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Medo de contrair o Covid-19 aumenta o número de complicações por doenças cardiovasculares

Pernambuco registrou um crescimento de 85% no número de mortes, deste março deste ano, perdendo apenas para o Amazonas que registrou 94%

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Amedicina não é ciência exata, por isso, uma doença pode evoluir de forma diferente em cada pessoa. Alguns grupos são mais suscetíveisa complicações e ao óbito do que outros, principalmente durante a pandemia. No que se refere aos problemas cardiovasculares, o Brasil registrou um crescimento

Dor no peito atenção total

Foto Google

no número de mortes súbitas desde março deste ano, quando iniciou o contágio pelo novo Coronavírus. Isso porqueo medo de contrair o vírus provocou uma diminuição na procura pelos atendimentos médicos, acarretando um aumento do número de mortes, em casa, decorrentes de doenças mal controladas como a hipertensão, diabetes e dislipidemias. Com isso, o número de pessoas que morreram por doenças cardiovascularesno primeiro trimestre de 2020 foi32,17% maior em comparação ao mesmo período de 2019. Em Pernambuco, este cenário não foi diferente. Segundo a Sociedade Brasileira de cardiologia (SBC), o Estado registrou um crescimento de 85% no número de mortes por doenças cardiovasculares no períodode pandemia, perdendo apenas para o Amazonas que registrou 94% no número de óbitos. Também houve aumento de 88,7% nos óbitos em domicílio causadas por doenças cardiovasculares inespecíficas, que provocaram morte súbita. Os casos passaram de 3.619, entre março e maio de 2019, para 6.829 no mesmo intervalo

de 2020. De acordo com a cardiologista e hemodinamicista da MedInterv/Real Cardiologia, Tieta Albanez, o medo de contrair o Covid-19 fez com que as pessoas não saíssem de casa, mesmo as sintomáticas. E isso fez aumentar as doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no mundo inteiro.Pessoas com dor que estavam quase enfartando, preferiram não se dirigir às emergências pelo medo do rápido contágio do vírus. “Agora que acabou a quarentena, mesmo sem uma vacina definida, o ideal é que as pessoas procurem seus cardiologistas e voltem a fazer os exames para que essa estatística de mortes súbitas em casa não aumente”, alerta.

“Família de médicos cardiologistas e hemodinamicistas do MedInterv / Real Cardiologia, Heitor Albanez de Medeiros, Heitor Medeiros e Tieta Albanez (esquerda p direita) enfatiza que o medo de contrair o Covid-19 fez com que as pessoas não saíssem de casa, mesmo as sintomáticas. E isso fez aumentar as doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no mundo inteiro.

Para a doméstica, Rosineide Galdino, de 46 anos, descobriu na pandemia que precisava conviver com a hipertensão e para isso o uso contínuo de remédios para controlar a pressão arterial passou a fazer parte da sua rotina. “Eu senti muita dor de cabeça e dor no pescoço, mas, mesmo com receio do contágio do Corona- “Rosineide Galdino desvírus, decidi procu- cobriu na pandemia que rar um médico que precisava conviver com a hipertensão” me encaminhou para um cardiologista”, relata.

Cirurgias - Dentro deste cenário atípico na saúde de muitos brasileiros, um grande número de cirurgias foram adiadas, incluindo as cirurgias do coração. Pacientes que tiveram infarto e necessitam de ponte de safena, por exemplo, não conseguiram realizar o procedimento. Da mesma forma, pacientes com Febre Reumática que precisaram corrigir valvas do coração, também tiveram suas cirurgias canceladas. “As doenças cardíacas que necessitam de cirurgia são, claramente, aquelas potencialmente mais graves, ou seja, o adiamento dessas intervenções são de alto risco, pois os mesmos podem evoluir ao óbito em casa”, revela a cirurgiã cardiovascular da Cardiovasculares Cirurgiões, Manuella Muniz, acrescentando que no Nordeste, a Febre Reumática é, ainda, um importante problema de saúde pública cujo tratamento evolui, na grande maioria dos casos, para cirurgias.

Nesse período, muitos pacientes têm se submetido ao agravamento da sua condição cardíaca. E o risco diante dessa situação é perder o momento ideal da cirurgia e, posteriormente, ocorrer um risco ain-

Cirurgiã cardiovascular do Cardiovasculares Cirurgiões, Manuella Muniz, alerta sobre o risco de perder o momento ideal da cirurgia”

da muito maior à vida do paciente. “Dessa forma, temos alertado aos pacientes para o retorno para tratamento adequado, o quanto antes”, alerta.

Curiosidade

O coração é um órgão muscular oco, em forma de cone e relativamente pequeno: tem mais ou menos o tamanho de um punho fechado e pesa entre 250g e 300g nos adultos.Uma espécie de bomba que impulsiona mais de 70 mil litros de sangue por dia para que circule por todo o organismo. Conhecido por ser o principal órgão do corpo humano, o coração foi deixado de lado por boa parte dos brasileiros, neste período de pandemia do novo Coronavírus.

Os estados com maior crescimento no número de mortes por doenças cardiovasculares:

1 Amazonas

(94%)

2 Pernambuco

3 São Paulo

(85%)

(70%)

4 Ceará

(63%)

5 Espírito Santo

(45%)

6 Alagoas

(43%)

7 Rio Grande do Norte

(35%)

8 Pará

(34%)