Continente #096 - Cuba

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Marcelo Lyra/Divulgação

Ópera popular Passados 25 anos de sua estréia, o encantamento provocado pelo Baile do Menino Deus não diminui Rodrigo Dourado

A

Arilson Lopes, em cena do Baile do Menino Deus

lém de contista e cronista, Ronaldo Correia de Brito é também dramaturgo. E foi certamente o teatro que projetou seu nome no mundo das Letras. De sua autoria, contam-se cinco espetáculos para adultos: O reino desejado, Retratos de mãe – encenado no Recife por Antônio Cadengue; Malassombro – montado por Carlos Carvalho, com Augusta Ferraz no elenco; Auto das portas do céu – dirigido por Elisa Toledo Todd; e Os desencantos do diabo, levado à cena por Moncho Rodriguez. Mas foram, seguramente, os textos infantis que garantiram que sua obra se espalhasse por todo o Brasil. Entre eles, destaque absoluto para o Baile do Menino Deus, lançado inicialmente como LP, em 1983, pelo selo Eldorado. Com diálogos e letras escritos por Ronaldo Brito em parceria com Francisco Assis Lima, e músicas de Antônio Madureira, a peça teve sua primeira encenação realizada naquele mesmo ano, com direção do próprio Brito e produção da Práxis Dramática. A montagem, que marcou a estréia do autor e diretor, alcançou enorme sucesso, permanecendo sete anos em cartaz, com um elogiado elenco que contava com intérpretes como Walmir Chagas e Romero Andrade. “Fizemos o espetáculo em

diversos palcos, desde teatros e praças a ruas e cidades do interior pernambucano. Foi assim que o Baile do Menino Deus foi ficando conhecido”, lembra o autor-diretor. Desde então, a peça ganhou encenações de grupos profissionais, amadores e escolares em todo o Nordeste e também em outras regiões do país. Com a edição do texto pela Bagaço, em 1994, e a reedição pela Objetiva, em 2004 – distribuída para escolas em todo o Brasil –, a popularidade somente aumentou. “O Baile foi montado em escolas públicas e de classe média, e até por grupos formados por catadores de lixo, moradores de comunidades carentes em João Pessoa (PB), que chegaram a fazer turnê pela Itália; jovens drogados no Ceará e crianças portadoras da Síndrome de Down no Recife. Vale lembrar que o Grupo Galpão, de Minas Gerais, aproveitou algumas das canções no espetáculo A rua da amargura, o que me deixou bastante emocionado”, recorda o dramaturgo. Em Pernambuco, vale lembrar ainda da montagem do Balé Brasílica – do Balé Popular do Recife – que, de 1991 a 1995, se manteve em cartaz no Teatro Beberibe, projetando ainda mais esse auto de natal nordestino. Mas a que se atribui tamanho sucesso? O Baile do Menino Deus nasceu do desejo de fugir da comercialização dos festejos natalinos e do caráter eminentemente “importado” que a efeméride havia assumido. “Queríamos fazer um disco natalino com alma brasileira. Tanto para a classe média conhecer os valores da sua cultura quanto para o povo reconhecê-los numa outra forma”, esclarece Brito. Esse projeto de resgate da cultura popular gerou ainda outros três discos, que também DEZ 2008 • Continente x

de volta a galileia - ronaldo_8861 61

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18/11/2008 13:32:46


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