
3 minute read
Coluna Celebrar com Ogg Ibrahim
coluna Celebrarcom Ogg Ibrahim
A ERA DO “MIMIMISMO”
Advertisement
Estamos vivendo uma era que eu chamo de “Mimimismo”. Sim, quero dizer cheia de “mimimis”. Nossos filhos são um bom exemplo disso. Diariamente vejo minha filha e filhos de amigos reclamando de algum coleguinha da escola, que “Mariazinha puxou seu cabelo, Zezinho derramou sua lancheira de propósito, que Luizinho fica botando apelido em todo mundo”, etc. Quando não vem da escola, reclamam que não querem comer isso ou aquilo no almoço, que não querem vestir tal roupa, que não querem ir aqui ou acolá. Mimimi e reclamação pra todos os lados. No grupo de mães da escola no whats então, é uma acusando a filha da outra de estar incomodando seu rebento. Aqui em casa, minha filha de 7 anos ficou de castigo porque incomodou outra. Não passo a mão na cabeça não! Na minha época, se eu chegasse pro meu pai dizendo que tinha brigado na escola, acabava apanhando em casa também. Dizer, então, que fulano me empurrou, pegou meu lanche, pisou no meu pé ou coisa parecida, era castigo na certa pra mim por reclamar demais, que nem “maricas”. O bullying já existia de uma forma muito mais pesada do que hoje e, nem por isso, tinha essa denominação atual, nem era algo que precisava ser estudado e debatido. Eu era chamado de baleia, pança, orelhudo e cabelo de tigela e nem por isso voltava pra casa chorando ou reclamando pros pais. Se eu me invocava, dava uns tabefes no meu intimidador, ia parar na diretoria e voltava orgulhoso de ter revidado. Mesmo que tomasse uns puxões de orelha da diretora. Se meus pais fossem chamados à diretoria pra uma conversa, iam encabulados e constrangidos pelas minhas atitudes. Voltando pra casa era safanão, castigo e uma semana sem botar os pés na rua. Hoje não. Se o filho apronta e os pais são chamados à diretoria, já chegam cheios de marra, dando de dedo na professora, querendo saber “o que fizeram com o filhinho deles”. E o pirralho ali, sorrisinho no rosto, vangloriando-se dessa proteção. Os
pais ainda são capazes de dizer que “não pagam a escola para o filho ter a atenção chamada na frente dos colegas”. E se orgulham, numa discussão com a professora, em dizer “QUEM PAGA O SEU SALÁRIO SOU EU!”. Por isso, cada vez mais, percebo que esses pais estão no caminho errado e estão criando monstros ao invés de cidadãos, contribuindo para a mais “mimimizenta” geração da história do mundo. Depois, essas crianças se tornam adultos-problema e vão dizer que é culpa da sociedade. Não! Não é! A culpa é dos próprios pais, que têm a missão mais importante da vida, que é dar uma boa criação aos filhos. Mas, ao invés disso, preferem silenciá-los com smartphones poderosos, mimos e superproteção. Preferem vê-los trancados no quarto a tê-los incomodando na hora do futebol ou do jantar. Dão mais valor às suas carreiras e ao trabalho do que à convivência familiar. E, assim, esses “humanoides” vão crescendo, trancados em seus cômodos com o perverso universo da internet à sua disposição. E sem controle algum. Devemos lembrar o seguinte: quando crianças, a escola é fundamental; mas essencial mesmo é a educação familiar, os valores que queremos que nossos filhos aprendam e desenvolvam. Quando adolescentes, é a rua e os amigos que acabam influenciando suas decisões, pois muitos nos acham caretas, quadrados e dizem que não estamos antenados com as novas tendências mundiais. Já no início da fase adulta, são as universidades, as públicas comunistas, que fazem com que nossos filhos decidam como e quem vão ser, baseados no que os professores marxistas e cheguevaristas lhes dizem. Mas, na adolescência e na faculdade, só se deixarão influenciar pelo mal aqueles que não contaram com a presença dos pais na infância. Mimimizentas estão as crianças de hoje, mimizentos são os pais que reclamam uns com os outros sem fazer nada, mimimizenta está toda uma sociedade que prefere reclamar a agir; na maioria das vezes, usando as redes sociais de escudo, como cães covardes, que só ladram e avançam quando estão por detrás do portão.

Ogg Ibrahim é jornalista desde 1987. Já passou por veículos como TV Morena/Globo, onde atuou por 17 anos, TV Record Florianópolis e, depois, Record São Paulo. Na Record, esteve por dez anos como repórter de rede, repórter nacional e, por dois anos, apresentador eventual do Jornal da Record, ao lado de Celso Freitas e Marcos Hummel. Hoje, comanda a DeO Comunicação, empresa de assessoria de imprensa e consultoria em comunicação corporativa. Também é mestre de cerimônias e palestrante.