Revista Laços n.º 2/2014

fevereiro-julho 2014 – Preço avulso: 4.00, gratuito para as sócias

Revista da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas

2/14

Recordações da AAAIO

LAÇOS Corpos sociais da ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNAS DO INSTITUTO DE ODIVELAS

Revista Quadrimestral Preço avulso: 4,00 Assinatura anual: 10,00 Gratuita para sócias Propriedade, edição e administração da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas Anexo à Casa do Capelão/IO Largo D. Dinis 2675-336 Odivelas • Tel.: 21 711 92 20 www.aaaio.pt • E-mail: redaccao@aaaio.pt Fundada em 1988 Diretora Joaquina Maria Seara Marques Cadete Phillimore Nº 193/1960 Chefe de Redação Maria Margarida Alves Pereira-Müller Nº 244/1967 Corpo Redatorial Fernanda Ruth Jacobetty Vieira n.º 152/1955 Maria Antónia Figueiredo Paixão n.º 234/1951 Maria Eduarda Agostinho de Sousa Caixeiro Nº 176/1972 Maria da Graça Fernandes da Costa Campos de Oliveira Nº 268/1976

A LAÇOS não se responsabiliza pela opinião expressa pelos seus colaboradores A LAÇOS reserva-se o direito de encurtar os textos quando necessário

Mesa da Assembleia Geral Maria Rosete dos Santos Fernandes Vaz Milheiro Nº 117/1952 Maria Teresa da Silva Nabais Rapoula Nº 303/1963 Maria Isabel de Medeiros Vasconcelos Afreixo Nº 343/1960 Luisa Alice Ferreira Santos Tavares Santos Pereira Nº 319/1952 Direção Joaquina Maria Seara Marques Cadete Phillimore Nº 193/1960 Maria Micaela dos Santos Reis Mateus de Magalhães Nº 122/1960 Antonieta da Encarnação Alcobia dos Santos Nunes Cabanas Nº 14/1958 Maria de Lurdes de Oliveira Rosado Guerreiro Nº 113/1967 Ana Rita da Câmara de Quental Medeiros Pereira Nº 362/1972 Maria José da Paz Olímpio Nº 102/1959 Maria Teresa Amado Correia de Araújo Brazão Farinha Nº 115/1971 Isabel Maria da Conceição Santos Nº 86/1958 Maria da Graça Fernandes da Costa Campos de Oliveira Nº 268/1976 Conselho Fiscal Maria Virgínia Ribera Gomes Burnay Bastos Nº 128/1963 Maria Luisa Lino dos Santos de Oliveira Noronha Gamito Nº 140/1973 Elizabet da Conceição Pires Fernandes Nº 215/1963 Teresa Maria de Matos Lino Nº 222/1963 Ana Rita Antunes Ferreira Nº 65/2005 A Nossa Casa Quartel da Formação Largo da Luz 1600-498 Lisboa

Parcerias: CMO e JFO

Impressão: Gra¿sol – Edições e Papelarias, Lda. Rua da Sagrada Família, n.º 30 Pavilhão Gra¿sol Tabaqueira – Apartado 255 2636-903 Rio de Mouro Tel. 219 158 150 | Fax 219 158 158 www.gra¿sol.pt | email: geral@gra¿sol.pt

Tiragem: 750 exemplares Depósito Legal n.º 56731/92 Nota: Isenta de Registo na E.R.C. ao abrigo do nº 1 - Art. 12, Dec. Regulamentar de 8/99 de 9 de Junho ISSN: 0874 - 811X

Capa: Recordações da AAAIO para venda

A “loja” da AAAIO foi organizada e decorada pela AA Maria do Carmo Faro

Í N D I C E

LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014 2 Editorial 2 Mais do que um baile por Joaquina Cadete Phillimore 3 3 5 14 15 17 18 20 23 24 25 25 26

Atividades da AAAIO e suas sócias 95º aniversário da AAAIO por Maria Emília Canelhas Assembleia Geral Ordinária por Graça Oliveira Visita à Casa Fernando Pessoa por Maria Helena Cavaco À conversa com os Residentes por Maria Isabel Barata Paula Roncon lança livro por Teresa Paccetti Festa dos Santos por Manuela Goulart Para uma melhor qualidade de vida por Maria José da Paz Olímpio Festa da Flor por Maria Helena Cavaco Ensemble pour toujours por António Fonseca e Silva Maria Noémia de Melo Leitão distinguida pela SHIP Cumprimentos às Entidades Militares “Vantagem injusta” por Marta Pata

28 Agenda 29 AA, o que é feito de ti?

29 A música é sal, cor, luz por M. Margarida Pereira-Müller 34 In Memoriam 35 Notícias do IO

Q Q Q

41 À conversa com...

41 Gisela Ramos Rosa – Prémio Glória de Sant'Anna por Joaquina Cadete Phillimore 45 Destaque 45 A Laços agradece à Maria Noémia de Melo Leitão por M. Margarida Pereira-Müller 46 46 49 50 51 56 57

Ideias Soltas Paleta de cores vivas por Maria de Lourdes Sant'Anna Os mistérios do que comemos por M. Margarida Pereira-Müller Uma declaração de amor a Portugal por M. Margarida Pereira-Müller Dona Catarina de Bragança – Os chás por Maria Noémia de Melo Leitão A menina do metro por Ana Maria Pereira Ferreira de Matos Uma aventura radical em Porto Santo (para “cotas”) por Maria Eduarda Caixeiro

60 Poesia 60 Saudade (à Gena Soeiro da Costa) por Chany LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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EDITORIAL

EDITORIAL

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Joaquina Cadet e Phillim ore – AA Nº 193/196 0

Mais do que um baile

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que podia ter sido apenas um baile de finalistas resultou, para quem esteve presente, num hino de amor ao Instituto de Odivelas que culminou com as palavras sentidas da Comandante de Batalhão.

Filha e neta de antigas alunas (AA) explicou de forma expressiva, em nome de todas as colegas e amigas, o quanto aquela Casa lhe havia dado ao longo de oito anos, o que, na idade delas, é cerca de metade da vida que já viveram. Falou da amizade, do companheirismo, da entreajuda que são apanágio de quem cresceu na nossa Escola e emocionou todas e todos os presentes com a sua voz bem colocada e melodiosa e uma dicção de excelência.

Este sentimento é o mesmo que revelam as placas comemorativas na parede dos claustros, por acaso mesmo atrás da mesa que as representantes da AAAIO ocuparam.

Amizade, companheirismo e entreajuda são apanágio de quem cresceu na nossa Escola

Cursos que quiseram deixar gravados em placas, nas paredes da Casa, que foi a sua durante os anos da sua juventude, o respeito e a gratidão que sentem por ter podido frequentar uma Escola com um projeto educativo singular e que, verificamos, são sentimentos que as alunas, ora finalistas, continuam a experienciar.

Enquanto houver uma Avó, uma Mãe e uma Neta/Filha que, tendo frequentado a mesma Escola, em períodos tão diversos, partilham o mesmo sentimento pela sua Escola, o Instituto de Odivelas tem futuro.

Enquanto um bolo continuar a unir as alunas finalistas do IO e a Associação das Alunas que já foram finalistas um dia, a AAAIO tem futuro.

Não sei se “Ser Amiga é ser Irmã” é sempre uma realidade, mas sei que pode sempre ser, se assim o quisermos.

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M a r i a E m í l i a C a n e l h a s – AA Nº 82/ 1951

Comemoração do 95º aniversário da AAAIO

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o dia 10 de Março, pelas 17 horas celebrou-se na Sala do Tecto Bonito do Instituto de Odivelas o 95º aniversário da nossa Associação. As entidades oficiais foram recebidas pela Presidente da Direcção e Presidente da Assembleia Geral da AAAIO, Madalena Carvalhosa e Joaquina Cadete Phillimore respectivamente, e pelo Coronel Nisa Pato, Director do Instituto de Odivelas. Na sala do Tecto Bonito (antigo Refeitório das Freiras). A AA Leonor Viegas Tavares declarou aberta a sessão, dando a palavra ao Coronel Nisa Pato que se dirigiu à assembleia agradecendo a presença do Senhor Tenente-General Cóias Ferreira e felicitando a Associação pela sua longa actividade, reiterando a maior colaboração por parte do IO. De seguida falou Joaquina Cadete Phillimore que fez um breve historial sobre a situação da nossa associação, do lar, gestão de recursos humanos, e a inquestionável dedicação de Foi homenageada quantos nela trabalham.

a AA Maria Raquel

De seguida deu a palavra à Ribeiro, cuja vida tem sido Presidente da Associação, Madalena Carvalhosa que totalmente preenchida descreveu a história desta com serviço social desde 1919 até ao dia de hoje, relembrando o dinamismo da anterior direcção que tornou o sonho em realidade – a Nova Casa, onde uma equipa de trabalhadores nos diversos cargos se dedicam ao cumprimento das suas tarefas, com destaque para o grupo de AA e voluntárias que dão o seu melhor contributo de dedicação e amor * A autora não segue a NNOLP.

ATIVIDADES

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AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

aos utentes do Lar. A elas é atribuída a Medalha de Mérito na pessoa da AA Maria Helena Cavaco, coordenadora das voluntárias.

Joaquina Cadete anunciou de seguida ter o prazer e a honra de homenagear a AA Maria Raquel Ribeiro, cuja vida tem sido totalmente preenchida com serviço social, desempenhando funções de Estado com intervenções na Política da Terceira Idade, Segurança Social, marcando até à actualidade a sua presença na vida política e nacional.

Foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito da Associação.

Seguiu-se a entrega do prémio Maria das Neves Rebelo de Sousa às quatro melhores alunas do 3º ciclo – ano 2012/13, pelo Dr. Pedro Rebelo de Sousa, que não deixou de referir o momento difícil que o IO está a atravessar com a perspectiva do seu encerramento.

Finda a entrega dos prémios deu-se início a um pequeno interlúdio musical pelo coral Audite Nova, dirigido pela Maestrina Clara Correia com a participação ao piano de Justiniano Canelhas, actuação que foi muito apreciada. Com um pequeno Porto de Honra ficou terminada a sessão.

Concurso de Fotografia

”AS MINHAS FÉRIAS DE VERÃO” Entrega de trabalhos de 15 a 30 de setembro (Regulamento a consultar no portal da AAAIO e na página do Facebook da AAAIO)

Participa com as tuas fotos!

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G r a ç a O l i v e i r a * – AA Nº 268/ 1976

Assembleia Geral Ordinária

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o dia 22 de Março de 2014 reuniu-se em sessão ordinária a Assembleia Geral da AAAIO para discussão e votação do Relatório e Contas do exercício de 2013. A reunião teve lugar na Nova Casa, ao Largo da Luz em Lisboa, tendo participado 45 associadas (12 delas por procuração).

A Presidente da Direcção da AAAIO, Madalena Carvalhosa, leu o Relatório da Direcção relativo ao ano de 2013, tomando depois a palavra o Técnico Oficial de Contas, Renato Cordeiro, que apresentou as Contas de 2013. Foram solicitados pela assembleia, e prestados pelo TOC, esclarecimentos sobre alguns aspectos das Contas; algumas associadas chamaram a atenção para certas imprecisões de carácter formal que deveriam ser corrigidas na versão definitiva do relatório ou, quando tal não fosse possível, evitadas futuramente.

A Presidente do Conselho Fiscal, Fernanda Vidal, deu então a conhecer o Parecer do Conselho Fiscal, globalmente favorável à aprovação das Contas de 2013.

Foi depois posta à votação a aprovação do Relatório e Contas de 2013, resultando 17 votos a favor, 2 abstenções e 22 votos contra (encontrando-se ausentes no momento da votação 4 associadas).

Não tendo sido aprovadas as Contas nesta sessão, e apurando-se que tal facto se justificava pelas desconformidades normativas do documento e não pelo seu conteúdo, propôs a Presidente da Mesa que se procedesse, durante a semana seguinte, à sua rectificação de acordo com as sugestões apresentadas.

* A autora não escreve de acordo com a NNOLP. LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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Atividades da AAAIO em 20131 Falar de 2013 não é tarefa fácil, pois foi um ano extremamente difícil e complicado em muitos e diferentes aspetos.

Foi, logo no começo, tristemente marcado pelo agravamento da doença e pela morte da nossa querida amiga e presidente Ana Maria Pinto Soares Hoeppner. Foram 17 anos ao leme da nossa Direção, dos quais 3 como vice-presidente; uma vida de entrega a uma causa. Graças à sua inteligência e perseverança atingiu as metas propostas, apesar da sua complexidade, da falta de recursos logísticos, da ausência de mecenas (na falta de grandes recursos financeiros), conseguindo o milagre da construção deste LAR (Nova Casa)...!

Na fase terminal da sua doença, foi a Tesoureira Maria Antónia Serpa Soares Paixão quem desinteressadamente assegurou a gestão diária do Lar permitindo assim a sua continuidade! Após o falecimento da Ana Maria, sucedeu naturalmente na Direção a M. Margarida Pereira-Müller que, com o seu invulgar dinamismo, grande capacidade de trabalho e inteligência, dirigiu esta Associação em 2013, demitindo-se no final de Janeiro de 2014.

A nível associativo • De realçar o crescimento verificado nos últimos meses, com a entrada de novas associadas: 16 em 2012, 47 em 2013 e 22 até ao dia 8 de

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Excerto do Relatório da Direcção relativo a 2013, apresentado pela presidente da Direcção, Madalena Carvalhosa.

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Fevereiro de 2014. Temos atualmente cerca de 290 sócias ativas. Este fenómeno de crescimento é extremamente saudável e obriga-nos a refletir e a pensar em novos e fortes alicerces que estão surgir, o que certamente obrigará a novas estratégias. É com este sinal de vitalidade e de crescimento interior fortemente positivo que lembro que a união faz força e que devemos ter a lucidez e a força de nos unirmos. Somos todas diferentes, mas iguais no mesmo ideal, estamos debaixo de uma provação e temos que procurar a melhor arma para a vencer….. só assim poderemos caminhar ….. “cada vez mais alto”.

• Participação na festa do 14 de Janeiro – data em que se comemora a inauguração do IO em 1889, quando o Rei D. Carlos assinou, no Palácio da Ajuda, os Estatutos do Instituto D. Afonso, hoje Instituto de Odivelas.

Dia de confraternização, após a Missa celebrada pelo capelão por intenção de todos os que trabalharam e estudaram neste Instituto. No refeitório esperava-nos o tradicional amarelo e o arroz doce! À tarde houve uma sessão solene no ginásio.

• Festa do 9 de Março, Dia da Antiga Aluna – data em que o Coronel Ferreira de Simas, então Diretor do Instituto Feminino de Educação e Trabalho fundou, em 1919, esta Associação, destinada a apoiar as antigas alunas necessitadas de abrigo e amparo. Em 2013 a AAAIO decidiu homenagear a Ana Maria Pinto Soares Hoeppner.

Nada mais justo, mas todas nós tínhamos o pressentimento de que a sua partida estaria para breve…

Faz parte das nossas regras que

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as homenageadas não estejam no ativo da Direção. Mas com a Ana foi diferente…resolvemos contornar tais regras e, sem o seu conhecimento, organizámos tudo. Apareceu… E com a sua coragem, foi admirável, sem um queixume. Após a homenagem, nesse mesmo dia entrou no hospital onde viria a falecer 17 dias depois.

Chá da Primavera – desta vez organizado pela AAAIO no Forte de Santo António do Estoril. Paralelamente ao Chá decorreu uma mini-feira de artesanato. As nossas residentes também participaram. Foi uma tarde inesquecível…

Festa dos Três Santos – com uma sardinhada que teve grande êxito, apesar do calor que se fazia sentir. No final houve uma alegre participação de danças sevilhanas e as nossas residentes, ensaiadas pela voluntária Teresa Pacetti, cantaram diversas modas divertidas. E até se dançou e cantou no palco improvisado.

Magusto – com castanhas e água-pé, jeropiga, os tradicionais bolinhos do lanche e chá, evidentemente! Estava tudo muito bem decorado e acolhedor, com lindas e autênticas folhas de plátano douradas trazidas por iniciativa do Sr. Parreira.

Festa de Natal – com a tradicional Missa rezada e cantada por todos. O Capelão Borges tem um especial carinho pelas nossas idosas. Não faltou nada no tradicional lanche, desde as rabanadas ao falado arroz doce em que as nossas empregadas tanto se esmeram; também o trabalho das nossas assistentes sociais, Drª Paula e Drª Andreia é notável, tratando de todos os pormenores para que nada

falte e haja calor humano!!! Houve ainda uma pequena quermesse com tômbola e muitas rifas premiadas, sendo de realçar uma viagem a Haia oferecida pela KLM/Air France. Houve também uma mini-feira de Natal.

• Participação ativa em ações contrariando os planos do MDN – de realçar a Vigília Noturna no Largo Dom Dinis em Odivelas, a Marcha das Rosas numa tarde do mês de junho, organizada pelas antigas alunas Elsa Martins Magro, Maria Teresa Magalhães e Sofia Vaz Serra, apoiadas por outras antigas alunas, antigos alunos do CM e do IPE e amigas e amigos do IO, que desfilaram entre o Mosteiro dos Jerónimos e o Ministério da Defesa Nacional, levando uma rosa na mão e lançando o grito do IO “cada vez mais alto”, e uma marcha em Odivelas. Em novembro, quando da abertura solene das aulas em Odivelas, a AAAIO convocou as AA para uma ação durante a qual se colocou um manto coberto de rosas e uma coroa de rosas na Rainha Santa, pedindo-lhe que, como padroeira do nosso Instituto, interceda a nosso favor, fazendo desaparecer o triste Despacho nº 4785/2013 de 8 de abril de 2013 do MDN. A AAAIO tem publicado artigos de opinião em diversos meios de comunicação, contrariando o fecho do IO. • Gastronomia Prosseguiram os Encontros com a Gastronomia, cuja receita reverte para a AAAIO e que passaram a ter lugar na Sala de Culinária do IO para assim chamar ao IO não só Antigas Alunas como Amigos e Amigas do IO.

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Valências sociais Lar Atividades de exterior: visitas a museus e jardins; concertos das bandas militares, ao ar livre no Verão; idas ao teatro D. Luiz para assistir aos espetáculos da TV. Atividades no Lar: artes plásticas, coro, jogos de damas e de cartas, projeção de filmes, acompanhamento, conversas, leitura de contos, passeios dentro de casa e no jardim tentando mobilizar as residentes; acompanhamento a consultas.

Todo este trabalho é realizado por Antigas Alunas em regime de voluntariado.

Enfermagem Devido ao crescente número de residentes acamadas e impossibilitadas de atividade normal, foi necessário aumentar o quadro de enfermagem com a contratação de mais uma enfermeira, prestando-se assim melhores cuidados aos nossos utentes.

Serviço religioso Prestado pelo dinâmico e bondoso capelão Borges que todas as terças-feiras vem rezar a Santa Missa com as nossas utentes. É acompanhado ao órgão pela professora Natércia, grande amiga da nossa casa, que vem propositadamente para este efeito. É uma celebração muito curiosa, em que o Capelão Borges toca viola e canta e, em conjunto, rezamos e cantamos. É um momento muito especial.

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Voluntariado As AA voluntárias são o garante da nossa associação, prestando qualquer auxílio necessário! Várias trabalham no Lar, acompanhando os utentes nas diversas actividades já referidas, durante a semana e fim de semana.

Centro de distribuição de bens na Arroja Prestamos assistência a cerca de 350 famílias, totalizando 1200 pessoas, a partir de uma loja que nos foi cedida pela Câmara de Odivelas, através de um contrato de comodato por cinco anos. O Banco Alimentar contra a Fome tem sido o centro de distribuição e nós a unidade intermediária. Contamos com a ajuda de várias superfícies comerciais e ainda de alguns comerciantes locais. A Câmara de Odivelas cede carrinha e motorista e a Junta de Freguesia uma administrativa a tempo inteiro. Nesta tarefa colabora também um informático e uma coordenadora, pagos pela AAAIO. Temos ainda uma equipa de uns seis voluntários que gratuita e anonimamente, durante anos, nos têm ajudado a carregar toneladas de alimentos!

Atividade financeira em 20132 A atividade da Associação relatou-se de forma positiva, com um aumento de rendimento de 27.096,91 e uma redução de gastos de 6.576,80 , relativamente a 2012. Com um total 2

Resumo do Relatório e Contas de 2013, apresentado pelo TOC Renato Cordeiro e aprovado em Assembleia Geral de 17.06.2014.

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de rendimentos de 871.620,26 e um total de despesas de 850.734,00 , a AAAIO teve um resultado positivo de 20.886,26 .

As prestações de serviços (526.773,17 ) diminuíram 3,64% devido à redução das receitas com mensalidades. Os apoios e donativos ascenderam aos 243.096,82 , proporcionando um acréscimo de rendimento de 14,78% em relação ao ano anterior.

Os gastos da Associação diminuíram 0,77% em relação a 2012. Foi na rubrica de serviços externos (menos 24.101,50 que em 2012) que esta redução mais se fez sentir. Os gastos com pessoal diminuíram 1,96% e as despesas com mercadorias consumidas sofreram um decréscimo de 4,56% em relação ao ano anterior. Verificou-se um aumento de 20,57% em outros gastos e perdas; no entanto, o valor não deve ser considerado um dispêndio, uma vez que 119.041,81 representam a distribuição de bens doados à população.

Relativamente ao orçamentado para 2013, salienta-se a diminuição de 15.096,81 (–1,74%) nos gastos globais e o aumento de 5.536,40 (0,64%) nos rendimentos, resultando numa diferença significativa de 20.633,21 sobre os resultados.

1. Associadas A razão de ser da nossa Associação está no elo que une as Antigas Alunas do Instituto de Odivelas, que para isso a criaram e contribuem com quotas e donativos para fazer face às múltiplas despesas da Associação.

A receita originada pelas quotas e acções de apoio atingiu 26.782,00 , sendo de 9.997,87 o custo associado a esta receita. O aumento significativo desta receita deveu-se ao pagamento das quotas de 2013 e de quotas que se encontravam em atraso.

Na diminuição dos gastos e perdas salienta-se a redução em cerca de 3.500,00 relativa à prospeção da revista e de 2.000,00 relativa a correios e ofertas.

2. Lar A receita das mensalidades (499.991,17 ) diminuiu 5,39% face ao ano anterior, devido à redução do valor das mensalidades dos novos utentes. Os subsídios à exploração aumentaram 3,2%, devido ao aumento do número de utentes abrangidos pelo acordo da Segurança Social. As receitas originadas pelas consignações de IRS, donativos em espécie e numerário atingiram 16.128,48 , determinando um aumento líquido de 8.316,52 . Outros rendimentos e ganhos aumentaram 18,19% e tiveram origem nos eventos que, ao longo do ano, foram angariando receitas.

O total dos gastos do Lar ascendeu a 711.944,01 , menos 2,34% do que em 2012. Esta diminuição teve maior relevo nas rubricas de fornecimentos e serviços externos e nos gastos com o pessoal. A rubrica de energia e fluidos aumentou 22,48%, essencialmente relacionado com a água. As restantes rubricas não variaram significativamente em relação a 2012. A reorganização do pessoal e da forma de registo das horas extraordinárias proporcionou uma diminuição nestas despesas, comparando com período homólogo.

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O saldo da atividade financeira do Lar foi de 16.179,67 , pelo diferencial de 728.123,68 referente a rendimentos e de 711.944,01 respeitante a gastos.

3. Centro de distribuição alimentar Os gastos e perdas totalizaram 128.792,12 (mais 14,06% que em 2012), e os rendimentos e ganhos foram de 116.714,54 (mais 20,15% que no ano anterior), sendo o gasto efetivo desta área de atuação de 3.697,33 .

Despesas de capital Neste ano, como era de esperar, não existiu uma evolução nos ativos fixos tangíveis. Assim, a variação registada deve-se ao reconhecimento do uso dos ativos afetos à atividade operacional. Na área corrente verificou-se uma diminuição dos valores a receber dos clientes, de 70,96% em relação a 2012, onde cerca de 50% refletido em imparidade.

O valor mínimo de aprovisionamento, na rubrica de inventários, é de 4.535,75 . O valor apresentado na rubrica de outros ativos financeiros (31,28 ) corresponde à obrigação de pagar ao Fundo de Compensação de Trabalho uma percentagem referente às remunerações dos trabalhadores com admissão a partir de 1 de outubro de 2013.

Em relação aos adiantamentos a fornecedores, Estado e outros entes públicos e outras contas a receber foram regularizadas em 2013 (8.851,71 ).

Durante o exercício de 2013 a responsabilidade com financiamento a médio e longo prazo foi totalmente sanada, ficando apenas por liquidar o valor que se encontra em ajuste sobre as obras 10

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do edifício. Na rubrica diferimentos em 2012 encontrava-se registado incorretamente o valor de 46.816,74 respeitante à especialização do exercício sobre remunerações, tendo sido, este ano, devidamente enquadrado na rubrica outras contas a pagar.

Neste resumo procurámos apresentar a imagem mais aproximada da atividade da Instituição durante o ano de 2013, no entanto em apêndice encontra-se um conjunto de mapas financeiros que podem ajudar a explicitar algumas questões.

Resultados Assim propomos que o resultado obtido, 20.886,26 , seja transferido para uma conta de resultados transitados para regularizar exercícios anteriores com resultados deficitários.

Nota final A todos os trabalhadores que contribuíram para o desempenho da empresa, com o seu profissionalismo e dedicação, a Direção expressa o seu agradecimento.

O Técnico Oficial de Contas Parecer do Conselho Fiscal3 Aprovação de contas Na continuação e em coerência com toda a atividade fiscalizadora deste Conselho Fiscal, desenvolvida ao longo dos últimos 6 anos, estamos em condições de afirmar que as contas agora apresentadas pela Contabilidade, relativas ao exercício de 2013, eviden-

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Apresentado pela presidente do Conselho Fiscal, Fernanda Vidal.

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ciam o cuidado, rigor e cumprimento das normas contabilísticas e fiscais aplicáveis a organizações deste tipo e dimensão. De facto trata-se de uma IPSS, com uma dimensão equivalente a uma muito pequena empresa. No entanto os procedimentos contabilísticos foram e continuam a ser de excelência, próprios de empresas de muito maior dimensão. Esta mesma qualidade pôde ser confirmada pela firma de auditores BDO, que a pedido da Direção realizou no final de 2013, gratuitamente mas com a sua conhecida competência, uma exaustiva auditoria às contas e procedimentos contabilísticos e fiscais desta associação. Concluiu que, salvo pequenos ajustes não fundamentais, os trabalhos analisados apresentavam a qualidade desejável. O Conselho Fiscal não pode deixar de felicitar a Presidente na época em exercício, AA Maria Margarida Pereira- Müller, por essa iniciativa.

A Direção É conhecida a tragédia que atingiu esta associação com o falecimento da sua enérgica e determinada Presidente da Direção, Ana Maria Pinto Soares Hoepner, em Março de 2013 e após doença prolongada. A ela ficou a dever-se em grande parte a construção e inauguração desta casa, pelo que o Conselho Fiscal deseja deixar aqui o seu profundo agradecimento por tal desempenho.

Verificamos que a seguir a esta terrível perda a associação conseguiu reagir de forma positiva e desencadear os mecanismos estatutários adequados para a continuidade da função de Presidente da Direção com a eficácia necessária. O Relatório de Gestão agora apresentado como introdução às contas de 2013

está bem elaborado, é claro e dispensa outras considerações.

As Contas Tendo em conta a conclusão positiva dos trabalhos da BDO, o Conselho Fiscal considera não ser necessário elaborar outras análises e comentários sobre as contas de 2013, na certeza de que, tal como vem sendo hábito, tanto o conteúdo como a exaustiva forma da sua apresentação refletem os cuidados já mencionados. Apenas desejamos realçar dois factos. O facto preocupante de os encargos com pessoal atingirem já cerca de 60% do total dos custos operacionais e 57% dos proveitos operacionais, embora se reconheça a sua necessidade neste tipo de prestação de serviços. E o facto, positivo, de o exercício ter encerrado com um resultado de cerca de 21.000 nunca antes alcançado. Os mapas e quadros agora apresentados pela contabilidade falam por si, são extremamente detalhados e espelham tudo o que verificamos anteriormente.

Face aos considerandos anteriores o Conselho Fiscal é de parecer que: 1) sejam aprovados o Balanço, a Demonstração de Resultados e as restantes contas relativas ao exercício de 2013.

2) seja aprovado o Relatório da Direção.

O Conselho Fiscal: Presidente Maria Fernanda Rico Vidal (Economista) 1ª Vogal Cesaltina do Nascimento Silva 2ª Vogal Maria Isabel Figueira Freire LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNAS DO INSTITUTO DE ODIVELAS

BALANÇO INDIVIDUAL | 31 DEZEMBRO 2013 RUBRICAS

NOTAS

ACTIVO

2013

Montantes expressos em EURO EXERCÍCIOS 2012

Activo não corrente: Activos fixos tangíveis ................................................................

Outros activos financeiros ..........................................................

5 6

1.252.346,78 31,28 1.252.378,06

1.296.767,70 0,00 1.296.767,70

Activo corrente: Inventários .................................................................................

Clientes ......................................................................................

Adiantamentos a fornecedores ...................................................

Estado e outros entes públicos ...................................................

Outras contas a receber .............................................................

Diferimentos...............................................................................

Caixa e depósitos bancários .......................................................

7 8 8 10 8 11 4

4.535,75 8.291,52 0,00 0,00 0,00 10.332,17 12.407,74 35.567,18

3.280,00 28.548,78 427,39 1.931,43 142,38 1.285,00 15.065,63 50.680,61

1.287.945,24

1.347.448,31

Total do Activo

RUBRICAS

NOTAS

2013

Montantes expressos em EURO EXERCÍCIOS 2012

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Capital próprio: Fundo Social...............................................................................

Outras reservas..........................................................................

Resultados transitados...............................................................

Fundo Auxilio Alunas ..................................................................

Outras variações no capital próprio ............................................

12 12 12 12

Resultado líquido do período.......................................................

12

Total do capital próprio Passivo Passivo não corrente: Financiamentos obtidos .............................................................

Outras contas a pagar ................................................................

Passivo corrente: Fornecedores..............................................................................

Estado e outros entes públicos ...................................................

Financiamentos obtidos .............................................................

Outras contas a pagar ................................................................

Diferimentos...............................................................................

Total do passivo Total do Capital Próprio e do Passivo A Direção

12

LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

9 9 10 9 11

16.903,13 358.570,63 -6.761,13 3.632,28 778.032,28 1.150.377,19 20.886,26 1.171.263,45 1.171.263,45

16.903,13 370.038,91 6.026,32 3.632,28 0,00 396.600,64 -12.787,45 383.813,19 383.813,19

0,00 14.942,50 14.942,50

40.019,10 15.163,90 55.183,00

28.244,91 9.827,02 13.000,00 50.667,36 0,00 101.739,29

39.991,17 14.628,26 0,00 2.154,97 851.677,72 908.452,12

116.681,79

963.635,12

1.287.945,24

1.347.448,31

O Técnico Oficial de Contas: Renato Cordeiro

AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNAS DO INSTITUTO DE ODIVELAS

DEMONSTRAÇÃO INDIVIDUAL DOS RESULTADOS POR NATUREZAS De Janeiro até Dezembro RUBRICAS

NOTAS

RENDIMENTOS E GASTOS Vendas e serviços prestados................................................................................

Subsídios à exploração ........................................................................................

Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas .............................

Fornecimentos e serviços externos ......................................................................

Gastos com o pessoal ..........................................................................................

Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) ...........................................

Outros rendimentos e ganhos ..............................................................................

Outros gastos e perdas ........................................................................................

Resultados antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos

16 16 5 13 14 16

Montantes expressos em EURO EXERCÍCIOS 2013 2012

526.773,17 243.096,82 -84.773,38 -165.909,43 -419.962,43 -12.426,63 101.741,63 -120.456,14 68.083,61

546.647,62 211.786,06 -88.825,54 -190.010,93 -428.609,14 0,00 86.049,18 -99.907,49 37.129,76

Gastos/reversões de depreciação e de amortização .............................................

Imparidade de investimentos depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) .......

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos)

15

-45.727,50 0,00 22.356,11

-46.225,76 0,00 -9.096,00

Juros e rendimentos similares obtidos .................................................................

Juros e gastos similares suportados ....................................................................

Resultado antes de impostos

16

8,64 -1.478,49 20.886,26

40,49 -3.731,94 -12.787,45

0,00 20.886,26

0,00 -12.787,45

Imposto sobre o rendimento do período....

Resultado líquido do período A Direção

O Técnico Oficial de Contas: Renato Cordeiro

`O êxito não é a chave para a felicidade; a felicidade é a chave para o êxito.

Se ama o que faz, será bem sucedido.a Albert Schweitzer

LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

Q

Maria Helena Cavaco – AA Nº 218/1954

Casa Fernando Pessoa

C

om omeçámos meçám mos o a ano no d dee 20 2014 14 1 4 ccom om a vvisita isit i a à Ca Casa asa s F Fernando e na er nand nd do Pe Pess Pessoa, ssoa ss oa,, em oa Ourique, poeta seus últimos anos.

Fomos Campo de Ca d O urriq que, ondee o p o ta viveu os se oe eus u últ tim mos os a nos. no s F s. omos om recebidos Silveira, nossa visita. rece re ebidoss pelo pelo o ttécnico éccni n co Luís Luí u s Silv lvveira ra, qu quee gu gguiou iou io u a no noss ssa ss a visi sita ta a.

Fe ez--no os uma um ma br brev eve re ev rresenha ese senh nh ha ad ernand ndo o Pe Pess soa o . Na Nasc s eu em sc m Lisboa, na Fez-nos breve dee F Fernando Pessoa.

Nasceu freguesia doss Má Mártires, Pai morreu quando sua Mãe fre fr egue guesi sia a do d Márt rttir ires es, es s oP Pa ai mo m r eu qua rr and ndo el eelee tinha 5 anos, su ua Mã ãe casou passados anos dee marinha, que foi d destacado ca aso s u pass ssad ss a oss 2 a n s ccom no om um m ooficial fici fi c al a d estaca c do o para Durban como Cônsul Portugal.

Foi na África do Sull que see pa ara r D urrba u b n co omo o C ônsu ôn ul de de Portuga gall. F o n oi a Áfri rica ca d o Su S processou sua pr p roc oceesso sou u a su ua ed eeducação. educaç d a açção. ão. ão

A prim primeira parte por uma série diapositivos Guia apresentanmei e ra p arte ar te da da vi vvisita sita si t ttinha ta inha ap or base um ma sér sé érie de dia ia apositivos po quee o G uia a iia a ap a rese sent ntan ando pormenor.

Acontece que nesta não havia qualquer apoio para do e eexplicando xp plil ca cand ndo nd do co ccom om m po orm menor. Ac con nte t ce q ue n esta ssala ala al a nã n o ha avi v a qualqu ueerr a po oio p ara ar a os o residentes estas explicações dee se abreviadas passámos outro resident ntes es (cadeiras, (ca cadeiras, sofás) sofáss) s) e est sttas as exp xplilica liica c çõ ões e ttiveram iverram am d serr ab a breviadas e pas asssám mos a outr to piso o onde vimos seu quarto. divisão mobiliário muito simples local mais ndee vi nd vimo mos o se eu qu q arto o. Esta ad ivisão ivi ão ccom om mm ob o bililiá iliá i ri rio o mu uitto si simp mples lees é o lo oca cal m cal ais intimo de Ferna Fernando encontra onde pé) poemas and ndo o Pessoa.

Pess Pe sso ssoa oa a. Lá á ssee enco en ncco onttrra a a ccómoda, ómod óm od da, a, o n e ele nd elle terá terá escrito to ((em em p é vvários é) árrioss poem á e ass e curioso também observar dee lá lápis que Fernando Pessoa gostava dee escreve escrever. curiosso foi foi ta amb m éém mo bser bs ervva var os ccotos var otos ot oss d pis pi is co ccom om qu q ue Fe Fern rnan rn a do P esso es soa go gost stav st ava ad ver.

Uma gr grande quantidade que inutilizava atirava para uma arca, dos gran an nde d q uant ua n id dad de de de rrascunhos a cu as cunh nhos nh os q ue inu nuti nu uti tiliza tili lliiza zava va e a va tira ti rava va p ara ar a um ma ar rcca a, a Arca ad os Inéditos. do quarto dee Fe Fernando Pessoa estante.

Inédittos os. Outra O tr Ou tra a peça peça pe ça ssimbólica iim mb bó ólilica ca ad o quar arto to d Fern rnan ando do P e so es soa a é a su sua es sua sta ante. te Passámos biblioteca onde Guia dee Fe Fernando Pessoa Passám ámos depois dep epoi o s à bi bibl b io bl otec teca o ndee o Gu nd G ia noss ffalou a ou da al a ob obra ra d Fern r ando d P esso so oa e da d éépoca poca po ca de mud mudança do cubismo udan ança ça a eem m qu quee el elee viveu, eem m qu quee a in iintrodução ntr t od duç ução d o cu cubi bism sm mo e do do ffuturismo uturism ut mo tterão erão er ão ttido id do influência heterónimos. influênccia na na cr ccriação ia açã ção o doss seus het eter erón ónimos. ón AC Casa Fernando Pessoa uma biblioteca pública especializada Poesia possui biblioasa F errnand do Pe Pess ssssoa o éu ma b ib bliot otteca públ o blic bl i a espe eciial aliz liz izad zad a a eem mP oeesia oesi a e po ossuii a b ib blioliioteca par particular encontra nosso Guia chamou-nos rti t cu c larr deste d st de stee poeta, poeeta, po a, que que ssee en enco co ont n ra digitalizada. digitalizad da. O n os o Gui osso ia cham am mou ou--noss ttambém ambé am béém a at atenção para quadro pintor Almada Negreiros dee Fern Fernando Pessoa que aten en nçã ão p ara aoq uad drro ro qu quee o pi p ntorr A nt lmad lm a a Negr rei eiro ross fe fez e d nando o Pe Pess soa e q ue ssee encontra biblioteca.

Obra alguns quee fo foram e co en cont ontrra exposto exp xposto osto o na na bib bliio ote teca ca. ca a Ob O ra cconhecida onhe heeci heci c da dee a lguns guns gu ns rresidentes esid es den nte t s qu q ora am a es eesta ta vvisita isit is itta e rela relacionou número dee tr quadro, das pernas, re el ciionou u o ggrande rand ra nde de núme n nú úmero d ttriângulos riâ âng ngu oss eexistente ngul xisten ntee neste qu uad dro, o ccruzar ru uzar za ar da d as pernas as,, as as sombras, boquilha sobre papel, dizer-nos dee ffacto Fernando Pessoa teria somb so mb bra ras, a b oqui oq uilh ui ilh lha so sobr bre o pa br p ap peel, l, ccomo om o mo que qu ue a dizerr no rnos qu que ue d accto F erna and do Pe P ssoa o ter oa eria ia ia simpatias sim si mpatias maçónicas. m çó ma çóni n cas. ca as. s.

Recentemente esplanada deste Museu que podemos descansar, Reeceent nteementee ffoi o rreaberta oi e be ea bert rta rt a a es espl p an pl anad ada de dest stee Mu st Muse seeu qu q ue é um m llocal ocal all oonde n e pode nd deemos de d scan sc anssar, an sar, não nosso por dee te tempo. nã ão fo foii o no ossso ca caso so op o ffalta or allta ta d temp emp po. o.

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AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

Q

Maria Isabel Barata – AA Nº 194/1954

À conversa com os Residentes

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ou hoje entrevistar a Senhora D. Elvira, tem um percurso de vida interessante, não é antiga aluna do I.O. Senhora D. Elvira quantos anos tem?

Tenho 92 feitos a 17 de novembro.

Onde é que nasceu?

Nasci em Alverca da Beira, distrito da Guarda.

Lembra-se das suas Professoras?

A minha Professora da 1ª classe chamava-se Amélia e a da 2ª classe Patrocínia, foi com esta que aos 12 anos fui fazer o exame da 4ª classe, em Pinhel, concelho a que Alverca da Beira pertencia.

Continuou a estudar ou foi logo trabalhar?

A minha Mãe era costureira e trabalhava para a família e para outras pessoas (era especialista em camisas de homem, ceroulas e vestidos de criança), por isso eu fui aprender costura na Guarda com a Mestra Adelaide Aguiar.

Que outras actividades teve?

Pertenci à Acção Católica. Uma das filhas da minha Mestra pertencia ao Patronato das Prisões e encarregou-me de cobrar as cotas; o dinheiro das cotas permitia ajudar os presos. Fiz vários passeios com a Acção Católica para assistirmos a festas religiosas.

Como é que arranjou emprego num barco?

Era a altura da guerra e eu queria ganhar mais dinheiro para ajudar os meus pais.

Então o marido da outra filha da minha Mestra arranjou-me emprego no navio Moçambique. Foi aí que conheci o meu marido.

LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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Como é que mudou para o navio Príncipe Perfeito?

Quando acabou o contrato com o Moçambique pedimos para ir para o Príncipe Perfeito. O meu marido foi para padeiro e eu fui tomar conta de crianças. Sempre que entravam crianças, eu tomava conta delas. Havia salas com brinquedos para as crianças.

Como é que conseguia comunicar com as crianças que só falavam Inglês?

O 3º Comissário de Bordo deu-me algumas lições e eu, embora não falasse bem, conseguia que as crianças me en-

tendessem. Quando os pais das crianças saíam para visitar os portos da África do Sul eu ficava a tomar conta delas.

Quando os pais voltavam perguntavam-me se os filhos se tinham portado bem e eu também com eles me conseguia fazer entender.

Só fazia viagens grandes?

Não, também fazia cruzeiros no Mediterrâneo. Fui várias vezes a Roma 16

LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

e também fui a Israel. Sou muito religiosa.

Por que outros sítios é que andou?

Depois da África do Sul fomos para Madagáscar e Seicheles.

Gostou dessa vida?

Eu gostava muito de estar com as crianças. As crianças chamavam-me Viu e algumas tratavam-me com muito carinho. O Comissário Chefe tinha 6 filhos (3 meninas e 3 rapazes) que viajaram comigo e, quando voltávamos, por vezes, ainda vinham para minha casa. Houve um casal que me confiou um bebé; disse que eu o tratei como uma Mãe e não como uma empregada e, por isso, fez um elogio para a companhia.

Ainda tenho saudades daquele tempo. Gostei mais de tratar das crianças do que do trabalho de costura.

Quando vejo crianças fico logo toda contente.

Vou agora fazer-lhe algumas perguntas sobre a sua vida aqui. Quando mudou para o Lar de que sentiu falta?

Senti falta da minha casa, do meu marido, e das minhas amigas. As Senhoras da Acção Católica iam sempre visitar-me.

Gosta de conversar com as voluntárias? É sempre bom conversar com elas.

Gosta dos passeios a museus e de ir ouvir as bandas?

Só fui a um museu (o do Fado), porque estando agora na cadeira de rodas é difícil deslocar-me.

AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

Gosta das actividades que há aqui?

Gosto muito de cantar no coro.

diferente da maior parte das pessoas que conhecemos.

Gosta que haja voluntárias?

Gosto, são todas simpáticas.

Penso que é enriquecedor termos no Lar pessoas com trajectos de vida variados, é uma mais valia para todos que aqui trabalhamos de um modo tão empenhado, apenas lamento que os nossos residentes, por várias razões, comuniquem tão pouco entre si.

Gostaria que também houvesse voluntários?

Não sei, talvez seja difícil um homem no meio de tanta mulher.

O que foi mais importante na sua vida?

Foi a minha vida com o meu marido.

Não tive filhos por causa de andar embarcada (não eram admitidas empregadas com filhos), mas foi uma vida feliz.

Gostei muito de fazer esta entrevista; a Senhora D. Elvira é sempre gentil e procura estar bem disposta, agradece sempre quando a ajudamos e proporcionou-nos a história de uma vida

Falei há dias com uma antiga aluna, mais nova que eu, e que, especialmente como consequência da sua grave doença, se sente muito só, talvez devessemos pensar em nos apoiarmos mais.

Nota: Mais uma vez agradeço à Helena que continua a ajudar-me tão desinteressadamente nesta tarefa de dar a conhecer os nossos Residentes.

Paula Roncon lança livro

N

o dia 19 de Junho, no Ateneu Comercial de Lisboa, assistimos à apresentação do livro de poemas "Pétalas Recriadas", da autoria da Antiga Aluna nº 283/1958, Paula Roncon. O poeta José Fanha, antigo aluno do Colégio Militar, disse, de forma brilhante, poemas seus e da Paula. Um dos poemas da Paula foi musicado pelo maestro José Soares, tendo sido esta composição interpretada em piano, flauta e canto. Foi um momento lindo, profundo e cheio de sentimento.

Teresa Paccetti, AA Nº 312/1958 LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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Manuela Goulart – AA Nº 275/1977

Festa dos Santos

F

esta dos Santos. Tarde de sábado, 28 de Junho de 2014. A minha primeira visita ao Lar das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas, 30 anos depois de ter deixado o Instituto.

Aos 49 anos, sentada ao lado meu filho Miguel de 22 anos, dei conta que me ia dividindo entre as memórias da minha vida, num ir-e-vir emocional entre os corredores do Instituto, os intervalos passados nos claustros, as professoras que tive, o crescimento do meu filho, o tempo de faculdade, as cidades onde vivi. Um frenesim de emoções entre a adolescência e o tempo presente.

Ali sentada, conversando com a Maria Helena, a Leonor e a Joaquina, observei as antigas alunas residentes no Lar, os seus familiares, a festa organizada para acarinhar quem já, antes de mim, tinha vivido os mesmos corredores, as mesmas experiências, os mesmos valores.

... que o caminho seja longo, repleto de aventuras, repleto de saber.

Tentei imaginar como teriam sido as vidas destas antigas alunas. Com que desejos e ambições saíram do Instituto? Como se sentem ao olhar para as suas próprias vidas? Que caminhos percorreram?

A dada altura foi inevitável perguntar a mim própria: como as posso ajudar na vida que têm hoje? O que é que adquiri no meu percurso de vida que tenha valor e faça sentido partilhar? E porquê complicar ainda mais o meu dia-a-dia cheio de tantas horas de trabalho? Talvez porque tivemos um início comum. Talvez porque há 30 anos vivi e cresci no mesmo sítio onde elas tinham vivido, tive os mesmos sonhos, a mesma forma de viver. Talvez seja um sentido de camaradagem e de proteção por quem não conhecemos individualmente mas que, mesmo assim, faz parte da nossa Vida.

Regressei a casa com a urgência de reler o poema Ítaca que me foi dado com muito amor, após sair do Instituto, no início da minha vida adulta.

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ÍTACA Konstantinos Kaváfis (1863-1933) Se partires um dia rumo a Ítaca, faz votos de que o caminho seja longo, repleto de aventuras, repleto de saber.

Nem Lestrigões nem os Ciclopes nem o colérico Posídon te intimidem; eles no teu caminho jamais encontrarás se altivo for teu pensamento, se sutil emoção teu corpo e teu espírito tocar.

Nem Lestrigões nem os Ciclopes nem o bravio Posídon hás de ver, se tu mesmo não os levares dentro da alma, se tua alma não os puser diante de ti.

Faz votos de que o caminho seja longo.

Numerosas serão as manhãs de verão nas quais, com que prazer, com que alegria, tu hás de entrar pela primeira vez um porto para correr as lojas dos fenícios e belas mercancias adquirir: madrepérolas, corais, âmbares, ébanos, e perfumes sensuais de toda a espécie, quanto houver de aromas deleitosos.

A muitas cidades do Egito peregrina para aprender, para aprender dos doutos.

Tem todo o tempo Ítaca na mente.

Estás predestinado a ali chegar.

Mas não apresses a viagem nunca.

Melhor muitos anos levares de jornada e fundeares na ilha velho enfim, rico de quanto ganhaste no caminho, sem esperar riquezas que Ítaca te desse.

Uma bela viagem deu-te Ítaca.

Sem ela não te ponhas a caminho.

Mais do que isso não lhe cumpre dar-te. Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.

Tu te tornaste sábio, um homem de experiência, e agora sabes o que significam Ítacas.

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Maria José da Paz Olímpio – AA Nº 102/ 1959

Para uma melhor qualidade de vida

N

o dia 27 de Maio, teve lugar na sala do Conventinho do Lar – Nova Casa, uma “Conversa” em que participaram residentes e familiares, voluntárias, técnicas e funcionárias, tendo sido prelectora a Professora Doutora Teresa Ramilo, PhD em Ciências do Desporto e especialista em Gerontologia que se debruçou sobre o tema «Continuum de vida... Estilo de Vida Activo e Participativo”.

A motivação primeira desta conversa teve que ver com a possível concretização de um sala de fisioterapia no Lar e a necessidade de ouvir o que uma especialista tinha a dizer-nos sobre essa ideia.

Porque a vida é cheia de imprevistos, o sistema audiovisual não quis colaborar e a conversa decorreu à moda antiga, de olhos nos olhos, com o entusiamo da … qualidade de vida é algo Professora que começou por chamar que se vai construindo a atenção para a importância da quaao longo da vida lidade de vida nas diferentes idades por que cada uma de nós passa, desde através de um desafio diário, a infância, juventude, idade adulta, procurando alternativas sempre num continuum, até aquela em que a maioria das residentes se que reduzam o impacto encontra.

da idade.

O maior desafio ao envelhecimento não é somar os anos mas mantermo-nos activos.

Assim, a qualidade de vida é algo que se vai construindo ao longo da vida através de um desafio diário, procurando o nosso bem estar e alternativas que reduzam o impacto da idade.

Espera-se de nós, em cada idade, um determinado tipo de actuação no que diz respeito ao estilo de vida, que se quer saudável e onde a prática do exercício físico é fundamental.

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AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

Os benefícios do exercício físico regular e de componente aeróbia está provado que se reflectem na composição corporal, nos sistemas cardio-respiratório e músculo/esquelético, nos órgãos internos e na força.

Temos que treinar, porque treinando faz-se melhor e não é só repetir, mas repetir com conhecimento, qualidade, estratégia.

A actividade física regular contribui também para uma melhoria do comportamento sensorial e psicomotor e ainda do bem estar psicológico levando assim a uma melhor integração do idoso.

Referiu que a pessoa tem que aprender a servir-se de pequenos truques, mas nunca desistir, pois tem sempre que aproveitar as qualidades que ainda possui.

Por exemplo, se já tem falta de equilíbrio quando está em pé, se afastar os membros inferiores pode encontrar um ponto de equilíbrio que lhe facilita o estar em pé.

Foi realçado que a postura e a posição correcta das costas não só impedem que estas se deformem, mas também

Em todas as idades a dignidade do ser humano não pode ser posta em causa e foi chamada a atenção para uma certa subalternização do “idoso”, em que, por vezes, a família ou os cuidadores têm tendência a cair.

Há que dar voz ao sénior e estimular a sua autonomia, o que pode e deve ser feito, também, através da actividade física.

Esta pode revestir aspectos muito simplificados, como no caso das residentes em cadeira de rodas, que podem fazer exercícios para as mãos, que estimulam o cérebro, com um simples lenço, ou incentivando, as que podem, a fazer crochet, ou no caso da Sra. D. Stella, com os seus 104 anos, as já suas célebres frioleiras.

A incapacidade é redutora, mas não totalmente incapacitante e temos que procurar insistir em a ultrapassar.

que o peso dos outros órgãos dobrados recaia sobre a bexiga provocando a incontinência urinária.

Sentada numa postura correcta, levantando as pernas estão-se exercitando os abdominais e os músculos de coxas e pernas.

No decorrer da conversa foi também chamada a atenção para a importância da água na composição corporal e a LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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necessidade da sua contínua reposição no nosso organismo, pois é fundamental para o bom funcionamento do cérebro e dos diferentes sistemas orgânicos e, nestas idades avançadas, é necessária uma atenção redobrada dos cuidadores.

Estes, por sua vez, também terão de cuidar-se, quer física quer mentalmente, para estar à altura do que deles se espera, pois são profissões de desgaste rápido.

A família, os amigos e os vizinhos são factores importantes para a motivação e estímulo dos idosos, para a actividade física que promova a sua autonomia possível, mas ouvi-los é fundamental quando a pessoa tem capacidade dialogante.

O exercício físico, no entanto, seja ele qual for, tem sempre que ser adaptado à idade e ao estado de saúde de quem o pratica. No caso específico das residentes do Lar, há que ter em consideração que qualquer actividade que se venha a realizar terá que ser segura e confortável, adaptada e personalizada, com vista a obter competências físicas e

cognitivas, que levem a uma maior autonomia, a uma progressiva integração social mais estimulante, combinando actividades regulares e pontuais, procurando a diversificação e sempre que possível usufruindo do ar livre. Além do possível sala de fisioterapia é necessário aproveitar o espaço físico exterior, no caso, o jardim existente e para as residentes com maior mobilidade os jardins, quer do Largo da Luz, quer do Convento dos Franciscanos, para que haja um quotidiano socializante e integrador.

Uma das profissionais auxiliares que assistiu, e a quem foi perguntado o que é que salientaria do que ouvira, referiu ter ficado sensibilizada para a questão da dignidade e da promoção da autonomia nos seniores.

No final da conversa, a residente Sra. D. Cristina Stone ofereceu, em nome da AAAIO, uma lembrança à Professora Teresa Ramilo, a quem deixamos o nosso público agradecimento pelo seu testemunho e pela disponibilidade demonstrada.

`Atividade física não é apenas uma das mais importantes chaves para um corpo saudável, ela é a base da atividade intelectual criativa e dinâmica.a (John F. Kennedy)

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N

Q

Maria Helena Cavaco – AA Nº 218/1954

Festa da Flor este mês de Maio levámos os nossos residentes ao Pavilhão de Exposições na Tapada da Ajuda para apreciarem a 4ª Festa da Flor, de Lisboa.

A maioria não conhecia o parque da Tapada da Ajuda, onde se situa o Instituto Superior de Agronomia, em tempos parque de caça da família real, é actualmente um dos mais bonitos e frondosos parques botânicos de Lisboa, com uma floresta única de zambujeiros.

O Pavilhão de Exposições é da autoria do Arquitecto Luís Caetano Pedro de Ávila, é uma obra de arquitectura de ferro e vidro, de finais do séc. XIX, foi inspirado num Palácio existente em Paris, o palácio Trocadero.

O dia estava bonito e a luminosidade dentro do Pavilhão realçava a beleza dos arranjos florais.

Estes arranjos foram executados com flores do Montijo, oferecidas por todos os seus produtores.

Outras empresas de jardinagem apresentam também os seus produtos e a sua concepção.

Ao longo do percurso íamos recebendo conselhos de como devíamos regar esta ou aquela planta.

Este arranjo foi que suscitou maior interesse dos nossos residentes. Além deste arranjo também esta empresa executa centros de mesa com substrato em areia e decorações de pétalas e botões de flor, tornam original e requintada uma mesa. Desta vez tivemos a ajuda da Teresa Lino, antiga aluna, que nos habituámos a ver no Lar pois frequentemente visita o seu Pai e que disponibilizou o seu carro e levou uma Residente que se movimenta com andarilho e como tal puderam ir mais residentes a este passeio. É uma ideia a explorar o apoio dos familiares dos residentes nestes passeios.

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A n t ó n i o F o n s e c a e S i l v a – AA Nº 440/ 1960 CM

Ensemble pour toujours

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m 16 de maio de 2014, pelas 19h00, teve lugar na Galeria/Livraria Verney em Oeiras, a inauguração da Exposição Ensemble que poderia ter como subtítulo “O combate cada vez menos silencioso das mulheres, neste tempo de grandes transformações” Europa – Portugal, maio de 2014.

Sessenta desenhos, pinturas, esculturas e gravuras de duas antigas alunas do Instituto de Odivelas, que já foram meninas e hoje são seres humanos adultos, criativos, inteiros.

Num ambiente informal e simpático, cerca de oitenta e tal pessoas amigas, curiosas e informadas, puderam e quiseram estar presentes (casa cheia para a média habitual do espaço) num beijo e num abraço à Fernanda Seles e à Maria Antónia (Maria Melo).

Foi bom para elas e bonito para todos, percorrer com os nossos olhos as oitenta obras ali expostas.

O Presidente da CMO, Dr. Paulo Vistas, a Vereadora da Cultura Dra. Marlene Rodrigues e o Chefe de Divisão da Cultura, Dr. Manuel Machado, AA CM Nº 275/1961, cumprimentaram, prefaciaram e acarinharam este evento. Para ele também contribuiu toda equipa da CMO num trabalho invisível de logística e execução.

Ao longo da semana seguinte, outras pessoas visitaram e apreciaram os trabalhos das duas Artistas. Penso que todos saímos dali mais leves e satisfeitos.

Venham mais vezes. Façam mais coisas e encontremo-nos para as ver e para nos vermos.

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AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

Maria Noémia de Melo Leitão distinguida pela SHIP

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o dia 14 de Maio de 2014, Maria Noémia Neto Miranda de Melo Leitão, AA 245/1931 e presidente do Núcleo Feminino da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP), recebeu das mãos do Dr. Eugénio Ribeiro Rosa, presidente Emérito do Conselho Supremo, o Diploma de Sócia Honorária da SHIP. Trata-se de uma distinção de grande elevação que foi atribuída em Assembleia Geral da SHIP no dia 15 de Dezembro de 2011 e que poucos sócios alcançam.

Nos Estatutos da SHIP “é sócio honorário o nacional português que tenha prestado serviços de excecional distinção à Pátria ou extraordinários e muito relevantes à SHIP, e que como tal, seja reconhecido pela assembleia geral, sob proposta da direção central ou de um mínimo de 50 sócios”.

Cumprimentos às Entidades Militares

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AAAIO apresentou, durante o mês de maio, cumprimentos às entidades militares, Tutela dos Estabelecimentos Militares de Ensino, a saber: Diretor de Educação, Major General Cóias Ferreira, Comandante de Instrução e Doutrina, Tenente General Rovisco Duarte e, por fim, Chefe do Estado-maior, General Carlos Jerónimo.

A todos expressou a sua preocupação pelo processo de encerramento do IO, em curso, e o empenho da Associação em defender a sua Escola, fazendo sempre parte da solução e não do problema.

Aproveitando ainda a visita ao Comandante de Instrução e Doutrina, em Évora, fizemo-nos acompanhar por algumas residentes e duas Voluntárias, que muito apreciaram a oportunidade de (re)visitar a cidade e o cromeleque dos Almendres.

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M a r t a Pa t a

“Vantagem injusta”

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ntes de mais, como se começasse pelo fim; não consigo convosco partilhar o que me trouxe o Encontro “Ser Empresário”, sem antes dirigir à AAAIO um muitíssimo obrigada pela oportunidade proporcionada, pela lembrança de tão emergente tema e pela concretização, com enorme sucesso, do referido encontro.

Encontrando-me agora no desemprego e sendo Mãe solteira com dois filhos menores, o ter assistido a este encontro, foi para além de um grande estímulo, o aprender e apreender o que, efectivamente é, ser Empreendedor. Com que olhar nos podemos e devemos posicionar perante o mundo que nos rodeia e está à nossa volta … com mais questionar; e de que forma nos podemos equacionar a nós como forte ponto de partida para criar o próprio emprego, ou para criar um pequeno ou grande negócio, descobrindo antes de mais a “vantagem injusta” de cada um de nós! (este foi para mim o termo mais forte de Participar ativamente, toda a palestra).

envolver e ser envolvido

… Ao fim e ao cabo, este encontro tornou-se numa lição de vida, focando variadíssimos aspectos necessários e inerentes, a um bom crescimento enquanto indivíduos e enquanto cidadãos. De como os valores transmitidos e assimilados na Família, na Educação e na Sociedade são cada vez mais elementos cruciais para uma boa estrutura pessoal diferenciando-nos assim entre indivíduos que participam activamente, se envolvem e se sentem envolvidos como fazendo parte de um todo, no lugar de quem se põe à margem, desresponsabilizando-se e apenas lamentando, esquecendo-se das suas obrigações e deveres, … tudo isto são valores que saltam à vista quando se presencia qualquer evento organizado ou celebrado pela Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas, a coesão que demonstram não só entre si, mas também a firmeza dos seus laços.

Responsabilização, Empenho, Consciência, Dever, Comportamento Adequado, Atitude, Concreto, Sucinto, Criatividade, Audácia, Paixão … todos estes adjectivos

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AT I V I D A D E S D A A A A I O E S U A S S Ó C I A S

se mantiveram a pairar no ar como focos orgazicionais de qualquer atitude/acção.

Virgínia Trigo foi o estímulo, a instigadora, a que semeou …

Ao ouvir a exímia Virgínia Trigo, com a excelente demonstração com que nos presenteou, focando a importância de todos os adjectivos já anteriormente mencionados e a paixão com que nos transmitiu todo o seu saber, não deixando margem para duvidas, de que menos é mais e de que é essa mesma paixão com que estuda o que sabe e com que demonstra que sabe o que estuda, que fazem a diferença e nos “deixam o bichinho curioso de interrogar o mundo á nossa volta e de lançarmos a cada um de nós o desafio de ser mais, de dar mais e de ir mais longe.

Por fim e no fim, mas não menos importante, Isabel Pinto Correia deixou a esperança de tornar possível a concretização de todos os sonhos e ideias latentes ao dar conhecimento da existência da Associação Nacional de Direito ao Crédito (que segue a linha de pensamento e inter-ajuda do premiado Nobel Muhammad Yunus – 1976 Bangladesh), “Lugar” que se pode procurar para pedir ajuda tanto para a concretização como para o estudo de viabilização do próprio emprego ou “qualquer” pequeno ou grande negócio.

Com gratidão.

`O vosso tempo é limitado, então não percam tempo a viver a vida dos outros. Não fiquem aprisionados pelo dogma – que é viver com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não deixem o barulho da opinião dos outros abafar a vossa voz interior. É mais importante ainda, tenham a coragem de seguir o vosso coração e a vossa intuição – eles sabem o que vocês realmente querem. Tudo o mais é secundário.a Steve Jobs

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AGENDA

Pa r a f i c a r i n f o r m a d o s o b r e t o d a s a s a c t i v i d a d e s d a A A A I O p a r a 2 0 1 4

Agenda Data

Hora

Atividade

Local

24 de junho

17h30

Conferência sobre Empreendorismo – Virgínia Trigo, AA Nº 369/1959 e Ana Sousa Dias, AA Nº 100/1966

ISCTE

28 de junho

13h

Festa dos Santos

Nova Casa

18 de julho

18h

Chá convívio com Antigas Professoras do IO

Nova Casa

25 de julho

18h

Chá de homenagem aos anteriores Corpos Sociais da AAAIO

Nova Casa

15-30 de setembro

Entrega de trabalhos para o Concurso de Fotografia "As minhas férias de Verão"

Plano semanal das actividades sócio-culturais do Lar “Nova Casa” Manhã

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TERÇA-FEIRA

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Tarde

MISSA

SESSÃO DE CINEMA

(Capelão Padre Borges)

Às 12h

(Assistente Social Andreia Martins)

LEITURAS

(Voluntárias Helena Cavaco, Rosa Dentinho e Dália Lacerda e Assistente Social Paula Santos)

PASSEIO (Quinzenal)

QUARTA-FEIRA

(Voluntária M. Margarida Pereira-Müller)

Das 12h às 13h

SESSÃO CORAL (Voluntárias Mª. Emília Canelhas, Teresa Pacetti, Rosete Milheiro e Leonor Tavares)

TEATRO DA LUZ QUINTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA

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(Programa da Antena 1 “Viva a Música”)

TRABALHOS MANUAIS (Voluntária Dália Lacerda)

M . M a r g a r i d a Pe r e i r a - M ü l l e r – A A N º 2 4 4 / 1 9 6 7

A música é sal, cor, luz

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arla Simões, AA Nº 190/1985, viveu alguns anos atribulados no colégio, mas foi lá que a semente da música e do canto começar a criar raiz. Para ela a música é a vida. A LAÇOS falou com a Carla sobre a sua profissão, os seus sonhos e a sua passagem pelo IO.

Carla, diz o povo que “quem canta seus males espanta”. Aplica-se a ti?

Em todos os sentidos, até! Afugento os meus males quando canto e esforço-me fazer o mesmo por quem me ouve.

Na verdade, a música tem essa maravilha em si: quando soa, o mundo em redor pára e esse efeito é, tanto mais conseguido, quanto maior é a qualidade musical. No mundo da música clássica, temos o privilégio de trabalhar com os melhores compositores de todos os tempos, com os músicos mais talentosos, trabalhadores e sensíveis... como Cantar faz-me poderíamos não voar para fora de nós? sentir viva Para além disso a voz tem uma espécie de “healing power”... ela é um espelho muito fiel da nossa alma e personalidade. Reflete e é altamente influenciada pelos estados de espírito que vivenciamos, pelos nossos níveis de energia. Pelo seu som, pela própria vibração que emite, surpreende-nos e comove-nos de forma sempre surpreendente e devolve-nos, em dobro, toda a energia que nela dispensamos. Quanto mais amor nela investimos, mais autoestima nos transmite. Através dela, voamos! É uma excelente terapia para qualquer pessoa.

O que te levou a seguir uma carreira de cantora lírica?

Ui! Tantas pequenas coisas... a mais importante é que, objetivamente... não há nada que gostasse mais de fazer. É um trabalho que me faz sentir viva, útil.

ANTIGA ALUNA

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O QUE É FEITO DE TI, AA?

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O QUE É FEITO DE TI, AA?

Eu adoro cantar desde pequenina.

Segundo a minha mãe já cantava antes de falar e fui abençoada com um ouvido (só agora o percebi) excecional.

Sempre achei que a minha voz não se adequava bem às músicas que se ouviam na rádio e, por volta dos sete anos, percebi porquê.

Nessa altura descobri um programa infantil na RTP que se chamava: “O Ma-

estro e Companhia”, se a memória não me falha. O programa contava a história de dois meninos que descobriam uma companhia de marionetas escondida num Teatro de Ópera abandonado, onde trabalhavam e montavam uma grande quantidade de óperas de reportório. Em cada episódio trabalhavam uma ópera específica. O Maestro (também marioneta) explicava aos meninos o enredo da peça, as personagens, curiosidades sobre o compositor e a maneira como o texto era trabalhado pela música. As outras marionetas (um soprano com cara de anjo, uma Mezzo de ar aguerrido, um tenor sonhador e um baixo-barítono, cozinheiro da companhia) cantavam as árias e ensembles mais conhecidos e importantes.

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Foi uma epifania! Aquelas melodias nunca mais me saíram da cabeça. Imitava-os sempre que podia... sonhava cantar assim: sem microfone, aqueles agudos estratosféricos, aquelas linhas açucaradas. Ali é que a minha voz se sentia bem. Aquelas harmonias mexiam comigo. Quando fui para o IO já cantarolava pelos corredores o “La Dona é mobile” e outras que tais (o que não me dava muita popularidade, como seria de esperar... pelo menos, não positiva) e o que pedia aos meus pais como prenda era sempre: - Levem-me a ver a “Carmen” de Bizet!

Mais tarde tive, também motivos mais prosaicos... tirei o curso de Direito, na FDL, e enquanto os meus colegas estagiavam de graça e lutavam contra o desemprego, comum nesta área, eu (que já estava no Conservatório Nacional) trabalhava intensamente nos palcos do São Carlos, São Luiz, TNSJ, CCB, etc...

Mais uma vez, frente ao real, escolhi o sonho... como de costume.

No IO, alguma professora te incentivou a seguir estudos nesta área?

No IO, todas as professoras percebiam uma coisa (conheciam-me bem!): “A Carla é mais do sonho...” A professora Marise Antolin y Moura, já subdiretora, chegou a dizer-mo textualmente, quando lhe disse que tinha seguido Direito e quase todas as outras, se não o disseram, sabiam-no e (muito importante!) respeitavam-no, como opção. Sempre senti que apesar dos sorrisos, a minha opção (vocação) era valorizada e eu considero isso muito importante.

Mas a que, sem dúvida, mais me influenciou foi a saudosa Margarida Reis, e o que conseguiu fazer connosco no Coro: as polifonias difíceis que nos

O QUE É FEITO DE TI, AA?

ensinou com paciência de santo, o “Stabat Mater” de Pergolesi que cantámos com orquestra aos 12 anos...

A forma como foi desvendando os segredos da colocação, como me incutiu um autêntico amor pela correção da emissão vocal e da afinação, do fraseado... e a certeza de que o controlo vocal não se consegue senão pelo trabalho, disciplina, dedicação, exigência, autocrítica, trabalho, trabalho e trabalho! Nunca a esquecerei e trago-a sempre no coração.

Que formação fizeste para chegar onde estás?

Para além da experiência e trabalho de Coro no IO, nessa altura já tinha também aulas de piano e de solfejo.

Quando fui para a Universidade entrei para o Coral Lisboa Cantat e algum tempo depois experimentei aulas particulares de Canto. Preparei-me e entrei na Escola de Música do Conservatório Nacional, no primeiro lugar, no ano letivo de 1999/2000. Lá, fui aluna da Professora Ana Paula Russo e acabei em 2005, com 20 valores no exame final. Fui então convidada pelo professor Donal Maxwell (Diretor do National Opera Studio, em Londres) para continuar a minha formação com ele, gratuitamente e passei lá cerca de um ano, trabalhando também com as professoras Laura Sarti, e Lilian Watson. De volta a Lisboa, comecei a ter aulas com o Prof. João Lourenço, doutorado pela Universidade do Texas, e ainda hoje continuo a trabalhar com ele sempre que possível.

Durante este tempo participei também em diversas masterclasses e cursos com os professores Sa-

rah Walker, Tom Kraus, Rudolph Knoll (em Lisboa e no Curso de Verão da Universidade Mozarteum, em Salzburgo), Mara Zampieri, Lucia Mazzaria, Elisabete Matos, Jill Feldman (Curso de Música Antiga de Tomar), Enza Ferrari, Low Sieu Tuan e claro... onde aprendemos a sério é a trabalhar no palco.

Aonde queres ainda chegar? Quais são os teus sonhos profissionais?

A conjuntura está adversa a sonhos... o nosso trabalho exige também investimento financeiro para apostar em audições internacionais e em trabalho intensivo com correpetidores para manter um nível competitivo elevado e isso não é fácil.

Sonhos, tenho muitos: palcos internacionais... reconhecimento... mas, na verdade o que mais queria era poder trabalhar o meu repertório e interpretar personagens como Madame Butterfly, Liú ou a Tosca, de Puccini... A Isabel de Valois, do D. Carlo ou a Desdémona, do Otelo de Verdi, a Electra, do Idomeneu de Mozart, a Nedda de I Pagliacci... por aí a fora.

E voltar muitas vezes ao meu querido S. Carlos.

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O QUE É FEITO DE TI, AA?

Do que mais gostas da tua profissão?

E do que gostas menos?

Do que gosto mais: a felicidade e adrenalina de subir ao palco! O descobrir diário de novas maravilhas musicais até em peças que conhecemos há anos. A ausência de rotinas, a alegria no ambiente de trabalho, conhecer pessoas novas e interessantes e o trabalho duro dos ensaios.

Do que gosto menos... a total instabilidade, a completa inexistência de uma política competente para a Cultura e para a criação de públicos no nosso país e o desrespeito generalizado pelas

profissões artísticas que daí advém.

Bem... também não gosto muito de Audições... mas são ossos do ofício.

Como vês a tua passagem pelo IO? Ooops... posso dizer que só 10 anos depois de ter saído é que comecei a conseguir fazer um caminho na direção de reconciliação com esse período da minha vida. Quando saí não conseguia ver castanho (muito menos vestir-me de castanho!) e tinha um ódiozinho de 32

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estimação aos meus pais por me terem convencido a ir para o Colégio.

Os meus primeiros cinco anos no IO foram traumatizantes. Sentia-me muito só, fui muito ostracizada pelas colegas a quem dava excelentes razões para me considerarem uma “ave rara”: passava o dia com o nariz enfiado em livros, escrevia poemas, cantava ópera, era extremamente desarrumada, distraída até à inconsciência, nunca me defendia, detestava correr ou ter de me mexer, era tímida, tinha uma franja medonha e uns óculos aterradores, achavam-me gordinha, “panhonha”... etc, etc, etc...

Aos dezasseis anos... acordei! Também não era assim tão gorda, nem tão feia como diziam! Até era uma miúda inteligente e sabia muitas coisas que as outras não sonhavam e ninguém tinha nada a ver com a forma como eu arrumava, ou não, as minhas coisas, ou o meu cabelo.

Percebi que tinha jeito para o Teatro (Avé Manuela Machado), cantava bem, comecei a deixar de ligar ao que os outros diziam... e comecei a usar lentes de contacto! Digamos que dei a volta por cima e o colégio acabou por ter um papel muito importante na minha vida: ensinou-me a ter confiança em mim própria, a pensar pela minha cabeça, deu-me um sistema de vida baseado na meritocracia (que muitos problemas me dá num país como o nosso!) e oportunidades, nomeadamente na área da música, a que, de outra forma, não teria acesso.

Tens alguma história engraçada do teu tempo no colégio? ... Eu própria era uma história engraçada...

O QUE É FEITO DE TI, AA?

Tenho muitas das aulas e ensaios de Teatro, com a Manuela Machado em cima do alçapão do palco a gritar à Joelma (que estava lá debaixo): “– Cristina! Abre o alçapão!” ... Uma expedição à sala das professoras em que apareceu uma senhora das limpezas que fez o favor de fingir que não nos viu escondidas atrás dos sofás... A noite em que os colegas dos Pupilos partirem o vidro da casa onde dormíamos com um caroço de ameixa, durante a Peregrinação Militar – e a saudosa Sra. D. Conceição Leal aos gritos a dizer que ia tirar a licença de porte de arma! A fantástica expressão “cenas animalescas!!!”, que, também ela, criou numa colónia de férias em que participei, a propósito de um casal de namorados que descobriu a suposta praia privada do nosso Forte e que conseguíamos ver pela varanda , enquanto atirava baldes de água pela dita, repetindo: “AH! Se eu tivesse uma mangueira!...”

E alguma menos positiva?

Uma quarta feira a minha mãe foi ao colégio, de boleia com os pais de uma colega, para assistir a qualquer evento em que eu participava... não me recordo qual. Por alguma razão, convenci-me que me levaria para casa naquela noite.

Outras colegas também iam e estávamos todas fardadas. Quando percebi que ela

não vinha a contar com isso e que não era suposto ir para casa, foi um fim do mundo! Lembro-me perfeitamente de ver a minha mãe, como ao fundo de um túnel, na porta de saída do claustro principal, de lágrimas nos olhos porque eu rebentei num pranto inacabável. Ainda hoje não percebo o que aconteceu.

Já era crescidinha – até já tinha farda de saltos, acho eu – mas não conseguia parar. Fiquei como uma criança de dois anos... Gritei e chorei até já não conseguia ver nada e a pobre da minha mãe teve de voltar para trás e levar-me para dormir em casa. No dia seguinte regressei pelas seis da manhã porque o meu pai trabalhava logo às oito e meia e nós não morávamos assim tão perto... O subconsiente prega-nos partidas.

Alguém disse: “Sem música, a vida seria um erro”. Para ti música é vida?

Diria que, para mim, a vida sem música seria a preto e branco, seca. A música é o sal, a cor, a luz. É o riso das crianças, é o barulho das ondas do mar, é o abraço quente do sol num dia de verão, é a chuva e o trovão da tempestade, é a inspiração para ultrapassar as dificuldades... De certa forma, acredito que existência da música é a derradeira prova da existência de Deus.

Poderia viver sem música mas... acho que perderia a minha humanidade.

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Infelizmente não somos eternos e é sempre com pesar que dizemos adeus a colegas e residentes

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IN MEMORIAM

I N MEMO RI A M

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Maria Alice de Jesus Ricardo Cubo Residente na Nova Casa A 08 de janeiro de 2014

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Virgília Pacheco Residente na Nova Casa A 18 de janeiro de 2014

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Zulmira dos Santos Fernandes Residente na Nova Casa A 08 de março de 2014

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Maria Amélia Villaverde Esguelha AA Nº 38/1935 A 11 de maio de 2014

No passado dia 31 de maio de 2014 teve lugar a celebração da Primeira Comunhão e da Profissão de Fé dos Três Estabelecimentos Militares de Ensino na Igreja de S. Dinis do Mosteiro de Odivelas. A cerimónia religiosa presidida pelo Capelão Major António Borges decorre, como é tradição, no 3.º período do ano letivo. As professoras de Educação Moral e Religiosa Católica, Maria do Rosário Duarte e Teresa Martinho, colaboraram na preparação e na realização desta festividade religiosa, bem como as professoras catequistas Luísa Boléo, Margarida Lima e a aluna catequista do 11.º Ano, Ariana Santos.

Receberam o sacramento da Eucaristia (Primeira Comunhão) e fizeram a Profissão de Fé, alunas do Instituto de Odivelas, alunos do Colégio Militar e alunos do Instituto dos Pupilos do Exército.

Estiveram presentes as entidades

Fotografia da AA MARIA TERESA MAGALHÃES

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convidadas, o diretor do Instituto de Odivelas, coronel António Niza Pato, a coordenadora pedagógica, professora Maria de Lourdes Loureiro, professores, pais, familiares e amigos das alunas e dos alunos.

A antiga professora do Instituto de Odivelas Natércia Simões dirigiu um coro de alunas.

A cerimónia religiosa terminou com um momento especial e simbólico em que alunas e alunos ofereceram

uma flor à imagem da Padroeira de Portugal, Nossa Senhora da Conceição, oferecida pela Rainha D. Maria Pia às alunas do então Instituto Infante D. Afonso, assim designado até 1910.

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Primeira Comunhão e Profissão de Fé no Instituto de Odivelas

NOTÍCIAS DO IO

NO T Í CI AS D O I O

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NO T Í C I A S D O I O

Celebração do Crisma dos Três Estabelecimentos Militares de Ensino no Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso

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o passado dia 10 de maio de 2014 teve lugar a celebração do Crisma dos Três Estabelecimentos Militares de Ensino, na Igreja de S. Dinis e S. Bernardo do Mosteiro de Odivelas, presi-

decorre, como é tradição, no 3.º período do ano letivo. As professoras Maria do Rosário Duarte e Teresa Martinho, de Educação Moral e Religiosa Católica, colaboraram, como é habitual, na preparação e

dida por D. Manuel da Silva Rodrigues Linda, Bispo da Diocese das Forças Armadas e de Segurança. O Capelão dos três estabelecimentos militares de ensino, Major António Borges organizou a cerimónia religiosa que

na realização desta festividade religiosa.

Receberam o crisma as alunas do Instituto de Odivelas (IO), os alunos do Colégio Militar (CM) e dos Pupilos do Exército (IPE), bem como militares do IO e do CM. Es-

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tiveram presentes o Diretor de Educação, Major-General Cóias Ferreira, o Diretor do Colégio Militar, Coronel Feliciano, o Diretor do Instituto de Odivelas, Coronel Niza Pato, a Coordenadora Pedagógica, professora Maria de Lourdes Loureiro, professoras catequistas, professores, militares, funcionários civis, pais, familiares e amigos das alunos e militares envolvidos neste evento religioso.

A antiga professora do IO Natércia Simões dirigiu o Coro e a aluna do 12.º ano Ana Patrícia Lavado foi solista.

A cerimónia revestiu-se de grande significado e simbolismo para todos os presentes, em especial para todos aqueles que seguem mais uma etapa espiritual nas suas vidas cristãs.

NO T Í CI AS D O I O

Rita Marques e Marta Alves, Campeã Nacional e Vice-campeã Nacional de Espada Feminina

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os dias 10 e 11 de maio de 2014 decorreu o Campeonato Nacional de Iniciados, organizado pela Federação Portuguesa de Esgrima, em Viana do Castelo. O Instituto de Odivelas foi representado ao mais alto nível pelas alunas Rita Marques e Marta Alves, que se sagraram Campeã Nacional e Vice-campeã, respetivamente, na modalidade de Espada feminina.

Congratulamos as alunas pela sua excelente participação no Campeonato Nacional.

Intercâmbio Escolar Instituto de Odivelas – Maison d'Éducation de la Légion d'Honneur

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os dias 12 a 16 de maio de 2014, o Instituto de Odivelas recebeu a Senhora Diretora da Maison d'Education de la Légion d'Honneur de Saint-Denis, Marie-France

Lorente a Senhora “Chargée d’Études (função idêntica à de Coordenadora Pedagógica) e dez alunas francesas da Maison d´Éducation de la Légion d´Honneur (MELH).

Como é habitual, a estada decorreu de acordo com um programa que incluiu atividades e visitas culturais e recreativas a par da vivência diária no IO. Foram realiza-

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NO T Í C I A S D O I O

das visitas ao Santuário do Cristo Rei, ao Castelo de S. Jorge, ao Mosteiro dos Jerónimos e à Torre de Belém, ao Mosteiro da Batalha, ao Palácio da Pena e à Baixa de Lisboa. Acompanharam as visitas, alunas do 11.º e do 12.º ano e as professoras de Francês, Alda Valente, Conceição Silva, Dulce Salgado, Ilda Pascoal e Maria Manuel Rosa. No último dia, antes do regresso a Paris, houve um almoço de confraternização e despedida no IO. Anualmente, e de forma alternada, um grupo de alunas francesas permanece cerca de uma semana no IO e um grupo de alunas do IO viaja até Paris, pelo mesmo período de tempo. Assim,

e necessariamente, algumas diferenças o que resulta numa experiência muito enriquecedora para a formação das alunas, francesas e portuguesas, uma vez que contempla a abertura de horizontes que só a viagem e a estada num país estrangeiro podem proporcionar.

A Senhora Diretora da MELH reformulou junto da Direção o convite para as antigas alunas de Odivelas que pretendam prosseguir estudos ou estágios em Paris ficarem instaladas na escola de Saint Denis. Também as alunas do IO que se deslocam a Saint Denis são selecionadas de acordo com critérios previstos no Projeto Educativo e no Regulamento Interno do IO.

há 36 anos que se mantêm estreitos laços culturais e de convívio entre alunas cujo percurso escolar tem muitas semelhanças mas também,

As «demoiselles d'honneur» e as «meninas de Odivelas» tiveram mais uma ocasião de reforçar os laços de amizade que sempre têm unido as

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respetivas direções e as sucessivas gerações de alunas.

Breve história do intercâmbio O Instituto de Odivelas (IO) mantém, desde 1977, um intercâmbio escolar com a (MELH) de Saint-Denis (Paris). Trata-se de uma escola feminina em regime de internato, fundada em 1805 por Napoleão Bonaparte, destinada às filhas dos membros civis e militares da Legião de Honra. Funciona, desde 1811, no Mosteiro de Saint Denis, nos arredores de Paris, e é frequentada por cerca de 500 alunas do ensino secundário e do ensino superior. A Légion d’Honneur tem em Saint-Germain-en-Laye outra escola, com cerca de 500 alunas internas do ensino básico.

Nos finais do século XIX, os fundadores do denominado Instituto do Infante D. Afonso (IIDA) inspiraram-se nas MELH pois os propósitos eram semelhantes: fundar uma escola feminina em regime de internato destinada, numa fase inicial, às filhas de militares do Exército e da Marinha. Com efeito, a 5 de maio, de 1898, a Comissão para o Estabelecimento das Bases do Estatuto do IIDA comparou a organização, o funcionamento e o plano de estudos das MELH com o projeto educativo do futuro IIDA.

NO T Í CI AS D O I O

Mariana Gomes conquistou o 2.º Lugar no Open de Obstáculos de Equitação

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o passado dia 10 de maio de 2014 teve lugar, na NPRAME, antiga Escola Prática de Cavalaria, em Abrantes, o Open de Obstáculos. O Instituto de Odivelas foi representado pela aluna Mariana Gomes, que montou o cavalo LETHEN, tendo competido na prova de 0,80 metros, num total de 18 concorrentes.

A aluna Mariana Gomes foi a nona concorrente da prova, realizando um percurso sem

faltas e no tempo mais rápido, realizando desde logo o melhor resultado da prova, tendo sido apenas alcançado pelo último concorrente.

Congratulamos a aluna Mariana Gomes pela sua excelente participação na prova, onde alcançou um honroso 2.º lugar.

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NO T Í C I A S D O I O

O Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso nas Comemorações Oficiais do 40.º Aniversário do 25 de Abril

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Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso participou nas cerimónias do 40.º Aniversário do 25 de Abril que decorreram no Terreiro do Paço, em Lisboa, num evento em que marcaram presença as Forças Armadas Portuguesas.

Inseridas numa demonstração gímnica dos três estabelecimentos militares de ensino, as alunas da Classe Especial de Ginástica do Instituto de Odivelas atuaram com a graciosidade, a energia e o rigor que são seu apanágio e foram alvo de elogios e aplausos por parte do público presente na Praça do Comércio, junto à estátua equestre de D. José I. A Classe Especial de Ginástica do IO possui no seu cur-

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rículo diversos prémios e medalhas, foi já considerada a Classe do Ano pela Federação de Ginástica de Portugal e tem representado o IO e o país em várias galas e competições nacionais e internacionais.

As alunas do Instituto de Odivelas estiveram, como sempre, “cada vez mais alto”.

Joaquina Cadete Phillimore – AA Nº 193/1960

Gisela Ramos Rosa Prémio Glória de Sant’Anna

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asci em Moçambique. As minhas primeiras lembranças remontam a essa terra cor de fogo onde o sol, ao nascer, transformava o frio em orvalho e as coisas em seres. Dessa terra ecoam no meu imaginário os batuques, cujo som em lentas ondas se propagava pela noite anunciando a cíclica repetição de rituais. Todas as noites naquela Zambézia quente e húmida, as pessoas repunham harmoniosamente as suas formas de ordenação do mundo... “ É assim que se apresenta Gisela Ramos Rosa na introdução da sua tese de mestrado, “Olhar a Diferença, percurso antropológico pelas imagens das margens sociais” de 2002.

Gisela Ramos Rosa não é antiga aluna do IO mas o seu nome ficará para sempre ligado ao da AA Glória de Sant’Anna, já que foi, este ano, a Sempre fui poeta galardoada com o prémio literário que na forma de estar perpetua o nome da nossa Colega.

Nasceu em Moçambique, terra onde Glória de Sant’Anna viveu muitos anos e que a marcou profundamente. Que influência teve esta “terra de fogo” no seu percurso literário?

Essa terra cor de fogo é, ainda, o meu amplo horizonte. De Moçambique sinto o cheiro da terra húmida e das queimadas que via quando viajava com o meu pai, de comboio, em criança. A natureza, o Sol, as várias culturas presentes e o animismo africano povoam o meu imaginário.

O ser sobrinha de um grande Poeta como António Ramos Rosa condicionou-a ou ajudou-a nesta trajetória?

À CONVERSA COM...

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assim que reencontrei o meu tio poeta Acho que sempre fui poeta na forma de que conhecia desde criança através de estar, mesmo antes de pensar em sê-lo. meu pai, seu irmão.

As questões do Humano, da Igualdade Ao reencontrar o poeta, uma rosa dese da Vida, em si, estiveram sempre prepontou, a que no sangue transportava sentes em mim desde pequena. O meu e a que no rosto se ergue com a voz da pai Alberto, irmão do poeta António, popresença. Nas mãos do poeta enconvoou o meu imaginário com imagens do trei um rio infinito de paz e o caminho meu tio, contando-me episódios seus, de palavras encaminhavam-me ao popassados em Faro com a sua família, eta. Nas mãos do e o modo como o poeta havia silênseu irmão amava cios e palavras que o conhecimento e se multiplicavam a liberdade do Ser. nos poemas, nos Fui acompanhantextos, nos livros, do a sua escrita e nos desenhos, nos compreendia-a. seus alfabetos por Mais tarde, quando decifrar. vim definitivamenE, se nesta alte para Portugal, tura, o poeta foi sozinha, com 12 para mim aliceranos, pois os meus ce e salvação, sei pais cumpriam uma Gisela M. Gracias Ramos Rosa, fotograque pude dar-lhe, comissão de serviço fia de Maria Clarinda, 2012 também, de algum em Moçambique, modo aquilo que o vivi primeiro com a poeta precisava naquele momento da minha avó Vicência Alexandrina Ramos sua vida. Muitas horas de presença e Rosa, em Faro, e depois em Lisboa, afeto conjunto, uma troca de atenção onde fui morar em casa do meu tio poe de escrita, um resgate da raiz famieta. António, Agripina sua companheira liar, tanto para mim como para ele, a e Maria Filipe, minha prima, tiveram um amizade jovial, a entrega e a paz. E de papel importante naquela fase em que tudo isso que é Enorme e impossível de me adaptava a um novo lugar, a um descrever, resultou um diálogo poético, novo clima a novos códigos culturais e um livro que o poeta me sugeriu que o de aprendizagem. Fiquei sempre muito fizesse com ele e ao qual deu o título grata aos três pelo acolhimento que de Vasos Comunicantes (escrito em me deram.

2004 e publicado em 2006 pela editora Anos mais tarde, regressei à proximidaLabirinto). de com meu tio, levando-lhe uma rosa E respondendo à sua pergunta, sim o que pretendia unir os ramos do seu meu tio revelou-me o recurso poético nome, os inscritos no sangue e os que e o seu exercício como via para elevar o Sol reclama quando a palavra vida e transformar o Ser e o mundo. Para atravessa a noite e se dilata ao ponto de compreender e revelar, sem julgar. só a poesia poder revelar o mundo. Foi 42

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Sem dúvida que o poeta me ajudou a Ser e me transmitiu algo imenso que apenas o tempo e a escrita poderão revelar. Algo que trago comigo, indizível.

A proximidade ao meu tio colocou-me num lugar de visibilidade que eu não escolhi, mas que, naturalmente, foi crescendo. E se os Amigos mais próximos compreenderam o meu lugar de proximidade ao poeta, e a minha escrita como independente dele, outras vozes julgam a proximidade ao meu tio e a minha escrita de uma outra forma. Mas quanto a isso nada posso fazer, para além de revelar cada vez mais como fui sulcada por ele e como por mim despontei através da escrita. É uma Artista multifacetada já que escreve, pinta e fotografa. Destas várias leituras que faz do quotidiano há alguma que prefira ou complementam-se?

A escrita e a fotografia são as grafias às quais mais recorro. A pintura acontece em momentos raros, mas importantes.

Com a escrita preciso de disponibilidade interior e criativa, o que no quotidiano nem sempre acontece, dada a profissão que tenho. Desde os 24 anos que trabalho no Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária. Ingressei como escriturária em 1988 e, desde 1992, que sou perita forense. Todo o meu percurso profissional foi paralelo ao académico.

Penso que fui resgatar o meu passado africano estudando as Relações internacionais e Interculturais e neste processo pude descobrir como algumas políticas separam enquanto a poesia une. A poesia é para mim um processo de conhecimento e autoconhecimento. Só em momentos de silêncio me encontro com a escrita, quase sempre em casa.

Com a fotografia o meu encontro é mais fácil e recorrente. Os meus olhos são já a câmara atenta que quer fixar reflexos do visível no pensamento.

Sente algumas afinidades com a Mulher que dá o nome ao prémio que acabou de receber?

Esta pergunta é muito interessante.

Sinto-me ligada à sensibilidade da poeta Glória de Sant´Anna pela poesia e pela estreita afinidade em relação a África, onde eu apenas vivi doze anos mas que foram a base de tudo o que sou.

Como a poeta diz, também “Eu naveguei pelo interior de um longo rio humano/ de tempos diversos onde também há sangue vegetal,/ buscando o que acabei por encontrar – a imensa /angústia que se reparte./ Sobre isso escrevo./ Mas cuidado: a música da palavra é um casulo de/ seda. Só dobando-o com olhos atentos se chega à/ verdade – a solidão ansiosa e disponível./ No entanto, que cada um faça a sua leitura.” (Glória de Sant´Anna, Amaranto) Assim como a poeta amava os seus filhos também eu amo o meu. O meu filho Hélder nasceu quando eu tinha Fotografia de Gisela Rosa, António Ramos Rosa olhando um desenho seu (2008)

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dezassete anos, um tesouro que vi desabrochar e que desejo que seja o mais feliz possível. A minha mãe é também alguém muito importante na minha vida. A eles dediquei o livro tradução das manhãs, assim como ao meu pai e tio que já não estão fisicamente entre nós e, ainda, a minha tia companheira do poeta. Com eles aprendi a escrever a liberdade e o silêncio. entre o sulco e a chama Dediquei longos anos a aprender a configuração dos gestos e dos rostos, em cada silêncio em cada palavra proferida ou traçada. Nessa jornada em que me era concedido um instante de luz, pude

guardar a experiência do encontro entre o Fogo o Tempo e a Esperança. Apercebi-me que de um modo progressivo me aproximava de mim, nesse labor diário de transformação. Arrisquei perceber como o silêncio soma todos os sons em movimento e a linguagem comunga num incessante gesto com os signos.

Nessa trama desenhei uma roda onde cabiam todos os versos sulcados pelo fogo que deflagra quando o espírito toca a matéria. Rosa cruzada na labareda do instante, entre o sulco e a Chama, o Multiverso. Assim cheguei ao verso de outros versos, em projecção.

Gisela Ramos Rosa, a publicar em Antologia (no prelo)

Poema que dediquei aos rostos de António Ramos Rosa escrever sobre um rosto é traçar numa tela a matéria do silêncio como desenhar um rio inscrito na pele? há palavras na boca que dizem a palavra, o início, há palavras que dizem pão, há palavras no rosto há palavras há rosto há um rosto de palavras na minha mão, há uma fricção entre o rosto do mundo e o mundo do rosto há a Voz de um rosto que resiste e revela por entre as mãos há num rosto um olhar e um espelho, um animal insubmisso, há uma substância mental num rosto encontro um mapa de alianças, um fluxo de água num rosto confluem poema e tempo uma melodia de palavras em gestação Gisela Ramos Rosa (Janeiro de 2011)

Para saber mais sobre Gisela Ramos Rosa https://www.facebook.com/giselaramosrosa www.freewebs.com/giselarosa/biografia.htm http://olhares.sapo.pt/giselarosa/ http://amatrizdossonhos.blogspot.pt/ http://www.alinguagemdosrostos.blogspot.pt/ 44

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E sobre António Ramos Rosa h t t p s : / / w w w. f a c e b o o k . c o m / p a ges/Ant%C3%B3nio-Ramos-Rosa/145567105514886 http://estacienciadeinocenciaeagua.blogspot.pt/

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M . M a r g a r i d a Pe r e i r a - M ü l l e r – A A N º 2 4 4 / 1 9 6 7

A Laços agradece à Maria Noémia de Melo Leitão

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urante vários anos, a LAÇOS – na realidade, a nossa associação – contou com riquíssima colaboração da nossa colega Maria Noémia de Melo Leitão, AA Nº 245/1931.

Senhora suave e pacificadora, de uma cultura geral e histórica fora do vulgar e com uma compreensão do género humano que não se encontra em muitas pessoas, a Maria Noémia enviou-nos uma carta, anunciando que “não colaborarei, daqui em diante, na revista “Laços”.

Lamento tomar esta decisão porque a “Laços” – que vi nascer – constitui uma forma de, em algumas circunstâncias, ser uma forma de catarse”.

Sendo a mais nova de cinco irmãos, foi sempre muito acarinhada por toda a família, o que lhe moldou o seu carácter. A vida ensinou muito a Maria Noémia, não a deixando amargurada, mas com um espírito aberto e sempre com um louvor de ação de graças nos lábios.

DESTAQUE

DE STAQUE

Queridas Amigas Regozijando-me com a vitória da Lista constituída por AA que me merecem confiança nos destinos da nossa obra, por já terem feito parte de Corpos Sociais anteriores, conhecerem as dificuldades que implica uma direcção responsável e exigente, desejo que os novos elementos (novos na diversidade de cargos) encontrem as melhores circunstâncias na execução das tarefas, desde as mais simples às mais complicadas.

Como AA tranquiliza-me o facto de saber que a todas anima o desejo de bem servir com espírito colegial, isto é, de estreita colaboração.

A todas abraço fraternalmente, ao mesmo tempo que peço a Deus saúde e paz para vós e vossos familiares e a vossa compreensão pela alta missão que abraçaram, vendo-se recompensadas no vosso trabalho, no bem estar global das senhoras e senhores residentes.

Vossa dedicada Maria Noémia de Melo Leitão

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Lisboa, 1 de abril de 2014

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IDEIAS SOLTAS

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Maria de Lourdes Sant’Anna – AA Nº 278/1936

Paleta de cores vivas

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O meu professor de Português Vem-me à memória a jovem de 12/13 anos que pelo terraço dos claustros principais caminhava em direcção da aula de Português do Senhor Lobo de Campos.

Ela ia vestida com uma túnica de quadradinhos pretos e brancos e uma blusa branca, ele, o professor era apenas o Senhor Lobo de Campos, sem os títulos a que tinha direito por mérito próprio, Capitão do Exército ou Dr. do doutoramento.

Tanto aprendi com aquele senhor! A amar a minha língua pátria, fosse prosa ou poesia, a saber escutar Miguel Torga, Camões, Guerra Junqueiro. Como era grande o meu encantamento ao ouvir o Senhor Lobo de Campos trazer até à nossa aula “A Moleirinha”, “O Melro”, “Os Boizinhos”…

As aulas acabavam em geral na biblioteca – uma sala cheia de silêncios que nos transmitia uma grande serenidade a quebrar a irreverência Muito aprendi dos verdes anos.

Apreciava o valor que dávamos com o professor Lobo àquelas estantes cheias de livros, de Campos qual deles o melhor, a despertar a nossa curiosidade, a nossa ânsia de saber.

Tudo isto eu guardo comigo desde então, aquele senhor tão amigo que tanto me ensinou, eu guardo comigo a par do meu colégio, o Instituto de Odivelas.

Foi este meu professor que me levou à verdade dos bons Escritores, àqueles que fazem da escrita a melhor dádiva para as jovens ansiosas que tudo iam absorvendo numa infatigável vontade de saber e ficar com todos aqueles que nos eram transmitidos pelo Senhor Lobo de Campos, cuja memória trago aqui a todas quantas foram suas alunas.

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Aquele seu jeito bondoso, ansioso até de querer dar-nos o quanto sabia… maravilhoso professor encantador amigo!

Dele conservo a verdade guardada nos livros por aqueles que fazem da palavra a melhor dádiva e da sua harmonia coisas que fazem sonhar.

2. A casa da praia e o touro enamorado da quinta Olhando o Sol a nimbar o cúmulo da serrania sentia já saudades das outras grandes serras, do outro sol, da outra vida que vivi longe, do outro lado, dos passos que deixei marcados nos caminhos, os passos lentos ou apressados que assim legavam a minha presença fugaz por novas terras, entre outras gentes.

E o cheiro a terra, o aroma das flores como eu sentia de novo todos os anos vividos longe, a fazer novos amigos a construir raízes, novas raízes…

De norte a sul absorvíamos o que íamos encontrando, as penedias, o arvoredo, os rios, enquanto na nossa alma perdurava a marca das savanas, das imensas florestas onde trepadeiras enleavam e teciam espessas cortinas de cores... Enquanto os outros rios enormes e turbulentos a formar quedas de água revoltas, tudo isto se ia apossando de nós com a mesma intensidade com que o havíamos vivido. Uma saudade terrível que fazia doer.

E foi assim andando passo à frente passo atrás que descobrimos Porto Covo, pequena aldeia piscatória com as suas arribas, as duas praias, a grande e a pequena e sempre o ruído constante do mar subindo pelos

túneis que os séculos iam tecendo, para cair com estrondo deixando na atmosfera trovões seguidos uns aos outros que escreviam nas almas murmúrios de espanto enquanto eclodiam novos estrondos. E era lindo, de deixar as almas quietas, em silêncios respeitosos.

Mas como se não bastasse tanta beleza ao longe a Ilha do Pessegueiro, que decerto batidas do mar haviam separado do continente.

Mais tarde identifiquei a Vila com o seu nome, Porto Covo.

A entrada para os barcos de pesca era uma autêntica metade de um ovo, um oval que a água entrando pela terra dentro com certa impetuosidade ia marcando posse empurrando-a cada vez mais para lá ao longo de quantos séculos?

Mas foi tanta beleza que nos apaixonou e nos levou a comprar uma das pequenas casas de pescadores que bordavam a rua principal.

E a casinha duas janelas e uma porta na frente e um largo portão nas traseiras foi embelezada com o pequeno corredor de flores, com as escadas que levavam a um terraço onde além de ver o azul do mar e ouvir o ribombo do seu rebolar pelas arribas eu podia apanhar o sol, aquele sol quente que dava um tom castanho à pele.

Foi pois assim que a casa da praia tomou lugar nas nossas vidas e onde vivemos muito tempo.

Quanto ao touro enamorado da quinta, encontrámo-lo em Alfeizerão a terra do pão-de-ló, uma Vila bonita e mais além o mar em São Martinho LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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do Porto com a sua aberta limitada, e a praia de Salir com as enormes dunas de areia dourada onde era um prazer escorregar, deixando a marca dos corpos no ouro fino das dunas.

Isto para além da quinta no centro da Vila, que nos foi dado apreciar que deixou marca afirmativa em nós.

E foi pois isto que nos levou até à enorme quinta com árvores de fruto, talhões trabalhados em horta e gado leiteiro e lanígero além de dois imensos touros de cobrição.

Um enorme, negro, de 900 quilos. O outro branco e negro pesando apenas 1200 quilos era o Gigante nome que nos pareceu apropriado.

Foi pois este animal que nos deixou impressionados pelo seu compor-

tamento de um ser apaixonado.

Ronronava, batia as patas, recuava e vinha de mansinho mugindo para logo recuar e voltar até nós. Pulinhos, mugidos, cabeça balançando e logo correndo na nossa direcção como um cordeirinho.

Nunca tal havia visto, dizia o Feitor abanando a cabeça…

Acreditámos mas fomos embora deixando a tabuleta “vende-se” no portão para outros por quem o Gigante se iria decerto enamorar. Maravilhoso animal aquele que amava a vida e toda a gente que o visitava.

Ainda hoje tanto tempo decorrido, penso no admirável mundo de que tão pouco conhecemos.

Chá convívio com Antigas Professoras do IO Data: 18 de julho – 18h00 Local: Lar Nova Casa, no Largo da Luz. Inscrições: – na folha que se encontra na Receção principal do Lar (junto ao Livro de Visitas) – por telefone: 217 119 220 – por email: geral@aaaio.pt

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M . M a r g a r i d a Pe r e i r a - M ü l l e r – A A N º 2 4 4 / 1 9 6 7

Os mistérios do que comemos

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crítico gastronómico Fortunato da Câmara investigou a origem de muitos pratos famosos nacionais e internacionais e a Esfera dos Livros publicou em 2013 o resultado no livro “Os Mistérios do Abade de Priscos”. Não se trata de um livro de receitas mas de contos: histórias de muitos pratos que comemos regularmente ou de que já ouvimos falar.

Um pudim de ovos com toucinho é a mais conhecida, e única, obra de um pároco de uma aldeia minhota, escrita e cozinhada de cor há mais de 100 anos para agrado de milhares. São 15 gemas de ovo, uma calda de açúcar com 50 gramas de toucinho fresco e vinho do Porto, uma forma forrada com caramelo, uma hora ao lume em banho-maria – paciência e gulodice – e já está! O seu criador foi Manuel Joaquim Machado Rebelo, mais conhecido como Abade de Priscos. Um homem de alguns mistérios, um deles, o desaparecimento do livro de receitas que pensava publicar no final dos seus dias.

Este livro não é um livro de História, nem tão pouco um livro de receitas, mas sim um livro onde o crítico gastronómico Fortunato da Câmara nos conta histórias desconhecidas e curiosidades apetitosas de algumas iguarias, pratos, ingredientes que estamos habituados a degustar, com prazer no dia-a-dia, sem questionar o porquê da sua designação, a sua origem geográfica ou as figuras a eles ligados, por exemplo, sobre o nascimento numa cozinha grega da lasanha, a «mãe» das paste alla italiana, sobre a origem rudimentar por terras da Escócia dos famosos scones do elegante chá das cinco, sobre o Tiramisu que quer dizer literalmente «anima-te», sobre o Strogonof, um prato que tem origem numa das mais importantes famílias aristocratas da Rússia, de apelido Stroganov.

O autor, Fortunato da Câmara é um gastrónomo exigente e interessado na história dos alimentos. O seu primeiro livro, Alimentos ao sabor da história – receitas e curiosidades, publicado pela Colares Editora, foi distinguido nos Gourmand World Cookbooks Awards como o melhor de Portugal em 2011 na categoria «Culinary History».

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Uma declaração de amor a Portugal

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or ocasião do 40º aniversário da Revolução dos Cravos, uma alemã, Annegret Heinold, publicou na Alemanha a sua declaração de amor ao nosso país: “111 Gründe, Portugal zu lieben. Eine Liebeserklärung an das schönste Land der Welt“ (“111 razões para amar Portugal") (Schwarzkopf & Schwarzkopf Verlag, Berlin). Em 280 páginas, esta alemã que vive em Portugal há já três décadas, reuniu 111 razões para gostar do nosso país – mas que, segundo nos pareceu ao ler o livro, que ainda teria mais umas 111 que não pôde publicar pois a coleção intitula-se “111 razões….”

O livro está decididamente escrito para Alemães mas que poderá ser muito útil para Portugueses que trabalhem na hotelaria e na restauração para perceber o que poderão realçar sobre Portugal quando falarem com potenciais clientes alemães sobre este país à beira mar plantado.

Com um estilo bem disposto e muito positivo, Annegret Heinold fala não só dos clichés típicos sobre Portugal – as praias sem fim na costa do Atlântico, as sardinhas assadas, as aldeias históricas, a nossa doçaria, o fado, o bacalhau – mas aborda também as nossas florestas que adjetiva de míticas (felizmente não foca os incêndios florestais, infelizmente tão típicos…), os desportos de inverno na Serra da Estrela, as pedra parideiras, a Revolução – enfim, mostra um pais que tem algo para todos os gostos e para todas as bolsas.

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Maria Noémia de Melo Leitão – AA Nº 245/1931

Dona Catarina de Bragança Os chás

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o passado dia14 de Maio, a Dra. Maria de Jesus Caimoto Duarte pronunciou uma conferência, na SHIP, sobre Dona Catarina de Bragança.

A conferencista apresenta, sempre, temas de muito interesse ligados à nossa História, recheados de episódios e figuras notáveis que, por pertencerem ao passado, merecem ser lembrados, no presente, pois que um povo, ao esquecer as memórias que lhe deram vida é ingrato e caminha ao encontro da sua exclusão, num conceito global dos povos.

Antes de entrar no assunto que escolheu como tema, a Dra. Maria de Jesus Caimoto teve a gentileza de invocar o Núcleo Feminino da SHIP, ficando realçada, mais uma vez, a parceria estabelecida entre esta Instituição e a AAAIO. A palestra foi escutada com muito interesse, exposta com grande clareza e ilustrada por algumas gravuras que nos fizeram deambular por sítios ainda reconhecíveis quando, hoje, por lá passamos, como o Terreiro do Paço, embora com a falta de alguns elementos arquitectónicos de então.

Ao esquecer as memórias que lhe deram vida, os povos ficam ingratos e caminham ao encontro da sua exclusão

De todas as gravuras projectadas, fixei melhor a que mostrou alguns dos azulejos que, colocados de um lado e do outro da escadaria do Palácio Pombeiro reproduzem os preparativos e estratégias que anteciparam a partida da Princesa de Bragança rumo a Inglaterra.

Este palácio é hoje onde está instalada a embaixada de Itália.

* A autora não segue a NNOLP. LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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Dona Catarina de Bragança nasceu em Vila Viçosa, em 25 de Novembro de 1638 e faleceu em Lisboa, em 13 de Dezembro de 1705.

Aos dois anos viu-se envolvida por um ambiente diferente daquele que usufruía no Alentejo quente e rural, onde abundavam as laranjeiras cujo aroma, quando estavam em flor, embalsamava o ar.

Em Lisboa via-se rodeada de pessoas que se vestiam de forma diversa – militares e nobres segundo a sua patente e árvore genealógica. Até o irmão, D. Teodósio, já não era o rapazinho companheiro de brincadeiras, mas, como presuntivo herdeiro do trono, passou a apresentar-se mais austero no vestuário.

Comedido nos modos, mas sempre amigo e atento às irmãs Joana e Catarina.

O pai deixou de ser o Duque de Bragança e era tratado por Sua Majestade o Rei D. João IV e a mãe, Sua Majestade a Rainha D. Luísa.

Ouvia falar da guerra com a Espanha, com praças militares perdidas, vidas ceifadas entre os civis atacados nas suas terras; a reconquista de vilas junto da fronteira com Espanha. Por muito que quisessem mantê-la na ignorância da situação grave que se vivia, ela observava a cara preocupada da mãe e não lhe escapara, também, a firmeza e determinação que a Rainha mostrava perante os factos que iam correndo, ora favoráveis ora desfavoráveis aos Portugueses.

O nascimento de mais dois irmãos – Afonso e Pedro – ampliou a família que, ao partir de Vila Viçosa ainda não contava com estes dois infantes.

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À medida que os anos iam passando, Catarina ia tomando uma melhor consciencialização da crise grave que Portugal atravessava, pois que a guerra da Restauração – que iria durar vinte e sete anos – não se confinara aos nossos recontros de vizinhos, mas espalhou-se a África e Brasil, para não falar de pontos do Oriente. Não nos pouparam para serem fiéis aos tratados firmados entre os países tornados nossos inimigos.

Com o decorrer dos anos, Catarina de Bragança foi-se habituando à ideia de que uma princesa está, geralmente, aguardando o dia em que se lhe coloque o problema da solução da sua vida como herdeira de um reino ou filha segunda ou terceira. É preciso escolher um noivo digno da sua condição social ou das conveniências políticas que se impõem, no momento.

Se amavam ou não o noivo imposto, isso era de pouca importância.

Estas jovens eram sacrificadas no altar do casamento como arras que garantissem o exigido no tratado pré-nupcial.

O retrato executado por um pintor de renome revelava os traços físicos da/o pretendente e, se o seu traço permitisse, punha em relevo a expressão do olhar sempre tão significativa.

Mas, este retrato não dava a conhecer o tom da voz do homem sonhado e é um elemento importante para despertar vários sentimentos, desde uma simpatia feita de alguma ternura, à admiração e ao amor abrangente.

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Também podia acontecer que o amor brotasse para aquando do primeiro encontro e os pequenos defeitos encontrados no testemunho pictórico eram relegados para um plano distante.

Os esponsais reais ou de uma categoria social elevada eram sempre precedidos de muitas diligências discretas sobre o carácter dos nubentes, do dote cujas vantagens eram sempre valorizadas.

E, por vezes, as exigências atingiam tais valores que o casamento não se realizava.

Portugal atravessava nesta época uma situação política e social muito difícil, bem como os cofres do Estado arruinados e sem esperança de retoma de um equilíbrio financeiro, em virtude da guerra da Restauração. Não estava, ainda, consolidada a nossa Independência readquirida em 1 de Dezembro de 1640, quando em 1653, Dona Catarina de Bragança ouviu a mãe falar-lhe num possível casamento com Carlos II de Inglaterra.

A Inglaterra não se encontrava, também, em plenas condições financeiras que uma guerra com a França tornava mais graves.

Carlos II de Inglaterra subira ao trono em circunstâncias especiais. Seu pai, Car-

los I, foi condenado à morte e executado, sendo então proclamada República, um episódio pouco durável. Morto o filho de Cromwell, o regime monárquico é restaurado, Carlos conseguiu regressar a Inglaterra e repôs a dinastia dos Stuarts.

Tinha trinta anos.

Entretanto, Dona Catarina atingia a idade conveniente para mudar de estado. A possibilidade de uma aproximação a França tendo em vista o casamento com um elemento da casa real foi posta de lado. A Inglaterra mantinha o mais antigo acordo de aliança – o Tratado de Windsor – com Portugal o que era um argumento forte para ser fiel ao compromisso abordado pelo embaixador de Portugal enviado a parlamentar com Carlos II, enquanto o felicitava por ocupar o trono que lhe era devido.

Carlos II era um homem extravagante.

Ao esperar Dona Catarina, entrou em Portsmouth rodeado de homens do seu partido e de mulheres, entre elas, uma sua amante, mãe de dois filhos, Lady Palmer, que mais tarde levou para a corte e a Rainha teve de aceitar.

Foram demoradas as conversações que precederam o casamento da nossa Princesa pois que Carlos II foi muito exigente no dote que a Rainha devia levar. Além LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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de muito dinheiro exigido e das jóias e pratas, Dona Luisa entregou Tânger e Bombaim, duas praças e postos comerciais de grande proveito para a Inglaterra.

O seu mau inglês era um óbice pra dialogar com maior fluência e nunca se conformou com as leviandades de Carlos II e seus filhos bastardos.

Finalmente, em 1662, realiza-se o casamento. Dona Catarina deslocou-se de Lisboa num barco inglês, enviado por Carlos II que se fez representar pelo irmão James para acompanhar a noiva. Viagem penosa, com o mar nem sempre de feição.

Tendo engravidado algumas vezes, nunca levou a gravidez até ao fim, o que lhe dava um grande desgosto, sentindo-se inferiorizada perante os que não a respeitavam.

Conforme o que estava previsto – muito secretamente escondido dos ingleses – a cerimónia do casamento católico foi muito simples e precedeu a do ritual protestante. Esta cerimónia teve toda a pompa e circunstância, como seria de esperar e deu início a uma nova vida da Rainha. Daí em diante passaria a conhecer o Rei tal qual ele era, verificando que alguns dos seus defeitos ultrapassavam o que lhe haviam dito.

Era muito volúvel, mas ao mesmo tempo, mostrava-se gentil, alegre, delicado e afável.

Dona Catarina encantou-se com os palácios, sobretudo Hampton Court, com o s seus jardins cheios de flores de colorido intenso e perfumadas.

Gostava das senhoras que faziam parte da sua casa, mas sentia que era amesquinhada por muitas outras que não lhe perdoavam ser católica.

Viu-se envolvida por intrigas que poderiam ter-lhe trazido situações insuperáveis, mas o Rei, nestas ocasiões, foi um dedicado defensor.

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Amava o Rei, apreciava o luxo dos palácios e da corte; gostava de andar a cavalo e apreciava jogar ao arco, atirar a flecha.

De Portugal, nem sempre lhe agradavam as notícias, mostrando-se inconformada com o destino de seu irmão Afonso VI, sacrificado por ser doente, enquanto o seu irmão Pedro ocupava o trono e governava o país.

Valiam-lhe as lembranças boas e doces que levara de Portugal: o chá e o doce de laranja confecionado com estes frutos do Alentejo distante, e instituiu como um hábito, na alimentação da sua casa.

De resto, quantas saudades do pai, dos irmãos Teodósio e Joana mortos com intervalo de poucos meses e na idade mais prometedora e bonita.

Esta Rainha a quem se liga a introdução do chá, como refeição da tarde, merece ser lembrada pelo muito que sofreu, numa terra estranha, rodeada de uma corte constituída por homens e mulheres que não escondiam o cinismo e a antipatia que Dona Catarina lhes merecia.

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Sentiu que a sua vida estava em perigo, por intrigas e, até, conspirações, havendo algumas em que a própria vida do Rei estava comprometida, invocando os conspiradores que a Rainha era católica e ele devia repudiá-la e procurar uma companheira que nada tivesse a ver com os papistas a quem eram atribuídos todos os males. Uma lei do Parlamento, de grande agressividade, levou à morte de muitos católicos e à destruição da sua vida como cidadãos.

recebeu. Partiu em 1692, após sete anos de viuvez.

Entre preocupações de toda a ordem e a felicidade que eu sentia quando o Rei estava junto dela e a defendera das calúnias inventadas pelos inimigos, assim se foi processando a vida desta Infanta de Portugal, tornada Rainha de Inglaterra.

Os anos foram acumulando cansaço e trazendo desgaste físico que, lentamente, foi atingindo o Rei que, após um acidente cerebral (segundo o diagnóstico dos médicos) veio a morrer em Fevereiro de 1685.

Mas não ficou a viver em Vila Viçosa.

Chegada a Lisboa, D. Pedro, já rei e com filhos, recebeu-a com toda a dignidade e, até, algum afecto, querendo fazer esquecer agravos em vida de D. Afonso VI. Chegou a ter a regência do reino, numa curta ausência de D. Pedro.

A partir deste momento, é fácil imaginar como Dona Catarina desejava regressar a Portugal. É verdade que uma senhora – estrangeira que fosse – desde que se tornava rainha, pelo casamento, entendia dever continuar a viver nesse país, acompanhando o povo que recebera proteção e orientação das leis impostas pelo Rei, seu marido.

Todavia não era fácil a Rainha viúva obter uma autorização do Estado que lhe permitisse partir. Após pressões diplomáticas, Dona Catarina regressa finalmente a Portugal, passando pela França, onde Luís XIV a

Voltou a sentir o calor humano do seu Alentejo, como se lá estivessem à sua espera, todos quantos ali amara.

Inebriou-se com cheiro doce das laranjeiras em flor. Recordou os irmãos que a morte arrebatara tão cedo, que ali nasceram e viveram os anos da sua pré-adolescência.

Habitando mais do que um palácio de Lisboa, acabou por morar, definitivamente, no Paço da Bemposta, por si mandado construir e que, mais tarde, foi uma das habitações de D. João VI e, hoje, pertence ao Ministério da Defesa Nacional e é a Academia Militar.

Era uma senhora firme nas suas decisões, afável e carinhosa, amiga do seu amigo. Recordou as damas da sua Casa, na Inglaterra, considerou-as como se uma família, como se pudessem substituir a que havia deixado em Portugal, para ir ao encontro da responsabilidade e do amor que não conheceu na sua plena e complexa função.

Sentia-se feliz porque amou e representou dignamente o seu País, como portuguesa consciente dos seus deveres.

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A n a M a r i a Pe r e i r a Fe r r e i r a d e M a t o s – A A N º 1 0 4 / 1 9 6 4

A menina do metro

C

omecei a ficar incomodada com a insistência do olhar de uma jovem sentada ao meu lado, enquanto aguardava o metro.

Esta história já se passou há uns anos e eu, também jovem, olhei curiosa, para ver se a conhecia, mas não consegui arrumar nas gavetas da minha memória aquela morena de cara agradável e de cabelo curto.

Perguntou-me então: não andaste em Odivelas?

Andei – respondi, mas continuei sem me lembrar dela.

No início do ano lectivo entrávamos para o colégio uns dois dias antes das aulas começarem.

Abríamos a trouxa com o enxoval que tínhamos enrolado em cobertores e cosido meses antes, fazíamos as camas, forrávamos e arrumávamos gavetas, livros, estantes e a secretária e contávamos as novidades do Verão.

Era ainda tarefa das meninas dos últimos anos, ajudarem as caloiras nestas arrumações para lhes darmos as boas vindas e ambientá-las.

“A Menina do metro” foi uma das que ajudei. Quando me disse: ajudaste-me a forrar e a arrumar os meus livros, fez-se luz. Lembrei-me dela com dez aninhos (eu com 17), moreninha, cabelo curto, sem saber o que fazer , tímida e eu “salvei-a”.

Claro que ela se lembrava de mim, eu estaria pouco diferente, mas ela de menina, fez-se mulher e eu não a reconheci.

Gosto de contar esta história simples, porque acho este espírito de solidariedade muito interessante e um valor a preservar. Não sei se ainda hoje é assim.

Ainda outro dia vi a menina da história.

Infelizmente não me lembro do nome nem do número (desculpa, nunca fui boa a decorar nomes). Se não me engano entrou em 1971.

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Maria Eduarda Caixeiro – AA Nº 176/1971

Uma aventura radical em Porto Santo (para “cotas”)

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asci à beira-mar. Talvez por isso, tenho uma atracção por ilhas e dedico-me, qual coleccionadora, a visitá-las, procurando uma nova experiência, o vislumbrar de um novo mundo.

Esta mania é uma paixão partilhada com o meu marido e, juntos, temos percorrido as mais diversas ilhas, sem nenhum objectivo específico, nas mais variadas regiões do globo, não excluindo o solo português.

Há poucas semanas, sem grande planeamento, chegou a vez da ilha do Porto Santo, destino que ambos desejávamos conhecer há vários anos.

Marcámos os voos, o hotel e aqui entrou o acaso que nos proporciona às vezes as mais gratificantes experiências. Próximo da data da partida, o hotel contactou-nos para propor um serviço de transfer de e para o aeroporto, que aceitámos.

Chegou o dia da viagem e como sucede infelizmenAdrenalina te com alguma frequência, o voo atrasou cerca de três horas levando a que chegássemos ao aeroporto e fascinação do Porto Santo já depois das duas da manhã. À nossa espera o combinado serviço de transfer, na pessoa do Sr. Higino que, apesar do adiantado da hora, nos recebeu com calorosa simpatia e uma breve mas entusiástica apresentação da “sua” ilha.

Viríamos, dias depois, a comprovar que este entusiasmo e amor pela ilha são apanágio dos três membros da família (pais e uma filha) que gerem a agência de viagens Lazermar, ligada ao turismo em Porto Santo. A filha Sofia, que nos acompanhou num passeio de jipe pela ilha, alia aquele entusiasmo a um conhecimento inequívoco da realidade passada e actual do Porto Santo, bem como da sua formação geológica, transformando um passeio numa ilha aparentemente árida numa aventura através do tempo.

* A autora não segue a NNOLP. LAÇOS Número 2/14 – fevereiro-julho 2014

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Montando o dragão

Desde o Piano, disjunção prismática do Pico de Ana Ferreira, maravilha da natureza de formação mais completa que a famosa Calçada dos Gigantes na Irlanda do Norte, até às rizoconcreções1 de Morenos, passando pelos eolianitos2 que cobrem cerca de um terço da ilha, somos transportados pelas várias etapas de formação do mundo que nos rodeia, percorrendo trilhos e veredas, trepando a quase escondidos miradouros onde nos deslumbramos com a magnitude e beleza da paisagem, descendo estradas sinuosas entre a Serra de Dentro e a de Fora e visitando também realizações humanas como a Casa da Serra, recuperação de uma antiga casa tradicional com o seu forno de cozedura do bolo de caco ou a Quinta das Palmeiras, surpreendente oásis/jardim botânico e ornitológico onde podemos passar uma hora refrescante percorrendo os 1

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São estruturas calcificadas resultantes da precipitação de carbonato de cálcio em torno de raízes de plantas existentes nas antigas dunas. Quando as raízes morrem, o espaço ocupado pela raiz pode, ou não, ser preenchido dando origem, por vezes, a tubos ocos de carbonato.

São a rocha mãe da areia actual da Praia de Porto Santo, composta essencialmente por fragmentos de conchas de microorganismos marinhos, moluscos e algas calcárias.

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labirínticos caminhos por entre árvores e palmeiras, ao som da água que desce de tanques, pequenos lagos e canais sob o olhar atento das aves exóticas que abundam na propriedade.

Ao longo do passeio fomos conhecendo a tradição das casas com telhado de salão3, apreciámos a construção quase impossível dos muros rendilhados, aprendemos a nomear plantas comestíveis de que já esqueci o nome, a distinguir os dragoeiros, árvores nativas que podem atingir centenas de anos e que, embora existam alguns exemplares plantados pela mão humana, já não se encontram na ilha em estado selvagem.

Mas, voltando ao início, quando acordámos no primeiro dia, após uma curta noite de sono, descobrimos que nos encontrávamos a 5 km da capital, Vila Baleira, a 2 km da extremidade sul da ilha e que os transportes públicos embora regulares, se reduziam a 3 trajectos diários entre esta última e a cidade. Tendo como alternativa à estrada os 9 km de praia, decidimos caminhar sempre que possível mas começámos logo por apanhar o autocarro da manhã até Vila Baleira. Foi no trajecto que começámos a ver (e ouvir) inúmeros veículos moto 4 e que percebemos que eram um meio de transporte muito popular na ilha.

Fizemos nessa tarde um passeio num autocarro turístico que percorreu os miradouros mais conhecidos e nos deu uma razoável perspectiva da topogra3

Nome local da bentonite, mistura de argilas que era utilizada antigamente para a cobertura das casas pois permitia manter um ambiente fresco no Verão e quente no Inverno.

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fia da ilha. Mas sempre por estradas alcatroadas ou pelo menos de paralelepípedos.

Entretanto fomos perguntando o que havia para fazer e começou a formar-se uma ideia na nossa mente. Por que não experimentar andar de moto 4? O trânsito era pouco e as estradas, embora estreitas tinham boa visibilidade. O passeio de jipe com a Sofia acabou por decidir-nos. Um dia inteiro em vez de apenas 1 hora. E o local de recolha e entrega ficava a dois passos do nosso hotel. Deixámos no entanto acordada a hipótese de trocarmos a moto 4 por um jipe caso não nos déssemos bem com a primeira.

Após umas breves instruções sobre o manuseamento da máquina, colocámos os capacetes e aí fomos nós, primeiro um pouco a medo mas, à medida que íamos adquirindo confiança, começámos a sair das estradas e a percorrer os trilhos e veredas que entrecruzam toda a ilha.

Sem mapas, GPS ou qualquer tipo de ajuda na orientação, e num terreno tão acidentado como o do Porto Santo, aventurámo-nos por vezes um pouco para além da prudência mas o pico de adrenalina que tal aventura nos proporcionava fazia-nos sentir vivos e extremamente sensíveis à beleza que nos rodeava.

Vista do Miradouro da Portela

Corremos a ilha de ponta a ponta, mas quantos caminhos deixámos por explorar!

Do Porto de Frades ao Miradouro das Flores, do Pico do Castelo à Ponta da Calheta, circundando os terrenos do aeroporto que atravessa longitudinalmente a ilha ou o pouco expectável campo de golfe desenhado por Ballesteros, tentámos abarcar o máximo de experiências no tempo que tínhamos disponível. Para terminar, resolvemos ir jantar à Camacha, ainda havia luz do dia. O regresso, numa noite sem lua, foi no entanto inesquecível, parecíamos montar um animal selvagem, um ser arcaico e rugidor por aquelas estradas quase desertas e parcas de sinalização, tal era a propagação do ruído do motor na noite escura.

Cansados e felizes após um dia de emoções, recolhemos ao hotel, prontos para novas aventuras.

Para conhecer um pouco mais sobre Porto Santo: http://conheceroportosanto.weebly.com/geologia.html http://portosantoverde.wordpress.com/patrimonio-natural/geodiversidade/ http://vimeo.com/93536843 http://vimeo.com/32120918 Foto da Quinta das Palmeiras http://lazermar.files.wordpress.com/2012/05/quinta-das-palmeiras. jpg?w=604

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Q Q Q

P O E S I A

POESIA

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Q

Chany – AA Nº 354/1959

Saudade (à Gena Soeiro da Costa)

F

omos colegas no colégio Eras alegre - Para mim o traço que mais vincado tinhas.

A vida estava à tua frente ias casar, devias ser feliz.

Ontem, de certeza, ainda rias respiravas, vivias.

E, de repente, menos de um minuto bastou para destruir a tua vida.

Quase não quero acreditar que não há mais do que um segundo entre a vida e a morte.

Mergulhaste tão cedo no desconhecido De onde não se volta mais e, apesar disso, Gena, creio que não te esqueceremos mais.

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(que aquilo que resta de ti, me perdoe esta lembrança que mais não pôde ser).

Chany 30 de Setembro de 1969

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