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A cidade de Osasco perdeu o seu maior investidor no esporte: o grupo Bradesco, que formalmente encerrou as atividades devido à crise mundial. Mas nos bastidores, a omissão da Rede Globo em divulgar o nome do clube/empresa teve fator preponderante para a decisão.

No mundo dos esportes N

Caso Finasa/Osasco gera efeito cascata. Agora, quem sai é a Unisul, que culpa a Rede Globo.

os anos 80 e 90, cansamos de ver transmissões de vôlei e futsal da Pirelli, da Supergasbrás, do Banespa, do Bradesco, do Fiat/Minas, do Nossa Caixa/ Suzano e de tantos outros. E eram esses os nomes oficiais. Hoje, para a “Dona” Globo, Finasa é (era) Osasco, Fiat Minas é só Minas, Rexona é Rio de Janeiro, Banespa é São Bernardo e por aí vai. No futebol, o Pão de Açúcar é PAEC. E olha que Abílio Diniz, o dono da empresa, tira moleque da favela e o coloca para jogar. Caso não vingue, o rapaz, alimentado, com saúde e longe das drogas, começa trabalhando como empacotador do supermercado. E, lá, continua recebendo os cuidados básicos e necessários para a formação do homem. Cansada de ser chamada apenas de Joinville, a Unisul/Tigre/Joinville anunciou que fechará as portas após dez anos competindo na Superliga Masculina de Vôlei. Segundo comunicado oficial da Universidade do Sul de Santa Catarina, a instituição “para manter uma equipe competitiva, preferiu silenciar-se diante da decisão da emissora de televisão, exclusiva na retransmissão dos jogos, de omitir o seu nome na identificação da equipe”. Na Folha de São Paulo, a Globo se defende, põe a culpa na crise econômica mundial (com razão, diga-se), mas diz que “os critérios

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que orientam suas decisões, de citar e exibir marcas, atendem à finalidade de ajudar o público a reconhecer a fronteira entre editorial e comercial” e que “é curioso que, justamente no momento em que o mundo atravessa crise, empresas aleguem que encerrarão projetos esportivos porque suas marcas não são citadas, mesmo tratamento que receberam por anos ou décadas”. Não é bem assim. Há a crise, certamente. Mas como eu escrevi antes, o Banespa sempre foi Banespa e a Supergasbrás nunca foi outra coisa. A Rede Globo, de uns anos pra cá, é que não pronuncia os nomes de equipes. De quase todas. Na Fórmula 1, a Toyota não é Tóquio. A Renault não é Paris. E a Ferrari não é Maranello. Mas a Red Bul Racing é RBR. E a Toro Rosso é STR. Agora que as empresas estão dando no pé porque elas só têm a obrigação de “pagar, pagar e pagar”, a mídia vem dando um pouco de atenção. Mas faz oito anos que venho falando sobre o assunto. Inclusive, publiquei aqui no blog textos escritos para a revista “Placar” e para o jornal “Agora S. Paulo”. E atenção: não estou querendo que a Globo chame o Corinthians de Batavo ou o


Por: Milton Neves Fotos: site Milton Neves.com.br São Paulo de LG. Patrocínio de camisa é outra coisa. No caso dos esportes olímpicos, as empresas são as gestoras do negócio, as donas dos times. Elas precisam ganhar de alguma forma, inclusive com o patrocínio das camisas, como ocorria com a Unisul. Outra maneira de render recursos é a divulgação da marca. Ninguém está pedindo para a Globo fazer caridade, o fato é que os nomes das equipes são ou eram esses: Pirelli, Rexona, Finasa, Brasil Telecom, etc. Deveria haver um mecanismo que obrigasse a veiculação do nome oficial da equipe. Por falar em Globo, o Ronaldo fechou contrato com o SBT. Até o final do Brasileirão, segundo a coluna de Daniel Castro na Folha de S. Paulo, o Fenômeno fará inserções institucionais da emissora de Silvio Santos. Sem futebol, o SBT arruma uma forma de aparecer graças ao esporte. E a Globo, hein, não mostrará um dos que mais lhe rendem audiência? A marca do Banco Pan-Americano foi extirpada das transmissões globais quando a empresa do grupo do SBT apareceu na camisa do Corinthians nas finais do Paulistão. Veremos! l

A equipe Red Bull Racing virou “RBR” nas transmissões da Fórmula 1 e nos telejornais da Rede Globo.

A Unisul/Tigre/Joinville fez de tudo para manter sua boa equipe de vôlei masculino e registrou no seu comunicado final que para manter uma equipe competitiva, aceitou reduzir o seu nome no uniforme dos atletas e até em placas publicitárias, e preferiu silenciar-se diante da decisão da emissora de televisão, exclusiva na retransmissão dos jogos, de omitir o seu nome na identificação da equipe. Mas que na última temporada apenas um jogo foi transmitido em rede aberta (para todo o País), o que contribuiu para a desistência de patrocinadores, que não renovaram os seus contratos ou que propuseram a redução de valores para a nova temporada.

Vemos aqui o time de vôlei da Pirelli que tanto emocionou o público na década de 1980. A foto foi tirada no interior do ginásio Pedro Dell’Antonia, em Santo André, e está exposta no pátio que fica ao lado da praça de esportes. Vemos em pé, da esquerda para a direita, Domingos Maracanã, Marcos, Xandó, Márcio Manfrin, Denis, Amauri, Montanaro, Brunoro (treinador) e Roma; agachados estão Maurício, Mane, William, Emerson, Atila e Ronaldo.

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