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Receita de sucesso
Gestão e política caminham “juntas”? Marco Alba, ex-prefeito de Gravataí, fez desse jeito Luiz Fernando Aquino | Edição: Lucio Vaz
Gerenciar é quantificar, e são muitos os números que traduzem com exatidão as gestões do ex-prefeito Marco Alba (2013/2016 e 2017/2020) em Gravataí, sexto maior município gaúcho e a quarta economia (PIB) do Estado. O Marco é um homem de fé e, principalmente, de coragem. Tem qualidades essenciais de um gestor público à frente do seu tempo. Conhecido por ser um arrojado tocador de obras – perfil esse forjado quando secretário Estadual de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento, no governo de Yeda Crusius (2007/2010) –, ele tirou Gravataí dos piores indicadores fiscais e de carência de obras es-
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truturais para a condição de um dos municípios com melhor saúde financeira e com o maior volume de obras nas últimas décadas na cidade.
Com 56% da receita comprometida com dívidas, em 2013 – segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE) –, a capacidade de investimentos era zero, em razão da impossibilidade de contratar investimentos, porque estava no vermelho. Ao deixar o governo, em 2020, o endividamento havia sido reduzido para 25%, e o investimento em obras foi um dos maiores da história de Gravataí, 12%. Foi o que viabilizou o conjunto de obras estruturais na cidade, além de capacitar a Prefeitura para investimentos futuros. Além disso, a receita própria saiu de R$ 57 milhões em 2012 para R$ 210 milhões em 2021, ou seja, um aumento de 268%. Recentemente, o prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon (MDB) anunciou um plano de investimento de R$ 50 milhões ao longo de 2022, com a expectativa de, até o fim de 2024, chegar a R$ 200 milhões, entre recursos próprios e financiamentos. Para os próximos quatro anos, serão destinados R$ 4,4 bilhões para a educação, saúde, obras sociais e estruturantes. “O mais difícil, por mais óbvio que seja, é o administrador público fazer a coisa certa, o que precisa ser feito, acima de uma vontade unicamente política, o que por vezes contraria orientações técnicas”, ressalta o ex-prefeito.
DESTAQUE NO ÍNDICE FIRJAN O mais emblemático reconhecimento, porém, porque sintetiza todo o esforço dos governos Alba, veio pelo recente Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, que anualmente mede o desempenho de 5.239 municípios brasileiros. São quatro os medidores que compõem o índice: autonomia, gastos com pessoal, liquidez (dinheiro disponível) e investimentos. Em 2020, Gravataí alcançou o status de excelência em gestão, atingindo a média de 0,8518, enquanto no Rio Grande do Sul a média ficou em 0,6584, mostrando o acerto das decisões e ações, considerando que em 2013 esse número era de 0,5575. Dos dez maiores municípios do RS, apenas Caxias supera Gravataí. Essa é, sem dúvida, a maior conquista para a cidade, porque foi a partir daí que criaram-se as condições para os financiamentos que hoje são possíveis.
Por dois anos consecutivos, 2019 e 2020, Gravataí recebeu do Tribunal de Justiça do RS o Selo de Regularidade e Responsabilidade no Pagamento de Precató-

A GRAVATAÍ QUE MARCO DEIXOU DE LEGADO Entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros, Gravataí ocupa a 51a posição no ranking nacional, segundo o ICE
rios (dívidas decorrentes de processos judiciais). Em 2014 e 2015, a Prefeitura já havia recebido do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) o “Prêmio Boas Práticas de Transparência na Internet”, em reconhecimento às iniciativas governamentais que prestigiam a transparência e o controle social. “Talvez até mais danosa que a corrupção – porque essa, em tese, está ao alcance dos órgãos de controle –, a incompetência inviabiliza as gestões públicas, gerando um passivo financeiro e de obras. Daí a importância de, nos períodos de campanha eleitoral, o eleitor ficar atento para as questões técnicas, para não ser seduzido por bravatas eleitoreiras”, observa Alba.
PRÓXIMO DESAFIO ELEITORAL Até a eleição de Sebastião Melo (MDB) a prefeito de Porto Alegre, em 2020, Gravataí era a maior cidade administrada pelo partido, que sempre manteve uma ampla base de coalizão. Com esse capital político, Alba se cacifou para a disputa a uma vaga na Câmara dos Deputados, como um dos mais fortes concorrentes. “É preciso enfrentar, de verdade, uma série de distorções nessa relação do Parlamento com o Executivo, criando condições para que as verbas de investimentos sejam canalizadas direto para os Municípios, acabando assim com o expediente perverso da excessiva burocracia estatal”, reitera Alba. Com a experiência no Legislativo – fazendo o caminho inverso e tradicional da política, em que os prefeitos partem de suas bases para voos maiores –, Alba aparece no cenário político gaúcho como um candidato com grande potencial eleitoral.
Marco Alba inaugurou sua trajetória na vida pública em Gravataí aos 23 anos, a partir dos 531 votos para vereador, em 1982. Entrou na política como “peão”, como ele mesmo costuma dizer. Antes do primeiro emprego formal, trabalhou como jardineiro, até virar auxiliar de topografia na Prefeitura de Gravataí, de 1978 a 1983. Nascido em 15 de novembro de 1958, Alba é advogado por formação. Casado com a deputada estadual Patrícia Bazotti Alba (MDB), é pai de Lorenzo, Vitor, Vinícius, Renan e Bruna.
Entre as enxadadas como jardineiro e os estudos, descobriu a atividade de colador de cartazes e de pintura em muros nas campanhas eleitorais, até que em 1982 a oportunidade bateu à sua porta. Elegeu-se deputado estadual pela primeira vez em 2002, com 27.452 votos, sendo reeleito em 2006 com 52.147 votos.
Em 2007, assumiu a Secretaria Estadual de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento, no governo de Yeda Crusius (2007/2010). Em 2010, foi escolhido por 82.269 gaúchos para a Assembleia Legislativa, sendo a segunda maior votação entre os deputados estaduais. No último mandato, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Participou ainda das Comissões do Mercosul e Assuntos Internacionais e de Economia e Desenvolvimento Sustentável.
Em 2012, com 51.283 votos, elegeu-se prefeito da sua cidade. Nas eleições suplementares de março de 2017 – depois de ter sido o mais votado entre os votos válidos, em outubro de 2016 –, Marco Alba reelegeu-se com 48.211 votos.
Terminou o seu segundo mandato na Prefeitura de Gravataí com um dos maiores índices de aprovação, em torno de 89%, tendo sido o responsável pela eleição do seu sucessor, Luiz Zaffalon, que nunca havia concorrido a nenhum cargo eletivo.
“A política, quando voltada para o interesse coletivo, de forma transparente e responsável com o dinheiro público, é o mais importante meio para gerar benefícios à população”, finaliza Alba.
GRAVATAÍ TORNOU-SE UM DOS PRINCIPAIS POLOS PARA ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS Gravataí, a 15 minutos do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e cercada por uma diversificada malha viária – reforçada por obras estruturais feitas pela Prefeitura nos governos Marco Alba –, consolidou-se como um polo de atração de investimentos no Rio Grande do Sul. Gravataí está entre os cinco municípios gaúchos que oferecem as melhores condições para novos empreendimentos, conforme o ranking geral do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) edição 2020. Entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros, Gravataí ocupa a 51ª posição no ranking nacional, segundo o ICE. Os demais municípios gaúchos mais bem colocados são, pela ordem, Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul e Santa Maria. Gravataí destaca-se ao aparecer em primeiro lugar no item ambiente regulatório, evidenciando a postura de cidade amiga dos empreendedores adotada pelas administrações 2013/2016 e 2017/2020 e que segue agora com a atual gestão. Foram mais de R$ 2 bilhões em oito anos, com a chegada de gigantes da economia, particularmente na área de logística. São mais empregos e mais geração de tributos e renda.