Continente #046 - Rimbaud

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ESPECIAL Para o pintor gaúcho Walmor Corrêa, também presente no evento com obras, cuja figuração baseia-se em um repertório de imagens científicas e biológicas, esta edição da Bienal seria mais um indicativo de que a pintura está “mais viva do que nunca”. Na sua opinião, trata-se de um movimento que atende à própria natureza da arte e de outros aspectos da vida, pois o que “é bom e dialoga, sempre permanece”. O pernambucano João Câmara, reconhecido por seu vigoroso trabalho como pintor e que também já utilizou meios digitais para fazer belas obras de arte, traz mais contribuições ao tema. Para ele (que não está presente na Bienal), os meios tecnológicos favorecem a democratização da arte. Apesar de achar que há certa carência de bons pintores, a tela “não seria avessa à linguagem moderna”. “Da mesma forma que na pintura há coisas excelentes e péssimas, isso também vai acontecer com a arte digital ou em qualquer outro meio”, afirma. Ao lançar luz sobre o tema, João Câmara revela, antes de questionar a suposta resistência da pintura, o caráter benevolente das artes visuais, devido a sua multiplicidade técnica; em que pelo menos a qualidade deve se elevar à escolha da linguagem, seja ela a pintura, escultura, objeto, instalação, vídeo-arte etc. Quanto ao vigor da pintura, parece não haver dúvidas de que a tela continua demonstrando força. Já, determinar um novo impulso da produção pictórica nos próximos anos significa entrar em um terreno um tanto quanto movediço. Afinal, como a própria curadoria declarou: “Uma bienal não é uma exposição de convicções”. • Apêndice V / Série Catalogações, Walmor Correa, acrílica e grafite sobre tela, 80 x 80 x 03 cm, 2001

Continente outubro 2004

Fabio Del Re/Divulgação

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