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Eduarda, sereia

“Mas Neco de Lourenço vira a sereia que tinha o corpo da galega com os cabelos louros de rainha boiando sobre as águas. Era assim como ela, direitinho a galega nova” (J.L. Rego).

Viviane Vieira

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Loura, pálida, amuada, Eduarda, na areia, avistada. Moça linda... invejada... E sempre na areia molhada.

Uma vez, Eduarda levantou e sorriu. Quando, de minha janela, a vi, Não era mais Dona Eduarda, era uma sereia dourada. A sereia era ela, loura, confusa, amuada, agitada, deslocada... Pobre. Dona. Eduarda.

Quando se jogou no mar eu corri para a janela, a vi nadar para longe. O moço não a viu, estava cego, a sereia o enfeitiçara. Ah, Uiara! Eduarda era ela, a miragem, a sereia mais bela que todas as manhãs enfeitava minha janela.

Pobre. Dona. Eduarda. Nadou, nadou, nadou... Deve ter ido morar, com suas irmãs no fundo do mar. Por que por minha janela não mais passou.

Por onde andará minha querida Eduarda, a sereia dourada que por minha janela eu via na areia deitada?

Quando menina, eu a invejava, Bela Eduarda, Livre. Na areia. Esparramada. Amuada. Dourada. Confusa. Pobre Sereia Dourada.

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