Revista Circuito - Edição 224 - Agosto de 2018

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Caito Maia De roqueiro muambeiro a empresário

Um sofá com almofadas douradas em formato de luvas de boxe. Duas cadeiras feitas com fuselagem de avião. Um abajur que sai de uma metralhadora de plástico. Um cachorro cor-de-rosa de gesso em tamanho natural. Um rosto feminino, gigante, do escultor Colin Christian. Isso sem falar em caveiras, imagens de santos e Buda, livros, réplica do capacete usado na capa de um CD do Daft Punk, um quadro com a imagem de David Bowie e porta-retratos com fotos dos filhos. Tudo impecavelmente no lugar e não pense que estava arrumado porque Caito Maia iria receber nossa equipe. Ele é realmente disciplinado. Assuntos para resolver? São resolvidos na hora! E isso explica por que na sua mesa não tem papel ou qualquer documento que precisa ser assinado. Todo dia, antes de dormir, ele visualiza a planilha de todas as lojas e, se acha que algum número pode ser alterado, discute com sua equipe na manhã seguinte. Passa cerca de dois meses por ano visitando pessoalmente cada franquia. E mais dois meses em fábricas e fornecedores na China. E ainda tem gente que diz que ele deu sorte na vida, mas não foi bem assim. Caito Maia nasceu Antonio Caio Gomes Pereira Filho, no coração da Granja Viana, na Cherubina Viana. Contrariando seu pai, músico, formou-se em Música nos Estados Unidos. Foi vocalista da banda Las Chicas Tienen Fuego, mas, embora tenha concorrido a prêmios na MTV e feito shows com bandas do rock nacional, não emplacou. Já beirando os 30 anos, começou a empreender. Das praias da Califórnia trazia óculos escuros para o Brasil, metia-os no porta-malas de uma surrada Parati e saía por aí vendendo a mercadoria. O negócio foi tomando forma e ganhando visibilidade. Veio a falência. Ele não desistiu, reergueu-se e criou a marca Chilli Beans. De uma barraca no Mercado Mundo Mix ao quiosque no Shopping Villa Lobos, a marca tem hoje mais de 800 lojas em 19 países. Em cinco anos, deve chegar ao seu primeiro bilhão de reais. No mês de estreia da terceira temporada de Shark Tank Brasil, em que é um dos tubarões, Caito Maia é nosso entrevistado. De roqueiro muambeiro a empresário com faturamento de R$ 750 milhões por ano, o criador da maior marca de óculos da América Latina conta sua história de vida que, em breve, deve virar filme e até uma série da Netflix. Fazer o básico – o arroz com feijão –, com uma pitada de pimenta e muito amor, para ele, foi o que fez a diferença.


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