Revista Estimuladamente Ano I |Edição 03 | OUTUBRO de 2018

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Editorial Outubro é o mês das crianças e esta edição da Estimuladamente foi especialmente planejada para que pudéssemos oferecer, a você, querido leitor, a amplitude e atenção que o tema merece. A busca pelo desenvolvimento integral do ser humano vem trazendo para perto da ciência às questões holísticas, permitindo compreender e apoiar as transformações necessárias para uma vida plena. Observar a natureza humana pode ser um bom começo para quem pretende oferecer as melhores condições de educação na infância, e isso, todo mundo está cansado de saber que, começa em casa. Entender o comportamento desde os primeiros meses de vida, considerando os ambientes e as interferências sofridas nessa fase pode ser fundamental para vivências saudáveis e adequadas a cada idade da criança. Sim, o exemplo dos adultos em torno dela é essencial para o seu aprendizado e a forma como ele ocorre. E isso vale para o bem e para o mal. O que explica atitudes conflituosas, que podem ainda vir acrescidas de crenças limitantes. A criança pode ser empoderada de suas capacidades e possibilidades, mas é importante que saiba que o adulto estará ali para apoiá-la, dar suporte e limite nas doses certas. Pelo menos este é o cenário ideal. A preservação da privacidade e segurança dos pequenos se estende e se concentra atualmente, especialmente, no aspecto tecnológico e virtual. É inevitável o contato da criança com dispositivos eletrônicos, smart toys e derivados da era da geração da Inteligência Artificial. E nesse quesito, brincar continua sendo o melhor remédio. O lugar do lúdico na educação infantil continua sendo o ponto de partida. Qual é o filho que você quer deixar para o mundo? Responder a isso é um desafio sobretudo, se você, pai ou mãe, considerar não as suas expectativas, mas as reais necessidades emocionais, espirituais, físicas e psicológicas do seu filho ou da sua filha. Por isso, um presente para uma criança não precisa ter apenas valor material. É além disso, uma prova de cuidado, com significados diversos. E não é porque o tema é o universo infantil que a nossa coluna Erotica... mente ficou de fora, não! Embora o assunto esteja incluso e inclua a criança e deva ser abordado como ferramenta educacional e de autoconhecimento no tempo certo, foi inviável trazê-la nesta edição. Mas na próxima, certamente, nossa colaboradora Micheli Cruz volta a apimentar nossas páginas! Boa leitura!

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Expediente

Ano 01 | nº 03 | Outubro 2018 Bimestral Diretoria: Marcelo Conceição Reis Amanda Reis Argolo de Almeida Jornalismo: Lais do Nascimento Souza MTB 0005347/BA Revisão de Texto: Vania Conceição Rocha Diagramação: Cristiano Stavola Prado Marcelo Conceição Reis Rua Professor Sabino Silva, nº 179, Chame-Chame, Salvador - Bahia. CEP 40157-250 revistaestimuladamente.com.br https://issuu.com/ revistaestimuladamente Tel.: (71) 99998-2877 (71) 98629-2192 Para anunciar: revista@estimuladamente.com.br Para colaborar: jornalismo@estimuladamente.com.br *As opiniões emitidas nas matérias e artigos são de total responsabilidade de seus autores. Imagens: www.istockphoto.com/br

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Índice Toda edição Pág. 05 - Minha Onda: Quando você muda, tudo muda! - Por José Alves

Pág. 53 - Alterne: Teatro Gil Santana - Por Raimon Alves

Pág. 06 - Sustentabilidade: Outubro é o mês das Crianças: Ofereça mais que brinquedos. Ofereça mais vida! - Por Carla Visi

Pág. 54 - Universo Holístico: O que são Constelações Familiares? - Por Amanda Reis

Pág. 08 - Educação: A geração IA e o direito da criança ao brincar - Por Rosemary Ramos Pág. 12 - Capitalismo Consciente: O Brasil não vai mudar - Por Kiko Kislansky

Pág. 56 - Relações Comunitárias: Educação Social: uma perspectiva possível em comunidades tradicionais - Por Vania Rocha

Pág. 14 - Coach: O que é Coaching? - Por Alexander Galante

Pág. 61 - Escutatória: Se todos estão falando, quem está escutando? - Por Pedro Cordier

Pág. 16 - Tecnologias Sociais: Inovação Social para circulação de moedas: Uma outra economia acontece! - Por Simaia Barreto

Pág. 64 - Terceiro Setor: Educar para transformar, educar para o campo! - Por Simaia Barreto

Pág. 66 - O que vamos organizar hoje: Qualquer coisa - Por Taís Reis Pág.18 - Empresas Conscientes: Invista em autoconhecimento - Por Eduardo Almeida Pág. 68 - Planejamento Consciente: Propósito: O resgate da criança interior - Por Marcelo Pág. 21 - Estimuladamente Abraça: Eu existo EB Reis Pág. 24 - Curiosamente: Motivação - Por Miguel Pág. 70 - Registro: IPEC: 20 anos de permacultura - Dourado Por Marcelo Reis Pág. 26 - Fotos: Infância - Por Paulo Guedes Pág. 72 - Autoconhecimento & Espiritualidade: Pág. 36 - Mecânica Quântica: Síndrome do Sobre peixes, aquários e oceanos - Por imperador - Por Jean Savedra Conça Cedraz Pág. 46 - Contos de Família: Quando o amor Pág. 74 - Minha Estimuladamente: Assumindo o direciona sentidos opostos - Por Laís controle da minha vida! - Por Marcléia Nascimento Mendes Pág. 48 - Alimentação: Alimentação saudável na Pág. 76 - Estimuladamente Indica: Por Lais infância - Por Alessandra Mussi Nascimento Pág. 49 - Vida no trabalho: O que você vai ser Pág. 78 - Mensagem - Como mudar o mundo quando crescer? - Por Sandra Rego Pág. 50 - Construções Sustentáveis: Biocontruções: foco no meio ambiente - Por Marcelo Reis

Neste exemplar Pág. 28 - Especial - Educação: Uma visão Sistêmica para o que chamamos de Conflitos na Infância - Por Leila Oliveira Pág. 40 - Capa - Ho’oponopono: quando a autorresponsabilidade promove a cura - Por Amanda Reis e Maria Áurea

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Minha Onda Por: José Alves

Quando você muda, tudo muda! Na primeira história desta coluna, vou relatar o caso de uma pessoa que conheço muito bem, e que mostra que uma mudança de vida não precisa, necessariamente, ser um processo disruptivo, onde você precisa abandonar tudo que viveu para buscar uma nova vida. Algumas vezes, esse processo não envolve mudança de casa, cidade, trabalho, mas sim uma transformação interna, na maneira como você passa a enxergar a realidade, na percepção sutil das suas experiências e com a criação da consciência de que você é o responsável por tudo que acontece na sua vida e, portanto, é quem decide como vai vivê-la. Foi essa a mudança que aconteceu na minha vida e é sobre ela que vou contar aqui. Como para a maioria das pessoas, minha vida era existir de segunda a sexta e aproveitar o fim de semana pra viver. Encarava os problemas diários como algo normal e tentava resolvê-los da melhor maneira possível. “Matar um leão por dia”, “a vida é uma batalha”, “sucesso só vem com muito esforço”, “a vida é dura”, essas crenças faziam parte da minha vida e eu cresci achando que não existiria vida fora desse contexto. Certa vez, comecei a questionar essas verdades, pois como costumo dizer: tudo aquilo que não se acomoda cria um incomodo, e foi esse sentimento que me levou a busca de um novo significado pra minha trajetória. O primeiro passo pra mudança foi entender que ela teria que começar por mim. Eu queria que as coisas fossem diferentes, que as pessoas mudassem e, de repente, eu mudei e percebi que nada mais precisava mudar. E assim acontece até hoje: a nossa vida é uma constante mudança e é essa capacidade de adaptação que nos dá condições de estarmos sempre atualizados e prontos pra desfrutar a vida, em toda sua plenitude. - E agora eu pergunto pra você: o que pode ser mudado em sua vida que só depende de você e que, ao mudar, sua vida ganhará outro sentido? Te convido a refletir, se ouvir, aquietar a mente e perceber que pequenos ajustes podem ser responsáveis por grandes transformações em nossas histórias.

Foto: Arquivo pessoal

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Sustentabilidade Por: Carla Visi

Outubro é o mês das Crianças: Ofereça mais que brinquedos. Ofereça mais vida!

Quando pensamos nas nossas crianças enquanto pais e provedores, nos preocupamos em dar a melhor escola, as melhores roupas, os brinquedos mais tecnológicos. Ou quando somos acometidos por alguma consciência social, saímos levando brinquedos e roupas para crianças em instituições ou zonas pobres no dia das crianças. Dar, dar, dar COISAS. Reproduzimos assim um modelo defasado e antiecológico de vida, onde o TER é mais importante do que o SER e que o consumo é a base de tudo. Afinal, quais valores queremos transmitir para nossas crianças? Que mundo queremos deixar para as futuras gerações? Longe de mim desestimular a prática de dar presente no dia das crianças, mesmo sabendo que datas como dia das mães, dia dos pais, Natal e similares foram criadas para aquecer o consumo. Então compramos literalmente a ideia e acreditamos muitas vezes que dar brinquedos é o único meio de deixar uma criança feliz. Grande engano. Os problemas familiares, revistaestimuladamente.com.br

entre eles, os maus tratos, a cobrança exagerada por parte dos pais e da sociedade em relação ao comportamento das crianças e adolescentes, e a falta de contato da criança com os pais em função das responsabilidades profissionais e necessidades de sobrevivência, o que impede um vínculo afetivo positivo, são fatores que contribuem para crianças desenvolverem transtornos psicológicos como a depressão infantil, sem falar nos transtornos que se manifestam tardiamente na vida adulta. Assim, voltarei à primeira pergunta: quais valores queremos transmitir para nossas crianças? No Brasil, diferente de muitos países desenvolvidos, não há restrições para publicidade infantil, fazendo com que esses pequenos consumidores sejam alvos fáceis. Nos intervalos da programação infantil, a criançada é simplesmente bombardeada por propagandas de brinquedos, onde um mundo feliz e perfeito ou um mundo de fantasia e diversão só serão conquistados com a boneca da super-heroína da série mais famosa ou com o veículo que faz movimentos mirabolantes. 06

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Sustentabilidade

Há estudos sérios sobre a grande influência que as crianças exercem na decisão de compra dos adultos. Imaginem o poder de persuasão de uma criança em uma data como o dia das crianças? E isso não acontece apenas com crianças de classe média e alta que convivem nas escolas com a disputa da roupa da marca mais cara e popular, e que são vítimas das comparações sobre o presente mais cobiçado do momento. Já vi pais e mães humildes se desdobrando para realizar o desejo de consumo de seus filhos. Repito: que valores queremos transmitir para nossas crianças? Mais do que falar, precisamos dar o exemplo. Há grandes distorções quando ensinamos as nossas crianças que elas valem mais pelo que vestem e usam do que pelo ser humano cheio de possibilidades que são. Ou quando alimentamos a falsa ilusão de que na vida não há limites. Há limites, e muitos. Pois o nosso direito de consumo termina quando avaliamos o quanto estamos consumindo do planeta e o estrago que já deixamos de legado para as futuras gerações. Essa é a minha deixa para falar de uma responsabilidade de todos os adultos, sejamos pais ou não. De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade do planeta de atender as necessidades das gerações futuras. Será que estamos conscientes disso no nosso dia a dia? O futuro das crianças é responsabilidade de todos. A sustentabilidade na educação infantil é um conceito que precisa ser trabalhado em conjunto pela sociedade como um todo. Entretanto, parte importante do ensinamento da sustentabilidade no contexto da educação infantil começa em casa. A ajuda dos adultos em conversas com seus filhos, netos, afilhados, sobrinhos (entre outros laços não necessariamente biológicos) sobre o que é o consumo e quais os seus efeitos, o ensinamento sobre temas como descarte do lixo, alimentação, desigualdade social, o que é e como funciona a reciclagem são iniciativas que ajudam as crianças a construir um melhor entendimento sobre questões ambientais. Isso tudo contribui para uma mudança de atitude e comportamento. A Fundação Abrinq – conhecida entidade que trabalha na defesa dos direitos das crianças e adolescentes na educação de qualidade, saúde, proteção contra a violência, trabalho infantil e diferentes tipos de fragilidades – divulgou a Ano 1 | outubro 2018

terceira fase de uma série de estudos por meio do relatório ‘A Criança e o Adolescente nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável’. O documento analisa como o Brasil tem trabalhado para cumprir as metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, das quais 193 países são signatários. São 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, entre eles a erradicação da pobreza, igualdade de gênero, educação de qualidade, paz, justiça e instituições eficazes, além de 169 metas a serem atingidas até 2030. Apesar do otimismo do documento, ainda não evoluímos muito de acordo com as deficiências do sistema público de ensino e com um alto índice de mortalidade de crianças e adolescentes, vítimas da violência. Diante de tantos desafios, crianças e adolescentes devem ter foco prioritário de ação para os países comprometidos com o desenvolvimento sustentável. Veja algumas sugestões de como construir “Um mundo mais próspero com ajuda da nova geração”: 1. CONSCIÊNCIA À MESA - Nada de desperdício. 2. MENOS É MAIS - A política dos 5 Rs significa Reduzir e Repensar o consumo, Reutilizar e Reciclar antes de jogar fora e Recusar produtos que fazem mal aos seres vivos e a Natureza. 3. SEMEAR VIDA - Crianças em contato com bichinhos e plantas serão adultos conscientes do valor da Natureza. 4. ENERGIA TEM VALOR - Ligar luz e aparelhos apenas quando for usar. 5. ÁGUA VALE MUITO MAIS - Além de boa parte da nossa energia vir das águas, esse elemento é fundamental para a VIDA. Fechar torneiras durante banhos, lavagem das mãos e dentes. 6. PERNAS FORTES - Deixe o carro na garagem ou evite pegar transporte para locais próximos. Xô preguiça sem emissões de carbono! 7. É BOM COMPARTILHAR - Trocar brinquedos, dar roupas pequenas para as crianças menores ou para o Bazar e compartilhar dispositivos eletrônicos com jogos coletivos. 8. JOGOS E VÍDEOS ECOLÓGICOS - Falando em novas tecnologias, a rede está cheia de recursos para instruir a galerinha sobre questões ecológicas. QUEM AMA, CUIDA. 07

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Educação Por: Rosemary Ramos

A geração IA e o direito da criança ao brincar

Independentemente do referencial teórico adotado ao tratar da educação para a infância, é possível identificar um ponto em comum, dentre diversos: a ação lúdica é essencial no processo de desenvolvimento, aprendizagem e constituição da personalidade das crianças. O direito ao Brincar encontra-se claramente definido no ordenamento jurídico nacional e internacional. Desde a Declaração dos Direitos das Crianças, ao estabelecer que “a criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenharse-ão em promover o gozo deste direito”, reiterado na Convenção dos Direitos da Criança (1989) em seus artigos 24 e 31, na Constituição Federal de 1988, no Brasil, bem como o Estatuto da Criança e do Adolescente (1988) reafirma-se que: “o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: [...] IV - brincar, praticar esportes e divertir-se”. Parece não haver mais dúvidas. revistaestimuladamente.com.br

E a sociedade tem se imbuído em promover oportunidades para assegurá-lo, a exemplo da recém-publicada Base Nacional Comum Curricular que estabelece o Brincar como um dos eixos da ação pedagógica na educação infantil. Se por um lado não faltam leis que assegurem o direito da criança ao brincar, por outro, um grande desafio, dentre muitos, se instala: preservar a segurança da criança neste mesmo, quer em casa ou nos demais espaços em que se insere, especialmente a escola, em face os desafios que se apresentam com a chegada da tão proclamada “Era da IA – Inteligência Artificial”, no cerne da “Quarta Revolução Industrial” exigindo-se, tanto das políticas públicas, quanto da sociedade civil, especialmente a educação, um olhar atento sobre este brincar. Por quê? Estamos tratando de uma geração de crianças nascidas em 2010, denominadas Geração IA (Inteligência Artificial), Geração Alpha ou Geração Touch, que vivem em contato contínuo com os 08

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Educação

dispositivos tecnológicos, inaugurando novas formas de relacionar-se com o mundo e aprender, destacadamente através de sua ação lúdica, ancorada no uso da Realidade Virtual, a Internet dos brinquedos, Internet das Coisas que Cuidam, a Computação Afetiva, na Monitoração e Dataficação da Infância; Robotização da infância, dentre outras possibilidades inimaginadas por nós. Os brinquedos inteligentes ou smart toys e robôs companheiros - dotados de Inteligência Artificial e Computação Afetiva tem como objetivo, além de entreter e ensinar as crianças, aprender com os mesmos seres humanos e estabelecer uma relação afetiva duradoura com eles. Como exemplo tem-se os Toymail, um talkie com WiFi no formato de ursinho, que permite o contato entre pais e filhos que estão distantes, através de mensagens de texto e áudio, sem que seja necessária a antecipação da entrega de um telefone celular. Outro exemplo é o ursinho Elo, um brinquedo brasileiro especialmente projetado pelo Hospital Amaral Carvalho em Jaú, interior SP, para permitir contato entre as crianças oncológicas internadas em isolamento como seus parentes e amigos, socializando-se virtualmente. Estes brinquedos, dentre outros, integram-se a onda da “Internet das Coisas que Cuidam” (Relatório Trendwatching, 2014), tecnologias avançadas cujo objeto é trazer conforto afetivo para os seres humanos. Contudo, se o uso da tecnologia por crianças oferece oportunidades, também há riscos que precisam ser mitigados por ações específicas. Ano 1 | outubro 2018

Conforme a Pesquisa Tic Kids Online (2017), crianças brasileiras utilizam a tecnologia digital de forma intensa e crescente, permitindo predizer a rapidez com que se fará a adoção de brinquedos conectados, tão logo cheguem ao Brasil. Neste cenário, temas como privacidade e segurança digital, devem ser cuidadosamente pensados para proteger as inúmeras informações pessoais contidas nestes objetos conectados. Muito mais do que preservar o tempo livre da criança ao brincar, trata-se de preservar a segurança da criança ao brincar, quer em casa ou nos espaços educativos em que se insere. Urge considerar que a tecnologia sozinha não é suficiente. Para obter todos os seus benefícios, pais e educadores precisam pensar na educação, no processo de ensino e aprendizagem de novas maneiras, concentrando-se menos na oferta de instruções, e mais na criação de oportunidades para que crianças explorem, experimentem e se expressem. Destaque-se que a habilidade imediata das crianças em lidar com dispositivos eletrônicos, é distinta de sua capacidade de analisar e ponderar a coleta e o tratamento de dados e/ou às ferramentas de segurança de tais dispositivos. Novos dilemas éticos configuram-se, exigindo práticas ainda mais alinhadas com os direitos e com o bemestar das crianças, afinal, independentemente de sua repercussão, as tecnologias avançadas se tornarão cada vez mais poderosas e responsáveis por um novo cenário infantil, sendo impossível deter sua aproximação 09

à infância, independentemente de qual reflexão profunda se faça sobre seu impacto no desenvolvimento infantil. Considere-se, também, que nem sempre os interesses mercadológicos encontram-se alinhados às necessidades das novas gerações (Yip, 2016); e o alcance global dos smart toys, com ou sem finalidade educativa, pode impactar milhares de crianças. Faz-se necessária uma ação enérgica daqueles que cuidam e educam para impedir qualquer violação ao direito à privacidade e à segurança dos pequenos, atuando educativamente, desde a mais tenra idade, criando espaços de reflexão sobre o uso ético das tecnologias inteligentes voltadas para a infância, bem como estimulando as crianças – futuros profissionais - a aliar tecnologia à humanidade, desenvolvendo, urgentemente, sua inteligência emocional digital.

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Capitalismo Consciente Por: Kiko Kislansky

O Brasil não vai mudar

Quem precisa mudar é o brasileiro. O Brasil é um dos países mais abençoados do mundo e nos oferece tudo o que precisamos para viver de forma plena. Repito: quem precisa mudar é o brasileiro. A mudança começa quando paramos de esperar do governo e começamos a promover a mudança de dentro pra fora, a partir de nossas atitudes e comportamentos diários. As atitudes consideradas “pequenas” pela maioria, se refletem no cenário macro da economia. Aqui, eu estou falando do indivíduo que fura a fila no banco, que estaciona na vaga de idoso “bem rapidinho”, que não devolve o troco que veio errado. Estou falando do cidadão que faz uso de drogas e financia o crime na favela, sendo co-responsável pelo crescimento exponencial das quadrilhas que amedrontam a população. Estou falando daquele ou daquela que espera o filme sair no DVD falsificado para comprar e assistir em casa, desrespeitando o criador do filme. revistaestimuladamente.com.br

Sim, estou falando daquele que bebe e vai dirigir, ou até mesmo daquela que falsifica a carteirinha de estudante para “pagar meia” no cinema. Lembro também daqueles que “roubam” o sinal da TV à cabo do vizinho, sem que ele saiba, ou compram um aparelho decodificador de sinal pela própria internet sem precisar pagar mensalidade às operadoras, que, afinal, “cobram muito caro”. Não sei se você sabe, mas milhares de pessoas recebem aposentadoria de forma precoce por meio de mentiras terríveis. Diariamente policiais são subornados para evitar multas. Diariamente, pessoas batem o ponto no trabalho no lugar do colega. Isso começou quando pedíamos para nossos amigos assinarem nossa lista de presença na escola, quando estávamos “filando” aula. Milhões de assinaturas são falsificadas todos os dias. Pois é, estas são algumas das “corrupções nossas de cada dia”. 12

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Capitalismo Consciente

Infelizmente, a grande maioria destes “micro-corruptos” reclamam fortemente do governo e fazem “textão” nas redes sociais criticando intensamente a corrupção. Gostamos muito de apontar o dedo para deputados, senadores e governantes, mas todos os dias somos tão corruptos quanto. Pois é, estou falando das microcorrupções que foram instaladas na sociedade brasileira e hoje passam despercebidas pelos olhos de milhares, todos os dias. Um dos canais com maior audiência da televisão brasileira nos convida a refletir diariamente: “qual é o Brasil que eu quero?”. Inspirado pelo grande amigo e empreendedor consciente Fred Alecrim, eu costumo sugerir que esta pergunta seja mudada para: “qual é o Brasil que eu estou ajudando a construir?”. Precisamos de mais protagonismo. Precisamos de pessoas que estão dispostas a fazer acontecer, e não daquelas que esperam acontecer. O grande problema é que a mentalidade é voltada para justificar as atitudes. Frequentemente, ouvimos frases como: “do que adianta eu fazer minha parte, se ninguém faz?”,

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ou até: “isto é tão pequeno perto do problema que estamos vivendo”. Perceba que estas são afirmações oriundas de um baixo nível de consciência, que por sua vez é fruto de uma educação fragmentada, que não desenvolve seres humanos integrais, e sim pessoas robóticas e egocêntricas. E você pode estar se perguntando: “mas o que isso tem a ver com os negócios?”. A resposta é: “Tudo!”. Este comportamento é transferido diretamente para as empresas, que por sua vez tratam pessoas como recursos, sonegam impostos, ferem fornecedores e promovem acidentes emocionais terríveis todos os dias - mas no final do dia, reclamam do Estado. Basicamente, a grande parte do setor privado não faz sua parte e condena o governo; que, por sua vez, aponta o erro para outros. É uma falta de protagonismo sem tamanho. Falta consciência, falta autorresponsabilidade. Falta o sentimento de pertencimento. Fomos programados a depositar nossa esperança e desejo de mudança no setor público e esquecemos que o setor privado possui uma força de transformação imensurável,

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capaz de realmente elevar a humanidade para outro patamar. Para isso, precisamos implementar nas empresas o tripé́ da transformação: consciência, propósito e humanização. Precisamos, também, urgentemente, compreender que estes elementos não oferecem caminhos contrários ao lucro e à rentabilidade. Pelo contrário, estes elementos são a base para organizações prósperas daqui pra frente. Mas, isto tudo começa com a mudança do brasileiro. Finalmente, o resultado das eleições já está aí. As eleições acabaram. Seja você do grupo “#elenão” ou do grupo “#elesim”, dia primeiro de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro será nosso presidente. Temos duas opções: reclamar e nos vitimizar ou fazer nossa parte todos os dias em busca da evolução da nossa nação. Mais uma vez, eu relembro: o Brasil não precisa e nem vai mudar. Quem precisa mudar é o brasileiro. Uma atitude de cada vez... Sigo afirmando: a mudança começa de dentro pra fora. E vou além: se você e sua empresa não são parte da solução, lembre-se: vocês são parte do problema.

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Coaching Por: Alexander Galante

O que é Coaching?

Foto divulgação: Animação UP - Altas aventuras (Pixar - Disney)

Coach. Quem de nós já não ouviu essa palavra? Você realmente sabe o que significa ou para que serve o coaching? Nesse imenso mundo em que vivemos, cheio de diversidades, é comum haver confusão sobre o que realmente é um Coach e para que ele serve. Essa expressão existe desde a idade média, em que era muito utilizada para descrever a pessoa que conduzia carruagens. Esse profissional era chamado de cocheiro, ou seja, aquele que conduz o coche, que era como se chamavam as carruagens. Podemos dizer que esses profissionais eram como motoristas de táxi em nossos dias, tendo a função de levar pessoas (passageiros) de um lugar ao outro (ponto A ao ponto B). revistaestimuladamente.com.br

Nos anos 1950 observamos a utilização da palavra Coach para designar um treinador de atletas esportivos. Neste momento, surge uma técnica bastante peculiar para motivar e despertar habilidades especiais em atletas. Chamam essa técnica de Inner Game ou jogo Interior, que considera que o oponente real do esportista não é outro competidor, mas sim suas próprias limitações e fraquezas. O maior objetivo dessa técnica é a busca pela superação pessoal do atleta e a quebra de limites que ele mesmo tem que superar para atingir o máximo desempenho. E assim começou o desenvolvimento do Coach como conhecemos hoje. Técnicas e métodos que cruzam transversalmente diversas áreas do 14

saber e conhecimento humanos, como psicologia, sociologia, neurociência, PNL, administração e gestão de pessoas, passaram a ser integradas e unificadas com o objetivo de aprimorar o desenvolvimento profissional e humano, sendo aplicado na gestão de pessoal. Analisando criteriosamente e refletindo sobre a história do Coach e como ele veio evoluindo e se ressignificando ao passar das décadas, fica mais fácil entendermos por que em nossos dias ele é um processo tão eficiente que visa aumentar e aperfeiçoar o desempenho de um indivíduo. Através do Coach, é possível aumentar os resultados positivos. Ano 1 | outubro 2018


Coaching

Quando entendemos o que é Coaching, também conseguimos entender como esse é um processo de aprendizagem e desenvolvimento de competências comportamentais, psicológicos e emocionais e como está tudo intimamente ligado a relação que existe entre o coach e o coachee. A experiência e o preparo que um coach deve ter é o que vai refletir diretamente em como o processo será conduzido e de que forma os resultados poderão ser mais rapidamente atingidos. Nessa perspectiva, o coach sempre trabalha em apoiar as pessoas a avançar em relação as suas metas mais importantes, na construção da realização de seus sonhos e objetivos. Por isso o foco é sempre nas possibilidades futuras e como transformálas em realidade. Sua aplicação é extremamente eficiente como um estilo muito próprio de liderança e filosofia de vida como facilitador para alcançar resultados extraordinários na vida.

Existem diversos pensamentos sobre o processo de coaching, mas é consenso e majoritária a ideia central de apoiar alguém na busca pelos seus sonhos. Por isso, podemos dizer com absoluta propriedade que Coaching é a maior e melhor metodologia de desenvolvimento e capacitação humana existente na atualidade e a carreira que cresce de forma exponencial no mundo. Uma mistura e integração de recursos que utiliza técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas ciências visando à obtenção de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro. Trata-se de um processo que produz mudanças positivas e duradouras em um curto espaço de tempo de forma efetiva e acelerada. Coaching significa tirar um indivíduo de seu estado atual (ponto A) e levá-lo ao estado desejado (ponto B) de forma rápida e satisfatória, exatamente como os cocheiros faziam no passado. O processo de Coaching é uma oportunidade de visualização O Coach, com suas habilidades clara dos pontos individuais, de aumento da transversais, é capaz de transformar autoconfiança, de quebra de barreiras e limitações, sonhos em realidade, focado para metas e para que as pessoas possam conhecer e atingir seu objetivos e como superá-los cada vez mais potencial máximo e alcançar suas metas de forma e mais, utilizando de estratégias eficazes, objetiva e, principalmente, assertiva. Conduzido de maneira confidencial, o processo desenvolvendo pessoas de uma forma de Coaching é realizado através das chamadas continuada. sessões, onde um profissional denominado Coach Para o processo do coaching ser bem-sucedido, ele tem a função de estimular, apoiar e despertar em precisa ter início, meio e fim. Ele precisa ser muito seu cliente, também conhecido como coachee, o bem definido entre coach e coachee e estabelecido seu potencial infinito para que este conquiste tudo de acordo com a meta desejada. O coach, a partir de o que deseja. As sessões de Coaching, individuais então, precisa apoiar o coachee na busca de realizar ou em grupo, podem ser realizadas semanalmente, suas metas estabelecidas. O Coachee por sua vez, quinzenalmente ou mensalmente e têm duração, em deve se permitir levar pelo processo, deve se entregar média, de uma a duas horas, tudo isso definido em plenamente a forma que está sendo conduzido, para comum acordo entre Coach e Coachee. Por ser um que desta forma possa aflorar seus mais profundos processo completamente flexível, o Coaching pode ser aplicado em qualquer contexto e direcionado a potenciais, transpondo todo e qualquer limitador que possa existir em seu consciente ou inconsciente. pessoas, profissionais das mais diversas profissões e empresas de diferentes portes e segmentos. Desta forma, sabendo como todo o processo funciona e como ele se desenvolve, podemos sintetizar Com essa metodologia sendo aplicada da forma com as palavras que Coaching é um processo que visa correta, por um profissional habilitado e com as competências necessárias, trazendo diversos aumentar o desempenho de um indivíduo (grupo conhecimentos agregados, demonstrando empatia ou empresa) trazendo efeitos positivos, através de metodologias, ferramentas e técnicas conduzidas por e firmeza, podemos dizer que esse é um processo maravilhoso e com um poder transformador um profissional (coach) em uma parceria sinérgica e inigualável, capaz de mudar vidas por tocar as dinâmica com o cliente (coachee). pessoas em sua essência. Coaching é a parceria entre coach (profissional) e coachee (cliente) que promove um processo Alexander Galante: Empresário, empreendedor, consultor estimulante e criativo que inspira e maximiza o e mentor empresarial. Possui certificações em master coach, potencial pessoal e profissional do cliente. business coach, executive coach e trainer comportamental. Ano 1 | outubro 2018

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Tecnologias Sociais Por: Simaia Barreto

Inovação Social para circulação de moedas: Uma outra economia acontece! Gente, essa é uma realidade de muitos brasileiros, para muitos pode ser comum ter uma conta bancária e acessar crédito quando quiser ao comprovar garantias para quitar a dívida. Se a gente pensar bem nosso sistema financeiro (tem muitos estudos sobre isso), só dispõe crédito para os que comprovam ter bens para no caso de inadimplência quitar a dívida. No entanto, pessoas que querem iniciar um negócio ou até mesmo consumir para se alimentar não conseguem acessar crédito com facilidade, não possuem o cheque especial, etc. Nesse cenário, aliado ao contexto de dificuldade de inserção de todos no mercado formal de trabalho, juntamente com outras pautas, em 2001 na ocorrência do Fórum Social Mundial, organizações, movimentos populares, grupos formais e informais, se articularam e criaram o Fórum Brasileiro de Economia Solidária. A pauta comum é a construção (a partir de experiências em curso) de uma economia para todos, justa, solidária e includente. Existe muita produção sobre esse tema, muitas experiências que não daremos conta de aprofundar nesse artigo. Importante saber que o banco comunitário de desenvolvimento está ligado diretamente a esse movimento. O primeiro banco comunitário do Brasil tem origem na periferia de Fortaleza-CE e tornou-se modelo para muitas outras comunidades rurais e urbanas e até constroem uma rede brasileira de bancos. O banco Santa Luzia é integrante dessa rede e foi inaugurado em 2016. De modo prático, a ideia do banco é promover o desenvolvimento local através de formação, orientação e disponibilização de crédito para o consumo e produção de determinado território. Como garantir isso? Disponibilizando crédito numa moeda própria. Segundo Carlos Eduardo, atualmente o banco oferece crédito para produção para os empreendimentos (formais e informais), crédito para consumo para as famílias locais, além de dispor de acompanhamento técnico para os empreendedores. Olha só o segredo: ao oferecer o crédito para consumo ele é disponibilizado a partir de uma moeda própria denominada UMOJA. Isso mesmo, os bancos comunitários ligados a economia solidária têm

Foto: Simaia Barreto

Leitores queridos, alguém aqui já ouviu falar de Economia Solidária? Nessa edição apresentaremos a vocês uma experiência inovadora, uma metodologia já premiada pela Fundação Banco do Brasil como tecnologia social. Mas não ficaremos presos a isso, porque a experiência que relato aqui é muito mais abrangente. Apresento a vocês o Banco Comunitário Santa Luzia, localizado no Bairro do Uruguai. Alguns podem pensar “já apresentou a escola comunitária na edição anterior”, isso mesmo! Imagina quanta coisa boa acontece no bairro do Uruguai? Muita gente não conhece, mas estamos aqui para apresentar. O entrevistado que conta um pouco desse experiência é Carlos Eduardo Dias Barbosa, conhecido artisticamente como Baby. Isso porque nosso entrevistado é uma liderança local, um dos integrantes da Associação Comunitária Santa Luzia, colaborador da escola comunitária Luiza Mahin é cantor e compositor. Ele nos explica que o bairro do Uruguai é o maior e mais populoso entre os 14 bairros que compõem a península de Itapagipe e também um dos mais empobrecidos, que ainda guarda resquícios de um processo histórico de luta por habitação que iniciou na década de 60 com o surgimento dos Alagados (casa de palafitas sobre a maré). E por conta desse processo de luta, talvez seja o bairro com o maior número de associações, grupos produtivos, culturais, cooperativas e empreendimentos populares por metro quadrado nessa cidade. E muitos desses empreendimentos populares não conseguem acessar o crédito nos bancos oficiais para empreenderem e acabam acessando recurso de agiotas na própria comunidade. revistaestimuladamente.com.br

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Tecnologias Sociais

como elemento comum moedas sociais que circulam no território delimitado pelo banco. No Brasil já são 115 bancos, na Bahia temos nove: Banco Quilombola do Iguape, BAMEX; Banco Lhamar; Banco Abrantes Solidário; Banco Amigos do Sertão; Banco Dois de Julho; Banco Santa Luzia; Banco Ecoluzia e Banco Casa do Sol. Cada um tem sua moeda e todos os bancos da Bahia foram elaborados nas comunidades com trabalho conjunto da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária da Escola de Administração da UFBA. Nosso entrevistado explica que o banco do Uruguai está funcionando assim: tem-se duas linhas de crédito, uma para produção, em que o empreendimento é cadastrado e é acompanhado pelo agente de crédito em loco para identificar a realidade do empreendimento e a sua necessidade do investimento requerido. Em seguida é preenchida uma ficha de solicitação de crédito solidário e um termo de adesão, em que o responsável se compromete com a devolução do recurso, que antes de ser liberado passa ainda pela análise do CAC (Comitê de Análise do Crédito). Outra linha de crédito é para consumo, que acontece através da moeda social Umoja que circula no comércio local. São mercearias, armarinhos, farmácias, padarias, lojinhas de roupas, barbearias etc., que aderiram ao projeto. Importante saberem que para cada um UMOJA que circula o banco tem um real no seu fundo de crédito. Isso quer dizer que se tiver dez mil UMOJA’s em circulação no Uruguai deverá ter R$ 10.000 no fundo de crédito do banco comunitário. Por essa ser uma das limitações, nosso entrevistado afirma que, infelizmente, o banco ainda não consegue atender toda a demanda da comunidade por conta de um lastro financeiro ainda muito pequeno e de uma equipe muito reduzida. No futuro ele espera firmar mais parcerias que comunguem com o nosso propósito de democracia financeira para as comunidades periféricas. Nossa! Gente, deu pra perceber que tem muita coisa envolvida e uma ideia muito boa que repercute positivamente na vida das pessoas. Quer saber mais? Pesquise sobre, visite o banco comunitário e fiquem ligados na nossa próxima edição! Lembrando do último recado do nosso entrevistado que diz: “o banco está aberto para qualquer tipo de contribuição, fazemos parte de uma instituição que se orgulha muito dos parceiros que têm caminhado conosco durante esses 26 anos de existência”.

Moeda Quixadá: Quixadá - CE

Moeda Sururu: Kaonge, Vale do Iguape - BA

Moeda Amex: Canavieiras - BA

Moeda Marruás: Porto - PI

Fotos: Simaia Barreto Ano 1 | outubro 2018

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revistaestimuladamente.com.br Moeda Cocais: São João do Arraial - PI


Empresas Conscientes Por: Eduardo Almeida

Invista em autoconhecimento

Você anda pelo trânsito e pessoas frenéticas faltam ao respeito umas com as outras, demonstrando que têm muita pressa e prioridade para chegar a um lugar que nem mesmo elas sabem dizer qual é. Nas escolas, pais atacam e desrespeitam professores que receberam a missão de educar seus filhos, em uma clara inversão de valores. Nas famílias pais se digladiam frente aos filhos, muitas vezes buscando usar as crianças como suas armas de destruição em massa. Nas empresas pessoas em posição de liderança dizem que “os colaboradores são nosso maior ativo” sem, no entanto, criar um ambiente que materializa esta máxima. Se tudo isso lhe parece familiar, é preciso entender que estamos falando de efeitos, e não da verdadeira causa raiz. Muitos dos problemas associados ao baixo nível de autoconhecimento que enfrentamos hoje na sociedade e no mercado de trabalho estão ligados a escolha da EDUCAÇÃO INDUSTRIAL que ainda revistaestimuladamente.com.br

mobiliza nossas escolas (do fundamental ao pósdoutorado). Tudo começou pelo fato de a indústria precisar - lá pelo fim do século XIX - formar pessoas que se submetessem a uma linha de produção focada na repetição e no baixo questionamento, elemento satirizado e denunciado por Charles Chaplin em seu icônico filme Tempos Modernos. Como aquela população vinda dos campos não estava preparada para esse nível de alienação (e não se submeteria facilmente a este processo), foi necessário criar um tipo de educação que “doutrinasse” a pessoa para aceitar a nova regra. E, pelo poder da repetição (como explicado pelo psicólogo comportamental Frederic Skinner), em menos de vinte anos o estrago já estava feito e perdura até hoje. E aí surge a escola moderna, com seu uniforme, sirene de entrada e saída, carteiras em linha, matérias isoladas e dissociadas que aprendemos sem saber por que ou para que, fortemente orientado para a repetição como melhor maneira para aprender. 18

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Empresas Conscientes

Existe até uma máxima que balizava este modelo educacional que afirmava: “a repetição levada à exaustão, seguida de correção, leva a perfeição”. O problema é que a busca pela “perfeição” já demonstra uma fixação pelo estático e por aquilo que não pode ser questionado nem melhorado, pois está pronto! A indústria em seus primórdios não compreendia que o que está pronto está morto, sendo rapidamente copiado e melhorado por seus concorrentes. Além disso, para completar a “educação”, criouse a percepção que “criança boa é aquela que não questiona e aceita a regra”. Neste cenário, toda criança questionadora e com potencial de liderança é submetida ao destrato e ao entendimento que é errada por não querer se submeter. É o famoso “prego que se destaca leva pancada”. E eu sei disso por experiência própria! E qual foi a consequência? Uma sociedade inteira com baixíssimo nível de AUTONOMIA, PROTAGONISMO, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL e PENSAMENTO CRÍTICO, que são as bases do autoconhecimento e também o modelo de pensamento necessários para a indústria 4.0 e para a implementação das tão debatidas metodologias ágeis. A habilidade de perguntar foi morta e substituída pela capacidade de afirmar, repetindo premissas que nos foram impostas e que nem se quer entendemos o sentido. Se hoje vivemos os problemas associados a este modelo educacional é preciso entender que para mudá-lo devemos atacar a causa raiz (e não o seu desfecho).

revoltaram com a possibilidade de incluir matérias de empreendedorismo nas ementas de seus cursos, mostrando claramente o anacronismo e alienação que ainda representam. Por isso, para criar o profissional e ser humano que a sociedade precisa desesperadamente, cabe ao mercado de trabalho formar a nova cultura educacional, desta vez trabalhando para desalienar, atuando na contramão do que no passado ajudou a formar dentro da cultura Taylor/Ford. E aí surge naturalmente a pergunta: como podemos fazer isso? A resposta é ampla e não posso dizer que seja simples. Mas um ponto é certo: o AUTOCONHECIMENTO precisa ser a base desta nova forma de ensinar! Para você entender o porquê, devo dizer que é notório para o mercado que um bom profissional detenha muito mais do que CONHECIMENTO TEÓRICO. Ele precisa ser COMPETENTE, uma palavra regida por uma famosa equação denominada de CHAVE. Ou seja:

C = (C.H.A)VE O ponto é que, por mais conhecida que ela seja, poucos percebem uma grave falha que a mesma equação denuncia em nossa forma para promover educação corporativa. Na fórmula estão presentes os componentes CONHECIMENTO, HABILIDADE, ATITUDE e VISÃO ESTRATÉGICA. Pois bem, segundo o que se ensina, CONHECIMENTO aprendemos na faculdade e cursos que fazemos para compreender as bases teóricas que nos diferenciarão. Uma nova Educação Corporativa HABILIDADES aprendemos praticando, sendo estas fortemente desenvolvidas pelo No mundo da indústria 4.0, das startups e da tempo de mercado que destinamos à nossa sociedade pós-industrial (fortemente regida por profissão. sua orientação ao serviço e o trabalho em equipe), VISÃO ESTRATÉGICA é algo que demanda precisamos de um novo tipo de profissional que é o pensamento crítico (aquele que a educação oposto do que foi formado pela cultura industrial. tradicional matou) e mentoria para obter Porém, apenas de forma muito lenta e gradativa, know-how com outras pessoas. o sistema educacional vem se adaptando a essa Já ATITUDES, segundo todos os teóricos, necessidade. deve ser desenvolvida pela pessoa sozinha, Só como um exemplo, recentemente os o que revela a inabilidade e descaso da coordenadores de muitas Universidades Federais se educação para tratar o tema. Ano 1 | outubro 2018

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Empresas Conscientes

Bem, o problema é que, segundo todas as diferentes pesquisas realizadas pela área de RH, em torno de 80% das demissões estão associadas às questões e inabilidades comportamentais. Vou além: 100% dos problemas para os quais sou contratado para trabalhar estão ligados a aspectos comportamentais e, principalmente, ao baixo autoconhecimento dos envolvidos. Portanto, podemos compreender que toda educação que não trabalha COMPORTAMENTOS, CRENÇAS LIMITANTES e ATITUDES é, no mínimo, 80% INEFICAZ! E aí vem a pergunta: quanto tempo, em média, a maioria das pessoas investe em seu aprimoramento comportamental? Quanto esforço fazemos para melhorar nosso autoconhecimento? Se sua resposta for “muito menos do que deveríamos”, você já está despertando para um importante entendimento: seu futuro pessoal e profissional, bem como o futuro de nossa sociedade depende de nossa capacidade para

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dedicarmos tempo e esforço no desenvolvimento do autoconhecimento. Pessoas que possuem autoconhecimento não são apenas mais produtivas. Elas são aptas a construir vidas mais significativas e respostas mais ricas para todas as relações pessoais e profissionais que desenvolvem. São também menos propensas a criar problemas nas famílias, no trânsito e nos escritórios no qual estão inseridas, liberando gestores, colegas, cônjuges, filhos e a si mesmo para se focarem naquilo para o qual viemos para este mundo para realizar: uma vida com propósito! Se o autoconhecimento não é a solução para todos os problemas da humanidade, no mínimo posso afirmar sem medo que é uma das bases sem a qual continuaremos a criar problemas. Espero que você, assim como acontece no meu caso, já tenha percebido que viver sem criar problemas pode e deve ser um caminho seguro para a felicidade.

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Estimuladamente Abraça

A Revista Estimuladamente abraça o Projeto Instituto Nacional EU EXISTO – EB!

Como ajudar o INSTITUTO?

A Epidermólise Bolhosa (EB) é uma doença genética, portanto não é contagiosa, multissistêmica, que afeta a pele e mucosas internas. A falta ou deficiência de proteínas que sintetizam as fibras de colágenos que ligam as camadas da pele/mucosa é a causa da patologia, que se manifesta ao mínimo trauma na epiderme com o desprendimento da derme, formando bolhas. Essas bolhas estouram ou precisam ser drenadas, formando lesões em aparência e dor de queimaduras. Borboletas: assim são conhecidos os pacientes por terem a pele tão sensível com as asas desta.

* AMPARE - com o apadrinhamento nutricional, voluntários no Brasil poderão apadrinhar uma “borboleta”, dando-lhe suporte na aquisição dos alimentos elencados em sua dieta prescrita por nutricionista. * DOE - hidratantes para pele sensível; antissépticos à base de PHMB, ou CLOREXIDINA AQUOSA; creme barreira para prevenção. * VAKINHA eletronica: https://www.vakinha.com. br/vaquinha/eu-existo-e-preciso-de-voce

Desde 2015, pacientes de EB e familiares têm o apoio do EU EXISTO, instituto de referência em prevenção, diagnóstico e tratamento da epidermólise bolhosa nacional. A instituição reúne pacientes e familiares de todo Brasil, com troca de informações e aprendizados, socializando e assistindo os pacientes com kit emergencial de hidratação, assepsia e coberturas. Ano 1 | outubro 2018

Instituto EU EXISTO EB R. do Queimado, 17 Bairro: Liberdade Cidade: Salvador/Bahia (anexo à OAF). CEP: 40325-260 Contato: (71) 99714-8594 Site: www.euexistoeb.org Facebook: www.facebook.com/institutoeuexisto Instagram: @institutoeuexisto 21

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Curiosa... Mente Por: Miguel Dourado

Motivação

Na edição anterior, caso você ainda não tenha lido, falamos um pouco sobre identidade cerebral, ou seja, como nossos hábitos ensinam o nosso cérebro a ser do jeitinho que é e demos dicas de como mudá-lo. Considerando que, para mudar, é necessário “querer”, somos automaticamente obrigados a fazer uma reflexão sobre motivação. Quando falamos em motivação, em termos psicológicos, estamos falando das “[...] condições que existem dentro da pessoa, do meio ambiente e da cultura [...] que explicam porque queremos o que queremos e porque fazemos o que fazemos”[1]. Assim, a motivação diz respeito ao “[...] estado interior de um organismo que dirige e instiga o seu comportamento de forma persistente e enérgica”[2]. Quando essa energia vem de dentro do indivíduo, é motivação intrínseca (e.g.: querer aprender inglês); quando vem de fora, é extrínseca (e.g.: ser forçado a aprender inglês). Mas, seja intrínseca ou extrínseca, essa energia tem um ponto de partida comum: as necessidades!

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De forma sintética, todos temos necessidades e elas podem ser: a) Fisiológicas Básicas, quando são indispensáveis para a manutenção da nossa vida, como respirar; b) Psicológicas Básicas, decorrentes da nossa procura por relações que promovam crescimento pessoal ou bem-estar, como criar afinidades com os outros; c) Sociais Básicas, ligadas ao percurso histórico de socialização, como conquistas profissionais e exercício do poder. Perceba que o primeiro passo para mudar de comportamento ou ajudar alguém a mudar é saber o tipo de necessidade que move o processo. O segundo é delimitar o tipo de motivação decorrente desta necessidade e o terceiro é manejar os níveis de satisfação envolvidos na tarefa. Além de nos mobilizar para a ação, em função do desequilíbrio que provoca em nosso organismo/ser, saciar uma necessidade gera prazer e este influencia os níveis de engajamento, promovendo enfraquecimento, fortalecimento ou surgimento de novos comportamentos. O prazer, como dizia Epicuro, filósofo que viveu

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Curiosa... Mente

entre 341 e 270 a.C., “[...] é o princípio e o fim último da vida feliz. Nós sabemos que ele é nosso bem primeiro e congênito; dele partimos em qualquer ação de escolha e de rejeição, e a ele nos reportamos ao julgarmos todo bem com base nas afeições assumidas como norma”[3]. Epicuro tinha razão. Nossas ações, de certa forma, sempre são motivadas pela busca do prazer e pela fuga do sofrimento. Isto ocorre em função da ligação que existe entre necessidade, emoção e prazer. Assim, o movimento motivado que vamos fazer frente a uma tarefa, disparada por uma necessidade, pode ser de aproximação do prazer – e neste caso estamos falando do conjunto de estruturas cerebrais que promovem a ativação comportamental – ou de fuga do sofrimento – que ocorre a partir das estruturas responsáveis pela inibição comportamental. O processo de inibição comportamental está associado ao nosso histórico de emoções negativas e sua finalidade é barrar comportamentos que podem nos gerar dor e sofrimento. Já o processo de ativação comportamental ocorre a partir das emoções positivas e favorece comportamentos que podem gerar recompensa. Logo, podemos deduzir que a “[...] motivação é uma medida, obtida por cálculos conscientes ou inconscientes, da satisfação que o cérebro poderá obter com um comportamento qualquer, seja brincar, trabalhar, namorar ou ler um livro”[4]. Em nosso cérebro esse cálculo ocorre a partir do conjunto de estruturas responsáveis por nos proporcionar prazer ou bem-estar, sempre que temos um comportamento que satisfaz uma necessidade. Este conjunto recebe o nome de Sistema de Recompensa. Este Sistema é um dos principais motores da motivação. Ele conta com uma poderosa memória para armazenar prazeres associados a comportamentos passados, o que nos possibilita imaginar prazeres futuros e avaliar o grau de satisfação que poderemos obter em qualquer atividade. Saber o que é motivação e como criar um ambiente para oportunizar seu surgimento é fundamental para alcançarmos nossos objetivos. Por isso, se pergunte quais são suas necessidades, o que lhe dá prazer e busque motivação a partir disso; mas, acima de tudo, quando decidir fazer algo, mesmo que por obrigação, procure achar um motivo pessoal para fazer o que está fazendo e use algum tempo para imaginar todo Ano 1 | outubro 2018

o prazer que terá depois que concluir um ciclo de tarefas e conseguir mudar de comportamento. Espero que você tenha gostado das reflexões que compartilhamos e, caso queira saber mais, dê uma olhadinha nas referências citadas. Dúvidas e sugestões: profmiguelead@gmail.com [1] REEVE, J. Motivación y emoción. Tradução Susana Margarita Olivares Bari e Gloria Estela Padilla Sierra. 5. ed. Cidade do México: McGraw Hiil, 2010. p. 18. [2] FEINSTEIN, S. A aprendizagem e o cérebro. Tradução Lígia Teopisto. Lisboa, PT: Instituto Piaget, 2011. p. 350. [3] NICOLA, U. Antologia ilustrada de Filosofia: das origens à modernidade. Tradução Maria M. de Luca. São Paulo: Globo, 2005. p. 108. [4] HERCULANO-HOUZEL, Suzana. O cérebro em transformação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 95.

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Fotos Por: Paulo Guedes

Infância

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Foto: Paulo Guedes

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Especial - Educação Por: Leila Oliveira Costa

Uma visão Sistêmica para o que chamamos de Conflitos na Infância

Trabalho em instituições que atendem bebês e crianças pequenas há pelo menos vinte anos. Quando eu iniciei meu trabalho como professora, aos 19 anos, eu compreendia que algumas crianças precisavam um pouco mais de mim. Eram crianças que choravam muito, batiam, puxavam cabelos dos colegas, gritavam e me diziam sempre: Não! Lembro-me de um garotinho chamado Vinícius. A cada vez que era contrariado se jogava no chão e chorava por um bom tempo. Eu esperava passar, e muitas vezes, por dentro eu dizia a mim mesma: Que força tem esse pequeno corpo que expressa com tanta veemência esse descontentamento. Lembrome também de outro garotinho chamado Márcio. Certa vez mordeu com muita força um coleguinha. Precisei tirá-lo de cima do colega depois de colocar minha própria mão em sua boca para fazê-la abrir. Naquela época, a minha própria história de vida me ajudava a entender que, para cada pessoa, situações diferentes geram reações diferentes. De uma forma ou de outra, eu sabia, por um conhecimento advindo primeiro de observação, que em determinadas épocas da vida da criança, comportamentos iriam aparecer e depois, desapareceriam ou diminuiriam. Meu interesse por estes comportamentos aumentou quando percebi que, ao meu redor, eram poucas as pessoas que suspeitavam que algumas manifestações da criança poderiam ser revistaestimuladamente.com.br

passageiras . Esse contingente de gente, preocupada com a desobediência e com as chamadas crianças agressivas, foi pouco a pouco aumentando quando passei a trabalhar em instituições diversas como consultora ou formadora de docentes. No primeiro encontro com qualquer grupo sempre lanço a questão: O que você gostaria de saber sobre as crianças de 0 a 7 anos? Invariavelmente aparece a resposta: Como lidar com as agressões? Este texto é um resumo de algumas reflexões que tenho realizado com diferentes grupos. Meu desejo é que cada criança que estiver perto de você leitor, possa se beneficiar das ideias que aqui apresento. A maneira mais didática que encontrei para sair das explicações mais frequentes sobre os diferentes comportamentos das crianças foi pensar em Ambientes Afetivos Mapeados. Esses diferentes ambientes afetivos podem habitar o próprio corpo da criança ou lugares fora dele. Embora, como em um ecossistema todos os ambientes estejam interligados, mapear diferentes ambientes afetivos pode ser uma maneira potente para a compreensão os cuidados que devemos ter com cada um deles. Para mapear esses ambientes usei conhecimentos da biologia, da antropologia, antroposofia e da teoria geral dos sistemas aplicada aos sistemas familiares. 28

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Especial - Educação

O ambiente afetivo CORPO. O primeiro ambiente onde afetivamente a criança se situa afetivamente é o próprio corpo. Quando o bebê nasce, todas as sensações de bem-estar e mal estar advém do corpo: Fome, frio, calor, desaconchego. A satisfação das necessidades do corpo acalma o bebê. Isso é visível e amplamente difundido, no entanto, há pouca clareza sobre como a criança continua a viver o ambiente corpo ao longo da vida e sobre a relação deste ambiente com algumas manifestações da criança. O ambiente corpo se modifica várias vezes ao longo da vida. Observe um bebê recém-nascido. Sua cabeça, desproporcional ao tamanho dos membros exige cuidados. Os bracinhos pequenos não alcançam o topo da cabeça. Pernas também são pequenas e, assim como os braços, precisam reaprender a movimentar-se em um ambiente diferente como qual estava acostumado no útero. O bebê se esforça para ter controle sobre esses movimentos. Se você puder observar um bebê a descobrir as mãos irá vê-lo passar por diferentes estágios de interação afetiva com este ambiente corpo. Observei o pequeno Nivaldinho, filho de uma grande amiga surpreender-se quando conseguiu colocar a mão diante do rosto. Ele passou longos quatro minutos esforçandose para manter a mão no ar. Irritou-se. Logo depois soltou os braços, exausto, e dormiu. Esse exemplo demonstra que, logo cedo, a criança pode manifestar insatisfação a partir do momento que se interessa em ter controle sobre si. Controla-se, controlar o ambiente corpo, exige esforço. Ano 1 | outubro 2018

Adultos, muitas vezes instruídos, manifestam irritabilidade quando se propõem a controlar o seu ambiente corpo. Um novo exercício no Yoga, uma dieta, um abandono de vício. Tudo isso pode fazer se manifestar um descontentamento que no adulto pode gerar abandono. Mas não deveria ser assim. O bebê não abandona sua meta como o adulto. Ele se irrita, descansa, e volta a sua tarefa genuína de habitar o corpo. É neste primeiro período de aparecimento do descontentamento e da irritabilidade que nos equivocamos com as crianças. Não acolhemos as manifestações de irritabilidade. Até nos aconselham a deixar o bebê chorar para que ele não fique malacostumado. Também nos pedem para não pegá-lo no colo, para deixa-lo sozinho no escuro.

e cinco anos as mordidas, puxões de cabelo, beliscões e empurrões acontecem como manifestação mesmo sem disputa por espaço ou brinquedos. Dos oito aos doze anos essas manifestações retornam com as chamadas lutinhas. Nas instituições em que trabalho, para a faixa etária de 2 a 5 anos recomendamos brincadeiras em que o uso do tronco e de sua força seja mais que necessário. Objetos pesados para carregar, arrastar, puxar e empurrar são disponibilizados em todos os espaços. Inicialmente inserimos esses objetos compreendendo que, não seria possível que crianças da mesma faixa etária apresentassem esses comportamentos apenas por questões de desenvolvimento psíquico. Em pouco tempo compreendemos que o bom uso da força do tronco direcionada aos objetos ajuda a criança a fazer bom uso da força direcionada O bebê que já vive na aos coleguinhas. Além disso, tensão de descobrir, a os objetos grandes e pesados cada dia, dezenas de propiciam interação, pois, muitas sensações desconhecidas, vezes, para muda-los de lugar é precisa enfrentar ainda, necessário o outro. o desamparo. Inicia-se Enganam-se os adultos que, para esta faixa etária, utilizacom o desamparo adulto se de meios como o canto da às manifestações de irritabilidade da criança a calma, o canto do pensamento ou proferem longos discursos falta de crença na vida. sobre regras de convivência. Neste período a criança é ação que tem De dois a cinco anos de idade, possibilidades pelo acúmulo de outra modificação do ambiente energia causada pela repleção. corpo nos passa despercebida. Nossas experiências mostram O alargamento do corpo, em que, quanto maior o uso do especial do tronco, que chamamos tronco a criança faz neste período, de repleção. Há acúmulo de mais amistosas as relações e, mais energia e o tronco se alarga. tranquilas as suas manifestações Nas minhas observações, nos de insatisfação. dois períodos de repleção (2 a 5 Mas há ainda outra modificação anos e 8 a 12 anos ) iniciam-se no ambiente corpo que pode manifestações de força. Entre dois influenciar as manifestações 29

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da criança. O estirão que acontece anteriormente ao estirão da puberdade. Aos dois anos os bebês terão metade da altura que irão ter na idade adulta. É também nesse período curto de tempo que os bebês adquirem a marcha e o controle dos braços. O controle dos membros superiores e inferiores dependem e um ambiente em que o bebê possa experimentar diferentes movimentos. Depois de longo tempo observando como famílias e instituições, nos últimos vinte anos especialmente, organizam os ambientes para as crianças desta faixa etária cheguei a uma conclusão que me permitiu intervenções interessantes. Vejamos que, para o ser humano é o único animal que diferencia a função de mãos e pernas. Enquanto animais como os símios continuam usando as mãos para a locomoção, nos

humanos apenas até a fase do engatinhar as mãos tem esse uso. Quando fica de pé a criança passa por um momento único de exploração do ambiente. Observando um bebê que iniciava o processo dos primeiros passos de forma autônoma percebi que ele voltava a engatinhar e levantava-se rindo para caminhar novamente. Esse mesmo bebê tocava tudo que estava próximo em seu caminho. Os adultos geralmente querem que a criança ande rápido. Compram andadores, colocam-na na posição em pé, e ajudam a criança a treinar passos . Porém, quando a criança começa a andar os adultos dizem: Sente-se. O mesmo se aplica às questões do uso dos braços e mãos. A mão que tudo toca que em tudo mexe a fim de se especializar a ser mão humana recebe logo aos dois anos proibições. Não mexa! Não descubra! Não sinta! .

Tempos depois, sou eu a pessoa que procuram para falar sobre a falta de coordenação motora fina das crianças aos seis anos. Falta de coordenação motora causada por uma não especialização ativa dos membros superiores, mas que é atribuída a um defeito da criança e não a um defeito do ambiente. Ainda pensando em nossa condição humana, e considerando nossos ancestrais caçadores revisito que a manutenção da vida dependia em algum momento de nossos membros superiores e inferiores especializados. Nossos ancestrais corriam, saltavam e lançavam. Mas na escola e em casa repetimos: Não corra, não jogue, não pule! As proibições para a manifestação dessas nossas características aparecem cada vez mais cedo, e, queremos compensá-las educando uma mente capaz de absorver palavras. Palavras ao vento. Proibição que significa proibir “ser humano” para ser obediente. revistaestimuladamente.com.br

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Deixar correr, pular e lançar tem sido uma intervenção eficaz, intervenção que permite a criança “ser humana”. Quando planejamos a rotina da criança prevendo as ações de usarem todo o seu corpo vemos diminuídas manifestações intensas de descontentamento. O ambiente afetivo corpo necessita ser descoberto. Quando possibilitamos tempo a criança e prestamos atenção neste ambiente teremos a possibilidade de ver nascer o afeto da criança pelo corpo do outro, tão humano quanto o seu.

que, uma adulta referência para a criança não necessariamente precisa ser a mãe, porém, nos esquecemos de que o adulto, nos primeiros anos de vida, é vivenciado pela criança e não apenas assistido como se fosse um ambiente externo a ele. Bebês e crianças pequenas são capazes de perceber olhares, gestos e ações do adulto mesmo em situações de duplo vínculo (quando o adulto fala algo diferente do que sente). Há poucos dias atrás uma educadora me contou a seguinte história: Uma criança de quatro anos batia apenas nas meninas da sala. A equipe pedagógica havia se utilizado de dezenas de recursos para tentar compreender e intervier no comportamento da criança. Depois de meses lidando com a situação a

O ambiente afetivo ADULTO Já sabemos que um bebê já pode preferir a mãe poucas horas após nascer. Sabemos também

mãe enfim comunicou a professora que era vítima de violência, e que o pais agredia fisicamente somente a ela e nunca aos filhos meninos. Este exemplo pode fazer compreender que o comportamento do pai era imitado pela criança, porém, para além da imitação do gesto há um fundo moral captado de forma profunda pela consciência da criança. A agressão é direcionada para o gênero feminino. Este fundo moral invade a criança e ela repete a ação de forma inconsciente. Ao ser questionado sobre o porquê de agredir as meninas, a criança respondia apenas: Não sei! A responsabilidade do adulto nos primeiros anos de vida da criança é inestimável porque suas ações podem deixar marcas profundas que se transformarão em ações chamadas por educadores e pais de “inexplicáveis”. Ano 1 | outubro 2018

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Explicamos sempre a moralidade em termos de regras, e pouco pensamos sobre as mensagens morais de ações. Tanto em casa como nas instituições os adultos carregam marcas traduzidas em comportamentos inexplicáveis. Nas instituições, tem sido um desafio diário trazer à consciência dos adultos os motivos pelos quais fazem o que fazem, dizem o que dizem e as verdadeiras mensagens sobre o que fazem e o que dizem. Certa professora me contou que quando uma criança mordia outra ela imediatamente colocava a que mordeu em um berço. Obviamente, a professora pensava estar mantendo as outras crianças em segurança. No entanto, qual é o fundo moral que se instaura na criança? Quando faço algo que o adulto não gosta fico isolada. Isolar é permitido. Quando alguns pais me dizem que batem nos filhos, pois apanharam e não julgam os pais que bateram logo pergunto: O que você sentia? As respostas são variadas: Medo, ódio, raiva, tristeza e revolta. E para essas respostas faço outra pergunta: Você acha bom causar medo, raiva, tristeza e revolta em outra pessoa para corrigi-la? Imediatamente os adultos dizem não! Não estamos conscientes quanto aos nossos sentimentos em relação aos pais que nos bateram para nos corrigir. Estamos conscientes quando compreendemos que os pais queriam nos corrigir, causaram sentimentos negativos em nós quando tentaram nos corrigir, mas em especial, nos autorizaram, a partir de uma mensagem inconsciente, a machucar alguém mais fraco quando este alguém não obedece nossas ordens. O fundo moral fica evidente quando pensamos que bater em um adulto não é permitido. Outras mensagens são vivenciadas pelas crianças no ambiente afetivo adulto que mais tarde podem ser manifestadas em comportamentos que não tem explicação racional: A criança que joga os brinquedos por todos os lugares depois de observar o adulto virar a caixa de brinquedos de maneira aleatória. A criança que puxa outra pelo braço, ou empurra da cadeira o coleguinha quando quer sentar depois de vivenciar o adulto que lhe toma nos braços sem cuidado, que lhe coloca na cadeira e a retira bruscamente com movimentos impensados. A criança que não responde ao olhar porque os adultos estavam com o olhar em outros lugares quando ela revistaestimuladamente.com.br

reivindicou a atenção. A criança que grita porque vive em um ambiente barulhento em que o adulto grita. O comportamento do adulto é recebido e captado pela criança. Preocupa-me a distração dos adultos frente às suas próprias ações e às consequências para o mundo. Quando tocamos com cuidado uma criança, quando falamos devagar com ela, quando lhe permitimos comer, trocar-se, banhar-se com calma, lhe enviamos um fundo moral que não tem a ver com a ação em si. Passamos-lhe a mensagem do cuidado e da tranquilidade como essencial para a vida. O toque suave nela se tornará o toque suave nos objetos e no outro. O cuidado ao falar com ela se revelará no cuidado ao falar com o outro. O ambiente afetivo FALA Palavras revelam conceitos. No item anterior refletimos um pouco sobre a incongruência de nosso comportamento com o que realmente achamos que pensamos. O mesmo pode dizer em relação à fala. Nossa fala carrega uma História Universal. Um sentido que foi construído coletivamente. Somos capazes de ler Mitos e compreender sentidos muito mais profundos sobre nossos dilemas, crenças e pensamentos compartilhados. A criança bem pequenina não compreende a simbologia de contos de fadas ou de lendas. Ao ouvir histórias como a do chapeuzinho vermelho ela se assusta e chora quando dizemos que o lobo comeu a vovozinha. A criança também não entende aos dois anos a moral da história das fábulas. Sua interpretação se modifica quando ela mesma, de maneira ativa, começa a apropriar-se da linguagem e usá-la de maneira diversa. Em especial, nesta fase, os adultos não podem usar a desculpa: Não foi isso o que eu quis dizer. A criança capta literalmente a fala. Usar inconscientemente a fala ,assim como usamos inconscientemente gestos, se torna um perigo para a formação da criança. Mas, em especial não ajudar a criança a se expressar com o uso da fala tem sido uma das principais causas de manifestações com tapas, empurrões e puxões. Quando as crianças começam a expressar suas insatisfações a partir de choro, tomamos sempre a atitude interromper a manifestação de maneira 32

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brusca. Usamos artifícios como chupeta ou tentamos distrair as crianças. Mais adiante, quando ela reclama usando palavras, respondemos sempre: Não foi nada! Por volta dos quatro anos de idade, a criança pede mais insistentemente a ajuda do adulto para realizar tarefas e para ajuda-la em conflitos com os amigos. A psicologia atual nos adverte a dizer à criança: Resolva você! Porém, visões mais profundas sobre o desenvolvimento nos mostram que neste momento o que a criança diz quando nos chama é: Gostaria de contar com você! O respeito por um adulto nasce quando a criança consegue pedir ajuda. Pedir ajuda não demonstra uma fragilidade da criança, mas o sinal de que a criança admira e venera um adulto. Ao afastar a criança de nós dizemos a ela que o que ela diz não é importante. Tempos depois, reclamamos que a criança passou a resolver os problemas “do seu jeito”. Há ainda outras questões, relacionadas ao ambiente fala, que são vivenciadas tristemente pela criança. Vivi uma situação em que um bebê de 14 meses gritava insistentemente na hora da refeição. Os adultos riam achando engraçado o motivo do choro. Acriança sempre almoçava no primeiro, mas, como sua educadora referência havia faltado, outro grupo Ano 1 | outubro 2018

cuja educadora referência estava presente havia saído primeiro. A criança se debatia e as educadoras riam da “birra”. Agachei-me e perguntei para a criança mantendo-me um pouco afastada: Você quer comer? Ela me olhou na hora. Levei-a para o lado de fora e a servi. Ela imediatamente se colocou a comer tranquilamente. Este exemplo nos mostra quão negligenciadas são as expressões de descontentamento de uma criança .Para os adultos as expressões sérias das crianças nos parecem engraçadinhas. O mesmo acontece em relação os comentários sobre as falhas dos pais. Quantas vezes ouvi expressões como: Essa mãe não penteia o cabelo dessa criança ou, ela esqueceu de novo a fralda! Ou, que roupa é essa que sua mãe colocou em você? Há ainda o uso das palavras rudes como: Você não faz nada direito! Tinha que ser você! Por que você não faz igual seu amigo? Muitas vezes essas palavras são direcionadas às crianças na frente de outras crianças ou adultos e assim, vamos novamente dizendo à ela ,e as outras crianças, à partir de nosso exemplo, que é autorizado falar tudo o que pensamos ,sem preocupação com os sentimentos que essas falas podem causar. A indicação que sempre faço aos adultos é que, na dúvida sobre o que dizer, olhe a criança e faça uma pergunta amistosa. 33

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Ao fazer perguntas amistosas ajudamos a criança a reelaborar o que está vivendo ou sentindo. Também lhe damos o exemplo que pode lhe ajudar a resolver várias questões. Perguntar pode ser um caminho de relacionar-se com o outro.

Esse comportamento da criança é entendido pela psicologia clássica como egocentrismo. Em visões mais abrangentes do desenvolvimento a criança não age assim por ser egocêntrica. Ela simplesmente precisa agir assim, pois está interessada em compreender a ordem das coisas. Que objetos são semelhantes? Como as quantidades aumentam e diminuem? Como guardar? Como organizar? A criança começa a se interessar pelas regras, mas regras que ela mesma cria.

Um caminho para a aprendizagem das relações amistosas: O ambiente afetivo BRINCAR. Se você me acompanhou compreender até aqui, compreendeu o ambiente corpo, adulto e fala. Mas fico realizada se na compreensão da relação entre estes ambientes você tenha se perguntado: Mas enfim, se as agressões tem relação com as vivências do ambiente corpo, do ambiente adulto e do ambiente fala, como as crianças podem construir e compreender regras se algum destes ambientes não puder ser vivenciado de maneira adequada? Obviamente, todos os seres humanos, assim como todos os outros seres passam por intempéries. Uma planta, por exemplo, pode mudar o sentido de crescimento para acompanhar o sol quando colocada em um ambiente em que a luz não lhe alcança. Os seres humanos, tendo suas necessidades básicas atendidas, caminham para o desenvolvimento. E o desenvolvimento humano só é possível na coletividade. Portanto, mesmo com intempéries, nós humanos queremos estar como outro, pois somos seres das relações. Relacionar-se exige aprendizagem e não há melhor ambiente de relação do que o ambiente afetivo brincar. Observe o percurso de uma criança no brincar e novamente encontrará incongruências do percurso evolutivo para a aprendizagem das relações. As relações incongruentes, fomentadas a maioria das vezes pelos adultos, não permitem o desenvolvimento da compreensão das regras e levam ao conflito. Um bebê interessa- se primeiramente pelo seu corpo. Até o terceiro ou quarto mês suas experiências corpóreas são o primeiro foco de sua atenção. Adiante o bebê se interessa por objetos que aparecem no seu campo de visão. No segundo ano de vida a criança é capaz e colecionar objetos parecidos e sabe onde procurar peças que abandonou em outro momento do dia. É no período de dois anos que a criança começa a ter prazer em colecionar e classificar esses objetos. revistaestimuladamente.com.br

Incongruente é a ação dos educadores ao exigirem que a criança divida os brinquedos nesse momento quando a criança está concentrada em experimentar todas as possibilidades desses brinquedos. Congruência haveria em disponibilizar brinquedos simples e em grandes quantidades. Os adultos poderiam observar que as crianças dessa fase brincam sozinhas experimentam todas as possibilidades dos objetos. Minhas observações ao longo de vinte anos demonstram que as brincadeiras em grupo ocorrem inicialmente em pares. Elas podem se iniciar muito mais cedo do que se imaginam. Observei bebês de dez meses brincarem juntos com divisão de tarefas bem definidas. Mesmo na ausência da fala a regra é entendida pelo par. Mas é por volta do final dos dois anos e início de três anos que a brincadeira em pares é mais frequente. Incongruência é querer que muitas crianças realizem tarefas coletivas e dirigidas como, manterse na roda, em fila ou em mesas .Nestas ocasiões, as crianças se dispersam e o educador tem a impressão de que as crianças estão desatentas. É também nessas ocasiões, e em ambientes fechados que ocorre o maior número de mordidas. Leve as crianças para um espaço aberto nesta faixa etária e surpreenda-se com a quantidade de regras estabelecidas para a brincadeira em pares. Ressalto novamente a idade de quatro anos como fundamental para a aprendizagem de regras. Lembro novamente de que nesta faixa etária a criança precisa ter admiração por um adulto. Na antroposofia, o nascimento do respeito só é possível quando uma criança é capaz de pedir ajuda. Mas, para pedir 34

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ajuda a criança precisa, primeiro, fazer uma análise e compreender suas capacidades e incapacidades. Compreendendo sua incapacidade pedirá ajuda ao adulto. É incongruente que os adultos não permitam que a criança possa pedir ajuda e que lhe devolvam o problema. Congruente é oferecer a ajuda e colocar-se ao lado da criança para ajudá-la pelo exemplo, a resolver suas questões. Depois de vivenciar as estratégias dos adultos a criança se interessará por realizar sozinha ao brincar. Irá construir grandes cidades, lagos, bolinhos navios, torres e depois irá destruí-los para construir novamente. Agora ela tem entre 4 e 5 anos . Encontra-se com os amigos que também se interessam em construir e desmanchar. Aos seis anos se inicia a fase do grupo. Grupos de crianças se unem para realizar brincadeiras de papéis que nos parecem verdadeiras peças teatrais. Incongruência é fazer com que crianças de quatro anos passem longas horas completando apostilas no momento em que deviam estar construindo.

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Incongruente é separar as crianças de 6 anos em carteiras individuais quando, depois de longo tempo , a brincadeira em grupos maiores encontra terreno fértil para acontecer. Conguente é oferecer possibilidades de criação em pequenos grupos para as crianças de 5 anos encorajá-las a viver e aprender em grupo aos 6 anos. Um caminho maior para compreender os conflitos - sem considerações finais. Deparamo-nos com situações em nossas vidas em que há incongruências. Nem sempre somos capazes de resolver algo sozinhos, nem sempre queremos estar em grupo, nem sempre queremos compartilhar, nem sempre queremos seguir as regras. Os nossos conflitos internos acabam sendo conflitos do mundo. Desejos não compartilhados e incongruentes. Um caminho para ajudar as crianças a viverem em harmonia é ajudá-las, dentro de seu nível de desenvolvimento a se perceberem.

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Como vimos neste singelo texto, para ajudar uma criança a perceber-se o adulto precisa estar pronto para perceber-se primeiro. Um convite a todos vocês que me leem é para a escrita de seus próprios mapas afetivos . Procurem dentro de suas histórias corporais, familiares e escolares descobrir a lente que te faz vivenciar situações e conflito como situações intransponíveis. Depois disto, passe a observar com mais afinco as ações cotidianas das crianças. Mais do que em qualquer livro, as crianças são fonte inesgotável de conhecimento sobre elas mesmas. As crianças são especialistas em SER. Até breve! Leila Oliveira Costa é Pedagoga e Mestre em Educação pela Unicamp. Especialista em Educação de 0 a 3 anos pelo Instituto Singularidades. Tem ainda formação em Terapia Sistêmica Familiar – Sistemas Humanos e faz parte do primeiro grupo brasileiro de Pedagogo Pikleriano no Instituto Pikler em Budapeste, Hungria. É consultora educacional, formadora de docentes e diretora educacional do Instituto Jacarandá.

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Mecânica Quântica Por: Jean Savedra

Síndrome do imperador

Eu pratiquei mecânica quântica quando eu era criança. A tese é praticada involuntariamente todo o tempo de nossas vidas. Há uma fusão de energias em constante movimento, desde a concepção da consciência aos 49 dias de gestação no momento da formação da glândula pineal, responsável pela produção do sono e que permite sincronizar o organismo entre dia e noite. Já na sétima semana, o feto encubado no seu invólucro inicia sua vida consciente de forma sistêmica para iniciar sua jornada, eis, então, mais um ser emissor de energia participante do inconsciente coletivo mundial. A frase do psicanalista Carl Jung: “Todos nascemos originais e morremos cópias” interpreta o caminho comum do ser humano na terra. A criança é um grande produtor de pensamentos e tem em si uma força mental capaz de agir, fazer, se defender e atacar; e ter o que ela deseja. Porém, o hemisfério direito cerebral que guarda o raciocínio ainda não está pleno, apenas seu lado esquerdo do cérebro está evidente e mais ativo. O lado sincero e autêntico de um ser pequeno é a essência original de alguém que fala o que revistaestimuladamente.com.br

pensa e quebra qualquer protocolo do mundo adulto, pois não há um freio moral devido sua inabilidade de pensar e repensar em fatores de causa e efeito. “Há poder nas palavras”, apregoa a física quântica. Tem razão. Há poder sobremaneira em qualquer tipo de lucidez autêntica desde muito novo. Eu tinha um “amiguinho” no condomínio em que eu morava que, certa vez, negou me emprestar sua bicicleta. Eu me enfureci de tal forma e praguejei em um grito enquanto ele partia pedalando: “tomara que quebre essa carroça”, e como em um passo de mágica, vi o menino franzino cair no chão imediatamente após passar um quebra-molas na rua. As leis quânticas corroboram com a síndrome do imperador? Sim. Uma criança determinada pode se sobrepor ao equilíbrio do lar para se tornar o foco da casa e ter todos os seus desejos irresponsáveis realizados. A ânsia dos pais de fazer seus filhos felizes e, assim sendo, precaver em demasiada cautela, a qual inibe episódios de frustração da criança, criam-se pequenos totens narcísicos petulantes. 36

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Os benefícios de uma frustração no período recente da vida é de suma importância para a autonomia consciente. Muitos pais de hoje não estão usando o estímulo correto e por isso induzem a criação de um pequeno super-herói ou uma pequena princesa “dondoca” que não ajuda, sequer, a lavar a louça do almoço. São pequenos imperadores autoritários e mandões que se acham o dono de tudo e de todas as pessoas. Há uma estimativa assustadora do crescimento dessa síndrome. A personificação da criança é parte obrigatória dos pais que são os primeiros arquétipos perante sua visão. “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.” (Aristóteles) Um filho é uma energia divina. Até seus 6 anos nós pais temos a chance de erguer e construir um grande caráter em forma de homem ou mulher. Estes seis anos de investimento de tempo de qualidade e ensinos vitais são determinantes para que ela se situe no meio em que quer viver e estar. A energia dos pais influencia a vibração dos filhos. Eles são resultados da escolha de nossos pensamentos em relação a elas. Quem compreende o poder das energias sabe que jamais se deve ofender um filho, desmerecêlo ou castigá-lo, mas sobretudo discipliná-lo orientando aquilo que a física quântica postula, tudo que se planta é exatamente o que se colhe. Há canções que nos transportam para nossa infância ao mesmo tempo em que nos transcendem para um portal no passado que nos emocionam, e que talvez entristeça alguns pelos anos sofridos no passado. Ano 1 | outubro 2018

Disse o Cristo: “Em verdade Como diz a canção de Milton Nascimento: vos digo que, se não vos Há um menino, há um moleque converterdes e não vos Morando sempre no meu coração tornardes como crianças, de Toda vez que o adulto balança modo algum entrareis no Ele vem pra me dar a mão reino dos céus.” (Mateus 18:3). Nestas palavras, Jesus se referia a nossa criança interior. Ela é necessária nesse sistema holístico da espiritualização. Mas quem é ela? Onde está? O que faz essa pequena luz dentro da minha história infantil? Na psicologia analítica de Jung, observamos o que ele chamou de “self ”, que é o princípio organizador de toda a psiquê. Sabe-se que até os 6 ou 7 anos é que acontecem os registros mais importantes ou principais no subconsciente. Essa faixa etária é a idade já disposta para finalmente existir o “self ” de maneira influente, energeticamente falando. É nessa fase que acontece a memorização ou o arquivamento das informações que permite a nossa individuação. Aquelas pessoas que não reconhecem ou não se encontram com sua criança interior não poderão transformar sua realidade segundo a fenomenologia quântica. Há pressupostos e verdades provisórias que, portanto, instaladas no subconsciente, apenas ao se lançar para o passado mais tenro possível, permite serem acessadas nessa infância obscurecida. Se quero transformar minha vida e me livrar dos pensamentos traumáticos, há como mudar as informações nocivas adquiridas no início da vida ao olhar bem nos olhos desta criança latente escondida dentro da alma. Ela espera um contato, um aceno para o resgate da essência de uma criança pura e autêntica. 37

Há um passado no meu presente O sol bem quente lá no meu quintal Toda vez que a bruxa me assombra O menino me dá a mão Ele fala de coisas bonitas que Eu acredito que não deixarão de existir Amizade, palavra, respeito Caráter, bondade, alegria e amor Pois não posso, não devo Não quero viver como toda essa gente insiste em viver Não posso aceitar sossegado Qualquer sacanagem ser coisa normal Bola de meia, bola de gude O solidário não quer solidão Toda vez que a tristeza me Alcança o menino me dá a mão.

Eu tenho uma frase que diz: “quem parte sem destino, desembarca no acaso.” Se somos vítimas de uma criança interior deformada, é preciso encontrá-la e abraçá-la incondicionalmente. Ao resgatar a criança das profundezas da alma podemos salvar três marcas fortes e preciosas que estão faltando a nós seres adultos. A veracidade, autenticidade e sinceridade carecem nos dias atuais, e nesse momento estou com uma canção em minha mente que cantava na igreja na classe infantil: “Como uma criança sim, eu quero ser, com cristo em meu viver irei renascer.” Como foi lindo, intenso e puro. Seja você, só você, nada mais que você sempre. Tão grato. revistaestimuladamente.com.br


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Capa Por: Amanda Reis e Maria Áurea

Ho’oponopono: quando a autorresponsabilidade promove a cura

Aloha! Nessa edição consolidamos uma parceria vindoura com O Instituto Mente Próspera EU SOU, de São Paulo, em especial com o grupo Ho’oponopono EU Sou, cujas bases se pautam nos estudos dessa prática de limpeza de memórias e tem ajudado muitas pessoas no reencontro consigo e na mudança de vida. Hoje liderado pela Maria Áurea Fiandrino, é um dos grupos mais divulgados no mundo, tendo mais de 64.000 seguidores em suas redes sociais, além dos inúmeros grupos de whatsapp que se concentram em praticar o ho’oponopono, além de aprofundar estudos e apoiar pessoas irrestritamente. A Maria Áurea é uma cidadã do mundo. Sua história é traçada lindamente pela guiança na clareza de sua missão, que é espalhar o amor, a gratidão e a paz entre as pessoas. Ela conheceu o ho’oponopono em 1998, quando passou por uma crise, vivendo em revistaestimuladamente.com.br

outro país e foi obrigada a honrar compromissos financeiros quando não tinha nenhuma perspectiva. Ela confessa que no início não conseguia entender como repetir aquelas palavras poderiam ajudála a alcançar a plenitude. Chega a brincar dizendo que enquanto praticava ho’oponopono só pensava em meios para pagar a escola dos filhos, para alimentálos e em dá-lhes a segurança que eles precisavam. Com muita persistência, viveu processos de limpeza de memórias, mudança de padrões mentais e hoje se define como um ser de paz, luz e amor, consciente de sua missão, plena e inteira, seguindo os passos que se apresentam como caminho para difundir essa egrégora pelo planeta. E pelo planeta não é uma metáfora tá gente?! Ela fala alguns idiomas e atualmente varre o mundo com amor, levando a alma na condução de sua missão, totalmente conectada com o 40

divino mesmo. Aproveitamos a estada da Maria Áurea em Amsterdam e quando soubemos que ela estaria em um workshop com a Mabel Katz, logo articulamos uma entrevista exclusiva para você, contando tudinho sobre ho’oponopono. Mabel Katz é uma autora internacionalmente aclamada, palestrante, embaixadora da paz mundial e principal autoridade em Ho’oponopono, a antiga arte havaiana de resolução de problemas, que evoluiu em sua própria filosofia de Zero Frequency®, um estado onde estamos livre de memórias restritivas e limitando a autofala. Combinando sua mistura única de espiritualidade com soluções do mundo real, Mabel criou uma série de palestras e seminários inspiradores para empresas, organizações e indivíduos que buscam realizar todo o seu potencial no trabalho e na vida. Ano 1 | outubro 2018


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Mabel também foi homenageada como embaixadora da paz em sua iniciativa de paz mundial, Peace Within Is World Peace, que foi lançado nas Nações Unidas. Reconhecendo seus esforços humanitários e seu excelente trabalho em apoio às crianças e à paz mundial, Mabel recebeu o prêmio da Bandeira da Paz, Milenious de Paz, e uma Cavalaria da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários. Em 1 de janeiro de 2015, ela também recebeu o prestigioso prêmio Public Peace Prize. Além de ter produzido um programa semanal de rádio e TV, escrevendo quatro livros, traduzido em 20 idiomas e compartilhando seus seminários de demanda com públicos globais, Mabel expandiu seu trabalho de paz para ensinar crianças, incluindo crianças com necessidades especiais e seus pais, bem como homens e mulheres atualmente na prisão. Mabel viajou pelo mundo, dedicando sua vida a uma missão simples: ajudar os outros a encontrar o Caminho mais fácil para a Felicidade, o Amor e a Paz. Vamos então nos deliciar com o papo entre essas duas estrelas, com a força que a palavra inspira!

fazer em sua própria casa, de uma forma individual. Uma coisa muito importante é saber que uma vez que se apaga algo em si, se apaga de todos; inclusive da nossa família, parentes e ancestrais. E quando fazemos este trabalho, realmente o fazemos para nós mesmos, e isso não é ser egoísta, mas é a melhor forma de ajudar, por que esta é a forma que se apaga “o problema” de mim e de todos os demais, afinal todos temos a memória em comum, especialmente com aqueles que vivemos juntos, e com os que trabalhamos. Onde está o poder desta técnica? O poder desta técnica está no fato de assumirmos 100% da responsabilidade das nossas atitudes. O Ho’oponopono nos devolve o poder sobre nossas vidas. Nós estamos tão mal acostumados a culpar, estamos tão mal acostumados a encontrar o culpado, a queixarmos, e não sabemos que isso é dar nosso poder, é presentear nosso poder ao outro. No entanto, quando eu tomo a responsabilidade sobre meus atos, eu acredito em mim, que eu posso mudar. Isso foi o que me fez mudar tanto a minha vida. Saber que dependia de mim. E um dos grandes problemas que temos no mundo é esse.

A Revista EstimuladaMente funciona como um painel de desenvolvimento humano e tem muitos leitores que ainda não conhecem o Ho’oponopono, pode nos explicar o que é, como surgiu e o sentido principal do Ho´oponopono?

Quando pensamos: “Estou esperando porque quem tem que mudar é o outro”; ”Estou esperando porque a culpa é do outro”; “Não faço nada porque, na realidade, Olha, o Ho’oponopono é uma arte ancestral, hawaiana, de resolução de problemas, que sou assim”; “Sou vítima, porque alguém me justamente nos diz que não existe nada fora de nós fez algo”. Então, quando você se dá conta mesmos; que devemos ter 100% de responsabilidade que na vida todas as decisões que tomou em sobre nossas atitudes, por que tudo compreende algum momento são consequências de suas nossos programas e memórias, que estão acumuladas no nosso subconsciente. E se realmente ações, de pensamentos, você conclui: “Se eu creio, eu posso mudar”. queremos que algo mude ao nosso entorno, temos que trabalhar nesses programas e nessas memórias. Quando nós mudamos, tudo muda. O Ho’oponopono, em realidade, no começo, era o momento em que toda família se reunia e formavam um círculo, em que tinha alguém que fazia o papel de moderador ou moderadora e cada um pedia perdão, entre si, entre os membros da família, até que se sentissem todos livres. Mas, com o tempo já não era tão fácil que toda a família estivesse reunida, no mesmo lugar, no mesmo instante/momento; já que não viviam todos juntos como antes. Então, Morrnah Nalamaku Simeona ensina uma versão atualizada do Ho’oponopono em que cada um pode Ano 1 | outubro 2018

Nós gostaríamos de entender melhor a força que existe nas expressões: Sinto muito, Me perdoa, Te amo e Sou grato. Primeiro vamos esclarecer que o Ho’oponopono é: Sinto muito, perdoa-me por aquilo que está em mim, e que criou isto. Isso é realmente o Ho´oponopono. O “Sou grato” e o “Eu te amo” vieram para substituir tudo isso. Uma vez, Ihaleakala Hew Len me disse: “Deus me falou - Quando dizem ‘Obrigado’ eu já sei o que querem dizer”. O tempo vai passando um pouco mais rápido e então necessitamos de algo 41

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como o Ho’oponopono, que foi evoluindo, adaptando-se ainda mais nos tempos modernos, onde precisamos realmente de técnicas muito mais curtas. Então, “Sou grato” e “Eu te amo” são como senhas, como se disséssemos a Deus: “Estou lhe dando permissão”. É como uma forma de dar permissão a Deus. Não é por acaso que o perdão está incluído no Ho’oponopono, porque o perdoar nos faz livres, o perdoar nos faz voltar mais ao presente. Se você não perdoa, você pode levar aquela pessoa contigo e isso pode ser uma carga muito pesada, além de seguir vivendo no passado. Então o perdão é importantíssimo e está incluído já no “Obrigado”. E o “Sinto muito” vem da responsabilidade, sou 100% responsável. “Sei da total responsabilidade, mas não sei qual é a memória que isso está tocando, não sei porque vem isto, mas sinto”. E definitivamente, mostrar a outra face da moeda: o amor. Porque quando se resiste, se persiste. E enquanto o culpado for o outro, continua a resistência. revistaestimuladamente.com.br

Enfim, quero esclarecer que o obrigado e o eu te amo, aparecem como ferramenta para poder substituir “Sinto muito, perdoeme por aquilo que está em mim e que tenha criado isto”. Então isso é simplesmente: “Obrigado, obrigado, obrigado! Eu te amo, eu te amo”. Ainda que não o sinta, tampouco tenho que pensar no problema, ao contrário: não quero pensar, isso me leva ao passado. Sabemos que o Ho’oponopono limpa memórias, como isso ocorre na prática? É um pouco parecido como se me pedisse para abrir um computador e lhe mostrar o que acontece quando aperta a tecla “APAGAR”. Eu não entendo como o computador apaga. O que importa é saber que quando dizemos “Obrigado. Eu te amo” é uma forma de apertar a tecla “Apagar”. Nós na vida temos duas opções: ou falamos ao monitor para que reaja ao erro, convencendo-o a corrigir ou apagar o erro, ou assumimos 42

que isso está em nós, corrigindo ou apagando. A única forma de poder atrair mais inspiração a nossa vida é criando um espaço vazio. Agora estamos cheios de pensamentos, de histórias. Então, esta inspiração não pode vir! O Ho’oponopono nos traz ao presente, neste momento que estou presente a inspiração pode vir. O Ho’oponopono é uma forma de dar permissão a uma mente que é mais inteligente que a nossa, de resolver o problema, ao invés de pensar que nós não vamos resolver. O intelecto é o que tem o livre arbítrio. É o intelecto que vai decidir: solto ou não solto? Quando você decide soltar, essa reflexão comanda uma busca no subconsciente, que é a nossa criança interior, e ele é que faz a conexão com o superconsciente, que é a nossa parte perfeita, que está sempre conectada ao criador, à divindade, à fonte; como queira entender. Todos temos essa conexão, mas sempre estamos elegendo a que parte vamos dar o controle. Ano 1 | outubro 2018


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Em quais situações podemos usar o Ho´oponopono?

convidaram a um seminário sobre Ho’oponopono, e me convidaram a vários. Daí eu parei e pensei. “Para qual país vou? E olhei as várias opções e decidi: vou neste em Omaha, Nebraska”. Assim paguei meu hotel, meu avião e o seminário. E ali foi onde conheci o dr. Ihaleakala Hew Len. Não tinha me dado conta que era isso que eu estava buscando no primeiro seminário. E em outros, também não. Pensei muitas vezes, e um dia sentada ali eu disse: “Isso era o que eu estava procurando”, porque eu sempre escutei uma vozinha que me dizia que existia um caminho mais fácil e mais curto. Eu nunca comprei o drama, buscando encontrar quem é o culpado, ou o que me fizeram ou não me fizeram, o que me disseram ou o que não me disseram. E o Ho’oponopono é isso. Eu não tenho que saber o porquê deste problema, apenas tenho que saber que sou responsável, que está em mim e que eu posso soltar. Então o que acontece na minha trajetória é que fui a este seminário, e, não sei como, convidei o dr. Ihaleakala Hew Len a ensinar o Ho’oponopono em Los Angeles. Então ele veio a Los Angeles, e eu organizei o seminário dele e, como falo sempre, o restante é uma larga história. Viajei, e o levei duas vezes à Argentina para ensinar a técnica, e quando vi como os argentinos receberam isso tão bem (porque, nós, argentinos, somos muito intelectuais!), eu pensei que se os argentinos gostaram, ficaram compenetrados e reagiram, eu conclui: “Uau! Tenho muitíssimo trabalho na comunidade hispânica, latino americana”. Então, em 2004 peço permissão para criar meus próprios seminários de Ho’oponopono. Eu venho do mundo dos negócios. Tenho dois títulos na Argentina: Contadora Pública e Licenciada em Administração de Empresas, sempre trabalhei num mundo de homens, num mundo de resolver os problemas. E nunca tinha feito isso. Jamais perguntei ao dr. Ihaleakala Hew Len como ele ensinava isto. Eu estava apenas fazendo isso pela minha vida pessoal e como ele me fazia participar muito além de organizar os eventos, um dia em que voltávamos de um seminário, ele me disse para tirar uma foto, e de repente estávamos nós dois juntos em uma foto oficial. E eu levava isso como hobbie, paralelamente ao meu trabalho. Aí, eu disse: “Não faço mais isso”. E essa foi a primeira vez que me veio em pensamento que o melhor seria se eu pudesse seguir sozinha. Aí, foi a primeira vez que eu lhe pedi para meditar e ver se eu poderia ensinar sozinha. E quando tive o “ok”, confiei, como eu digo: soltei e confiei.

Em todas. Primeiramente por que o Ho’oponopono tem que usar todo o tempo. Digo isso porque, às vezes, ouço das pessoas: “Ah, já sei… Sim, eu falo as frases”. E repito que é preciso usar essa “oração” todo o tempo. Esse é o segredo! E como faço para fazer isso automaticamente? Nossa criança interior, o subconsciente pode fazer durante as 24 horas do dia por nós, como faz com a nossa respiração. Mas para isso eu tenho que ensinar. Eu tenho que ser o modelo como nós somos para nossos próprios filhos. Nossos filhos não nos escutam, nos observam. Então se eu começo a praticar, se me comprometo, funciona. É como quando cavalgo num só cavalo. Minha criança interior, o subconsciente não vai se confundir, então vai ser por mim, porque vai estar claro qual é a minha escolha. É como quando diz: “Em minha casa quando temos um problema, fazemos tal coisa”, então, a criança vai dizer “Ah, é um problema. Ok. Soltamos, limpamos e entregamos a Deus. Não vou me preocupar. Então entendemos, a partir daí, que aprendemos algumas coisas de forma equivocada. Quando, por exemplo, aprendemos que preocupar-se é ser responsável.

Aprendemos que se não usamos a cabeça, somos irresponsáveis. E na perspectiva do Ho’oponopono, é tudo ao contrário. Não temos que usar a cabeça, nem nos preocuparmos. Temos justamente que relaxar quando se tem um problema e aí as soluções começam a vir de lugares que nunca havíamos imaginado, mas demoslhes permissão. Por isso um simples “Obrigado”, um simples “Eu te amo” é dar permissão, é voltar ao presente. Te ajuda a relaxar, a não pensar tanto ou preocuparse. Nos demos conta que se estamos pensando, estamos no passado, se estamos preocupados, estamos no futuro. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória no Ho´oponopono. Como aconteceu? Conto que cheguei ao Ho’oponopono, não na primeira vez que ouvi sobre ele, mas uma que me Ano 1 | outubro 2018

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Capa

Qual é a mensagem que você deixa para nossos leitores? Primeiro perdoar, deixem de carregar isso, de beber do veneno. A mensagem que quero deixar, são uns pares com Tips (dicas) como falamos, que coisas que ajudaram a mim e mudaram a minha vida: Não dependemos de nada nem de ninguém para mudar a nossa vida. Tudo que necessitamos está dentro da gente, não sigam procurando fora. Lembrem-se tomem a responsabilidade, este é o caminho da liberdade, este é o caminho para sentirse livre, para não depender, para soltar os apegos. Sim, que podemos querer coisas, mas temos que desapegar, porque não sabemos o que é correto para nós ou perfeito para nós. Saber, é muito importante, que não estamos sozinhos. Que quando realmente soltamos e nos damos permissão a solução vem de lugares, às vezes, de onde nunca tínhamos planejado ou pensado. Deixem de viver no passado. Coloque-se em primeiro lugar, isso não é ser egoísta, se você não está bem, ninguém vai estar. Se você quer ajudar, tem que ajudar a você primeiro, esta é a forma de ajudar. Isto no Ho’oponopono, de apagar estas memórias e programas em nosso subconsciente, é ajudar, porque o que se apaga de nós mesmos se apaga em todos. Então coloquem-se em primeiro lugar, confiem em vocês, em sua inspiração, ainda quando nos pareça ridículo, isso que é inspiração, isso é o que funciona, não o que aprendemos. Não vão à universidade para ser alguém. Já és, já são alguém; já nasceram alguém importante. Então lembrem-se: só vão encontrar dentro de vocês. “Sinto muito, Me perdoe, Te amo, Sou grato”

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Foto: Maria Áurea (Arquivo Pessoal)

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Contos de Família Por: Lais Nascimento

Quando o amor direciona sentidos opostos

Ana Luzia, hoje com 54 anos, casou-se aos 17 anos com Tamir, seu atual marido e pai de seus três filhos. Diorgenes Damasceno Araujo, tio Didi, já comemorou mais primaveras, hoje, aos 81 anos, é casado há apenas 10, com Azenir, depois de criar três filhos sozinho, em decorrência de uma viuvez precoce. O que poderia unir essas duas pessoas com contextos tão distintos, em torno de um propósito em comum? A resposta para este encontro entre Ana Luzia e tio Didi, pode se resumir à admiração, amizade, lealdade, força, coragem, determinação, afinidades e contradições, e acima de tudo, respeito entre eles! São sentimentos que independem e superam a ausência dos laços consanguíneos. Embora casado com sua tia carnal, tio Didi e Ana Luzia desenvolveram uma relação familiar e de amizade norteada nos princípios da doutrina de que são adeptos.

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Para Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, “Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família tornam mais apertados os laços sociais: eis por que os laços de família são uma lei da Natureza. Quis Deus, dessa forma, que os homens aprendessem a amar-se como irmãos.” Pois então, Ana Luzia e tio Didi nutrem entre si muito amor. E dizem por aí que o amor é capaz de tudo. Pensando na vida de cada um é difícil acreditar nas afinidades entre eles: Ana Luzia nasceu em família de boas condições ecoômicas e teve uma educação privilegiada, tendo inclusive estudado na Europa. Já tio Didi, vem de uma família bem simples do interior da Bahia e foi educado à base de palmatória. Ela viveu e criou sua família na presença do marido. Ele cuidou dos três filhos sozinho e só depois dos 70, contraiu novo matrimônio, no que ele chama de “encontro marcado”. 46

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Contos de Família

As diferenças não acabam aí, Ana Luzia é economista, tem especialização e mestrado na área e hoje segue uma segunda graduação em Psicologia, seu verdadeiro sonho. Seu Diorgenes entrou pra faculdade bem depois, formou aos 70 anos em Filosofia. Um dia, encontraram um propósito em comum: escrever um livro. Era São João, e no meio dos festejos, que une familiares e amigos em torno de mesas fartas de bolos, canjicas, milho, e animados por muito forró, em junho de 2017, tio Didi teve a ideia: “Ana estou com o pensamento de escrever um livro, mas não um livro técnico-acadêmico, e sim um livro que fale sobre sentimentos e quero lhe convidar para escrever comigo!”. Ana achou a ideia maravilhosa. Confiava em tio Didi, pois ele tinha escrito um livro acadêmico sobre os filósofos gregos e ela, desde menina gostava de escrever, mas somente tinha redigido livros técnicos-acadêmicos também. Foi uma grande felicidade imaginar, que agora, pela primeira vez, escreveria juntamente com um tio de 80 anos sobre sentimentos!... Em algum momento, a dúvida perambulou pelo sonho da dupla. Será que as diferenças não inviabilizariam o projeto? Afinal pertenciam a gerações diferentes, quase 30 anos separavam suas histórias e as vivências de cada um eram muito distintas. Será que daria certo? Ambos acharam tudo isso meio contraditório, quando tio Didi sugeriu o nome do livro - Sentimentos Contrários. Ana não tinha certeza se seria esse o nome, e então no dia seguinte ela sugeriu que os sentimentos não eram contrários, talvez tivessem Sentidos Opostos, já que muitas vezes, esses sentimentos se encontravam, em suas idas e vindas! Surge então o nome do

livro: “SENTIDOS OPOSTOS: Idas e vindas de sentimentos e emoções”. Pronto para ser publicado no início de 2019, o livro de Ana Luzia e tio Didi fala de sentimentos sob aspectos filosóficos, psicológicos e do senso comum. Para Ana, a obra tem exatamente um misto de sentimentos e emoções! Ela explica que assim como o amor e o ódio podem ser sentidos por um mesmo ser humano, somos capazes de amar e odiar uma mesma pessoa. “Esse projeto é uma oportunidade de refletir sobre os SENTIDOS OPOSTOS que perpassam por cada um de nós, através de relatos de teóricos, pesquisadores, cientistas, artistas, como também, homens e mulheres do senso comum que já expressaram sobre tais sentimentos!”. Juntos, os autores concluíram que escrever o livro em si, revelou para eles próprios sentidos opostos. Ao mesmo tempo em que passaram por momentos de êxtase, descobertas, paixões, vontade de repassar conhecimentos e sentimentos para outras pessoas, também os fez refletir, dialogar, e entrar em monólogos infinitos, em busca de respostas sobre qual o sentido, para eles próprios de escrever um livro e principalmente, retratando sentimentos. As indagações de Ana Luzia e tio Didi aumentaram ainda mais quando pensaram sobre qual será a percepção do leitor. E o desfecho disso tudo não poderia ser mais coerente: “Chegamos à conclusão de que não temos, exatamente, nenhuma certeza sobre o sentido de escrever um livro, exceto o sentido de Amor”, declara Ana Luzia. E nessa história, entender qual o sentido de escrever um livro, surge como um incentivo para aqueles que abandonam sonhos e ideias pelo meio do caminho da vida. O amor é capaz de tudo mesmo.

Foto: Arquivo Pessoal Ano 1 | outubro 2018

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Alimentação Por: Alessandra Mussi

Alimentação saudável na infância

Existe hoje uma facilidade de acesso a alimentos processados, que além de muito calóricos são ricos em açúcar, sal, gorduras trans, são fontes de aditivos químicos, como os conservantes, adoçantes, realçadores de sabor e corantes que explicam facilmente o aumento de doenças como a obesidade, diabetes, alergias alimentares, câncer e outras doenças. Por isso é orientado que o contato com esses elementos tão nocivos seja evitado e a criança tenha uma alimentação livre de substâncias prejudiciais a sua saúde, a curto e longo prazos. A alimentação saudável é o ponto mais importante para a programação de uma vida saudável. Durante muito tempo se falou sobre a influência genética no desenvolvimento de doenças como a obesidade e a diabetes, no entanto, o ambiente em que esta criança vive, deve ser o primeiro ponto a ser considerado, visto que num ambiente onde alimentos nocivos não são consumidos doenças associadas à má alimentação não se desenvolvem. Mas o que seria uma alimentação saudável? Uma alimentação com base em alimentos frescos, preferencialmente orgânicos ou agroecológicos, isto é, sem cultivo com agrotóxicos, como as frutas, hortaliças, verduras, os cereais integrais (como arroz, macarrão e pão integral), leguminosas (como feijões, lentilha, ervilha, grão de bico), carnes variadas (bovinos, aves, pescados), ovos, leite e derivados, soja não transgênica, e outros alimentos. E se a criança é alérgica ou intolerante a algum alimento? E se a criança não consome carne ou alimentos de origem animal? E se a criança não gosta de um determinado alimento? É o Nutricionista, que vai orientar, pois este está devidamente capacitado para a orientação da alimentação da família e da criança, sendo capaz de substituir os alimentos da maneira adequada para que não haja nenhum dano ao crescimento e desenvolvimento pleno da criança.

Todo ser humano necessita dos nutrientes obtidos através da alimentação para seu crescimento e desenvolvimento pleno, desde o nascimento até seu último minuto de vida. Do nascimento até os 06 meses de vida, a criança só necessita de um alimento: o leite materno. Este é o único alimento completo e necessário para o início do crescimento e desenvolvimento da criança. Aos 6 meses é necessária a introdução de novos alimentos de acordo com cada fase. Primeiro os vegetais, depois os cereais, leguminosas, carnes em geral, e outros, evoluindo com novos alimentos até completar o primeiro ano de vida. Alguns alimentos são contra indicados nesse período, como alimentos industrializados e adição de sal e açúcar nas preparações que serão consumidas, para que a criança se adapte ao sabor natural dos alimentos. Ao completar um ano, a criança deve começar a consumir a “comida da casa”, que deve atender a todos os parâmetros da alimentação saudável. É na primeira infância que são adquiridos os hábitos alimentares, e é a alimentação da família o principal motivador para isso. Uma família com hábitos alimentares saudáveis, como o consumo diário de alimentos frescos (frutas e verduras) vai favorecer a criança um ambiente favorável para o consumo dos alimentos apropriados, evitando assim problemas de saúde futuros. revistaestimuladamente.com.br

Alessandra Mussi é Nutricionista e Personal Diet. Atua na área clinica em domicílio na prevenção e tratamento de doenças cronico-degenerativas como Obesidade, Hipertensão Arterial, Diabetes desde a infância até a terceira idade. Proprietária da Alimenta e Nutri - Alimentos saudáveis, sendo responsável pelo preparo de todos os alimentos. Instagram: @alimentaenutri Facebook: https://www.facebook.com/AlimentaeNutriOficial 48

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Vida no trabalho Por: Sandra Rêgo

O que você vai ser quando crescer?

Certamente você já ouviu essa pergunta enquanto criança. E o que você respondeu na infância é o que realmente se tornou hoje? Pela minha experiência em sala de aula e palestras a resposta é “não”! Não, porque enquanto crianças ainda não temos a dimensão do mundo do trabalho. Não, porque o mundo da fantasia é imperioso nesta etapa do desenvolvimento humano. Não, porque o tempo de vida das profissões tem sido cada vez menor e o surgimento de novas atividades tem ocorrido a cada dia praticamente. Não, também porque muitos pais ou criadores constroem expectativas ou fazem projeções inconscientes acerca do que o filho deve escolher como profissão no futuro. Mas qual o sentido, então, de se fazer essa pergunta para uma criança? Poucos pais conseguem observar as habilidades e atitudes da criança, e desde cedo, as correlacionar com atividades laborais. Em uma outra perspectiva, pais deixam os filhos livres para este caminho, perguntando apenas o que eles querem exercer como profissão, mas poucos se dispõem a ajudá-los nesta difícil escolha. Vale ressaltar que a adolescência é uma fase da vida marcada por diversas mudanças, incluindo as transformações físicas, biológicas e psicológicas. É também uma etapa de decisões complexas. Ano 1 | outubro 2018

Procurar um psicólogo e lançar mão da Orientação Profissional pode ser um passo bem acertado neste momento, pois este trabalho auxilia os jovens a minimizar a insegurança diante de uma escolha; aumenta o conhecimento de si mesmo como forma de fundamentar uma análise mais acurada da situação atual favorecendo a tomada de decisão mais segura; proporciona maior informação sobre outras possibilidades profissionais; amplia o conhecimento da realidade prática da profissão; destaca as habilidades requeridas para o exercício da profissão escolhida e dilata o conhecimento sobre o processo de inserção no mercado de trabalho. O número de ingressos em cursos de nível superior é bem maior que o número de concluintes e muito dessa evasão se deve às escolhas equivocadas. E, por outro lado, é bom destacar que a escolha não precisa ser para a vida toda. As pessoas podem se redescobrir e mudar de carreira ao longo da vida. Adultos que não estão satisfeitos com a profissão e pretendem investir numa nova carreira ou, mesmo satisfeitos, querem progredir na carreira se utilizam da (re)orientação também para auxiliar na reflexão dos novos propósitos e oportunidades. Existem reorientações até mesmo na aposentadoria. Nunca é tarde para se descobrir, não é mesmo? Vamos falar mais sobre isso? Acompanhe a nossa coluna nas próximas edições. 49

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Construções Sustentáveis Por: Marcelo Reis

Biocontruções: foco no meio ambiente

Foto: Marcelo Reis Qual o seu critério para escolher uma nova moradia? Muitos responderão que quer uma casa ou apartamento perto da praia/lago/rio, perto do trabalho, perto do shopping, em condomínio clube, com uma linda vista, próximo a teatros e bibliotecas, em bairro boêmio ou em locais tranquilos e com ambientes relaxantes e meditativos. Mas, independente dos critérios que norteiam nosso desejo, não pensamos a que custo o nosso sonho será realizado. E o custo dos nossos desejos tem sido muito alto para o planeta. Segundo dados citados no livro Construção Natural, da série Soluções Sustentáveis (publicação elaborada pelo Ecocentro IPEC - Edição revisada em 2012), as construções consomem 40% dos materiais e recursos gastos anualmente no mundo. Segundo o fundador do IPEC (Instituto de Permacultura revistaestimuladamente.com.br

e Ecovilas do Cerrado) e referência internacional em sustentabilidade, André Luis Jaeger Soares, 1/4 de toda madeira extraída, 2/5 da energia consumida e 1/6 de toda água potável são consumidos pelo setor de construção. Se formos considerar que estes dados foram levantados em 2012, concluímos que estes números estão piores e crescem à medida que a população mundial e o tipo de construção citado também crescem. E se ainda adicionarmos os fatores emissão de CO2, vemos que a coisa ainda piora. Pois é amigos, a conta é cara. E, se já estamos pagando, imagina a geração futura? Então, apresento-lhes uma alternativa: construções naturais ou bioconstruções. Estas surgiram como solução às questões ambientais, por promover o uso de recursos disponíveis no próprio ambiente 50

para construir. Alavancado pelo movimento da Permacultura, as bioconstruções se valem de diversas técnicas para solução de fechamentos, revestimentos, pisos, tratamento de esgoto, reuso de água, entre outras soluções. Tudo para promover um design de ocupação focada em redução do impacto ambiental e promover impacto positivo para o meio natural, proteção do solo, inclusão da natureza, entre outros benefícios. As técnicas de construção natural utilizam o material mais abundante do nosso planeta, a terra. A terra é utilizada para construção há mais de 10 mil anos pelo homem. Umas das maiores construções feitas pelo homem, a muralha da China, com 21.196 km, tem em sua composição terra compactada. Sendo exemplo de solidez. As principais técnicas utilizadas para as construções naturais Ano 1 | outubro 2018


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são o adobe, super-adobe, hiperadobe, cob, tijolo de solocimento, taipa leve, taipa de pilão e fardos de palha. Vamos ver um pouco algumas destas técnicas, utilizando como fonte o livro de Construções Naturais. Adobe - Uma das técnicas de construção mais antigas e populares do mundo. Utilizando terra, fibra vegetal e água, faz-se blocos com formas de madeira, obedecendo o tempo de secagem de pelo menos 3 dias, devendo ser assentados utilizando argamassa feita de terra. Pontos fortes: baixo investimento, usa o material local e não utiliza cimento. Pontos fracos: não pode ser utilizada como parede estrutural e são sensíveis a umidade. Super-adobe - Desenvolvida nos anos 80 pelo iraniano Nader Khalili, o super-adobe consiste em paredes erguidas em sucessivas camadas de sacos de propileno preenchidos com subsolo, compactados de forma a reduzir os espaços entre as partículas de terra. Arames farpados fazem a aderência entre as camadas. Pontos fortes: fácil execução, rapidez na construção, alta massa térmica, baixo investimento e suas paredes têm função estrutural. Ponto fraco: necessita isolamento com a umidade do solo. Hiperadobe - O processo é semelhante ao do super-adobe com a diferença que o saco é feito de raschel, o mesmo utilizado em feiras. Estes sacos têm furos que fazem com que as camadas se misturem nas suas áreas de contato, evitando assim o uso de arame farpado e a retirada do saco antes do processo de reboco. Pontos fortes: fácil execução, rapidez na construção, alta massa térmica, baixo investimento e suas paredes têm função estrutural. Ponto fraco: necessita isolamento com a umidade do solo. Cob - Técnica favorita entre os bioconstrutores, o cob fornece resistência final com paredes autoportantes e possibilidade de inclusão de outros materiais (garrafas por exemplo) durante o processo. Feita com 85% de areia, 15% de argila e fibras vegetais para aumentar a resistência. Pontos fortes: pouco uso de água, uso de material local, possibilidade de modelar objetos nas paredes e larga vida útil. Ponto fraco: processo construtivo lento. Tijolos de solocimento - Confeccionados em prensas manuais ou pneumáticas os tijolos têm 9 partes de terra para 1 parte de cimento. Pontos fortes: processo construtivo rápido, uso de material local, alta produção em série e não necessita ser Ano 1 | outubro 2018

Acima: Tijolo Adobe (Foto: Marcelo Reis)

Acima: Tijolo em solcimento (Fotos: Marcelo Reis) Abaixo: Construção feita em tijolo de solocimento - IPEC

Abaixo: Construção em andamento mostra parte inferior em superadobe (saco branco) e as fiadas superiores em hiperadobe (saco preto). Foto: Marcelo Reis

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queimado para se obter grande resistência. Taipa de pilão - Técnica de construção com terra crua mais antiga. A terra é apiloada em camadas de 10 a 15 cm, dependendo da altura da forma, formando um bloco monolítico. No Brasil existem casarões, mosteiros e igrejas com mais de 250 anos. Pontos fortes: alta durabilidade e resistência, baixo custo, uso de material local, apresenta paredes lisas e alta massa térmica. Pontos fracos: demora na secagem e necessita proteção contra umidade. Há ainda outras técnicas como a taipa leve (execução similar a taipa de pilão, porém com adição de fibra vegetal), fardos de palha (paredes de blocos de palha compactados, estruturadas com madeira e revestidos por argamassa de barro), argamassa de reboco sem adição de cimento e construção com uso da madeira. A maior integração com o ambiente natural da bioconstrução não é o único ponto positivo. A terra crua regula a umidade do ambiente; proporciona conforto térmico, armazenando calor durante o dia e liberando lentamente a noite (paredes de bloco tem variação térmica de 17° a 34° C, enquanto que paredes de terra de 25 cm de espessura variam entre 22° e 28° C); construções em terra crua consomem no máximo 2% de toda energia despendida em uma construção similar em tijolos cozidos e as construções são recicláveis, podendo ser demolidas e refeitas com o mesmo material, após devido tratamento. Vimos com isso que, podemos fazer diferente. Existem outras formas de ocuparmos o nosso lugar neste planeta. O fato é que precisamos, enquanto engenheiros

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e arquitetos pensarmos em projetos de design que não só reduzam o impacto ao meio ambiente, como também incorpore ações que promovam impacto positivo no meio ambiente. Enquanto seres viventes neste planeta precisamos refletir nossas escolhas, nossos hábitos de consumo e sobretudo a forma como nos relacionamos com o ambiente natural. E a forma como nos relacionamos com o planeta será a forma como nossos filhos irão se relacionar também. Ou seja, podemos mudar a direção (em rota de colisão), para um futuro sustentável. Ah! A minha resposta para a pergunta que abre este artigo vem da música “casa no campo” dos compositores José Rodrigues Trindade e Luiz Otavio de Melo Carvalho, eternizada na voz de Elis Regina: Eu quero uma casa no campo Onde eu possa compor muitos rocks rurais E tenha somente a certeza Dos amigos do peito e nada mais Eu quero uma casa no campo Onde eu possa ficar no tamanho da paz E tenha somente a certeza Dos limites do corpo e nada mais Eu quero carneiros e cabras Pastando solenes no meu jardim Eu quero o silêncio das línguas cansadas Eu quero a esperança de óculos E um filho de cuca legal Eu plantar e colher com a mão A pimenta e o sal Eu quero uma casa no campo Do tamanho ideal, pau a pique e sapê Onde eu possa plantar meus amigos Meus discos e livros e nada mais 52

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Alterne Por: Raimon Alves

Teatro Gil Santana

A criança simboliza o ser humano em seu processo inicial de construção, quanto mais essa construção for bem direcionada levará a uma composição futura de um cidadão mais benéfico para si e à sociedade. Uma parte importante dessa formação é a questão cultural enfocando nas artes. A cultura possibilita a ampliação da leitura do mundo e reexamina padrões impostos e padronizados possibilitando à criança um direcionamento mais pautado no amor, respeito e autonomia de ser. Quando questões sérias são trabalhadas através da ludicidade a criança as incorpora de forma espontânea e com mais suavidade. Em Salvador, um espaço se destaca por trazer cultura e artes para este público com compromisso e responsabilidade, é o Teatro Gil Santana. O espaço foi idealizado pelo ator e diretor de mesmo nome, que sempre aos feriados e finais de semana, oferta um cardápio teatral de primeira qualidade com quatro espetáculos por dia. Clássicos da literatura infantil como Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos, Peter Pan, O casamento de D. Baratinha, O pequeno príncipe, Branca de Neve e os sete anões, já foram e são encenados. Criado em 1997, sempre foi uma referência de teatro infantil, abarcando crianças de todas as classes sociais, devido ao seu preço acessível e ao trabalho social desenvolvido pelo ator e diretor Gil Santana, que abre temporadas de oficinas gratuitas e absorve atores em formação de bairros distintos. Em 2006, Gil passou por um grande problema: seu teatro, que era em prédio próprio, incendiou e trouxe prejuízos drásticos como queima de

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Foto: Fábio Bouzas

cenários, figurinos e a própria estrutura destruída, além de textos de peças teatrais. A luta foi grande para recuperação e contou com ajuda do elenco da época e de colegas que já trabalharam com o ator. Enquanto trabalhava na recuperação, Gil prosseguiu e não deixou a peteca cair e foi apresentando os espetáculos em bares e casas de show no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Local que foi escolhido pelo diretor, após sua fundação no bairro de Nazaré, também na cidade citada. O teatro é muito visitado por famílias diversas que levam seus filhos e agregados para o deslumbre dos espetáculos apresentados. Gil conseguiu que famílias importantes de Salvador passassem a frequentar o teatro, bem como artistas locais e autoridades. E, ao mesmo tempo, popularizou as encenações infantojuvenil. Geralmente toda família adora e retorna várias vezes para conferir os mesmos ou novos espetáculos, já que essa é uma característica do diretor: renovar sempre suas encenações. Os espetáculos começam sempre às 15h e vão até às 19h. Portanto, privilegiem nosso teatro e levem as crianças para um enriquecimento cultural e fortaleçam as artes baianas. O legado cultural,com certeza, representa a melhor herança que os pais podem deixar para seus filhos. O teatro Gil Santana fica atualmente localizado à Rua Odilon Santos 190, no bairro do Rio Vermelho, que foi o escolhido pelo ator e diretor para iluminar nossas crianças com seus lindos espetáculos. Telefone: (71) 99933-6317 Instagram: @teatrogilsantanaoficial Facebook: TeatroGilSantana Site: https://teatrogilsantana.wordpress.com/gil-santana

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Universo Holístico Por: Amanda Reis

O que são Constelações Familiares?

Desde que a revista foi lançada os amigos nos bombardearam de indagações acerca do fato de não terem encontrado nenhuma coluna assinada por nós. Explicamos, eu e Marcelo, sobre a proposta da revista enquanto um painel de desenvolvimento humano, etc., etc.... tudo que você leitor já conhece sobre nosso conceito. Mas, no auge de nossos diálogos chegamos à seguinte questão: por que não? Se as pessoas querem ler aquilo que produzimos, então vamos escrever! Assim nasce essa coluna, que tem como objetivo principal apresentar nuances diversas desse universo holístico que nos cerca. Para quem ainda não tem clareza do conceito de holismo, tentarei de forma breve alinhálo, de modo que isso facilite a compreensão de tudo que será apresentado aqui. Em linhas gerais, entendemos a abordagem holística como uma compreensão ampla do todo e das partes, uma superação do paradigma cartesiano e que se ancora na compreensão sistêmica e de interferência entre todo e partes, em qualquer circunstância. Sendo revistaestimuladamente.com.br

Simone Bernardino é Coach, facilitadora em Constelações Familiares e organizacionais e Consultora Sistêmica, com mais de 26 anos de experiência. Atualmente reside em Cuiabá, mas viaja todo o Brasil ministrando cursos, treinamentos, workshops e fazendo seus atendimentos. Na nossa agradável conversa, foi possível aprofundar um pouco sobre o universo das constelações familiares, suas assim, somos adeptos do Edgar Morin quando ele diz que o todo bases epistemológicas e o olhar sobre alguns assuntos que para é ao mesmo tempo mais que a nós ainda permanecem no senso soma das partes e menos que a soma das partes. Mais que a soma comum. De acordo com a nossa das partes na medida em que entrevistada, a constelação cada parte também é um todo; familiar é um método, uma menos que a soma das partes, técnica, criada pelo alemão Bert já que existem características que só se manifestam a partir da Helinger, que tem como base principal a compreensão de nossa junção das partes. posição dentro da família, dentro Enfim, feitos esses da empresa, dentro da vida. esclarecimentos necessários, Nesse sentido, ela enfatiza que vamos ao que interessa. Cada constelar significa posicionar. vez que mergulho mais nesse A ideia é que nos posicionemos universo holístico, tenho descoberto diferentes abordagens em especial dentro da família de acordo com a nossa função sobre o homem, sua condição que, segundo o Bert Helinger, se de ser e estar no mundo, suas constrói considerando as ordens crenças, traumas e maneiras do amor. diversas de tratar isso de modo a A Simone explicou melhor para ajudá-lo a encontrar o “caminho nós essas ordens, que são assim do meio”. Nessa perspectiva, enumeradas: apresentaremos aqui alguns 1ª- Todos nós temos o direito de estudos que certamente nos pertencer, todos nós temos uma ajudarão a encontrar novas origem e precisamos aceitá-la possibilidades, respeitando os incondicionalmente; diferentes rumos que devem ser 2ª- Respeito a hierarquia no escolhidos por cada um em sua posicionamento familiar e, jornada. portanto, não devem haver Nessa edição iremos tratar das excluídos. Nesse sentido, todos os Constelações Familiares, e nada filhos são considerados, inclusive mais coerente do que conversar com uma especialista no assunto. os não nascidos; 54

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Construções Sustentáveis

3ª- Diz respeito ao dar e receber. Nem sempre o outro está preparado para receber aquilo que queremos dar. Para a Simone existe uma matemática nesse dar e receber. É uma matemática sistêmica onde mais com mais vira mais. Então, o Bert Helinger estrutura as constelações nesses três níveis que são esteio para a análise, tanto no ambiente institucional, quanto no judiciário, quanto para a educação, com suas especificidades, é claro. A entrevistada afirma que se tivesse que resumir sua compreensão de constelação, a expressão posicionamento sistêmico é a mais adequada. Para didatizar essa síntese ela exemplifica: “Eu costumo também dizer que é como se nós tivéssemos uma mesa ou uma cadeira escolar e aí é aquele momento que você passa a mão debaixo da cadeira e acha um chiclete e fala: - Eca! O que é isso que está fazendo aqui em baixo? Eu não tinha visto. E pode ser um chiclete, pode ser qualquer coisa que está grudado lá. Então, em cima da mesa existe aquilo que é consciente, é ‘Poxa, a minha vida não está bacana, meus relacionamentos não são legais, a minha empresa não traz clientes. Ou por que meu produto não tem sucesso’. Você vê isso de forma consciente. Mas, inconsciente você pode não estar olhando para empresa, pode não estar olhando para sua relação, pode não estar se posicionando. Então, quando você enxerga... a constelação tem uma forma dinâmica, é uma terapia breve e que traz essa informação para seu corpo e você começa a perceber onde é o seu posicionamento e o que você precisa fazer, então você pode criar ações estratégicas a partir daí”. Ela também nos esclareceu sobre o tão famoso “campo sistêmico”, que se trata de toda uma forma de pensamento. Existem estudiosos, pesquisando bastante a questão de como esse campo se forma, que energia quântica é essa que move as pessoas. O que fica claro é que na realidade estamos falando de estrutura de pensamento e de emoção. Portanto, nossa forma de movimentação nesse campo são as nossas escolhas. Na verdade, se buscássemos uma imagem para alusão seria a de uma grande teia, visto que quando nos movemos de qualquer ponto, outro também se move. Então o campo é a possibilidade de ver a mesma imagem de perspectivas diferentes, a partir de tudo que carregamos em nossa vida, por que mesmo que não saibamos, carregamos diversas informações de nossos antepassados constituindo um campo de ressonância. Ano 1 | outubro 2018

O que ficou evidenciado na nossa entrevista é que quando evoluímos, carregamos conosco o que está atrás de nós (nossos antepassados) e alteramos as estruturas que ainda virão a partir de nós. Que responsabilidade! Outro ponto preponderante é a relação da mãe no posicionamento sistêmico, visto que ela libera ou aprisiona. Caberá a nós romper as lógicas anteriores, tomando novas decisões, sem excluir esses aspectos; só assim liberaremos as gerações futuras. “É um olhar constante de vigília sobre a posição que ocupa. Está no piloto automático, ou está fazendo as coisas mais conscientemente? Tomou decisões com qual motivação? Onde deseja chegar com ela? Então constelar ou posicionar se dá nesse sentido, implica em sair do seu automático e realmente ser o autor, o guia do seu carro, para que ele te leve onde você precise realmente ir”, diz Simone Bernardino. Como já era de se esperar, ao final da entrevista a Simone nos brindou com uma mensagem especial para você, nosso querido leitor: “Se aceite como você é! Porque quando você se aceita, você aceita uma parte que é do seu pai, uma parte que é da sua mãe. Você aceita os dois. Então quando os dois são aceitos, você ganha a liberdade de integrar o sistema. Se o seu pai não foi um cara bacana, não importa, você recebeu dele a melhor parte para que você estivesse aqui. Se a mãe nunca deu atenção, se não conseguiu a conexão, não importa, ela deu o melhor dela, que foi a sua vida. Qual a melhor forma de fazer diferente? Aceitar o seu próprio jeito sem julgamento. Mas quando digo aceitar, isso não significa passividade. Significa: agora que me aceito, o que vou fazer de diferente para minha vida que dependa só de mim? Sabendo que você é todo esse ser aí, perfeito, que recebeu o que tinha para receber, que integrou isso, o que você vai fazer com essa melhor parte, que é você?” Terminamos assim... Refletindo! Até a próxima!

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Relações comunitárias Por: Vania Rocha

Educação Social: uma perspectiva possível em comunidades tradicionais

Olá caros leitores da EstimuladaMente. Juntos novamente e desta vez para falarmos de possibilidades educativas. Seguindo o fluxo desta edição, buscaremos dar voz aos grupos de comunidades tradicionais, a partir da importância de definir o traçado que a Educação Social tem deixado e, principalmente, de fortalecer as discussões, reivindicações e lutas empreendidas pelos Povos e Comunidades Tradicionais, já que estão longe de se concretizarem, e ainda mais distantes do ideal.

envolvidos e colaborativamente organizados, a partir da perspectiva intertranscultural, que parte do reconhecimento do sujeito participante. Partindo-se deste conceito de que Educação é movimento e construção sócio-histórica, a Instituição Educacional deve ter como característica primeira, em todos os níveis e modalidades, ser um espaço emancipatório e libertador, que represente o cenário de socialização e de mudanças, já que se configura como um ambiente social. E para que isto aconteça não podemos deixar de considerar como passo inicial deste processo a oferta da Educação, tanto no espaço sistemático (Educação Formal), também no espaço nãoformal (na perspectiva da Educação Social), quanto no espaço assistemático (aprendizagem sociocultural) de modo que seja priorizada a interseção e interlocução da aprendizagem intra e extra muros, tendo como princípio a interação social como ferramenta do conhecimento, bem como a aprendizagem significativa e a construção participativa do conhecimento.

Educação Social Começo descrevendo o que entendo por Educação, pois este entendimento norteia o que apresentarei adiante. E neste sentido, acredito que não há como pensar em educação sem concebê-la enquanto um instrumento político que se vincula à ideologia, à estrutura social, à cultura e ao poder que, hoje, tem como princípio a construção da história social demarcada pelo protagonismo dos indivíduos revistaestimuladamente.com.br

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Relações Comunitárias

A Educação Social está contida entre esses múltiplos mecanismos e ampla diversidade de arranjos educacionais citados acima, logo, é necessária uma constante análise sobre a forma como ela vem sendo ofertada, bem como se há monitoramento e avaliação destes processos que diagnostiquem eventuais falhas e descaminhos, de modo que se possa repensar, adaptar, adequar e, consequentemente, garantir que a Educação Social esteja sendo cumprida com sua função educacional nos princípios que descrevemos como conceito de Educação. Para tanto, devemos ter cuidado para que a Educação Social não seja confundida com a modalidade de qualificação profissional e/ou cursos livres, já que está inteiramente voltada para a formação de jovens e adultos, ou ainda, reduzida à ação de cunho social por ser ofertada em espaços “informais”. Equívocos muito comuns, tendo em vista que a Educação Social é realizada em espaços onde as ações educativas são pensadas, articuladas e praticadas a partir de uma dinâmica e ação pedagógica que se difere da Educação nos espaços sistemáticos (Instituições escolares). São tempos e espaços planejados pelos Agentes Socioeducacionais (formador/mediador) de forma diferente, isto é, de acordo com realidades diversas, já que a organização da Educação Social deve se adequar ao público que atende e não o contrário. No entanto, não significa que não haja uma estrutura (currículo contextualizado, metodologia, avaliação etc) para que aconteça de forma a atingir os objetivos educacionais. Diante do que já falamos, a preocupação imediata que surge é analisar que currículo e demais documentos e políticas estão postos e propostos para a Educação Social (não-formal) e a partir de então levar ao entendimento dos Agentes Socioeducacionais de que estes instrumentos só podem ter eficácia e se concretizar enquanto mudança educacional, se forem utilizados enquanto norteadores, de modo que: não desprezem as especificidades dos grupos a que se destina a ação educativa; e igualmente, que as concepções políticoideológicas dos grupos locais de poder não mais influenciem na concretização de um currículo justo,

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democrático, incluinte e socializador, cabendo a todos os envolvidos, em último caso representado pela pessoa do Agente Socioeducacional, fazer com que os direitos de aprendizagem sejam garantidos de forma democrática, concretizável e em sintonia com os valores, tradições, costumes, cultura e hábitos do local. O cuidado e vigilância sobre tais instrumentos deve ser condição prioritária para fomentar discussões referentes à Educação Social, evitando o equívoco citado de considerá-la como educação assistemática, pois como vimos, a Educação Social, ainda que de forma específica, requer organização, planejamento, estruturação curricular, avaliação e outros tantos instrumentos educacionais “formais” que articulem teoria e metodologia resultando em conhecimento numa perspectiva de aprendizagem significativa. Em suma, apesar de todas as mudanças já ocorridas na estrutura educacional, tanto no que se refere às conquistas políticas, quanto às diversas expressões pedagógicas, é necessário manter a busca pelas mudanças e alçar novas formas de pensar Educação por meio de múltiplos mecanismos e ampla diversidade de arranjos educacionais, escolares, familiares e sociais, de forma coletiva, participativa e democrática, sem nos esquecermos dos objetivos primeiros da educação: a emancipação intelectual, a inclusão social, a participação cidadã e, acima de tudo, o desenvolvimento humano. Educação Social: uma perspectiva possível em comunidades tradicionais. De acordo com o Decreto nº 13.247/2011, são Povos e Comunidades Tradicionais – PCTs: I ‐ Povos e Comunidades Tradicionais: aqueles que ocupam ou reivindicam seus Territórios Tradicionais, de forma permanente ou temporária, tendo como referência sua ancestralidade e reconhecendo‐se a partir de seu pertencimento baseado na identidade étnica e na auto‐ definição, e que conservam suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e políticas, línguas específicas e relação coletiva com o meio ambiente que são determinantes na preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial, através da sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando práticas, inovações e conhecimentos gerados e transmitidos pela tradição. [2]

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Sendo mais específica, os povos e comunidades tradicionais, são os povos Indígenas, Quilombolas, Pescadores Artesanais, Marisqueiras, Ribeirinhos, Povos de terreiro, Ciganos, Caatingueiros, Seringueiros, Praieiros, Sertanejos, Castanheiros, Comunidades de Fundo de Pasto, Faxinalenses, Varjeiros, Caiçaras, Jangadeiros, Campeiros, Geraizeiros, Veredeiros, entre outros. É importante destacar do texto da legislação o fragmento: “reconhecendo‐se a partir de seu pertencimento baseado na identidade étnica e na auto‐ definição”, já que historicamente há uma diversidade grande de grupos que são considerados povos tradicionais, e é muito evidente a heterogeneidade que há entre autoidentificação étnica e formação de grupo. Logo, os povos que compõem as comunidades tradicionais estão intimamente ligados a concepção revistaestimuladamente.com.br

de tradição e de pertença, que se dá a partir da autoidentificação com as características que o torna único em relação a quaisquer outros, o que torna o indivíduo um portador de uma identidade etnicamente diferenciada. Devemos compreender etnia enquanto a união de grupos de indivíduos que compartilham caracteres linguísticos, culturais, somáticos, relação com o território e a religiosidade em comum. Agora que entendemos o conceito de etnicidade, é necessário correlacioná-la ao surgimento e fortalecimento de políticas de ações afirmativas, muitas vezes guiadas por questões assimilacionistas ou raciais, do que pelas noções de etnicidade, de grupo étnico e de identidade étnica. Tal fato leva, novamente, a um equívoco, na medida em que uniformiza os diferentes grupos de modo a não considerar as especificidades de cada um. 58

Refletir sobre estas incoerências ao longo da história da humanidade quando diz respeito à raça/etnia, diante das contradições analíticas e decisórias quando se trata de ações universalizantes de direitos humanos, é prioritário para compreendermos a importância, a necessidade e o impacto de ações voltadas para estes grupos da sociedade brasileira. Também é necessário para repensar como e por quem serão pensadas as políticas universais a fim de não deixar esquecer no caminho o “para quem” e considerando em primeiro plano a plurietnicidade e a multiculturalidade, bem como os diversos arranjos e configurações sociopolíticas enfrentadas. Devemos nos orientar no potencial de organização social e política para construir uma nova modalidade de organização cidadã na perspectiva democrática, que tenha como Ano 1 | outubro 2018


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princípio a direção e o consenso ideológico de uma sociedade pluricultural, cuja fundamentação de consciência identitária/étnica busque diminuir o êxodo rural, a desfragmentação das comunidades tradicionais, a exclusão social, ao tempo em que se valoriza a diversidade cultural, a tradição e as origens enquanto valores humanos, socializadores e coletivos. Ora, a ideia de organização social liga-se ao propósito social dos grupos coletivos, ou seja, às relações comunitárias, cujas regras governam o comportamento orgânico da comunidade, ultrapassando o interesse singular do indivíduo e orientando as escolhas que têm como referência as normas dadas pela estrutura social e, assim, promovendo mediações através da criação de arranjos do comportamento dos indivíduos na construção da vida social.

Povos Tradicionais é necessário analisar que nestes últimos anos, mesmo com uma legislação favorável, não se tem ainda um sistema de educação que de fato dê conta, se comprometa e se estruture para colocar as redefinições da inserção da história [real], tradições e reconhecimento dos valores culturais, entre outros, em prática e trazer para o espaço educacional as especificidades do modo de vida dos povos tradicionais. Logo, a Educação Social aqui proposta, tem como norteador a Educação Comunitária, apresentada como uma Educação que

Deve ser prioritariamente praticado de acordo com os pilares dos princípios fundamentais de desenvolvimento e respeito humanos, em que os indivíduos possam se articular a partir da experiência possível nos espaços de articulação social, cultural, econômico e político, agindo na estruturação de uma nova realidade, através dos significados simbólicos, tradicionais, morais e éticos.

apoiá-los e fortalecê-los, respeitando as formas próprias de

não se restringe à Escolarização ou aos demais processos tidos como formais, mas abrange processos diversos de ensino e aprendizagem e socialização dos conhecimentos que são essenciais para a reprodução das culturas, a gestão territorial, a autonomia e a sustentabilidade dos Povos Tradicionais. Assim, é papel do Estado conhecer os diferentes processos educativos, organização social. As ações são de interesse das comunidades e todos participam independente do gênero, faixa etária e escolaridade prévia, a depender dos critérios de cada Povo, conforme os exemplos abaixo: • Iniciativas das comunidades voltadas ao fortalecimento de práticas educativas que valorizam os conhecimentos próprios, os cuidados relacionados ao meio ambiente e ao bem estar da comunidade, visando à melhoria da qualidade de vida nas comunidades; • Valorização e apoio a práticas culturais associadas

Neste contexto, a organização social quando realizada a partir do acolhimento do todo coletivo e sob a perspectiva de gestão participativa deverá se apoiar na autoidentificação étnica, a partir das especificidades e particularidades dos grupos envolvidos sem deixar de se articular na pluralidade das relações da sociedade como um todo, tornandose espaço legitimado para trabalhar com a ideia de responsabilização, na qual os sujeitos devem se sentir parte do contexto, reconhecendo a importância de suas ações no processo de garantir a sustentabilidade, e dando um novo sentido aos processos de subsistência seu e de suas famílias e de seu grupo étnico. Assim, a Educação Social figura como possibilidade metodológica possível para ações a serem desenvolvidas neste contexto. Porém, é importante reforçar que ao discutir a Educação no contexto dos Ano 1 | outubro 2018

aos processos educativos próprios das crenças e culturais afroeducacionais; • Reflexão sobre as relações sociais com o entorno e sobre a proteção territorial e ambiental; • Apoio à formação diferenciada de profissionais (professores, técnicos em enfermagem, técnicos em agroecologia etc), para que possam atuar como pesquisadores e multiplicadores de práticas sustentáveis e dos conhecimentos próprios. [3]

Deste modo, toda e qualquer ação projetada para essas comunidades devem prioritariamente conceber esta coletividade a partir da identificação cultural de pertencimento, da autopercepção étnica e/ou de grupos sociais, devendo ser pautada no sentido de contemplar seus anseios e necessidades, reconhecendo as diversidades das demandas e garantindo os direitos fundamentais desses grupos, há muito considerados minoritários, marginalizados

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Relações Comunitárias

Deste modo, claro está que, a Educação Social precisa ser pensada dada esta realidade e para tanto é essencial que compreendamos os diferentes espaços não-formais de educação para que possamos atuar de maneira coerente, ética e condizente com as necessidades desta camada da população, sem deixar de ter como norteador principal o repeito à cultura, à ancestralidade e à tradição.

e invisibilizados na esfera pública, trazendo-os ao cenário das efetivações políticas como protagonistas das decisões que lhes são diretamente dirigidas, assim fazendo-os participantes da própria mudança. A partir do exposto, é primordial que haja uma mudança na forma de pensar a construção de uma Educação para Povos e Comunidades Tradicionais, na dinâmica aqui proposta de Educação social. Também é necessário pensar o papel dos jovens nas instâncias de ação e decisão social, econômica e política que extrapolem os espaços privados-familiares e os insira no espaço público enquanto protagonistas, de modo que estes deixem de ser estatísticas negativas e passem a fazer parte da solução, do desenvolvimento, da ascensão da sociedade na elevação dos índices de desenvolvimento humano e, como consequência, na elevação da qualidade de vida. Vê-se que ainda há muito caminho a ser percorrido na busca pela garantia de direitos. Toda esta explanação foi aqui apresentada, pois se estou tratando a Educação enquanto instrumento de emancipação e empoderamento, enquanto impulsionador de inclusão e participação social, como não considerar as dificuldades enfrentadas pelos PCTs, vez que estas dificuldades muitas vezes são motivos que os impedem de concluir seus estudos nos espaços formais de Educação ou quando o fazem não lhes dão possibilidades concretas de inserção social e participação cidadã.

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NOTAS: [1] Adaptação do Trabalho de Conclusão de Curso, de autoria própria (ROCHA, Vania Conceição. Educação: uma perspectiva possível em comunidades tradicionais. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Coordenação Pedagógica). Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Bahia). [2] BAHIA. Decreto nº 13.247, de 30 de agosto de 2011. Dispõe sobre a Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais - CESPCT. Brasília, 2011. Disponível em: <http://fernandatanure.blogspot.com. br/2011/08/decretoestadualn13247de30de.html> [2] FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO FUNAI. Educação Comunitária. Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.php/processoseducativos-comunitarios?start=1>

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Escutatória Por: Pedro Cordier

Se todos estão falando, quem está escutando?

Há um tempo, comecei a pesquisar e a produzir conteúdo sobre como a Conscientização da Escuta pode nos levar a um Estado de Aprendizado Potencial. A esse estudo, dei o nome de Escutatória, em homenagem ao escritor Rubem Alves. Uma das frases que me inquietava era “SE TODOS ESTÃO FALANDO, QUEM ESTÁ ESCUTANDO?” Não vemos mais um diálogo entre duas pessoas, vemos 2 monólogos. Ambos focados em si e naquilo que têm a dizer. Em um diálogo, quando o outro fala e você ouve a voz dele é ESCUTA. Se você ouve a sua própria voz é EGO! Se a gente só fala sobre o que sabemos, quando aprendemos? QUANDO A GENTE ESCUTA! Então, seguem três pontos para você ESCUTAR MELHOR: Presença - Esteja presente de corpo e alma. Isso honra o tempo de ambos. Não julgamento - Escute o outro com a xícara vazia e acolha cada palavra. Intenção positiva - Todo ser humano tem algo a nos ensinar. Perceba esse melhor! Quero também deixar duas dicas importantes: A primeira é “NÃO É PESSOAL”. Só guarde o que for edificante. Todo o resto que for dito, “Não é pessoal”. A segunda é o "INTERESSE GENUÍNO”! Toda pessoa tem uma história de vida fascinante. Se interesse no que está sendo dito e veja a diferença que isso vai fazer nas suas relações! Aproveite cada oportunidade de conexão e faça a diferença na vida do outro. Isso vai, com certeza, mudar a sua vida! Pedro Cordier é nosso novo colaborador nesta coluna. Em dezembro, ele apresenta o tema Escutatória no TEDx Salvador, um evento que joga luz no espírito das ideias que merecem ser divulgadas. O TEDx é um programa de eventos locais e autoorganizados que reúne pessoas para compartilhar uma experiência semelhante à do TED, que ocorre duas vezes por ano, reunindo em diversos lugares do mundo um grupo de pessoas interessantes e impactantes para a experiência TED de uma semana. Para saber mais: www.ted.com Ano 1 | outubro 2018

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Terceiro Setor Por: Simaia Barreto

Educar para transformar, educar para o campo!

Nesta edição da revista temos como tema central a educação e porque não conhecer modelos de formação diferentes e que acontecem em nosso estado? Nesse artigo, vocês irão conhecer uma escola comunitária rural localizada no sertão baiano, a ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DO SERTÃO – EFASE. Nossos entrevistados para essa matéria foram o professor Gabriel Troiler e a ex-aluna e técnica agrícola Racleci Andrade. No geral, nosso entrevistado explica que as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) são escolas comunitárias, construídas e geridas por comunidades camponesas para garantir o revistaestimuladamente.com.br

acesso da juventude do campo à educação mais apropriada para seu ambiente de vida. Neste caso, os atores e espaços educativos vão para além da sala de aula. A família, a comunidade, as entidades e movimentos sociais se tornam colaboradores na educação dos jovens. A EFASE é uma escola comunitária gerida pela Associação Regional da Escola Família Agrícola do Sertão – AREFASE, fundada juridicamente em 1997. A unidade física foi construída através de mutirão e a metodologia de ensino utilizada preza pela alternância entre o aprendizado em sala de aula e a prática nas comunidades onde 64

vivem os alunos. Um aluno da zona urbana está acostumado com uma dinâmica de ensino que não enfatiza a situação do campo. No entanto, um aluno que vive diariamente o cotidiano da zona rural, tendo pais agricultores, vivencia uma rotina de produção de alimentos diferenciada. Estes alunos praticamente vivem do que a terra fornece a partir do cultivo da mesma. Nesse cenário, a escola oferece uma educação contextualizada, ou seja, que leva em conta a vida desses jovens. Totalmente baseada na pedagogia de Paulo Freire, a escola tem por base uma vivência prática aliada às teorias. Ano 1 | outubro 2018


Terceiro Setor

Assim, os alunos passam quinze dias na escola e nesse período participam de aulas teóricas e práticas, além de cuidar do ambiente em que se acomodam, pois dormem nos quartos disponíveis. Sendo assim, limpam, organizam e se dividem em tarefas para manter o ambiente organizado. Durante estes quinze dias não tem acesso à televisão, ficando totalmente direcionados ao processo educativo. Atividades de lazer, voltadas para educação, também são realizadas. Nos outros quinze dias, os jovens retornam para suas respectivas comunidades exercitando o aprendizado do ambiente escolar. Na Bahia existem 36 EFAs, e segundo o professor entrevistado, o papel de uma escola família é proporcionar uma formação apropriada e que esteja vinculada com a realidade de vida do campo. As EFAs promovem uma formação técnica e agropecuária com bases agroecológicas e populares, juntamente com a formação escolar de qualidade, além de propiciar uma formação humana e política para a juventude. Pois um jovem formado na EFA está capacitado tecnicamente e com compreensão política da sua realidade para intervir ativamente na mesma. Mas o que isso tudo quer dizer? Que um técnico agrícola formado na EFASE está preparado para orientar uma produção de alimentos com base na agroecologia, ou seja, sem uso de venenos, assim como orientar a melhor forma de criação de aves, suínos, caprinos etc., também com recursos naturais,

ou seja, sem produtos químicos para combater possíveis pragas. Além disso, por se tratar de uma escola no sertão com filhos de agricultores que enfrentam cotidianamente a escassez de água, os alunos são educados com práticas de reuso da água, através de inovações tanto para produção como para o consumo humano. A captação de água da chuva através de cisternas é um exemplo muito utilizado no semiárido nordestino atualmente. Hoje a EFASE atende cerca de 480 jovens distribuídos no ensino fundamental, médio técnico e superior. Para tanto, necessita de estrutura que garanta a permanência dos jovens no espaço escolar: dormitórios, refeitórios, espaços de lazer e estruturas que garantam o aprendizado pela prática como setores produtivos agropecuários e laboratórios. Além de convênios realizados com a Secretaria de Educação, a escola conta com o apoio de seus exalunos e de doadores que compreendem a realidade do campo e apoiam essa iniciativa. Racleci Andrade, que tem apenas 19 anos e já atua profissionalmente como técnica agrícola, afirma que “estudar na EFASE foi uma experiência ímpar, pois além de aprender os conteúdos (...) pode obter percepção básica sobre política e o quanto a educação contextualizada contribui para formar pessoas conscientes e humanizadas”. Imagina um mundo com pessoas preocupadas e capacitadas em produzir alimentos sem veneno pra todo mundo? As escolas rurais comunitárias são parte disso e na Bahia temos algumas, olha só que coisa boa!

Foto: Divulgação

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Foto: Arquivo Pessoal

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O que vamos organizar hoje? Por: Tais Reis

O que vamos organizar hoje? Qualquer coisa!!

Muitas foram as técnicas que criamos para solucionar um problema que nós mesmos criamos: o hábito de acumular. Dentre todos um dos mais famosos foi o 5S, que é um programa de gestão de qualidade empresarial desenvolvido no Japão. Sendo que o seu foco é melhorar a produção a partir de conceitos muito voltados à aspectos como organização, limpeza e padronização. Esse foi um grande achado, e as montanhas de material inservível (ou não!) que se acumulavam nos depósitos de lixo de empresas de todos os portes e tamanho foi o entusiasmo e seus princípios foram levados para os lares. Gavetas, armários, garagens, quartinhos das bagunças foram remexidos e nada mais seria como antes, será? Ocorre que tudo voltou a ser praticamente como antes, pois o quinto “S” - SHITSUKE - é o senso de autodisciplina, e fazer dessas atitudes uma prática, incorporando o 5S como um modo de vida é um desafio. revistaestimuladamente.com.br

Mas o que seria da vida sem os desafios? E quando o desafio é organizar, saiba que estamos juntos!!!! E o que vamos organizar hoje são os objetos pequenos, que possam ser acondicionados em potes de sorvete, o projeto é bem fácil e prazeroso, e nesse projeto teremos a oportunidade de setorizar, que é um dos pilares da organização. Para começar vamos precisar de potes de sorvete, pregadores de roupa de madeira, caneta, tesoura, papel e uma pistola de cola quente. (Figura 1) Após lavarmos os potes, colamos o pregador no centro do pote de sorvete, na altura de sua mola, de forma que a parte do prendedor fique para baixo. (Figura 2) Em seguida recortamos os papeis em uma medida de aproximadamente 7x5 cm, e escrevemos o rótulo dos objetos que serão armazenados nesta caixa. (Figura 3) E por fim prendemos as etiquetas nos pregadores e está tudo pronto para organizarmos os objetos. (Figuras 4) 66

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1 O que vamos organizar hoje?

No projeto de hoje consideramos que seriam armazenados brinquedos, mas podemos utilizar essa ideia para uma infinidade de outros usos. Espero que essas dicas sejam uteis e facilitem o seu dia a dia, espero dicas do “Que vamos organizar hoje?” E por falar em dicas, queremos compartilhar com vocês que após algumas pessoas nos procurarem com dúvidas sobre o estado energético de suas casas e escritórios, sentimos que é momento de ampliar as nossas conversas para além das dicas. Então a partir da próxima edição vamos trazer a Organização Vibracional para as nossas páginas, com informações sobre harmonização do nosso ambiente e apresentando ferramentas para que possamos buscar o equilíbrio energético de nosso espaço. Vamos transitar entre aromaterapia, utilização de pedras e cristais, conceitos de Feng Shui, uso das cores e plantas para melhorar o fluxo energético e elevar o padrão vibratório de lares e escritórios. Esperamos vocês.

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Planejamento Consciente Por: Marcelo Reis

Propósito: O resgate da criança interior

Quem você pensa que é? Segundo Sri Prem Baba, em seu livro “Propósito”, o materialismo em que vivemos tem impedido nossa evolução espiritual e material. Nos tornamos cegos e ignorantes do nosso próprio poder. A maioria de nós não faz ideia de por que veio a este mundo e nem sequer chega a perguntar. Ele diz: “Tornou-se inaceitável que, com tanta informação disponível sobre a insustentabilidade do nosso estilo de vida, continuemos agindo sem a mínima consciência ecológica.” Fechamo-nos a esta realidade que nos impede de ter acesso ao nosso propósito. Prem Baba diz que somos fracassados por não sermos capazes de conquistar a felicidade, pois estamos buscando no lugar errado. A felicidade só poderá ser encontrada através de um mergulho consciente dentro de nós mesmos. Todo ser humano traz consigo uma visão em prol do desenvolvimento sustentável do planeta. Mas, normalmente, devido às influências externas, sua visão vai sendo esquecida, seu poder vai sendo contido. E, como somos regidos pela lei de causa e efeito, esse poder contido se volta contra ele. Nesse estágio, forças contrárias ao seu propósito são criadas. A contradição entre o caminho a ser percorrido pela alma e a mente condicionada aos fatores externos traz revistaestimuladamente.com.br

angústia e sofrimento. Estes fatores externos, são as programações que a sociedade nos impõe. Nossas expressões naturais vão sendo esquecidas. Isso mesmo. Esquecidas. Enquanto somos crianças ainda lembramos quem somos e para que viemos a este mundo. Ensinamos às nossas crianças que elas são vítimas das circunstâncias externas e aos poucos elas vão elaborando mecanismos de autodefesa contra humilhação, exclusão e rejeição. A partir daí as crenças limitantes, que as irão acompanhar na fase adulta, são construídas. E como nos liberarmos para caminhar em busca do nosso propósito? Autoconhecimento! Conheça a ti mesmo. A medida que nos conhecemos, nos libertamos de nossas crenças limitantes e da nossa posição de vítima. E nossas crianças? Com o Autoconhecimento nos tornamos capazes de promover um desenvolvimento sustentável para nossas crianças. Deixamos de projetar nelas as nossas frustrações, nossas expectativas e carências. O segredo está em deixar de repetir os padrões sociais e não impor nosso ponto de vista para a criança. E se não formos capazes de deixar de projetar nossas frustrações em nossas crianças? 68

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Planejamento Consciente

Haverá um momento em que elas serão tomadas, inconscientemente, por um vazio existencial. Seu propósito será perdido no esquecimento e preenchido por algo fora delas. Sua felicidade passa a depender de fatores externos: o outro e/ou bem materiais.

Cortella afirma que “uma vida de propósito é aquela em que eu entenda as razões pelas quais faço o que faço e pelas quais claramente deixo de fazer o que não faço.” Daí vem a questão: Você vive um trabalho alienado? O trabalho alienado, relatado por Cortella e expresso Nosso sistema educacional nos ensinou por Marx, é definido como “aquele que eu faço e que e agora ensina nossas crianças a ganhar não pertence a mim e eu também não pertenço a ele. dinheiro e ter poder. Desenvolve-se aí a Nem o que eu faço é minha propriedade, nem eu sou crença de que dinheiro traz felicidade. propriedade de mim mesmo.” A felicidade está dentro de nós. Essa Somos obrigados a fazer o que fazemos? Se deve ser a nossa busca. Devemos buscar o pudéssemos desempenhar outra atividade, seria caminho para a autoconsciência e nos curar possível? de nossas crenças limitantes. Dessa forma Eis a chave da questão. Devemos ter clareza e rompemos este ciclo vicioso de projetarmos sabedoria para fazer nossas escolhas. Precisamos nossas frustrações em nossas crianças, assim nos reconectar conosco e com nossa missão de como fizeram conosco. Alma, programada no momento da encarnação. A consciência do propósito será o caminho para uma Prem Baba faz uma viagem para expansão de vida feliz, próspera e gratificante. nossa consciência. Desde o nascimento até a transcendência. Indico a leitura para aqueles que Devemos ter consciência também do nosso papel desejam ter mais clareza quanto às consequências de na perpetuação do ciclo vicioso da ausência de nossas atitudes, como reproduzimos isso em nossos nós mesmos, com negatividade, auto-sabotagem, filhos e como a sociedade colabora neste ciclo vicioso. vitimismo, jogo de acusações e sofrimento. Se faz Nessa viagem, ele nos ensina a reconhecer nossos necessário romper esse ciclo. Um novo ciclo de verdadeiros potenciais e a relação entre prosperidade energias positivas deve ser cultivado de desapego, e dinheiro. ações conscientes, positividade, crescimento, autoNão podia deixar de registrar essas duas frases de responsabilidade e alegria. Prem Baba que contrastam com crenças que a maioria E se a organização a qual você faz parte não faz de nós desenvolve. parte de você, busque uma que esteja alinhada com “A prosperidade nasce da confiança. Uma pessoa seu propósito e com o que você acredita. Se esta próspera não tem medo da falta.” organização ainda não existe, bem-vindo ao mundo “A prosperidade não tem a ver com o tanto de do empreendedorismo. dinheiro que você tem, mas sim com a confiança Que tal mais algumas perguntas instigantes para de que todas as suas necessidades serão atendidas, planejar o viver com “Propósito”? Estas perguntas são independente disso. E o dinheiro surge como focadas no seu autoconhecimento e reforçam pontos consequência natural dessa confiança.” importantes para que você tenha noção de propósito No capítulo introdutório do livro “Porque fazemos e legado e busque alinhamento entre quem você é e o o que fazemos?”, Mario Sergio Cortella apresenta que você deseja ser. 8 perguntas que nos seriam apresentadas, por uma • Quem você pensa que é? suposta divindade após nosso fim nesta vida, a fim • O que é importante para você? de medirmos se vivemos uma vida robotizada e • Que mensagem você passa para o mundo? automática. São elas: • O que você deseja ser? Uma voz ou um eco? “O que fez? Fez por quê? • Qual o seu propósito? O que não fez? Não fez por quê? • Qual legado deixará para seus descendentes? O que fez e não deveria ter feito? Por que o fez? • O que vai fazer pela sociedade? O que não fez e deveria ter feito? Por que não o fez?” • O que fará pelo planeta? Sente-se confortável em respondê-las? • Quais ações práticas poderá adotar hoje? Ele faz um apanhado da história da sociologia e Tenha uma vida plena de propósito e lhe desejo um filosofia acerca do propósito e contextualiza com a bom Planejamento Consciente. nossa relação com o trabalho. Ano 1 | outubro 2018

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Registro Por: Marcelo Reis

IPEC: 20 anos de permacultura Aconteceu entre os dias 13 e 21 de outubro o PDC 2018 (Permaculture Design Certificate), que coincidiu com a comemoração dos 20 anos de existência do Ecocentro IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado). O PDC é oferecido unicamente pelo Ecocentro IPEC, desde 1999, dentro do programa padrão desenvolvido por Bill Mollison (pesquisador, autor, cientista, professor, naturalista e é considerado o pai, junto com David Holmgren, da permacultura). E o que é mesmo permacultura? É um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis. O IPEC é uma organização não governamental, sem

fins lucrativos, que tem seu escritório no Ecocentro, localizado na cidade de Pirenópolis, Goiás. Foi fundado em 1998 com a finalidade de estabelecer soluções apropriadas para problemas na sociedade, promover a viabilidade de uma cultura sustentável, oportunizar experiências educativas e disseminar modelos no cerrado e no Brasil. Neste contexto, o permacultor André Soares e a pedagoga e escritora Lucy Legan ministraram cursos de permacultura em todas as regiões do país e no exterior, capacitando diversos permacultores para a evolução de uma proposta de mudança. Tudo começou em 1997 com a decisão de André Soares de voltar ao Brasil. Na oportunidade, ele havia ministrado um curso de permacultura em

Foto: Marcelo Reis

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Manaus - AM com Geoff Lawton e Ali Sharif, e que contou com a participação de pessoas do Ministério da Agricultura. Ao final do curso ele foi convidado a ingressar no programa “Novas fronteiras do cooperativismo”, programa financiado pelo Ministério da Agricultura. Foi perguntado se eles tinham alguma proposta para fazer em relação ao convite feito. A resposta foi: “queremos disseminar a permacultura no Brasil, queremos fazer curso em todos os estados, queremos fazer 5 Ecocentros no país com formação em permacultura com diferentes focos em cada ecossistema.” O projeto foi aprovado em nível primário e o primeiro Ecocentro foi estabelecido em Manaus, dentro da Escola Agrotécnica Federal de Manaus, hoje o IPA (Instituto de Permacultura da Amazônia) tem sede própria. Foram 20 cursos de PDC em apenas 1 ano, período em que o terreno do IPEC foi adquirido e, em 1998 a sua esposa Lucy iniciou o projeto de recuperação do terreno existente, baseados nos métodos permaculturais. O estabelecimento do Ecocentro IPEC, previsto no revistaestimuladamente.com.br

programa, se deu no cerrado, pois seria o segundo maior ecossistema. Naquele momento Pirenópolis foi encolhida dentre outras opções. Em 1999 eles iniciaram a construção de um espaço para demonstrar a viabilidade dos princípios da permacultura e da bioconstrução. A primeira edificação a ser construída foi um sanitário seco (compostagem), pois na oportunidade as fezes eram coletadas em baldes e seu manejo era mais complexo. Em janeiro daquele ano acontecia a primeira turma de PDC. Em 2001 foi realizada a primeira turma de bioconstrução, termo cunhado por André Soares e hoje presente no meio permacultural e em trabalhos técnicos. No dia 17 de outubro de 2018 foi reservado no calendário do curso, uma noite com o tema: IPEC 20 anos. Neste dia, tive o prazer, junto com os demais colegas de curso, de participar de um bate papo com André Soares e Lucy Legan, com a presença de instrutores e colaboradores que fizeram parte dessa história, cito: Tiago Ruprecht, Luciana Khalil e Rodrigo Bordón. 70

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Registro

O papo foi recheado de experiências sobre o IPEC, da sua idealização aos dias de hoje, principalmente os desafios de transformar uma área degradada em um Ecocentro. Nesta noite intimista o casal contou como ocorreram a compra do terreno, a escolha, os primeiros anos em que a Lucy ficou sozinha no terreno, sem falar português, enquanto André viajava o Brasil ministrando o PDC, conflitos, nascimentos e casais que se formaram. Na oportunidade André contou sobre seu primeiro contato com a permacultura. Na Austrália, ele trabalhou num projeto de ressocialização de pessoas com transtornos psiquiátricos e que tinha como base o contato com o ambiente natural. Ao ver numa revista uma matéria sobre permacultura ele convenceu o seu chefe a pagar o curso com Bill Mollison, escritor do livro “Permaculture a Designers Manual” (considerada a bíblia da permacultura - sem

tradução para português). Foi aí que tudo começou. E nas suas constantes viagens, desde muito jovem, se orgulha de ter trazido muito conhecimento, acerca do tema, para o Brasil. O bate papo é encerrado com André contando o quanto ele se emociona ao ver o retorno, nas redes sociais, de pessoas que passaram pelo Ecocentro e que reportam o quanto o curso mudou positivamente a vida delas, o que o faz sentir-se realizado por colaborar com impactos positivos na vida das pessoas. O Ecocentro IPEC se tornou referência em Permacultura e Bioconstrução para brasileiros e estrangeiros que querem aprender sobre a vida sustentável. Com a missão de promover valores verdadeiros e proporcionar experiências educativas práticas, o Ecocentro IPEC vem implementando uma infraestrutura para uma escola de estudos sustentáveis e desenvolvendo tecnologias e soluções apropriadas

Foto: Marcelo Reis

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para a realidade atual. Essa parceria tem colaborado fortemente para a construção de uma nova ordem local e mundial através da permacultura, prestando serviços comunitários para população da zona rural no Cerrado Brasileiro e em outras regiões do Brasil e cooperando internacionalmente com organizações na África, Ásia, Europa e nas Américas. Em 20 anos foram criadas estratégias de habitação ecológica, saneamento responsável, energia renovável, segurança alimentar, cuidado com a água e processos de educação para a sustentabilidade de forma vivenciada. Foram apresentadas inovações também com a colaboração e o esforço voluntário de muitos jovens e profissionais, que passaram e passam pelo Ecocentro com o objetivo de aprender, de se inteirar e transformar suas realidades, levando “daqui para ali” um conhecimento que possibilita a vida mais harmônica com o próximo e com a natureza. Posso dizer com sinceridade que me enquadro no grupo de pessoas que passaram pelo IPEC e que foram impactadas positivamente. Quando no curso, o André propõe ver o mundo pelos olhos Ano 1 | outubro 2018

de uma criança, percebi que estava no lugar certo, ouvindo a pessoa certa. Conhecer a permacultura foi transformador para mim. A permacultura é pautada em 3 éticas: cuidado com a terra, cuidado com as pessoas e partilha de excedentes. Um dos principais aspectos da permacultura é o sistema para criação de comunidades humanas sustentáveis que integra Design e Ecologia. Pela forma com que a permacultura fala em agir baseada em valores e em assumirmos nossa responsabilidade pela vida, e por ver um perfeito alinhamento com os 3 pilares da Revista Estimuladamente (Autoconhecimento, Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade), fiz o convite para André Soares fazer parte do corpo de colaboradores e manter uma seção permanente de permacultura. O convite foi prontamente aceito e já fará parte da edição 4, em dezembro de 2018. Parabéns ao IPEC pelos 20 anos de existência significativa, levando conhecimento e consciência do nosso papel enquanto habitantes desse planeta. 71

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Autoconhecimento & Espiritualidade Por: Conça Cedraz

Sobre peixes, aquários e oceanos

Gosto de pensar nas crianças como pequeninos peixes, que tanto podem nadar no aquário quanto no oceano, e reflito: que seres estamos criando para o mundo? Estamos incentivando caminhos e lhes dando instrumentos para que transitem pelo oceano da vida sem medos, de forma segura e harmoniosa, criando possibilidades de plenitude e bem aventurança para si e para o mundo que os cerca? Para transitar com segurança pela vida é preciso se conhecer, saber de si mais do que dos outros, identificar o que quer da vida e que isso somente será possível através do autoconhecimento. Como escolhemos os conhecimentos intelectuais que estão acessando, que modelos de liberdade estamos praticando, como estamos estimulando a conexão com o ser interior, com o sentir? Como lidar com elas para que sejam, senão tão felizes quanto nós, ainda mais felizes que nós, saindo dos pequenos aquários do universo familiar para nadar no oceano da vida? Nossos filhos, trazem muito de nós; então, se acreditamos que somos frutos/filhos/resultado de uma energia divina, por que não teria muito dessa divindade em cada um e cada uma? Olho para as crianças e me encanto com a divindade nelas existente e me maravilho com as infinitas possibilidades à sua disposição. Como ensiná-las a reconhecer essa divindade em si e no outro? revistaestimuladamente.com.br

Segundo a física quântica, o olhar do observador molda a realidade; então ao ensinarmos que existe um outro nível de consciência, de percepção, de visão de mundo, que vai além do ver para crer e estimula o crer para ver, é possível, passo a passo, possibilitar que elas aprendam a descobrir as infinitas possibilidades de que são capazes, se sintonizadas com a realidade divina interior. Esse aprendizado interno, junto com o aprendizado intelectual, as ajudará a se conhecer, perceber e entender sobre as leis e processos dos mundos exterior e interior, passando a ter uma nova abordagem da vida, abrindo caminho para a criatividade da alma, transformando teoria em prática e deixando fluir suas melhores criações. A educação direcionada às infinitas possibilidades precisa orientar essa sintonia, estimulando o reconhecimento da singularidade de cada um e de cada uma, assim como os potenciais internos ilimitados, tornando-os solos férteis para serem mais conscientes e conectados com sua divindade. Khalil Gibran, no livro “O Profeta”, diz que no coração de cada maçã há uma semente, e nele um pomar invisível. Porém se a semente cair sobre a rocha, nada florescerá; e eu afirmo: no âmago de cada ser humano há uma semente de luz, de amor e poder ilimitados e essa semente precisa ser despertada, para que floresça e produza bons frutos. 72

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Autoconhecimento & Espiritualidade

A preparação desse solo fértil deverá ser iniciada ainda em tenra idade, desde o primeiro olhar que a criança receber. Trabalho contínuo, do nascimento até sempre. Cada criança deverá ser estimulada a se apropriar das características que compõem seu eu interior, seus defeitos e suas virtudes, para assim aprender a lidar também com o seu pior, no sentido de se lapidar e deixar que apareça o diamante sagrado de sua essência divina. Se cuidarmos dessa preciosa semente, poderemos estimular a existência de seres mais íntegros, que poderão assumir suas verdadeiras identidades, indo além da autoimagem idealizada e do perfeccionismo que conduz à negação de si mesmo. Se a mente não souber que existe um mundo interior a descobrir e explorar, como poderá tentar ir na direção certa, reconhecer suas dificuldades e transformá-las em possibilidades? A educação precisa unir o racional, o emocional e o espiritual,

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ampliando a visão de mundo e estimulando o pensar, o SENTIR e o agir. Segundo Eva Pierrakos, assim como existem leis da química, da física, da matemática para o homem compreender, também as leis do mundo interior precisam ser aprendidas e entendidas e para isso faz-se necessário saber que a essência da criança busca explorar o mundo para dominálo e cumprir seu propósito de vida. Outro aspecto a ser contemplado diz respeito à liberdade; Cecília Meireles, no seu “Romanceiro da Inconfidência”, escreveu que liberdade é uma palavra que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. A liberdade de querer ser e aprender, sendo que liberdade não combina com punições; a aprendizagem que passa pelo sofrimento poderá tornarse uma fruta sem gosto, que não vale à pena ser provada; liberdade, autoconhecimento e autodisciplina, precisam ser valorizados no cotidiano,

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enquanto forças que interagem e se complementam. Muitos negligenciam a capacidade de autodisciplina da criança, tolhendo seu direito de escolha do melhor caminho em direção ao seu eu divino. Ao deixarmos fluir uma disciplina própria, orientada para o bom e para o bem, a necessidade de uma disciplina imposta de fora será cada vez menor, sendo que quando adultos ou ainda crianças não agirão de maneira destrutiva em relação ao ambiente ou a si mesmos. Assim a maternidade e a paternidade deverão estimular o conhecimento pelo qual a alma da criança está sedenta, olhando-se suas necessidades e possibilidades, num processo de comunicação que vai além das palavras, explicações e punições, indo ao nível da percepção dos sentimentos, alcançando a consciência interna, dando lugar a uma interação verdadeira entre pais e filhos, para que seja então possível uma bela jornada no oceano das infinitas possibilidades.

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Minha Estimuladamente Por: Marcléia Mendes

Assumindo o controle da minha vida!

Você já perdeu alguém que você ama, que era seu maior combustível de motivação e referência? Você já se olhou no espelho e não conseguiu se ver? Você já se perguntou por que as coisas só acontecem com você? Você já fracassou? Já foi julgada e não sabia como se defender, apenas absorvia e sofria sozinha? Então minha história pode te trazer muitos insights, fica comigo! Sou Marcléia Mendes, casada e com 41 anos de idade. Sou mãe de 3 filhos, 1 de quatro patas e tenho uma neta. Tive uma infância linda, com muito amor. Fui uma filha desejada, tive pais maravilhosos. Mãe professora, funcionária pública, determinada. Pai revistaestimuladamente.com.br

empreendedor, aventureiro. Fui uma criança/adolescente mimada, cheia de vontades, mas sem nenhuma determinação. Pude estudar em boas escolas, sempre tive bons relacionamentos. Escolhi ser professora, pois sempre gostei de compartilhar conhecimentos e poder de alguma forma ajudar outras pessoas. Sempre tive um olhar apurado em ver o lado bom das pessoas. Um dado momento da minha carreira saí da sala de aula. Fui ser voluntária na APAE e empreendi no mercado financeiro. Logo saí do Interior e vim para Salvador. Trabalhei em Empresas multinacionais na área de recursos humanos. Mas, o vazio sempre me acompanhava. Não sabia descrever o que era, mas precisava continuar. 74

Um dos maiores motivos da minha vinda para Salvador foi trazer minha mãe para ter um tratamento de saúde mais efetivo. Esse era o meu maior e único desafio, meu maior sonho em tê-la por muito tempo e sempre estarmos juntas. Mas, infelizmente, chegou o dia dela. Tivemos que nos separar de uma forma dolorosa e complicada. Eu não tinha me preparado para isso. Fazia de tudo para tê-la, mesmo com suas grandes limitações. Me vi perdida, sem ter noção nenhuma do que eu seria sem a minha Ledinha. Sofri meu segundo luto de uma forma dolorosa. Recebi conselhos para fazer terapia. Iniciei minhas sessões, mas não conseguia visualizar muitas melhorias daquela dor que me fazia a cada Ano 1 | outubro 2018


Minha Estimuladamente

dia mais sensível, órfã de pai e mãe. Segui com a terapia. Após 2 meses, recebi um e-mail de um professor, que eu admirava muito, me convidando para conhecer a formação em Coaching, isso em 2012. Não pensei duas vezes e fui me matricular. Não tinha noção do que aquela formação iria me trazer, mas confiei apenas nele e fui. Queria sair do estado onde estava. Já em nosso segundo dia de formação, começaram os questionamentos: “Você gosta de si mesmo”? “Quem é você”? Me sentia perdida em reunir todos os conceitos que eu tinha sobre mim mesma. Me vendo na roda da vida, dividida em áreas específicas de atuação. Foi um choque para mim, porque eu não tinha noção de fato quem era Marcléia e o que Marcléia queria para sua vida. E pior, não tinha noção do que iria fazer. Foi aí que fiz o processo de coaching individual. Em uma das sessões o coach me fez a seguinte pergunta: “você vive em função de você ou de alguém”? Percebi que eu sempre vivi em função das escolhas dos outros e da melhoria do outro. Sempre disponível para o outro, mesmo que isso significasse me deixar de lado. Foi então que, naquele momento, percebi que um pedaço de mim também estava sendo morto. Eu não tinha projetos e projetava uma carreira. Neste momento tive duas opções, temer improdutivamente a morte da vida ou usá-la para me ajudar a viver de maneira produtiva. No caminho encontrava defesas perante a mim. Percebia minha fragilidade naquilo que defendia. Percebi que não podia continuar me manipulando

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com desculpas, porque a cada defesa vinha a fragilidade, a falta de confiança e o medo. E foi no Coaching que tive o choque de realidade. Me empoderei e segui. A partir daí eu quem determinava meu próprio valor e tomava minhas decisões. Pratiquei o autocoaching. Estabeleci as metas específicas. Passei a me ver e perceber meus sentimentos sobre mim mesma, do ponto de vista físico, intelectual, social e emocional. Eu mesma tendo opiniões sobre minhas competências. O meu autoconhecimento me trouxe inúmeros pontos positivos e a consciência de pontos de melhoria. Minhas escolhas estão sempre em mim. A pessoa que aceito ou rejeito. Eu que tenho a decisão e permissão dessa autoavaliação. Hoje consigo conceituar o luto como um momento de reflexão e de dor. Mas, mesmo no luto, hoje, consigo ver os momentos de felicidade, alegrias e a construção dos sentimentos que ficarão vivos em minha memória. O Coaching me trouxe muitos aprendizados, um deles é que diante de decisões que envolvam escolher entre assumir ou não o controle da minha vida, me faço a seguinte pergunta: “Por quanto tempo permanecerei morta”? A partir dela, minhas decisões se tornam mais importantes diante das preocupações, do medo e das inquietações. Hoje, tenho a vida que escolhi seguir, meu caminho é traçado pelas minhas decisões e minhas escolhas. É evidente que, dada a brevidade de minha permanência aqui, convém que seja, pelo menos, agradável e feliz. Em suma, trata-se da minha vida.

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Estimuladamente indica Por: Lais Nascimento

O homem holístico Pensar a vida sob uma perspectiva holística e auto-organizada é a proposta do professor Francisco Di Biase nesta obra, cuja primeira edição foi publicada em 2000, pela Editora Vozes. O único Grand PhD da América do Sul defende que o espaço, a vida e a consciência são indivisíveis, embora possam se apresentar fragmentados. O livro é resultado de 10 anos de pesquisa do neurocientista, e apresenta o paradigma holístico como um dispositivo integrador, que articula a ciência moderna com espiritualidade, artes, mitologia e filosofia, tanto ocidental, quanto oriental.

Café com Empatia - 2a Edição Com o propósito de provocar reflexões e ações para a (re)construção da liderança, nas diversas circunstâncias onde ela é necessária, o próximo encontro terá como tema Meditação e Liderança. Quem recebe o público desta edição são os anfitriões Américko Morato, José Alves e Nilma Oliveira, que partilham suas histórias inspiradoras. Entre nesse diálogo! O evento acontece no Ravel Café, dia 06/11 em Salvador, a partir das 18h30. O evento ocorre todas as primeiras terças-feiras do mês. O próximo será no dia 04/12 e terá Marcelo Reis como um dos anfitriões. Ingressos: www.eventbrite.com.br

III Seminário Nacional de Agni Yoga Com o tema central – Unindo os Corações das Américas através da Cultura, o Instituto Roerich Brasil realiza o evento para promover o fortalecimento da cultura dos povos originários, do princípio feminino, da bandeira da paz e da ética viva nas Américas. Juntos, o Instituto Roerich e a Rede Pan-americana de Ética Viva, Paz e Cultura têm reunido representantes de organizações e pessoas ativistas da paz da Argentina, Brasil, Chile e Porto Rico. O seminário acontece de 08 a 10/11, em Salvador. Inscrições: https://roerich.org.br/site/iii-seminarionacional-de-agni-yoga/?fbclid=IwAR0Ea_FwzcOyGkXELkCED1bw6lEZOK7wYLFL6Wa6UPV-xPWKicFWcO7yQE

Yoga para crianças O projeto Yoga para Crianças, coordenado por Cleyde Colin, bate ponto no Palacete das Artes, nos domingos 25/11 e 30/12 no bairro da Graça em Salvador, sempre das 9h30 às 10h30. A iniciativa é do Recherche sur le Yoga dans l’Éducation (RYE), uma associação de pesquisa sobre a aplicação do yoga na escola. A atividade oferece uma oportunidade ao público infantil de descobrir o seu corpo e experimentar yoga brincando. A entrada é gratuita, corre e leva seu colchonete!

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Estimuladamente indica

Ocupação Ilê Aiyê - Itaú Cultural

Para quem já viu, ou não, o Ilê passar pela avenida, a 42ª Ocupação Itaú Cultural está imperdível. Uma homenagem aos 44 anos do primeiro bloco afro do Brasil. O bloco é conhecido internacionalmente e mantém sólido o que esteve por trás de tantos anos de atuação: a ação afirmativa da raça e o projeto de pesquisa e informação sobre o valor dos povos de origem africana e suas reverberações em costumes como a poesia, a música, a dança e o vestuário. A mostra está dividida em quatro eixos, e traz a história do primeiro bloco afro do Brasil, de seu surgimento até sua expansão e atuação para além do Carnaval. A entrada é gratuita. A exposição ocupa o piso térreo do Itaú Cultural e estará aberta à visitação até o dia 06/01/2019, de terça a sexta-feira, das 9h às 20h e sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h na Av. Paulista, 149, bairro de Bela Vista em São Paulo.

Ciclo de Palestras Estação do Ser A Estação do Ser realiza mais um Ciclo de Palestras com Ação Social. Para participar, basta realizar a inscrição e fazer a doação de 1kg de alimento no dia do evento. Os temas compreendem o despertar da consciência, bem estar e desenvolvimento humano. Confira a programação completa e participe: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfKOPGHy5Yl4DfMJLyEj X8xQcJtbVBYgR_NnJGvIUgNcUrQOg/viewform Instagram: @estacaodoser Telefones: (71) 3011-6162 | (71) 99160-4162

O poder além da vida Com título original de “Peaceful Warrior”, o filme é baseado no Best Seller “O Caminho do Guerreiro Pacífico”, do atleta Dan Millman. Desde seu lançamento em 2006, inspira espectadores em todo mundo com ensinamentos e reflexões sob a perspectiva de um atleta no longo caminho até os Jogos Olímpicos. Enredo ideal para quem, mesmo diante do sucesso e reconhecimento, está em busca de propósitos reais na vida, é um convite ao despertar do “guerreiro pacífico” que há em todos nós.

NEOJIBA convida Saulo O cantor Saulo Fernandes apresentará um repertório especial e cheio de sucessos tocados com os arranjos sinfônicos da NEOJIBA. O evento é filantrópico e os recursos financeiros arrecadados serão destinados à manutenção do Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (NEOJIBA) e às atividades de assistência social da Santa Casa da Bahia. O show acontece dia 09/11, às 21h30, no Cerimonial Rainha Leonor, no bairro de Nazaré em Salvador. Mais informações: (71) 2203-9668 | (71) 2203-9647

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Mensagem Por: Autor Desconhecido

Como mudar o mundo

Era uma vez, um cientista que vivia preocupado com os problemas do mundo e decidido a encontrar meios de melhorá-los. Passava dias e dias no seu laboratório à procura de respostas. Um dia, o seu filho de sete anos invadiu o seu santuário querendo ajudar o pai. Claro que o cientista não queria ser interrompido e, por isso, tentou que o filho fosse brincar em vez de ficar ali, atrapalhando-o. Mas, como o menino era persistente, o pai teve de arranjar uma maneira de entretê-lo no laboratório. Foi, então, que reparou num mapa do mundo que estava na página de uma revista. Lembrou-se de cortar o mapa em vários pedaços e depois apresentou o desafio ao filho: – Filho, você vai me ajudar a consertar o mundo! Aqui está o mundo todo partido. E você vai arrumálo para que ele fique bem outra vez! Quando você terminar, me chame, ok? O cientista estava convencido de que a criança levaria dias para resolver o quebra-cabeças que ele tinha construído. Mas surpreendentemente, poucas horas depois, o filho já chamava por ele: revistaestimuladamente.com.br

– Pai, pai, já fiz tudo. Consegui consertar o mundo! O pai não queria acreditar, achava que era impossível um miúdo daquela idade ter conseguido montar o quebra-cabeças de uma imagem que ele nunca tinha visto antes. Por isso, apenas levantou os olhos dos seus cálculos para ver o trabalho do filho que, pensava ele, não era mais do que um disparate digno de uma criança daquela idade. Porém, quando viu o mapa completamente montado, sem nenhum erro, perguntou ao filho como é que ele tinha conseguido sem nunca ter visto um mapa do mundo anteriormente. – Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que, do outro lado da página, havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para eu consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem; virei os pedaços de papel ao contrário e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que tinha consertado o mundo. 78

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