conhecimento”.

Rui Simão, coordenador da Agência para o Desenvolvimento Turístico da Rede das Aldeias do Xisto (ADXTUR) e do projeto “Mais importante do que a dimensão estética de cada um dos objetos ou do valor cultural que cada um possa representar, é aquilo que eles sugerem como caminho possível no quadro de uma intervenção dirigida a um território que está submetido a forças de desagregação muito fortes e muito consistentes”.

Isabel Ferreira, aluna de design “Este projeto foi muito desafiante porque fomos ao encontro de uma nova experiência, através de pessoas, de novos produtos, de tradições antigas e da própria experiência com o produto”.

Inês Lopes, aluna de design “Este trabalho tomou proporções muito superiores aquilo que imaginaríamos que iria ter. Começou por ser um projeto universitário, relativamente pequeno, mas as visitas ao local, o contacto com as pessoas, os hábitos, as peças, deram outro impacto ao nosso trabalho e fizeram-nos perceber o valor que tinham as peças que estávamos a produzir”.


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Árvores monumentais, Sabia que a oliveira mais antiga do país tem 2850 anos? Ou que a árvore mais alta da Europa é um eucalipto de 72 metros da Mata Nacional de Vale de Canas? E que no distrito de Braga há um carvalho com 500 anos? Estes três majestosos seres vivos fazem parte das muitas centenas de árvores monumentais que vivem em Portugal. Em particular têm um tamanho desmesurado, uma idade centenária ou até formas bizarras que adquiriram ao longo dos tempos. São por isso (com toda a justiça!) chamadas de árvores monumentais e estão na mira de Raquel Lopes. A professora de biologia e geologia da UA vai conhecer, inventariar e divulgar a história de cada um destes colossos vivos do património natural português. A estudante do doutoramento de Biologia da academia de Aveiro, através do projeto de investigação “Árvores Monumentais de Portugal - da compreensão pública a uma literacia científica”, um trabalho inédito no país, quer contrariar o desconhecimento sobre estes autênticos monumentos que tanto têm para contar. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas tem classificadas, em Portugal continental, 470 exemplares individuais como árvores monumentais e 81 conjuntos de árvores. Contudo, constata Raquel Lopes, não só “a proteção não é uma garantia de preservação, já que, às vezes, muitas árvores são votadas ao abandono ou sofrem atos de vandalismo ou negligência por desconhecimento” como “dos 278 concelhos de Portugal continental, 130 não apresentam qualquer exemplar arbóreo classificado”. Por isso, “como a falta de conhecimento é uma barreira para a proteção dos exemplares monumentais, é preciso investir na sua divulgação e formalizar novas propostas de classificação de árvores e conjuntos de árvores”. Deste modo, o projeto de Raquel Lopes tem como objetivo proceder ao levantamento de informação existente, relativamente ao Arvoredo de Interesse Público ou com possibilidade de classificação, contribuir para o conhecimento efetivo do estado em que o património monumental se encontra e, deste modo, conhecer a importância que este assume nas regiões inquiridas. Centrada neste momento na Região de Turismo do Centro, onde tem inquéritos em curso entre a centena de municípios desta região para fazer o levantamento do arvoredo classificado ou com possibilidade de classificação, assim como para aferir o grau de

atuação dos municípios no conhecimento e promoção do respetivo património arbóreo monumental junto da população, Raquel Lopes está também a desenvolver projetos piloto em estreita colaboração com os municípios de Alcobaça e Figueiró dos Vinhos, quer com alunos do ensino Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico, quer com os alunos da Universidade Sénior. É nestes municípios, que num trabalho de parceria com o fotógrafo e realizador Daniel Pinheiro, está a preparar um catálogo fotográfico das árvores monumentais do Município de Alcobaça, a materializar numa exposição fotográfica que será inaugurada no evento municipal Books & Movies, em outubro deste ano, e a desenvolver roteiros pelas Árvores Monumentais para a promoção educativa e turística deste património vivo. Nos últimos meses a investigadora não tem tido mesmo mãos a medir. “Tenho sido contactada para dar apoio ao desenvolvimento de projetos em prol do arvoredo monumental em vários outros municípios, associações e escolas e tenho recebido o contacto de vários cidadãos que querem propor árvores para classificação de Interesse Público, junto do Instituto da Conservação da Natureza e das Floresta”, diz. “Não nos podemos esquecer que as árvores monumentais são testemunhas vivas de acontecimentos histórico-culturais, constituem uma memória de hábitos, costumes, lendas e tradições, valorizam a paisagem e o património edificado e representam um elemento diferenciador e identitário de todo um povo e de uma região que importa preservar”, aponta Raquel Lopes. “Perante todo o trabalho a desenvolver, ações desencadeadas, e articulação ou parcerias estabelecidas, contribuiremos, definitivamente, para o aumento da literacia científica sobre árvores e bosques monumentais”, antevê a investigadora. Cumpridos estes objetivos, deseja, “contribuiremos para o fortalecer das relações endógenas entre os cidadãos e o património natural”.


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uma memória viva Raquel Lopes Doutoranda em Biologia, com especialização em Comunicação, Divulgação e Ilustração Biológicas, integrada no Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Professores da UA, em 2001 licenciou-se na academia de Aveiro em Ensino de Biologia e Geologia. Em 2005 seguiu para a Universidade do Porto onde realizou um mestrado em Ecologia da Paisagem e Conservação da Natureza. Atraída pelo mundo natural desde criança, é na comunicação de ciência e na promoção da cultura e literacia científica entre o grande público que a investigadora Raquel Lopes tem investido nos últimos anos.

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Karri (Eucalyptus diversicolor Muller) Local Mata Nacional de Vale de Canas (Torres do Mondego) Particularidade Árvore mais alta da Europa Idade 140 anos Altura 72 metros

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Eucalipto (Eucalyptus globulus Labillardière) Local Satão Particularidade maior eucalipto classificado Idade 138 anos Perímetro 11 metros

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Oliveira (Olea europaea L. var. europaea) Local Santa Iria da Azóia Particularidade 2850 anos, ainda hoje produz azeitonas Diâmetro de Copa 8,15 metros

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Tília (Tilia tomentosa Moenchen) Local Oliveira do Hospital Particularidade 27,6 m de diâmetro de copa Idade 238 anos Altura 25,3 metros

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Cedro-do-buçaco (Cupressus lusitanica Miller) Local Jardim do Príncipe Real Particularidade copa superior a 30 m Idade 145 anos

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Freixo (Fraxinus angustifolia Vahl) Local Marvão Particularidade alameda de freixos ao longo de 1,1 Km Idade 200 anos

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Bela-sombra (Phytolacca dioica L.) Local Vista Alegre (Ílhavo) Particularidade Perímetro da base 24,8 metros Idade 191 anos (idade da fundação Vista Alegre) Altura 17 metros

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Plátano (Platanus x hispanica) Local Jardim da Cordoaria (Porto) Particularidade forma bizarra dos troncos e porte Idade 151 anos Altura 19 metros

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“Recantos da UA” é o nome do concurso lançado, em primeira edição este ano, pelo Núcleo de Cinema e Fotografia da Associação Académica da UA. De 7 de março a 9 de abril, pediam-se fotografias que mostrassem os espaços da Universidade de Aveiro, divulgando enquadramentos, composições e pontos de vista diferentes e originais. O concurso previa ainda, além das distinções do primeiro ao terceiro lugar, um prémio do público escolhido através de votação na página do Núcleo no Facebook.


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2º Prémio “Retorno”, de Andrea Taverna

3º Prémio “After classes” Helder Cunha

1º Prémio “Geometrias da UA”, de Denis Ryazanov

Prémio do Público “Perdi o pôr do sol”, de Henrique Portela

momentos cultural


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Aconteceu na UA Informações adicionais em: uaonline.ua.pt/

e estudar o aprofundamento de projetos conjuntos. Para além do Programa Doutoral em Biomedicina, iniciativa conjunta já em curso com 17 alunos no ano letivo que finda, abordou-se ainda a proposta de Mestrado em Investigação Clínica e a investigação em parceria na área das doenças crónicas.

MELHORES CALOIROS DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO NÃO PAGAM PROPINAS Todos os caloiros que escolham a UA como primeira opção no concurso nacional de acesso e que tenham uma nota de candidatura igual ou superior a 17,5 valores vão estar isentos do pagamento de propinas durante o primeiro ano. Os estudantes contemplados com as bolsas de estudo que a academia de Aveiro vai entregar já a partir do próximo ano letivo, equivalentes ao valor anual das propinas, podem, inclusive, beneficiar da isenção até ao final da licenciatura e, caso prossigam os estudos, do mestrado, bastando que para isso que, ao longo dos anos e sem interrupções, mantenham ou superem a média com que entraram na UA. O mesmo se aplica aos alunos que ingressem num mestrado integrado. “Encaramos as bolsas aos melhores caloiros como um investimento no futuro: no futuro dos candidatos, mas também no futuro do país e no futuro da instituição”, refere Gonçalo Paiva Dias, Vice-reitor da UA. Com estas bolsas, aponta o responsável pela área académica da academia de Aveiro, “queremos atrair para a UA ainda mais alunos de qualidade excecional, mas também incentivar esses alunos a manter essa mesma excelência durante todo o seu percurso de formação”.

PARCERIA COM ASSOCIAÇÃO DAS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR A UA assinou, a 14 de maio, um acordo de parceria com a Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) que prevê apoio, a vários níveis, na formação em cuidados de saúde primários. A assinatura do acordo aconteceu no âmbito do 8º Encontro das Unidades de Saúde Familiar que decorreu na UA, a 13 e 14 de maio, e contou com a presença do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. Entre as várias expressões do acordo está a criação de uma comunidade de formação online no âmbito das atividades da Academia dos Cuidados de Saúde Primários, criada e gerida pela USF-AN, dirigida aos vários profissionais de saúde que trabalham nas unidades de saúde familiar do país. A comunidade online da Academia dos Cuidados de Saúde Primários (http://academiacsp.campus. sapo.pt/) está alojada no Sapo Campus da UA, uma plataforma desenvolvida pelo Departamento de Comunicação e Arte em parceria com a Altice Labs. UA E NOVA DE LISBOA APROFUNDAM PARCERIAS NA ÁREA DA BIOMEDICINA A UA e a Universidade Nova de Lisboa promoveram um simpósio, a 16 de maio, no Centro Hospitalar do Baixo Vouga e no edifício da Saúde da UA, que procurou debater

O Centro Hospitalar do Baixo Vouga, instituição de acolhimento para a primeira parte do encontro, é o terceiro pilar desta parceria em aprofundamento, uma vez que presta serviços clínicos e cuidados de saúde e nela trabalham profissionais potencialmente interessados no reforço das suas qualificações na área da Medicina Básica/Biomedicina. LUZ DO SOL DESTRÓI ANTIBIÓTICO EM ÁGUAS DE AQUACULTURA MARINHA Chama-se oxitetraciclina (OTC) e é um dos antibióticos utilizados na aquacultura para combater uma grande variedade de infeções nos peixes. Se até agora a respetiva remoção é feita com recurso à difusão de ozono nas águas – um método caro, pouco eficaz e gerador de compostos perigosos para a saúde quando se trata de água salgada – uma equipa de investigadores da UA descobriu que, em alternativa, o antibiótico pode ser eficazmente destruído com um recurso simples e gratuito: a luz solar. O trabalho foi realizado pela doutoranda Joana Leal, sob a orientação científica de Valdemar Esteves e Eduarda Santos, e publicado no último número da Environmental Pollution, uma publicação da editora Elsevier que é uma referência mundial na área da química aplicada. DEPARTAMENTOS DA UA COM NOVAS DESIGNAÇÕES O Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA e o Departamento de Educação têm novas designações. Por deliberação do Conselho Geral, o primeiro passa a ser designado agora por “Departamento de Economia,


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Gestão, Engenharia Industrial e de Turismo» (DEGEIT) e o segundo por “Departamento de Educação e Psicologia” (DEP). As novas designações pretendem abarcar todas as áreas científicas que são abrangidas por estes dois departamentos: o Turismo, no caso do primeiro, e a Psicologia, no caso do segundo.

da iniciativa ingenUA. É também o caso do terceiro ciclo de estudos, onde para além dos estudos especializados, os estudantes devem exercitar competências de liderança e de trabalho em equipa, acrescentou o Reitor. Nesse sentido, especialmente dirigida aos estudantes dos três ciclos, surge esta nova iniciativa com base em ingenua.web.ua.pt. Com o objetivo de estimular o brainpower de jovens universitários, fomentando o gosto, a capacidade e a vocação de pensar e investigar nas mais variadas áreas científicas, promovendo o trabalho colaborativo e a interdisciplinaridade através do desenvolvimento de projetos/desafios de curto prazo, a iniciativa ingenUA pretende envolver toda a comunidade académica e a sociedade em geral.

APROVADO PROJETO INTERREG EUROPE LIDERADO PELA UA A visão principal do projeto CISMOB (Cooperative information platform for low carbon and sustainable mobility) é potenciar a aplicação de Tecnologias de Informação e Comunicação na mobilidade urbana como forma de promover a redução da pegada de carbono e aumentar a sustentabilidade das zonas urbanas, através de uma otimização na eficiência do sistema de transportes. Este projeto foi um dos 64 aprovados na 1ª Convocatória do Programa Interreg Europe e é liderado por Jorge Bandeira, investigador de pós-doutoramento no grupo de investigação “Transportation Technology” do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação, coordenado pela professora Margarida Coelho. O projeto teve início a 1 de abril de 2016 e tem a duração de 4 anos. O consórcio liderado pela UA inclui mais cinco parceiros – Universidade de Estocolmo, Município de Águeda, Sistemas Inteligentes de Transportes - Roménia, Autoridade Metropolitana dos Transportes de Bucareste e Agência de Energia da Extremadura. INGENUA BEM ACOLHIDA NA UNIVERSIDADE DE AVEIRO A necessidade de desenvolver as capacidades colaborativas e o engenho dos estudantes em qualquer ciclo de estudos da UA foi sublinhada pelo Reitor, Manuel António Assunção, durante a apresentação

ACADEMIA DINAMIZA "COMPROMISSO PELA BICICLETA" A Plataforma Tecnológica de Bicicleta e Mobilidade Suave da UA está a dinamizar a iniciativa “Compromisso pela Bicicleta” em colaboração com as principais instituições e organizações ligadas à mobilidade ciclável (ABIMOTA, Federação Portuguesa do Ciclismo, Federação Portuguesa do Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta, MUBI, entre outras). O "Compromisso pela Bicicleta" foi apresentado a 26 de abril, no COMUR – Museu Municipal da Murtosa. ROBÓTICA DA UA EM GRANDE NO FESTIVAL NACIONAL DE ROBÓTICA A participação das equipas do laboratório IRIS/IEETA/DETI da Universidade de Aveiro no 16º Festival Nacional de Robótica, que decorreu em Bragança, entre 4 e 8 de maio, saldou-se por um fantástico desempenho nas várias competições em que estiveram envolvidas. A CAMBADA, equipa de Futebol Robótico da UA, alcançou uma brilhante vitória na final, na Liga de Robôs Médios,

aconteceu na ua

frente aos atuais campeões europeus e vice-campeões do mundo, os Tech-United Eindhoven, da Holanda.

NOVA ESPUMA “VERDE” CRIADA NA UA MOSTRA SER ISOLANTE E RESISTIR AO FOGO Uma nova espuma, criada a partir do crude glicerol que é um subproduto do biodiesel, está a ser testada de várias formas a partir de um projeto da UA e já provou um prometedor grau de isolamento térmico e acústico e boa resistência ao fogo. A apresentação, sobre a resistência desta nova espuma ao fogo, no congresso da International Association of Advanced Materials que decorreu na Índia, mereceu o “Young Scientist Award”. O trabalho foi realizado por Nuno Gama, no âmbito da tese de doutoramento orientada por Artur Ferreira, diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, e por Ana Margarida Barros, professora do Departamento de Química da UA. Os três são investigadores do CICECO. DOCENTE DA UA INTEGRA A COMISSÃO NACIONAL DO ANO PARA O ENTENDIMENTO GLOBAL Fernando Correia, docente do Departamento de Biologia e coordenador do Laboratório de Ilustração Científica da UA, passou a integrar a Comissão Nacional de Programa para o Ano Internacional do Entendimento Global (IYGU). O IYGU pretende produzir conhecimentos profundos, mas aplicáveis, sobre o modo como os povos podem viver juntos de forma mais sustentável. O foco assentará no desenvolvimento de sinergias e estratégias para projetos locais, com alcance global.


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junho 2016

Comba Dão. "Janelas de Luz" explora o mundo dos hologramas e está organizada nas seguintes cinco áreas: “observa”, “faz”, “explora”, “saber mais” e “HoloKids”, e é dedicada ao público em geral, famílias e em particular ao público escolar.

AAUAV CONQUISTA CHUVA DE MEDALHAS NOS UNIVERSITÁRIOS A Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) é campeã nacional de andebol masculino. A equipa conquistou o título a 21 de abril depois de vencer o Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria), por 29-27, na final do campeonato universitário de andebol, que decorreu em Lisboa. Depois de muitos anos a perseguir este título nacional em falta aos atletas da UA o momento é para a AAUAv, e para toda a comunidade académica, de “pura alegria”. A equipa feminina de basquetebol da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) sagrou-se bicampeã nacional universitária, após a final disputada a 20 de abril, frente ao Instituto Politécnico do Porto. Tratou-se da primeira medalha de ouro conquistada pelas equipas da AAUAv nos Campeonatos Nacionais Universitários que decorrem em Lisboa. As basquetebolistas da academia aveirense trouxeram o primeiro ouro para a AAUAv nos Campeonatos Nacionais Universitários que decorrem em Lisboa. A final disputada a 20 de abril, quarta-feira, no Estádio Universitário de Lisboa, frente ao Instituto Politécnico do Porto, resultou na vitória da AAUAv por 74-32. A equipa aveirense já havia vencido o IPP durante a fase de grupos. Também as equipas de voleibol e de basquetebol masculinos alcançaram o 3º lugar nos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU). No andebol feminino, a AAUAv conquistou o segundo lugar. As equipas de corfebol, voleibol e basquetebol feminino alcançaram o terceiro lugar nos Nacionais Universitários. A AAUAv esteve também em força nos Campeonatos Nacionais Universitários de Canoagem ao conquistar dez medalhas, das quais duas foram de ouro, sete

de prata e uma de bronze. As provas decorreram em Vila do Prado. Dos Campeonatos Nacionais Universitários de Atletismo de Pista ao Ar Livre os 24 atletas da AAUAv trouxeram 16 medalhas. Estas provas decorreram em Leiria, a 7 de maio. A equipa da UA conseguiu pelo terceiro ano consecutivo sagrar-se vicecampeã nacional universitária, só atrás da Universidade do Porto. BIÓLOGA DA UA NA NAMÍBIA DÁ FORMAÇÃO NA ÁREA DA BIOLOGIA DO OCEANO PROFUNDO Ana Hilário, bióloga da Universidade de Aveiro, esteve na Namíbia onde participou na organização de um workshop de formação e transferência de conhecimento na área da Biologia do Oceano Profundo organizado pelo INDEEP, a organização internacional que surgiu como resultado do projeto "Census of Marine Life" e que tem como um dos seus objetivos a partilha de conhecimento científico entre países, particularmente países em desenvolvimento. EXPOSIÇÃO ITINERANTE DE HOLOGRAMAS “JANELAS DE LUZ” A exposição itinerante de hologramas “Janelas de Luz” esteve em vários locais do pais. Já passou por Aveiro, Guard, Covilhã e Santa Comba Dão. Está patente no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra até 16 de junho. A exposição foi desenvolvida e produzida pela Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro e pelo Departamento de Física da UA, no âmbito do Ano Internacional da Luz. Esta itinerância conta com o apoio da Câmara Municipal de Santa Comba Dão e também do Agrupamento de Escolas de Santa

"PROTECT YOUR INNOVATION TODAY" CUMPRIU OBJETIVOS PROPOSTOS No dia 30 de março, a Aveiro Smart Business e a Gastão da Cunha Ferreira, Lda. convidaram um painel de oradores para falar de inovação, empreendedorismo e proteção de propriedade intelectual. Cerca de 70 alunos e jovens empreendedores puderam conhecer alguns casos de sucesso e fazer networking com as várias empresas e empresários presentes.

CONQUISTAS DESPORTIVAS DOS ESTUDANTES DA UA VALEM ISENÇÕES E REDUÇÕES DE PROPINAS A Universidade de Aveiro (UA) vai atribuir bolsas de mérito aos estudantes que se destaquem no desporto e que tenham sucesso académico. Os prémios, dependendo dos resultados desportivos alcançados, podem ir da isenção total ou parcial no pagamento de propinas até, caso o estudante participe nos Jogos Olímpicos, ao pagamento de uma bolsa de valor equivalente a 1,5 vezes o valor da propina nacional. O regulamento das bolsas de mérito desportivo agora aprovado pela academia de Aveiro abrange todos os estudantes que, estando inscritos a tempo integral e tendo obtido aproveitamento escolar, consigam alcançar o pódio nas Universíadas, nos Campeonatos Mundiais Universitários ou nos Campeonatos Europeus Universitários. Em caso de medalhas nestas competições, os estudantes ficam isentos do pagamento da propina. Já nos Campeonatos


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Nacionais Universitários, os estudantes que alcancem o primeiro, o segundo ou o terceiro lugar receberão, respetivamente, uma bolsa no valor de 50, 30 ou 15 por cento do valor integral da propina. VÍRUS PODEM SUBSTITUIR ANTIBIÓTICOS NO COMBATE A BACTÉRIAS PATOGÉNICAS É uma das causadoras das infeções urinárias. A bactéria chama-se Enterobacter cloacae e, até agora, tem sido controlada através do uso de antibióticos. Mas a receita médica pode vir a mudar. Na UA, uma equipa de investigadores conseguiu eliminar estas bactérias com recurso à terapia fágica. Inócua para os seres humanos e muito mais barata de aplicar do que os antibacterianos, a terapia utiliza a ação de vírus específicos que destroem apenas as bactérias. O trabalho abre as portas a um futuro onde as bactérias nefastas para a saúde humana, muitas das quais resistentes a antibióticos, possam ser eliminadas de forma rápida, eficaz e sem efeitos secundários. CIÊNCIA ANALISA PELA PRIMEIRA VEZ AS VOZES DOS FADISTAS Alma e sentimento português desde sempre, Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2011, as vozes do fado foram pela primeira vez analisadas por um grupo de investigadoras do IEETA da UA e do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).

Os oito estudantes provenientes da Kazakh National Research Technical University irão permanecer na UA por um período de estudo de três meses. Dois deles irão desenvolver trabalho de doutoramento nas áreas da Física e dos Materiais e Cerâmica, respetivamente. Os restantes seis estudantes irão frequentar cursos de mestrado nas áreas de Ambiente, Geociências e Turismo. FÁBRICA CIÊNCIA VIVA INSTALA CENTRO DE CIÊNCIA EM CABO VERDE No âmbito do Programa de Cooperação entre a UA e Cabo Verde, e da parceria estabelecida com o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação (MESCI) daquele país africano, na área da promoção da cultura científica e tecnológica, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro projetou o novo Centro Interativo de Ciência de Cabo Verde: a Casa da Ciência do Mindelo. No final de Fevereiro, a UA realizou mais uma Missão a Cabo Verde no âmbito do Projeto de Cooperação “Casa da Ciência”. A comitiva da UA envolveu o Sr. Vice Reitor José Alberto Rafael, a Presidente da Fábrica Ciência Viva, Ivonne Delgadillo e o Diretor da Fábrica, Pedro Pombo. Esta comitiva também envolveu a equipa técnico-científica da Fábrica com os cinco elementos: Jorge Costa, Miguel Cardoso, João Silva, José Manuel Lopes e Ana Rodrigues.

A caracterização das vozes pelas cientistas, que descortinou as vozes tipicamente graves e roucas e com vibrato mais fraco do que a dos cantores líricos, permite agora que os artistas tenham um apoio clínico, pedagógico e artístico à medida das suas necessidades. O estudo envolveu mais de uma centena de fadistas, entre homens e mulheres, profissionais de grande renome e amadores. OITO ESTUDANTES CAZAQUES CHEGARAM À UA PARA UM PERÍODO DE ESTUDOS E MOBILIDADE A UA acolheu, a 14 de março, um grupo de oito estudantes provenientes do Cazaquistão que irão passar três meses nesta instituição portuguesa a realizar parte dos seus estudos em mobilidade. Os alunos encontram-se a frequentar cursos de 2º e 3º ciclo em diferentes áreas do conhecimento.

DESCOBERTA RESINA RENOVÁVEL PARA UM PLANETA MENOS DEPENDENTE DO PETRÓLEO Uma equipa de investigadores da UA, em colaboração com a Universidade de Coimbra, desenvolveu um novo biomaterial, de elevada performance, derivado dos açúcares das plantas e que é uma alternativa ecológica a materiais com base em petróleo. O novo material tem propriedades que lhe permitem

aconteceu na ua

competir de igual para igual com as resinas comerciais de origem petroquímica muito utilizadas pela indústria, por exemplo, em automóveis, barcos e mobiliário. A descoberta foi anunciada no último número da prestigiada revista Polymer Chemistry e com honras de contracapa. “Estas novas bio resinas são sustentáveis e têm propriedades que permitem competir com as resinas comerciais atuais, mas que são de origem petroquímica. O futuro poderá, portanto, ser menos dependente do petróleo. E a UA está a ajudar”, congratula-se Andreia Sousa, coordenadora da equipa da UA que juntou cientistas do Departamento de Química e do CICECO. Pela Universidade de Coimbra, o estudo contou com a coordenação da investigadora Ana Fonseca.

ESTUDO DA UA SOBRE SACARRABOS NA PENÍNSULA DESTACADO NA "MAMMALIAN BIOLOGY" Já se sabia que o sacarrabos não foi trazido pelos árabes para a Península Ibérica e expandiu-se a partir da população do norte de África, mas um estudo genético da UA agora publicado comprova e explica geneticamente a origem da expansão. O estudo foi realizado a partir de uma tese de doutoramento defendida na UA, com base na análise de ADN mitocondrial, e mereceu destaque na revista “Mammalian Biology”. A ocorrência de sacarrabos na zona norte do país e não apenas na região sul, como era comum, há algumas décadas, tem vindo a suscitar a curiosidade dos investigadores de ecologia animal sobre esta espécie que existe em África, no Médio Oriente e que, na Europa, só existe na Península Ibérica. Nesse sentido, investigadores da UA procederam ao estudo da genética populacional do sacarrabos de forma a clarificar, em termos evolutivos, quais as consequências dessa expansão.


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INED NA UA PARA AGRADECER APOIO AO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE ACREDITAÇÃO DO ENSINO À DISTÂNCIA No âmbito de uma parceria entre a UA, o Ministério da Educação de Moçambique e o Instituto Nacional de Ensino à Distância de Moçambique (INED), estabelecida em março de 2014, com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, foi desenvolvida a conceção e implementação em Moçambique de um sistema de acreditação de Instituições do Sistema Nacional de Educação que operem, ou pretendam operar, na modalidade de Educação à Distância, bem como dos cursos oferecidos nesta modalidade.

INVESTIGADORES DA UA CRIAM SISTEMAS AQUOSOS BIFÁSICOS TERMORREVERSÍVEIS Dão pelo nome de sistemas aquosos bifásicos e, porque são altamente eficazes e ecológicos, são cada vez mais usados pela indústria para separar e purificar compostos para fins tão diversos como produtos alimentares ou farmacêuticos. Agora, pela primeira vez, uma equipa de investigadores do Departamento de Química da UA demonstrou que estes sistemas podem ser termorreversíveis. A propriedade descoberta promete vir a ser uma mais-valia acrescida no desenvolvimento de processos de separação mais sustentáveis. O trabalho foi publicado no jornal Scientific Reports do grupo Nature.

junho 2016

VENIAM RECEBE MAIS 20 MILHÕES DE EUROS DE FINANCIAMENTO A startup de base tecnológica Veniam conseguiu um investimento internacional de capital de risco de 20 milhões de euros para suportar inovação e expansão internacional. Com este financiamento de série B, a Veniam, nascida e incubada nas universidades de Aveiro e do Porto, pretende expandir os serviços associados à criação, gestão e exploração de redes sem fios Wi-Fi de veículos por frotas urbanas, portos, aeroportos e fábricas. Na agenda da empresa estão cidades como Nova Iorque, Barcelona, Londres e Singapura.

Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) um “ótimo exemplo de transferência de tecnologia pelo empreendedorismo de jovens formados na UA”. Manuel Caldeira Cabral realizava a visita à IEUA, na companhia do secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, a primeira deslocação a uma incubadora desde que os dois governantes tomaram posse. Para além de ser um bom exemplo de promoção do empreendedorismo em estreita relação com a universidade, o ministro elogiou ainda a IEUA pela dinâmica empreendedora, crescimento da atividade económica e aumento dos postos de trabalho (mais de 100 criados nos últimos anos) num período de crise e de contração da procura.

FALECIMENTOS Carla Pomares

UA DESCOBRE QUE OS BURACOS NEGROS BINÁRIOS "DANÇAM" COMO A LUA Era mais um enigma da imensa lista dos que envolvem os buracos negros binários. Que tipos de equilíbrio existem na rotação que dois buracos negros empreendem em torno um do outro? E por que leis se rege essa ‘dança’ celeste? Num trabalho recentemente publicado, Alexandre Correia, físico na UA, garante que existem apenas dois tipos de equilíbrio distintos e, para o explicar, aponta um mecanismo idêntico ao que explica a rotação da Lua, quer sobre ela própria, quer em torno da Terra.

Carla Marisa Fonseca Mesquita Pomares, integrada na área de Contratos e Apoio Logístico, dos Serviços de Gestão Técnica e Logística da UA, deixou-nos no dia 21 de março, vítima de doença súbita. Licenciada no Curso de Técnico Superior de Justiça, ingressou na UA em 14/09/2001. António Correia António Correia, professor catedrático do Departamento de Biologia e coordenador do MicroLab, laboratório de Microbiologia, faleceu em janeiro de 2016. Bruno Cunha Rodrigues Aluno do Mestrado em Engenharia e Design

O método desenvolvido no Departamento de Física para estudar a rotação dos dois buracos em torno um do outro é “simples”. Alexandre Correia descreve-o como “um método matemático que em vez de usar as equações do movimento como ponto de partida, usa os integrais do movimento”. Com este método “é mais fácil encontrar as quantidades que se conservam e descobrir os pontos de equilíbrio” que dão estabilidade à rotação de cada buraco negro sobre o outro.

do Produto faleceu em Dezembro de 2015. Filipa Gonçalves Loureiro Aluna da Licenciatura em Educação Básica faleceu em Dezembro de 2015. José Oliveira Colaborador do Centro de Competência TIC da Universidade de Aveiro (ccTICua) e do Departamento de Educação, aluno do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações no Departamento de Eletrónica,

MINISTRO DA ECONOMIA ELOGIA BOM EXEMPLO DA INCUBADORA DA UA O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, considerou a Incubadora de

Telecomunicações e Informática, José António Ferreira de Oliveira faleceu a 28 de novembro.


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aconteceu na ua


agenda 1 DE JUNHO › 8 DE JULHO 2ª fase de candidatura ao concurso especial para Estudantes Internacionais 3 DE JUNHO Sessão de Entrega das Medalhas aos trabalhadores que completam 10, 20, 25, 30, 35 e 40 anos ao serviço da UA Concerto Final da Classe de Direção de Orquestra do DeCA 4 DE JUNHO Dia da UA 6 › 10 DE JUNHO 40th WOCSDICE & 13th EXMATEC 9 DE JUNHO And the winner is… 10 DE JUNHO › 8 DE JULHO Ciclo de concertos Irmão Violão 15 DE JUNHO Research Day 15 › 16 DE JUNHO Colóquio Internacional sobre Ecolinguismo e Línguas Minoritárias 17 DE JUNHO Café de Ciência “Da retina à película: a luz na astronomia” 20 › 22 DE JUNHO 8th International Conference on Discrete Models of Complex Systems

22 DE JUNHO › 6 DE DEZEMBRO Sessões abertas Literatura & etc. 29 DE JUNHO › 1 DE JULHO 4th Iberian Meeting on Aerosol Science and Technology

5 › 7 DE SETEMBRO VII Conferência da Associação Hispano-Portuguesa de Economia do Ambiente e Recursos Naturais

30 DE JUNHO › 17 DE NOVEMBRO Ciclo de tertúlias Quintas da Ria

7 › 9 DE SETEMBRO Euromech Colloquium 587: Modelling and Simulation of Additive Manufacturing Processes

3 › 15 DE JULHO Academia de Verão

7 › 9 DE SETEMBRO NANOSMAT 2016

4 › 6 DE JULHO V Seminário Ibero-Americano CTS

26 DE SETEMBRO Dia Internacional do Instituto Confúcio

9 DE JULHO Concerto de Encerramento do Curso Internacional de Arte Orquestral

26 › 30 DE SETEMBRO 2ª fase de candidaturas aos Cursos Técnicos Superiores Profissionais da UA

18 › 31 DE JULHO Curso Internacional de Música Vocal

19 DE OUTUBRO Cerimónia de Abertura do Ano Letivo 2016/17

18 DE JULHO › 12 DE AGOSTO 2ª fase de candidatura a pós-graduação da UA

11 DE NOVEMBRO III Meeting on Energy and Environmental Economics

1ª fase de candidaturas aos Cursos Técnicos Superiores Profissionais da UA 22 › 23 DE JULHO V Encontro Nacional & II Encontro Ibérico de Doutoramentos em Design 25 › 27 DE JULHO 7th International Conference on Advanced Nanomaterials

21 › 25 DE NOVEMBRO Semana Aberta de Ciência e Tecnologia da UA 15 DE DEZEMBRO 43º Aniversário da UA

Mais informações em: uaonline.ua.pt


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