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Ressocialização: Cadeia Pública de
R-E-C-O-M-E-Ç-O
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ESTUDO. É esse o argumento que o diretor da unidade prisional de Barra do Garças, Maicon Brasil tenta mostrar aos presos que querem mudar de vida e uma nova chance na sociedade
os que não conhecem a
Ahistória da evolução estrutural de Barra do Garças podem achar que sua Cadeia Pública sempre foi um despropósito crivado no centro comercial da cidade, mas se engana quem pensa assim. No início dos anos 1960, quem estivesse à altura de onde hoje é a praça Sebastião Alves Júnior "Numa cadeia existem muitas coisas ruins: algemas, bombas, gás de pimenta, tiros de barracha poderia avistar pessoas transitando em frente e também reais. Mas às vezes acontecem coisas boas, como as que temos aqui: escola, serigrafia, aquele presídio, graças a total ausência de casas naquele trecho. À época corte e costura e outros cursos. Isso depende do querer de cada um", Maicon Brasil, diretor na unidade de Barra do Garças
FOTOS: SEMANA7.COM

em que foi construída pelo italiano Polaco, há cerca de 73 anos, no governo de Arnaldo Estêvão de Figueiredo (1947-1950) quando a então Barra Cuiabana não passava de uma vila de garimpos, com uma rua margeando seu porto onde hoje é o bairro Cidade Velha que viu seu posto policial ser transferido para o cerrado que margeava o Córrego do Monjolo hoje “coberto por uma lápide de cimento” nas palavras do memorialista barra-garcense Pedro Lopes Miranda, de 83 anos, ouvido por Gente.
Aquele passado não existe mais e, enquanto isso, a 1ª Delegacia de Polícia foi construído em 1980, sob coordenação do então delegado Aldemar Araújo Guirra. A mão de obra voluntária coube aos seus apenados e o
Escola da Cadeia Pública de Barra do Garças, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), funciona desde 2012 e oferece aulas do ensino fundamental e médio para cerca de 70 presos em turnos da manhã e à tarde. As aulas são ministradas por professores de uma extensão da Escola Estadual Nova Chance, com sede administrativa em Cuiabá.
Para ser admitido à sala de aula o aluno precisa ter bom comportamento na unidade e demonstre interesse pelos estudos. Além da educação de qualidade o aluno tem remissão de pena. O mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso e coordenador Pedagógico da Unidade Prisional de Barra do Garças, Giliard Mores, lamenta que a estrutura comporte apenas 70 dos quase 280 reclusos do presídio. Segundo ele, “quem passa pela sala de aula praticamente não retorna ao mundo do crime”.
Atualmente, o ensino fundamental conta com 33 alunos e o ensino médio com 37. O prédio tem apenas duas salas de aulas. Giliard explica que por conta da rotatividade dos presos há sempre vagas disponíveis. No que diz respeito à prestação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) os alunos participam do chamado Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL). Assim como o exame tradicional, o PPL obedece a um calendário nacional, realizado depois da prova tradicional.
De acordo com o Núcleo de Educação de Prisões (NEP) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) nesse ano estão inscritos 1.166 presos de 39 unidades penais do Estado, (11% a mais que em 2018). Na unidade de Barra do Garças, de acordo com Giliard, 38 alunos prestarão o exame em 2019. A maioria dos candidatos cursam a escola dentro da cadeia, enquanto outros que possuem o ensino médio já estão aptos às provas previstas para os dias 10 e 11 de dezembro.
Atualmente, 11 ex-presos que finalizaram o cumprimento de suas penas em regime fechado e que passaram pela sala de aula no presídio estão hoje matriculados em diversos cursos do Centro Universitário Univar que por sua vez mantém parceria com o Poder Judiciário local. O pró-reitor Eduardo Afonso da Silva conta que o projeto em parceria com a unidade existe há mais de uma década.
Um desses ex-alunos, já em liberdade, e que prefere não ser identificado, diz que espera concluir seu curso e partir para o concurso público e dar um rumo diferente a sua vida. Na entrevista, em outubro, ele disse sentir que sua família se orgulho dele. “Isso não tem preço, assim como dar suporte aos meus filhos. Ensino a eles que o melhor caminho é o da escola. Sempre vou incentivar isso aos meus filhos”.


material de construção foram doados pela comunidade, conforme dados da Assessoria de Comunicação da Polícia Judiciária Civil.
Naquele complexo policial está contido à evolução estrutural do centro de Barra. Ali, são mantidos mais de 270 presos. Uns cumprem pena, outros aguardam julgamento. Numa área anexa à Cadeia estão abrigados os ‘reeducandos’ e que de certo modo dividem espaço com os 70 servidores que trabalham no local. Marcados pelo estigma dificilmente ignorado pelos que estão do lado de fora de seus muros, eles aproveitam o tempo lá dentro, cada um a seu modo, enquanto a liberdade não vem.
O sentimento hostil leva muitos a pensar que preso só come e dorme à custa do governo. O diretor da Cadeia Pública de Barra do Garças, Maicon Brasil, esclarece que o sistema quer a reinclusão de quem hoje é detento, à vida social após o cumprimento de sua pena, é claro. Por isso, segundo disse, “é que trabalhamos para atender essas pessoas com educação de qualidade e com diversidade de projetos como são os cursos de ocupação profissional”. Mas tudo depende de cada um dos 150 condenados e de outros 120 presos provisórios que vivem uma rotina limitada, mas que pode ser proveitosa se ocupada com alguma coisa útil.
A unidade, conforme apurou a reportagem do portal de notícias Semana7, tem escola própria, hoje com 70 alunos do ensino básico e oferece uma diversidade de atividades. Senai e Senac, assim como o Instituto Universal Brasileiro são alguns dos parceiros que já ofereceram cursos como o de pintura,
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eletricista, assentador de cerâmica, montagem e desmontagem de computador.
Além desses cursos há os ciclos de palestras que são frequentes e abordam uma infinidade de temas como ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e prevenção ao suicídio, entre outros. Segundo Maicon Brasil, atividades dessa natureza servem para distanciar os detentos do crime, até por que essas atividades resultam em remissão de pena. “Essas ações têm impacto direto no que diz respeito ao índice de reincidência”, diz o diretor. Os que participam das aulas ficam em um setor conhecido como Ala dos Estudantes “que é um exemplo aqui dentro da unidade” conta o professor e coordenador Giliard. Ele explica que o convívio e o comportamento desses que cursam as aulas é destacado em relação aos demais “é visível a mudança de atitude aqui dentro” ressalta.
Entre as atividades que se destacam nos cursos oferecidos estão corte e costura e serigrafia. Alunos formados nessas duas áreas já estão sendo remunerados pelos trabalhos que o mercado externo encomenda. Outro projeto está voltado para a construção civil onde pedreiros e serventes, segundo Brasil, “são contratados para a realização de reformas e edificações em obras públicas no município e região.