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Mulheres no Campo

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Posto Ribalta

Posto Ribalta

A força da mulher no campo

Trabalhar no campo deixou de ser ‘coisa de homem’ - cada vez mais, as mulheres têm ocupado espaço no meio rural. Seja nos postos de trabalho, na atuação profissional ou diretamente à frente dos negócios, é fato que o campo não é mais um ambiente dominado pelo público masculino. Hoje, dos 69 sindicatos rurais de Mato Grosso do Sul, sete são comandados por mulheres. “As mulheres, pela sua característica, são mais delicadas, intelectuais e estratégicas ao tocar um negócio. Nesse aspecto, com certeza, elas levam vantagem”, comenta o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lucio Damalia. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia oito de março, a Celebrar entrevistou duas mulheres que estão à frente do agronegócio no Estado.

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Uma delas é Edy Biondo Tarrasel, de 39 anos, produtora e presidente do Sindicato Rural de Ivinhema e Novo Horizonte do Sul. Além de comandar o sindicato desde 2014, Edy administra uma propriedade rural no município de Ivinhema, onde vive com a família e atua na agricultura e pecuária, com produção de mandioca e recria de novilhas. “Conto com todo o apoio da família e do meu marido, mas quem cuida de tudo sou eu. Eu compro, vendo, gerencio funcionários e administro a propriedade. Faço tudo isso com muito orgulho e Reportagem: Ana Paula Amaral

hoje não me vejo fazendo outra coisa”, garante.

Edy herdou a propriedade do pai, há 19 anos, e precisou administrar o negócio da família com apenas 20 anos de idade e sem nenhuma experiência. Ela concluiu a faculdade de Ciências Contábeis, mudouse para a fazenda da família e correu atrás de capacitação. “Nunca sofri preconceito, mas sempre senti uma resistência e fui constantemente testada. Hoje, conquistei respeito e credibilidade porque fui conhecendo e crescendo na minha atividade.” Em 2002, foi convidada para participar da diretoria

do Sindicato Rural e, 12 anos depois, por uma decisão unânime, foi eleita presidente e reeleita três anos depois. Em 2017, Edy foi premiada pelo SEBRAE, na categoria produtora rural, e participou do 2º Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio, em São Paulo. “Tenho muito orgulho por ser produtora rural e mostrar que este também é um segmento para mulheres. É o que gosto de fazer e vou continuar me dedicando, por mim e por minha família”, conclui

Sem medo do trabalho

A enfermeira Sônia de Fátima Cascão Santiago, de 64 anos, também se acostumou com a lida no campo. Ao lado do marido, falecido há sete anos, ela atuou na administração da propriedade rural da família ao longo de 30 anos, sempre envolvida em todo o trabalho que envolve a vida no campo. “Eu sempre fiz de tudo, desde a lida no campo até a parte burocrática”, lembra ela.

Durante todos esses anos, Sônia conta que fez muitos cursos, a maior parte deles pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), o que foi fundamental para o aperfeiçoamento do trabalho no campo. “Minha mãe nunca teve medo do trabalho e foi fundamental para ajudar meu pai. Fosse para cozinhar para funcionários, capinar na roça ou vacinar o gado no curral, de tudo ela fez ao longo destes 30 anos”, orgulha-se a filha Juliana, que é médica veterinária e também auxilia na administração da propriedade familiar.

Hoje, após a morte do esposo e devido a um acidente de trânsito, Sônia se afastou um pouco do trabalho no campo. Quem assumiu a administração da fazenda da família, localizada em Laguna Carapã, foi o filho Giogio, que é engenheiro agrônomo. Ainda assim, Sônia está sempre por lá e participa diretamente na tomada de decisões. “Sou muito feliz pela nossa história e por ter apoiado meu marido todos esses anos. Mesmo depois de sua morte, nunca pensamos em vender a propriedade e fizemos questão de dar continuidade ao trabalho que ele desempenhou com tanto amor.”

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