Revista Entreletras n. 7

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Revista realizada por alunos e ex-alunos do CCBP Ano III. N° 7 Abril de 2017

O que é que a

Bahia tem Turismo, música, literatura, tradições e muito mais!

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Editorial

Quer conhecer um pouquinho mais da influência africana no Brasil? A Bahia é o berço dela! O sétimo número da revista Entreletras está cheio de axé para você, querido leitor. Aqui você encontrará informações turísticas, culturais e muito mais, sempre misturadas em um bom azeite de dendê! Claro que não é só isso, pois aqui você conhecerá também um pouco da influência africana no Peru. Boa leitura!

Solange López e Luiza Castro Editoras da revista e professoras do Centro Cultural Brasil-Peru

Equipe de redação desta edição: Anaïs Lalouette David Pinday Gabriela Pacheco Helen Valero Karen Pinedo Karla Pulgar Melina Morey Luiza Castro Paola Tito Sandra Barrios Stephany Del Portal Desenho e diagramação: Helen Valero Rozenilda Falcão Diretora do Centro Cultural Brasil-Peru Jaqueline Soares Coordenadora pedagógica do Centro Cultural Brasil-Peru

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Entreletras é uma revista produzida por alunos e ex-alunos do Centro Cultural Brasil-Peru e coordenada pelas professoras Luiza Castro e Solange López. Envie sugestões e comentários para revistaentreletrasccbp@gmail.com Acesse os demais números da revista em www.issuu.com/ revistaentreletras


Índice Gente Brasileira

Jorge Amado Caetano Veloso Mãe Menininha

por Anaïs Lalouete por Melina Morey por Karla Pulgar

Vale a pena curtir

Sangue negro

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por Helen Valero

De carona pelo Brasil Descobrindo a magia que esconde a Bahia

por Paola Tito

Tá na capa

O que é que a Bahia tem

por Gabriela Pacheco

Cultura e arte

O Carnaval de Salvador por Airam Vivanco A Bahia e sua comida por Stephany Del Portal

Bate-papo com...

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Mestre Almeri Machado por Sandra Barrios por Karen Pinedo Miguel Ángel Ayaucán por Gabriela Pacheco Klaus Novais

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O que rola no CCBP

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Tempo de leitura

por Luiza Castro

A literatura de Jorge Amado

Bravo!

por Luiza Castro

Oficina Orixás O que é que a Bahia tem?

por David Pinday

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Gente Brasileira

Jorge Amado

Por Anaïs Lalouete

A

utor e escritor brasileiro da escola modernista, Jorge Amado de Farias nasceu em 10 de agosto de 1912 numa plantação de cacau em Itabuna (Sul da Bahia) e morreu em 6 de agosto de 2001 em Salvador, Bahia, pouco antes de fazer 89 anos. Suas obras foram traduzidas em 80 países, 49 idiomas, bem como em braile e em fitas gravadas para cegos, e seus escritos adaptados ao teatro, ao cinema, à televisão e inclusive em desfiles de samba no carnaval. Dentro das suas principais criações podemos citar: Dona Flor e Seus Dois Maridos que foi adaptada para cinema e popularizou o seu trabalho, Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela, Tereza Batista Cansada de Guerra entre outras. Além disso, em 1944, a sua obra foi reconhecida com o Prêmio Camões, um dos maiores reconhecimentos que foi instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988 e que é atribuído aos autores que contribuíram para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa. Também, foi membro do Comitê de honra da Casa internacional dos poetas e escritores em Saint-Malo (na França), e existe hoje, na Bahia, uma instituição cultural com seu nome: a Fundação Casa de Jorge Amado. Jorge Amado fez parte de um projeto político, literário, cultural e sociológico. A través da sua obra, tem a intencionalidade de resolver os problemas sociais pela reconciliação de classes, de forma pitoresca, pela festa e pela dança. Sua obra que se desenvolve a maior parte do tempo nos baixios das comunidades negras do estado de Bahia onde quase sempre viveu. Descreve de forma minuciosa os costumes e o pintoresco do povo da Bahia, os problemas sociais dessa sociedade e evoca a vida dos mestiços (afrobrasileiros) das classes desfavorecidas que são em seus olhos, fonte duma grande riqueza. Ele via a mistura racial como um tesouro nacional para valorizar e preservar, e estava convencido que a miscigenação em todos os níveis distinguia a Bahia e o Brasil do resto do mundo. O entendimento dos mitos afro-brasileiros são fundamentais nos livros de Jorge Amado. Seu maior legado para as novas gerações foi o elo forte com a cultura popular, introduzindo assuntos que até então tinham sido ignorados, como miscigenação, preconceito, liberdade religiosa, ecologia, direitos humanos, assegurando a atemporalidade de sua obra. Jorge Amado, um dos autores brasileiros mais lidos no estrangeiro em sua época, é considerado escritor emblemático da Bahia e embaixador da cultura brasileira e baiana. A través da sua obra, participou na construção do que é ser baiano e exportou essa cultura, sua cultura, fora do país.

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Gente brasileira


Gente Brasileira

Caetano Veloso

E

Por Melina Morey

meio século de reconhecida música

screvo estas linhas com um maravilhoso fundo musical que me transporta para um lugar bonito, um lugar muito caloroso no Brasil, Bahia. Uma voz bonita e uma grande melodia me acompanham hoje. Estou falando de Caetano Veloso, nome artístico; seu verdadeiro nome é Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, um dos artistas mais queridos e respeitados deste país. Ele representa o melhor da música brasileira. Caetano Veloso nasceu em 1942, numa família que amava a música. Aprendeu a tocar piano apenas aos nove anos e quando era jovem, sua família mudouse a Salvador, onde passou sua juventude e estudou Artes. Aos 18 anos aprendeu a tocar violão e começou a se apresentar em bares. Seu primeiro álbum titulado “Caetano Veloso” teve muito sucesso no Brasil no ano 1968, recebendo prêmios internacionais. No ano seguinte, ele gravou um disco com seu amigo Gilberto Gil, titulado “Barra 69”. Por razões políticas ele foi exilado em Londres e regressou

ao Brasil em 1972, com muita influência das fontes do rock que estava na moda por aqueles anos na Europa. Seguiu produzindo discos, alguns sozinho e outros com a colaboração de amigos como Chico Buarque, Gal Costa e sua irmã, Maria Bethânia. É também ganhador de cinco prêmios Grammy e do Grammy Latino em 2012 no qual foi premiado como a pessoa do ano. Caetano também é cineasta, poeta e ativista. Sua produção discográfica começou em 1967, a mais recente é do ano 2014. No dia 7 de abril de 2016 tive a oportunidade de ir a um show

de Caetano e Gil aqui em Lima. É difícil descrever aquele momento, assistindo ao show “Dois amigos, um século de música”, ouvindo um excelente repertório e vibrando com a nossa música peruana, em que Caetano interpretou nossa valsa mais representativa, “La Flor de la Canela” de nossa grande Chabuca Granda. Um cenário, uma violão e uma voz que transmitem todo o sentimento em belas melodias que ficaram gravadas no meu coração. Uma noite especial e fabulosa em que Caetano Veloso brilhou com luz própria e nos transportou com sua voz e suas canções ao país do amor e da ilusão.

Gente Brasileira

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Gente Brasileira

Mãe menininha Por Karla Pulgar

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oi símbolo de luta para a aceitação do Candomblé (religião herdada pelos ancestrais africanos) e uma das importantes personalidades para o estado da Bahia. Recebeu seu apelido por sua avó quando era uma criança e desde muito jovem foi iniciada nos rituais religiosos do Candomblé. Maria Escolástica da Conceição de Nazaré foi descendente de escravos africanos e nasceu em São Salvador no dia 10 de fevereiro de 1894, foi a quarta iyalorixa (mãe de santo) do terreiro de ilê Iyá Omi Axé Iyamasse fundado em 1845 por sua avó Maria Júlia da Conceição Nazaré. Quando era muito jovem, foi iniciada no culto dos orixás

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Gente brasileira

por sua tia avó mãe Bulchéria, ela morre de maneira repentina e o processo de sucessão foi acelerado , já que o Gantois não poderia ficar sem um dirigente, então à idade de 28 anos , os orixás através de jogos de búzios escolheriam a Mãe Menininha para assumir a liderança do Candomblé Naquele tempo, o Candomblé não era bem visto pela sociedade. Os fiéis tinham que pedir autorização para que pudessem festejar suas festas, inclusive os polícias podiam interromper as festas, devido a que não havia liberdade de culto nessa época, além disso os filhos e as mães de Santos sofriam de perseguições e violência, mas a história mudaria quando no ano

1976 , o terreiro do Gantois se tornou um dos mais procurados e respeitados do estado da Bahia. Com o passar do tempo, Mãe Menininha foi formando mais filhos de santo e sua popularidade não parou de crescer. Ela ensinava sobre o Candomblé de uma maneira muito doce, carismática e sempre se mostrou disponível para explicar o Candomblé a quem se interesasse. Ela infelizmente, morre em 1986, mas na atualidade ainda segue recebendo títulos e homenagens dos fiéis, até alguns dos compositores mais famosos compõem canções inspirados nela como Gale, Caetano e Bethânia que compõem a famosa oração da Mãe Menininha.


Vale a pena curtir

Sangue negro

Por Helen Valero

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frica está viva. Vive na feijoada do Brasil, na “Carapulcra” do Peru, fica ali pertinho do coração do samba e no ritmo do caixote de madeira. Percorrer as ruas de Chincha, Yapatera ou as principais cidades do Recôncavo baiano levam nossas vidas até a história da África.

Peru

“Aquele que não tem de ‘inga’, tem de ‘mandinga’” reza a canção popular do Zambo “Cavero”, um dos maiores compositores de música com influência dos africanos no Peru. A história das nossas raízes foi a inspiração para essa composição. Somos herdeiros duma cultura que transcende as gerações e que foi misturandose nas danças, na culinária e sobretudo no nosso estilo de vida. No Peru existem aproximadamente 2 milhões de pessoas afroperuanas que moram na costa sul de Chincha, Cañete, Lima, Nasca, Callao, Ica e algumas províncias de Piura como Morropón onde fica Yapatera, o povo com maior quantidade de pessoas com sangue negro. Viajemos duas horas da capital limenha, e vamos ao encontro da cidade mais rica em costumes africanos. Chincha tem o festival conhecido Verão Negro, onde o som do caixote de madeira faz os

quadris dançar ao ritmo negro. Além disso, é preciso não sair desse lugar sem provar as famosas “carapulcras”, “manchapechos” e os “tacu tacu com feijão” que são as maiores tradições do Peru com sabor africano. Um pouco mais distante daqui, vamos ao Norte, conhecer Yapatera. Deste povo com mais de 10 mil camponeses descendentes de escravos africanos, vemos os

melhores músicos de “checo”, instrumento feito com uma cabaça seca. Com espírito agricultor de grandes “decimistas” e recitadores de cumanana (uma espécie de décima em replana canta em rima) e com uns morangos maravilhosos, Yapatera é uma das cidades com mais pessoas de origem angolano e moçambicano. Vale a pena curtir

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Vale a pena curtir

BRASIL

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Moleque, quiabo, fubá e angu; são as palavras com influência africana que os brasileiros mais falam. E o fato de as escravas africanas terem sido responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e casas-grandes do campo e da cidade fez possível que alguns pratos como vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, caruru, quiabo e chuchu sejam agora os mais gostosos do Brasil. Temperos como pimentas, leite de coco e azeite de dendê foram levados desde Africa ao Brasil e ficaram para sempre nas comidas. No entanto, essa não foi a única influência neste país da América do Sul. Um percorrido pelo Recôncavo baiano que inclui a Região Metropolitana de Salvador Vale a pena curtir

e outras cidades circundantes à Baía de Todos os Santos mostra algumas das expressões culturais mais famosas do Brasil. O samba, afoxé, maracatu, congada, lundu e a capoeira compõem a música deste país com influência africana. Instrumentos como o tambor, atabaque, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau também são heranças africanas que agora fazem dançar a turistas e brasileiros. Mas você não pode sair do Recôncavo baiano sem escutar e dançar o Samba de Roda, uma mistura de música, dança, poesia e festa, presente em todo o estado da Bahia. O ritmo se espalhou por diferentes pontos do país, e sobretudo em Pernambuco e Rio de Janeiro. Considerado um movimento

com valor social no qual os negros enfrentaram a perseguição policial e a rejeição social. Uma das características é que os participantes se reúnem em um círculo chamado roda. Geralmente, apenas as mulheres dançam. Elas vão se colocando no centro do círculo formado pelos outros dançarinos, que cantam e batem palmas ao seu redor. A dança congrega pessoas em festas católicas populares e os cultos afro-brasileiros. Você precisa conhecer por conta própria as maiores expressões e tradições brasileiras onde está viva a África. Não perca a oportunidade de viajar ao Brasil e ao Peru para dançar ao ritmo africano num ritmo popular misturado com a cultura própria do cada país.


De carona pelo Brasil

Descobrindo

Por Paola Tito

a magia que esconde a

Bahia

Chapada e suas maravilhas Um dos lugares que tinha muita vontade de conhecer quando fui à Bahia, era a Chapada Diamantina e que melhor que ir durante a festa junina. Era uma tarde de junho, sentia-se o cheiro da fumaça das fogueiras, tipo de agradecimento pela fertilização da terra e fartas colheitas, que atraia as pessoas para se esquentarem e reunirem ao redor nessa tarde fria. O ambiente de festa era ótimo, as quadrilhas desfilavam e as ruas coloridas nos chamavam para dançar ao ritmo do forró sob a luz das estrelas. Nesse dia pela manhã, eu e outros voluntários, aproveitamos para conhecer a Cachoeira do Mosquito, chamada assim desde a época do garimpo pelos pequenos diamantes que haviam no lugar. Saímos às 09h, depois de um bom café da manhã composto por cuscuz com ovos e queijo acompanhado de café (só de lembrar, deu água na boca!). A trilha não é complicada, e se for cantando durante a caminhada como nós, é muito mais rápida (kkkkkk)! A cachoeira é impressionante, e passar o dia aí relaxa até a pessoa mais estressada. Tem uma queda d’água de 50 metros de altura e se quiser, pode tomar um banho refrescante. Alguns ousados pulavam, enquanto eu tirava fotos com minha antiga câmera já que meu celular tinha estragado nas praias de Salvador. No dia seguinte conheci o Poço Encantado e o Poço Azul. No primeiro, se faz um pouco de caminhada até chegar ao poço onde a única luz é a da lanterna do capacete. A água é tão cristalina que com o raio do sol torna-se um espelho projetando o teto da gruta formada pelo que foi um rio subterrâneo. É realmente mágico estar aí, vale dizer que os meses e as horas são importantes para poder apreciar esse espetáculo. A melhor época para visitar é de abril a setembro, desde as 09:30 até as 14h. Na época de junho e julho, entre as 10h e 12h, o raio do sol é mais intenso. Você nem vai conseguir saber onde termina a rocha e começa a água. No caso do Poço Azul , fiquei sem palavras. Neste lugar pode se fazer mergulho com snorkel e colete; mas só podemos ficar 20 minutos na água. Ver o fundo do poço é apavorante, minha pele fica arrepiada cada vez que lembro. Esses e muitos outros lugares mágicos possui a Chapada Diamantina, de onde faz alguns anos saíram toneladas de ouro e diamante para todo o mundo, gerando uma riqueza como nunca mais se viu. Infelizmente, o tesouro que resta na Chapada é seu incomparável patrimônio natural.

De carona pelo Brasil

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De carona pelo Brasil Vida noturna em Porto Seguro Localizado no Sul da Bahia, Porto Seguro é outro dos lugares para ter-se em conta. Foi aqui onde começou a história do Brasil em abril de 1500, quando as grandes navegações da Espanha e Portugal faziam explorações em busca de novas terras. Para os amantes da vida noturna, no centro da cidade encontra-se a Passarela do Descobrimento, mais conhecida como Passarela do Álcool, é o ponto de encontro para o início do passeio noturno! Parte da passarela é um colorido casario colonial do século XVII, que tem uma vista do cais onde se encontram as águas verdes do Atlântico e o Rio Buranhém que junto aos pescadores do lugar, compõem um quadro de cores vibrantes que seduz a viajantes e moradores.

Diversão familiar em Arraial A 5 quilômetros de Porto Seguro, encontra-se Arraial D’Ajuda, primeiro Santuário Mariano do Brasil onde cada 15 de agosto é comemorado a grande Festa da Nossa Senhora D’Ajuda que atrai inúmeros peregrinos. Uma das atrações que oferece o máximo de conforto é o Eco Parque Arraial D’Ajuda, mistura de um parque aquático e ecológico, perfeito para passar um dia com a família pelos jogos, piscinas e esportes radicais que podem se praticar. Se você for das pessoas que gostam das novas experiências, a Ilha dos Aquários não pode faltar no seu roteiro. Localizada entre Arraial e Porto Seguro, a ilha permite ao visitante ver de perto tubarões, peixes e arraias nos aquários ou curtir os shows ao vivo e restaurantes. Para as crianças, tem teatro infantil e para os interessados pela natureza, palestras sobre a biodiversidade marinha, assim como atividades ecológicas. A diversão e cultura estão garantidas! Trancoso, o paraíso escondido Fundada em 1586, Trancoso nasceu como uma aldeia jesuíta denominada São João Batista dos Índios e, devido a que ainda não é tão conhecida, é uma boa opção para quem está em busca de tranquilidade. Localizada a 30 quilômetros de Porto Seguro, um dos principais pontos turísticos de Trancoso é o Centro Histórico chamado Quadrado, o qual atrai turistas pelas casas coloniais e as grandes árvores que tem. Se for a Trancoso, não pode deixar de visitar a Praia do Espelho, uma praia exótica cheia de charme e sofisticação, que ganhou seu nome graças às águas turquesas que simulam um espelho. Se você gosta de mergulhar ou ainda não teve a chance, esta é sua oportunidade! A Praia do Espelho possui recifes de corais nas suas belíssimas piscinas naturais cercadas por areia branca, falésias e coqueirais. Vale dizer que é considerada uma das praias mais bonitas do Brasil.

Então, arrume suas malas e pegue o avião com destino à Bahia! Comece a criar momentos inesquecíveis e deixe-se cativar pelas maravilhosas paisagens, magia e encantos desta terra!

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De carona pelo Brasil


Tá na capa

O que é que a Bahia tem?

Por Gabriela Pacheco

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uando se fala da Bahia uma das primeiras imagens que vem a nossa mente são as tradicionais fitas do Senhor do Bonfim, ou as lindas baianas vestidas com roupas brancas, mas sabia que essa cidade cheia de tradição foi a primeira capital do Brasil? O navegador português Pedro Álvarez Cabral comandava uma esquadra com destino à Índia. Um desvio de sua rota obrigou a procurar as terras próximas para se orientar e foi assim como chegou a Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. Foi assim como começou a história do país, e a Bahia, com a chegada dos portugueses e a primeira celebração da missa

pelo frey Henrique Soares Coimbra, quem no dia seguinte de comemorar a missa, cortou a primeira madeira com que fez uma cruz para celebrar os seguintes eventos religiosos. São Salvador da Bahia de Todos os Santos foi o nome da sua fundação no ano 1736. Esta terra é uma mistura de alegria, magia, tradição, religião e cultura já que Salvador é uma das cidades com maior presença de negros do Brasil. Diz- se que mais de 80 % da população é afrodescendente. A escravidão durou quase quatrocentos anos em que não só foi a base da economia, senão também constitui a formação cultural de

uma nação e por tanto presente em diferentes aspetos. Na gastronomia, alguns pratos como o vatapá, a pamonha, o caruru, o leite de coco, o azeite de dendê e o mais conhecido: acarajé, um prato feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frita em azeite dendê que, geralmente, é vendido pelas baianas nas principais ruas da cidade. No aspecto religioso, a influência está presente já que naquela época os escravos tentaram manter suas tradições e se adaptar ao catolicismo europeu. Uma mistura conhecida como sincretismo religioso, como por exemplo: o Tá na capa

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Tá na capa

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candomblé, a umbanda, entre outros. Além disso, parte das crenças dos escravos referiam-se as forças da natureza, como a deusa das águas que foi representada no Brasil por Nossa Senhora. Outro exemplo é Xangô, o senhor dos raios e tempestades, foi representado por São Jerônimo. Tal vez vocês já escutaram falar sobre a Capoeira e o Samba, são estas as danças que tiveram maior influência. A capoeira é uma combinação de artes marciais africanas e brasileiras, que é acompanhada dos instrumentos musicais, daquela época, como são: berimbau, atabaque ou tambor, entre outros. No caso do Samba foi inventado pelos descendentes africanos, quem fizeram deste ritmo e dança a mais representativa do Brasil. As características arquitetônicas fazem dessa cidade um livro aberto para quem quiser conhecer mais do legado, como por exemplo o famoso Pelourinho. Localiza-se no centro histórico de Salvador, entre as ruas que vão ao Terreiro de Jesus, conjunto de construções de estilo colonial barroco português, prédios que pela infraestrutura daquela época, foram declarados como Patrimônio da humanidade pela UNESCO no ano 1985. O nome Pelourinho ou pelô, como é chamado popularmente, se refere a uma coluna de pedra, localizada no centro de uma praça, onde os escravos eram castigados diante de todos. Na atualidade não é mais que, parte do bairro colorido com muitas atividades culturais, um shopping ao ar livre, um labirinto de bares, museus, teatros e igrejas. O Pelurinho foi o palco da gravação do videoclipe de Michael Jackson com o tema They Don’t Care About Us. Outro lugar que não devem deixar de conhecer é a igreja do Senhor do Bonfim. O maior lugar da fé católica na cidade está localizado na Sagrada Colina, na península de Itapagipe. Lá se encontram as imagens do Senhor do Bonfim e a Nossa Senhora da Guia que foram levadas de Portugal nos anos 1745 pelo capitão de mar Theodózio Rodrigues de Faria, quem assustado por uma forte tempestade prometeu levar sua devoção até o Brasil se sobrevivesse a essa tormenta. Desde aquela época a religiosidade pelos santos começou e continua até a atualidade. E o que é que a Baiana tem? Segundo a música composta por Dorival Caymmi e gravada pela recordada Carmen Miranda. A baiana “tem torso de seda, tem. Tem brinco de ouro, ” mas também tem o sorriso eterno. É pela natureza Tá na capa

das pessoas hospitaleiras que se esforçam por deixar o outro sempre à vontade. Sua religiosidade está em seu DNA, que faz que levem coisas para benzer na Igreja do Bonfim. Pela crença muitos baianos gostam de usar roupas brancas nas sextas feiras como um gesto de agradecimento por todas as bênçãos recebidas. Os baianos gostam muito do carnaval e da festa de São João, mas essa história de que eles ficam o dia todo na rede é mentira. Pessoas muito trabalhadoras que além de cumprir suas responsabilidades gostam de se divertir e aproveitar muito a terra em que eles nasceram. Como parte da personalidade deste povo, e querendo deixar os turistas à vontade acharam que era bom criar um dicionário de Baianês. Muito


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massa! Quer dizer, que legal! Por tanto segue algumas palavras para seu conhecimento: • • • • • • • • • • • •

Ópaí-o = olha só Na prega= sem fazer nada Me bata um abacate= Peraí, qual é, essa não! Madorna= sesta Mentira= culhuda Caminhada longa= palhetada Futebol= baba Abrir o gás= ir embora Trocar dois dedos de prosa= levar um papo Tiquinho= pouco Ta reboré piripiri= pode crer! Na tampa= de imediato

• N ão querer conta = não querer saber de nada • Não tem nem para onde = de jeito nenhum • Home Quá, sinhô, me deixe= me deixa em paz E como diz o baiano Gilberto Gil na música, Toda menina baiana, “pro bem, pro mal primeira mão na Bahia, primeira missa, primeiro índio abatido que Deus deu”. Fatos que aconteceram no passado e hoje são só parte da história de uma cidade sensacional que deve estar na listagem dos destinos que deve conhecer. Por tanto se o leitor está procurando um lugar para suas próximas férias, nossa recomendação é a Bahia. Um estado com história, praias, tradições e muito mais. Tá na capa 13


Cultura e arte

O Carnaval de

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Salvador

uando pensamos no Brasil, muitas vezes, vem a nossa mente o Rio de Janeiro e seu majestoso carnaval. Porém, o Brasil é muito grande para ter só o carnaval do Rio. Muitas outras cidades comemoram o carnaval e uma das mais famosas é Salvador cidade histórica e primeira capital do Brasil. Para entrar no assunto, tenho certeza que poucos sabem como é a história do carnaval de Salvador. Talvez seja muito difícil desfazer a ideia de um carnaval com muitos carros alegóricos, penas e brilhos, mas vamos tentar. Uma das coisas mais características desse carnaval é a presença de trios elétricos. O que que é que isso? Como surgiu? Sua história começou em 1950 quando Dodô e Osmar criaram a fóbica, um calhambeque aberto adaptado para apresentações musicais que saía pelas ruas com um motorista. Hoje os trios elétricos, evolução da fóbica, possuem luzes e som e já não são tão pequenos. Na verdade, eles são enormes! São construídos a partir de caminhões e os músicos dançam e cantam em cima dele. Exemplos de cantores e grupos baianos que saem às ruas com seus trios são: Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leite,

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Cultura e arte

Por Airam Vivanco

Margareth Menezes, Chiclete com Banana, Asa de Águia, entre outros. Outro ponto importante do carnaval de Salvador são os blocos, por exemplo, Olodum, Timbalada, Filhos de Gandhy e Ile Aiyê são alguns dos mais conhecidos. Qualquer pessoa pode participar, seja brasileiro ou estrangeiro. Há algumas formas de curtir o carnaval de lá, como por exemplo, comprar um abadá, que é o vestuário característico dos blocos e aproveitar a festa desde dentro da corda de segurança que separa esse grupo das demais pessoas, há o camarote, uma zona elevada tipo um “barzinho”, onde tem bebida, comida, DJ’s, etc. E para aqueles que caem de paraquedas na festa ou não quer gastar muito dinheiro,

existe a opção da pipoca, um nome engraçado para designar o público em geral que pula todo o tempo atrás do trio elétrico. É muito cansativo, mas dá para acompanhar o trio elétrico nas muitas horas de diversão. A festa em Salvador dura em média uma semana, começa sempre uma quarta-feira e termina na seguinte semana, na famosa quarta-feira de cinzas. E depois temos as “ressacas”, que são festas que continuam após o término do carnaval. Bom, agora que já conhecemos um pouco mais sobre essa festa linda de Salvador, não podemos perder a oportunidade de conhecê-la! Particularmente, morro de vontade de conhecer Salvador e melhor ainda se for durante o carnaval!


Cultura e arte

A Bahia e sua

A

Por Stephany Del Portal

COMIDA

comida sempre forma parte importante de qualquer região e cultura, e na Bahia não é exceção. A culinária deste lugar é o resultado da mistura entre a cultura da cozinha dos colonos portugueses e das etnias africanas levadas para o Brasil durante a escravidão. Os escravos, originais de países como Angola, Moçambique, Costa do Marfim, Nigéria, Libéria e Congo levaram com eles seus temperos exóticos, que dão esse sabor peculiar e único à comida baiana de hoje. Também, os indígenas autóctones da região aportaram com seus conhecimentos à cozinha. Um dos ingredientes principais e que não pode faltar nestas guarnições é o azeite de dendê, isto é parte do legado africano; já que eles não tinham azeite de oliva para fazer as suas receitas, extraíram azeite do fruto da palmeira. Mesmo assim, os colonos introduziram os cocos ao país e plantaram estas árvores nas costas brasileiras como substituição da madeira prima, já utilizada. O resultado desta união de tradições culinárias e uma comida cheia de cores, aromas e sabores únicos. Alguns destes pratos são: *Moqueca Este é um prato tradicional de Salvador, ainda que uma variação dele também pode ser encontrada em Espirito Santo. Feito com frutos do mar, pimentão, tomate, coentro, pimenta, peixe, leite de coco e azeite de dendê, este guisado é preparado lentamente numa panela de barro. *Acarajé Uma receita típica e um dos pratos mais tradicionais, pode ser encontrado em todas as esquinas cozinhado pelas baianas. Elas defendem o fato e tradição de prepará-lo frente ao público e somente por elas, não nos restaurantes. Tem origem africana e, no Brasil, sempre esteve emparentado com as tradições do Candomblé. Este prato consiste numa fritura de feijões, com recheio com camarão seco, cebola, pimenta e alho. *Vatapá Igual que o acarajé, este prato chegou junto com os africanos. Pode ser encontrado tanto nas esquinas das baianas como nos restaurantes da Bahia e de todo o Brasil. Parecido a um guisado de frutos de mar com molho de coco, usa pão molhado ou farinha, gengibre, pimenta, leite de coco, cebola e azeite de dendê. Depois, pode-se escolher entre as suas diferentes versões, em que pode incluir camarão, peixes como corvina, pargo, atum ou bacalhau, inclusive até o frango. Esta receita, fácil de cozinhar, é acompanhada geralmente pelo acarajé. Alguns outros pratos preferidos pelos baianos são: sarapatel, mocotó, maniçoba, feijoada, farofa, bobó de camarão, peixe frito e xinxim de galinha, entre outros. Então, Bahia é uma cidade que pode cativar seus visitantes com os sabores oferecidos nas ruas e restaurantes. E você, já decidiu que prato vai degustar? Cultura e arte

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Bate-papo com... Por Sandra Barrios

Mestre

Almeri Machado

A

capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. Foi criada pelos escravos que vieram da África no século XVI. A capoeira chegou ao Peru, graças ao trabalho, grande esforço e pelo amor por esta arte de Almeri Machado, o único mestre neste país. Ele é Baiano. Leva quase uma vida dedicada à capoeira. Foi o pioneiro em trazê-la ao Peru e fez um ótimo trabalho na difusão desta arte neste país. Um trabalho que não foi fácil e esperamos que seja reconhecido. Tive o enorme prazer de falar com ele e aprender um pouco de sua grande paixão. Aqui está um pouco de nossa conversa: O que é a capoeira para você? A capoeira é uma filosofia de vida, um esporte, arte marcial, é ritmo, é alegria, é dinâmica. Não consigo encontrar uma única palavra para definila. É apenas uma questão de sentimento.

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Como chegou à Capoeira? Pelo som do berimbau. Eu tinha entre 15 e 16 anos quando escutei pela primeira vez em uma rádio uma publicidade de um mestre que faria aulas de capoeira na cidade e fiquei fascinado pelo som. Eu fiz meu primeiro berimbau e não tinha un bom Bate-papo com...

som e fiz outro com uma lata de leite. Foi um tio que me deu muitas cabaças e pude fazer um verdadeiro berimbau. Eu aprendi a tocar sozinho, só escutando o som. Não pude praticar capoeira porque meu pai tinha uma ideia errada já que entre os anos 30 e 40 a capoeira foi marginalizada e não tinha bons antecedentes. Foram dois anos depois que dois amigos meus faziam capoeira e comecei a fazer capoeira com eles, praticando nas praias, nos parques. Quantos anos você tinha?

18 anos Quantos anos tinha quando começou a ensinar? 20 anos, aprendi ensinando. Eu fiquei a cargo do grupo quando meu amigo viajou para aprender mais da capoeira, eu era o maior, não havia outro. Eu sempre fui o mais técnico. Como chegou ao Peru? Por um aluno que praticava a capoeira no Chile com um grupo. O pai dele trabalhava no Peru e ele veio para estudar na universidade Agraria e tinha amigos na mesma faculdade


Bate-papo com... capoeira? Identificar-se com a arte. Precisa gostar. É preciso alguma condição física? Não, a condição física se consegue com o tempo, com a prática. Alguns movimentos são difíceis, mas a palavra “não posso” não existe no vocabulário do capoeirista. Tem que encontrar o ponto de equilíbrio. Existe uma idade ideal para começar? Não há uma idade, é quando você se encontra com o esporte. A capoeira vai se desenvolvendo no corpo da pessoa.

com interesse na capoeira. Ele ofereceu apoio para que eu pudesse ensinar aqui no Peru. Eu cheguei a Lima em 12 de maio do ano 1999. Foi fácil começar? Não foi fácil, quando eu cheguei só haviam 10 pessoas que conheciam o que era a capoeira e tinha que fazer um trabalho de difusão para que as pessoas conhecessem e não foi fácil. Eu visitei rádios, jornais, canais de televisão pedindo uma entrevista e ninguém estava interessado. A primeira entrevista para a televisão foi através de um aluno em um evento de um artista plástico, ele falou sobre meu trabalho com a jornalista que cobria o evento e ela sentiu interesse em fazer uma reportagem. Foi no ano 2000. Logo, minha primeira

entrevista para a imprensa escrita foi nesse mesmo ano em setembro, para a revista Somos. Foi através de um amigo que estava em Cuzco, ele falou com um jornalista que cobria a festa do Inti Raymi e procurava saber sobre a capoeira, quando ele chegou a Lima me procurou e fez a entrevista. Como foi a primeira aula de capoeira? A primeira aula foi na universidade Agraria, com 10 alunos, foi por 3 meses. Depois comecei a buscar outros espaços, dei aulas em academias, na Federação de Tae Kong Do, em uns centros psicológicos. Agora tenho um grupo de 40 alunos e continuo dando aula aos alunos da universidade Agraria. O que é preciso para fazer

Como foi o processo até ser Mestre? Quando eu cheguei ao Peru era instrutor (corda amarela azul), depois em outubro do ano 2000 voltei ao Brasil para a graduação de professor (cor azul), no ano 2007 fui contramestre (cor verdeamarelo-azul), no ano 2013 fui mestrando e no ano 2015 Mestre. As avaliações são teórico (cultural), prático. Além disso, o aluno tem que cantar e tocar o berimbau ao mesmo tempo. Eu recomendo ao aluno que receba um curso de português para que conheça o que ele canta. A música é uma parte fundamental na capoeira. Quantos anos são até chegar a ser Mestre? Não tem tempo, ser mestre é dedicação e coração. A capoeira é um sentimento. Muitas coisas ficam por escrever, a capoeira são tantas coisas que é impossível fazê-lo em umas poucas linhas.

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Bate-papo com... Por Karen Pinedo

Miguel Ángel Ayaucán

Professor de danças afro-peruanas no Museu de Arte de Lima

Miguel Ayaucán nasceu na província de São Luis de Cañete, ao sul de Lima, um dos lugares mais importantes que representam a cultura afro-peruana. Suas raízes culturais fizeram que ele gostasse da música afro desde criança. Com o passar do tempo, ele começou a dançar, e fez parte do Conjunto Nacional do Folklore, da conhecida Victoria Santa Cruz. Também pertenceu à Associação Cultural Peru Negro, e à agrupação de Teresa Palomino “União Santa Cruz”. Vamos conhecer um pouco mais sobre a vida e experiências dele como professor de dança afro-peruana.

H

á quanto tempo o senhor ensina este tipo de dança e qual é a experiência professional que tem? Sou professor de dança afroperuana há 34 anos. Ensinei em muitos lugares, principalmente nos centros culturais das universidades. Algumas delas são: Universidade Peruana Cayetano Heredia, Universidade Católica do Peru, Universidade São Marcos. Também em algumas escolas e institutos. Atualmente trabalho como docente na Universidade

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Bate-papo com...

Federico Villarreal e no Museu de Arte de Lima (MALI). Trabalho no MALI há 25 anos, e ensino danças afro para adultos e crianças a partir de 4 anos de idade. O que o senhor mais gosta de ser um docente de danças? Gosto de difundir a música e dança afro, sou rabugento mas gosto de que as pessoas aprendam. Quero transmitir o que eu sinto ao dançar para meus alunos. É bonito que eles ao final das aulas, vão embora contentes.

Quando ensino, eu me entrego, a dança tem que ser sentida. Isso é o que eu sempre digo para os alunos. Como é a organização das aulas? Ao início, ensino aos alunos os passos que vou fazer, primeiro sem música e logo com o cajón. Depois, ponho algumas canções dos diferentes intérpretes da música afro. Eu costumo primeiro dançar só, para que logo os alunos possam me seguir, e finalmente eles dançam também


Bate-papo com... sozinhos. Principalmente, a quantidade de alunos começa a aumentar desde os meses de Setembro e Outubro. Os meses com mais alunos são Janeiro e Fevereiro; porque a maioria deles estão de férias. O MALI realiza apresentações de encerramento das aulas, onde participam todos os alunos das diferentes oficinas oferecidas. Como começou a paixão pela dança afroperuana? Isso foi por acaso. Eu comecei como músico, mas quando cheguei ao Conjunto de Victoria Santa Cruz, eles me disseram: “Você tem que dançar”. Eles não precisavam de músicos, eles queriam dançarinos. Então, como eu já tocava em uma agrupação em Cañete, fazia alguns passos de festejo, zamacueca e landó. Fui aceito, e tempo depois, tive a oportunidade de começar a ensinar dança. Agora somente me dedico a dançar, este é meu trabalho. A família do senhor também está relacionada com a dança ou música afro? Sim, minha família de São Luís de Cañete sim. Todos eles curtem a música afro, desde pequenos. Inclusive, recentemente minha família participou do desfile pelo carnaval negro de Cañete, em que fizeram uma apresentação de danças afro. De que modo o senhor considera que a cultura africana influiu na arte do Peru? Tudo começou com a chegada dos escravos africanos que vieram ao Peru, foram eles que trouxeram os primeiros tambores, os primeiros ritmos afro. Muitos deles ficaram aqui em algumas zonas como Chincha, que foi o lugar onde mais africanos se estabeleceram; e a influência é observada nas danças e música. Em relação à arte, o Peru recebeu influência no teatro, também. Quais são as características das danças afroperuanas? São caracterizadas por ser alegres, as pessoas adquirem um domínio do seu corpo, que lhes permite praticar também outros tipos de dança. É muito completa, precisa de movimentos de todo o corpo, até dos cílios. Dos diferentes tipos de danças afro no Peru, a mais comercial é o “festejo”; porque é a mais alegre. Também existem outros tipos como a “zamacueca”, o “landó”, a “samba

landó”, o “toro mata”, o “son dos diabolôs”, etc. Em relação ao ensino de danças afro em escolas de dança, a mais difundida é o “festejo”, mas as instituições também praticam os outros estilos. Quais são os principais representantes da música e dança afro-peruana? Ronaldo Campos, Victoria Santa Cruz, Rafael Santa Cruz e Teresa Palomino são dos mais antigos. No Peru, são realizados festivais de dança afro? Claro, atualmente se realizam em Chincha e em Cañete. Em Lima antigamente existia a competição chamada “A Valentina de Ouro”, mas agora sei que no bairro de Rímac é realizado um evento dirigido pela Associação Cultural Poder Negro. A maioria das competições tendem a ser individuais, mas as apresentações geralmente são em grupo. Exibições de dança afro de casal são apresentadas também em “peñas”. E assim foi o bate-papo com o professor Miguel Ayaucán, no Museu de Arte de Lima. Se você tem interesse em conhecer esta bela dança, venha nas quartas e sextasfeiras, entre as 18h30 e as 20h, ou nos sábados, entre as 14h e as 20h. As aulas são muito recomendadas, e você vai se divertir! Bate-papo com...

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Bate-papo com... Por Gabriela Pacheco

cultura afro-peruana pintor brasileiro Klaus Novais apresenta “Ojos Negros” - Uma exposição de pinturas dedicada à Cultura Afro-Peruana. Uma composição de pinturas que apresentam os temas e personagens tradicionais da cultura peruana num estilo Pop-Art, Op-art. Já imaginou? Conheça mais desta exposição na seguinte entrevista. Qual foi sua fonte de inspiração para essa nova coleção? Nessa série de pinturas, lancei meu olhar de artista brasileiro à cultura afro-peruana, inspirado no que sinto ser um ponto forte de contato entre nações absolutamente distintas culturalmente; também em busca de tema que fosse relevante e beneficiasse esse segmento da sociedade que me parece pouco representado nas artes, tanto no Brasil como no Peru. Também me inspirou o fato de Lima, a cidade onde vivo hoje, estar na mesma latitude de Salvador da Bahia, a primeira capital e a maior população afro-brasileira no Brasil, e, sabendo que muitos afroperuanos estão concentrados nas zonas costeiras do Peru, quis transportar nas pinturas minha experiência no Atlântico ao Pacífico, num singelo tributo. O que você deseja transmitir com suas pinturas? Busquei integrar a expressão artística da pintura a uma temática de viés social, pois sinto necessidade de trabalhar em algo que, além da beleza, propicie também reflexão. Aqui, fui seduzido pelos ritmos e pelos artistas afro-peruanos, pela música e pela cozinha criolla, que

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Bate-papo com...

despertaram em mim o desejo de contribuir ao reconhecimento da criação de elementos tão caros aos peruanos, como o mundialmente conhecido cajón, pelos povos que sofreram com a escravidão e ainda sofrem discriminação em países que ajudaram a construir. Essa é uma questão ainda atual no Brasil e me parece que também aqui, por isso acredito que, mais do que elementos decorativos, registro posicionamentos em forma de pintura. Qual seria a principal diferença que você percebeu entre a cultura afro-peruana e a afro-brasileira? Busquei mais semelhanças que diferenças, mas elas existem nas línguas, na geografia e nas influências culturais. Das diferenças culturais, percebo que a influência caribenha é mais presente na cultura afro-peruana enquanto no Brasil os elementos africanos são proeminentes. Das semelhanças, destacaria a vibração e beleza das expressões de origem africana, comuns aos dois países, também a luta contra a discriminação e pela representatividade. Porém, vejo que no Peru, apesar de a abolição da escravatura ter acontecido mais de trinta anos antes, os afro-

peruanos estão concentrados em áreas específicas no país, o que me parece uma forma de autoproteção mas também isolamento, enquanto afrobrasileiros estão no país todo, em busca da igualdade de oportunidades, o que diz muito de processos históricos que não acabaram. Sabemos que ambos grupos contribuíram enormemente à riqueza destes países e sinto que ainda sofram o preconceito de cor, uma triste semelhança. Do ponto de vista de um brasileiro como você vê as manifestações afro-peruanas atualmente? Nas pesquisas que fiz, vi que os afro-peruanos têm sido culturalmente mais valorizados, mas também percebi que não há tantos registros históricos, estudos e debates quanto mereceriam, numa sociedade que, muitas vezes, me parece


Bate-papo com... ainda vê-los como “estrangeiros”. Já conhecia o trabalho de resgate da família Santa Cruz, principalmente os de Victoria e Nicomedes, que necessitam ser continuados pelas novas gerações. Já aqui, soube dos Ballumbrosio e outras famílias dedicadas à cultura afro-peruana, em Chincha e El Carmen, por exemplo. Porém sei que mantêm seus projetos com dificuldade. No país vizinho, afro-brasileiros lutam pela visibilidade positiva nas mídias, e também não tem sido fácil por lá. Qual foi a pintura mais difícil de trabalhar? Não há exatamente uma pintura mais difícil de trabalhar, até porque todas exigem, além da pintura em si, pesquisas, visitas aos locais de inspiração, ver, ouvir e sentir para captar a essência dos artistas retratados, também as danças, comidas, instrumentos, a escolha dos cenários e motivos, os esboços, depois vem a pintura, que aí se torna prazerosa. Nesta série, tenho me inspirado principalmente na Arte Naïf, primando pelo colorido e detalhado, num nível de dificuldade alto, principalmente em cenas de zapateo. Também tenho utilizado técnicas da Op Art ao criar nuances policromáticas em algumas pinturas, assim como me inspirei na Pop Art ao recriar imagens icônicas da cultura afro-peruana. Uma pintura teve tratamento especial, o retrato de Teresa Izquierdo, uma mestre-cuca da cozinha criolla. Por que utilizar a técnica Pop Art para refletir a cultura afroperuana? A escolha pela Pop Art como um dos estilos de tratamentos artísticos nesta série se deve basicamente à dedicação ao conceito de “arte popular”, expresso nas pinturas figurativas, coloridas e vibrantes que produzo, não sendo necessariamente folclóricas como se esperaria nas artes ditas “populares”, porém inspiradas em ícones populares, como artistas e personalidades, buscando equiparar a cultura afro-peruana à cultura de massa. No fundo, gostaria que os retratos que pintei de artistas como Arturo Zambo Cavero, Susana Baca, Victoria e Nicomedes Santa Cruz, entre outros, fossem ícones difundidos em alta escala, tanto no Peru como no Brasil, por serem referências culturais incontornáveis.

Ojos Negros

Quanto tempo a exposição permanecerá no CCBP? A exposição será aberta no dia 11 de maio, às 19 horas, e considero uma boa oportunidade de estreitar laços entre nossos países através dos aspectos positivos que nos unem. Para mim é motivo de honra e alegria, principalmente porque esta será minha primeira exposição internacional. Por isso, convido a todos, desde já, a prestigiarem a cultura afroperuana exposta em pinturas que, espero, proporcionem bons momentos, sentimentos e sensações ao público peruano. Agradeço ainda ao Setor Cultural da Embaixada do Brasil, ao Centro Cultural Brasil-Peru, e à revista Entre Letras pelo trabalho de difusão cultural que promove. A exposição permanecerá no CCBP, inicialmente, por dois meses. Até lá! Bate-papo com...

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O que rola no CCBP

A temporada de oficinas do CCBP foi aberta com ofertas para lá de especiais para os interessados em praticar a língua portuguesa! “Traduzindo Clarice”, oficina ditada pela professora Silvana Sanguinetti, é uma excelente oportunidade de aproximação ao universo de uma das maiores escritoras brasileiras. “Do portunhol ao português”, sob a responsabilidade da professora Simone Gomes, oferece importantes ferramentas para a aprendizagem do português, sem a interferência do espanhol. “A casa da mãe Joana”, ministrada pela professora Gracieli Silva, é uma oficina que desvenda os mistérios e as confusões causadas pelas expressões idiomáticas. As sessões de cinema ficaram ainda mais interessantes com a oficina “Cine Brasil”, da professora Simone Mitma, quem realiza Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do atividades de conversação, aquisição de vocabulário e temas eiusmod tempor incididunt ut culturais brasileiros.

Happy Holi

Happy Holi

O Cine Brasil voltou com tudo! A As mulheres foram as homenageadas atividade cultural, promovida pela no quarto encontro poético-musical Embaixada do Brasil, é uma excelente do Clube das Artes, atividade cultural forma de conhecer um pouco mais realizada pelo professor Lev Vidal e Lorem ipsum dolor sit amet,sobre consectetur adipiscingbrasileira. elit, sed do “Estamos a cultura convidados. eiusmod tempor incididunt ut juntos”, com direção de Toni Venturi, foi o primeiro filme a ser exibido no auditório do CCBP. As sessões são realizadas às terças-feiras em dois horários, às 15h e às 19h. E lembre-se, a entrada é gratuita e com direito a pipoca e refrigerante!

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O que rola no CCBP


O que rola no CCBP

Por Luiza Castro

A gramática do português está lhe dando muita dor de cabeça? O CCBP tem o remédio ideal para você: Gramatidol! Um momento para você esclarecer todas as dúvidas e conhecer algumas curiosidades da língua portuguesa. Então des ,tile pare gnicsipid a rutetcesnoc ,tema tis rolod muspi meroL você jáodsabe, de tu tnudidicni ropmet domsuie sofrer e tome Gramatidol!

iloH yppaH iloH yppaH

A ONG Ajuda sem fronteiras do CCBP, sob a responsabilidade da professora Gracieli Silva, realizou uma campanha de arrecadação od des ,tile gnie csiproupas ida rutetcepara snoc ,teos ma tis rolod muspi meroL de alimentos tu tnudidicni ropmet domsuie peruanos afetados pelas fortes chuvas provocadas pelo fenômeno “El niño”. Recebemos muitas doações de alunos, ex-alunos e cidadãos consternados pelas catástrofes ambientais que assolou a costa peruana nos últimos meses.

O que rola no CCBP

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Tempo de leitura

Jorge Amado:

a longa homenagem de um escri

UM ESCRITOR COMPROMETIDO. Desde Gabriela até Tieta, passando por Dona Flor, Lívia e Tereza, entre outras, a obra de Jorge Amado é uma longa e prolongada homenagem literária, através de seus personagens femininos, ao encanto e sensualidade das belas e corajosas mulheres da terra magica que o viu nascer: a Bahia. Em geral, a obra inteira de Jorge Amado é um apelo à liberdade do povo baiano, uma longa reflexão sobre uma parte importante do Brasil, um percorrer pelas lutas e sofrimentos dos trabalhadores nas zonas de lavoura do cacau. Jorge Amado, aquele velhinho de bigode e cabelos brancos, fronte ampla, face seria e

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Tempo de leitura

olhar reflexivo que mostram as fotografias, é o escritor brasileiro mais popular e universalmente conhecido. Após uma infância e adolescência vividas em meio dos cenários da “civilização grapiúna”, em pleno auge da era do cacau no sul da Bahia, obteve as experiências de vida que o marcaram e que mais adiante retratará em seus numerosos livros. Ainda jovem faz filiação ao Partido Comunista Brasileiro e precoce, começa muito cedo a escrever seus primeiros livros de temática social e crítica velada. Entre eles destacam-se Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar Morto (1936) e Capitães da areia (1937). Nesta primeira etapa de sua carreira


Tempo de leitura Por: David Pinday

ritor a sua terra e suas mulheres. literária escreve os romances chamados do “ciclo do cacau”, que narram as lutas e conflitos entre os fazendeiros e os trabalhadores nas plantações de cacau, assim como o progresso urbano das cidades, a que deram lugar. Quase todos estes livros foram considerados “subversivos” por governos posteriores e lhe causaram prisão e exilio. Incluso muitos foram queimados nas praças publicas somente pela ideologia socialista que professava o autor. GABRIELA, UMA NOVA SENSIBILIDADE. A publicação em 1958 de “Gabriela, Cravo e Canela”, marca para alguns um quebre ou mudança na narrativa amadiana, pois após desencantar-se do socialismo politico sua pluma flui mais livre, sem ataduras de tipo ideológico. Grande sucesso editorial, o livro vendeu mais de 100 mil exemplares, foi traduzido a vários idiomas, conquistou prêmios importantes e foi

adaptado para o cinema e a televisão. Neste livro retoma os temas abordados em outros romances, más há um sensível aprimoramento estético, um amadurecimento na arte de narrar, como se soltando as amarras que o prendiam à necessidade de emitir conceitos, o autor só se preocupava agora em exercer livremente seu oficio de escritor. A partir daqui, o povo, antes uma abstração teórica, torna-se finalmente o grande personagem, a grande e poderosa voz que iria ecoar, daí por diante, cada vez mais forte em seus romances. A esta etapa de maturidade e estilo livre na sua escritura pertencem “A morte e a morte de Quincas berro Dágua” (1961), “Dona Flor e seus dois maridos” (1966), “Tenda dos milagres” (1969), “Tereza Batista, cansada de guerra” (1972), “Tieta do agreste” (1977) e “A descoberta de América pelos turcos” (1992). Gabriela... é um retorno ao chamado ciclo do

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Tempo de leitura cacau, embora com o estilo de uma crônica de costumes que caracteriza esta segunda etapa de sua produção literária. Um retorno a escrever o grande romance da prosperidade do cacau, voltando a descrever o universo de coronéis, jagunços, prostitutas, grapiúnas e sertanejos de variado calibre, que compõem o horizonte da sociedade cacaueira desse tempo. É a década de 1920 na então rica mas pacata Ilhéus, com ânsias de progresso, com muita vida noturna no litoral, entre bares e bordéis, se desenvolve o drama que ao final acaba por se tornar uma explosão de folia e luz, cor e som, sorriso e sexo. Uma celebração da vida em meio do sofrimento, da injustiça e da morte. Narra-se aqui o caso de amor entre Gabriela, a mulata formosa que veio do sertão, e o árabe Nacib, dono do afamado bar Vesúvio, ponto de encontro de tertúlias e boêmias, tendo como pano de fundo o período dourado das plantações de cacau na região de Ilhéus, descrevendo as profundas e inevitáveis alterações da vida social e politica da Bahia, na segunda década do século XX. Incluem-se também aqui eventos como a abertura do porto aos grandes navios, o que leva à ascensão do exportador carioca Mundinho Falcão e ao declínio de alguns coronéis, como Ramiro Bastos. Gabriela, a sensual cozinheira e amante de Nacib, personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária, afetada profundamente pelos novos ventos e sopros de renovação cultural, politica e econômica.

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Bravo!


Tempo de leitura RECONHECIMENTO E LEGADO Ao longo da sua carreira Jorge teve muitos prêmios e reconhecimentos, no Brasil e na Europa. Podemos mencionar, entre outros, o Premio Camões com que foi distinguido em 1993, o premio Jabuti em 1951, o Premio Stalin da Paz (URSS, 1951), e o título de doutor honoris causa, da Universidade de Sorbonne, em março de 1998. Em reconhecimento à importância de Jorge Amado e seu legado, criou-se uma fundação para promover estudos e pesquisas sobre sua vida e obra, a mesma que também defende a cultura e as tradições da mestiça Bahia. Instituída em 2 de julho de 1986 e inaugurada em marco de 1987, a Fundação Casa Jorge Amado, situada no Largo do Pelourinho, em Salvador desenvolve desde então uma intensa atividade, tendo como objetivo a preservação e divulgação da obra do escritor. No universo literário de Amado ficaram para sempre muitos personagens populares, celebres e amados por todos os leitores que alguma vez leram suas aventuras ou se identificaram com eles. Jorge já é imortal ao igual que os personagens que construiu, e as emoções que seus livros seguem gerando nas novas gerações. Alguma vez ele disse: “Sou um romântico e sensual”. Agregaríamos que também foi um incansável lutador na procura da liberdade e da justiça social, aquelas que permitem viver em paz e apreciar a beleza de uma vida intensamente vivida. Seus livros são isso, símbolos de resistência e de amor à liberdade, mensagens de esperança em dias melhores e expressão inequívoca da sabedoria popular.

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Bravo! Por Luiza Castro Oficina Orixás A mitologia dos Orixás, Forças Sagradas da Natureza na cultura afro-brasileira, foi apresentada na oficina Orixás, ministrada pela professora Luiza Castro no CCBP. Os alunos puderam conhecer a origem dos mitos sagrados dessas figuras tão envolventes e plasmá-los em forma de gravuras. Para realizar a parte de cunho artístico, contou com a grata colaboração de duas alunas da Escola de Belas Artes, Elia Ramos e Rebeca Dorich. Os trabalhos desenvolvidos durante a oficina foram expostos na festa de encerramento do CCBP, em dezembro de 2016.

Oficina: O que é que a Bahia tem? A riqueza cultural da Bahia foi tema de oficina no CCBP em 2015. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a Bahia desde seu “nascimento” e compreender os diversos aspectos que fazem desse estado um dos mais representativos da cultura brasileira. A oficina, ministrada pela professora Luiza Castro, culminou suas atividades com um espetáculo de dança afro-brasileira na festa de encerramento do CCBP, em dezembro de 2015.

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Bravo!


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