Revista FANTÁSTICA - Edição nº1 - abril/maio

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“...Se todas as cavas do mundo enchemos com elfos e duendes, se fizemos deuses com casas de treva e de luz, se plantamos dragões, a nós conduz um direito. E não foi revogado. Criamos tal como fomos criados...” J.R.R. Tolkien - fragmento da Mythopoesia


Editorial

Equipe FANTÁSTICA

A arte de inventar histórias sempre esteve presente na mente humana. O Desconhecido constantemente lapida nossa imaginação de uma maneira intensa e profunda. Ele ganha sua forma máxima dentro da Fantasia, que nada mais é do que a arte do impossível. A Fantasia permite viagens aos mais diversos e impossíveis mundos, que dentro da cabeça do seu criador e daqueles que a admiram são absolutamente possíveis e verossímeis. Este gênero cresceu bastante nos últimos anos, impulsionado por sucessos como: Senhor dos Anéis, Guerra nas Estrelas e também Harry Potter. O esplendor destas séries permitiu a liberação das ideias de vários autores em todo o mundo, que as tinham guardadas apenas em sonhos e pensamentos. Desta forma, assim como ao redor do globo, no Brasil começaram a surgir obras com este cunho fantástico que cada vez mais conquistam espaço e fãs. Dentro deste cenário ascendente da literatura fantástica, somada a velocidade e as possibilidades da internet, apresentamos, com muita satisfação, este belo e essencial projeto dentro da literatura ­nacional: a Revista FANTÁSTICA. A FANTÁSTICA é idealizada e criada por autores nacionais, que estão, como tantos outros, na batalha pelo reconhecimento de seus trabalhos. A principal motivação da FANTÁSTICA é unir os públicos e tornar-se um instrumento forte e representativo dentro da literatura. Queremos que os autores tenham um espaço justo para a divulgação de seus trabalhos e, claro, que os mesmos possam ser levados aos mais importantes elementos desta cadeia: os leitores. A FANTÁSTICA não tem, sob nenhum aspecto, qualquer opinião contrária a obras estrangeiras. Entendemos seus valores e sem elas provavelmente nem haveria uma literatura de fantasia nacional diversa como hoje. Nossa principal motivação como revista é dar aos leitores opções brasileiras, proporcionando assim, força e coragem a todos os batalhadores nacionais que esperam ansiosos por um simples reconhecimento. Montamos esta revista com muita dedicação, amor e profissionalismo para trazer a você, leitor, o mais interessante, inovador e divertido que existe em nossa literatura. Agradecemos o apoio e carinho de todos nesta batalha, em especial ao quinteto fantástico, cuja união foi essencial para a realização deste projeto. Caros leitores, a FANTÁSTICA ainda tem muito a aprender e crescer, mas acreditamos que gostarão do conteúdo e juntos construiremos um grande instrumento de divulgação que fortalecerá a nossa querida e frágil literatura fantástica nacional. Luiz Ehlers Editor-chefe da FANTÁSTICA

Editor-chefe: Luiz Ehlers Editor e revisor: Dhyan Shanasa Editor de arte: Felipe Pierantoni Redatores: Dhyan Shanasa [autor de O Livro de Tunes] Felipe Pierantoni [autor de O Diário Rubro] Leandro Schulai [autor de O Vale dos Anjos] Luiz Ehlers [autor de Divindade das Chamas Gêmeas] Vincent Law [autor de O Mundo de Avalon] Colaborações nesta edição: Celly Borges Cristiano Rosa Equipe Psychobooks Hugo Fox Nana B. Poetisa nandaassis Nelson Magrini Simone O. Marques Agradecimentos: Ademir Pascale Clara Queiroz Daniel Alencar Isabella Pina Leandro Reis Licínio Souza M.D. Amado Victor Maduro revistafantastica@hotmail.com

revistafantastica.webs.com


Ă?ndice

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Onde estão os

BRASILEIROS ?

Se acompanharmos a lista dos livros mais vendidos no Brasil na categoria de ficção, veremos que o gênero Fantasia está presente com bastante força há algum tempo. Livros como Harry Potter (Editora Rocco), Crepúsculo (Editora Intrínseca) e Percy Jackson e os Olimpianos (Editora Intrínseca) permaneceram e permanecem no topo. Contudo, há uma ausência de representantes nacionais nessa lista, mesmo que existam muitos escrevendo no gênero.

Qual seria a razão dessa ausência? Será que a nossa literatura Fantástica ainda é jovem demais? Será a falta de divulgação? Estamos pecando de alguma maneira na qualidade ou o problema é simplesmente essa mania do brasileiro de preferir o estrangeiro?


Dhyan Shanasa autor de O Livro de Tunes Três pontos centrais somam-se para resultar num preconceito com a literatura nacional fantástica. Primeiro, as editoras grandes não levam autores novos a sério e raramente lhes dão oportunidade de se lançar no mercado forçando-os ao processo de auto-edição que, longe de ser um mau negócio, é malquisto pela grande maioria. Segundo, os leitores afetam-se pelo fato de um determinado livro não ter o selo de uma editora grande e também torcem o nariz ao verem que aquela obra é nacional. Terceiro, os próprios autores às vezes não se levam a sério, compreendendo de forma errônea a responsabilidade de escrever, tornando como conseqüência seu trabalho pueril e repetitivo.

leiros ao lerem algo como Harry Potter achando que no Brasil não há obras a altura. Prestigiar qualquer tipo de literatura, independente de nacionalidade, é obrigatório, e pessoas conscientes apreciam a arte acima de tudo, dando margem para novos rostos surgirem. Há um tremendo potencial nos novos escritores brasileiros, e falo por observar o que anda acontecendo com a medonha chuva de informações que avassala a internet todos os dias. Nesse meio cibernético, pode-se pôr a prova o que digo, pois dezenas de autores lutam como heróis homéricos por um espaço qualquer, por um prestígio qualquer, por uma atenção qualquer onde possam expor seu trabalho de forma mais ampla, sincera e, em alguns casos, essa exposição, chegando aos olhos de algum interessado, pode surpreendê-lo.

“O mercado editorial nesse país é ditatorial e, bom, há de se convir que isso precisa de um fim.”

Nossa literatura fantástica é infanta, tem muito a crescer, tem muito a aprender para tornar-se original, para deixar de ser um espelho da Fantasia Moderna Européia, mas isso não significa que não possuímos boas obras por aí, lançadas em sua maioria com sacrifício e grande esforço, e que não devam ser prestigiadas. Há, em algum lugar, um nó que impede que nossa literatura fantástica avance para um patamar mais prestigiado, e este nó que desconhecemos em aspectos estruturais – mas sabemos bem dos aspectos culturais -, trava tudo o que é feito, seja bom ou ruim.

O mercado editorial nesse país é ditatorial e, bom, há de se convir que isso precisa de um fim. Se as grandes editoras usarem de sensatez e observarem com mais calma os novos autores nacionais, se o leitor brasileiro deixar de ter a consciência retrograda do modismo – se é importado é melhor -, e principalmente se os autores encararem a escrita como Arte de fato, buscando a cada dia afastar-se das coisas que já existem, explorando a Não digo que devemos prestigiar obras ruins, mas Fantasia tal como ela é ao invés de limitar-se aos moldes geralmente o vulgo sequer lê algum livro novo para dos outros, aí sim teremos ótimos livros vistos com bons olhos pelo público e crítica. classificá-lo assim. O mérito da literatura estrangeira é inegável, mas há um tremendo equívoco dos leitores e editores brasi-

Mas lembrem-se que, o problema é dos três pontos: editoras, leitores e autores. Todos eles têm culpa no c­ artório.

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Vincent Law autor de O Mundo de Avalon A divulgação é o pior momento do escritor, pior até ­literária deste país, que ignora solenemente livros de que a distribuição. A cada dia a li­teratura cresce, pois autores iniciantes, contribuindo para que a obra seja tenho visto muitas pessoas “escondida” dos leitores, que dando apoio aos autores em nem mesmo sabem da existêntodo Brasil. Temos excelentes cia de um livro que poderia ser escritores, mas infelizmente do interesse de todos. Por isso, eles ainda não são vistos com precisamos da divulgação atrabons olhos. vés de você, leitor.

“São os preconceitos e os temores das editoras os principais motivos para que esses novos autores jamais apareçam.”

Em nosso país, não temos uma forte e sustentada tradição de Literatura Fantástica. A maioria dos leitores não entende verdadeiramente os eventos dos escritores do nosso país. Eles rejeitam metade de toda realidade, metade de tudo o que acontece é considerado por eles como produtos de maus escritores. Será que eles têm preconceito dos autores por verem que as escolas não dão certas estruturas para que sejam exímios na arte da escrita? Será que isso é realmente necessário? A cadeia de preconceitos contra os escritores novos começa com os chamados “intelectuais” - que não querem conhecer o trabalho de autores que não têm seus nomes na lista da Veja - e termina nos livreiros - que se recusam a comprar e até mesmo a exibir os livros em suas estantes. Sem contar o comportamento da crítica

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No meu ponto de vista o que falta para o autor é conhecimento técnico da língua e da escrita. O que carece dos novos autores é cultura mesmo.

Hoje, o que vejo é uma grande contradição entre os escritores iniciantes. Escrevem, mas não lêem. Na verdade, lêem muito pouco qualquer coisa ou, simplesmente, ficam restritos apenas aos autores da moda e buscam reproduzi-los em seus escritos. Alguns escritores tendem a escrever em imitação daquilo que gostam, mas não é por esse lado, pois esse é um dos fatores que os fazem serem mal vistos.

“Temos excelentes escritores, mas infelizmente eles ainda não são vistos com bons olhos.”

Temos brasileiros que escrevem muito bem, que possuem ideias excelentes e que poderiam se tornar grandes, desde que editados e, evidentemente, lidos. O preconceito pior parte dos livreiros - contra os quais nós temos lutado muito -,


de que as obras de fantasia nacional não tem aceitação por diferentes. O que uns acham menor e pouco imaginaparte dos leitores. Isso é outro fator impeditivo de uma tivo pode ser o que o­ utros apreciam. maior divulgação dos livros no seio do grande p­ úblico. Será que haverá alguém que se destacará na Literatura Autores novos e talentosos surgem a cada dia, porém Fantástica brasileira? Acho que isso não é mais necescontinuam apagados porque seus trabalhos não são di- sário, pois já temos escritores bons que já estrearam, vulgados, publicados, vendidos ou lidos. São os pre- mas há muitos que, até são melhores que aqueles que conceitos e os temores das editoras os principais mojá têm um longo caminho percorrido e desejam ser tivos para que esses novos autores jamais a­ pareçam. reconhecidos... Todos verão que cada escritor está se Haverá sempre diversas opiniões no que diz respeito esforçando para que isso se realize, mesmo que os leiao fantástico. Haverá sempre aqueles que preferem a tores não acreditem nisso. Fantasia, Ficção Científica ou o Horror. Dentro desses gêneros, haverá sempre os que preferem um autor Talento não nos falta. ao outro, os que gostam e os que não gostam de um determinado subgênero. Por isso acho que o funda- A sabedoria humana reside por completo nestas palamental é o respeito. Para gostos diferentes, leituras vras: “Esperar e ter esperança”.

É dura a concorrência por um lugar de destaque nas livrarias

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Felipe Pierantoni autor de O Diário Rubro Toma-se a lista dos livros mais vendidos no Brasil na categoria de ficção e pergunta-se: onde estão os autores brasileiros? Se interrogados sobre isso, os próprios escritores dirão: “Eu não tenho oportunidades!”. As editoras, por sua vez, afirmarão: “Autor brasileiro não vende.” Os fãs de literatura fantástica protestarão: “Eu não encontro os livros nacionais!”. Já o público geral indagará: “Existe autor brasileiro de fantasia?”.

temos nossas histórias de seres folclóricos e sabugos de milho que viram gente, mas não me refiro a esse tipo de livro. Estou falando de universos paralelos, batalhas épicas, raças mágicas, monstros gigantescos etc. O tipo de coisa que a maioria dos brasileiros nunca teve tanto interesse de ler ou escrever. Até alguns anos atrás. Uma década, mais precisamente. Harry Potter não criou a literatura de fantasia. Muito, muito pelo contrário. Mas é inegável que ele foi o responsável pelo “boom” e pela popularização do gênero no Brasil. As editoras brasileiras perceberam então a lucratividade do ramo e iniciaram a busca por novas obras do tipo. Nesse momento, a falta de tradição brasileira na literatura fantástica pesou bastante. Sem referências nacionais, as editoras decidiram coletar suas matérias-primas no exterior, onde não paravam de pipocar obras de fantasia, fossem elas inéditas ou reedições de antigas histórias, há muito esquecidas.

Aproveitando a deixa, existem sim escritores de ficção fantástica no Brasil. Aliás, existem muitos, tantos que podemos até subdividilos em diferentes categorias. Temos aqueles que tentam escrever suas próprias histórias, mas desistem no meio do caminho por acreditar que não há futuro. Há aqueles que seguem em frente, mas acabam com suas obras engavetadas, sem sucesso para publicá-las. Existem os que alcançam – ou pagam por -, uma oportunidade em pequenas editoras, porém terminam com suas obras inacessíveis ou escondidas em prateleiras obscuras das livrarias. Enfim, por último, há aquele um ou outro Esse fenômeno segue até hoje e provavelmente é o escritor que, por alguma razão aparentemente mística, maior empecilho na luta dos autores tupiniquins. tem seu livro exposto nas maiores lojas do país. Na teoria, publicar uma obra brasileira seria muito mais fácil, prático e barato. No entanto, as editoras Afinal, por que tão poucos brasileiros figuram na lista – e quem somos nós para culpá-las –, preferem pade mais vendidos no ramo da ficção? gar mais pela suposta confiabilidade e investem quase que majoritariamente em autores internacionais, aos Acredito que tudo começa na própria falta de um quais podem avaliar e tomar como parâmetro o sucescomeço, por mais estranho que soe tal afirmação. O so que tiveram em seus países de origem. Com isso, o Brasil não tem tradição na literatura fantástica. Claro, público geral acaba tendo acesso fácil apenas a obras

“O desafio está mesmo na divulgação, exposição e, principalmente, na distribuição.”

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estrangeiras, criando falsas impressões como “Não existem autores nacionais de fantasia” ou - o que é até pior - “Os escritores brasileiros são tão ruins que nem conseguem publicar seus livros”. Surge então um ciclo vicioso onde as editoras não investem em livros nacionais e o público não faz questão de lê-los.

romances estrangeiros que nos introduziram a esse conjunto incrível de universos mágicos que é a literatura de fantasia.

Então, como conseguir o ingresso de brasileiros na lista de livros mais vendidos de ficção? A dica para os autores é aparentemente paradoxal. Exatamente O desafio do autor brasileiro não está na qualidade, pela falta de oportunidades existentes, os escritores ainda que alguns (desavisaprecisam apoiar uns aos outros, dos!), insistam na suposta divulgando trabalhos de colesuperioridade das obras esgas e formulando uma sólida trangeiras. Também não está rede de contatos. Assim, quanpropriamente na publicação, do alguém conseguir um lugar já que o surgimento de pequeao sol, poderá gradualmente nas editoras tem facilitado um puxar os outros para fora do pouco (bem pouco!) essa eta“buraco”. Quando um autor pa. O desafio está mesmo na nacional faz sucesso, todos os divulgação, exposição e, prindemais saem ganhando. Para cipalmente, na distribuição. É os leitores, é preciso valorizar e preciso que os livros nacionais comprar obras nacionais. Isso, sejam tão fáceis de se adquialém de garantir muita diverrir, tão fáceis de se conhecer e são, irá indicar às editoras que tão apelativos de se comprar também vale a pena investir quanto os dos gringos. Quanem material verde-e-amarelo. to à qualidade, só poderemos Desse modo, com as editoras tirar essa dúvida a limpo quando as obras nacionais e internacionais puderem competir de igual para igual abrindo portas aos nossos escritores, estes terão mais incentivo para produzir suas obras, que terão maior nas prateleiras. destaque nas livrarias, atraindo a atenção dos leitores Antes que essa reflexão se encerre, é preciso ressaltar e enriquecendo a literatura fantástica nacional. duas observações. Primeiro, só porque ser um autor de sucesso no Brasil é uma missão quase-impossível, É um caminho longo e árduo, que demandará muita não significa que publicar lá fora seja um conto de fa- energia, persistência e otimismo por parte dos autodas. Apenas para constar, nossa querida J.K. ­Rowling, res, mas que, com todos trabalhando em conjunto, criadora de Harry Potter e companhia, teve sua obra se tornará muito mais simples. Aos poucos podemos recusada mais de dez vezes, até conseguir lugar numa substituir o atual ciclo vicioso que nos exclui, por um pequena (até então...) editora. Segundo, apoiar os li- novo circuito que, a cada volta, gera mais oportunivros nacionais não é desprezar as histórias interna- dades e permite que os nossos fantasiosos mundos se cionais. Até porque, incontestavelmente, foram os tornem exponencialmente mais concretos.

“É preciso que os livros nacionais sejam tão fáceis de se adquirir, tão fáceis de se conhecer e tão apelativos de se comprar quanto os dos gringos.”

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Leandro Schulai autor de O Vale dos Anjos O gênero Fantasia sempre foi e sempre será o mais admirado nos livros, filmes, séries e afins. A curiosidade do ser humano por aquilo que foge de sua realidade tende a ser alta e isso garante ao estilo uma aceitação nos mercados respectivos. No caso dos livros, vemos a sua força quando algumas obras são verdadeiros fenômenos de vendas como O Senhor dos Anéis, Harry ­Potter, e recentemente Percy Jackson e os Olimpianos. Tamanho foi o sucesso destes títulos que filmes foram criados e garantiram sala cheia e excelente bilheteria. Agora se olharmos para as nossas criações percebemos que essa realidade não se aplica. Os livros nacionais mais conhecidos são aqueles feitos por celebridades retratando suas vidas, livros políticos e comédias cotidianas. O que acontece é que o gênero Fantasia no Brasil ainda não está amadurecido. As editoras, em sua maioria, dão maior crédito e atenção à tradução de obras reconhecidas internacionalmente e isso também acontece com os leitores. Um livro produzido por um autor brasileiro nunca terá

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uma tiragem igual à de um livro traduzido cujo sucesso já foi garantido lá fora. Isso faz com que os leitores não tenham acesso às obras de nossos escritores, já que muitas vezes eles acabam parando nas prateleiras e não na vitrine das livrarias como destaque. Não adianta nos iludirmos, pois a realidade diz que 90% dos casos são de leitores interessados em fantasia que quando chegam a uma livraria só vão olhar para os livros em destaque, e com certeza acabarão comprando um dos exemplares que ali estão exibidos. Hoje somente indicações, uma boa propaganda, esforço do autor e o boca a boca ­garantem o sucesso de uma obra ­nacional.

“Os livros nacionais mais conhecidos são aqueles feitos por celebridades retratando suas vidas, livros políticos e comédias cotidianas.”

“Um livro produzido por um autor brasileiro nunca terá uma tiragem igual a um livro traduzido cujo sucesso já foi garantido lá fora.”

Outro fator que preocupa é o nosso preconceito com nossos próprios trabalhos. Quem nunca ouviu alguém na porta de um cinema dizendo: “Ah, filme nacional é uma porcaria! Só alguns que se salvam, prefiro ver aquele da Angelina Jolie”. Detalhe: ele nem sabe do que o filme trata. Essa situação também acontece para os livros. Muitas obras sofrem o preconceito por serem pro-


duzidas aqui, sendo que livros já reconhecidos internacionalmente são muito mais fáceis de serem aceitos e divulgados, já que, se foram aprovados lá fora, com certeza não serão ruins de ler. Poucas pessoas se aventuram em uma obra desconhecida e sem referência. E para piorar, se tiverem contato um dia com algum livro nacional e acharem ruim, com certeza isso piorará ainda mais seu questionamento quanto às obras tupiniquins.

Nos livros também começamos a enxergar sucessos de fantasia escritos por autores brasileiros como o André Vianco que se especializou num estilo voltado ao terror. As editoras também estão começando a acreditar mais nos nossos trabalhos e aumentar o espaço para obras nacionais. Programas como os ­Novos ­Talentos da Literatura Brasileira da Novo Século, abrem espaço para aqueles que buscam seu lugar ao Para finalizar, acredito que esse cenário tem sido que- sol, mas como comentei: sem a força de vontade, debrado dia após dia. Nos cinemas já podemos ver com dicação, propaganda e boca a boca, um livro não vai certa freqüência filmes com boa aceitação e ­bilheteria. para ­frente, já que as editoras não fazem milagres.

Lista dos livros mais vendidos na categoria de ficção no mês de abril, segundo a revista VEJA: 1 - A Cabana, William Young - SEXTANTE 2 - O Ladrão de Raios, Rick Riordan - INTRÍNSECA 3 - O Símbolo Perdido, Dan Brown - SEXTANTE 4 - O Mar de Monstros, Rick Riordan - INTRÍNSECA 5 - Amanhecer, Stephenie Meyer - INTRÍNSECA 6 - A Batalha do Labirinto, Rick Riordan - INTRÍNSECA 7 - Diários do Vampiro nº3 - A Fúria, L. J. Smith - RECORD 8 - A Maldição do Titã, Rick Riordan - INTRÍNSECA 9 -Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll - JORGE ZAHAR 10 - Eclipse, Stephenie Meyer - INTRÍNSECA 11 - Diários do Vampiro nº1 - O Despertar, L.J. Smith - RECORD 12 - O Menino do Pijama Listrado, John Boyne - COMPANHIA DAS LETRAS 13 - Diários do Vampiro nº2 - O Confronto, L. J. Smith - RECORD 14 - Indomada, P.C. Cast e Kristin Cast - NOVO SÉCULO 15 - O Vendedor de Sonhos, Augusto Cury - ACADEMIA DE INTELIGÊNCIA 16 - O Morro dos Ventos Uivantes, Emily Brontë - LUA DE PAPEL 17 - A Senhora do Jogo, Sidney Sheldon e Tilly Bagshawe - RECORD 18 - A Menina que não Sabia Ler, John Harding - LEYA BRASIL 19 - Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll - COSAC NAIFY 20 - O Caçador de Pipas, Khaled Hosseini - NOVA FRONTEIRA

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Os Guardiões do Tempo Sobre o autor:

Nelson Magrini é engenheiro mecânico, estudioso e pesquisador em Física, com ênfase em Mecânica Quântica e Cosmologia. Além disso é escritor e trabalha como professor e consultor em Gestão Empresarial e Cadeira Logística.

Ficha técnica: Editora: Giz Editorial ISBN: 9788578550318 Páginas: 336

Sinopse: Venha conhecer e se encantar com Duda, Ciça, sua irmã, e o amigo Rogério, e juntos viver uma aventura fantástica no Tempo e no Espaço. Voe para o futuro e participe de uma corrida através da galáxia, para desvendar um mistério, e encontrar as pistas escondidas de um enigma, com mil perigos à espreita. Os três garotos são a única esperança para salvar o Império Galáctico.

nmagrini.blogspot.com


Resenha por:

Vincent Law autor de O Mundo de Avalon

A trama envolve três crianças - Duda, sua irmã mais nova Ciça e Rogério -, todas levadas para o ano 4.612 por um estranho personagem. Para a surpresa geral, em poucos minutos elas aprendem a manusear a tecnologia daquele mundo com uma máquina neural e, em uma corrida pela galáxia, têm de desvendar um mistério através de pistas e enigmas que são decifrados no decorrer do enredo. Ao longo do livro, outros personagens também ganham a chance de brilhar, como o Tenente Vus e Fyscat, ambos tão importantes que poderiam inclusive ser chamados de protagonistas. Em sua escrita, o autor é extremamente hábil em explorar a emoção na obra sem ser piegas, além de deter uma narrativa bastante ágil, de modo que o leitor esteja sempre imerso no desenrolar da história. A temática de viagem no tempo poderia dar a impressão de que Os Guardiões do Tempo é uma obra muito derivativa, mas a realidade é bem diferente. Seu enredo é intrigante, a combinação de suspense com humor é ótima, os personagens são simpáticos e o característico clima de suspense só se faz somar a tudo isso. Como resultado, a obra é divertida do começo ao fim. Um ponto interessante a se destacar é o esclarecedor tratamento de temas quânticos. Com uma densidade notável, a história demonstra e explica certo fenômenos da física quântica, mas sem nunca confundir a mente do leitor. Tudo flui com uma agradável naturalidade, sem embromação. Outras questões dignas de ressalva são as abordagens sobre política e economia. Nesse momento, é importante salientar que, mesmo tocando em diferentes assuntos, o livro em si não é de teor filosófico ou educacional, e sim de entretenimento, função que realiza com exemplar maestria. A história se desenvolve sem buracos no roteiro e praticamente todo pequeno detalhe ao longo da obra terá reflexos importantes no final. Portanto, Os Guardiões do Tempo é uma obra voltada para todas as idades. Com uma mistura eficiente de aventura, mistério e humor, este livro é capaz de agradar qualquer tipo de leitor, principalmente os que estão à procura de uma história que transborde diversão.

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Bento Sobre o autor: André Vianco é o escritor brasileiro contemporâneo mais consagrado no ramo da fantasia e terror. Contabilizando todas suas obras publicadas, o autor já vendeu mais de 300 mil livros.

Ficha técnica: Editora: Novo Século ISBN: 8588916541 Páginas: 520

Sinopse: Em uma noite infestada de magia, metade do mundo adormece e a população que ainda está desperta se vê mergulhada em acontecimentos inexplicáveis, como o surgimento de vampiros, o desaparecimento das doenças e mais grandes acontecimentos que acabam fazendo com que as pessoas fujam das grandes cidades e passem a formar fortificações afastadas dos centros abandonados. Durante o dia trabalham para refazer o mundo e entender o que os rodeia, durante a noite lutam para continuar vivos e manter os vampiros afastados dos novos centros. Quando tudo parece perdido surge a profecia dos 30 guerreiros bentos. Quando eles se unirem, quatro milagres se desencadearão para salvar a humanidade. O livro demonstra também que com essa volta do mundo para os campos, longe da urbanização, o mundo começa a melhorar, acabando com os efeitos do aquecimento global dentre outros problemas ambientais e sociais.

www.andrevianco.net


Resenha por:

Leandro Schulai autor de O Vale dos Anjos

Esse foi o livro que me fez conhecer André Vianco. Na verdade, foi o primeiro livro de literatura fantástica nacional que li, logo, tinha certa dúvida na minha cabeça. Recomendado por um amigo, resolvi embarcar nesta aventura e ver o que a obra me ofereceria e posso afirmar que fui surpreendido. André Vianco nos presenteia com uma obra criativa e totalmente diferente do que conhecemos sobre vampiros. Para aqueles que estão acostumados com histórias como Crepúsculo, Diários do Vampiro e a série House of Night, Bento trará uma nova visão ao já tão esmiuçado mundo vampiresco. Na história começamos a desvendar Lucas, um rapaz que, ao acordar após muitos anos de um sono profundo, descobre um mundo devastado pela “noite maldita” e passa a conviver com seres humanos confinados em fortificações e sem nenhum meio de comunicação. Tudo parecia tranqüilo até a noite chegar. Nesse período, vampiros devastam os territórios em busca de sangue e não medem esforços para realizar seus objetivos. O que Lucas não esperava era que seria um dos heróis “bentos”; guerreiros selecionados pelo destino com poderes sobrenaturais capazes de derrotar as criaturas da noite. Abastecido por uma profecia, Lucas parte na busca para reunir trinta bentos e desencadear os quatro milagres assim prometidos. É incrível como Vianco conseguiu criar um mundo alternativo tão interessante. Além de toda a trama em torno dos bentos, ele nos dá uma visão de como o mundo seria sem a intromissão do homem e seus meios de destruição contra a natureza. No livro os animais voltam a povoar as cidades e a natureza quase extinta volta a dar o ar de sua graça. Outra característica muito interessante do autor é a maneira como escreve sua história, nos apresentando diversos personagens e contando suas histórias paralelamente até uni-los em torno de um acontecimento final de grande impacto. Além disso, todos os personagens são muito bem descritos e possuem características peculiares que os diferenciam dos demais. Para finalizar, há o ponto forte do autor: a descrição do território brasileiro. Batalhas no Rancho da Pamonha, missão no Hospital das Clínicas; locais corriqueiros do nosso dia a dia são esquadrinhados pelo autor e se tornam tão interessantes que por um momento esquecemos que passamos em frente a eles todos os dias no ônibus. Os lugares são tão bem definidos que nunca mais consegui olhar para o Rancho da Pamonha sem me lembrar do livro Bento. Acredito que essa seja a maior vantagem de Vianco e o motivo pelo qual ele cativou tantos leitores pelo país. O livro é recomendado para qualquer pessoa que goste de vampiros e que deseje ver mais de nosso país nos livros de fantasia. É um prato cheio para amantes da fantasia e do terror e com certeza todos que lerem correrão para uma loja próxima para adquirir a continuação.

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O Diário Rubro: A Deusa Perdida

Felipe Pierantoni

Ficha técnica: www.odiariorubro.com

Editora: Maquinária *Lançamento: 2º semestre 2010! ** Capa não oficial!

Sinopse: Vance é um jovem de um pequeno país que tenta manter sua rotina de vida normal enquanto sua nação passa por profundos conflitos. Repentinamente, sua vida sofre uma reviravolta devido ao desaparecimento misterioso de sua melhor amiga, Ada. Enquanto busca por pistas de sua companheira, Vance desperta inexplicavelmente num outro mundo, onde a maior parte da população segue as palavras de um livro sagrado que ele descobre ser na verdade o diário de sua amiga desaparecida. Agora, nesta nova dimensão, o adolescente se junta a inusitados aliados e parte numa perigosa jornada repleta de mistérios e aventuras para reencontrar Ada e voltar à casa. Aos poucos, porém, ele começa a perceber que seu antigo lar e aquele novo lugar podem estar profundamente interligados. A Deusa Perdida é o primeiro volume da trilogia O Diário Rubro.

*Após uma bem sucedida edição experimental em 2009, sob o subtítulo Deusa em Cárcere, o primeiro volume da série O Diário Rubro será relançado pela Editora Maquinária no segundo semestre de 2010. Além do novo título, A ­Deusa Perdida, a nova versão virá atualizada e incrementada, contando inclusive com capa assinada por Licínio Souza.


O Livro deTunes: Destino

Dhyan Shanasa

Ficha técnica: Editora: Lexia ISBN: Páginas: 208

olivrodetunes.blogspot.com

Sinopse: O Livro de Tunes apresenta ao leitor o interessante personagem Tunes Arboror, um garoto de doze anos que possui um dos Três Dons preditos e é aprisionado no gigantesco castelo Galboriä das Mil Torres. Para safar-se da sorte que lhe foi imposta, Tunes não só terá de entender os segredos de seu caminho, como também alterar o destino no qual se enredou, que se estende para muito além das muralhas agudas do Galboriä. O menino não fará tais coisas sozinho, pois pelo caminho encontra pessoas ímpares como Beceus, um imponente ser mítico, e Lalín Feä, a Mantenedora, ambos cativos da hedionda bruxa Patelle Arondarôn, senhora do castelo. É assim que Tunes vê-se metido numa incrível aventura que avança por todo mundo fantástico de Mürios e que traz consigo lugares e criaturas que ele jamais imaginara existir.

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Resenha por Felipe Pierantoni

O Livro de Tunes: Destino, de Dhyan Shanasa A obra de Dhyan Shanasa, O Livro de Tunes (Editora Lexia), é – em todos os sentidos -, uma bela surpresa no ramo da ficção fantástica nacional. É bela pelo seu estilo único, numa mistura curiosa e eficiente entre a elegância do clássico e a agilidade do contemporâneo. É bela pela sua história, simultaneamente densa e objetiva. E, talvez no que mais tenha chamado-me a atenção, é bela pela sua escrita, visivelmente concebida como arte pelo autor O primeiro volume da saga O Livro de Tunes, intitulado Destino, narra a história de Tunes, um jovem de doze anos detentor de um dos Três Dons. Como parte de um trato feito pela população daquele mundo, o garoto é entregue como oferenda a uma maligna bruxa e é aprisionado em seu colossal e misterioso castelo. Uma vez lá dentro, Tunes vê-se obrigado a buscar uma saída, numa jornada que o aproxima de outros prisioneiros, como Beceus, representante de uma antiga raça, e Lalín Feä, uma poderosa entidade encarcerada na forma de uma deslumbrante menina. Apesar de seus novos aliados, os caminhos e corredores do castelo escondem diversos perigos, forçando o menino a encontrar força e coragem para batalhar seu caminho para fora. Enquanto isso, longe das muralhas de pedra da residência da bruxa, outros fios da história se desenrolam, de modo que, ao final do livro, uma batalha de proporções gigantescas é formada, criando um épico e deslumbrante clímax.

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O universo criado por Dhyan é cativante e imersível, utilizando elementos tradicionais da ficção, como elfos, orcs e dragões, mas sem perder-se nos clichês. Pelo contrário, a mitologia da obra é distintamente convincente, fazendo o leitor realmente acreditar que todo aquele mundo já existe há eras. Com um equilíbrio certeiro, existe sempre a noção da imensidão daquela dimensão, mas essa complexidade nunca atrapalha a história, que flui de maneira objetiva e ágil, guiada muitas vezes por interessantes diálogos entre o narrador e o leitor. Brilhando como um carismático personagem, a escrita merece, por si só, uma atenção à parte. Percebe-se como cada palavra foi cuidadosamente pensada, cada parágrafo foi minuciosamente trabalhado e cada capítulo foi meticulosamente estruturado. Como um lapidário que lapida um diamante, o resultado é o mesmo: cintilante. Não só impecável, mas a escrita também detém uma elegância única. Uma elegância que, por sua vez, não pesa na escrita, mas sim a engrandece, tornando-a única e atraente. Enfim, O Livro de Tunes – Volume 1: Destino é uma obra digna de destaque. Com personalidade para não desperdiçar a essência da obra numa aproximação pop, o autor inspirou-se na literatura clássica e deu aos leitores um livro ímpar na cena nacional. Para quem preza por uma atmosfera poética e requintada, além de uma boa história, O Livro de Tunes é a opção que faltava ao mercado brasileiro.


Resenha por Dhyan Shanasa

O Diário Rubro: A Deusa Perdida, de Felipe Pierantoni Escrito por Felipe Pierantoni, O Diário Rubro – A Deusa Perdida (Editora Maquinária), conta a história de Vance e Ada, grandes amigos de infância que são transportados para um mundo paralelo sem motivo aparente. Vance é um rapaz de dezessete anos que tem uma vida pacata de adolescente. Ada, uma linda garota e sua melhor amiga, é dona de uma personalidade serena, embora seu passado envolva o desaparecimento do pai quando ela sequer havia nascido. Ambos vivem numa terra semelhante a nossa no que diz respeito a política e conflitos governamentais, um contexto atual de mundo que torna a obra mais convincente com suas analogias aos devaneios tirânicos dos governantes de nosso tempo. Não se enganem, contudo, achando que o enredo pára por aí. Pelo contrário, esse é o preâmbulo onde o autor desenvolve seus personagens principais, dando-lhes características humanas para depois levá-los para Ísis, um mundo fantástico e bem fundamentado onde suas aventuras começam de fato. A obra incorpora pontos interessantes que chamam a atenção pela originalidade, o que a torna atemporal. Felipe Pierantoni possui um estilo de escrita descritivo e detalhista, dando aos cenários e paisagens aspectos bem construídos para que possamos ter a sensação de “estar lá”. Ao meu ver, isso contribui de diferentes maneiras à obra, tornando-a rica em detalhes e recheada de informações. Isso, contudo, não depõem contra A Deusa Perdida que é, de longe, um dos livros mais balanceados que li em nossa literatura fantástica atual. Os personagens secundários, como Rascunho e a General Victória, participam ativamente da narrativa e possuem, ambos, caráter forte e irrefutável. Cativeime principalmente pelo Coronel Eltor, que pareceume íntegro e de personalidade sincera. O estranho Grão-Cônjure, que lida com uma magia de aspectos benevolentes, é um velho conselheiro do rei no melhor estilo Merlin, apesar de não fazer qualquer feitiço. Já o vilão Magnamus I conta com minha declarada antipatia, pois faz bem o seu papel. A invenção dos nomes foi algo que me chamou atenção. Não havia visto um autor brasileiro sair do estilo sonoro do élfico de J.R.R. Tolkien, e Felipe conseguiu. Nomes como Tumero, Galian, Dária, Ávis, Bé-

rix e muitos outros não me soam nada convencionais, o que é um ponto positivo para a obra; e há nomes que constatei serem curiosos, como Osvejo (separando-se soa-nos “os vejo”), que sendo ou não propositais, tem seu mérito pelo acidente de linguagem. Um livro de fantasia precisa de um foco, e o artefato que chamam de diário rubro é esse foco. Trata-se de um livro sagrado onde está contido os dizeres da deusa Dâmia que, diga-se de passagem, movimenta um culto medonho no mundo de Ísis - culto esse controlado por Magnamus I. Esta deusa é nada mais nada menos que Ada, e apesar de a garota não sabê-lo em primeira estância, logo o fio se prende e vários pontos obscuros são clareados, inclusive conexões com o mundo de onde Vance veio. Nesse contexto, o autor faz com que lembremos de nossa própria cegueira religiosa, tão devastadora para a sociedade quanto uma praga na lavoura. Outro aspecto interessante em O Diário Rubro é que não vemos criaturas como elfos, orcs, trolls e cia., que são amplamente abarcados no universo da Fantasia Européia, onde a nossa se espelha. O livro é sustentado pelos humanos, de ponta a ponta, e em nenhum momento há insinuação de que haverá algo do ­gênero, mesmo no volume II. Apesar de O Diário Rubro ser relativamente longo, isso não cansa a leitura como em outras obras onde o autor abusa de nossa boa vontade. Digo-lhes que Felipe Pierantoni é um jovem talentoso e com futuro próspero, pois sua história agrada e inova, além de oferecer muito espaço para crescimento e desenvolvimento nos próximos volumes. É desta forma que a trilogia O Diário Rubro chega anunciando a aventura de Vance e Ada para reforçar ainda mais a nossa recente história de livros fantásticos, dando-nos fôlego para prosseguir e mostrando-se uma obra original e melhor que muita coisa que se vê nas livrarias. Parabéns ao autor pelo trabalho e esperamos o segundo volume de O Diário Rubro, obra de Felipe Pierantoni que com certeza agradará os fãs da Fantasia de todas as idades.

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Por Luiz Ehlers

CRESCE A E O brilho dourado perde sua forรงa.

A esperan

Com um enredo mais sombrio, O Senhor das Sombras expan companheiros a enfrentar nรฃo sรณ incontรกveis d


ESCURIDÃO

nça vacila.

A redenção se afasta.

nde o universo de Grinmelken e leva Galatea, Iallanara e seus desafios, mas também suas próprias essências.

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O SENHOR DAS SOMBRAS SE APRESENTA...

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Depois de pouco mais de um ano após o lançamento de seu primeiro livro, Filhos de Galagah, Leandro Reis lança em maio de 2010 o segundo volume da trilogia O Legado Goldshine, intitulado O Senhor das Sombras. Com ambos volumes publicados pela Idea Editora, uma das editoras brasileiras mais focadas no gênero, a série já se tornou uma das mais conhecidas histórias de literatura fantástica contemporânea em todo o Brasil, reforçando esta tendência que ganhou peso em todo o mundo com grandes sucessos de bilheteria como O Senhor dos Anéis, Harry Potter e até o recente filme de James Cameron, Avatar.

A maioria dos conteúdos disponibilizados em seu site são contos, que trazem complementos à história e proporcionam uma dimensão maior ao leitor. Leandro afirma que muitos detalhes importantes para a continuidade da história em O Senhor das Sombras estão justamente dentro de contos publicados em seu site (www.grinmelken.com.br).

Grande parte do sucesso dos livros de Leandro Reis vem do fato do autor promover suas histórias em todos os meios digitais possíveis. Leandro tem Orkut, Twitter, Skoob, Blog e, é claro, um site onde constantemente apresenta novos conteúdos para matar a curiosidade dos sedentos fãs de seu mundo de Grinmelken. Ele é um exemplo do perfil do novo escritor, que não pode mais esperar sentado em sua poltrona enquanto seu livro é promovido por conta própria e alcança magicamente o sucesso.

“Os lugares, as cidades, os seres, os deuses, as religiões, as rixas entre reinos, a magia, enfim, tudo se completa para formar um lugar com ares realísticos que atiçam nossa imaginação e são capazes de nos transportar de nossa própria realidade, participando das cenas e das tramas junto com os personagens”, afirma Daniel Alencar, que é consultor de Leandro para assuntos de Grinmelken. Alencar participou intensamente de tudo que envolve as criações da série, desde os contos até as obras finalizadas.

O mundo criado pelo autor, Grinmelken, levou mais de dez anos para ser desenvolvido e alcançou uma verossimilhança intensa. A criação de toda uma existência repleta de detalhes é quase um pré-requisito a este gênero.


O AUTOR

Leandro Reis mora em São José dos Campos – SP e tem formação em Ciências da Computação. Ele é um nerd de carteirinha assumido, e sempre foi fã de histórias com esse cunho fantástico, tal qual Final Fantasy e Dungeons & Dragons. A escrita, como grande parte dos autores do Brasil, é uma paixão paralela que compete com seus afazeres convencionais. Contudo, mesmo com tempo restrito, ele está sempre inovando e criando promoções em seu site, mantendo-se assim presente no meio digital e na lembrança dos fãs, que inclusive recebem e-mails frequentes sobre qualquer novidade do autor. Exemplo disso é que todo o processo de criação de O Senhor das Sombras pôde ser acompanhado em mensagens que o autor deixava em seu msn. Nestas ele revelava até o teor das cenas que estava escrevendo, ressaltando ainda mais a integração virtual com o leitor e atiçando a sua curiosidade.

A INOVAÇÃO DOS BOOK TRAILERS S­ ombras, lançado às vésperas do livro. O segundo book trailer avança mais ainda no profissionalismo, superando inclusive a qualidade do primeiro, que já era alta. O teor sombrio e escuro do segundo livro está presente na música escolhida e na melancolia O book trailer de Filhos de ­Galagah, lançado em das cenas mostradas, deixando os leitores ainda mais 2008, pouco depois do livro, já se mostrou diferente curiosos diante de muito mistério e surpresas. Ambos dos demais, trazendo um profissionalismo tanto no áu- os book trailers são facilmente encontrados em sites dio como nas imagens e também na edição de vídeo. de vídeo como Youtube ou através de links no site O trio que deu vida ao trabalho é composto também do próprio autor. pelo irmão do autor, Leonardo Reis, e o desenhista carioca Licínio Souza, que assina atualmente várias capas de outros livros de fantasia, como o recente A qualidade dos book trailers rendeu à equipe de Aura de Asíris (Isis Editora) de Rafael Lima e tam- Leandro inclusive uma indicação na premiação probém a obra do escritor mineiro Victor Maduro, Além movida pelo Bibliofilmes (www.bibliofilmes.com), da Terra do Gelo (All Print Editora), que é destaque um blog especializado em unir vídeo e literatura. A na seção LIDO & ENTREVISTADO desta edição. Bibliofilmes já realizou dois festivais onde premiou A parceria dos irmãos Reis e Licínio se repetiu em book trailers e vídeos que homenageavam bibliotecas um novo book trailer da sequência O Senhor das e obras famosas. Um dos grandes pontos de destaque no trabalho de divulgação de seus livros está na profissionalização do conceito de book trailer, que antes dos de sua equipe, eram uma mera sequência de imagens conduzidas por uma música épica.

Trailer de Filhos de Galagah

Trailer de O Senhor das Sombras 25


AS ILUSTRAÇÕES DA SÉRIE

A FANTÁSTICA conversou com o desenhista da série, Licínio Souza. Quando questionado sobre sua volta ao projeto, Licínio respondeu que não houve exatamente um retorno aos desenhos da série e sim uma continuidade. Entre as premissas básicas de seu trabalho, estava a responsabilidade de haver evolução com relação ao que foi realizado em Filhos de Galagah. “Eu priorizo o sentimento e a qualidade na hora de fazer um desenho. Acredito que o público gosta de um trabalho cuja imagem expresse sentimentos coletivos diversos, sejam conscientes ou não”, declara o desenhista. Para Licínio não existe facilidade ou dificuldade nesta tarefa. Há apenas um trabalho a ser feito. Em tese, seria mais simples desenhar algo que já possua uma identidade visual prévia, porém sempre há algumas complicações provenientes de imprevistos e problemas técnicos, o que acaba gerando um certo equilíbrio. Licínio gosta de associar ao seu trabalho a frase do tenista Tiger Woods: “Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho."

A SAGA

O primeiro livro narra a trajetória da valente, decidida e pura Galatea Goldshine que parte em uma missão sagrada em busca das três runas, que irão lhe fortalecer e torná-la capaz de enfrentar o mal. Galatea torna-se uma guardiã e serva do deus Radrak, enquanto que seu irmão mais velho, Thomas, falha na mesma missão. Em sua jornada, ela conhece a ambígua e enigmática Iallanara Nindra, a Bruxa Vermelha, que esconde segredos e gera dúvida aos leitores sobre suas reais intenções. A relação das duas é o coração da história, que é repleta de elementos e seres épicos como vampiros, feiticeiros, elfos e dragões. Também se juntam ao grupo os elfos Gawyn e Sephiros, que acrescentam comédia e sabedoria respectivamente para a trama.

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CONVERSA COM O AUTOR No primeiro livro acompanhamos a jornada em busca da primeira runa, mas o que nos reserva esta segunda aventura? A FANTÁSTICA teve acesso ao texto do novo livro em primeira mão, cedido gentilmente pelo autor. Aproveitando-se da disponibilidade de Leandro, a FANTÁSTICA fez algumas perguntas sobre a continuação: FANTÁSTICA – Que tipo de evoluções você sente com relação a história dos Filhos de Galagah para O Senhor das Sombras? Leandro Reis – Filhos de Galagah é uma introdução, onde o objetivo é trazer uma primeira impressão ao leitor. Por isso considero sua história um ponto de partida ainda verde. O Senhor das Sombras traz um pouco de seu amadurecimento. Com os personagens, culturas, políticas e regras do mundo introduzidas, fica a cargo do segundo livro apenas desenrolar a trama, possibilitando uma obra bem mais interessante e divertida. Acredito que exista uma grande diferença entre as obras, por isso aguardo ansioso para mostrá-la aos meus leitores. FANTÁSTICA – Escrever uma sequência sempre tráz uma responsabilidade maior, pois o leitor agora tem um conhecimento a mais da história. Isto ajuda ou acaba dificultado, pois a expectativa é maior? Leandro Reis - Só ajuda! Eu espero que o leitor tenha lido com atenção e procurado informações extras no site, apesar de não ser obrigatório. Só assim ele poderá ter a experiência completa que estou preparando. A origem de muita coisa, o passado de personagens, como Gawyn, Sephiros e até do Senhor das Sombras, estão lá, em meio aos contos e textos extras. Então eu procuro criar esta expectativa. Superá-la é meu plano desde o início. Se vou conseguir, só as resenhas dirão. FANTÁSTICA – O que mudou nos personagens do primeiro para o segundo? Galatea e Iallanara são as mesmas? Os dois elfos trazem mudanças? Leandro Reis - Desde que os heróis deixaram Galagah, já se passaram alguns meses. Os elfos não demonstram muitas mudanças, exceto por uma maior intimidade com as moças do grupo. Gawyn vira um irmão mais velho, super protetor, de Galatea e Sephiros se torna um guardião devotado. Iallanara tem sido bem tratada como nunca e é protegida sem que lhe exijam nada: ela conheceu o valor da amizade, mas isto não a deixou mais amena e seu mau humor está mais que presente. Galatea passou por experiências ruins no intervalo entre os livros. Ela está mais madura e menos ingênua, além disto, os mais atentos perceberão que Iallanara também exerceu influencia sobre ela. Enfim, sim, eles estão mudando. Posso afirmar que os Filhos de Galagah, após Enelock, jamais serão os mesmos.

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O SENHOR DAS SOM Conforme o próprio autor define em entrevistas anteriores, enquanto Filhos de Galagah era a esperança, O Senhor das Sombras é a mudança. A linguagem e o preciosismo de Leandro estão mais épicos do que nunca. As descrições estão mais equilibradas que o primeiro e há maior objetividade na narrativa, talvez pela anterior apresentação da trama no volume um. Esta é normalmente uma vantagem nas sequências, pois não há mais a necessidade de introdução do cenário ou dos personagens e, assim, a história tem mais espaço para se desenvolver de forma interessante e dinâmica. O livro já começa repleto de ação e objetividade, somados a muitas surpresas tanto na relação dos personagens como no rumo dos acontecimentos. O título, O Senhor das Sombras, refere-se ao temido mago escuro e mestre de Iallanara Nindra, Sukemarantus, que compete com Enelock como o grande vilão da história. A Bruxa Vermelha tem uma interessante relação de respeito, ódio e medo com o temível mago, que se mostra nesta sequência com um repentino interesse na missão de G ­ alatea.

da história. Sua trajetória e ambigüidade mostram-se mais fortes e os rumos de sua participação no enredo concentram grande parte das surpresas da obra. Iallanara Nindra alcançou no primeiro volume uma grande simpatia do público, maior até do que a própria protagonista Galatea. Em O Senhor das Sombras, a história de Iallanara evolui, demonstrando mais de seu passado sombrio, enquanto vivia na cabana da velha b­ ruxa. Para Daniel Alencar, o sucesso da personagem é até uma questão natural da humanidade: ser mais fácil se identificar com a maldade do que com a bondade, especialmente nos dias de hoje. E isso também talvez se reflita na forma como as pessoas passam a ver Galatea, que se comporta de forma estranha quando comparada a ética de Radrak.

Galatea, a protagonista, está mais humana, perdendo um pouco do excesso de pureza que possuía no Iallanara Nindra é possivelmente a per- primeiro volume. Ela, sonagem mais interessante e profunda além de estar forte pela

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MBRAS - IMPRESSÕES i­nfluência da primeira runa, apresenta-se Goldshine, intitulado ­Enelock, cujo nome mais mulher e atenta a questões fora de sua provém do grande “­Darth ­Vader” (ou seria missão, deixando-se possuir até mesmo Imperador P ­ alpatine?) da história. por desejos carnais. Pouco sabemos sobre Enelock ainda, além Segundo Alencar, Galatea representa o de algumas limitadas declarações de Leanarquétipo da bondade ilimitada, a qual a dro. O autor define o arco final da série com maioria dos leitores recrimina de alguma uma palavra: VERDADE. “Em Enelock, teforma. Contudo, não se pode esquecer que remos o resultado dos primeiros dois livros. ela teve muito pouco contato com a mal- Haverá as reações das ações anteriores e o dade, uma vez que fora criada em berço desfecho de tudo. Enelock é o livro em que de ouro, isolada das mazelas da vida real mais vou surpreender meus leitores, tenho num reino onde o próprio deus da vida era certeza disto”, afirma ­Leandro Reis. venerado cegamente. O Senhor das Sombras também tráz ­novos personagens como a enigmática Helena, que teve uma aparição sutil no primeiro livro. Há ainda o retorno de antigos, como Robarff, que foi desfigurado por Iallanara em Lemurian, o amigo Noite da Bruxa e conhecemos também, ainda no prólogo, o que foi feito do irmão de Galatea, Thomas. Sua aparição é surpreendente e interessante e com certeza irá agradar grande parte dos fãs.

O terceiro livro já está sendo desenvolvido pela equipe de Leandro, mas ainda sem previsão de lançamento. Podemos apenas aguardar mais dedicação e qualidade, junto com um terceiro book trailer, que vem com a difícil tarefa de superar os dois p­ rimeiros.

A proposta da literatura de Leandro Reis é uma escrita sem medo de ser clichê em alguns momentos. Porém, ela carrega um dos objetivos principais desta arte, que é emocionar, entreter e divertir os leitores. E Além de O Senhor das Som- nisto sua literatura é vitoriosa, pois leitor bras, há o terceiro e último satisfeito é missão cumprida do escritor e exemplar da Trilogia Legado o resto, é ­resto.

Ilustrações por Licínio Souza liciniosouza.deviantart.com

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POR QUE CREPÚSCULO DEU TÃO CERTO? Crepúsculo é um sucesso. Ponto final. Para a alegria dos fãs da saga e para a indignação dos que a odeiam, não há como negar este fato. O que se pode questionar, contudo, são as razões para a série ter dado tão certo. Afinal, por que a saga transformou-se nesse fenômeno? Qual foi a fórmula mágica usada por Stephenie Meyer? Existe alguma lição que os autores brasileiros podem tirar de Crepúsculo? Para responder tais perguntas, convocamos o nosso repórter mirim, Hugo Fox!


Hugo Fox

14 anos

E aí, pessoal? Tudo beleza? Vamos falar nessa seção sobre um assunto que virou febre mundial e motivou uma certa pessoa a ganhar muitos milhões de verdinhas. Estou falando, claro, do sucesso irrefutável da saga ­Crepúsculo (­Editora Intrínseca), da escritora americana Stephenie Meyer. A repercussão da série é instigante, quem não queria uma série de livros sendo vendida aos milhões e tendo suas histórias adaptadas nas telonas dos cinemas? Pois então, qual será a fórmula que a grande Meyer desenvolveu para seus romances se tornarem tão famosos a ponto de terem lugar entre os mais lidos pelos usuários do site de relacionamentos ligado a literatura, o Skoob? Vamos ver o que podemos descobrir... A autora que ganhou tanto dinheir... Quero dizer, fãs!

A escritora Stephenie Meyer deu sua cartada de mestre logo em sua obra de estreia. Reuniu mitologias que costumavam fazer o terror das mentes manipuláveis com um cenário ­jovem, fazendo uma mistura bem equilibrada de ação e ­romance, mesmo a parte do “romance” ganhando bem mais foco. “A história é muito bem elaborada, é um romance/terror com enredo bastante ‘imaginário’”, diz Gabi Bizinoto, uma leitora ávida de série.

Tá, suponho que, para as garotas, esse seja um motivo...

A saga teve seu sucesso multiplicado quando sua primeira adaptação saiu nas telas, e é claro que os diretores de seleção de atores foram bastante espertos, colocando um elenco bonito, não é meninas? “Ai, aquele Edward é tão lindo! E o Jacob, então? Perfeito!”, é o que mais escuto quando o assunto é abordado. (risos)

Mas é claro que esse fator não foi o único responsável pelo assombroso sucesso, pois Crepúsculo estava na lista dos mais vendidos e ocupava uma parte da prateleira, gaveta ou qualquer outra coisa de numerosos fãs muito antes de o filme ser lançado. Quem sabe a modificação que houve na imagem dos vampiros tenha surtido algum efeito. Os chupadores de sangue, pelos bons sanguessugas vegetarianos. Que cara é essa? Não gostou do sucesso?

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“E então? Cadê esses tais Cullen?”

Para alguns, os novos vampiros não são nada agradáveis. “O que houve com os vampiros maus, que mordem os pescoços e são caçados pelo Blade? Cadê os vampiros explodindo quando expostos ao Sol?”. Mas querendo ou não, a saga dos “vegetarianos” se sobressaiu com majestade.

Outro aspecto interessante na história é a retratação da rivalidade entre vampiros e lobisomens, mas que não lutam por instinto irrefreável, e sim pelo amor de uma jovem normal, no auge dos problemas da adolescência, tendo ainda como fardo os pais separados. O que tornaria Bella tão ­especial a ponto de ficar no alvo ­amoroso de duas ­criaturas tão ­poderosas como os ­vampiros e lobisomens? E que tendência é essa para romances tão ­inter-raciais? Confesso que fiquei esperando uma ­terceira criatura sobrenatural na parada, quem sabe um sereiano, ou até mesmo um zumbi, mesmo tendo a impressão de que a Bella não se sentiria atraída por um ser em ­decomposição... “É aqui a fila de candidatos para namorado?” Stephenie também usou a velha curiosidade como sua aliada. O amor mal resolvido entre os protagonistas e a questão da mocinha virar ou não vampira deixou os fãs em estado de auto-tortura, esperando o próximo livro ou uma luz divina que mostrasse o desfecho da história da adolescente. Eu sinto lhes dizer, mas alguém vai sair perdendo...

Como o público alvo da série é, em sua maioria, os adolescentes, a autora foi feliz ao criar um ambiente familiar aos leitores, com uma narrativa recheada de problemas que adolescentes normais passam durante essa fase; aventura e perseguições de seres imortais, garantindo a ação e velocidade necessária para o preenchimento do enredo.

“Ufa... Fazer sucesso cansa, não?”

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O último fator que gostaria de citar é a determinação da autora, que lutou por seus sonhos, pois para escrever livros basta ter a ideia e desenvolvê-la bem (que também não é lá muito mamão com açúcar), mas fazer uma história ficar conhecida mundialmente requer esforço e dedicação. Stephenie está, hoje, recebendo os frutos de seus esforços (e da crucial pontinha de sorte).


omundodeavalon.blogspot.com


Em cartaz: Filhos de Galagah, roteiro por Leandro Reis Imagine você na fila do ­Cinemark em busca de um bom filme quando de repente se depara com ­Filhos de Galagah baseado no livro de Leandro Reis! Emocionante não? Nessa edição, vamos tornar essa situação real. Quem seria a doce e carismática Galatea? E a fria e triste Iallanara? E quanto ao elfo ­Gawyn ou intimidador Sephiros? Leandro Reis nos informa!

Sinopse do filme: Galatea é uma heroína de ideais nobres, filha do rei e Campeã Sagrada de sua religião, que parte para uma busca ordenada por seus sacerdotes, dragões. Iallanara é uma bruxa rejeitada pela sociedade, uma assassina fria presa a um ser cruel e misterioso. Ela se juntará à Campeã Sagrada para protegerse e tentar buscar sua liberdade, criando um relacionamento de mentiras e desconfianças. Por último, Gawyn, um elfo criado por humanos, e Sephiros, um elfo forjado para a batalha, serão convidados a proteger estas mulheres, entrando em um relacionamento mais intrigante que qualquer aventura. A jornada os levará até a lendária Lemurian, a cidadela invertida, onde o destino decidirá o sucesso ou fracasso na busca do que procuram.


O elenco: Galatea: Cameron Diaz

Motivos: Pelo sorriso e beleza. Não a Cameron magricela de hoje, mas ela mais jovem e mais "robusta", com um pouco de academia como logo após ter feito o filme O Máscara.

Iallanara: Natalie Dormer (Ana Bolena da série The Tudors)

Motivos: Pelo sorriso torto, que fez com que Leandro Reis a convocasse desde a sua primeira aparição na televisão.

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Gawyin: Matt Leblanc (Joe do seriado Friends)

Motivos: Mesmo com o apelo dos leitores da série para a escolha de Johnny Depp, o autor achou que o papel não cairia tão bem para ele e procurando um elenco diversificado, e não tão caro, encontrou no Matt o candidato perfeito.

Sephiros: Jensen Ackles (Dean de Supernatural)

Motivos: Seu perfil intimidador e sua experiência em Supernatural se encaixam perfeitamente ao papel.

Vanliot: Will Ferrel

Motivos: Um dos personagens mais carismáticos ganharia tons humorísticos com a bagagem de Ferrel pelo cinema e televisão.

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Robarff: Doug Hutchison (Horace de Lost)

Motivos: Responsável por mudar o rumo da história em Filhos de Galagah, Robarff Lesser, esse covarde personagem que já apareceu nos contos de Leandro Reis, teve sua imagem identificada assim que foi criado. E motivo maior que esse não há. Ponto para Doug Hutchison.


Sukemarantus: Jason Isaacs (Lúcio Malfoy de Harry Potter)

Motivos: Para o nosso senhor das sombras nada com alguém com tanta experiência na escuridão. Com uma maquiagem simples e olhos vermelhos o público logo esqueceria que ele um dia foi um dos vilões de Harry Potter.

Ethan: Ewan McGregor (Obi Wan Kenobi de Star Wars)

Motivos: O personagem foi baseado na figura de Obi Wan, por isso nada mais justo do que premiar Ewan com a honra do papel.

Luminatrun: Antonio Banderas

Motivos: Mesmo longe de seus tempos de glória Banderas ainda atrai um bom público ao cinema. O ator perfeito para o personagem.

Barão Lincad: J. Rhys Meyers (O Rei Henrique da série The Tudors)

Motivos: Embora não possua tanta importância nesse primeiro volume, o personagem marcará presença nos próximos livros e por isso nada melhor do que o J. Rhys que, com seu jeito inescrupuloso, possui a característica exata do Barão Lincad. 37


Peter Jackson: diretor

Local para filmagem: Europa, principalmente a Escócia

Motivos: Com a participação efetiva de Leandro Reis e seu irmão, Leonardo Reis, na produção do filme, Peter Jackson seria o escolhido. Com sua vasta experiência com histórias do gênero, Peter traria a cereja que faltava para o bolo.

Motivos: Para a primeira história, a Europa, com seu ambiente medieval, serviria com muitos lugares. Em especial a Escócia, que, com suas belas paisagens, seria a o local da maior parte das filmagens.

Saiba mais sobre o mundo de Filhos de Galagah. Acesse: www.grinmelken.com.br 38

Ilustrações: Licínio Souza liciniosouza.deviantart.com

Valdez vhalldezz.deviantart.com

Draco dracoimagem.com/


www.odiariorubro.com


Por Luiz Ehlers

EMPUNHE A SUA ESPADA E AVENTURE-SE

NO MUNDO DOS CAVALEIROS E DRAGÕES Ilustração por Eic eic.deviantart.com


No Mundo dos Cavaleiros e Dragões Com uma noite de autógrafos repleta de escritores e convidados, a nova antologia de Ademir Pascale traz aos leitores uma diversificada coleção de contos sobre os seres místicos mais populares da literatura. Ficha técnica: Editora: All Print ISBN: 9788577185672 Páginas: 140

Clique aqui para adquirir seu exemplar! Participações de: Ademir Pascale [organizador] - autor de O Desejo de Lilith Regina Drummond [prefácio] - autora de Receitas Práticas de Magia Alícia Azevedo - coautora de Dimensões.BR, FC do B - Panorama 2008/2009 e Poe - 200 Anos Almir Pascale - coautor de Draculea, Metamorfose, Anno Domini e Contos Fantásticos André Schuck Paim - participante de diferentes antologias Bethânia Pires Amaro - escritora estreante de 21 anos Cesar Alcázar - coautor de 68 - História e Cinema, Dias Contados e Draculea Dione Mara Souto da Rosa - autora de O Sétimo Portal e O Segredo da Rosa Duda Falcão - autor de Hylana nas Terras de Lhu Edmar Souza Júnior - coautor de Invasão Evandro Guerra - coautor de Draculea: O Livro Secreto dos Vampiros Felipe Pierantoni - autor de O Diário Rubro F. Fernandes - autor de Em Busca da Vera Cruz - A Saga de um Templário Hugo Venancio - escritor estreante de 14 anos Joyce de Freitas Ramos - escritora estreante de 17 anos Leandro Reis - autor de Filhos de Galagah e O Senhor das Sombras Luiz Ehlers - coautor de Marcas na Parede e vencedor do concurso Estronho Mariana Albuquerque - autora de O Pássaro, O Rochedo e Coração de Demônio Miriam Santiago - participante de diversas antologias e do TerrorZine O. A. Secatto - coautor de Réquiem para o Natal, Dias Contados, Dimensões.BR e Poe - 200 Anos Pedro Moreno - coautor de Metamorfose, Fiat Voluntas Tua II e Sinistro II Rafael Azevedo - coautor de Metamorfose e O Grimoire dos Vampiros Rober Pinheiro - autor de Lordes de Thargor: O Vale de Eldor Simone O. Marques - autora de Gênese Pagã, Triskle e Tribo de Dana Vinicius Carlos Vieira - coautor de Invasão 41


Coautores e organizador

No dia 10 de abril, em São Paulo, ocorreu o lançamento da antologia organizada por Ademir Pascale, intitulada No Mundo dos Cavaleiros e Dragões da All Print Editora. Antologia, para os que não sabem, é a definição para um conjunto de obras literárias neste caso, contos - de diferentes autores, agrupadas em um único volume. No Mundo dos Cavaleiros e Dragões reuniu vinte e três contos de vários escritores nacionais da chamada ficção fantástica, incluindo nomes como Leandro Reis (Filhos de Galagah), Rober Pinheiro (Lordes de Thargor), Simone O. Marques (Gênese Pagã), F. Fernandes (Em Busca de Vera Cruz) e Mariana Albuquerque (O Pássaro), que já têm obras publicadas e uma grande visão dentro da fantasia nacional. Além destes, a obra também contou com outros autores que mantém sites ou blogs de ficção e estão sempre presentes nas antologias nacionais como Evandro Guerra,

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Pedro Moreno, Rafael Azeredo, Duda Falcão, César Alcázar e Miriam Santigo. O prefácio da antologia é de Regina Drumnond (Receitas Práticas de Magia), que explica muito bem o fascínio que histórias como essas nos exercem. Como o Brasil não viveu em uma Idade Média propriamente dita, nossas influências medievais vêm de histórias e comportamentos europeus. Contudo, tal qual ela própria explica: qual o menino brasileiro que nunca quis ser cavaleiro e matar dragões ou qual a menina que não sonhou em ser uma princesa? Os traços e influências medievais estão também em nossa sociedade, mesmo que um pouco descaracterizados, pois não fazem parte de nossa cultura. O tema principal dos contos de No Mundo dos Cavaleiros e Dragões são histórias ambientadas justamente na Idade Média européia com os mais

“É realmente incrível quando temos a oportunidade de participar de uma antologia com um tema fantástico, como foi com NO MUNDO DOS CAVALEIROS E DRAGÔES, e dividir as folhas de um livro com mentes tão criativas e talentosas! Além do quê, adoro poder deixar minha imaginação viajar por outros universos e aventuras!” Simone O. Marques


interessantes elementos dos amantes do bom e velho RPG (Role Playing Game), como magos, bruxas, espadas, cavaleiros e, é claro, dragões. Tudo temperado com uma boa dose de heroísmo, misticismo e ações épicas dignas de qualquer grande história do gênero. O evento aconteceu no Bardo Batata, no Bairro Jardins em São Paulo, e contou com a presença de vários autores que puderam autografar, tirar fotos com os leitores e, é claro, fazer o que os escritores mais gostam além da escrita: falar sobre livros e literatura. Dois dos organizadores da FANTÁSTICA são participantes dessa antologia e amantes do gênero: Felipe Pierantoni com seu conto O Dragão sem Cavaleiro e também eu, Luiz Ehlers, com Cavaleiros da Luz. Outros lançamentos da antologia também estão sendo planejados em Santos e Porto Alegre.

Ademir Pascale autografando “Participar do NO MUNDO DOS CAVALEIROS E DRAGÔES, para mim ou qualquer iniciante, é um importante passo na longa estrada que a carreira de escritor nos coloca à frente. Mais que isto, é tornar-se parte do movimento de literatura fantástica de nosso tempo.” Leandro Reis

Coautores e organizador

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“Participar de NO MUNDO DOS CAVALEIROS E DRAGÕES foi de grande importância para mim, pois além de ser minha participação de estréia no mundo da literatura, pude estar ao lado de autores que até então eram ídolos e que tive o prazer de fazer parceria para construir um livro bastante interessante sobre o assunto que sempre foi muito cativante em minha vida: DRAGÕES!” Hugo Venancio

Bate-papo com Ademir Pascale: FANTÁSTICA - Ademir, você tem um histórico dentro da literatura de publicações envolvendo suspense, terror e também vampirismo. Qual a sua principal motivação e intenção quando criou a antologia No Mundo dos Cavaleiros e Dragões?

FANTÁSTICA - No Brasil ainda não temos um bestseller dentro da ficção fantástica, embora livros como O Senhor dos Anéis sejam um sucesso de vendas. Em sua opinião, onde está a nossa falha, se é que podemos chamar assim?

Ademir Pascale - A aventura em explorar um nicho da literatura, conhecer novos leitores e autores, oferecendo um material de qualidade. Adorei a experiência e pode ser que ainda este ano coloque em prática outro projeto voltado para o gênero.

Ademir Pascale - Não acho que é a nossa falha, mas sim a falta de espaço na mídia e falta de incentivo dos nossos governantes. Ou você tem muito dinheiro para divulgar as suas obras e torná-las conhecidas, ou é obrigado a ser um mestre do marketing. Os livros que são traduzidos aqui geralmente já chegam com um forte apelo comercial, parceiros de filmes amplamente divulgados, o que gera mais interesse na leitura das obras, souvenirs diversos, muito investimento das editoras com ótimas agências de publicidade, etc. Mas pelo menos em 2009 e inicio de 2010, não achei a coisa tão ruim. Os leitores interessados em obras nacionais são muitos e os que ainda não são, tenho certeza que aos poucos se interessarão, pois os escritores brasileiros não devem nada aos estrangeiros. Ah, ia me esquecendo, existe uma pequena falha: a falta de união entre nós escritores. Existem alguns que se dizem “colegas”, mas que não querem ver o sucesso do próximo, ou nada fazem para ajudar, ao contrário. Se fôssemos mais unidos, pode ter certeza que as coisas seriam bem melhores.

FANTÁSTICA - Como a Regina Drummond define no prefácio, neste gênero a fórmula normalmente é sempre a mesma, mas é justamente este o charme, onde se muda os ingredientes e o resultado é magicamente alterado. Como recebeu os contos que lhe foram enviados, eles de alguma forma o surpreenderam ou os autores ainda estão presos nas fórmulas clássicas do gênero? Ademir Pascale - Dos que selecionei, alguns me surpreenderam e poucos ficaram presos nas fórmulas clássicas do gênero, mas escreveram de forma bela. Alguns que não foram selecionados estavam até bem escritos, mas não possuíam um mote interessante; algo que se destacasse para uma publicação.

"Eu recebi o convite do Ademir, mas estava com um problema: tinha quebrado o pulso (os ônibus de Sampa são perigosos), e não tinha como escrever pelos três meses seguintes. Mas é para isso (e porque é divertido), que tenho várias histórias guardadas no computador. Não escrevo só quando me pedem algo, vou escrevendo quando surge uma ideia e as histórias ficam guardadas no arquivo, quietinhas, algumas repassadas para alguns amigos, outras que ninguém leu fora eu mesmo. A Vendetta era uma dessas histórias... Escrevi-a em 1999, pouco depois de publicar o "Coração de Demônio", era uma história no mesmo universo, de várias que fiz. E tinha duas qualidades: tinha cavaleiros (mesmo que não tivesse dragões... Tenho várias histórias de dragão, mas nenhuma era CURTA), e era já pequena o suficiente para caber no limite de palavras do conto sem precisar de revisões. Então, ditei um email para o meu namorado enviar para o Ademir o conto, sem revisar nem as marcações de data que coloco nos meus contos guardados. O Ademir gostou do conto, então, funcionou." Mariana Albuquerque 44


“Já participei de outras antologias, mas esta eu adorei, pois o próprio tema da antologia para mim já foi convidativo, no tocante escrever sobre cavaleiros, bruxas, feiticeiras etc., eu realmente sou apaixonada. O desafio para mim foi escrever algo sobre dragões porque eu não tenho tanto gosto por eles, pois não me simpatizo por esses seres, então, escrever uma história e ter de encaixá-lo, foi uma experiência e tanto. Espero ter outras deste tipo e aprender sempre com cada uma delas.” Miriam Santiago A criação de antologia de contos é uma das formas mais inteligentes e importantes de promoção de novos autores. Esta prática dá espaço ao mais “injustiçado” autor, que tem talento e não consegue nenhuma abertura no mercado para mostrá-lo. Há inúmeros destes movimentos dentro da literatura nacional, que parecem crescer a cada ano. Além de permitir uma experiência importante dentro do meio literário, antologias como No Mundo dos Cavaleiros e Dragões, permitem um exercício muito importante aos autores: escrever um conto. Normalmente o limite dentro destas antologias é de 8.000 caracteres, que equivale a cerca de quatro páginas, permitindo, assim, aos autores treinar a objetividade e clareza, que são ingredientes essenciais para qualquer aspirante desta arte. Iniciativas de antologias como a de Ademir Pascale contribuem para manter viva a escrita e garimpar os novos talentos da nossa querida e frágil literatura nacional.

Simone O. Marques autografando

Novas antologias de Ademir Pascale com inscrições abertas: Draculea: O Retorno dos Vampiros - Volume 2 Sobrenatural

"Quando recebi o convite para participar do livro NO MUNDO DOSCAVALEIROS E DRAGÕES, imediatamente comecei a pensar em que tipo de história eu poderia escrever. Quis sair um pouco do clichê de dragões cuspindo fogo e partir para um dragão do mar, tão falado nas lendas nórdicas. O resultado ficou muito bom. O livro então...! Ademir Pascale conseguiu unir ótimos textos de excelentes escritores com uma produção gráfica maravilhosa, finalizando em um livro fora do comum. Mas o que mais agregou valor para mim foi a possibilidade de poder conhecer escritores que, como eu, estão ávidos em mostrar o seu trabalho para o público. O leitor que ler NO MUNDO DOS CAVALEIROS E DRAGÕES se surpreenderá.” F.Fernandes 45


Por Dhyan Shanasa

QUAL O MONSTRO DA SUA CAMA? Usando “O Monstro debaixo da Cama “ como tema, a segunda edição do Concurso de Mini-contos do Estronho e Esquésito contou com quase duzentas inscrições.

Promovido pelo site Estronho – e idealizado por M.D. Amado -, o Concurso de Mini-contos do Estronho e Esquésito teve sua segunda edição encerrada no mês de abril. As inscrições ocorreram entre 01 de fevereiro e 30 de março de 2010, tendo o resultado final divulgado no dia 20 de abril. De acordo com o Estronho, essa edição contou com 113 autores inscritos/válidos, 195 mini-contos inscritos/válidos e 18 mini-contos rejeitados. Uma boa soma de interessados, diga-se de passagem. O concurso tinha como temática o notório “monstro debaixo da cama”, uma criatura hedionda que vem assombrando nossas crianças desde tempos imemoriáveis, talvez antes mesmo do que o Bicho Papão. Os autores poderiam escrever o que quisessem, dentro deste contexto, obedecendo a métrica de no máximo 15 linhas. Com esse curto espaço e uma temática sombria, os inscritos puseram suas imaginações e técnicas de escrita à prova. Escrever mini-contos não é para qualquer um. Mesmo um celebrado romancista tende a ter dificuldade com isso, pois se habitua a escrever de forma prolongada. Falo por experiência própria que a arte de escrever contos é tremendamente bela, posto que é a expressão do Vasto colocada no mínimo. A FANTÁSTICA falou com duas figuras importantes dentro do 2˚ Concurso de Mini-contos do Estronho e Esquésito. Primeiramente com M.D. Amado, uma pessoa muito sincera em suas propostas e que tem – desde 1996 -, divulgado novos autores de forma peculiar através do site estronho.com.br. Em seguida, uma rápida entrevista com o autor Luiz Ehlers, vencedor da segunda edição com o conto Sou eu o Monstro?.


FANTÁSTICA - O que o motivou a fazer uma segunda edição do concurso?

FANTÁSTICA - Podemos aguardar um terceiro ­concurso? Se sim, para quando?

M.D. Amado - O primeiro concurso realizado no final do ano passado já teve uma boa aceitação, trazendo inclusive novos leitores para o site. E como estou nesse meio da literatura fantástica, estou buscando sempre novas formas de incentivar a produção literária nessa área. Esse ano o site completa 14 anos, em setembro, e já tinha em mente um outro grande concurso a ser realizado e portanto seria bom antecipar a segunda edição do concurso de mini-contos. O que eu não esperava, era o aumento das inscrições da forma como se deu. Tanto a primeira, quanto a segunda edição, foram divulgadas em uma das maiores comunidades de concursos literários do Orkut e teve a aprovação, em sua primeira edição, de grande parte de seus participantes. Isso alavancou a segunda edição, pois houve uma divulgação dentro da própria comunidade, com o depoimento de vencedores e participantes do ano anterior. Ano passado foram 79 mini-contos escritos, contra 195 nesse ano, totalizando 118 autores de 19 estados brasileiros e mais Portugal e Japão.

M.D. Amado - Sim, além do terceiro concurso de mini-contos (talvez apenas em 2011), vem um concurso novo por aí. Dessa vez de contos de 8 a 10 mil caracteres com temas definidos. Os vencedores participarão de uma coleção de história fantástica do Estronho em parceria com a Editora Cidadela, sem custos para os autores.

FANTÁSTICA - Como ocorreu o processo de seleção do concurso e quais os critérios de aprovação dos fi­ nalistas? M.D. Amado - Assim como no ano anterior, foi montada uma comissão julgadora com oito jurados (quatro leitores e quatro escritores/organizadores), de várias faixas etárias, inclusive 11 e 12 anos (nos dois anos). O objetivo do site também é incentivar a leitura do gênero e por isso a escolha de um júri tão variado. E por incrível que pareça, essas crianças foram mais comprometidas e entusiasmadas que os adultos e experientes escritores. Cada jurado deu notas de 0 (zero) a 5 (cinco). No final foram descartadas a menor e maior notas, e computada a média. Nos casos de empate foram adotados critérios como maior números de notas 5, depois 4 e assim por diante. Eu não participei da votação, é bom deixar claro. FANTÁSTICA - Em sua opinião, qual a maturidade da escrita dos autores participantes? M.D. Amado - Em grande parte muito elaborada e bem construída. Claro que alguns participantes não têm experiência nenhuma e chegaram casos de um português muito mal escrito, ou uma história sem nenhum atrativo ou diferencial. Mas a grande maioria demonstrou uma maturidade literária no mínimo muito boa. Excelentes, foram poucos, mas deram um show.

FANTÁSTICA - Como é a relação entre o Estronho e seus leitores? M.D. Amado - Sempre foi muito boa, principalmente em relação aos leitores das seções de contos, poesias e também de causos e lendas. Não há um contato maior com os leitores de seções mais engraçadas como Mistérios do Cotidiano ou Nomes Estronhos. O site inclusive veio se modificando nesses anos em função de sugestões, pesquisas e críticas dos leitores. Claro que não é possível agradar a todos, mas tento manter as coisas de acordo com a maioria. Nesses anos surgiram inclusive excelentes amizades e através desses contatos é que acabei ingressando no meio, escrevendo meu primeiro conto em 2004. FANTÁSTICA - A Revista FANTÁSTICA parabeniza-o pelo trabalho na divulgação de novos escritores brasileiros, e para finalizar, qual o substrato de um concurso como esse? M.D. Amado - A ideia aqui é manter sempre uma mistura dentro da literatura fantástica. Os elementos podem variar da ficção científica ao policial, fantasia urbana, passando por mitologia e tudo mais que compõe o gênero. Brincando com um tema aparentemente infantil, para cutucar a criatividade dos escritores. Importante dizer também sobre a diversidade de culturas, faixa etária e linhas de produção literária que acabam fazendo tudo isso ficar bem... Estronho. Também vale destacar a participação de autores experientes e conhecidos, misturados a jovens que participaram pela primeira vez de um concurso (alguns se classificaram entre os primeiros lugares, inclusive). Eu agradeço a oportunidade e desejo sucesso a essa nova revista, dando também meus parabéns pela iniciativa. É disso que precisamos. Unir forças em prol de uma literatura fantástica brasileira que mostre seu valor e talento, em vez de ficarmos com jogo de egos inflados e disputas infantis, como vemos por aí ultimamente. Parabéns à todos!

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Como dito anteriormente, o vencedor do 2˚ Concurso de Mini-contos do Estronho e Esquésito foi Luiz Ehlers, de Porto Alegre, com o conto “Sou eu o Monstro?”. Em segundo lugar tivemos a autora Claudia Zippin Ferri com “Alice e o monstro debaixo da cama”, e em terceiro veio “Noites de tormenta” de Geraldo Trombin. Após uma boa lida no conto de Luiz Ehlers, posso dizer-lhes que seu destaque foi merecido. O conto não é raso, tampouco tremendamente profundo, ele leva-nos ao fundo de forma sutil, algo como uma brisa que toca a face para fazer-nos perceber o vento. Há ali a redução da reflexão, usada de forma curta e ligeira, dando-nos cabo para compreender com nossos olhos o que é preciso de maneira ágil. O conto não sublima o horrendo, tampouco o belo, mas deixa-nos com um pequeno, porém antigo, questionamento em mãos...

FANTÁSTICA – As múltiplas facetas de um gênero é que não escrevo verdades, como auto-ajuda, mas sim justamente sublimar o gênero. De forma alguma seu questionamentos e dúvidas que geram algo que prezo conto remete-nos ao horror. Como explica isso? muito: a reflexão. Luiz Ehlers - O conto é uma inversão. Eu sempre penso, quando escrevo, em uma forma de inovar, de mostrar alguma diferença. Este conto é isso, mostra que não é preciso monstros para se remeter ao horror. O conto mostra como o ser humano pode ser tão escuro quanto qualquer monstro e mesmo assim mantive o mistério e o lado ficcional do gênero. FANTÁSTICA – Qual a representatividade deste prêmio para você?

FANTÁSTICA – O que acha desse tipo de iniciativa que o Estronho e tantos outros fazem, em maior ou menor grau, pela internet? Luiz Ehlers - A internet é um meio justo, pois permite que mesmo o mais "excluído" autor tenha espaço para mostrar seu trabalho. A força da internet é imensa, não há como pensar em literatura hoje sem levá-la em consideração. Iniciativas como esta descobrem talentos, além de incentivar os que amam a escrita, pois é possível sim ser reconhecido.

Luiz Ehlers - Ser escolhido por um corpo de jurados é muito importante, apenas me dá mais energia para esFANTÁSTICA – Para finalizar, a FANTÁSTICA lhe crever. É um grande reconhecimento, pois muitas vezes as premiações com votos populares são concursos dá os parabéns pelo destaque, e pergunta: qual a sua de popularidade do autor, e os votantes não ficam pre- predileção para com a literatura? sos à qualidade, mas sim ao carinho pelo c­ onhecido. Luiz Ehlers - Eu gosto de qualquer literatura que me FANTÁSTICA – Quando o autor é profundo, há seu surpreenda de alguma forma. Acho que a surpresa e a íntimo expressado no texto; onde você se encaixa nes- reflexão são os elementos chaves para um bom texto, não tenho preconceitos de gêneros, desde que eles me sas quinze linhas? transmitam algo bom e me surpreendam de alguma Luiz Ehlers - Eu defendo que não há como fugir de maneira. Originalidade é algo complicado de se alquem somos no que fazemos. Este tipo de texto ex- cançar de forma plena, mas acho que o autor tem que pressa alguns questionamentos meus, costumo dizer tentar.

Conheça mais do Estronho Atuando na literatura nacional desde 1996, o site Estronho contém um valioso acervo de notícias, matérias, textos e dicas de livro. Além disso, está sempre atualizado com as novidades do ramo. Visite: www.estronho.com.br

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TOP Monstros Confira os três primeiros colocados da segunda edição do Concurso de Mini-contos do Estronho e Esquésito: 1º colocado:

Sou eu o monstro? - Luiz Ehlers

Alguns me chamam de monstro, mas particularmente não gosto. Vivo sob a penumbra de uma cama, porém ninguém daquela família jamais notou a minha presença, deixando-me em uma solidão escura. Eu adoraria poder conversar com todos eles. Sob a penumbra da cama, apenas tinha conhecimento de suas vidas através de sons e vozes. Lembro da pequena Lia, que passava horas em seu quarto brincando. Ali ela estaria longe das vozes ferozes de seus pais. Um dia ela parou de brincar e um menino vinha escondido ao seu quarto. Quando seus pais descobriram houve mais brigas e Lia chorou muito sob a cama. Fiquei tão triste, mas não podia ajudá-la, ao menos que ela me visse. As vozes de raiva de seu pai foram ficando mais altas e um dia houve mais sangue e muita correria. Lia sumiu e não voltou mais. O menino que a encontrava entrou furioso um dia e houve mais sangue. A mãe de Lia chorou muito e seu pai também não voltou mais. Eu passei mais alguns anos ali esquecido, apenas ouvindo os choros da mãe de Lia. Algumas vezes quis aparecer, mas não sei se deveria. Eu ainda me pergunto: sou eu o monstro?

2º colocado: Alice e o monstro debaixo da cama - Claudia Zippin Ferri Pavor. Palavra perfeita para descrever o que sentia quando a luz se apagava e voltava para a solidão de seu quarto. Solidão? Antes fosse... era ela e o maldito monstro que morava debaixo da cama. Inúmeras vezes tentara explicar para a mãe, que o monstro existia e que só podia ser percebido quando ela ficava sozinha, no meio da noite, e quando a luz se apagava. Inútil... Mamãe não acreditava. Mas também não explicava os arranhões e hematomas que, vez por outra maculavam seu corpo. E o cheiro horrível que o monstro exalava... tentava descrever, mas a mãe não entendia. Chamava a coisa de ‘imaginação’. Mas agora, o que eram pequenas investidas torturantes ficara muito mais evidente. O monstro estava mais violento, enorme, cruel... A mãe dormia no quarto ao lado, embriagada como sempre, e o monstro saíra debaixo da cama, envolvendo Alice, com seu hálito fétido e apetite bestial. Pela manhã, um corpinho sem vida. No relatório da polícia, mais um caso de criança violentada pelo padrasto. E a mãe? Ah... agora ela acredita em monstros.

3º colocado: Noites de tormenta - Geraldo Trombin Quarto lúgubre, 22 horas. Nenhum feixe de luz para apaziguar, apenas, como mamãe ensinara, um pai-nosso e o sinal da cruz. Escuridão absoluta encobrindo as marcas do desespero e inúmeras tentativas de fuga estampadas nas paredes sombrias. Mais uma noite daquelas, sem conseguir pegar no sono, enfronhada sob o denso manto mórbido da tormenta. Pesadelos medonhos, gritos alucinantes engasgados na garganta e muita agonia sufocando seus sonhos de criança. Mas, o pior de tudo ainda estava por vir – o monstro do alçapão debaixo da sua cama que insistia em aparecer geralmente na mesma hora, ameaçando, com sua voz atroz, matar seu irmãozinho, tentando a todo custo invadir outra vez, viril e violentamente, sua santa ingenuidade infantil. De repente um forte estampido e uma faísca iluminam a cena derradeira: de um lado, sua mãe empunhando um fumegante 32, do outro, aquele maldito padrasto pedófilo com um furo no peito, estirado ao chão para todo o sempre.

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Por que abrir as portas para os Vampiros ? por Simone O. Marques

“A vasta literatura sobre o vampirismo nos favorece de duas maneiras. A primeira oferece explicações de contexto social, isto é, a existência dos vampiros dá às pessoas uma explicação para eventos de outra forma inexplicáveis (...) A segunda abordagem é psicológica e explica o vampiro como existindo no cenário íntimo do indivíduo...” (J.Gordon Melton) ¹

1 - MELTON, J. Gordon, in. Enciclopédia dos Vampiros. M. Books. São Paulo, 2008


O Vampirismo nunca sai de moda. É como aquele clássico corte de cabelo ou a calça de bocas largas, mesmo que cotidianamente não os encontremos nas ruas, estão sempre esperando a oportunidade de voltar às passarelas.

nante mistura de sensualidade, obscuridade e terror que atrai e a­ prisiona.

“Vampiros conquistam por que as pessoas estão sempre em busca de explicações para eventos inexplicáveis”

“O que o Vampiro oferece para o futuro? Vida. E eterna. O que a ciência ainda não conseguiu oferecer“

dentes, à sua transformação de ser das trevas em gatinho da luz, à total humanização e pasteurização do mito, na verdade não importa. Os vampiros nunca estiveram tão em alta, tão na moda e conquistando novas vítimas. Sei que muitos dirão: Argh! Que forma mais terrível de se matar um mito! Mas temos que concordar que o interesse pela intrigante figura pode ser usado para resgatar histórias fantásticas e alimentar a mente criativa de muitos autores que se comprometem a manter, inclusive, a aura sombria, recriando e recontando as incríveis lendas populares.

“Gostaria que um vampiro bonitão me mordesse antes que fosse tarde demais”. Essa frase foi dita a mim por uma senhora de 73 anos! Nela estão contidos alguns elementos apaixonantes do mito que se adapta aos novos contextos e realidades. A sensualidade e sexualidade reprimidas que encontram na figura enigmática do Vampiro sua válvula de escape. Ainda hoje, a expressão dos desejos e necessidades é esmagada por uma sociedade e cultura castradoras e moralistas, por isso encontrar um ser que está acima desses conceitos só pode ser a­ paixonante.

Vampiros conquistam por que as pessoas estão sempre em busca de explicações para eventos inexplicáveis, procuram pretextos que expliParece que atravessamos um desses momentos quem ações e comportamentos e algo que lhes oportunos. Nos últimos anos houve um verda- dêem uma perspectiva de futuro. deiro boom! vampiresco e o tema ganhou uma inédita popularidade. Nunca tantas pessoas fa- O que o Vampiro oferece para o futuro? Vida; laram de vampiros ou a mídia produziu tanto e eterna. O que a ciência ainda não conseguiu aproveitando-se do tema. oferecer. Somos sedentos pela vida, queremos prolongá-la o máximo possível e, de preferênA produção literária sobre os encantadores se- cia, mantendo a juventude do corpo. Certamenres sugadores de sangue, também mostrou-se te muitas pessoas estariam dispostas a oferecer profícua. Se isso se deve ao romantismo exage- a alma em troca ou ceder seu pescoço livremenrado imputado à figura de longos e perfurantes te para que essa promessa se concretize.

Por que a moça ingênua e sem sal transformase na mulher ardente, sensual e tentadora deNovos leitores do gênero têm aparecido diaria- pois de entregar-se à mordida? Será por que se mente, um público que precisa ser conquistado livrou dos conceitos e pré-conceitos quando petambém através do gosto acre do sangue e da netrada por uma força devastadora? Mesmo o personalidade magnética de seres cujo poder de terror ou choque que antecedem à mordida não sedução vem acompanhado do cheiro de morte tiram o prazer e a satisfação de sentir a eternicom a promessa de vida eterna. Aquela fasci- dade vibrando e ao seu alcance. A chance de

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tornar-se alguém cujas agruras da vida normal não mais o atingirão. O prêmio da vida eterna sem degradações físicas é deveras encantador para a grande maioria das pessoas, quer assumam isso ou não. Senão, o que queria dizer minha amiga da terceira idade quando afirmou: antes que seja tarde demais...?

aquelas histórias que envolvem os Vampiros numa aura romântica e sinistra, mostrando toda a sensualidade, sexualidade e habilidades de conquista presentes em pessoas que muitas vezes são lindas, inteligentes e bem relacionadas, mas que possuem uma face grotesca que se revela na intimidade ou quando a necessidade de sangue torna-se urgente.

se, para o leitor, numa libertação, mesmo que momentânea, de uma ­realidade que não pode controlar.

almas. Personagens criados no passado para serem assustadores e talvez afastar jovens senhoras das tentações da carne, uma promessa de um triste castigo e punição impiedosa, mas que em algumas narrativas transforma-se em alguém pateticamente romântico, politicamente correto, com a moralidade aguçada e até v­ egetariano.

“O prêmio da vida eterna sem degradações físicas Viajar pelos mundos fané deveras encantador tásticos, pelas realidades alternativas oferecidas para a grande maioria O Vampiro pode ser impor pessoas que deram piedoso, cruel, um vervida a mitos tão encandas pessoas” dadeiro devorador de tadores, pode constituirUm mito tão complexo, tão antigo e tão intrigante quanto o do Vampiro pode invadir o imaginário popular de diferentes formas e atingir as pessoas em diferentes níveis. A literatura envolvendo o tema oferece um leque para atender a essas expectativas. Há histórias que apresentam os Vampiros como criaturas nãohumanas, controladas unicamente por instintos destrutivos e desejo de sangue, sem qualquer traço de inteligência. Animais de aparência assustadora e feições deformadas. Histórias que mostram pessoas amaldiçoadas, vítimas de sortilégios ou da intolerância, seres atormentados em busca de vingança ou respeito. Há ­ainda

“Um mito tão complexo, tão antigo e tão intrigante quanto o do Vampiro pode invadir o imaginário popular de diferentes formas”

Personagens fantásticos que são moldados a nossa própria vontade e anseios, que entraram no século XXI como portadores de sonhos e desejos, imagens daquilo que tememos e amamos, criaturas que resgatam as contradições da alma humana e, mais que tudo, apresentam uma perspectiva de longevidade repleta de prazeres, mesmo que esses nos obriguem a enfrentar os dias de sombras.

Simone O. Marques nasceu em São Paulo em 1969. Pedagoga (PUCSP) e Mestre em Educação (UFPR), lecionou em cursos de graduação e pós-graduação. Participou de projetos de alfabetização de adultos e formação de professores. Hoje, dedica-se a escrever fição. Tem três livros publicados: Gênese Pagã (2008), Triskle (2009) e Tribo de Dana (2009). Tem contos publicados nas antologias: Draculea O Livro Secreto dos Vampiros (2009); Marcas na Parede (2009) e O Grimoire dos Vampiros (2010). 52


ovaledosanjos.blogspot.com


Por Luiz Ehlers

convidado:

Victor Maduro autor de: Além da Terra do Gelo Natural de Ipatinga-MG, desde criança é fascinado com a “fantasia” em suas várias facetas: livros, RPG, filmes, desenhos como Caverna do Dragão, e animes. Sempre envolvido com o mundo das letras, publicou contos em jornais da medicina, informes internos e numa antologia de contos medievais. Hoje, é formado na Faculdade de Medicina da UFMG. Seu primeiro romance, Além da Terra do Gelo: A Jornada de Elohim, narra as aventuras de Vanhardt, um jovem que descobre ser filho de uma poderosa deusa do gelo. Contudo, quando se vê vítima de uma terrível tragédia familiar, o rapaz é obrigado a lançar-se numa longa jornada, onde fará novos amigos, enfrentará diversos perigos e terá de lidar com épicos desafios.


Luiz - Há algumas pessoas que têm certo preconceito com a literatura fantástica, pois alegam que é sempre a mesma trama: Bem vs. Mal. A própria derrota de Avatar no Oscar mostra um pouco que a fantasia não é muitas vezes encarada como uma história séria, mesmo que o faturamento seja alto. Começo perguntando, o que o Além da Terra do Gelo tráz de novo aos leitores? O que, acima de tudo, deseja passar com essa história? Victor - Talvez eu possa responder essa pergunta explicando o motivo que me levou a escrever. Em primeiro lugar, acho que a literatura é uma fonte de cultura, conhecimento e, além de tudo, diversão. Gosto de ler porque me diverte e me faz refletir, sonhar, questionar, surpreender. Minha entrada na “carreira” de escritor está justamente relacionada a esse desejo de fornecer às pessoas tudo aquilo que já recebi de bom. O Além da Terra do Gelo - A Jornada do Elohim, traz todos esses elementos numa roupagem nova, dinâmica, em sintonia com o público atual e pelos “feedbacks” que tenho recebido creio que atingi o meu objetivo. Mesmo que não ganhe um Nobel, já fico feliz por saber que tantas pessoas se divertiram e mergulharam nesse mundo fantástico. Luiz - O Além da Terra do Gelo tem surpreendentemente mais de 70 capítulos, todos eles em 343 páginas. Esta grande quantidade de capítulos dá um dinamismo à história, mas ao mesmo tempo tende a picotá-la e acabar fragmentando demais a trama. Qual a principal razão para este formato de contar a história em tantos capítulos?

aquele gostinho de “quero mais” ao leitor. Outra explicação pode estar atrelada às tramas paralelas, as quais acredito que sejam melhor contadas pela maior liberdade que ganho com os capítulos curtos. Gosto de comparar esse ponto de meus livros aos de Dan Brown, autor de O Código da Vinci.

“Em primeiro lugar, acho que a literatura é uma fonte de cultura, conhecimento e, além de tudo, diversão.” Luiz - Algo interessante na trama é a “humanização” dos deuses. A mãe de Vanhardt, Léia, luta inclusive corporalmente, com socos, poderes e chutes. Outros deuses fazem o mesmo. Esta concepção de deuses é relativamente nova, pois normalmente eles são seres inalcançáveis e poderosos, mas que não mostram tal poder. Qual a sua intenção em ter deuses assim? Seria talvez uma frustração de histórias onde os poderosos são tão poderosos que nem lutam?

nos faz “cair do cavalo”. A linguagem coloquial é um dos pontos mais interessantes e divertidos do livro. Vanhart e Lila não hesitam a “trocar farpas” muitas vezes bastante pesadas. Literatura, para você, é acima de tudo clareza na linguagem? Como chegar neste limite de clareza e surpresa? Victor - Boa pergunta, eu não sei! (risos) Na verdade, apenas tentei trazer uma linguagem com a qual o público alvo se identificasse mais facilmente. Além disso, cada linguagem está amarrada ao personagem; Vanhardt, Lila e ­Green são mais coloquiais, porém os deuses como Léia, Taurok e Justus demonstram uma linguagem mais refinada. Luiz - A sua formação é de Medicina, profissão que requer uma seriedade e responsabilidade muito grande. Normalmente alguns autores deixam escapar a profissão dentro dos textos, o que é normal, pois afinal ambos fazem parte da mesma pessoa. Há algo da Medicina dentro do Além da Terra do Gelo ou são “caixinhas” diferentes da mente? Ou será que o lado divertido da história é justamente uma fuga da seriedade de sua ­profissão?

Victor - Não uma frustração, mas sim uma roupagem nova, uma releitura que faço dos deuses. Já debati isso com outros colegas e concordamos que nem sempre criamos algo novo, porém fornecemos uma nova visão de tudo que já foi c­ ontado.

Luiz - À primeira vista, o Além da Victor - Concordo com seu ponto Terra do Gelo parece uma história de vista. Realmente esse formato simples e quando menos esperacumpre o objetivo que é de dar uma mos somos surpreendidos por uma velocidade maior à trama e deixar revelação ou acontecimento que 55


Victor - As duas coisas. A Medicina é uma parte importantíssima da minha vida, e não é possível escapar a alguns termos linguísticos médicos, principalmente os anatômicos. E também vejo a Medicina como uma forma de expressar arte, assim como a literatura. De qualquer forma, o Além da Terra do Gelo não segue exatamente o que faço como médico.

frontos, lutas corporais que são minuciosamente detalhadas de uma forma muitas vezes crua e sem lirismo. Vanhardt dá voadoras e cotoveladas se for preciso. Tive a impressão de que em sua concepção, lutas são lutas e não poesias, porém elementos de emoção e traços épicos ainda estão ali. Estou certo com esta constatação ou equivocado?

Luiz - Existem algumas vertentes que dizem que não podemos criar nada que esteja tão distante de nós mesmos. O Victor Maduro está presente no Vanhardt, na Lila, na Ravina ou no Green de alguma forma?

Victor - Falou tudo. Não nego profundas inspirações em Cavaleiros do Zodíaco, Rurouni Kenshin (­Samurai X), Battle Angel, Duro de Matar, Máquina Mortífera e etc. Procuro desenvolver as lutas de maneira precisa, de modo que o Luiz - O que mais podemos esperar da saga e afinal quem era o leitor realmente “veja a cena”. traidor? (risos)

Victor - Com certeza, sem sombra de dúvidas. Em todos os personagens, provavelmente. Mesmo que eu me inspire em algumas pessoas para criar este ou aquele personagem, é impossível escapar ao que está dentro de mim ao transportálos para o papel.

“Procuro desenvolver a luta de uma maneira precisa, de modo que o leitor realmente veja a cena.”

Luiz - Eu comparo muito o seu livro a um desenho animado, acreditando que uma adaptação ao cinema não seria possível e que a história sofreria com isso. Você concorda? Se sim, em sua opinião, onde está principalmente esta diferença? Luiz - Batalhas, suposta ação sem lirismo, objetividade, linguagem Victor - Concordo sim, principal- simples e coloquial, mistérios e remente ao que tange a fragmentação velações são os elementos que fordo texto, com vários pontos de cor- mam sua obra de maneira geral. te e de surpresas, e ao tamanho da Estes elementos remetem um pouco trama, que sofreria numa ao gosto masculino; você acredita adaptação ao cinema que sua história seja mais voltada que comporta umas para um público específico? 2 horas de filme. Mas isso não sig- Victor - A um público jovem talvez nifica que eu não sim, mas ao público masculino ex­queira vê-lo numa clusivamente não, até mesmo portelinha! (risos) que já recebi inúmeros elogios de meninas que leram e se encantaram Luiz - O Além da com o livro. Uma delas, aliás, leu a Terra do Gelo obra em menos de 24 horas, proeza é cheio de con- que nem eu mesmo seria capaz. 56

Victor - Bem, no próximo livro esperem por muitas lutas, mais surpresas, reviravoltas, novos e fantásticos personagens, além de muitos mistérios revelados. Principalmente quem é o traidor! (risos) Aguardem por Além da Terra do Gelo - Guerras Divinas!

Saiba mais:

www.alemdaterradogelo.com


seção:

JOGO-RÁPIDO Um livro que adoraria ter escrito... Grande Sertão Veredas

Lila em uma palavra.... Sacrificio

Um grande desenho animado... Caverna do Dragão

Green em uma palavra...

Uma cena de batalha cinematográfica marcante... A refilmagem do King Kong, quando ele luta contra 3 T-Rex

Ravina em uma palavra...

Um personagem da ficção fantástica marcante... Snape, do Harry Potter

Selena em uma palavra...

Uma grande aventura... Levar o Um Anel até o vulcão de Mordor

Hilda em uma palavra...

Um grande vilão... Darth Vader Uma grande batalha final... Aquela de Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei Uma grande luta... Kenshin X Shishio em Rurouni Kenshin (Samurai X) Vanhardt em uma palavra... Fogo

Comédia

Lealdade

Dor

Maligna Modovar em uma palavra... Mistério Os pepenjis em uma palavra... Pokémons O Além da Terra do Gelo... Aventura

Ilustrações por Licínio Souza liciniosouza.deviantart.com

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De anjos e demônios a naves e espadas Os últimos lançamentos da literatura nacional são um prato cheio para quem gosta de uma boa história de conspiração envolvendo temas sobrenaturais. Tanto O Desejo de Lilith (Editora Draco) de Ademir Pascale quanto a continuação da saga de Márson Alquati, Ethernyt: Sob o Domínio das Sombras (Editora Giz Editorial) prometem eletrizantes histórias com seres celestiais, intrigantes mistérios e muito suspense. Já para quem prefere mergulhar numa vibrante mistura de ficção científica e fantasia, Aura de Asíris - A Batalha de Kayabashi (Editora Isis), de Rafael Lima, é a pedida perfeita.


Aura de Asíris - A Batalha de Kayabashi Sobre o autor:

Rafael Lima é publicitário formado pela PUC-Rio e webdesigner. Ao conceber Aura de Asíris – A Batalha de Kayabashi, inspirou-se em grandes referências de sua adolescência, como Final Fantasy, Star Wars e D ­ ragon Ball Z.

Ficha técnica: Editora: Isis ISBN: 9788588886544 Páginas: 416

Sinopse:

Há séculos, banshees e furous guerreiam ao norte de Asíris, mundo governado por uma avançada tecnologia e permeado por uma energia chamada Aura. Apesar dos banshees terem vencido a maior parte das batalhas, algo está para mudar. Uma antiga lenda, que prevê o nivelamento de forças entre as duas raças e, consequentemente, o fim desta que é conhecida como a Grande Guerra, aparenta ser verdadeira quando os furous inexplicavelmente se tornam mais poderosos e capazes de derrotar seus inimigos pela primeira vez na história. A partir daí, uma batalha sem precedentes eclode em uma região conhecida como Deserto de Kayabashi. Neste cenário de tensão e expectativa surge Yin Ashvick, um menino de doze anos que pode ser a única esperança de todos. Ele terá que enfrentar uma longa e perigosa jornada, a qual colocará à prova sua coragem, altruísmo e determinação. Para isso, terá a ajuda de seu mestre, Hanai ­Ashvick, o general do exército banshee, Irwind Heatbolth e outros personagens bastante carismáticos. Cada um terá que encarar seus piores temores para descobrir a verdade por trás da onda de terror que assola sua terra ­e pôr fim na grande ameaça que se aproxima.

www.auradeasiris.com 59


O Desejo de Lilith Sobre o autor:

Ademir Pascale, é lingüista, escritor, crítico de cinema, ativista cultural e editor brasileiro. Possui grande atuação publicando crônicas, contos e resenhas em diversos meios de comunicação e organizando antologias literárias.

Ficha técnica: Editora: Draco ISBN: 9788562942044 Páginas: 136

Sinopse:

Um descuido dos tradutores da Bíblia revelou o pior dentre todos os demônios. Um velho e decadente detetive de polícia investiga um macabro suicídio, mas o que ele não sabia era que sua vida estava por um fio e seria envolvido em uma conspiração contra toda a humanidade. Uma palavrachave, transliteração de uma palavra hebraica repetida em 63 trechos da bíblia, dará início à mais sombria das investigações. Uma organização secreta milenar abriga incríveis segredos e bizarras e inimagináveis personagens. Afinal, o que teria em comum Platão, Vlad Tepes, Erzsébet Báthory, John Milton, Thomas Chatterton, Mary Shelley, Percy B. Shelley, Robert L. Stevenson, Aleister Crowley e Jim Morrison? Descubra em O Desejo de Lilith, um romance sobrenatural vivenciado nas principais avenidas e ruas de São Paulo, repleto de segredos, revelações, aventuras e muito rock n’ roll. Mas atenção, seja forte e esteja preparado ao ler estas páginas, pois você não confiará mais em seu vizinho ou qualquer outro transeunte que cruzar o seu caminho. Você nunca mais enxergará o mundo como antes… Afinal, qual seria o desejo de Lilith?

odesejodelilith.blogspot.com 60


Ethernyt: Sob o Domínio das Sombras Sobre o autor:

Márson Alquati nasceu em Caxias do Sul e hoje reside em São José do Ouro. Sob o Domínio das Sombras é o segundo volume da saga Ethernyt, cujos primeiros esboços foram traçados durante suas viagens de ônibus para o trabalho.

Ficha técnica: Editora: Giz Editorial ISBN: 9788578550646 Páginas: 448

Sinopse:

Anjos e Demônios existem e estão prestes a destruir a Terra na batalha definitiva entre o bem e o mal... O último ato do Apocalipse tem o seu início seis meses após a Batalha da Fortaleza da Montanha, quando Lúcifer, em sua sede de vingança contra os anjos, descobre a localização do verdadeiro Cofre da Morte, e, respaldado pelo seu novo exército, parte para resgatá-lo. Porém, em seu caminho encontram-se mais uma vez os Guerreiros da Luz. Thomas e os Escolhidos da Profecia, auxiliados pelos anjos, cruzam o planeta de ponta a ponta, do México ao Egito, sem medir esforços na tentativa de detê-lo. Todavia, algo acaba dando errado e os demons se apossam do terrível “Vírus D”, iniciando, enfim, o profetizado evento do Armagedon. Uma a uma, as maiores metrópoles européias são arrasadas e suas populações dizimadas no pior massacre da História. A raça humana passa a correr perigo, ficando à mercê da extinção total. Sua única e derradeira esperança repousa agora nos Guerreiros da Luz e nos destemidos anjos de Ethernyt. Mas serão eles realmente capazes de deter o Fim dos Tempos?

www.ethernyt.com 61


Saudações, amados mortais!

Convido todos vocês a mergulhar em um profundo e abissal território, repleto de surpresas e possibilidades. Sejam bem vindos à seção de Terror da revista FANTÁSTICA. Vamos às apresentações. Eu sou Nana B, e, em companhia de meus colegas, Nelson Magrini e Celly Borges, ambos autores de Literatura Fantástica, fui convidada pela equipe da FANTÁSTICA para assinar esta coluna. Nós três, juntos, formamos a “Tríade dos Imortais”!


Não podemos começar esta viagem pelo Terror, na nossa Literatura, sem mencionar nomes de alguns autores muito importantes no gênero. Em um grupo de amigos conversando sobre livros, quando uma pessoa pensa em terror dentro da literatura de fantasia no Brasil, invariavelmente quatro nomes vêm primeiro à mente. São eles: André Vianco, Nelson Magrini (nosso honorável membro da Tríade), Martha Argel e Giulia Moon.

André Vianco

Nelson Magrini

Martha Argel

Giulia Moon

“Utilizando vampiros, anjos e demônios como personagens, eles foram pioneiros do atual Movimento Literário Fantástico, que vem angariando, a cada dia, mais leitores no Brasil, principalmente entre os jovens” Estes autores foram os precursores do estilo contemporâneo de Fantasia, Ficção-Científica e Terror, como chamamos hoje e batizado tão sabiamente pelo autor Henry Evaristo como “LitFan”. Utilizando vampiros, anjos e demônios como personagens, eles foram pioneiros do atual Movimento Literário Fantástico, que vem angariando, a cada dia, mais leitores no Brasil, principalmente entre os jovens. Com uma contribuição preciosa e estilos diversos, cada um deles tem construído uma legião de seguidores, abrindo também caminho para que inúmeros outros escritores e suas obras saiam do ostracismo, influenciados por suas inspiradas trajetórias dentro do gênero Terror. Dos idos de 2000, com os lançamentos de Os Sete, de André Vianco; Relações de Sangue, de Martha Argel; seguidos de ANJO a Face do Mal, de Nelson Magrini e Luar de Vampiros, de Giulia Moon, iniciou-se uma nova fase na Literatura Fantástica no Brasil. Pela primeira vez, os leitores podiam ler romances sobrenaturais adaptados à nossa realidade, com histórias engajadas e desenroladas no mundo de seus cotidianos. E foi justamente tal característica, aliada ao desenvolvimento de boas tramas e personagens carismáticos, que levou numerosos fãs mais interessados, os quais crescem a cada dia, a mergulhar no Universo Fantástico, justamente em uma época em que nossos jovens haviam perdido o interesse pela literatura. especialmente em relação aos autores nacionais. A atual literatura fantástica deve, por justiça e reconhecimento, render homenagens a estes escritores, que reabriram a cortina do Terror e da literatura de fantasia, para os leitores brasileiros, tão sedentos de coisas novas. Trilhando um caminho antes sem perspectivas, tirando-nos das trevas e colocando os autores brasileiros em pé de igualdade com qualquer outro do gênero, contribuindo de forma muito positiva para que muitos autores fantásticos de hoje tenham seu espaço assegurado, graças a esses caçadores de monstros, que começaram tal empreitada anos atrás.

“A atual literatura fantástica deve, por justiça e reconhecimento, render homenagens a estes escritores” Mergulhem, amados mortais, nesta viagem vertiginosa através dos medos e horrores destes assustadores e talentosos autores. E cuidado quando forem dormir. Não esqueçam, quando apagarem as luzes...

Tenham medo! Texto de: Nana B. Poetisa. Revisão: Nelson Magrini e Celly Borges

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Conheça as obras dos autores pioneiros: Os Sete (2000), O Senhor da Chuva (2001), Sétimo (2002), Sementes no Gelo (2002), A Casa (2002), Bento (2003), O Vampiro - Rei Vol.1,(2004) O Vampiro - Rei Vol.2 (2005), O Turno Da Noite, Os Filhos De Sétimo Vol.1 (2006), O Turno Da Noite, Revelações Vol.2 (2006), O Turno Da Noite O Livro de Jó Vol.3 (2007), Vampiros do Rio Douro Vol. 1, Vampiros do Rio Douro Vol. 2 (2007), O Caminho do Poço das Lágrimas (2008).

André Vianco

Todos os livros, publicados pela Editora Novo Século.

ANJO A Face do Mal (Novo Século, 2004) Relâmpagos de Sangue (Novo Século, 2006) Os Guardiões do Tempo (Giz Editorial, 2009). Coletâneas: Visões de São Paulo (Tarja Editorial, 2006)

Nelson Magrini

Contos improváveis (Writers, 2000) Relações de sangue (Novo Século, 2002) O vampiro de cada um (Martha Argel, 2003), Olhos de gato (Writers, 2005), O livro dos contos enfeitiçados (Landy, 2006), O Vampiro da Mata Atlântica (Idea, 2009)

Martha Argel

Luar de Vampiros (Scortecci, 2003), Vampiros no Espelho & Outros Seres Obscuros (Landy, 2004), A Dama-Morcega (Landy, 2006), Kaori: Perfume de Vampira (Giz Editorial, 2009).

Giulia Moon

Coletâneas: Território V (Terracota Editora, 2009) Galeria do Sobrenatural (Terracota Editora, 2009) Imaginários Vol. 1 (Editora Draco, 2009).

Os quatro autores integraram o time de 7 escritores fantásticos na antologia de 2008 da Giz Editorial, Amor Vampiro. 64


Henry Evaristo, um escritor fantástico Henry Evaristo era um ativista da LitFan, termo este usado pela primeira vez em sua entrevista no Fórum da Câmara dos ­Tormentos, que foi criado por ele para reunir escritores de terror, depois que a Irmandade das Sombras – em que Henry também foi um dos fundadores – acabou. Este grande amigo e escritor foi fortemente influenciado por Edgar Allan Poe e Howard Philips Lovecraft, mas construiu uma identidade singular. Nunca conseguiu reconhecimento em papel, porém, em seu blog, Câmara dos Tormentos, podemos apreciar seu magnífico trabalho, eternizado na internet.

Quando seu livro de contos, “Um salto na escuridão”, foi publicado pelo Clube de Autores, Henry foi questionado numa entrevista sobre o que se poderia esperar de um salto na escuridão, eis sua resposta:

“Saltar na escuridão é se deixar afundar para dentro do caldeirão de nossas próprias sombras e das sombras do mundo que nos cerca, e saber enxergar essas sombras, lidar com elas, domesticá-las e fazê-las agir ao seu comando ainda que temendo-as profundamente. O autor de terror é um domador das trevas! Mas, os descuidados podem acabar dominados por elas...” Henry Evaristo † (1976-2010)

Ler os contos de Henry Evaristo é como dar um mergulho nos abismos mais sombrios da alma, conhecer os sentimentos intensos de medo, mas respirar seguros quando a página findar. Texto de: Celly Borges Colaboração: Tânia Souza e Victor Meloni

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conheça o

O Skoob é uma rede social brasileira criada para autores, leitores e editoras. O título do site vem do inverso da palavra books em inglês. O Skoob, chamado por alguns de "o orkut de livros", foi lançado em 30 de dezembro de 2008 pelo desenvolvedor Lindenberg Moreira. Através de um simples cadastro o usuário cria um perfil, onde é possível listar o que se está lendo, o que já foi lido e o que se pretende ler, formando, assim, uma "estante" virtual. Títulos ­ainda ausentes no catálogo do site podem inclusive ser adicionados pelos próprios usuários, que também podem compartilhar suas opiniões sobre as obras através de avaliações e r­ esenhas. O Skoob é uma excelente maneira de se avaliar uma obra, conhecer novos títulos, discutir ideias com outros leitores e inclusive adquirir novos livros trocando algum exemplar seu com outro usuário. O Skoob é também uma boa maneira de fazer amigos, que tenham paixão pela leitura semelhante a sua e aumentar, assim, a sua rede social. Além de ser uma divertida rede social, o Skoob mostrou-se como um forte e importante instrumento de divulgação do trabalho de autores, especialmente iniciantes, e por esta razão, a FANTÁSTICA dedicou uma seção inteiramente ao nosso querido Skoob.

www.skoob.com.br Visite também o perfil da FANTÁSTICA no Skoob!


TOP - Mais lidos Classificação das obras nacionais de ficção fantástica:

Os Sete

O Turno da Noite Vol. 1

André Vianco

Os Filhos do Sétimo André Vianco

2714 leram

1

leram

Sétimo

Sementes no Gelo

André Vianco

André Vianco

1753 leram

2

leram

A Casa

André Vianco

André Vianco

leram

3

André Vianco

leram

8

759

leram

O Turno da Noite Vol. 2

Bento 1185

7

813

O Senhor da Chuva 1434

Revelações André Vianco

4

673

9

leram

O Vampiro Rei Vol. 1

O Vampiro Rei Vol. 2

André Vianco

André Vianco

1000 leram

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

6

854

5

670

leram

- O Turno da Noite Vol. 3 - O livro de Jó [André Vianco] - O Caminho do Poço das Lágrimas [André Vianco] - Amor Vampiro – Vários Autores [André Vianco & Martha Angel] - Os Vampiros do Rio Douro Vol. 1 [André Vianco] - Os Vampiros do Rio Douro Vol. 2 [André Vianco] - A Batalha do Apocalipse [Eduardo Spohr] - O Turno da Noite - Volume Único [André Vianco] - Um Mundo Perfeito [Leonardo Brum] - Kaori - Perfume de Vampira [Giulia Moon] - Anjo a Face do Mal [Nelson Magrini]

10 510 317 288 283 271 206 138 120 77 74

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* Para estimular a interação entre autor e leitor, só são contabilizados livros cujos escritores possuam perfil no Skoob ** Contabilização fechada em 28 de Abril de 2010

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TOP - Vou ler Classificação das obras nacionais de ficção fantástica:

Os Sete

Um Mundo Perfeito

André Vianco

Leonardo Brum

1044 vão ler

1

Sétimo

A Batalha do Apocalipse

André Vianco

Da queda do mundo ao crepúsculo do mundo Eduardo Spohr

784 vão ler

2

O Senhor da Chuva André Vianco

734 vão ler

3

O Vampiro Rei Vol. 1 André Vianco

665 vão ler

7

599

vão ler

O Vampiro Rei Vol. 2 André Vianco

8

591

vão ler

O Turno da Noite Vol. 3 O livro de Jó André Vianco

4

534

9

vão ler

Bento

Amor Vampiro

André Vianco

Vários Autores André Vianco & Martha Angel

629 vão ler

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

6

600 vão ler

5

10

498

vão ler

- O Turno da Noite Vol. 2 - Revelações [André Vianco] - O Caminho do Poço das Lágrimas [André Vianco] - O Caminho do Poço das Lágrimas [André Vianco] - Sementes no Gelo [André Vianco] - O Véu [William Nascimento] - A Casa [André Vianco] - Crianças da Noite [Juliano Sasseron] - Diário de um Anjo - Despertar de um novo ser [Mandy Porto] - Os Guardiões do Tempo [Nelson Magrini] - A Caçadora - Sorriso de Vampiro [Vivianne Fair]

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* Para estimular a interação entre autor e leitor, só são contabilizados livros cujos escritores possuam perfil no Skoob ** Contabilização fechada em 28 de Abril de 2010

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Resenha de Skoobers nandaassis Belo Horizonte - MG

A Fome de Íbus

Livro do Dentes-de-Sabre Albarus Andreos Editora: Giz Editorial Um valoroso guerreiro retorna à sua terra após um longo período de guerra e provação. Uma profecia deverá ser cumprida. Uma longa caminhada se inicia e um grupo estranho é então formado. Um feiticeiro, um anão, um elfo e um jovem batedor se unirão ao guerreiro nesta difícil empreitada. Isso é só o início da saga medieval A fome de Íbus, do brasileiro Albarus Andreos. Karizem é um bárbaro, um guerreiro que partiu de sua amada terra Ith para lutar em guerras que não eram suas. Lutou por um senhor tirano, conheceu de perto a dor e a luta pela própria vida, viu feiticeiros e lutou contra criaturas oriundas da magia negra. Sozinho e cansado, esta é a história de sua volta para casa. De volta a Ith, reencontra seus amigos e sua família, e também seu mentor, o feiticeiro Tellor. Com a ajuda do mago, Karizem descobre que seu coração foi roubado por um dragão e que deverá partir em busca do coração perdido, enfrentar o dragão e só assim encontrar o seu lugar no mundo. É aí que se inicia uma grande aventura. Karizem parte em companhia de Tellor e do jovem guerreiro Haskor. Durante sua busca estranhos aliados farão parte do grupo, como Dorfhull o anão, Gelfor o elfo e um misterioso andarilho cego. Juntos passarão por muitos perigos e farão uma grande descoberta que colocará em risco a vida de todos. A missão será árdua, e o Escolhido deverá enfrentar bruxos poderosos para cumprir a profecia e pôr fim à Fome de Íbus. Conseguiu se sentir dentro do maravilhoso mundo criado pelo autor? Não vou entrar em mais detalhes do que acontece na história para não estragar a surpresa. Mas o que posso dizer é que é uma saga emocionante e muito bem construída. A história é complexa, o leitor irá conhecer um mundo novo, repleto de seres fantásticos e de muita magia. O estilo me lembrou um pouco os livros de Tolkien, que eu amo, e terminei o primeiro volume ansiosa pela continuação, intitulada O Livro da Escuridão. O primeiro livro da saga é bastante introdutório, os personagens e os lugares são descritos minuciosamente, por isso achei o começo um pouco cansativo. Depois a história se desenvolve e eu devorei o restante do livro, que me surpreendeu bastante. Pelo que pude perceber a continuação terá muito mais ação e aventura. Sem dúvida é um ótimo livro para quem, como eu, adora literatura fantástica. Se você procura uma boa história de elfos, bruxos e dragões, não irá se d­ ecepcionar.

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Por Cristiano Rosa

CRIANDO TESTRร LIOS

Alรงando voos por universos fantรกsticos omundodeharrypotter.com.br/blogct


O blog Criando Testrálios foi criado em 1º de janeiro de 2009 com o objetivo de divulgar e incentivar a leitura de livros de fantasia e ficção, aquelas histórias em que a magia nos leva para outro mundo - porém sem tirarmos os pés deste aqui -, narrativas que nos conquistam por ter suas próprias criaturas e culturas, que nos enriquecem tanto em questão de vocabulário como também em valores para a vida. Criando Testrálios está no ar para mostrar que não é só da realidade em que estamos que vivemos, mas precisamos e sobreviemos com a literatura fantástica e, melhor que isso, sabemos interpretar as histórias que lemos com tanto prazer que elas nos fazem mais sentido que muitos outros livros. Por isso, este blog é dedicado às pessoas que leram, leem ou irão ler livros como Harry Potter, O Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia, Crepúsculo, Fronteiras do Universo, A História Sem Fim, Percy Jackson, entre outras obras desse tipo que nos fascinam a cada nova página, mostrando-nos um mundo encantado que sobrevive como o nosso: com o respeito à individualidade de cada ser. Criar Testrálios, então, significa debater a literatura fantástica, criar nossas próprias teorias, relacionar obras, discutir nossas leituras, ou seja, falar de coisas que somente nós, leitores de fantasia, sabemos e entendemos. No Blog CT você encontra dicas de livros, séries e filmes que falam à nossa imaginação. A Equipe CT sempre está em busca de novidades do mundo da fantasia e da ficção para indicar aos seus leitores, produzindo também entrevistas com escritores da cena nacional da literatura fantástica, assim como sorteio de livros desses mesmos autores, sempre valorizando o trabalho dessas pessoas que se dedicam a criar universos e criaturas para nos encantar e conquistar. Para 2010, o blog CT tem vários projetos novos, como investir mais na literatura nacional de fantasia e ficção, divulgando novos escritores e livros - mas sem deixar de dar continuidade ao trabalho com os best-sellers do gênero -, voltar a produzir a Revista CT, realizar promoções de livros mensalmente e produzir também um pod cast mensal e especial sobre o tema aos seus leitores. Contatos podem ser feitos através do e-mail blogct@omundodeharrypotter.com.br. Temos também um MSN: blogct@hotmail.com. E você também pode entrar em nossa comunidade no Orkut, nos adicionar no Twitter e nos fazer perguntas por meio do FormSpring. Atualmente, a Equipe CT centra-se em:

Cristiano Rosa

Emerson Marques

Fundador e Administrador

Co-administrador e Newsposter

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As influências de nossos autores Na história do Blog CT, já entrevistamos mais de 20 escritores nacionais. Selecionamos os 20 primeiros para tomar como base dessa coluna, e são eles: Clinton Davison, Raphael Draccon, Felipe Pan, Glauco Maciel, Gustavo Draco, Helena Gomes, Jorge Tavares, Leandro Reis, Marco Aurélio Paz, Mario Carneiro Jr., Márson Alquati, Martha Argel, Nazarethe Fonseca, Nelson Magrini, Rafael Lima, Rober Pinheiro, Juliano Sasseron, Victor Maduro, Vivianne Fair e Willian Nascimento. Uma de nossas perguntas-padrão é: “Quais são as suas três sagas fantásticas literárias preferidas e por quê?” E apresento aqui as respostas que mais apareceram, a fim de tentarmos traçar um cenário das principais influências da nossa geração atual de escritores de fantasia e ficção no país.

Em primeiro lugar, apareceu a obra de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis (Editora Martins Fontes). A trilogia passada na Terra-Média foi citada por 15 dos 20 autores. “A obra de J. R. R. Tolkien me impressionou pela precisão com que criou todo o cenário e a trama”, confessou Martha Argel, autora de O Vampiro da Mata Atlântica (Idea Editora), em sua entrevista.

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A série Harry Potter (Editora Rocco) apareceu em segundo lugar, da britânica J. K. Rowling. Victor Maduro, autor de Além da Terra do Gelo (All Print Editora), destaca: “Harry Potter tem um enredo dinâmico, personagens carismáticos, trama surpreendente e fácil de se identificar.” A saga do menino bruxo conquista 14 dos 20 escritores. As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, vem em terceiro lugar, com três citações. O reino do leão Aslan foi destacado: “As Crônicas de Nárnia é muito divertido, além de ser um livro cheio de histórias que crianças podem ler.”, comenta a ­escritora Vivianne Fair, autora do livro Cavaleiros do RPG (Editora Livronovo). E também com três lembranças, temos a trilogia de Philip Pullman, Fronteiras do Universo (Editora Objetiva). “A ousadia do autor me pegou realmente desprevenido e me diverti muito tentando entender o simbolismo presente em seu material.”, afirmou em sua entrevista o jovem escritor Felipe Pan, autor de Rede de Sonhos (Editora Novo Século). E por último, dos cinco destaques aqui apresentados, a obra As Brumas de Avalon (Editora Rocco), de Marion Zimmer Bradley, aparece com duas citações. ­Rober Pinheiro, autor de Lordes de Thargor (Editora Biblioteca 24x7), afirma que a série que conta as histórias do círculo arthuriano sob uma ótica feminina é pouco conhecida pelos jovens leitores brasileiros, mas ele a considera como referência pra qualquer amante da fantasia. Martha Argel adora O Senhor dos Anéis

Rober destacou As Brumas de Avalon

Por essa visão, podemos concluir que nosso círculo de escritores de fantasia e ficção brasileiros tem ótimas influências, e que essas cinco séries mais citadas são realmente essenciais para qualquer bom leitor do gênero. Além dessas, também foram citadas As Crônicas de Artur, Crepúsculo, A História Sem Fim, A Sétima Torre, Artemis Fowl, Operação Cavalo de Tróia e Sandman, entre outros livros e séries.

P.S.: Essa síntese foi possível somente com a colaboração de todos os 20 autores comentados no início da coluna, que gentilmente cederam entrevista ao Blog CT entre 2009 e 2010. Obrigado a todos.

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P s ychobooks

Entendemos a sua loucura!

Olá leitores! Recebemos a proposta da FANTÁSTICA para uma parceria com o nosso blog e nem pestanejamos! Estamos aqui, contrabalanceando um pouco esse universo majoritariamente masculino que vocês leitores vivenciaram até agora. Somos quatro mulheres e todos nossos textos aqui na revista serão escritos, é claro, a quatro mãos! Temos um blog de resenhas de livros, o Psychobooks, onde expressamos nossas opiniões sobre as obras e inclusive indicamos uma música que se relacione com cada livro. Em nossas próximas conexões, seguiremos essa mesma linha aqui na revista. Mas vamos ao que interessa, e, sem meandros, iremos nos desnudar (ui!) e contar tudo sobre nós e nossas preferências de leituras, músicas e filmes.

psychobooks.blogspot.com


As loucas por livros: Alba é a mais velha do blog (mas não traga esse assunto à tona). Suas resenhas vão desde Marian Keyes, passam por André Vianco e chegam à literatura infanto-juvenil, com Rick Riordan e Monteiro Lobato. Nutre um ódio profundo por livros de Danielle Steel, cujos motivos ainda não foram muito bem esclarecidos.

Mariana é a garota-novidade, ainda mais quando se trata do mundo de Romances Sobrenaturais. Está sempre atualizada, mas não deixa de ler e escrever sobre os clássicos. Mantém-se antenada nos lançamentos internacionais.

Pâmela é a eterna romântica. Nora Roberts, Barbara Delinsky, Marian Keyes, Nazarethe

Fonseca. Todos os livros chamados Chick-Lit já passaram por suas mãos. Mas ela não deixa de nos surpreender com resenhas de Mangás.

Thaís é a garota-alternativa. Livros que não fazem parte dos chamados “Best Sellers” são

seus preferidos. Vai desde história do Brasil, passa por “serial killer” com Ilana Casoy e termina em Elisa Masseli.

E como as quatro, com gostos tão diversos, se conheceram e resolveram fazer um blog sobre livros? Nada acontece por acaso. Mas, às vezes, o acaso se responsabiliza por criar situações, apontar um lugar, fazer com que uma loucura em comum seja o ponto central de uma amizade entre quatro pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Uma loucura e o total entendimento pela paranoia, o desejo incontido, a necessidade de ter, ler e falar sobre livros. Nada se compara ao cheiro de um livro. E o vício nesse cheiro, no mundo desconhecido e na essência que cada livro traz dentro de si, foi o que uniu essas quatro mulheres.

Sorteios no Psychobooks! Não contentes em dividir com vocês nossas impressões literárias, resolvemos também presenteá-los com livros! Isso mesmo! Todo mês temos sorteios de livros no blog. Esse mês os sorteios serão de obras de dois autores brasileiros. Não perca tempo, inscreva-se já! Eu, ele e a enfermeira... na luta contra a anorexia

A Fome de Íbus: Livro do Dentes-de-Sabre

Fernanda do Valle

Albarus Andreos

Editora: Clio Páginas: 160 ISBN: 9788578310257

Editora: Giz Editorial Páginas: 334 ISBN: 9788578550349

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Mensagem de: Allan Pitz – Rio de Janeiro - RJ paquidermesculturais.blogspot.com Caros amigos, em primeiro lugar, quero desejar toda a sorte do mundo para a Revista FANTÁSTICA, torço sempre pelas boas iniciativas culturais brasileiras. Gostaria também de aproveitar o rico espaço em questão para apresentar o meu livro recente “A Morte do Cozinheiro” (Editora Above Produções). O livro está registrado e com sinopse no site Skoob. Abração a todos da equipe! E obrigado pela atenção dispensada.

FANTÁSTICA - Allan, muito legal e interessante o seu trabalho de livros curtinhos ou, como os chama, “livros texto”. Ficamos muito surpresos com a ideia e sua iniciativa neste formato. Obrigado pelo apoio à FANTÁSTICA e espero que goste da primeira edição, feita com muita dedicação e carinho. Grande abraço e obrigado pelo presente à revista, os exemplares de A Morte do Cozinheiro, confesso que estamos curiosos para ler (risos).

Mensagem de:

Fernanda Marília – São Luís – MA Comunidade Anita Blake Official Prezados, boa noite! Sou moderadora da comunidade Anita Blake Official (Orkut), e desejo saber se podemos fazer uma parceria! Estamos divulgando em nossa comunidade os nossos parceiros, pois acreditamos no gênero no Brasil, que é pouco divulgado. Obrigada! FANTÁSTICA – Fernanda, achamos muito especial esta devoção e dedicação que os fãs têm com os livros que gostam. Nós apoiamos a literatura de uma forma geral. O grande objetivo da FANTÁSTICA é fortalecer a literatura nacional e trazer aos amantes deste gênero opções nacionais também, mas, em momento algum, temos problemas com obras internacionais. Foram inclusive livros como Harry Potter, O Senhor dos Anéis e Crepúsculo que criaram o gosto da fantasia a tantos fãs. Então, Nanda, aí está divulgada a sua comunidade e esperamos que goste da FANTÁSTICA. Grande abraço.


Mensagem de:

Rebis Kramrish – Rio de Janeiro - RJ amorelivros.justtech.com.br Somos um grupo de autores com vários e-books, alguns sendo de fantasia. E o e-book não é apenas uma nova forma de apresentar trabalhos, mas a melhor alternativa aos escritores pobres que nem nós (risos). Mesmo que a produção tenha barateado bastante, ainda é difícil fazer as vendas e nós não podemos nos dar ao luxo de desembolsar uma grana forte e depois ficar com o material encalhado. Então, lançamos nossos trabalhos em e-book e cobramos por isso, para que não haja uma distribuição descontrolada e para que o leitor dê valor ao que está adquirindo. FANTÁSTICA – Rebis, grande trabalho o seu com o site e não há absolutamente nada de errado em se cobrar por ele. Todas as profissões são assim, porque com a escrita deve ser diferente? O e-book é um assunto bastante polêmico, pois se por um lado ele permite uma facilidade para ao autor, por outro acaba banalizando e deixando a literatura desprotegida. Esta questão é tão importante que será a nossa próxima matéria de capa. Por ora, parabéns pelo seu trabalho e força na batalha de divulgação.

Mensagem de:

Carol Dias – Campinas - SP openbookpage.blogspot.com Tomei conhecimento da revista pelo Skoob. Adoraria ajudar na divulgação, colocando-os como parceiros e fazendo uma matéria para divulgar a revista. FANTÁSTICA – Carol, primeiro gostaríamos de agradecer o interesse e apoio à Revista Digital FANTÁSTICA. É muito gratificante e motivador para todos da equipe. Também mandamos um parabéns especial ao seu ótimo trabalho no Open Page, um grande blog. Reparei que há vários autores nacionais no seu blog e isto é bacana. São iniciativas como a sua que mantém a nossa querida literatura forte. Abraço e esperamos que goste da revista.

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dicas para escrever sem se equivocar

Há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem e aqueles que Escrevem. Os que iniciam-se com letra minúsculas são escritores de fim de semana, que pela ignorância na arte tornamse medíocres e geralmente exaltam-se batendo no peito e reivindicando serem bons no que fazem; há também os que iniciam-se com letra maiúscula, que amam a arte, respeitam-na e obedecem as suas altas exigências. Os dois tipos partem do mesmo ponto e nível, por assim dizer. O que os diferencia é simplesmente o caminho que tomam – um o da vaidade, outro o da sinceridade.

por Dhyan Shanasa

Estas sete dicas não são, de maneira alguma, sentenciosas e tampouco generalizadas. São fatores analisados por anos e que podem fazer com que um escritor minúsculo torne-se maiúsculo por simplesmente mudar seu foco. Vejam que cada indivíduo possui uma potência criadora, assim, ao ler essas pequenas dicas tentem adaptá-las para a sua realidade. Leiam-nas de forma imparcial, sem concordar ou discordar, e, em último caso, experimentem-nas, seja na vida ou na escrita. Estas dicas são mecanismos simples e refinados que passam despercebidos pela maioria dos que querem escrever.


1 – A equação que gera uma obra e o monstro que se chama Inspiração Eis a equação: Inspiração + disciplina + observação + paciência... O resultado só pode ser uma obra. Uma obra deve ser iniciada pelo seu querer, pelo impulso que avassala a mente e o espírito do escritor. Contudo, isso tem de ser acompanhado por ele, já que a inspiração pode tomar vias tortas e sinuosas, confundindo-o e dando-lhe uma falsa sensação de completude. Um escritor que inicia-se na arte deve, antes de tudo, ter disciplina. Disciplinar-se é pegar a sua inspiração e usá-la como uma ferramenta e não tornar-se escravo dela, e para isso é preciso compreendê-la, observá-la e ser paciente. A inspiração é o canal de acesso à obra, mas não pertence a você. Ela flutua entre dois mundos – o nosso e o imaginativo -, e tende a ficar no segundo. Cabe ao escritor domá-la e sobrepujá-la, mas isso não é uma tarefa fácil, e geralmente leva-se uma vida inteira. A inspiração não é um boneco, é selvagem. Antes um monstro devorador de mundos que com sua boca medonha engole nossas mentes arrastando-as de forma confusa de um lado para o outro. Observá-la ao ponto da exaustão é vencê-la de fato, mesmo que isto custe longos anos de labuta. Quando o escritor consegue domar sua inspiração a seu favor, grandes coisas podem acontecer. Todavia, não tente domá-la! Observá-la é o truque, paciência é o poder e disciplina é a vitória. Quando essa equação estiver completa, sua obra não será mais um amontoado de palavras que se arrastam indolentes por 400 páginas. Perceberá uma fragrância diferente, uma vida estalando latente; ver-se-á uma luz, uma desenvoltura, um desenrolar suave.

2 – A Lei da Discordância Fundamental Um dos maiores equívocos entre aqueles que escrevem é achar que agradar o público é estar no topo. “Se todos aplaudem, sou um gênio!” Apressamo-nos em dissuadi-los, pois isso é absolutamente irreal. Quando se escreve deve-se, antes de tudo, ter um tremendo senso de auto-crítica. Isso quer dizer que é preciso desconfiar dos comentários que se recebe e ainda mais dos elogios. Pessoas despreparadas lêem determinada obra e dizem que é boa, outras que é ruim; autores despreparados abandonam a escrita por receber críticas negativas, outros consideram-se deuses. Há engano de ambos os lados. Gosto não se discute, mas críticas sim, pois uma crítica não pode ser feita levando em conta seu gosto pessoal e sim todo o complexo mecanismo chamado literatura. Um dos maiores perigos para quem participa de qualquer tipo de arte é chamado crítica: quando negativa pode arruinar o escritor, quando positiva pode enganá-lo. Não estou dizendo para que contestem a opinião alheia, e sim que devem colocá-la em quarentena. Quem escreve precisa ter frieza ao receber elogios ou críticas. Um milhão de pessoas amam um livro, mas isso não quer dizer que ele seja bom, nem que seja ruim, diz simplesmente que aquela obra agrada determinado padrão. Outro milhão detesta outro livro, e novamente isso não quer dizer que seja ruim, tampouco bom, pois desagrada um determinado grupo. O escritor deve ser auto-crítico, e sua crítica deve vir antes de todas. Receber elogios é ótimo, mas quando metem o pau também há utilidade. Porém, lembre-se que nada pode tirar o mérito de uma obra, e que todas elas têm um papel importante a cumprir. O perigo é para o escritor que, quando despreparado, encara ambos os fatores como verdades, devendo apenas rir e continuar sua própria observação. 81


3 – A arte chamada leitura gera a arte que chamam de escrita “Escreve bem quem lê bem”, disse meu editor certa vez. Isso é importante, pois quem escreve deve se educar. Educar-se nessa arte é ler. Entretanto, é preciso que o equívoco do “estilo de literatura” seja banido do mundo. Este engano ocorre quando uma pessoa começa a escrever livros de fantasia e acha que precisa ler apenas aquele tipo de literatura para escrever. Isso é terrível, pois tudo deve ser usado para ajudar na escrita, assim, não fique preso num determinado padrão só por que escreve aquele estilo. Lembre-se que quem escreve deve dominar tudo, não só o assunto do livro, mas também a língua, a poesia, a prosa, a filosofia, a metafísica e dezenas de outros fatores. É necessário grande empenho e estudo. Passar os olhos na literatura clássica, ler grandes mestres, procurar entender por que são considerados fundamentais para a escrita são coisas que todo novo autor deve fazer continuamente, sem cessar, até o fim dos seus dias. Um Beethoven não seria nada se não tivesse estudado como um cão toda a herança de Bach e Cia. Devemos então pegar nossos 20 séculos de literatura e lê-los continuamente. Não existe quem nasça pronto, e é aí que a equação tem de tornar a surgir, com a disciplina em primeiro lugar. Leia, mas não só por prazer, mas por análise, por estudo, por observação, e não só o estilo de histórias que escreve, mas todo o resto, pois mesmo a fantasia carece de uma base concreta para ter fundamento e veracidade.

4 – Um truque chamado tempestade cerebral Todo escritor teme o famoso bloqueio. Como evitá-lo? Não dá. Mas há uma forma de contorná-lo. O bloqueio surge quando fatores externos interferem na sua atenção em acessar e domar a inspiração. Estes fatores são infinitos e insondáveis, e isso gera grande tensão que gera outros fatores que tornam o bloqueio mais intenso a cada instante. Um efeito borboleta começa a ocorrer, pois uma coisa puxa a outra e assim por diante até o momento em que o escritor é capaz de abandonar a escrita, julgando ter perdido o jeito. Há casos em que podese ficar meses ou anos sem escrever-se nada. Para contornar esse bloqueio observei uma coisa muito simples de ser feita. Primeiramente, é necessário que arranje uma outra pessoa, disposta a ouvir e perguntar, com paciência e profundidades suficientes para que consigam assim conversar e que você possa confiar para contar coisas sobre seu livro que o público em geral não pode saber. O truque é falar sobre a obra, a idéia que o escritor está trabalhando. Conversar por horas sobre o que está pronto ou o que tem em mente devasta o muro chamado bloqueio. Esqueça que ele existe, concentre-se nas perguntas, na conversa, observe que à medida que a conversa avança e perguntas são feitas, suas respostas são desconhecidas até para si mesmo. É comum o autor descobrir detalhes sobre sua própria obra conversando com os outros, e isso é excelente. Procure fazer isso com freqüência, e não só quando se está com bloqueio, manter esta freqüência ajudará que suas idéias não caiam na mesmice que assombra a todos.

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5 – Um sonho chamado livro Cada macaco no seu galho, cada trabalhador faz seu horário... Isso quer dizer que cada um tem um potencial, e que nem sempre o que se quer fazer é o que se consegue. Conheço muita gente, muita mesmo, que lê bastante e têm vontade de escrever. Há de se observar esta tendência, pois ela pode vir da vaidade humana e não da afinidade com a arte. Gostar de natação não nos torna atletas olímpicos, gostar de bolo não nos faz gourmets, amar a música é diferente de ser músico. Vocês podem achar que isso é meio óbvio para ser dito, mas se observarem atentamente, toda vez que vemos determinada coisa magistralmente bem feita, temos a tendência de querer fazer algo do gênero. Isso não é generalizado, claro, mas acontece bastante. Investigue-se: o que o empurra para a escrita? O que o faz querer isso? De onde vem a vontade? Ela é nata? É real? Atente-se para isso, pois um escritor pode começar sua carreira por vaidade, o que é bem normal e não faz nenhum mal quando se tem consciência do fato, mas que pode torná-lo um idiota caso ignore isso. O livro é um sonho. Sonhar é estar acordado. Sonhe à vontade, mas lembre-se: um escritor tem grande responsabilidade para com o público que o acompanha e ser sincero com a sua arte é abarcar este senso e não mover nem um centímetro.

6 – Plágio: o Inimigo O maior inimigo de um artista é chamado Plágio. Este ser tem um poder peculiar e anda entre os dois mundos – o nosso e o imaginativo -, disfarçando-se às vezes como inspiração, em outras como inovação. O Plágio deve ser percebido antes que se torne forte ao ponto de o autor ter a impressão de que foi Homero quem o plagiou. Pode parecer absurdo, mas há quem escreva a mesma obra de outra julgando ter escrito a sua própria. Evite seguir uma linha de raciocínio igual ao do seu autor favorito. Procure lê-lo imparcialmente, de forma a observar sua arte, e não xerocá-la. Uma vez que se consegue assumir um tom diferente, o Plágio enfraquece, mas jamais sumirá e deve-se mantê-lo sobre vigília constante.

7 – O Livro pronto e o escritor iniciando É fato que gostamos de ser reconhecidos por um trabalho bem feito. Não recrimino ninguém e acho que nossa literatura tem crescido bastante. No entanto, quem escreve deve ter consciência de suas limitações e das limitações críticas de quem os lê. Ter um livro publicado não é sinônimo de ser Escritor, é uma conquista interessante, mas o primeiro passo dentro de um universo que tende a ser cruel com os desavisados. Não se satisfaça com elogios ou com livros numa vitrine, tenha em mente que por mais que se considere bom, haverá sempre alguém acima de você, e por mais que haja alguém acima, sua capacidade pode ser trabalhada. Não imite os outros, não seja macaco de circo. Mantenha uma serenidade e seriedade no que faz; não se subestime e tampouco se superestime, ambos podem derrubar-lhe do cavalo. E lembre-se: você está lidando com Arte, e isso não é pouco. Ser um Escritor não é escrever um livro, ganhar dinheiro e etc, é amar o que faz, é escrever para si, com paixão, não interessando se aquilo será ou não publicado.

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Acesse: olivrodetunes.blogspot.com


“A natureza da Verdade, bem como a do segredo, é manifesta; nós é que não queremos enxergá-la” Dhyan Shanasa - O Livro de Tunes, Volume I, Capítulo V, Livro II


revistafantastica.webs.com


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