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Márcio Irion

Quando Márcio Irion ousou, apostando cifras vultosas, na criação de um novo canal de TV (quem conhece as instalações da empresa, sabe bem do que estamos falando), a maioria do empresariado gaúcho, achou que seria questão de poucos meses, até o projeto falhar vertiginosamente.

Em um mundo líquido, na era da comunicação digital, em que existem centenas de formas de canais e o conteúdo gerado su-

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Diretor executivo da RDC TV

Introdução: Lucio Vaz Entrevista: Lucio Vaz e Voltaire Santos

pera infinitamente a capacidade de absorção; podemos imaginar o tamanho do desafio enfrentado por Irion. Basicamente, fazer o telespectador levantar a cabeça para tirar os olhos do smartphone, se tornou um desafio de proporções homéricas, para qualquer empresa que atue no ramo.

Mas a RDC TV segue firme, forte e crescendo. Na verdade, houve uma variante, ignorada em toda esta equação: a adaptação da nova forma de comunicar ou, trocando em miúdos, a RDC TV encontrou justamente no seu maior desafio o fator xis de sua fórmula de sucesso. Por surgir em um meio digitalizado e interligado, já nasceu com a linguagem de seus telespectadores, leitores, ouvintes e seguidores. Não se engane com o nome, pois a RDC é muito mais que um canal de TV. O que há de comum, em todas as suas plataformas, é um interesse verdadeiro em descobrir antecipadamente o que o seu consumidor está procurando. E, desta forma, a empresa

coloca no ar, as notícias e pautas cotidianas que passam despercebidas de seus concorrentes.

Com enorme competência, seus profissionais conseguem atrair um público cada vez maior e cada vez mais próximo de suas telas. Seja através de discussões polêmicas, ou do debate contínuo sobre nosso comportamento coletivo, tudo é abordado com a nova linguagem das redes, menos pretensiosa e formal e mais espontânea e real. Além disso, não está comprometida politicamente, oferecendo um noticiário isento, munido de informação verídica e livre de qualquer interesse ideológico, resultando em uma credibilidade editorial única. Por essas e outras razões a emissora vem se tornando a queridinha de todos os rio-grandenses, reinventando a linguagem televisiva.

Hoje, a RDC TV é uma referência em geração de conteúdo local, mostrando o Rio Grande que os gaúchos querem ver. Do morador do bairro Bom Fim em Porto Alegre, ao canoense que vive na Polônia, sua programação não tem fronteiras e sua audiência é ilimitada.

O programa Em Evidência na TV, conversou com o idealizador, criador e diretor desse projeto e, orgulhosamente, traz, com exclusividade, esta esclarecedora conversa. Confira

Como começou o sonho de ter um canal de TV e, através dele, fazer a diferença na vida das pessoas? O indivíduo por si só tem, na sua natureza, a vontade de empreender. Eu me formei em Direito e me especializei no Direito Tributário Empresarial. Tive a oportunidade de identificar algumas ações, que ainda são uma realidade no Brasil, so“ bre a necessidade do Estado de arrecadar cada vez mais, mas lamentavelmente de forma ilegal. O PIS e Cofins não cumulativo, quando foi criado pelo governo Fernando Henrique, com uma base material financeira, ou seja, a base de cálculo era a incidência da receita bruta. Toda a receita bruta de uma empresa, seus custos diretos e indiretos e o seu lucro formavam a base de cálculo. Quase que o governo virou sócio das empresas sem colocar um centavo. As empresas pagavam sobre todo o seu esforço de trabalho, mas não podiam creditar, ficando um gap. Identifiquei isso e comecei a trabalhar em todo Brasil e nas multinacionais, resultando numa independência financeira. Eu percebi que na área de comunicação, nós estávamos ficando cada vez mais dependentes da pauta nacional. Os grandes players têm um modelo de comunicação, que é a geração de conteúdo nacional e distribuição local, me gerando certa inquietude. Ainda não tínhamos a disseminação dos blogs, uma facilidade de geração e distribuição de conteúdo pulverizado. Resolvi empreender e construir um veículo de comunicação local para complementar essa realidade nacional. O que me motivou foi entregar de volta à sociedade algo que pudesse contribuir com a transformação social, que é a informação. Se as pessoas não tiverem informação, serão facilmente dominadas, do contrário elas podem participar do processo. Como o senhor analisa o compromisso da RDC TV, no combate às Fake News?

Sem dúvida, cada vez mais a emissora tem a oportunidade de fazer entregas diferenciadas, com essa visão de hiperlocalismo, isso ninguém pode nos tirar, porque os modelos de comunicação das outras empresas são mais distantes O nosso principal problema não é a Fake News, pois ela é efeito de um problema invisível, que ninguém fala, que são os algoritmos. Se tu tiveres uma notícia, seja qual for, e ela for facilmente manipulada no sentido de entrega, esse é o problema. Ela não vai acabar, porque vivemos num mundo globalizado, onde as pessoas criam fatos e sempre criaram, muda a forma e a narrativa. Essa realidade sempre existiu, hoje ela se digitalizou. Vai haver uma inflexão natural das pessoas perceberem de que, hoje, elas consomem só o conteúdo que lhes é oferecido. Se conseguirmos informar os fatos, para que a população tenha onde buscar, nos tornaremos um grande Hub de informação. Se as pessoas querem buscar um ambiente de credibilidade, elas vão buscar no programa “Em Evidência na TV”, como por exemplo. A revista é tradicional, mas traz em si a revolução tecnológica, com o site e o programa na TV. O conteúdo da revista é de credibilidade, com fatos e informações reais. Se eu pego de maneira individual, o que chega à minha timeline e começo a consumir, a minha segurança não é mais a mesma. O papel da RDC TV é oportunizar a evolução de ambientes de comunicação, capazes de gerar informação baseada nos fatos, para entregar à população cada vez mais um Hub de informação.

O DONO DO JOGO A aposta de Márcio Irion em um novo formato de canal de TV, resultou em um crescimento exponencial. Ainda este ano, a RDC TV estará em 100% dos lares gaúchos

As principais marcas já estão aqui, significa uma renovação do mercado? A cada mês e ano, nós percebemos que o mercado começa a nos enxergar como de fato uma oportunidade.

Nós já temos parO nosso principal problema ceiros comerciais de nível nacional, não é a Fake News, pois ela é hoje não precisamos olhar só para efeito de um problema invisível, o mercado local. O mercado interque ninguém fala, que são os algoritmos no está olhando a ocupação dos espaços, que ele está comprando, para se comunicar com o maior número de gaúchos, num modelo conservador e ortodoxo. Já as marcas nacionais querem se comunicar e conectar com o RS, não necessariamente pelos grandes players, porque estão conseguindo identificar, quem comunica mais com aquela comunidade, porque o tempo de entrega dos grandes veículos é muito pequeno.

Na RDC TV, o espectador tem 24 horas de conteúdo gaúcho, sendo um grande diferencial. É uma oportunidade para o crescimento?

Sem dúvida, cada vez mais a emissora tem a oportunidade de fazer entregas diferenciadas, com essa visão de hiperlocalismo, isso ninguém pode nos tirar, porque os modelos de comunicação das outras empresas são mais distantes. A RDC TV já está conectada em mais de 15% do território gaúcho, com mais de 2,5 milhões de assinantes entre todas as nossas plataformas

de conteúdo, só no RS. Este ano, estaremos em 100% dos municípios do estado. Nós contratamos, em outubro do ano passado, uma Consultoria externa, que está nos ajudando com a profissionalização da empresa, produzindo ações estratégicas, olhando para esse cenário, onde estamos bem posicionados, com uma estrutura física fantástica, programação montada, casting e produtos relevantes. É preciso potencializar os produtos de maneira que as pessoas conheçam e consumam.

É impressionante a audiência da RDC TV no Litoral Norte, no momento em que começaram a ver os prefeitos do litoral na emissora, se conectando com as pautas da sua região. Tem relação com a abrangência da Claro NET TV?

Sim, a Claro NET TV ampliou o seu sistema de transmissão, agora tem o serviço a cabo, o sistema GPON e o set box. Ela está posicionada em todas as formas tecnológicas de distribuição de conteúdo. O projeto da Claro para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, liderado por Marcelo Repetto, que possui uma visão singular da comunicação, na área de Telecom, tem proporcionado uma ampliação da presença da Claro NET TV, em mais de centenas de municípios. O nosso objetivo é estar próximo e caminhar juntos. No litoral gaúcho a audiência é muito grande, porque nós temos pessoas conectadas pela Claro NET TV, no canal 524, e, também, pelo sistema set box, que é o futuro. Nós já estamos posicionados nas Smart TVs, com dois Apps, que são a Soul TV e a Max Cloud TV.

O ano de 2022 tem eleições, todos os candidatos passarão na RDC TV. É papel da TV democratizar a política?

É obrigação do veículo de comunicação informar. Eu tive a oportunidade de fazer uma palestra sobre comunicação e o modelo implementado pela RDC TV, no Comando Militar do Sul, a convite do General Stumpf. Na pauta, falei sobre o jornalismo baseado em fatos, numa emissora, que foi a primeira ser multicanal e multiplataforma do Brasil. Nós olhamos com muita naturalidade esse modelo de

A RDC TV já está conectada em mais de 15% do território gaúcho, com mais de 2,5 milhões de assinantes entre todas as nossas plataformas de conteúdo, só no RS

negócios e ele se disseminou muito rápido pela pandemia. Em 2018, quando fundamos a emissora, não existia o costume da live. Nós tínhamos o propósito de produzir conteúdo local e distribuir de várias formas. O multicanal é a oportunidade de consumir o conteúdo pelo Smartphone, Smart TV ou pela Claro NET. A multiplataforma está relacionada às amplas plataformas, que nós temos de geração de conteúdo. Nós conseguimos encontrar um posicionamento de entrega de conteúdo local, para potencializar ainda mais, o Rio Grande do Sul para fora. No primeiro ano, fomos acessados em mais de 90 países nas multiplataformas. Ao longo dos três primeiros anos, nós impactamos 50 milhões de pessoas com o nosso conteúdo. Assinamos uma parceria com a Soul TV, que é uma plataforma distribuidora de conteúdo e está presente em mais de 197 países, com mais de um milhão de assinantes. Nós ampliamos, mas sempre com o foco de gerar conteúdo local.

O cenário eleitoral está polarizado, qual o efeito disso?

No plano nacional, de fato, vivemos uma polaridade. As pessoas olham a polarização e enxergam como algo negativo, mas ela é positiva, porque significa que temos um contraponto. Enquanto existir o contraponto, nós não seremos uma população dominada ou dominável. Os dois lados se retroalimentam. O governo nacional é muito bom para o país. No plano estadual, temos um governo, que é continuidade do governo Sartori, na recuperação do estado. O fato é que, no país, vamos ter a polarização e uma candidatura de centro. A população tem que analisar as propostas para poder fazer a sua melhor escolha. O estado do Rio Grande do Sul avançou muito, com o pagamento de folha em dia e investimentos. Teve um impacto no volume de recursos, que o Governo Federal mandou para o Estado. Comentei com o governador, que nunca tinha visto tantas obras de acesso asfáltico municipais, que foram realizadas num momento difícil, de pandemia. O secretário Juvir Costella, desde que assumiu, começou com o discurso de terminar, definitivamente, com a RS-118, aplicando a mesma metodologia em todo o estado. Quando o deputado Edson Brum assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, até então era uma pasta pouco expres-

siva. Com sua “gestão rápida e a experiência no processo legislativo, criou um ambiente adequado para alavancar o desenvolvimento. Basta ver o programa “Avançar”, que fornece recursos para o Turismo, um eixo, que proporciona a todos os municípios oportunidade de se desenvolver. No pós-pandemia, o setor de turismo local vai crescer. O programa “Pavimentar”, na área de infraestrutura, e o “Juro Zero”, que desenvolve o fomento, também são ótimos exemplos de programas bem sucedidos. Como o senhor enxerga a Reforma Trabalhista? Ainda muito incipiente, a Reforma Trabalhista que começou com o presidente Michel Temer encontrou muita resistência nas instituições, que possuem uma relação antiga de trabalho, que precisam se justificar por elas mesmas. É preciso ter muito cuidado nessa análise, para que essas instituições não sejam as que mais desempregaram na atualidade. No momento em que tu obrigas uma empresa a seguir um regime somente de CLT, descumprindo esse movimento de disrupção das relações de traba-

lho, gera desemprego e informalidade. Estamos no meio de um processo que é irreversível, temos que nos adaptar aos novos tempos e abrir o mercado. Neste ano, o que vem de novidade, sob Ao longo dos três primeiros anos, nós impactamos 50 milhões de pessoas com o nosso conteúdo. Assinamos uma parceria com a Soul TV, que é uma plataforma distribuidora de conteúdo e está presente em mais de 197 países, com mais de um milhão de assinantes o ponto de vista da programação? Todas as mudanças foram necessárias, para encontrarmos o nosso propósito. Fizemos um alinhamento de programação, visual e conteúdo, para haver uma entrega plural, tanto em variedades, quanto em jornalismo e cobertura de eventos. A cada três meses vamos anunciar algo relevante, na transformação e consolidação da RDC TV. A pouco, houve a chegada do nosso novo responsável pela área de conteúdo e jornalismo, o Leandro Olegário. Em dezembro, contratamos o Fabiano Del Rey, que dispensa comentários, pois só quem trabalhou com ele, sabe da sua capacidade de relacionamento com o mercado. Isso faz parte dessa profissionalização da emissora daqui para frente. Ela foi feita para a sociedade e deve funcionar de maneira orgânica e estruturada, onde todos se sintam parte desse projeto de crescimento. As eleições deste ano, sem dúvida, vão nos consagrar, mas terão no mínimo uma dezena de outros fatores que farão o mesmo.

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