
13 minute read
Luis Carlos Heinze
A aposta do Progressistas para quebrar um tabu de quatro décadas
Introdução: Lucio Vaz Entrevista: Claudio Andrade e Lucio Vaz
Advertisement
Existe um consenso tácito entre todos os progressistas do RS, que o partido possui uma dívida com o senador Luis Carlos Heinze. Não apenas pelo fato de prefeitos e vereadores serem repetidamente favorecidos por suas emendas, ou pelo apoio incondicional recebido do gabinete do senador, em Porto Alegre ou Brasília.
Esta dívida está diretamente ligada a uma decisão tomada nas últimas eleições, ao governo do Estado. Não fossem os próprios progressistas,os três milhões de votos que Heinze recebeu, poderiam ter quebrado um tabu que já chega a quatro décadas.
O Progressistas gaúcho segue sendo o maior Progressistas do Brasil.O partido que mais emplaca prefeitos no Rio Grande do Sul, eleição após eleição. Pois justamente estes prefeitos podem se tornar o fator diferencial para fazer o senador virar governador. Afinal , são cabos eleitorais de luxo, sendo que três quartos deles são reeleitos e contam com um apoio majoritário e valioso em suas comunidades.
As próximas eleições ao governo do Estado serão as eleições do século. Não apenas pelo momento singular em que vivemos, mas também pelo peso dos candidatos que começam a se alinhar na corrida pela vaga ao Piratini.
A aposta de Luis Carlos Heinze é corajosa e arriscada, digna de nota e louvor. Toda sua carreira parece ter sido desenhada para este momento, em um cenário bem mais desafiador que 2018, basta saber se seus correligionários, desta vez, vão por as fichas na mesa.
O programa Em Evidência na TV, entrevistou o senador progressista com exclusividade, quando este e outros assuntos foram debatidos, Confira
O que levou o senhor a concorrer ao Palácio Piratini?
Pela experiência que acumulei, desde que saí de Candelária, aos 17 anos. Fiz o Ginásio em Candelária e trabalhei dos sete aos 17 anos no balcão do meu pai. Eles tinham um restaurante, chamado Dona Tereza, que existe até hoje. O meu irmão faleceu, portanto quem cuida do estabelecimento é a minha cunhada e sobrinha. Eu estudei, com muita dificuldade em Alegrete, depois em Santa Maria, me formei e tenho uma vida de sucesso na minha atividade profissional, sou agrônomo e produtor rural. Fui prefeito e cinco vezes deputado. Como prefeito fui eleito o quinto melhor do estado. Naquela ocasião, foi feita uma pesquisa no Rio Grande do Sul e a avaliação foi muito boa. Como deputado cheguei a ser o mais votado do estado, no pleito. Quem vem de origem humilde, sentiu na pele as dificuldades de uma economia deficiente. Neste sentido, é de extrema importância ajudar nos empreendimentos do estado, mas principalmente na geração de empregos e dar dignidade às pessoas que precisam.
O Rio Grande do Sul é um estado agrícola, que tem sofrido com as frequentes estiagens, como amenizar essa situação?
As perdas neste ano foram grandes, 407 municípios decretaram situação de emergência. É uma das piores secas que nós tivemos nos últimos anos e a perda dentro da porteira foi imensa. Eu sou produtor rural em São Borja e tive problemas na minha lavoura e propriedade, assim como milhares de produtores gaúchos, catarinenses, paranaenses e sul-mato-grossenses. No Rio Grande do Sul, a perda no bolso dos produtores foi de 45 bilhões de reais. Se eu pegar os efeitos diretos e indiretos do produtor rural, junto com o comércio, a indústria, o setor de serviços e todos que trabalham no processo, o prejuízo chega a 115 bilhões de reais. Esses números se refletem nas propriedades rurais, mas também na economia gaúcha no decorrer deste ano e principalmente no ano que vem com as arrecadações que serão menores. O presidente da Famurs, Eduardo Bonotto, realizou um grande feito coordenando o trabalho dos prefeitos gaúchos. As entidades de classe também foram de grande valia, a Farsul, com o Gedeão Silveira Pereira, a Fetag, com o Carlos Joel, junto com as cooperativas cerealistas. A então secretária Silvana Covatti coordenou o trabalho e todas essas demandas foram levadas a Brasília. As soluções têm vindo, está funcionando o Seguro Agrícola para os pequenos, os médios e os grandes produtores, amenizando um pouco esse efeito. Haviam suspenso os financiamentos, mas agora liberaram o Pronaf. Estamos trabalhando no Senado, neste instante, a liberação de um recurso que vai garantir o restante do crédito rural que está parado. São quatro bilhões de reais que já foram liberados, com a expectativa de mais 24 bilhões de reais. Esse assunto é uma pressão constante. Haverá um rebate para os pequenos agricultores, desses quatro estados que tiveram em situação de emergência, de 50% do valor do custeio e do investimento. São medidas que nós trabalhamos e que eu ajudei a capitanear junto com a ministra Tereza Cristina, durante a Expodireto Cotrijal. Eu estive com o ministro Paulo Guedes, a ministra Tereza Cristina e com o próprio presidente Jair Bolsonaro. A resistência do ministro Paulo Guedes e do governo Bolsonaro é encaixar no orçamento. Tudo tem um custo para o governo, por exemplo, a liberação desse rebate das dívidas, custa um bilhão e 200 mil reais, tem que tirar do orçamento. Para liberar o crédito rural custa 869 milhões de reais, temos que achar uma brecha no orçamento, pela responsabilidade fiscal do governo atual esses encaixes não são fáceis. A perda foi grande, é claro que nós reconhecemos, eu senti essa perda no meu próprio bolso, mas o governo também tem os seus arranjos a fazer. Estão sendo solucionados, de uma maneira que amenizam os problemas que os produtores sofreram, não resolvem, mas amenizam e a vida tem que voltar ao normal. Eu tenho dados da Embrapa de 70 anos, no estado, e essas secas sempre se repetem. A cada três ou quatro anos têm secas maiores ou menores, então isso é normal. Além do seguro, temos que começar a fazer o armazenamento de água. Chove para nós 1.500 milímetros a 1.700 milímetros por ano. Então nós devemos armazenar essa água e essa tecnologia que os gaú-

chos têm. Na Expodireto Cotrijal, nós debatemos sobre poços artesianos, porque temos água em abundância, não apenas do Aquífero Guarani. Falamos com o Rogério Porto, que é um geólogo, que trabalhou no governo Simon e da Yeda, um craque no assunto, mostrou mapas de barramentos que podemos fazer nos rios, as grandes barragens. Eu conheci, em Brasília, o Instituto Espinhaço, que é uma ONG brasileira que está fazendo um trabalho fantástico. Eles estão fazendo a proteção das vertentes e nascentes dentro das propriedades rurais. Este projeto já foi implantado em vários lugares do Brasil, inclusive Minas Gerais é o mais adiantado, tem 110 municípios mineiros aplicando essa tecnologia, com o plantio de árvores. Todos os prefeitos e lideranças entenderam que é possível colocar em prática. Esse programa foi desenhado e já é uma das minhas propostas como pré-candidato ao governo do Estado. Não vou dizer que um dia acabe, mas vamos resolver 78% dos problemas que nós temos.
Em relação à empreendimentos no RS, o Porto de Arroio do Sal é um caso de sucesso, conte-nos sobre o projeto.
Eu me dediquei, todos os meus cinco mandatos como deputado, para a agricultura, mas ajudei em outras áreas. Nesse momento como senador, eu resolvi focar, também, na infraestrutura. O porto é seguramente um dos maio-
res investimentos que o estado vai ter nesses últimos anos, um porto de sete a oito bilhões de reais, totalmente privado, sem dinheiro federal, nem estadual. A lei que nós votamos da BR do Mar, permite que a iniciativa privada possa fazer o investimento. Um grupo de investidores gaúchos, liderado por Adilson Oliveira da Silva, abraçou a ideia e são os donos do projeto. Eu sou o impulsionador do projeto. O autor é o Dr. Fernando Machado Carrion, que foi prefeito de Passo Fundo, deputado federal, que me apresentou essa ideia em 2018, quando eu era pré-candidato ao governo do Estado. Nós estamos trabalhando esse assunto e hoje já é uma realidade. Eles contrataram uma empresa de São Paulo, chamada DTA Engenharia Portuária e Ambiental, do
nós vamos ter um porto que vai servir a Serra Gaúcha, o Vale do Calçado, a Região do Fumo, vai pegar Erechim, Passo Fundo, toda aquela parte Norte do estado, ou seja, todas as regiões serão beneficiadas porque estão muito mais longe de Rio Grande do que estão de Arroio do Sal, distância para eles é fundamental. Então, vamos ajudar empresas gaúchas, que vão ter um custo menor no seu produto, para poder competir no mercado, gerando mais empregos. O porto é fundamental para alavancarmos uma série de desenvolvimento no estado. No entorno do porto, muitas empresas vão se instalar. Já nos procurou e nós estamos tratando a instalação de uma indústria de fertilizantes, só ela custa um bilhão de dólares. O Litoral Norte do estado vai reEm 2014, o Bolsonaro era do ceber um investimento de 15 meu partido, o Progressistas bilhões de reais, multiplicando e quis ser candidato a a geração de riquezas e divisas, presidente, apresentou para a bancada do partido, de 41 não apenas para o litoral, mas o desenvolvimendeputados, cinco apoiaram, eu to será para todo o estado. fui um dos cinco Como o senhor analisa o papel do Governo Fede-
João Acácio Gomes de Oliveira Neto, um craque no assunto. Ele está com o projeto praticamente pronto, mostrando a viabilidade. É um local que nós fizemos a batimetria com navios da Marinha brasileira. Ele é apropriado e melhor que o Porto de Rio Grande. Para quem criticar, achando que o Porto de Rio Grande vai terminar, posso explicar que não é bem assim. Por exemplo, Santa Catarina tem seis portos funcionando e está fazendo mais três, cabem nove portos em SC, onde o litoral é menor. Isso vai destravar a economia do RS, a Serra está vibrando com esse projeto. Por exemplo, tudo o que a Tramontina exporta, vai por contêiner para Santa Catarina, não vai a Rio Grande, porque é mais perto ir a SC. Com isso, ral na pandemia?
Eu participei da CPI, surgiram muitas narrativas, mas voltando-se aos números e a realidade. O Brasil hoje é o quarto país no mundo em doses aplicadas, primeiro é a China, segundo a Índia, terceiro os Estados Unidos. Só em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo recebeu três milhões e 366 mil doses de vacina. Se a máscara foi liberada na cidade, foi porque o sistema vacinal de Porto Alegre, do RS e do Brasil funcionou. São quase três doses para cada cidadão porto-alegrense e gaúcho em idade vacinal. Para o estado vieram 26 milhões de doses e para o Brasil 480 milhões, ou seja, esse sistema funcionou. É um ponto positivo para superarmos

a pandemia, é claro que lamentamos as mortes, isso aconteceu no mundo inteiro. Tivemos milhares de desempregados, eu recordo daquele abre e fecha, bandeira preta, vermelha e laranja, de ficar em casa. Felizmente esse momento foi superado.
O senhor contará com o presidente Jair Bolsonaro no palanque? Com certeza, eu já conversei com o presidente Bolsonaro e estou com ele há muito tempo, me elegi como deputado em 1999. Ele já era deputado federal, portanto, a nossa relação vem de lá, nós temos como deputados, 20 anos juntos na Câmara Federal. Depois fui eleito senador e ele presidente, então nós trabalhamos ao todo 23 anos. Em 2014, o Bolsonaro era do meu partido, o Progressistas e quis ser candidato a presidente, apresentou para a bancada do partido, de 41 deputados, cinco apoiaram, eu fui um dos cinco que apoiou, para ele ser presidente contra a Dilma naquele momento. Ele falou que não ganharia, mas que queria construir o seu projeto. Foi então que dei apoio a ele, a nossa relação é fraterna e sempre foi muito boa, como deputado, agora eu como senador e ele como presidente, que está fazendo um grande trabalho pelo Brasil, esse trabalho não pode parar, não podemos retroceder o país. Ele terá o meu apoio e no meu palanque terá espaço. Já conversei com ele sobre esse assunto, embora outros candidatos possam pedir, mas já está comprometido comigo.
Nós já vínhamos trabalhando com a coligação com o PTB, que já esteve conosco na minha eleição, em 2018, e me ajudou na eleição para senador. O deputado Elizandro Sabino, já nos procurava para fazer esse acerto, depois as conversas evoluíram com o Edir Oliveira, que é o presiQuero ajudar o meu estado dente do PTB no RS, até chee tenho essa oportunidade de ajudar, principalmente, as gar na Tanise Sabino, que é a minha vice, lanpessoas carentes e que mais çando oficialmente, a parprecisam, dando dignidade e ceria PP e PTB. Ela é psicóloga emprego, condições de fazer e vereadora em Porto Alegre, de uma igreja evangélica muito forte no estado, que é a Assembleia de Deus. Como eu sou muito ligado ao interior, tinha que ter alguém mais ligado a Porto Alegre e a Região Metropolitana. Acho que essa parceria entre Progressistas e Trabalhistas vai ajudar muito o RS. Estou muito satisfeito com a escolha que os partidos fizeram. Nesse ano de eleições, como o senhor vê esse momento da direita no país? O que eu estou vendo em três anos do governo Bolsonaro, eu não vi em 20 anos dos governos passados. É um país diferente, com a família, a fé, a igreja e a pátria preservadas, valores diferentes que nós estamos vivendo nesse tempo e o Brasil desenvolvendo. Os investimentos do Brasil neste instante na infraestrutura que é fundamental, no saneamento básico, saúde, petróleo, gás e energia. Mais de um trilhão de reais estão sendo investidos, com a previsão de mais 500 bilhões de reais neste ano. É um Brasil diferente, porque muito capital privado, brasileiro e estrangeiro está aqui. Esse Brasil não pode parar, temos que continuar andando para frente, para dar esperança a todos.
Como foi a escolha da sua vice? O senhor segue essa linha de atração de investimento para o estado?
Isso é fundamental, eu já demonstrei o que fiz nos três anos como senador e o que eu ainda estou fazendo nesse ano. Como por exemplo, um novo fertilizante, que era um estorvo em Ametista do Sul e em oito municípios que produzem pedras preciosas. Na crise dos fertilizantes, isso vira fertilizante, chama-se remineralizador, pó de rocha. São quase 200 minas funcionando, que tinham um rejeito de 15 milhões de toneladas e essas minas tinham os dias contados para fechar, em 2024, se não achassem solução para o rejeito. Nós estamos apresentando um novo fertilizante, que vai ajudar, não resolve o problema, mas ajuda a solucionar a crise dos fertilizantes, por causa da guerra da Rússia com a Ucrânia. Vamos manter as minas de Ametista do Sul, onde tem quase sete mil trabalhadores e achar um novo produto, que é um novo negócio. Só esses 15 milhões de rejeitos viram um bilhão e meio de reais em negócios.
Quais as suas considerações finais?
Quem teve a origem humilde que eu tive, conhece o que é trabalhar, comecei com sete anos, tenho 71 anos de idade com vitalidade, força e muita experiência. Quero ajudar o meu estado e tenho essa oportunidade de ajudar, principalmente, as pessoas carentes e que mais precisam, dando dignidade e emprego, condições de fazer. Quero fazer uma revolução na educação, vou apresentar um programa com as escolas digitais. Eu conversei com o presidente da maior empresa de escolas digitais do mundo, é uma empresa indiana e ele me disse que na China há 15 anos, as crianças entram na escola, no nosso caso para aprender português, matemática, ler e escrever, vai aprender também a mexer com computador. É o futuro. Está entrando o 5G em Porto Alegre, em 2022. Nos próximos três anos teremos 5G e 4G em todo Rio Grande do Sul, que vai ser no meu mandato.