Revista Dasartes Edição 72

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PARA MOSTRA NO NOVO SESC AVENIDA PAULISTA, EM UMA PRODUÇÃO CHEIA DE REFERÊNCIAS, O TEMPO ESCOA COMO ÁGUA PELOS VÍDEOS DE BILL VIOLA, UM DOS PERCURSORES DA VIDEOARTE

POR GONÇALO IVO

Bill Viola é um artista contemporâneo surpreendente. Ama a pintura. Esta se faz presente como uma coluna vertebral em toda a sua obra. Provoca no espectador uma mirada que subverte a rapidez e a incidência com que imagens nos são oferecidas cotidianamente de forma excessiva, propondo, assim, sua desbanalização. Utiliza a chamada "videoarte" como linguagem. Porém, não é exatamente ou exclusivamente o nosso mundo, o aqui e agora, e todos os cânones contemporâneos que, ao longo das últimas décadas, ancoraram na produção artística - deixando-a, muitas vezes, asséptica, homogênea e sem "pathos" - que nos sussurram seus personagens e toda a sua engenhosa usina visual. Há nessa arte ecos do passado, presenças e referências marcantes como as que nos remetem aos pintores tenebristas do início do século 17 - Caravaggio, Ribera, Zurbarán, Guerchino, Alonso Cano. Ou até mesmo Francisco de Goya, com suas obsessões, sonhos e pesadelos. E, indo um pouco mais, até encontrarmos em peças como "Catherine's room", "The sleep of reason" e "The pool" uma franca conexão ao mundo metafísico que novamente nos conduzirá à pintura e à poesia. À esquerda: The Sound of a Mountain Under a Waterfall, 2005.


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